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A Cultura do Sertanejo
Uberlândia - 2008
1. O Sertão.
2. O Sertanejo.
Conforme estudos arqueológicos, a ocupação nessa região iniciou-se há cerca de 11 mil anos
e transcorreu até o começo do século XX. Caçadores e coletores tiravam sustento dos
campos, cerrados e matas. Os povos Macro-Jê, herdeiros desses traços culturais, receberam
os Tupi- Guarani que fugiam dos colonizadores europeus. O colonizador escravizou africanos
para a lavra do ouro. O sertanejo nasce, então, da miscigenação de europeus, índios e negros.
O jesuíta, o vaqueiro e o bandeirante foram os primeiros habitantes brancos que migraram
para a região. Deram origem aos tipos populares que compõem o sertão: o beato, o cangaceiro
e o jagunço. Ali estão todos, com suas vestes características, seu apego às tradições mais
remotas, o sentimento religioso levado até o fanatismo e o seu exagerado senso de honra.
Tanto o cangaceiro quanto o jagunço são guerreiros. Homens de armas. O cangaceiro age
em bando e por conta própria, vive como andarilho pelo deserto, obedecendo às leis do chefe
do bando. O jagunço muitas vezes age sozinho. Protege alguém, que tanto pode ser um coronel
como uma pessoa com quem tem uma dívida de honra. O fazendeiro dos sertões vive no litoral,
longe de suas propriedades; quem cuida de suas terras é o vaqueiro, de fidelidade assombrosa
e submissão inconsciente e servil. Mas na adversidade, sua roupa de couro pode se tornar a
armadura de jagunço. Qualquer vaqueiro sabe lutar e lidar com armas. Oculta em si o
guerreiro.
As sertanejas são diferentes das mulheres do litoral: são rezadeiras, rendeiras, mocinhas
ingênuas, bruxas velhas e alcoviteiras (mexeriqueiras). Mulheres de coragem e encrenqueiras.
Descendentes dos antigos jesuítas, os padres, os beatos e os conselheiros dão conselhos e
são beatos da categoria mais alta entre a população. Padres e beatos podem se tornar líderes
messiânicos como o padre Cícero, de Juazeiro do Norte, de grande influência no sertão. Sob
tais influências, o matuto vai da extrema brutalidade ao máximo devotamento. Apesar da
coragem, acredita em todos os mal-assombramentos. Está propenso a ser um "desvairado pelo
fanatismo e um transfigurado pela fé." Por isso é um seguidor de messias fanáticos que o
arrastam e endoidecem.
A cultura do sertanejo é marcada pela lida com o gado, modo de vida simples e não
consumista, observado na organização da família, nas vestimentas, nas festas religiosas, na
religiosidade marcante e na alimentação com seus pratos típicos: a paçoca, o quibebe, o pão de
queijo.
A narrativa dos sertanejos sustenta a mobilização e a ação social e os tira da condição de
bárbaros que não têm domínio do logos, os liberta do “pacto” e de sua modernização
predatória. As raízes que sustentam a sua cultura se abastecem do “sítio simbólico de
pertença sertanejo”. Tal sítio aflora em situações propícias como as promovidas pelas
cooperativas de pequenos produtores rurais.
O sertanejo é o “expert” da sua realidade. Políticas públicas e modelos que não consideram
seu sítio, justamente por não serem situados.
3. Caipira X Sertanejo.
O Sertão é um lugar muito difícil de viver, estando adaptado a ele apenas aqueles que
nasceram em seu seio. Estes possuem sua própria maneira de ver o mundo e de agir nele. Com
sua fé fervorosa e noção de honra exacerbada, vão tocando a vida naquela aridez.
Apesar das singularidades dos sertanejos, a sua cultura se espalhou pelo Brasil,
principalmente no Centro-oeste. Aí, come-se pão-de-queijo e ouve-se música sertaneja. Mas,
será que essa música realmente remonta àqueles antigos sertanejos que alegravam seus
conterrâneos com suas melodias? Não. A música sertaneja que se ouve em São Paulo e em
Minas Gerais, por exemplo, é nada mais que uma forma distorcida utilizada pela indústria
cultural para alastrar a música caipira do sertão no Brasil, a fim de que possa vender um
produto como sendo um “símbolo” da cultura brasileira. Entretanto, na verdade, o símbolo, o
folclore é a música caipira do sertão e não a música “sertaneja” (que nada tem de sertaneja)
de São Paulo.
Desta forma, a despeito de todas as controvérsias, e, principalmente pela ação da indústria
cultural, hoje se pode dizer que o brasileiro, em geral, tem alguma noção de o que a cultura do
sertanejo é, apesar de esta noção ser bastante distorcida.
5. Bibliografia.
5.1. http://www.pagina22.com.br/index.cfm?fuseaction=artigoEnsaio&id=52
5.2. http://www.tvcultura.com.br/aloescola/esTudosbrasileiros/sertoes/sertoes2.htm
5.3. http://74.125.113.132/search?q=cache:XR7xgNj-
gZoJ:screamyell.com.br/outros/monografia_mac.pdf+a+cultura+do+sertanejo&hl=pt-
BR&ct=clnk&cd=5