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João Cruz e Sousa (1861 - 1898), o lançador do Simbolismo no Brasil,

é situado, por alguns estudiosos, junto de Mallarmé e Stefan George, entre os três
maiores simbolistas do mundo, formando a "grande tríade harmoniosa".

Além de ter uma boa apresentação física, era um homem


extremamente culto e elogiado por seus mestres. Mas nada disso, para as
pessoas da época, superava o fato de ser negro, o que lhe causou sérios
problemas.

Em vida, sofreu muito e não conheceu o sucesso. Mudou-se de Santa


Catarina (seu estado natal) para o Rio de Janeiro e, com muito empenho, chegou
a ser arquivista da Central do Brasil, cargo que lhe garantia subsistência e não
valorizava sequer um décimo de sua capacidade intelectual. Terminou atacado
pela "doença dos poetas", a tuberculose, que matou, junto com ele, toda sua
família.

É nesse ambiente de dor que nasce sua incrível obra, onde


transparescem a melancolia e a revolta, porém com versos magicamente ricos e
sonoros. Arte é a plavra-chave. Arte libertária, ansiosa, criativa, que foge dos
padrões métricos sem perder a classe, a musicalidade. Cruz e Sousa é, sem
dúvida, um dos maiores expoentes das poesia brasileira.

Entre suas obras estão Missal, Broquéis, Os Faróis e Últimos Sonetos,


todos livros de poesia.

Segue-se uma delas:

Violões que Choram

Ah! plangentes violões dormentes, mornos,


Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.

Noites de além, remotas, que eu recordo,


Noites da solidão, noites remotas
Que nos azuis da fantasia bordo,
Vou constelando de visões ignotas.

Sutis palpitações à luz da lua.


Anseio dos momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.

Quando os sons dos violões vão soluçando,


Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.

Harmonias que pungem, que laceram,


Dedos nervosos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de dolências geram,
Gemidos, prantos, que no espaço morrem...

E sons soturnos, suspiradas mágoas,


Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas,
Noturnamente, entre remagens frias.

Vozes veladas, veludosas vozes,


Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Tudo nas cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febirl agitação de um pulso.

Que esses violões nevoentos e tristonhos


São ilhas de degredo atroz, funéreo,
Para onde vão, fatigadas no sonho,
Almas que se abismaram no mistério.

CRUZ E SOUSA. Violões que choram.

Texto gentilmente cedido por Rodrigo Gâmbera (gambera@sti.com.br)

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