Vous êtes sur la page 1sur 1

Pessoalmente

INTRODUÇÃO

Fernando Pessoa trouxe à poesia portuguesa o espírito


crítico, o experimentalismo. Antes dele o lirismo sustentava-se
em emoções mais ou menos contidas; Pessoa teorizou a
própria poética: o poeta é um fingidor.
Esta reflexão chegou ao ponto de descobrir várias
instâncias no acto poético; o sentir, o exprimir e o ler.
Quem sente não transmite exactamente o que
experimentou – Finge tão completamente/ que chega a fingir
que é dor/ a dor que deveras sente. A reflexão traz agora um
DESENVOLVIMENTO

outro expoente: a tentativa da descrição de um processo que,


na sua essência assenta muitas vezes no que é habitual
designar como antagónico, contrário. Sentir/fingir ou
Sinceridade/ Fingimento.
Não tínhamos ainda digerido esta surpresa quando
outra se afigurava: o papel dos leitores! Quem lê não sente o
que ele sentiu, não sabe o que entender do seu fingimento,
atinge uma percepção de todo diferente, diversa da que é
habitual associar àquela situação: Na dor lida sentem bem,/
não as duas que ele teve,/ mas só a que eles não têm.
Escrever/ ler.
Sentir? Sinta quem lê! Escrever sustenta-o
CONCLUSÃO

completamente! É um campo tão vasto! Para quê invadir um


outro domínio, presumivelmente tão passível de outras
descobertas? Escreve não para sentir! Escreve para se
conhecer. Escreve sempre para se procurar. Escreveu sempre
porque nunca se achou? EU/MUITOS.

Jorge Miranda

Texto com 215 palavras

Vous aimerez peut-être aussi