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Quando se faz uma lista dos candidatos ao pior caça da 2ª Guerra Mundial, um
aeroplano sempre a encabeça. Existem dois livros intitulados Os piores aviões
do mundo, e o Brewster Buffalo é o único caça, de qualquer época, a ter um
capítulo em ambos. Quando a Royal Air Force recebeu seus primeiros
Buffaloes, ela imediatamente os repassou para a Fleet Air Arm ou os enviou
para o Extremo Oriente, como uma clara indicação de que eles não serviam
para suas atividades principais. Ele também foi pessimamente avaliado pelos
pilotos australianos e neozelandeses, talvez um mau pressentimento. Mais
tarde, quando eles utilizaram o Buffalo contra os ágeis caças japoneses Zero,
normalmente não conseguiram retornar para suas bases. Mas a sua estória não
é só feita de reclamações. Os pilotos o achavam um aeroplano fácil e dócil de
voar, e os finlandeses utilizaram-no com muito bom resultado contra os
soviéticos entre 1941 até 1944.
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época (1934), e a U.S. Navy comprou os direitos de produção da aeronave,
para produzi-la na Naval Aircraft Factory como o primeiro monoplano
embarcado. Foi um início promissor para a Brewster Aeronautical, mas seu
sonho de construir uma aeronave ainda não se materializara.
O Buffalo
Mas o ano era 1936 e a tendência mundial aeronáutica era pelos monoplanos,
e assim a Brewster ganhou a concorrência. A Grumman rapidamente retirou
uma asa de seu caça e criou o que na história da aviação viria a ser conhecido
como F4F-2 Wildcat. Basicamente a única diferença entre o Buffalo e o
Wildcat era a disposição do canopy. Ambos possuíam nariz curto (de modo a
proporcionar certa visão frontal ao piloto) e uma única asa posicionada na
metade da fuselagem. Eram “gordinhos”, em especial o Buffalo, cujo motor
possuía um diâmetro maior do que o do Wildcat.
O Wildcat
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Dos mais de 20 fabricantes de motores que existiam nos Estados Unidos
naquela época, apenas dois eram capazes de fornecer algo refrigerado a ar,
que pudesse ser utilizado em aeronaves de combate. A Grumman equipou seus
Wildcats com motores Pratt & Whitney Twin Wasp, com 14 cilindros em duas
linhas e um supercharger de dois estágios. A Brewster optou pelo Wright
Cyclone, um antigo projeto, que possuía nove cilindros em linha e um
supercharger de um estágio. Sua potência de decolagem era de 950 hp, que
reduzia-se a 750 hp quando a 15 mil pés. Os primeiros motores fornecidos a
Brewster possuíam ainda, problemas de lubrificação.
Emquanto isso, a Grumman instalava o novo motor Twin Wasp de 1.200 hp, no
que chamou de F4F-3. Devido então a lentidão das entregas da Brewster, a
U.S. Navy decidiu encomendar também 54 Wildcats, equipados com esse novo
motor, em Agosto de 1939. Um mês depois, a Alemanha invadia a Polônia. A
aeronave de Dayton Brown iria para a guerra.
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até nossos dias. O aumento das exportações de aeronaves cresceu, de 1938 a
1939, de 100%.
A Brewster fez suas primeiras exportações para a Finlândia, que havia sido
atacada pela União Soviética, naquele tempo aliada da Alemanha, em
Novembro de 1939. A venda foi apoiada pelo Departamento de Estado, que
obrigou a U.S. Navy a esperar pelo recebimento do caça.
Um Buffalo finlândes
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1940, com a União Soviética ocupando a sudeste da Finlândia, antes que os
Buffaloes alcançassem o front.
Dayton Brown possuía agora uma versão melhorada do caça. Equipado com
motor Wright Cyclone de 1.200 hp, o F2A-2 alcançava a velocidade de 340
milhas por hora com um raio de ação de 1.600 milhas – o maior raio de ação
entre todos os caças do mundo daquela época. Num esforço para se preparar
contra um ataque alemão, a Bélgica adquiriu 40 Buffaloes. Mais uma vez a
U.S. Navy viu-se obrigada pelo Departamento de Estado a abrir mão de seus
caças em detrimento de uma pequena nação européia.
O resultado foi o Modelo 339, mas a Alemanha invadiu a Bélgica antes que os
Buffaloes chegassem. A França ficou com a encomenda, mas ela também teve
que se render à Alemanha antes da chegada das aeronaves. Os britânicos,
então, adquiriram os Buffaloes. A RAF designou-os para o Esquadrão 71,
composto por pilotos e mecânicos americanos, que haviam se voluntariado
para lutar pela Grã Bretanha. Os americanos iriam opera-los de Church Fenton
no condado de Yorkshire. O comandante da unidade, o Squadron Leader
(Major) Walter Churchill, um descendente de holandês nascido na Inglaterra
que já havia derrubado 7 aeronaves inimigas, reclamou que o Buffalo não
possuía blindagem para o piloto, e que era equipado com poucas
metralhadoras. E mais, o tanque de combustível era parte da estrutura da asa,
fazendo com que um simples buraco de projétil, fosse o suficiente para que
houvesse a necessidade de se trocar toda a asa, e não apenas concertar o
furo. A bequilha de cauda não possuía trava, e por isso vibrava muito durante
o vôo. A aeronave não possuía um cronômetro indicador do tempo de vôo, fato
esse que não permitia ao piloto trocar de tanque de combustível, para
balancear a aeronave. Ele disse, que enquanto as modificações necessárias
não fossem introduzidas no caça, a aeronave não poderia ser considerada apta
para o combate. No seu ponto de vista, o Buffalo seria um excelente avião de
treinamento avançado.
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Assim sendo, o Esquadrão Nº 71 utilizou o Modelo 339 como aeronave de
treinamento. Alguns foram enviados para a Fleet Air Arm no Mediterrâneo,
para serem operadas pelo Esquadrão Nº 805, na Ilha de Creta. Apenas uma
dessas aeronaves entrou em combate, pilotada por Rupert Brabner. Em sua
única missão, teve que retornar a base com o motor falhando, perdeu
potência quando da aproximação e capotou com sua aeronave. Teve sua vida
salva, pela barra colocada por Dayton. Como todos os outros integrantes do
Esquadrão Nº 805, foi feito prisioneiro, quando para-quedistas alemães
tomaram a ilha em maio de 1941.
Um Buffalo da RAF
A RAF tinha uma tradição de dar nomes agressivos e que repetiam a letra
inicial do nome do fabricante, a todos os seus aviões: Hawker Hurricane,
Gloster Gladiator, Vickers Vildebeest. O Modelo 339, passou a ser chamado
então de Buffalo, um nome tão adequado, que passou a ser utilizado também
pela Brewster. Devido às modificações introduzidas pela RAF, ele pesava cerca
de 900 libras a mais do que seu equivalente F2A-2. A velocidade diminuiu,
assim como a razão de subida, o teto de serviço e a manobrabilidade. Para
tornar os fatos ainda piores, a Brewster enviara alguns Buffaloes para a
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Inglaterra, equipados com motores Wright Cyclones de segunda mão,
canibalizados de aeronaves de passageiro da TWA.
Um Hurricane
Não tem problema! Os Buffaloes são adequados para a Malásia, disse o Air
Marshal Sir Robert Brooke-Popham em Singapura, cinco dias antes dos
japoneses provarem que ele estava errado. Os ingleses e os americanos
acreditavam que os japoneses nunca poderiam produzir aeronaves decentes
nem que pudessem opera-las efetivamente.
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Naquele outono, vários pilotos foram enviados para Burma. Em dezembro
existiam cinco esquadrões de Buffaloes no Sudeste da Ásia, todos comandados
por oficiais britânicos e com os demais pilotos e mecânicos da Austrália e Nova
Zelândia, principalmente.
Um Vildebeest
A U.S. Navy resolveu o problema do F2A-3 do mesmo modo que ela sempre
resolveu seus problemas de equipamentos não-satisfatórios: repassou os F2A-3
para os Marines (Fuzileiros Navais). Em novembro de 1941, todos os
esquadrões de caça de primeira linha da U.S. Navy estavam equipados com os
Grumman Wildcats.
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Buffalo e do Wildcat, além de serem extremamente manobráveis e ágeis em
combate.
Um Zero
Na Malásia, que por causa do fuso horário já era o dia 8 de dezembro, a RAF
enviou alguns bombardeiros Blenheim e Hudson e até mesmo uns Vildebeests
sem escolta, para atacar a frota japonesa que se aproximava. Os Buffaloes
seriam utilizados para ataques ao solo e reconhecimento, se conseguissem
decolar. Normalmente os pilotos eram proibidos de decolar quando os
japoneses estavam atacando os aeródromos, e aqueles que conseguiam,
ficavam o tempo todo tentando sobreviver. Uma típica situação ocorrida nos
primeiros dias da guerra no Pacífico, foi a acontecida com um piloto
australiano no dia 9 de dezembro, que com o canopy coberto de manchas de
óleo, por causa do constante problema de refrigeração do caça, atacou,
felizmente sem sucesso, aeronaves amigas.
Um Hayabusa
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Sobre Rangoon, no dia seguinte, Vic Bargh, piloto neozelandes, conseguiu sua
primeira vitória contra caças japoneses. Os Tigres Voadores americanos
obtiveram o crédito por defender Burma, mas o Esquadrão Nº 67 da RAF
estava na vanguarda naquela tarde. Bargh diz: Encontramos cerca de 35 caças
e um número igual de bombardeiros. Meu caça não possuía blindagem, por
isso tinha um desempenho melhor do que os outros. Eram caças Tipo 97 com
trem de pouso fixo. Logo recebi uma rajada e percebi que não podia ficar
tentando realizar curvas fechadas contra eles. Barg foi creditado com um
bombardeiro Mitssubishi, mas durante o combate teve realizar algo inusitado.
Ele tirou suas botas, abriu o canopy, colocou o corpo fora e limpou o para-
brisa de seu avião, que se encontrava completamente coberto de óleo. Esta
era uma situação que acontecia freqüentemente com o Buffalo, quando o óleo
super-aquecia quando o motor era exigido em combate.
O Tipo 97
Era a gota d’água para a U.S. Navy. Em abril de 1942 o governo encampa a
Brewster Aeronautical, e reconduz o antigo chefe da Naval Aircraft Factory ao
comando. A justificativa foi que a Brewster exportava aeronaves ilegalmente
enquanto a U.S. Navy aguardava os caças encomendados.
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A U.S. Navy não queria mais Buffaloes. Ela havia contratado a Brewster para
construir um novo bombardeio de mergulho (SB2A Buccaneer) e também para
construir caças Corsair (F4U quando construídos pela Chance Vought e F3A
quando pela Brewster). Uma das razões para fantástica produção aeronáutica
americana durante a 2ª Guerra Mundial foi a política governamental de
contratar uma companhia para produzir aeronaves de outras. O Wildcat, por
exemplo, foi produzido pela General Motors, enquanto a Grumman se
concentrava na produção do F6F Hellcat.
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resolvendo o problema que acompanhou o caça aonde ele foi utilizado (talvez
o que tenha ajudado foi que na Finlândia a temperatura ambiente é muito
mais baixa do que na Malásia). Algumas melhorias também foram implantadas,
como a colocação de blindagem junto ao cockpit e a utilização de um
moderno visor de tiro. Quanto mais os finlandeses utilizavam a aeronave, mais
eles a amava.
Ele também lutou do lado alemão. Em junho de 1941, com suas tropas
ocupando a maior parte do oeste da Europa, Hitler se voltou contra seu antigo
aliado, a União Soviética. Para a Finlândia, era como se a guerra contra os
russos tivesse recomeçado. Seus 239, utilizados pelo Lentolaivue 24,
combateram pela reconquista da terra perdida na Guerra do Inverno. Antes
que a guerra tivesse terminado, os pilotos finlandeses destruíram 500
aeronaves soviéticas contra a perda de apenas 28 Buffaloes.
O combate não foi um típico caso de Davi (Finlândia) contra Golias (União
Soviética). O ditador russo, Joseph Stalin havia eliminado de seu exército,
todo oficial que tivesse pensamento próprio. No caso da Força Aérea, o
resultado foi a formação de pilotos sem qualquer noção tática ou iniciativa.
Eles simplesmente mantinham seus aviões voando em linha reta, mesmo
quando atacados por caças inimigos. O visor de tiro era um simples círculo
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pintado no para-brisa da aeronave, que eram normalmente obsoletas. Isso era
realidade no front finlandês.
Ao final da guerra, foi permitido que a Finlândia possuísse uma força aérea
com 60 aviões. Entre esses aviões estavam dois Buffaloes, utilizados como
treinadores avançados de combate até 1948. Um exemplar do Hummu,
permanece até hoje no museu de Tikkakosk, sendo o único sobrevivente dos
Buffaloes.
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