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Audio 2012/2013 Mulher Tara Quando acordo, quando saio da superfcie do sono, tenho os braos dele para me abraar.

. Os seus braos marcam os limites do meu mundo: a respirao do mundo aquece-me a nuca; os dedos acariciam-me delicadamente o cabelo; o mundo ama-me. destes momentos que me vou lembrar quando me vir... a limpar uma janela ou a podar um canteiro de rosas no jardim e quando contemplar sem aviso o simples ridculo de continuar viva. Quando percebo que podia preparar-me para me enroscar debaixo do cobertor da noite, ou estar a obter documentos falsos, e que, em vez disso, estou a lavar a roupa. A limpar janelas. A podar canteiros de rosas. Quando o simples ridculo de tudo me esmagar serei tentada a pegar na tesoura de podar e a cortar violentamente a planta, a cort-la violentamente em tiras, a afundar a tesoura de podar e ver a seiva escorrer, ver o miolo secar e morrer ao sol. Resistirei tentao. Lembrar-me-ei dos primeiros instantes do dia, quando o mundo me amava. E podarei o canteiro de rosas. Apanharei musgo da relva. Apanharei ervas daninhas do jardim e inspirarei menta e rosmaninho. Farei isto consciente de que amanh o stio poder estar completamente submerso em petrleo. Porque eles podem fazer isso. Eles vo fazer isso. Vo queimar o jardim. Vero que cuidamos dele e queim-lo-o. Depois de terem destrudo a casa. Antes de nos fazerem o mesmo.

The drowned world Gary Owen Traduo: Pedro Marques

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