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SALVADOR
2004
ADEIR BOIDA DE ANDRADE
Orientadores:
Profa. Maria de Fátima Noleto
Eng.º Marcelo Antônio Sampaio Lemos Costa
SALVADOR
2004
FICHA CATALOGRÁFICA
CDD : 623.51
DEDICATÓRIA
RESUMO vii
ABSTRACT viii
ABREVIATURAS E SIGLAS ix
INTRODUÇÃO 10
CONSIDERAÇÕES FINAIS 77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 79
ANEXOS
ANEXO I – PREÇOS DO IBIS 80
ANEXO II – Lei n.º 10.826 de 22/12/2003 – Estatuto do Desarmamento 81
ANEXO III – Autorização para referência 90
RESUMO
INTRODUÇÃO
realidade brasileira, das possibilidades de utilização, das suas limitações, e das eventuais
adaptações necessárias para que se possa obter, na Bahia e no Brasil, resultados práticos com
este equipamento, dimensionado para correlacionar e elucidar crimes cometidos com armas
System, que é produzido pela empresa Canadense FTI – Forensic Technology Inc., originária
internacionais como a mais moderna e consistente tecnologia até então disponível, para o
para a nossa Unidade de Balística, uma das mais importantes do Instituto de Criminalística: O
que haveria de mais moderno e eficiente no mundo? Quais os bancos de dados usados pelos
profissionais dos países mais desenvolvidos? Quais os procedimentos adotados nas unidades
onde o trabalho de identificação dá certo? O que se poderia implantar no curto prazo, com o
uso de ferramentas e equipamentos de baixo custo, de fácil aquisição pela própria Polícia
Técnica.
de dados sobre o IBIS, o sistema integrado de identificação que estaria fazendo sucesso no
mundo. O primeiro contato com o equipamento ocorreu em setembro de 2003, durante uma
visita efetuada ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli, no Estado do Rio de Janeiro, onde
Foi uma excelente oportunidade para troca de idéias com as profissionais Peritas Criminais
cariocas que tinham feito o curso de operação do IBIS no centro de treinamento mantido pelo
onde funciona uma equipe que dá suporte 24 horas aos usuários e, ainda, monta os IBIS que
Em resumo, o IBIS do Rio de Janeiro, que é composto por duas estações para
aquisição de dados e de uma estação para analise de correlação, estava (e continua como tal,
até a entrega desta Monografia) em condições de funcionamento, porem sem que fosse
alimentado com o registro de dados relativos a evidências de crimes cometidos com arma de
fogo. Em seguida veio o conhecimento de uma outra unidade do IBIS, esta instalada em
Vitória, Espírito Santo, que se encontraria também em ociosidade, e que teria sido comprada
americanos por unidade), que já fora adquirido por dezenas de países e que estaria, no
no Brasil, teria redundado num exemplo bem acabado de absoluto fracasso. Afinal, seria o
acolhida pela Diretoria da Polícia Técnica do Estado da Bahia, de modo que um dos autores
Conforme poderá ser constatado, o foco do trabalho está nas questões relativas ao
uso que se pode fazer do IBIS, com destaque para os procedimentos adotados e para as
opiniões dos, digamos assim, usuários bem sucedidos com a tecnologia, com absoluta
do equipamento.
equipamento, diz respeito ao modo como se pretende usar o arquivo, e este trabalho aborda
• Fazer do IBIS um arquivo ou banco de dados criminal, para onde iria com
havia apenas a tradução de algumas páginas do catálogo do fabricante (feita pela empresa
elaborada pela Dra. Simone Soares Leite, Perita do Instituto Carlos Éboli, do Rio de Janeiro.
Enfim, informações relativas ao uso bem sucedido e a superação de obstáculos por parte de
falta de experiência brasileira com o uso bem sucedido da tecnologia, de certo modo,
impossibilitou a elaboração de um trabalho empírico sobre o tema, fato que motivou a busca
segundo lugar, foi enfrentada a questão do sigilo que marca as investigações policiais no
(uma Corporação Policial conectada através do IBIS na rede Federal americana precisa de
autorização do Governo para passar uma simples informação relativa a sua própria estatística
rememorar os conceitos relativos à identificação de uma arma de fogo, com dados históricos e
capítulo está centrado no IBIS propriamente dito, sendo que no início fazemos uma descrição
do equipamento e dos seus componentes, com base nas informações passadas pelo fabricante;
em seguida são abordadas as questões relativas à forma adequada (e, também inadequada) de
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se fazer uso deste arquivo digital, e da maneira como os usuários bem sucedidos o têm
o impacto que o seu uso pode produzir numa unidade de Balística Forense. No terceiro
capítulo, estão comentários sobre o panorama atual da identificação balística no Brasil, diante
quarto e último capítulo é apresentada uma proposta das adaptações: na configuração do IBIS
uma síntese sobre a problemática abordada, e fixados conceitos globais sobre o IBIS, e sobre
seja em relação a pessoas, seja em relação a coisas, constitui sempre matéria das mais
fascinantes. É o que ocorre com a identificação das armas de fogo, particularmente daquelas
envolvidas na prática de delitos tipificados na Lei Penal, cujos exames são da competência da
Balística Forense. Conceitos de Identificação, por outro lado são encontrados nas melhores
microscópicas que ficam estampadas nos projéteis e estojos que ela dispara. Constatada a
singulares com aquelas que ficaram nas evidências coletadas em cadáveres ou em local e
Durante dezenas de anos este trabalho foi realizado por peritos e estudiosos da
Balística Forense através do minucioso exame individual das peças, a olho nu, através de
nas últimas décadas fez surgir novas tecnologias de apoio a Criminalística, inclusive alguns
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bancos de dados com informações preciosas relativas às marcas deixadas pelas armas
cadastradas, seja nos projéteis onde ficam as impressões produzidas pelo atrito com o
raiamento, seja nos estojos da munição disparada, onde ficam estampadas as marcas
produzidas pelo ferrolho ou culatra, além daquelas deixadas pelo extrator e ejetor, como
1.1 HISTÓRICO
Toda arma de fogo do tipo de retrocarga, que opera com cartuchos metálicos,
que ocorre com as impressões digitais nos seres humanos: Projéteis singulares disparados por
canos raiados trazem em suas laterais impressões bem definidas, deixadas pela passagem
forçada através do interior do cano, o mesmo ocorrendo com as bases dos estojos da munição
ferrolho, além das marcas de extração e ejeção, próprias das armas semi-automáticas ou
automáticas. Quando os projéteis e estojos são coletados em local do crime (ou projéteis
ou não por uma única arma de fogo e, segundo, se foram disparados por uma arma suspeita,
per square inch = libras por polegada quadrada) causando a dilatação das paredes do estojo e
o deslocamento do projétil em direção à boca do cano da arma. A mesma pressão que força a
base do estojo contra a culatra ou ferrolho da arma. O raiamento das armas de fogo é
constituído por estrias em alto relevo espiraladas nas paredes internas do cano, estrias estas
que removem material das laterais dos projéteis, como se fosse uma ferramenta metalúrgica
O raiamento do cano das armas de fogo foi a solução encontrada pela indústria
bélica para o emprego de projéteis com formato ogival, que tinham a vantagem de agregar
maior massa num pequeno diâmetro, característica que lhes conferia coeficiente aerodinâmico
atmosfera gasosa terrestre. Como os projéteis ogivais têm o centro de gravidade deslocado em
direção à própria base, de modo semelhante a uma peteca estes projéteis ao serem disparados
por canos lisos tendem a girar de 180º ao longo da trajetória, dando uma espécie de
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cambalhota em pleno ar, perdendo velocidade e atingindo o alvo de lado ou de base (e não de
ponta como desejável). Para lhes garantir a estabilidade ao longo da trajetória, foi necessário
acrescentar aos projéteis ogivais uma aceleração tangencial durante o disparo, dotando-lhes
por este motivo que o diâmetro dos projéteis vai até o fundo dos cavados, fazendo com que a
sua passagem pelo cano seja forçada, em atrito direto contra os ressaltos que estão em alto
O confronto balístico, entre projéteis ou estojos disparados por uma arma de fogo
pode ocorrer entre evidências coletadas no local do crime (ou extraídos de vítimas) e as peças
obtidas através do disparo, em local adequado, de uma arma suspeita apreendida pela Polícia
(estojos ou projéteis que passam, então, a ser denominados de “padrões” daquela arma). É
19
importante proceder, ainda, ao confronto entre projéteis ou estojos relativos a dois ou mais
diferentes delitos, quando ainda não se tem a arma, mas suspeita-se de correlação. O exame
de comparação visual entre cada evidência nova que chega com os milhares de outras peças
das imagens de grande quantidade de projéteis e estojos disparados por arma de fogo, de
evidências de crime a padrões de armas suspeitas. O IBIS foi criado com a pretensão de
preencher esta lacuna: viabilizar o trabalho pesado de correlação prévia entre evidências
fogo, constitui talvez um dos mais fascinantes capítulos da Balística Forense. Nas armas
foi disparado ou não por uma arma suspeita, eram feitos a olho nu, e estavam fundamentados
em marcas produzidas por pequenos defeitos da arma, dentre os quais podemos citar o
identificação indireta de uma arma de fogo. Isto ocorreu no desfecho do famoso caso dos
anarquistas italianos Sacco e Vanzetti, ocasião em que Goddard determinou que o revolver
apreendido com Nicola Sacco havia sido efetivamente empregado no caso do roubo fatal ao
carro forte. Em 1932 Goddard coordenou os trabalhos da Polícia Federal Americana (FBI) na
criação do primeiro Laboratório de Ciência Forense Criminal dos Estados Unidos. A Figura
abaixo mostra Goddard com seu pioneiro microscópio balístico, uma adaptação de dois
Uma arma de fogo, em analogia com o indivíduo que a possui, tem, por assim dizer,
uma identidade civil e uma identidade física. A identidade civil, no caso, é definida
pelos dados de qualificação que deverão constar nos documentos e registros, oficiais
ou não (nota ou recibo de compra, certificado de propriedade e autorização para o
porte), por intermédio dos quais se provará a existência de uma determinada arma,
como bem patrimonial, tutelado e vinculado a determinada pessoa física ou jurídica.
A identidade física é a resultante do conjunto de características e particularidades
21
submetralhadora.
espécie: por exemplo, dois revólveres de calibre nominal .38 Special são
as Polícias do mundo.
A identificação de uma arma de fogo pode ser efetuada pelo processo direto, ou
indireto. O processo é direto quando realizado sobre ela própria, nas suas características e
peculiaridades distintivas. Como referência para uma identificação direta ou imediata, temos
1
TOCCHETTO, Domingos. Balística Forense. Editora Millennium. 3.ª Edição. 2003.
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munição a utilizar. Além destes elementos, comuns, podem ser cunhados nas armas de fogo
Estados e marcas relativas à sua vinculação com corporações policiais civis e militares. Estes
sinais propositais, aliados às características físicas da arma, como a forma, dimensões, tipo de
cano e acabamento, permitem ao perito a identificação segura da arma para futura referência.
deformações impressas pela arma considerada nos projéteis e estojos por ela disparados. A
identificação indireta é feita não mais pelo exame da arma em si, mas mediante a análise
pelo disparo da arma, com as marcas examinadas nas peças questionadas, extraídas de vítimas
ou coletadas em local de crime. Um resultado conclusivo dependerá sempre das condições das
na própria dinâmica do disparo, nos fenômenos que ocorrem durante milésimos de segundo,
tempo que separa a percussão da espoleta ao instante em que o projétil sai do cano da arma. A
espoleta é constituída por uma mistura iniciadora (um explosivo) que detona e inflama a
pólvora (um propelente) no interior do estojo. Neste processo será produzida uma grande
quantidade de gases, em alta temperatura e alta pressão, tendo como resultado a dilatação das
paredes laterais do estojo da munição e a violenta aceleração dos dois elementos já separados:
mediante forte atrito contra o raiamento; e o estojo, que recebe a mesma força na porção
superfície da culatra da arma, recebendo ali a estampa das irregularidades destas superfícies,
Conveniente lembrar que em mecânica não existem superfícies metálicas totalmente lisas: o
polimento apenas reduz as dimensões das irregularidades superficiais dos metais, as quais
Com o exame de micro comparação balística é possível obter a identificação individual, pelo
processo indireto, portanto, de uma arma de fogo vinculada ao cometimento de uma infração
penal. Também é possível o confronto entre peças questionadas, para estabelecer uma
para a investigação policial. A Figura 5 abaixo mostra a correlação positiva entre peças
indireta fica limitada apenas à comparação entre as deformações produzidas na base dos
estojos.
das deformações em projéteis e estojos, sofreu uma evolução gradativa ao longo da história da
QUADRO 1
ANO EVENTO
1900 Primeira comparação entre projéteis nos Estados Unidos
Aplicação de microscópio comum para a análise das imagens ampliadas
1922
entre projéteis e estojos de munição disparada.
Evolução do microscópio para visualização simultânea de duas imagens,
1922 - 1950
para aplicação específica na comparação balística.
Uso de computadores para armazenar e analisar casos relacionados com
1980
projéteis e estojos.
Surgimento de equipamento informatizado para fazer a comparação entre
fotos polaroid capturadas em estojos de munição deflagrada (sistema que
ficou conhecido como “Drugfire”).
1992 A empresa canadense FTI – Forensic Technology Incorporated cria um
sistema que captura a imagem e armazena a sua “assinatura” empregando
um algoritmo matemático. O sistema permite a comparação com outros
projéteis cadastrados e é batizado pelo fabricante como “Bulletproof”.
A FTI associa, ao primeiro sistema desenvolvido, um segundo, batizado
como “Brasscatcher”, destinado a captura e comparação de estojos de
1994
munição deflagrada. A empresa reúne os dois sistemas resultando no que
ficou conhecido como IBIS.
Fonte: Forensic Technology Inc. 2004.
particularmente de uma caixa para coleta de padrões (caixa de desaceleração para disparo de
medindo aproximadamente 40cm x 40cm x 120cm, e fica na área externa do prédio, de modo
que só pode ser utilizada com tempo bom e luz do dia. Nos países do hemisfério norte e nos
locais onde opera o IBIS a coleta é sempre feita num tanque de água, que tem a vantagem de
não propiciar a aderência de materiais na superfície dos projéteis, como é o caso das fibras de
algodão. Quanto aos microscópios balísticos, os aparelhos instalados na Bahia ainda são
fuzis, tem dimensões aproximadas de 0,90m (largura de 3 pés) x 0,90m (altura = 3 pés) x
3,00m (comprimento = 10 pés), e o cano da arma deve ser posicionado no interior do tubo
aberto, instalado numa das suas extremidades. Na água o disparo é feito com a arma
praticamente na posição horizontal, com leve inclinação do cano no sentido do vértice inferior
do tanque e, para evitar o ricochete, é imposta uma pequena vibração na superfície, para
recomendação é que seja instalado em local abrigado, ao lado das demais dependências da
que foi desenvolvido pela Polícia Federal Americana, o FBI, contendo as características
software conhecido como GRC (iniciais de General Rifling Characteristics, em inglês) que
permite, senão a identificação específica da arma de fogo que disparou determinado projétil
identificação direta de uma arma de fogo, com imagens, dimensões, dados técnicos e de
produzidas pela indústria de todo o mundo. A própria empresa que fabrica o IBIS, a Forensic
Gunsight.
completo de identificação. Consta que o mundo dispõe hoje de três sistemas informatizados
para comparação de imagens das deformações produzidas por uma arma de fogo nos
elementos de munição que dispara: Francês, Russo e Canadense. Todos os três se constituem
Canadense que compara, não as imagens, mas a “assinatura” delas, apresentando um escore
utilizado pelas Polícias de todo o mundo para este exame semi-automático, exatamente pelo
(IBIS)
Identification System – IBIS, é produzido pela empresa Canadense FTI - Forensic Technology
Inc., firma que atuava originalmente na produção de soluções para automação industrial. Em
1992 a FTI criou um sistema para identificação de projéteis disparados por arma de fogo, o
qual foi batizado como Bulletproof. Quando, em 1994 a mesma empresa criou um outro
Brasscatcher, e, integrou os dois sistemas numa única unidade, ficou constituído o sistema
integrado ou IBIS.
O IBIS, assim como outros equipamentos criados com o mesmo objetivo, captura
deformações impressas nos projéteis e nas bases dos estojos disparados por uma arma de
fogo. No caso dos projéteis, diferentemente do que faz o Perito em um exame micro-
comparativo, o IBIS utiliza apenas a imagem dos cavados impressos em sua superfície lateral
(o equipamento não considera as eventuais deformações contidas nos ressaltos), imagens estas
que o IBIS chama de LEAs (áreas demarcadas pelos ressaltos do cano, sigla de Land
Engraved Area, em inglês). Por exemplo, num projétil contendo 6 (seis) ressaltos e 6 (seis)
cavados, o Operador do IBIS deverá fazer a captura das 6 (seis) LEAs, sendo necessário
demarcar previamente as duas linhas paralelas (num total de 12 linhas) situadas nos limites
laterais destes cavados. Segundo a FTI, este processo consome, em média, 15 (quinze)
minutos.
29
Nas bases dos estojos de munição disparada, o Operador do IBIS faz a seleção das
áreas onde aparecem as deformações, delimitando-as através de uma poligonal fechada. Nos
Consta que a semelhança entre o IBIS e seus concorrentes se encerra logo após a
captura e armazenamento das imagens das deformações impressas nos elementos de munição.
IBIS cria uma grande equação matemática sob a forma de polinômio, representativo das
associadas a este polinômio representativo das deformações, sendo que este último passa a ser
“assinatura” digital obtida pelo algoritmo se constitui então no elemento fundamental que é
ambiente Windows, dispõe de um sistema automático de back-up, e vem equipado com uma
Supply). O equipamento está dimensionado para operar em rede, mediante uso do protocolo
integrado que vem equipado com câmaras digitais e tem iluminação ajustável através de cabos
2
Seqüência finita de regras, raciocínios ou operações que, aplicada a um número finito de dados, permite
solucionar classes semelhantes de problemas num número finito de etapas, segundo o Dicionário Houaiss da
língua portuguesa. Rio de Janeiro. 1ª Edição. 2001.
30
de fibra ótica. É totalmente modular, composto por uma família de componentes, que podem
ser arranjados para operar de modo interligado, e tem capacidade para capturar e armazenar
espingarda).
ótico sensível ao ataque de fungos. O ideal seria instalar o IBIS no mesmo ambiente onde
sediada em Quebec, no Canadá e mantém filiais nos Estados Unidos (Washington e Largo, na
destinada ao trabalho isolado (aceitando também conexão de rede) com recursos para a
captura das imagens e geração da “assinatura” digital das deformações impressas nos
e um servidor. A primeira estação (chamada DAS = Data Acquisition Station) faz a captura
para o servidor, o qual efetua a comparação matemática. É também na DAS que se insere toda
a informação relativa aos elementos que estão sendo cadastrados. A outra estação,
Hub, associado com mais uma estação DAS local (LDAS), num total de duas estações para
aquisição de dados e uma estação SAS. No Espírito Santo consta que está instalado um IBIS
Hub, enquanto que no Rio está um Hub + 1 LDAS (estação local para aquisição de dados). A
A estação local para captura de imagens LDAS (do inglês Local Data Acquisition Station) é
uma estação de trabalho onde se faz a captura das imagens de projéteis ou estojos disparados
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por uma arma de fogo e se inserem os dados relativos às evidências. É uma unidade DAS,
estação que é a porta de entrada do sistema, dimensionada para operar através de uma rede
local, podendo ser acrescentada a um sistema IBIS Hub pré-existente através de uma rede
LAN (de Local Area Network). A Figura 8 abaixo mostra a estação LDAS, em cujo sistema
Figura 8. Estação LDAS. Ao lado, imagens da captura das deformações em estojo (acima) e
em projétil (abaixo).
Fonte: Forensic Technology Inc. 2004.
A estação local para captura de imagens LDAS dispõe dos seguintes recursos:
2.1.3 Servidor
capacidade para proceder a comparação de mais de 130 (cento e trinta) estojos por segundo, e
maior capacidade surgiram recentemente, para atender a demanda da grande rede americana.
Figura 9. Servidores do IBIS. Com dezoito CPU (à esquerda, para atender a grandes redes) e
com duas CPU (à direita, para ser montado numa pequena torre de micro-computador).
Fonte: Forensic Technology Inc. 2004.
A estação remota para captura de imagens RDAS (do inglês Remote Data
Acquisition Station) é uma estação de trabalho DAS adaptada para operar em local remoto,
34
interligada a um servidor através de uma rede larga do tipo WAN (de Wide Area Network). A
para um servidor, através de uma rede WAN, tudo de modo semelhante a uma estação LDAS.
A diferença é que numa RDAS, podem ser visualizados os resultados produzidos pelo
servidor, bem como acessar dados constantes de qualquer outra RDAS da mesma rede.
unidade da rede.
Bahia.
compatível com o sistema IBIS, feita para consulta aos dados constantes do sistema através de
uma rede local LAN. A estação foi dimensionada para permitir ao Perito acesso aos dados e
análise dos resultados da comparação feita pelo IBIS, da sua própria sala, sem a necessidade
de ocupar a estação SAS. Permite a visualização das imagens lado a lado, e, tal como a
própria SAS ou uma RDAS, também propicia a impressão de imagens e relatórios. Ainda não
procedimento operacional padrão (POP), fazendo-se então o registro de uma arma, projétil ou
se as seguintes informações:
Tipo. Comentário.
requeridos, deve-se proceder à captura das imagens das deformações produzidas pela arma em
apreço no projétil e estojo disparados por ela (peças padrão), cujas imagens irão para o banco
às datas de apreensão (elemento que nem sempre chega até a nossa Polícia Técnica) e de
inserção do registro da arma. Na versão básica do IBIS esta é uma informação decisiva, vez
que ele procede à divisão do seu banco de dados em dois segmentos: elementos vinculados a
configurado mediante a fundamentação de que uma arma apreendida pela Polícia não volta
depois para cometer novos crimes e, por isso mesmo, o IBIS padronizado compara o padrão
daquela arma apenas com as evidências de crimes cometidos até a data da sua apreensão! O
padrão daquela arma é desconsiderado, então, para todas as demais evidências que forem
comparações, vai diretamente de encontro à realidade brasileira onde uma arma apreendida e
examinada hoje, pode sim (infelizmente), voltar para cometer novos crimes amanhã!... Em
consulta a FTI, fomos informados que é possível modificar esta configuração, embora o
• Registro de projétil.
distintas, ambas relativas ao calibre do projétil. É comum nos países de língua inglesa o
39
milésimos da polegada (Ex: 25, 32, 38, etc.). O caso típico é o dos projéteis fabricados para
os calibres nominais .380 Auto, .38 SPL, .357 Magnum e 9mm Luger, tratados todos como
sendo do caliber 38, vez que podem ser disparados por qualquer arma de um dos citados
calibres nominais (projéteis fabricados para um calibre nominal podem ser montados num
estojo de outro calibre e, então, disparados eficazmente por esta outra arma). O IBIS leva isto
Já nos casos dos estojos ou das armas de fogo, se emprega unicamente a palavra
cartridge, que para nós tem o significado de cartucho ou calibre nominal, indicando ainda,
quando relativo a uma arma de fogo, o cartucho para o qual ela foi dimensionada.
• Registro de estojo.
cadastradas faz-se necessário realizar um exame prévio preciso das suas características
balísticas, elementos que serão considerados pelo servidor do IBIS para o procedimento, ou
LEAs) de uma peça com todas as marcas contidas em cada LEA da outra amostra. Por
exemplo, na comparação entre dois projéteis contendo quatro raias, o IBIS efetua 16
(dezesseis) comparações, decorrentes do cotejo entre cada um dos cavados da primeira (peça
padrão) com todos os quatro cavados da peça questionada. O equipamento denomina de fase
Pico de fase: cavados com maior pontuação dentro da fase máxima. Indicativo de
3
LEITE. Simone Soares. Sistema Integrado de Identificação Balística. UNESA. Rio de Janeiro. 2002.
41
comparação entre dois projéteis de quatro raias (a peça padrão é indicada como T - teste e a
Para cada par de estojos, o IBIS produz três contagens independentes: deformação
produzida pelo ferrolho ou culatra; marca do percussor; e marca de ejeção (ME, quando
existir). A FTI recomenda avaliar as 10 (dez) primeiras amostras de cada uma destas
primeiros da lista mas, sobretudo no caso de projéteis, deve-se considerar as correlações feitas
com peças deformadas, em que foram cadastrados apenas cavados remanescentes, e que,
portanto, não pontuam entre os primeiros de fase máxima. Uma grande pontuação de um
cavado máximo (máxima LEA), pode ser indicativa de uma correlação positiva.
eletrônico enviado pelo Sr. Augusto San Cristóbal em 13 de julho de 2004, e consta do
ANEXO I. Os preços estão em dólares Canadenses (CAD), moeda que em outubro de 2004
valia cerca de 1,25 dólares americanos. Destaca-se que depois dos dois anos de garantia,
incidem sobre os preços dos equipamentos adquiridos uma taxa anual de manutenção de
11,5% (onze e meio) por cento para a geração atual do IBIS e de 17,5% para a nova geração
(3D).
4
Fonte: Forensic Technology Inc. 2004.
43
Inglaterra
mediante a aquisição e instalação de mais cinco unidades RDAS nas cidades de Jalisco,
Revnosa, Sinaloa, Cancun e Oaxaca, tudo isto até o final e 2005. Em maio de 2004 os
mexicanos já haviam cadastrado 2.944 casos com 5.422 peças, e conseguido elucidar nove
casos (9 Hits). A operação do IBIS mexicano tem sido feita por 4 operadores (Técnicos, que
não fazem micro comparação), um por estação, em dois turnos de trabalho: das 9h:00min às
Na Itália, segundo o Ten Walter Meinero6, existem duas redes compostas por
unidades do IBIS: A primeira, inaugurada em 2.000, dos Carabineiros (Corporação a qual ele
pertence) que é composta por uma unidade Hub, em Roma, interligada com três unidades
RDAS nas cidades de Parma, Cagliari e Messina. Em todas as cidades foi instalada uma
estação Matchpoint, e a operação do IBIS é feita pelos próprios Peritos que fazem o exame de
micro comparação.
A outra rede italiana pertence a Polizia di Stato, foi criada em 2003 e é composta
por uma unidade IBIS Hub + LDAS em Roma, interligada com 6 (seis) RDAS que ficam nas
5
Informações obtidas pessoalmente em Ciudad Del México. Maio de 2004.
6
Ten Walter Meinero é Perito da Unidade de Balística da R.I.S. (Reparto Investigazioni Scientifiche) do
carabinieri, em Roma. e-mail de 30/09/2004.
44
cidades de Milão, Ancona, Nápolis, Palermo e Reggio Calábria. Não foram fornecidas
informações sobre a qualificação dos operadores nem do número de Hits obtido. Acrescente-
se que a Itália tem uma população de 58 milhões de habitantes distribuídos por um território
565.000km2).
no Rio de Janeiro.
operação, num total de 2 (dois) técnicos por estação adquirida (num IBIS Hub, quatro
operadores). O curso de formação de operador tem duração de uma semana, e deve ser
pode ser assimilada por um profissional com conhecimentos prévios de geometria e física, no
prazo máximo de 30 (trinta) dias. Afinal, o trabalho do operador do IBIS não é processar o
confronto balístico definitivo, e sim, cadastrar e capturar as imagens das peças e interpretar os
IBIS para a sua rede NIBIN, no capítulo da identificação de uma arma de fogo, é feita através
de uma simples Cartilha elaborada pela ATF (Quick Reference Guide for IBIS users),
enquanto que para a formação de Peritos em confronto balístico, a mesma ATF fundou uma
conexão direta com o suporte mantido pelo fabricante do IBIS, para solucionar, on-line,
eventuais problemas.
Desde o início da sua criação, o IBIS foi configurado para operação em rede, seja
em rede local ou LAN, seja em rede larga ou WAN. É o modelo mais eficiente de operação, já
que permite uma redução do custo de aquisição e uma maior cobertura na correlação de
delitos praticados com arma de fogo em locais diferentes de um mesmo Estado, Região ou
É em rede, portanto, que opera os IBIS dos países mais desenvolvidos, neles se
destacando os Estados Unidos da América, onde se encontra a maior de todas as redes de IBIS
equipamento desenvolvido pela Polícia Federal americana (FBI), denominado Drug Fire, o
marcante para este fato teria ocorrido em 1997, quando a ATF testava o IBIS em seu
munição disparada, coletada na localidade de Ovcara, na Bósnia, antiga Iugoslávia, onde teria
foram inseridas no IBIS que as separou em 18 diferentes grupos. Depois de exaustivo trabalho
dos peritos em examinar todas as evidências, ficou determinado que, efetivamente, apenas 18
armas haviam sido empregadas no evento (o uso de poucas armas caracterizava um massacre,
e não um confronto entre facções adversárias), fato que foi confessado posteriormente por um
acusado (que foi condenado por crime de guerra) e duas testemunhas, no Tribunal de Haia, na
Holanda.
Federal do País, foi criada em 1998 e denominada de NIBIN – National Integrated Ballistic
Information Network. Foi criada, e é monitorada, pela ATF – Bureau of Alcohol, Tobacco,
todos os estados norte-americanos, sem exceção, e está constituída por cerca de 232 (duzentos
e trinta e duas) estações, interligadas a 12 (doze) IBIS Hub equipados com servidores de alta
capacidade (a previsão é para 16 Hubs e 235 estações, quando a rede estiver completa), sendo
que as informações principais sobre suas características podem ser acessadas na Internet, no
Figura 15. Mapa da rede americana de identificação balística NIBIN, onde as áreas agrupadas
indicam atendimento por um servidor do IBIS.
Fonte: www.nibin.gov. acessado em 20 de outubro de 2004.
47
Seis anos depois de criada, a rede NIBIN7 está composta por 180 (cento e oitenta)
Corporações Policiais, já cadastrou 826.700 (oitocentos e vinte e seis mil e setecentas) peças,
e propiciou cerca de 10.000 (dez mil) correlações entre diferentes crimes, ou entre crimes e
pelo IBIS e confirmada pelos peritos (aquelas que seriam perdidas caso o IBIS não existisse).
Como regra, todos os equipamentos instalados na rede foram adquiridos pelo Governo
Federal americano (ATF) e instalados nas Corporações Policiais dos vários Estados mediante
• População atendida.
7
Todos os dados relativos a Rede NIBIN foram obtidos em www.nibin.gov. Acessada em 20.10.2004.
48
• Ressalte-se que nos Estados Unidos existem cerca de 18.000 (dezoito mil)
americanos, todas elas com acesso (através de uma das 180 Corporações
então, para ser instalado em outra. Em suma, no país mais rico do planeta não
ociosidade...
rede NIBIN permite destacar a proibição para o cadastramento de armas civis, seja em pontos
de fabricação, importação ou de venda de armas para cidadãos comuns. Consta que os estados
americanos de Nova York e Maryland, que integram a rede, aprovaram recentemente Leis que
dos bancos de dados de um modo geral, e das ameaças mais comuns que pairam sobre eles: a
8
Informação obtida na página do Departamento de Justiça americano. www.usdoj.gov/cops.
49
Não é a toa que os americanos não fazem a identificação civil e lá não existe o que aqui
criminal extraordinário, completamente interligado entre todos os estados do País. Parece que
para cadastramento de provas materiais de delitos, que levou ao limite da busca de convênios
com hospitais, no sentido da coleta e cadastramento de projéteis retirados de vivos (no Brasil,
raramente estas peças chegam aos Institutos de Criminalística). Nos EUA foi criado um
programa denominado Docs and Cops (médicos e policiais, em inglês), cujo objetivo é
esclarecer a classe médica sobre os critérios para coleta e identificação das peças (evitando
Outro impacto significativo ocorreu no trabalho dos Peritos americanos, vez que o
provenientes dos IBIS da rede NIBIN. A ATF estima que existiam nos EUA cerca de 850
que foi considerado insuficiente para atender a demanda propiciada pela nova rede (no Brasil
não existem estatísticas, mas estima-se um número próximo de 50). Para solucionar o
impasse, a ATF criou uma Academia Nacional para formação destes profissionais,
denominada National Firearms Examiner Academy. Verifica-se, portanto, que a questão vai
além da criação de uma rede nacional, sendo necessário uma gestão profissional capaz de
programa.
50
pago pelo contribuinte americano na elucidação de crimes cometidos com armas de fogo, a
Admitimos para isto que das 232 estações interligadas na rede, 12 (doze) são IBIS Hub com
sendo o restante constituído por 220 (duzentas e vinte) estações RDAS, ao custo unitário de
O valor acima, dividido pelos 10.000 acertos obtidos, resulta no custo unitário
(investimento em equipamento), até então, de 21.560,00 dólares Canadenses para cada Hit
valores tabelados, com o que o custo unitário acima calculado cairia para algo
em torno de 12.000 dólares Canadenses por Hit. Segundo a FTI cada Hit
comparado com a quantidade de padrões de armas de fogo que são cadastradas, ou seja,
rede e, não voltam mais para as mãos dos seus proprietários originais, mesmo no caso de
comparador, que uma correlação constante do escore produzido pelo IBIS é positiva, ele deve
consignar o fato na tela própria da estação DAS, a partir de quando os dois casos ganham a
cor vermelha, indicando um acerto do equipamento ou, como chama a FTI, um Hit do IBIS.
Evidentemente que, quanto maior o número de acertos ou Hits, menor o custo relativo do
Durante a realização deste trabalho seus autores fizeram contato com vários
Balística, inclusive a Dra. Simone Soares Leite, autora de uma Monografia sobre o tema,
referenciada neste trabalho. Além de profissionais ligados a empresa FTI e seu representante
no Brasil, a TSL, foram consultados peritos e técnicos operadores do IBIS nos Estados
equipamento (que não costumam ser destacadas pelo fabricante), referindo-se sempre a
• Não utiliza a imagem da superfície total dos projéteis, apenas dos cavados.
• Lentidão na captura das imagens dos cavados (LEAs) dos projéteis, de uma em
Com referência as armas de raiamento poligonal, explica-se que são aquelas cujos
ressaltos do cano tem o formato poligonal, quase curvilíneo, de modo que escavam nos
das armas de origem Austríaca do fabricante Glock, cujo raiamento está na Figura 16 abaixo:
• Heckler & Koch: .22 LR, .22 Win Mag, 9mm Luger, .45 Auto, .223 Rem, .30-
referência, foi efetuada pelos autores Jan De Kinder, Hugues Thiebaut e Frederic Tulleners,
de julho de 2003.
54
estabelecimento de correlação entre atos delituosos cometidos por arma de fogo mediante o
uso da tecnologia balística de imagem através da rede NIBIN (que não permite o
dados digitais denominados RBID (do inglês Reference Ballistic Image Database).
Sig Sauer, modelo P226, de calibre 9mm Luger (todas idênticas), armas pertencentes aos
disparos com cada arma, num total de 4.200 tiros, utilizando cartuchos de seis marcas
distintas (Remington, Federal, Speer, Winchester, Wolf e CCI), cujos estojos foram
cadastrados no IBIS. Usando armas idênticas, as marcas de percussão na espoleta dos estojos
resultado do estudo e do escore de correlação apontado pelo IBIS para os 4.200 estojos foi
mesma marca (influência das gravações na base), disparados por diferentes armas, ao mesmo
tempo em que, também, ocorria o contrário, quando estojos diferentes, disparados por uma
mesma arma apareciam com menor pontuação no escore do IBIS. Em resumo, o trabalho
inaceitável para um o banco de dados de referência (RBID) destinado ao trabalho policial. Era
necessário avaliar outras opções, com o surgimento de novas tecnologias, para que fosse
criado um RBID apto a operar com padrões de milhões de armas cadastradas. Imagine se os
autores tivessem utilizado cartuchos da CBC brasileira, cujas espoletas possuem um “V” em
55
baixo relevo, marca que normalmente fica na área capturada pelo IBIS! O estudo, de 2003,
apenas confirma o acerto da decisão da ATF, tomada durante o processo de criação da rede
NIBIN em 1998.
brasileiras de armas de fogo (Imbel, CBC, Taurus, Rossi e Boito), juntas, produziam para o
mercado interno cerca de 1.500.000 (um milhão e quinhentas mil) armas de fogo anualmente,
Como foi dito, a FTI está procedendo ao lançamento de uma nova geração do
IBIS, chamada geração 3D (de três dimensões), equipamento que se propõe efetuar a captura
cavados) dos projéteis. A proposta é eliminar algumas das limitações intrínsecas do IBIS,
Perito concluiria a correlação utilizando o próprio IBIS, examinando agora, não apenas a
projeção horizontal das micro-estrias produzidas pelo atrito com o raiamento ou impacto com
BrassTrax 3D, já está sendo comercializado, enquanto aquele destinado ao trabalho com
projéteis, denominado de BulletTrax 3D, ainda está sendo desenvolvido e testado, com
um aumento significativo, por força dos escores de similaridade apontados pelo IBIS. Hoje no
Brasil praticamente todos os exames de confronto balísticos efetuados são objeto de uma
nos Estados Unidos da América. Trata-se do trabalho já referenciado, elaborado por Anthony
A. Braga e Glenn L. Pierce em 2004, denominado Linking Crime Guns: The Impact of
Ballistics Unit, publicado no Journal of Forensic Sciences, 49 (4): 701 – 706. O trabalho
aumentou da média anterior de 8,8 exames por ano, para a cerca de 46 exames anuais depois
do IBIS.
inúmeros casos cadastrados no seu banco de dados, o IBIS, onde operado corretamente,
50
40
30
20
10
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Ano
Obs: Instalação do IBIS em Março de 1995
Confrontos balísticos
de confrontos balísticos lá realizados, tanto antes do IBIS (quando se fazia uma média de 8,8
exames por ano), quanto depois da instalação do equipamento em 1995, quando a média de
exames passou para 46, num crescimento de 5,22 vezes. Na ausência de estatísticas locais,
este é o número que será empregado para efeito de estimativa do impacto esperado para a
número de crimes cometidos com arma de fogo depois da instalação, e eficiente operação do
IBIS. A média de crimes foi reduzida de 2.340 por ano (antes do IBIS), para cerca de 1.218
por ano, depois do equipamento, numa redução substancial, de cerca de 48%. Trata-se de uma
científicas, mais do que isso, da influência que a divulgação destes casos de sucesso exerce na
2500
N.º de crimes
2000
1500
1000
500
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Ano
Obs: Instalação do IBIS em Março de 1995
N.º de crimes com armas de fogo
Figura 19. Número de crimes cometidos com arma de fogo, antes e depois do IBIS.
Fonte: Boston Department of Police. 2003.
59
o pedido de correlação vem de fora para dentro; uma vez instalado e corretamente operado, o
“pedido” de correlação será originado pelo IBIS que, desta maneira, transforma a Balística
fogo e das munições no Brasil. A nova Lei remeteu para o Ministério da Justiça, através da
Polícia Federal, com o Sistema Nacional de Armas – SINARM, todo o controle relativo ao
tema, acabando com a atribuição dos Estados para o controle do comercio, do registro e da
concessão da licença para o porte de armas de fogo. O texto da Lei consta do ANEXO II, ao
uma grande polêmica, devido a forte oposição de muitos segmentos da sociedade. O principal
argumento era de que a Lei alcançaria apenas os pais de família e cidadãos honestos, vítimas
da criminalidade brasileira, que ficariam então sem opção para se defender do ataque dos
bandidos. Dizia-se que o País que impõe o serviço militar obrigatório para os jovens
inexperientes (para aprender a manusear armas pesadas e defender a Pátria) não poderia
desarmar este mesmo cidadão (depois de ter amadurecido e constituído família) retirando-lhe
colocadas na nova Lei, estritamente no que se refere à Identificação das armas de fogo e a
Balística Forense.
61
Constitucional (Art. 144, §2.º, alíneas I, II, III e IV da CF), ou seja, da esfera
utilização. Com o IBIS, já sabemos que não dá certo. Confunde, por outro
contrariando uma tendência mundial (o uso cada vez mais freqüente das
exemplo).
não acaba com as gravações feitas a laser (usadas no Brasil pelo fabricante
armas aferrolhadas).
seria desejável.
principais cidades do interior do Estado. Exames de confronto balístico são realizados apenas
componentes de munição (projéteis + estojos). Para efeito deste trabalho foi estimado um total
de 50 (cinqüenta) armas e de 100 (cem) peças (projéteis + estojos) de munição que ficam hoje
mensalmente no interior e que deverão ser enviados para inserção no IBIS em Salvador, após
Req 128 110 156 157 99 244 117 183 147 148 132 227 171 131 171
Armas
L 176 144 148 137 178 153 167 170 153 127 102 121 125 152 140
Munição & Req 132 154 150 195 179 187 129 224 161 130 159 152 166 162 164
componentes L 162 223 239 207 149 156 180 138 150 167 107 90 93 196 135
Confronto Req 19 27 24 24 17 25 32 27 25 30 14 16 30 22 25
balístico L 19 27 24 24 17 25 32 27 25 30 14 16 30 22 25
Req 279 291 330 376 295 456 278 434 333 308 305 395 367 315 360
TOTAIS
L 357 394 411 368 344 334 379 335 328 324 223 227 248 370 300
Legenda: Req = Requisições de exames; L = Laudos expedidos.
Observações:
1 - O número de requisições indica o quantitativo de casos e não o número de peças
remetidas para exame.
2 - Em 2004 foram apuradas as médias de 1,22 peças/requisição para armas e de 3,28
peças/requisição para projéteis e componentes de munição.
3 - Cerca de 30 requisições mensais para exames de armas de fogo referem-se a
espingardas de antecarga.
4 - Dos componentes de munição, mais de 90% refere-se a projéteis coletados em
cadáveres e em local de crime.
Fonte: Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto.DPT.SSP/Ba. 2004.
Na Tabela podemos constatar que a CBF recebeu em 2004 uma média de 171
requisições para exames de armas, das quais 30 não podem ser consideradas para inserção no
IBIS, por se tratar de espingardas de antecarga. Temos, portanto, 171-30 = 140 requisições
que multiplicado pela média de 1,22 armas por requisição dá um total mensal de 171 armas.
As 164 requisições para exame de elementos de munição, multiplicadas pela média de 3,28
peças/por requisição perfaz o total de 538 peças por mês. Com a estatística atual e sem o IBIS,
Somando-se o material que hoje chega a Salvador com o que hoje fica no interior
do Estado, estimamos a demanda total de peças para exames (para ser inserido no IBIS que
Infelizmente, o Brasil não dispõe de números que possam retratar a expectativa da variação da
confronto balístico, cuja expectativa é de um aumento significativo, por força dos escores de
similaridade apontados pelo IBIS. Como mostra o Quadro 2, a CBF recebeu em 2004 uma
todos eles solicitados por órgão externos à Coordenação, seja pela apreensão de uma arma
suspeita, seja pela suspeita de correlação entre casos. Todos, porém nascidos externamente, da
investigação policial.
nos Estados Unidos da América, já relatada no Capítulo II. O trabalho mostra o impacto
número de exames micro-comparativos aumentou da média anterior de 8,8 exames por ano,
para a média cerca de 46 exames depois do IBIS. A verdade é que o IBIS, onde instalado e
confrontos balísticos (fato que, em nenhum momento, é destacado pelo seu fabricante), e isto
Com base nos dados relatados, podemos estimar que o número de confrontos
balísticos no Estado da Bahia tende a aumentar da atual média de 25 exames por mês para
cerca de 5,22 vezes mais, ou seja, cerca de 130 (cento e trinta) exames por mês, ou 4,3
exames por dia. Nunca é demais lembrar que estamos falando do exame de maior
substanciais na cultura e na estrutura da unidade, vez que todo o material que chega para
exame (à exceção das armas de antecarga e dos projéteis disparados por armas de raiamento
levantamento das suas características técnicas principais, dados que serão digitados e que
constarão do relatório emitido pelo IBIS. Depois de instalado, equipamento passará a ser uma
constituir numa espécie de marco: primeiramente todas as peças chegadas a partir desta data
terão como destino o IBIS e, segundo, não mais serão digitados Laudos relativos ao exame
serão substituídos pelo relatório emitido pelo IBIS, no qual constarão os dados inseridos pelo
operador, levantados no exame físico-descritivo preliminar feito pelo Perito. Saliente-se que
não se trata de relatório referente a eventuais correlações com outras peças previamente
antes do início de qualquer exame, todo material contaminado com sangue ou matéria
instalados na CBF, pelos relatórios produzidos no IBIS (onde estarão os dados técnicos
levantados no exame preliminar), representa uma mudança cultural substantiva. Esta alteração
IBIS.
para 130 mensais, sendo esperadas, ainda, a seguinte demanda mensal de armas de peças para
exame:
• Armas: 221
Com este volume mensal de peças para examinar e cadastrar no IBIS, restaria
agora estimar o tempo gasto nestas operações, para efeito de determinar o quadro de pessoal
necessário para dar conta do serviço. Por se tratar de operações independentes, deixaremos de
estojos, bem como no processo de revelação química das inscrições da arma. Feito isso,
exame físico-descritivo preliminar, coleta de padrões, cadastramento dos dados e captura das
imagens relativas a uma arma de fogo; e de 30 minutos (0,50 hora) para o físico-descritivo,
própria confecção do Laudo, com montagem das peças, e estimamos o tempo médio de 10
(dez) horas por exame. Com o IBIS, o número de horas necessárias seria, portanto:
Os números acima indicam que foi acertada a decisão tomada pela Administração
LDAS. A divisão do número de peças por duas estações para aquisição de dados nos permite
por exemplo), em regime 12 (doze) horas por dia útil: o cálculo de 12h/dia x 2 Estações x
22,5 dias úteis por mês resulta nas 540 horas calculadas acima. Uma sugestão para o turno de
trabalho dos operadores do IBIS poderia ser das 8h00 às 14h00 e das 14h00 às 20h00, salvo
melhor juízo.
9
Segundo a FTI, estojos consomem cerca da metade do tempo. No caso da CBF, entretanto, seu número é
inferior a 10% do universo de elementos de munição examinada.
71
americana. Na Bahia (13.100.000 habitantes) estaremos inserindo no IBIS cerca de 900 peças
mensais, ou 10.800 peças por ano, entre evidencias de crimes e padrões de armas apreendidas,
o que dá cerca de 83 peças por 100.000 habitantes/ano. Nos Estados Unidos (260.000.000 de
habitantes) foram 826.700 peças cadastradas, em 6 anos, o que dá cerca de 53 peças por
trazer para a rede absolutamente todas as evidências de crime, e não apenas as relativas aos
homicídios.
deslocados para nenhuma outra atividade senão a digitação de dados e a captura de imagens
em produzir fadiga visual, recomenda-se evitar a sua execução no período noturno. Com uma
demanda mensal de 130 exames, cerca de 7,5 plantões por mês (na escala de 24 x 72h) e a
possibilidade de execução de um confronto por período diurno do plantão (o que daria cerca
de 7,5 confrontos mensais por Perito Plantonista), concluímos pela necessidade de 130/7,5 ou
Nesta nova fase da Balística baiana, será imperativo proceder muitas outras
alteração das instalações físicas. A necessidade de coletar padrões de mais de duas centenas
sensibilidade do IBIS com a presença de fibras na superfície dos projéteis, obrigará a adoção
de tanque de água para o disparo de cerca de uma dezena de armas por dia corrido. A
recomendação é de que o tanque seja instalado numa sala localizada ao lado das demais
72
dependências da CBF, dependência que deverá ser dotada de tratamento acústico e dispositivo
para exaustão de gases. Como ocorre nas unidades de Balística dos países do hemisfério
norte, seria recomendável instalar também nesta sala um pequeno estande de tiro com
exames de confronto balístico, que passará de um para cerca de 4 a cinco por dia, faz-se
para supervisionar o trabalho dos Operadores comuns e manter contato direto com o suporte
da FTI, para solução on-line de eventuais problemas na operação do IBIS. Além disso, no
Laudos.
alocados à CBF, bem como as alterações necessárias no modelo atual, para atender a
Perito Criminalístico 8 18 *
Perito Técnico 6 8
Operador do IBIS 0 6
Efetivo 16 34
Micro-comparador digital 2 4
Equipamentos
Micrômetro digital 1 2
Micro-computador 3 3
Tanque de água 0 1
Cronógrafo digital 0 2
Sala de exames 1 (60m2) 1 (60m2)
Depósito de armas e munições Sala única 1 (15m2)
Dependências
utiliza unidades de medida daquele País, sobretudo a polegada (1” = 25,4mm) e termos
técnicos na língua inglesa. Seja no registro de caso, de arma, de projétil ou de estojo, o IBIS
possui inúmeras janelas sob a forma de menu, onde se faz necessário a conversão, da
polegada para o milímetro, e dos termos em inglês para aqueles usados normalmente na
Balística Forense Brasileira. No Quadro 2 abaixo, são apresentadas algumas sugestões para
esta conversão, tendo sido destacados aqueles considerados mais importantes ou incomuns:
74
violento ou ilegal fica, especialmente no caso das armas das Corporações Policiais,
estojos por elas disparados, particularmente no caso de armas com números seriados, fato que
pode indicar que seus canos foram fabricados pela mesma ferramenta de desbaste ou
usinagem. Por outro lado, a munição comercializada no Brasil pela Companhia Brasileira de
75
Cartuchos – CBC, empresa que monopoliza o setor em nosso País, vem com a marca de um
“V” em baixo relevo (exatamente como se fosse uma estampa proveniente do recuo do estojo
durante o disparo) fato que irá confundir o IBIS, produzindo como resultado a indicação
Peritos.
particularmente dos modelos Taurus PT-58, PT-100 e PT-940, armas que operam em ação
também conhecidas na literatura como de ação dupla e movimento duplo. Tais armas, para
colegas de trabalho, poderiam ser reduzidas mediante a adoção de pistolas que operam apenas
em ação dupla (DAO – Double Action Only), que exigem sempre pressão positiva nas teclas
pistolas
Logotipo da Corporação
Laser Puncionamento a frio
Policial
Diferença de pelo
Distribuição às unidades
Seriadas menos dez pontos no
policiais
número de série
Munição particulares Pistolas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
tecnologia digital consolidada, que tem sido empregada com sucesso por dezenas de países do
entre evidencias de diferentes crimes cometidos com arma de fogo. O uso da máquina permite
humano. Não se trata de um equipamento mágico como uma bola de cristal, que tenha por
não seriam detectadas antes, e que precisam da confirmação através do exame visual.
IBIS: primeiro, que se trata de uma tecnologia comprovadamente eficaz como banco de dados
ou arquivo criminal; segundo, que existem estudos comprovando ser o IBIS inadequado para
sofisticado banco de dados para identificação semi-automática (que apenas fornece um escore
balísticos, exigindo, portando, o reforço do quadro de pessoal da unidade onde vai ser
instalado.
com o volume de evidências que temos no Brasil e na Bahia, é preciso gente qualificada,
motivada, e com dedicação exclusiva. E, finalmente, o IBIS requer à jusante uma equipe
78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RABELLO, Eraldo. Balística Forense. 3.ª Edição. 488p. Sagra-Luzzatto. Porto Alegre. 1995.
TOCCHETTO, Domingos. Balística Forense: Aspectos técnicos e jurídicos. 3.ª ed. 352p.
REFERENCE GUIDE FOR IBIS USERS. Estados Unidos da America. 2004. 115p.
Missing Link: Ballistic Technology That Helps Solve Crimes. EUA. 2004. Disponível em:
Caro Cesar!
Nossos preços em janeiro deste ano já mudaram a dólares canadenses porque nossos custos
estão principalmente no Canada e somente fazemos cotizações em dólares americanos caso
por caso quando uma proposta es emitida.
Por enquanto, estou marcando ao lado de cada um dos itens que você deseja o preço
aproximado total que o item teria em dólares canadenses (CAD) considerando dois anos de
garantia inclusa e as despesas de embarquem, de treinamento e da instalação onde aquilo seja
aplicável.
Atenciosamente,
Augusto
CAPÍTULO I
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
1
Publicada no Diário Oficial da União de 23 de dezembro 2003.
82
CAPÍTULO II
DO REGISTRO
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido, o interessado deverá, além de declarar a
efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões de antecedentes
criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não
estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal;
II - apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência
certa;
III - comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de
arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.
§ 1o O SINARM expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os
requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do requerente e para a arma
indicada, sendo intransferível esta autorização.
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à
arma adquirida e na quantidade estabelecida no regulamento desta Lei.
CAPÍTULO III
DO PORTE
2
Art. 6º proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos
previstos em legislação própria e para:
I - os integrantes das Forças Armadas;
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição
Federal;
III - os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios
com mais de quinhentos mil habitantes, nas condições estabelecidas no
regulamento desta Lei;
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de cinqüenta mil
e menos de quinhentos mil habitantes, quando em serviço;
V - os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do
Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República;
VI - os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51,
IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
VII - os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes
das escoltas de presos e as guardas portuárias;
VIII - as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos
termos desta Lei;
IX - para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas
atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do
regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental.
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI deste artigo terão direito de
portar arma de fogo fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo
fora de serviço, na forma do regulamento, aplicando-se nos casos de armas de
fogo de propriedade particular os dispositivos do regulamento desta Lei.
§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo dos integrantes das instituições
descritas nos incisos V, VI e VII está condicionada à comprovação do requisito a
que se refere o inciso III do art. 4o, nas condições estabelecidas no regulamento
desta Lei.
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está
condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de
ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de fiscalização e de
controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei,
observada a supervisão do Comando do Exército.
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito
Federal, bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o
direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumprimento do disposto nos
incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei.
2
Artigo com nova redação dada pela Lei no 10.867, de 12-5-2004 (DOU de 13-5-2004).
84
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança privada e de
transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade,
responsabilidade e guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas
quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso e de armazenagem
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de
porte expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa.
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança privada e de
transporte de valores responderá pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13
desta Lei, sem prejuízo das demais sanções administrativas e civis, se deixar de
registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que
estejam sob sua guarda, nas primeiras vinte e quatro horas depois de ocorrido o
fato.
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deverá apresentar
documentação comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art.
4o desta Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo.
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo deverá ser
atualizada semestralmente junto ao SINARM.
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território
nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após
autorização do SINARM.
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária
e territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o
requerente:
I - demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de
risco ou de ameaça à sua integridade física;
II - atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
III - apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu
devido registro no órgão competente.
85
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constantes do Anexo desta Lei, pela
prestação de serviços relativos:
I - ao registro de arma de fogo;
II - à renovação de registro de arma de fogo;
III - à expedição de segunda via de registro de arma de fogo;
IV - à expedição de porte federal de arma de fogo;
V - à renovação de porte de arma de fogo;
VI - à expedição de segunda via de porte federal de arma de fogo.
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manutenção das atividades
do SINARM, da Polícia Federal e do Comando do Exército, no âmbito de
suas respectivas responsabilidades.
§ 2o As taxas previstas neste artigo serão isentas para os proprietários de que trata
o § 5o do art. 6o e para os integrantes dos incisos I, II, III, IV, V, VI e VII do
art. 6o, nos limites do regulamento desta Lei.
CAPÍTULO IV
DOS CRIMES E DAS PENAS
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o
titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de um a três anos, e multa.
Omissão de cautela
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de dezoito anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua
posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de um a dois anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de
empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar
ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou
outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que
estejam sob sua guarda, nas primeiras vinte quatro horas depois de ocorrido
o fato.
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
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Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
finalidade a prática de outro crime:
Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I - suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma
de fogo ou artefato;
II - modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a
arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III - possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração,
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V - vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório,
munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI - produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer
forma, munição ou explosivo.
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de
fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de quatro a oito anos, e multa.
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo,
qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular
ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
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Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer
título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade
competente:
Pena – reclusão, de quatro a oito anos, e multa.
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de
fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se
forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o
desta Lei.
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória.
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com os Estados e o Distrito
Federal para o cumprimento do disposto nesta Lei.
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral, bem como a definição das armas de fogo e
demais produtos controlados, de usos proibidos, restritos ou permitidos será
disciplinada em ato do Chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do
Comando do Exército.
§ 1o Todas as munições comercializadas no País deverão estar acondicionadas em
embalagens com sistema de código de barras, gravado na caixa, visando
possibilitar a identificação do fabricante e do adquirente, entre outras
informações definidas pelo regulamento desta Lei.
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão expedidas autorizações de
compra de munição com identificação do lote e do adquirente no culote dos
projéteis, na forma do regulamento desta Lei.
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de um ano da data de publicação desta Lei
conterão dispositivo intrínseco de segurança e de identificação, gravado no
corpo da arma, definido pelo regulamento desta Lei, exclusive para os órgãos
previstos no art. 6o.
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do
Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço
alfandegário e o comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive
o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores e
caçadores.
Art. 25. Armas de fogo, acessórios ou munições apreendidos serão, após elaboração do laudo
pericial e sua juntada aos autos, encaminhados pelo juiz competente, quando não
mais interessarem à persecução penal, ao Comando do Exército, para destruição, no
prazo máximo de quarenta e oito horas.
Parágrafo único. As armas de fogo apreendidas ou encontradas e que não constituam prova
em inquérito policial ou criminal deverão ser encaminhadas, no mesmo
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Art. 28. É vedado ao menor de vinte e cinco anos adquirir arma de fogo, ressalvados os
integrantes das entidades constantes dos incisos I, II e III do art. 6o desta Lei.
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já concedidas expirar-se-ão noventa dias
após a publicação desta Lei.
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de validade superior a noventa dias
poderá renová-la, perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o, 6o e
10 desta Lei, no prazo de noventa dias após sua publicação, sem ônus para o
requerente.
Art. 30. Os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas deverão, sob pena de
responsabilidade penal, no prazo de cento e oitenta dias após a publicação desta Lei,
solicitar o seu registro apresentando nota fiscal de compra ou a comprovação da
origem lícita da posse, pelos meios de prova em direito admitidos.
Art. 32. Os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas poderão, no prazo de
cento e oitenta dias após a publicação desta Lei, entregá-las à Polícia Federal,
mediante recibo e, presumindo-se a boa-fé, poderão ser indenizados, nos termos do
regulamento desta Lei.
Parágrafo único. Na hipótese prevista neste artigo e no art. 31, as armas recebidas constarão
de cadastro específico e, após a elaboração de laudo pericial, serão
encaminhadas, no prazo de quarenta e oito horas, ao Comando do Exército
para destruição, sendo vedada sua utilização ou reaproveitamento para
qualquer fim.
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil
reais), conforme especificar o regulamento desta Lei:
I - à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial ou
lacustre que deliberadamente, por qualquer meio, faça, promova, facilite ou
permita o transporte de arma ou munição sem a devida autorização ou com
inobservância das normas de segurança;
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Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com aglomeração superior a mil
pessoas, adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências necessárias para
evitar o ingresso de pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo inciso
VI do art. 5o da Constituição Federal.
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
De: anthony_braga@ksg.harvard.edu
delivered-to: adeir@ibest.com.br
Data: Mon, 13 Sep 2004 11:35:14 -0400
Cccc: asc@fti-ibis.com, gpierce@neu.edu, passagli@tslbrasil.com.br, regina.norskov@fti-
ibis.com
Dear Adeir,
Please feel free to reference our work. The official reference is...
Braga, Anthony A. and Glenn L. Pierce. 2004. "Linking Crime Guns: The Impact of Ballistics
Imaging Technology on the Productivity of the Boston Police Department's Ballistics Unit."
Journal of Forensic Sciences, 49 (4): 701 - 706.
Anthony
I need a lot of yours answer. The time is passing and it is very important for my monograph to do reference to
your work with regard to the importance and possibility of IBIS technology help the Public Security in our battle
against crimes committed with firearms. Your confirmation is, also, important for our law Corporation.
Regards,
Eng.º Adeir Boida de Andrade
Technical Police of the State of Bahia/Brazil
Ballistic Unit
Message from "Adeir" <adeir@ibest.com.br> on Sat, 31 Jul 2004 19:52:16 -0300 -----
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To: "Mr. Anthony A. Braga, Ph.D" <anthony_braga@harvard.edu>, "Mr. Glenn L. Pierce, Ph.D"
<gpierce@neu.edu>
Subject: IBIS Technology in Bahia, Brazil
Regards,
Adeir Boida de Andrade
Crimminalistic Expert/Firearm Examiner
Ter. 71 9121-9746