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Homossexualidade:

Kardec já falava sobre isso


(Versão 13)

“Ainda com relação à moral na conduta sexual


[…] devemos, como em tudo, olhar para nosso
próprio comportamento […] ao invés de julgar o
comportamento alheio. […].” (CARLOS [Espírito],
in: Sexo, consciência e amor)

“[…] Erro lamentável é supor que só a perfeita


normalidade sexual, consoante as respeitáveis
convenções humanas, possa servir de templo às
manifestações afetivas. O campo do amor é
infinito em sua essência e manifestação. […].”
(CALDERARO [Espírito], in: No Mundo Maior)

Paulo Neto
Copyright 2017 by
Paulo da Silva Neto Sobrinho (Paulo Neto)
Belo Horizonte, MG.

Capa:
https://4.bp.blogspot.com/-dkOT6SJdaZY/VrnlQQGrEdI/
AAAAAAAALts/nVI_I76noXg/s1600/Drw%2B00.jpg

Revisão:
Artur Felipe Ferreira
Hugo Alvarenga Novaes

Diagramação:
Paulo Neto
site: www.paulosnetos.net
e-mail: paulosnetos@gmail.com

Belo Horizonte, setembro/2017.

2
Índice

Prefácio............................................................................ 4
Introdução......................................................................10
A visão homofóbica dogmática de teólogos...................15
A homossexualidade em face da reencarnação.............33
Definições.......................................................................49
É um comportamento imoral ou natural?.......................60
Para o Espiritismo o psiquismo do Espírito é duplo........75
Situações de inversão compulsória da polaridade........103
Opinião de destacados autores espíritas......................113
Espíritos também opinam.............................................125
Opinião de quem viveu o problema..............................131
A ciência em busca de explicações..............................140
Ideologia de gênero......................................................175
Casamento de homossexuais.......................................181
Cirurgia para a mudança de sexo.................................190
Como nós, os espíritas, devemos agir?........................209
Conclusão.....................................................................231
Referências bibliográficas.............................................241
Indicações sobre o tema...............................................256
Dados biográficos do autor...........................................258

3
Prefácio

“Com sabedoria se constrói a casa, e


com discernimento se consolida.”
(Provérbio 24:3)

O livro “Homossexualidade: Kardec já


falava sobre isso” demonstra a disposição e a
competência do consagrado pesquisador, escritor e
orador espírita PAULO DA SILVA NETO SOBRINHO
para discorrer sobre assuntos polêmicos e de grande
interesse da sociedade com seus estudos e
argumentos convincentes, fundamentados na
codificação da doutrina espírita.

Desta feita, Paulo Neto vem nos brindar com


mais uma de suas obras-primas, para dirimir as
dúvidas que o assunto Homossexualidade
desperta, provocando discussões frenéticas
patrocinadas e fortalecidas pela ignorância e
preconceitos de tantos quantos não levam em

4
consideração o direito ao uso do livre-arbítrio que
todos temos para agir conforme nossa própria
deliberação.

Na obra presente, que é fruto de muitas horas


dedicadas ao estudo e meditação, sobre tão
delicado assunto, o autor vem nos trazer uma visão
diferenciada e equilibrada para ajudar aos que
desejarem obter uma melhor compreensão sobre
tão grave tema, apresentando as suas conclusões
fruto das pesquisas sérias e profundas sem
achismos ou preconceitos, tão comuns em assuntos
de grande interesse como o presente.

Tenho absoluta convicção de que, após o


estudo atento do conteúdo dessa obra, todos terão
ampliadas suas concepções, desalojando de seu
psiquismo a “ignorância” que fomenta a
intolerância, conforme enuncia o próprio autor
quando diz: “Nosso desejo sincero é contribuir
para que se extingam os preconceitos, e
possamos respeitar as opções sexuais de
todos os que caminham conosco rumo ao
infinito, em busca de conquistar o prêmio de
se tornar um Espírito puro, o mais breve

5
possível”.

Das páginas dessa excelente obra, podemos


extrair valiosas lições de princípios morais
renovadores, com seguras e avançadas noções de
respeito e justiça, na elaboração do progresso moral
espiritual que precisamos empreender, destacando
o cuidado que devemos ter com o direito do
indivíduo na escolha de suas opções sexuais ou
quaisquer outras que nem sempre se compatibilizam
com as nossas.

As condições de vida no planeta estão em


constante transformação, necessitando que também
estejamos atentos às mudanças e dispostos a uma
reformulação do nosso modo de pensar, pois o
homem é convocado diariamente à luta para domar
suas más inclinações, e para isso os ensinamentos
aqui contidos em muito nos ajudarão a realizar
nossos objetivos de crescer e progredir, enfrentando
de maneira mais responsável e consciente os novos
desafios que a vida nos propõe nos assuntos de
convivência em sociedade.

Sabemos que só o conhecimento pode nos


ajudar na compreensão dos variados assuntos de

6
difícil entendimento, porque é, sem dúvida alguma,
a mola mestra do progresso da humanidade, e o
estudo de obras como esta, tão bem elaborada por
Paulo Neto, servem como alavancas de
crescimento intelecto-moral, para tantos quantos se
decidam por segui-las.

Os valiosos ensinamentos contidos nas boas


obras estugam e efetuam verdadeira transformação
do homem no caminho da paz e da felicidade. A
ausência delas manteria escravizada a mente
humana, arrojando-a aos despenhadeiros da
Ignorância, provocando infelicidade e desgraça, nos
caminhos equivocados da delinquência que levaria o
indivíduo ao encontro da dor e do sofrimento.

Somos sabedores de que a Razão sem a


bênção da luz não passa de simples matéria de
Cálculo, por que instrução e ciência são processos
que facultam acesso à sabedoria e à plenitude,
somente a cultura na iluminação do Espírito Imortal
que somos, poderá nos proporcionar a felicidade e
nos elevar na condição de cocriadores, irradiando as
melhores vibrações de amor, pelo desenvolvimento
das virtudes Divinas que carregamos no nosso

7
mundo íntimo.

“Homossexualidade: Kardec já falava


sobre isso”, é uma obra que surge em momento
oportuno facultando a todos nós uma preciosa lição
na compreensão de um assunto de tamanha
importância para a sociedade hodierna, facilitando o
convívio pacífico e salutar com o nosso irmão de
caminhada evolutiva, com opções de vida diferente
da nossa, oferecendo lições seguras para nosso
aprimoramento Individual e coletivo com vistas ao
desenvolvimento de uma relação verdadeiramente
cristã na Terra, alicerçada nos exemplos vivenciados
pelo Mestre de Nazaré.

Parabenizamos o amigo Paulo Neto pelo


excelente trabalho realizado na elaboração de tão
maravilhosa obra, onde mais uma vez deixa
transparecer todo o seu cuidado no trato com os
ideais superiores que cultiva, sem se afastar da
fidelidade aos princípios doutrinários do Espiritismo,
e rogamos a Deus que lhe conceda saúde e paz de
espírito, para continuar sua tarefa de espalhar luz
pelos caminhos que trilhar.

Aproveito a oportunidade para agradecer a

8
honra que me foi conferida de prefaciar esta
magnífica obra, com estas singelas e sinceras
palavras nascidas de um coração satisfeito e feliz.

Francisco Rebouças
Niterói, 08 de setembro de 2017.

9
Introdução

Temos percebido que, cada vez mais, o tema


homossexualidade vem despertando o interesse das
pessoas, e de um certo tempo para cá, tornou-se
algo recorrente nas telenovelas, principalmente, as
da TV Globo, pois é uma situação social que, quer se
goste ou não, quer se aprove ou não, existe, eis o
fato incontestável.

A triste realidade nos dias de hoje é que essa


temática gera muita polêmica no meio espírita,
surgindo divergências de opiniões, quando ela entra
na pauta das discussões. Intransigência, intolerância
e falta de compreensão é o que, infelizmente, se vê
quase como uma regra, pois a maioria de nós ainda
não conseguiu vislumbrar que, como quase tudo,
existe o outro lado da moeda.

Acreditamos que o que falta a muitos de nós é


a capacidade de ver essas pessoas como irmãos em
doloroso estágio evolutivo. Não percebemos que o
sofrimento delas, quando há, é tanto que, em alguns

10
casos, tiram-lhes a própria vontade de viver.
Quantos, propositadamente, não abandonaram a
vestimenta carnal, como fuga ao insuportável
preconceito social que pelo qual passam? E os que
se isolam entre as quatro paredes do seu lar para
evitar o contato com a sociedade que os repelem
como se estivesse diante de uma doença altamente
contagiosa da qual se deve fugir para bem longe.

Para bem situamos, vejamos o significado do


termo no Dicionário Priberam: “(homossexual + –
dade), substantivo feminino; Atração ou interesse
sexual pelo mesmo sexo. (1)

Nossa intenção é trazer ao público em geral a


visão que o Espiritismo vem fornecer sobre esse
delicado tema. Aliás, a grande maioria de nós nem
mesmo sabe que Allan Kardec (1804-1869) disse
algo a respeito. Sim, caro leitor, ele falou e “bem
falado”, como se diz. É o que, no momento
oportuno, veremos.

Registramos, por oportuno, que a nossa


experiência vivenciada em palestras realizadas
sobre o tema está sendo muito positiva para nós.
Percebemos a grande expectativa do público e

11
graças aos Espíritos, que Deus permite nos amparar,
temos conseguido ajudar várias pessoas a eliminar
de vez por todas o preconceito que tinham.

Isso já valeu por todo o nosso trabalho de


pesquisar, montar os slides e, agora transformá-los
em texto pelo ebook “Homossexualidade: Kardec
já falava sobre isso”, que foi publicado pela EVOC
– Editora Virtual O Consolador, a qual, na pessoa do
amigo Astolfo Olegário de O. Filho, agradecemos por
mais essa oportunidade.

The Whittington Family: Ryland's Story (2)


é o título do vídeo
que recomendamos
deva ser assistido
antes mesmo de se
iniciar a leitura
desse ebook.
Julgamos que isso será de bom proveito, pois
ajudará sobremaneira a percepção de uma realidade
que muitos de nós não conhece. O vídeo está em
inglês, mas é legendado.

Os pais da garotinha Ryland perceberam que


desde cedo, por volta de cinco anos, ela tinha

12
preferência para coisas do universo masculino, dizia:
“Eu sou um garoto.”

Procurando os especialistas eles, os pais,


acabaram descobrindo que Ryland era uma criança
transexual. E ficaram bastante preocupados quando
souberam que o índice de suicídio entre os
transexuais era de 41%, enquanto a média da
população pontuava 4,6%.

Diante dessa realidade, permitiram que sua


linda Ryland assumisse seu psiquismo masculino. A
bem da verdade, acreditamos que foi a mãe quem o
permitiu, porquanto o amor de mãe é o maior que,
entre os humanos, podemos conhecer na face da
Terra; muito mais as mães que os pais apoiam
incondicionalmente os filhos.

Esse alto índice de suicídio, caso represente a


realidade fática, é, para nós, uma boa justificativa
para consentir que aqueles que não se adaptam ao
corpo biológico, atendida as exigências legais,
façam, caso queiram, a cirurgia para a mudança de
sexo. Tema que trataremos num tópico específico.

Nosso desejo sincero é contribuir para que se

13
extingam os preconceitos e possamos também
respeitar as opções sexuais de todos os que
caminham conosco rumo ao infinito em busca de
conquistar o “prêmio” de se tornar um Espírito puro,
o mais breve possível.

Agradecemos ao confrade Luciano Grisolia


Minozzo, Diretor – CCDPE-ECM (3), que, após leitura,
apresentou-nos sugestões de várias obras com o
tema.

Ao final, logo após as Referências


Bibliográficas, inserimos o item Indicações (4), no
qual listamos links relacionados ao tema, cujo teor
contém algumas opiniões, filmes, reportagens, etc.,
como sugestão ao leitor que tiver um maior
interesse no tema.

14
A visão homofóbica dogmática de
teólogos

Apesar de estarmos em pleno Século XXI,


infelizmente, no seio da Humanidade, ainda
encontramos atitudes eivadas de preconceito;
engendradas, de um lado, pela ignorância de uns, e
de outro, pelos que se comprazem em sujeitar as
pessoas a seus próprios pensamentos, sempre
alinhados à sua forma de interpretar as coisas.

Na atualidade, as três principais situações com


as quais se estabelecem os preconceitos, e, por
conseguinte, a discriminação de pessoas, são ( 5):

15
Consultado o Dicionário Houaiss
encontramos:

Preconceito: s.m. (1817-1819) 1 qualquer


opinião ou sentimento concebido sem exame
crítico; 1.1 ideia, opinião ou sentimento
desfavorável formado sem conhecimento
abalizado, ponderação ou razão; 2 sentimento
hostil, assumido em consequência da
generalização apressada de uma experiência
pessoal ou imposta pelo meio; intolerância <p.
contra um grupo religioso, nacional ou racial>; 3
conjunto de tais atitudes <combater o p.>; 4 psicn
qualquer atitude étnica que preencha uma função
irracional específica, para seu portador <p.
alimentados pelo inconsciente individual> ¤ etim
pre- + conceito ¤ sin/var prejuízo, prejulgamento,
prenoção; ver tb. sinonímia de repulsão. (6)

É importante ressaltar que o preconceito


sempre tem origem na falta ou pouquíssimo
conhecimento, gerado por uma apressada análise da
situação.

Dr. Américo Domingos Nunes Filho, orador,


escritor e pesquisador espírita, em Sexualidade à
Luz da Doutrina Espírita, esclarece-nos que:

Denomina-se de homofobia a manifestação

16
compulsiva de rejeição ou aversão contra as
pessoas que apresentam comportamento
homossexual. (7)

Infelizmente, não é difícil de perceber que, em


nossa sociedade atual, a homofobia é uma realidade
que não há como negar.

No livro O Testemunho dos sábios, o


Espírito Frei Felipe, em mensagem psicografada
pelo médium Rafael de Figueiredo, muito
judiciosamente, afirma que:

Ao preconceito sempre se encontra aliada a


ignorância. Pois, não passa o mesmo de uma
representação do acanhamento intelectual da
criatura. Uma vez dilatada sua compreensão, a
pessoa torna-se por consequência mais tolerante.
[…].
[…] o preconceito sempre parte da criatura
inexperiente e limitada em suas concepções. (8)

Então, significa dizer que, se conseguirmos


levar o conhecimento às pessoas, teremos uma boa
chance de fazê-las mudar de opinião. Em razão
disso, ou seja, com suas concepções ampliadas, não
mais se abrigariam na “ignorância”.

17
Pessoalmente, julgamos ser atitude ainda mais
condenável quando procedente de teólogos que, a
bem da verdade, só fingem seguir Jesus. São os que
o Mestre designaria de “sepulcros caiados”.

Infelizmente, temos que encarar a triste


realidade, na qual estamos inseridos, para perceber
algo que não se coaduna com o que os teólogos
pregam nas suas instituições religiosas, destacando-
se as tradicionais ligadas ao cristianismo.

Trata-se de abrir bem os olhos para ver que,


infelizmente, de uma forma geral, a…

18
Essa imagem (9) representa muito bem a
forma de agir de parte dos teólogos que se utilizam
da Bíblia para execrar as pessoas com tendências
homossexuais, usurpando-se de um poder de juiz
que Deus, certamente, não colocou em suas mãos.

Dada a sua importância, não poderíamos


deixar de consultar a Constituição da República
Federativa do Brasil, para ver se nela contém algo
a respeito do tema. Eis o que se encontra em seu
texto (10):

TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
[…].
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil:
[…].
IV – promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.

Louvamos os nossos legisladores que


consagraram entre o objetivo fundamental do
Estado o de “promover o bem de todos, sem

19
preconceitos de sexo”, cabe então a todos “Poderes”
que o representam, cumprir e fazer cumprir esse
preceito constitucional; e, a nós cidadãos, o dever
de respeitar a nossa Carta Magna.

O primeiro ponto que ressaltamos é que a


forma preconceituosa como agem os teólogos,
obviamente, fere a nossa Constituição Federal,
tornando-se, portanto, uma atitude criminosa.

Por outro lado, eles ignoram, ou quiçá fingem


não ver, que o contexto da época em que os textos
bíblicos foram escritos é totalmente diverso do que
vivemos hoje, razão pela qual, o que valia naquele
tempo, não vale na atualidade.

Para bem situarmos, vamos relembrar que


muito maior que a lei humana, temos a Lei divina,
que está bem resumida nesta fala de Jesus: “Amarás
o teu próximo como a ti mesmo.” (11) Ao abrigarmos,
em nosso coração, qualquer tipo de preconceito,
certamente, não a estaremos cumprindo.

O segundo ponto, não menos importante, é


que qualquer análise de textos antigos, se deve
observar o contexto da época. O estudioso do Novo

20
Testamento Bart D. Ehrman, em Pedro, Paulo e
Maria Madalena, explica-nos que:

A meta dos seres humanos é tornarem-se como


deuses, o que exige um deslocamento ao longo
dessa escala. Os homens precisam transcender
suas limitações morais. Para que as mulheres
transcendam as delas, primeiro precisam deslocar-
se ao longo da escala, passando pelo nível dos
homens. Para que uma mulher tenha vida, precisa
tornar-se homem primeiro.
Portanto, as mulheres eram consideradas
seres humanos imperfeitos ou, conforme alguns
autores entendiam, homens imperfeitos. Muitos
antigos sustentavam esse ponto de vista em
termos bastante literais: as mulheres eram
homens que nunca haviam evoluído. Seus
pênis não cresceram (a vagina era um pênis
invertido que jamais emergiu); seus músculos não
se desenvolveram inteiramente, seus pulmões não
tinham amadurecido; suas vozes não
engrossaram; seus pelos faciais não cresceram.
As mulheres eram homens que não tinham
atingido a perfeição.
Fazendo uma pequena digressão, esse é o
motivo pelo qual alguns textos antigos se opõem a
certos relacionamentos homossexuais. O
problema desses relacionamentos na
antiguidade greco-romana não era o fato de ser
antinatural duas pessoas do mesmo sexo
terem intimidades físicas, como algumas
pessoas hoje em dia pensam. O problema era a

21
ideologia milenar da dominação ligada à
compreensão dos gêneros.
No mundo greco-romano, o domínio era um
ideal firmemente sustentado e raramente
questionado. Era considerado senso comum
organizar os relacionamentos humanos em torno
do poder. Os mais poderosos deviam dominar os
menos poderosos. Assim, um império podia
destruir o outro com impunidade. Não tinham
nenhum escrúpulo em fazer isso. Os mais fortes
podiam e deviam dominar os fracos. Os senhores
exerciam controle absoluto sobre seus escravos.
Os pais exerciam domínio completo sobre os
filhos. Os homens podiam, e deviam, afirmar seu
poder sobre as mulheres, que eram o sexo frágil.
Essa ideologia do poder influenciava não só
a ideologia política e militar; como também as
relações pessoais e sexuais. Os homens livres
eram feitos para dominar. Hoje em dia as pessoas
não conseguem entender como os gregos antigos
podiam aceitar a prática da pederastia, segundo a
qual um homem adulto adotava um garoto pré-
adolescente como amante. Dentro desse
sistema, o homem inculcava valores morais e
culturais no menino, ensinando-lhe como se
comportar na sociedade e diante da política, em
troca de favores sexuais. Mas não seria isso
“antinatural”? De jeito nenhum. Aliás, os gregos
falam nisso como a coisa mais natural do mundo.
O motivo não é difícil de encontrar, quando se
entende a ideologia da dominação. Os meninos
eram homens imperfeitos. Os mais perfeitos
deviam dominar os menos perfeitos. Era natural
para um homem livre ter relações sexuais com

22
um rapazinho. E por isso a pederastia se aplicava
apenas rapazes pré-adolescentes. Uma vez
atingindo a puberdade, o rapaz começava a ser
considerado homem, e dali por diante era
vergonhoso ser dominado por outra pessoa, uma
vez que os homens deviam ser dominador não
dominados.
Por isso, também no mundo antigo todos
concordavam que um homem livre podia copular
com os escravos, fossem do sexo masculino ou
feminino. Ele era o dominador. E quando dois
homens livres tinham relações entre não seria isso
antinatural? Acontece que a maior parte dos
antigos acha que as relações homossexuais
entre homens eram antinaturais para apenas
um dos envolvidos, aquele que recebia o pênis.
Como a “antinaturalidade” ao sexo envolvia ser
dominado por alguém, apenas o parceiro
dominado estava agindo contra a natureza.
Quando se soube que Júlio César andou envolvido
em uma relação homossexual com o rei da
Galácia, e se suspeitou que ele era o submisso na
relação, seus exércitos compuseram cantigas
humorísticas troçando dele por isso. O rei da
Galácia, porém, não tinha feito nada imoral nem
antinatural. Agira como homem.
Portanto, quando os textos antigos
condenam as relações entre pessoas do
mesmo sexo, é importante entender o que
estão condenando. Estão condenando um
homem por agir como um ser do sexo frágil, ou
uma mulher por agir como alguém do sexo forte.
(12)

23
Com essa explicação, que nos impede de usar
o anacronismo, nos remetendo ao exato contexto de
época, amplia-se o nosso entendimento do motivo
da “proibição” da homossexualidade.

Embora encontremos, em algumas traduções,


até termo inexistente naquele tempo, como por
exemplo, o da Bíblia Anotada, onde se afirma que “O
homossexualismo é claramente proibido.” ( 13) (o
que, sem dúvida, a liderança replica) quando, na
verdade, o sentido da proibição mosaica – Levítico
18,22; 20;13 –, é bem outro. Nada nela tem de
divino, trata-se apenas de questão de cunho
totalmente humano, inegavelmente, refletindo o
caráter machista daquela sociedade específica.

Em todo o Antigo Testamento, estas duas


seguintes passagens bíblicas são os únicos textos
em que há referência ao tema:

Levítico 18,22: “Com homem não te deitarás,


como se fosse mulher: é abominação.” (14)

Levítico 20,13: “Se também um homem se


deitar com outro homem, como se fosse
mulher, ambos praticaram cousa abominável;
serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles.”

24
(15)

A questão reside no fato de saber se a


“abominação”, ou seja, coisa detestável, repulsiva,
era algo para Deus ou se relacionava aos homens
daquela época.

É muito fácil entender que, numa sociedade


altamente machista, onde, como bem se sabe, a
mulher não tinha valor algum, jamais se permitiria
que um homem tivesse qualquer tipo de
comportamento que o igualasse a uma mulher.

É por essa razão que os textos bíblicos deixam


isso bem explícito ao afirmar que “deitar com outro
homem como se fosse mulher”, o trecho “como se
fosse mulher” é o “X” da questão, portanto, não
possui nenhum viés moral.

Causa-nos estranheza o fato de os teólogos da


atualidade não falarem nada disso, ao contrário,
simplesmente pregam, como se fosse a mais pura
verdade, que “a palavra de Deus”, ou seja, a Bíblia,
sem piedade alguma, tal e qual um insensível
carrasco, condena os homossexuais.

Aliás, se Deus tivesse mesmo condenado só

25
faria sentido nos casos em que a relação
homossexual ocorresse entre dois homens, já que a
legislação apresentada por Moisés como divina diz
respeito tão somente a eles e não às mulheres.

Tomando dessas duas passagens, poderíamos


dizer, por questão de lógica, que o relacionamento
homossexual entre duas mulheres era (e ainda é)
permitido, já que esse não foi proibido. A indignação
que alguém possa ter quanto a esse fato, pouco vai
adiantar para mudar essa situação.

Consultando o Novo Testamento, veremos que


Jesus, em momento algum, fala algo a respeito.
Unicamente Paulo, o apóstolo dos gentios, é quem
diz quando envia uma epístola aos coríntios (1
Coríntios 6,9-10) e outra aos romanos (Romanos
1,24-31).

Segundo o prof. Julio Trebolle Barrera, membro


do Comitê Internacional de publicação dos
Manuscritos do Mar Morto, as datas em que essas
cartas foram escritas são, respectivamente, o ano
57 e o de 58 (16).

Será bem interessante colocarmos o teor da

26
epístola aos coríntios, em duas versões bíblicas:

1 Coríntios 6,9-10:

Bíblia Online: “Vocês não sabem que os


perversos não herdarão o Reino de Deus? Não
se deixem enganar: nem imorais, nem
idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais
passivos ou ativos, nem ladrões, nem
avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores,
nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.”
(17)

Bíblia do Peregrino: “[…] Não vos iludais:


nem fornicadores nem idólatras nem adúlteros
nem efeminados nem homossexuais nem
ladrões nem avarentos nem beberrões nem
caluniadores nem exploradores herdarão o
reino de Deus.” (18)

Por uma curiosidade incontrolável, fomos ver


esse texto na versão da Bíblia de Jerusalém,
porquanto os entendidos a consideram como a
melhor tradução dos textos bíblicos. Nela
encontramos: “nem os efeminados, nem os
sodomitas”, seguem também esse teor as Bíblias:
Bíblia Shedd, Bíblia Anotada, de cunho protestante e
Bíblia Sagrada – Santuário, de viés católico, como a
aqui citada.

27
Interessante é que, na maior cara de pau
(desculpem-nos a expressão), adulteraram o texto,
que dizem ser “a palavra de Deus”, pois a palavra
homossexual foi criada pelo jornalista austro-
húngaro Karl-Maria Kertbeny (19), em 1869 (20).
Entretanto, segundo o “Houaiss”, ela só veio constar
num dicionário no ano de 1899; logo, não poderia
constar de nenhum texto bíblico, a não ser mesmo
por uma vergonhosa falsificação.

Corroborando o que dissemos, vejamos no


livro Sexualidade à Luz da Doutrina Espírita, de
autoria do Dr. Américo Nunes, a informação a sua
origem:

Somente em 1869, surgiu a palavra


“homossexual”, através de um panfleto de
autoria do médico húngaro Karoly Benkert.
Alguns pesquisadores relatam que a expressão
deve ter sido usada pela primeira vez, em 1868,
em uma troca de correspondência entre dois
alemães. Em verdade, o vocábulo é formado do
prefixo “homo”, de origem grega, referindo-se a
“igual” ou “semelhante”, acrescido de “sexual”:
relações carnais entre pessoas do mesmo sexo.
(21)

28
Não há como não considerar lamentável essa
atitude dos teólogos em inserir no texto bíblico
termo inexistente à época que ele foi escrito.

Romanos 1,24-32: “Por isso Deus entregou tais


homens à imundícia, pelas concupiscências de
seus próprios corações, desonrarem os seus
corpos entre si, pois eles mudaram a verdade
de Deus em mentira, adorando e servindo a
criatura, em lugar do Criador, o qual é bendito
eternamente. Amém. Por causa disso os
entregou Deus a paixões infames, porque
até as suas mulheres mudaram o modo
natural de suas relações íntimas, por
outro contrário à natureza;
semelhantemente, os homens também,
deixando o contacto natural da mulher,
se inflamaram mutuamente em sua
sensualidade, cometendo torpeza,
homens com homens, e recebendo em si
mesmos a merecida punição do seu erro. E,
por haverem desprezado o conhecimento de
Deus, o próprio Deus os entregou a uma
disposição mental reprovável, para praticarem
cousas inconvenientes, cheios de toda
injustiça, malícia, avareza e maldade;
possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo
e malignidade; sendo difamadores,
caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes,
soberbos, presunçosos, inventores de males,

29
desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos,
sem afeição natural e sem misericórdia. Ora,
conhecendo eles a sentença de Deus, de que
são passíveis de morte os que tais cousas
praticam, não somente as fazem, mas
também aprovam os que assim procedem.”
(22)

Como na carta anterior, nessa também Paulo


está falando do sistema de vida dos gentios
(pagãos), contra os quais descarrega uma elevada
verborragia.

Curioso é a falta de lógica de Paulo, pois aos


gentios não se aplicaria o “conhecendo eles a
sentença de Deus”, porquanto, como pagãos, não
seguiam a Torá. Mas mesmo assim, Paulo prega que
“são passíveis de morte os que tais cousas
praticam”. Cabe-nos perguntar: E como fica o
mandamento “Não matarás” (Êxodo 20,13;
Deuteronômio 5,17)?

Vale a pena lermos o seguinte trecho do


Evangelho Segundo Lucas:

Lucas 12,47-48: “Aquele servo, porém que


conheceu a vontade do seu senhor e não se
aprontou, nem fez segundo a sua vontade,

30
será punido com muitos açoites. Aquele,
porém, que não soube a vontade do seu
senhor e fez cousas dignas de
reprovação, levará poucos açoites. […].”
(23)

Vê-se, perfeitamente, que Jesus deixa bem


claro que culpado é quem conhece a Lei e não a põe
em prática, portanto, os pagãos não deveriam ser
punidos com a morte como propõe Paulo. Nova
pergunta nos surge: Paulo, porventura, seria maior
que Jesus?

Em nossa pesquisa deparamo-nos com a tese


de Mestrado em Ciências da Religião de Valéria
Melkin Busin, intitulada Homossexualidade,
religião e gênero: a influência do catolicismo
na construção da auto-imagem de gays e
lésbicas. Tomando como base o Catecismo Católico
(24) a autora transcreve alguns itens dos quais
destacamos:

2358. Um número não negligenciável de


homens e mulheres apresenta tendências
homossexuais inatas. Não são eles que
escolhem sua condição homossexual; para a
maioria, pois, esta constitui uma provação. Devem

31
ser acolhidos com respeito, compaixão e
delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de
discriminação injusta. Estas pessoas são
chamadas a realizar a vontade de Deus na sua
vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz
do Senhor as dificuldades que podem encontrar
por causa da sua condição. (CNBB, 2000, p. 610-
611) (25) (26)

Se afirmam que “Um número não


negligenciável de homens e mulheres apresenta
tendências homossexuais inatas.” ( 27) deveriam
também aceitar a reencarnação, pois somente
através dela é que aquilo que se denomina de
“tendências inatas” surge.

Não se admitindo a reencarnação,


forçosamente terão que aceitar que foi Deus quem
as criou dessa forma, consequentemente, se deve
conclui que é algo natural e acontece pela vontade
de Deus.

32
A homossexualidade em face da
reencarnação

O nosso foco será a homossexualidade por


motivo reencarnatório, quando o indivíduo, para fins
de evolução, precisa ou escolhe nascer em corpo
biológico inverso ao que habitava na vida anterior.

Traremos, oportunamente, várias outras


vertentes, que também explicam alguns casos, o
fato é que não se pode generalizar para todos, como
se houvesse um padrão a ser cumprido. Por
exemplo, só por haver inversão de corpo físico não
quer necessariamente dizer que a pessoa será
homossexual, porquanto, há outros fatores
condicionantes para essa hipótese.

Um fator condicionante que poderemos citar, a


título de exemplo, é que o indivíduo tenha
reencarnado muitas vezes em um dos tipos
biológicos de corpo e, em razão disso, seu psiquismo
ficou como que “impregnado” de tudo aquilo que a
polaridade sexual lhe pôde trazer de experiência.

33
Dito isso, faremos uma pergunta bem simples:
É algo que “tá na cara”? Caro leitor, observe e, com
toda a sinceridade, aponte quantos e quais os rostos
dos adolescentes que seriam, biologicamente, de
garotos que constam desta imagem (28):

Difícil, não é mesmo? Ainda que os


apontemos, persistirá a dúvida.

As fotos 4 e 6, na fileira de baixo, são de dois


“garotos”, cujos nomes, respectivamente, são Kim
Petras e Zoey. Será útil trazermos informações sobre

34
cada um deles.

Do artigo de 16.01.2010 intitulado Alguém já


ouviu falar em Kim Petras?, publicado no site
“Nem toda menina é Barbie”, transcrevemos:

Kim Petras tem 16 anos e é transexual, nascido


em 27 de agosto de 1992, registrado com o nome
de Tim Petras! SIM! Kim Petras nasceu menino,
entretanto, com 12 anos assumiu-se como
menina, sendo considerado o transexual mais
jovem do mundo! Aos 16 anos submeteu-se à
cirurgia para que pudesse ser quem ele sempre
se sentiu ser!
Além de ser considerada a transexual mais
jovem do mundo, Kim Petras também é cantora!
Já assinou com a gravadora Joyce Record, lançou
a canção “Last Foverer” e tem sido um sucesso na
Alemanha!
Na Alemanha, a cirurgia de troca de sexo é
permitida desde que o paciente tenha 18 anos,
porém, para a surpresa de todos, Kim conseguiu
convencer a equipe médica que precisava realizar
a cirurgia quando tinha 12 anos.
Aos 14 anos, Kim já tinha conseguido se
registrar como uma menina e acabou se
tornando uma personagem na Alemanha. (29)

O artigo Transgênero de 13 anos recebe


tratamento hormonal para frear puberdade e

35
gera debate nos EUA, publicado no site “BBC
Brasil”, conta o caso de Zoey:

A série de comédia Transparent, que conta a


história de um pai de 70 anos que se transforma
em uma mulher, ganhou dois prêmios Globo de
Ouro e colocou em evidência a vida de
transgêneros.
Com personagens transgêneros mais realistas,
Hollywood pode estar ajudando a sociedade a
aceitá-los na vida real – inclusive transgêneros
menores de idade.
Um número cada vez maior de adolescentes
está usando medicamentos bloqueadores da
puberdade para evitar mudanças em seus corpos,
como o crescimento de seios ou de barba.
O tratamento é controverso. Críticos dizem que
bloquear a puberdade de um adolescente é uma
forma de abuso e que eles devem ser
aconselhados a aceitar seus corpos.
Mas pais de crianças com desordem severa de
identidade de gênero e médicos especialistas no
tema dizem que não fazer nada pode ser perigoso
e que deixá-los passar pela puberdade “no gênero
errado” pode resultar em depressão profunda e
até suicídio.
“Quando eu era pequena, sempre dizia: ‘Eu sou
uma garota. Pareço uma garota. Meu coração é de
uma garota”, diz Zoey, de 13 anos, que nasceu
menino, mas se identifica como menina.
“Não incitei minha filha a passar por isso”, diz

36
mãe de Zoey.
O médico que acompanhava seu caso
bloqueou sua puberdade e prescreveu hormônios
para ajudar que se desenvolvesse como uma
mulher.
“Quando fiquei mais velha, consegui chegar ao
meu objetivo e podia ser aceita em escolas, o que
tinha sido a parte mais difícil da minha vida porque
tinha de agir como alguém que eu não era.”
Zoey começou a se identificar com o sexo
feminino desde cedo. Quando criança,
costumava perguntar à mãe por que “Deus
cometeu um engano” e deu a ela o corpo
errado. (30)

O que, talvez, a grande maioria das pessoas


não tem a menor ideia, por não se instruir a
respeito, é que algumas crianças, que nenhuma
compreensão possui da realidade que as cerca,
desejam ser ou pertencer ao sexo biológico “oposto”
ao que ela nasceu.

Isso é a prova de que esse comportamento


nada tem a ver com opção de vida ou perversão
sexual, conceitos que, infelizmente, campeiam na
sociedade. Não se busca descobrir a suas causas,
simplesmente, enquadram as pessoas naquilo que
acham saber.

37
Fator biológico, como responsável, também
não é, pois se fosse aconteceria com todas as
crianças, ou seja, seria algo generalizado.

Vejamos, por exemplo, estes três casos. O


primeiro é relatado no artigo Educação Sexual:
precisamos falar de Romeo…, publicano no site
“Nova Escola”:

O pequeno Romeo
Clarke, da foto acima [ao
lado], tem 5 anos e adora
usar seus mais de 100
vestidos para as
atividades do dia a dia.
“Eles são fofos, bonitos e
têm muito brilho”, explicou
ao tabloide britânico Daily
Mirror. Clarke virou notícia
em maio do ano passado. O projeto de contraturno
que ele frequentava na cidade de Rugby, no Reino
Unido, considerou as roupas impróprias. O menino
ficou afastado até que decidisse – palavras da
instituição – “se vestir de acordo com seu gênero”.
O caso de Clarke não é único. Situações em
que crianças e jovens que descumprem as regras
socialmente aceitas sobre ser homem ou mulher –
seja de forma intencional ou por não dominá-las –
fazem parte da rotina escolar. Quando eclode o
machismo, a homofobia ou o preconceito aos
transgêneros, pais e professores agem rápido para

38
pôr panos quentes e, sempre que possível, fazer
de conta que nada ocorreu. […]. (31)

Vamos ao próximo caso, que é mencionado no


artigo Menino gêmeo, de 4 anos, ama se vestir
como menina e mãe apoia sua decisão,
publicado no site “Gadoo”:

Menino gêmeo, de 4 anos, ama se vestir como


menina e mãe apoia sua decisão
Um menino que
possui um irmão
gêmeo surpreendeu
sua mãe ao afirmar
que gosta de se
vestir como uma
menina.
Logan e Alfie
Symonds, de 4 anos
de idade, são dois
gêmeos não-idênticos que vivem em Gloucester,
Inglaterra.
Enquanto Alfie ama dinossauros, carros de
bombeiros, entre outros produtos destinados a
meninos, Logan prefere vestidos brilhantes e
ama se vestir como “Elsa”, do filme “Frozen”.
Antes dos dois anos de idade, ele já se
interessava por itens do universo feminino e,
depois de algum tempo, passou a afirmar que era

39
uma menina. (32)

No artigo ’Não aceitava vestir roupa de


menino’, diz mãe de criança que trocará de
nome, assinado por Pollyana Araújo, publicado no
portal “G1 – Mato Grosso”, temos um caso que, por
pouco, não teria se tornado uma lamentável
tragédia:

A mãe da criança disse que estava em São


Paulo quando soube pelo defensor público, que
ingressou com a ação, da decisão, na semana
passada, e comemorou. A mulher, que pediu para
não ter a identidade divulgada para preservar a
imagem do filho e da família, tinha levado o filho
para uma consulta com uma equipe médica do
Ambulatório de Transtorno de Identidade de
Gênero e Orientação Sexual do Núcleo de
Psiquiatria e Psicologia Forense do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo (USP),
que o acompanha desde os 4 anos.
Religiosa, a mãe relatou que, ao notar que o
filho sempre preferia as coisas de menina,
procurou padres, pastores, psicólogos.
“Desde bem pequena, ela tinha gestos
femininos, apontava para objetos cor-de-rosa
na TV, tirava o tênis do pé na escola para
calçar as sandálias das colegas. Não aceitava

40
vestir roupa de menino. Tirava o short e ficava
de camiseta para ficar parecida com um
vestido”, contou.
Até então, a família o tratava como menino e o
incentivava a se comportar como tal. “Pensava
que era uma fase de criança que quer ser como a
mãe, mas a fase não passava”, disse.
No entanto, quando começou a crescer, a
vontade de ser tratada como menina se
intensificou, tanto que um dia, aos três anos,
surpreendeu a mãe ao tentar cortar o próprio
pênis. “Ela tentou cortar o próprio pênis com
uma tesoura. Ela saiu do banho, passou perto
de uma máquina de costura e pegou uma
tesoura. [Ele] Se sentou e falou que queria
cortar o 'piu piu' porque queria ser menina”,
contou a mãe.
Em busca de uma explicação sobre o
comportamento do filho, a mãe fez pesquisas e na
internet encontrou um documentário norte-
americano, chamado “Meu eu secreto”. “Depois de
ver esse documentário, tive certeza de que meu
filho era transexual. Ela afirmava o tempo todo que
era menina”, afirmou. (33)

As manifestações em idade precoce, como


vimos, nos leva a buscar a sua causa na essência
espiritual (na verdade é o que somos), pois é
somente nela que encontraremos as explicações
que justificam uma criança querer tão intensamente

41
ser um indivíduo de sexo oposto ao dela.

Qual o motivo que impulsiona uma criança a


ter um comportamento contrário ao esperado para o
seu sexo biológico? De onde ela teria tirado esta
ideia “maluca” para agir dessa forma?

Vejamos a explicação de Emmanuel, em Vida


e Sexo:

A homossexualidade, também hoje chamada


de transexualidade, em alguns círculos de ciência,
[…] não encontra explicação fundamental nos
estudos psicológicos que tratam do assunto
em bases materialistas, mas é perfeitamente
compreensível à luz da reencarnação. (34)

Isso só acontece porque o Espírito tem


gravado na sua memória integral todas as
experiências vividas em outras épocas e que, agora
na vida atual, surgem de uma maneira impulsiva,
sem nenhuma conotação de ser uma opção.

Na obra Homossexualidade, Reencarnação


e Vida Mental, o autor Walter Barcelos, tem um
capítulo intitulado “As predisposições psicossexuais
da homossexualidade na infância”, do

42
transcrevemos os seguintes parágrafos:

A homossexualidade não é uma opção que a


pessoa assume e possa escolher por livre e
inteira vontade, na sua vida presente. A forte
tendência psíquica para a homossexualidade já
está embutida na mente do espírito, muito
antes do fenômeno da formação do corpo
físico.
Como se comportaria alguém que desejasse
ser homossexual, se a sua estrutura psíquica do
inconsciente não carregasse forte conteúdo
afetivo-psicológico-psíquico do outro sexo para
alimentar e sugestionar e manter a sua vontade,
seus desejos e seus sonhos? Se o espírito não
trouxer de outras vidas passadas um
avantajado reservatório de energias
psicossexuais diferente do corpo que estagia
na vida atual, será impossível ser homossexual
apenas pelo desejo de ser diferente das
determinações biológicas de seu corpo físico.
O corpo, o cérebro e os hormônios não ditam
nossos desejos e nossas ações. Quem dita é a
nossa vontade para determinada direção são os
recursos psíquicos guardados na mente e no
coração espirituais. Os desejos, sonhos e
fantasias do ser humano devem já estar
configurados em alguma fonte psíquica
arquivada na mente. Faltaria o combustível mais
importante da personalidade – as energias
psicossexuais do espírito –, que dá e mantêm a
força, o vigor e o impulso às suas tendências,
hábitos, costumes da sensibilidade feminina ou da

43
virilidade masculina. Os desejos sexuais e
anseios afetivos emergem de imenso
reservatório de energias psicossexuais criadas
através das vivências passadas, nos séculos e
séculos de encarnações sucessivas.
A estrutura psicossexual em cada espírito é
mais poderosa, mais dominante, mais
determinante do que a própria vontade ainda
frágil das criaturas humanas, muito
especialmente no período da infância, da
adolescência e juventude, quando as
tendências homossexuais começam a surgir,
pouco a pouco, de dentro para fora. Vão
surgindo poderosamente energias psicossexuais
poderosas oriundas de muitas vivências pretéritas:
forte personalidade psicológica sexual, desejo do
instinto sexual, sonhos de ser pessoa feminina,
embora em corpo de homem, pensamento de ser
indivíduo masculino, embora em corpo de mulher,
a busca de compensação afetiva com o mesmo
biofísiossexual. (35)

São importantes essas considerações, que


reforçam a questão reencarnatória como um dos
fatores preponderantes para explicar o
comportamento dos indivíduos bem na fase infantil.

Insistimos na sugestão a você, caro leitor, para


que não deixe de assistir ao vídeo intitulado The
Whittington Family: Ryland's Story, disponível

44
no site “YouTube’ (36).

Antes de passar para o próximo tópico, vamos


trazer uma novidade tecnológica, que jogará por
terra esse “tá na cara?”, que, certamente, ficará
restrito somente a nós seres humanos.

No site “Tecmundo”, em 08/09/2017, foi


publicado o artigo Algoritmos já podem
identificar orientação sexual por análise facial,
autoria de Renan Hamann, do qual transcrevemos:

Recentemente, um software-espião causou


polêmica na França após prometer informar a pais
e mães se seus filhos eram ou não homossexuais.
Agora, com a mesma promessa surge um
aplicativo baseado em inteligência artificial criado
por pesquisadores da Universidade de Stanford –
porém, sem espionar ninguém.
Depois de analisar cerca de 35 mil imagens, os
pesquisadores construíram um algoritmo capaz de
identificar padrões nas feições que podem indicar
a orientação sexual da pessoa a ser analisada. E
até o momento, a taxa de acertos tem sido
bastante surpreendente.

45
Métodos e resultados
Para fazer a pesquisa, os pesquisadores
Michael Kosinski e Yilun Wang utilizaram milhares
de fotografias obtidas em um site de encontros,
fazendo o uso das informações dadas pelos
próprios usuários para determinar a orientação
sexual – que seria “acertada ou errada” pelo
algoritmo.

46
Depois dessa avaliação, chegaram a algumas
conclusões. Homens gays tendem a apresentar
alguns traços diferentes: mandíbula mais fechada,
nariz alongado e testa maior, além de algumas
tendências em expressões e cortes de cabelo e
barba. Ao mesmo tempo, mulheres homossexuais
costumam mostrar testas menores e mandíbulas
mais abertas do que as heterossexuais.
Taxa de acerto
De acordo com o estudo (disponível neste link),
o algoritmo com “deep neural networks” (redes
neurais de análise profunda) mostrou acertos de
81% nas análises de imagens masculinas e 74%
de fotos femininas – quando observada apenas
uma fotografia de cada pessoa. Quando os
estudos vão para cinco fotos por pessoa, as taxas
sobem para 91% e 83% (homens e mulheres,
respectivamente).

Como relembra o The Next Web, esses acertos


do algoritmo podem ser (ainda que de uma forma
primitiva) um apoio às teorias de que as pessoas
já nascem hetero ou homossexuais. Afinal de
contas, os traços de fenótipo são quase sempre

47
naturais – salvo exceções com intervenção
cirúrgica, é claro. (37)

No amanhã, que mais surpresas a tecnologia


nos proporcionarão?

48
Definições

No artigo Homossexualidade à luz da


Doutrina Espírita, postado no site “Juventude
Espírita Elias Bispo Correa”, assinado por Vitor
Duarte Ferreira, temos informação sobre a origem
do termo homossexualismo:

[…] O termo homossexualismo foi


inventado, em 1869, por Karl-Maria Kertbeny,
jornalista austro-húngaro. Em 1973, a Associação
Psiquiátrica Americana (APA) retira a
homossexualidade da lista de transtornos mentais.
Em 1985, o Conselho Federal de Medicina do
Brasil (CFM) retira a homossexualidade da
condição de desvio sexual. Nos anos 90, o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-IV) retira a homossexualidade da
condição de distúrbio mental. Em 1993, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) retira o
termo “homossexualismo” e adota o termo
“homossexualidade” (um progresso para a
época). […]. (38)

Observa-se uma crescente evolução no


conceito de homossexualidade, que anteriormente

49
era visto como transtorno mental ou distúrbio
mental.

O Conselho Federal de Psicologia e a


Associação Brasileira de Psicologia acompanharam
esse avanço, conforme se vê, respectivamente, no
estudo A relevância moral da
homossexualidade na perspectiva espírita,
autoria Roberto Fortes Valadão e na obra
Desafios da Sexualidade, de Alexandre Perez:

[…] o Conselho Federal de Psicologia, ao


editar a Resolução CFP N° 001/99, destacou nos
seus consideranda que a “homossexualidade não
constitui doença, nem distúrbio e nem
perversão” e que “a forma como cada um vive sua
sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a
qual deve ser compreendida na sua totalidade”
para, mais adiante, proibir a participação de
psicólogos em eventos e serviços destinados
ao tratamento e à cura da homossexualidade
no parágrafo único do seu art. 3°. (39)

A Associação Brasileira de Psicologia baniu


os termos “doença”, “distúrbio” e “desvio” no
que diz respeito à homossexualidade, proibindo
sequer qualquer terapêutica no sentido de
“tratá-la”. (40)

50
Dr. Alexandre Perez, médico ativo nas áreas de
clínica geral, homeopatia e fitoterapia, em Desafios
da Sexualidade, argumenta que não faz sentido
aplicar esses termos ao homossexual pelos
seguintes motivos:

Doença: o homossexual não apresenta


qualquer alteração fisiológica, anatômica ou
genética em seu corpo físico;
Distúrbio: não é correto, uma vez que o
organismo físico funciona perfeitamente e a
estrutura psíquica está preservada;
Desvio: leva a acreditar que existiria uma
“normalidade ideal”, que não está sendo seguida.
(41)

O nobre tribuno Divaldo Franco, na obra


Sexo e Consciência, apresenta suas opiniões sobre
os mais variados temas, dos quais transcrevemos o
que nos interessa ao presente estudo:

Um dos aspectos do comportamento sexual,


que as pesquisas tentam decifrar é a orientação
sexual, o interesse que o indivíduo possui em
estabelecer relacionamentos afetivo-sexuais
com o gênero oposto ou com o mesmo gênero.
[…] o Espírito realiza experiências em quatro

51
modalidades de conduta sexual:
1. Assexualidade – […]. [sem interesse sexual].
2. Heterossexualidade – […]. [interesse por
pessoa do sexo oposto].
3. Homossexualidade – Neste contexto, o
indivíduo elege um parceiro do mesmo sexo. […].
4. Bissexualidade – […]. [relaciona-se com
pessoas de ambos os sexos]. (42)

O médico Dr. Andrei Moreira, autor do


excelente livro Homossexualidade Sob a Ótica
do Espírito Imortal, diz:

A identidade
sexual representa
aquilo que o indivíduo
pensa e sente que é,
ou seja, aquilo que ele
“vê” quando se olha no
espelho. Pode ser
masculina ou feminina,
independentemente do
sexo biológico. […]. (43)

Dessa obra do Dr. Andrei Moreira, ainda


retiramos as seguintes definições:

Orientação sexual é o direcionamento do

52
desejo sexual e do afeto para um determinado
sexo, que pode ser o mesmo do indivíduo ou não.
Pode ser heterossexual, homossexual ou
bissexual. (44)

O homossexual é um indivíduo que tem a


conformação biológica do seu sexo original, […]
Sua identidade é a mesma do sexo biológico, ou
seja, o homem se olha no espelho e se vê e se
sente como homem, e a mulher se olha no
espelho e se vê e se sente como mulher.
Quando dizemos que um indivíduo é
homossexual, estamos caracterizando única e
exclusivamente sua orientação do desejo, voltada
para o mesmo sexo. Isso significa apenas que o
indivíduo sente atração e se realiza afetiva e
sexualmente com um igual. (45)

O transexual é o indivíduo que tem o sexo


biológico com que nasceu, mas tem a identidade
sexual do sexo oposto: um homem que se olha no
espelho e se vê e se sente como mulher, e uma
mulher que se olha no espelho e se sente homem.
O transexual tem a orientação do desejo para o
mesmo sexo biológico que o seu sexo; no entanto,
como a identidade é do sexo oposto, a relação é
considerada heterossexual, pois essa definição se
baseia no psiquismo, e não na conformação
biológica. Exemplo: um homem que se sente como
mulher e é atraído por homens. (46)

Portanto, há diferença entre homossexual e

53
transexual, enquanto o primeiro tem relação com o
desejo, o outro se refere à maneira como o próprio
indivíduo se vê, quando se olha no espelho.

Em Desafios da Sexualidade, o dr.


Alexandre Perez, explicita:

Diremos que, do ponto de vista espiritual, o


fenômeno da transexualidade verdadeira
acontece, quando um espírito que possui o
psiquismo polarizado sexualmente em um
gênero, encontra-se encarnado num corpo que
caracteriza fisicamente o do gênero oposto. Ou
seja, a transexualidade verdadeira existe um
espírito masculino, encarnado em um corpo
feminino, ou vice-versa.
Adiantamos que a transexualidade verdadeira,
que já se manifesta espontaneamente no
período infantil, antes mesmo das reais noções
da vivência sexualizada, não é uma questão de
opção, mas sim, fruto de uma condição
especial da atual reencarnação, a que
chamaremos distonia transitória de polaridades
sexuais, e que, mais à frente será melhor
estudada. (47)

Mais à frente Dr. Alexandre Perez, visando


deixar as coisas bem claras, esclarece:

54
[…] o termo '‘distonia’', que utilizamos na
definição, refere-se à falta de sincronicidade, de
ajuste, de sintonia entre a polaridade sexual do
espírito e de seu corpo físico, […]. Não o
estamos utilizando com o significado de disfunção
ou distúrbio, muitas vezes empregado em algumas
áreas da medicina, por exemplo. (48)

Importante este esclarecimento quanto ao


termo, para não o interpretar equivocadamente.

Esta imagem “Diversidade de Gêneros” (49), é


oportuna, ajuda-nos a entender as diferenças:

55
A seguir, apresentaremos mais duas imagens,
a primeira consta do artigo “Primeiro ambulatório
transexualizador do estado é implementado no
Hospital Universitário Júlia Paz”, datado de
6/12/2016, de Júlia Paz, Leopoldo Neto e Letícia
Bueno, de Campo Grande, temos esta outra imagem
que apresenta dois novos temos – cisgênero e
transgênero (50). A segunda é divulgada pela
Associação Viva a Diversidade (51):

56
Sigamos em frente.

É oportuno esclarecer que alguns confrades


tratam o problema como se fosse desvio sexual,
como, por exemplo, José Herculano Pires (1914-
1979), que em Mediunidade (Vida e
Comunicação), diz:

Enganam-se as entidades espirituais e os


estudiosos humanos de Espiritismo quando

57
atribuem a responsabilidade dos desvios
sexuais à reencarnação, aludindo ao problema
das mudanças de posição sexual de uma
encarnação para outra. Sabemos hoje com
segurança que a sexualidade é um sistema de
polaridade não adstrito à forma específica do
aparelho sexual. Na verdade, a sexualidade é a
fonte única dos dois sexos, o masculino e o
feminino. Para a mudança de sexo na
reencarnação, em face da necessidade de
experiências novas no plano evolutivo, basta a
inversão da polaridade na adaptação do espírito
ao novo corpo material. Essas inversões se
processam no perispírito, como ensina Kardec,
pois é este e não o corpo o controlador de todo o
funcionamento orgânico e fisiológico do corpo
material. Seria estranho que, num caso de
importância básica para a evolução humana na
Terra, essas mudanças não estivessem sujeitas a
rigoroso controle das inteligências responsáveis. O
que parece evidente nesses casos é a
predominância de elementos da sensibilidade
feminina na reencarnação masculina e vice-
versa, como nova aquisição do espírito que
deve consolidar-se em nova vida. […] O que às
vezes nos parece um erro da Natureza nada mais
é que um momento de ajustamento de conquistas
da evolução para o aprimoramento da espécie.
Nesse sentido, as tendências anormais
aparecem como consequências de faltas ou
crimes dos indivíduos que as sofrem, sempre com
a finalidade de as superar na encarnação
presente, jamais de entregar-se a elas. A objeção
psiquiátrica e psicológica de que a repressão

58
produz recalques, frustrações, traumas e outras
consequências desastrosas para o indivíduo
provém da visão parcial do problema no campo
materialista. Todas as vitórias do homem no
sentido de seu ajustamento às condições normais
da espécie são recompensadas com a
tranquilidade proporcionada pelo ajuste,
eliminando a inquietação do desajuste. Um ser
bem integrado em sua espécie corresponde à
ordem natural da realidade e às exigências de
transcendência de sua própria existência. (52)

Herculano Pires, na verdade, pode não ser um


bom exemplo, porquanto essa sua obra foi publicada
em julho de 1978, portanto, depois da Associação
Psiquiátrica Americana (APA) retirá-lo da lista de
transtorno mentais (1972, mas antes do Conselho
Federal de Medicina do Brasil (CFM) não o ter mais
como desvio sexual (1985) e antes da Organização
Mundial de Saúde (OMS) adotar o termo
“homossexualidade” (1993).

Entretanto, os termos “desvio sexual” e


“anomalia” são vistos em vários autores espíritas,
que parece não terem conhecimento de que Allan
Kardec afirmara que se trata de “anomalia
aparente”, portanto, dentro das leis naturais.

59
É um comportamento imoral ou natural?

Eis uma pergunta que cabe muito bem em


nosso contexto. Quando se diz que é imoral, toma-se
como padrão o comportamento vigente numa certa
sociedade; mas… (sempre aparece um “mas”)
questões podem surgir que põe por terra a análise
da tese por esse viés.

Em Sexo, Consciência e Amor, o Espírito


Carlos, pela psicografia de Priscila de Faria Gaspar,
nos apresenta algo bem útil para que, sem dúvida,
merece reflexão da parte de todos nós:

Ainda com relação à moral na conduta sexual e


seguindo o preceito evangélico “Não julgueis para
não serdes julgados”, devemos, como em tudo,
olhar para nosso próprio comportamento e buscar
a melhora constante ao invés de julgar o
comportamento alheio. Tornando-nos juízes de
nós mesmos, pecado é tudo aquilo que pesa em
nossa própria consciência. Se não estamos a
prejudicar quem quer que seja, se nossa
consciência aceita e admite determinada
conduta com naturalidade, então não serão os

60
poucos a dizerem que tal conduta é imoral ou
pecaminosa! Permanece inviolável, também na
conduta sexual, a máxima “Ama teu próximo como
a ti mesmo”, incluindo em tão poucas palavras
toda a ética, o amor e o respeito que devemos ter
para com o parceiro. (53) (itálico do original)

Bem oportunas essas considerações, que nos


ajudam sobremaneira a tem uma compressão maior,
ao acabar com nossa ignorância liberta-nos do
preconceito, presente em quase todos nós.

Outro ponto abordado pelo Espírito Carlos,


em Sexo, Consciência e Amor, que não se pode
deixar de levar em consideração é o da questão
cultural:

A conduta sexual humana obedece à


padrões morais e éticos que variam em dada
cultura de uma época para outra e, num mesmo
período, de uma cultura para outra. O que pode
ser considerado normal e desejável por
determinado povo pode ser pecado, crime ou
aberração por outro.
Exemplos não nos faltam: entre os antigos
egípcios era comum o casamento entre irmãos;
[…] em algumas tribos polinésias é comum que
o marido ofereça os favores sexuais de sua
esposa a um visitante, sendo que a recusa é

61
considerada séria ofensa. (54)

Mais um exemplo de fator cultural,


encontramos em Mediunidade (Vida e
Comunicação), quando Herculano Pires, a certa
altura informa que:

[…] os ritos da virilidade de antigas


civilizações, entre as quais a Grécia e a Roma
arcaicas, onde em várias épocas esses ritos
vigoraram de maneira obrigatória, como em
Esparta, onde os efebos, adolescentes, deviam
receber a virilidade transmitida por homens
adultos e viris através da prática homossexual,
fornecem elementos possíveis de explicação para
o fenômeno. […]. (55)

Nesse caso, como ressalta Herculano Pires,


poderia levar o indivíduo à prática da relação
homossexual de forma constante.

O Espírito Hammed, em Estamos Prontos:


reflexões sobre o desenvolvimento do espírito
através dos tempos, psicografado por Francisco
do Espírito Santo Neto, cita o biólogo Frans de Waal,
holandês autor de Eu, Primata: por que somos como
somos, informando o seguinte:

62
Continua escrevendo o renomado primatólogo,
em sua narração, que a homossexualidade, em
vez de ser uma “preferência”, como alguns
conservadores afirmam com segurança, ocorre de
modo natural para certos indivíduos; é inerente
a quem eles são. Em algumas culturas, são livres
para expressá-la; em outras, precisam ocultá-la.
Como não existe povo sem cultura, é impossível
saber como se manifestaria a nossa sexualidade
na ausência dessas influências sócio-culturais
incutidas ao longo dos tempos. (56)

Nada de condenação, porquanto é algo que é


natural para certos indivíduos, ou seja, faz parte da
natureza deles.

Emmanuel, em Vida e Sexo, faz a seguinte


ponderação em relação a certos (pre)conceitos
humanos:

A coletividade humana aprenderá,


gradativamente, a compreender que os
conceitos de normalidade e de anormalidade
deixam a desejar quando se trate
simplesmente de sinais morfológicos, para se
erguerem como agentes mais elevados de
definição da dignidade humana, de vez que a
individualidade, em si, exalta a vida comunitária
pelo próprio comportamento na sustentação do
bem de todos ou a deprime pelo mal que causa
com a parte que assume no jogo da delinquência.

63
(57)

Acreditamos que a concepção de ser algo de


cunho imoral tem suas raízes nas religiões
tradicionais que, ao longo dos tempos, vêm
combatendo “os infiéis” que assim procedem.

Podemos até estar equivocados, mas julgamos


que se existe a homossexualidade no reino animal,
teremos aí a comprovação fática de que esse
fenômeno é de ordem natural.

Vejamos um trecho do artigo de Débora


Carvalho Meldau, graduada em Medicina
Veterinária (UFMS, 2009), publicado no site
InfoEscola com o título de Homossexualidade no
reino animal, em que ela inicia dizendo:

A homossexualidade no reino animal faz


referência a evidências de comportamentos
homossexuais e bissexuais relatados no
mundo animal, exceto na espécie humana.
Estes comportamentos englobam namoro,
afeição, parentalidade e até ato sexual entre
animais do mesmo sexo. Uma pesquisa
realizada por Bruce Bagemihl, no ano de 1999,
apontou o comportamento homossexual em
aproximadamente 1.500 espécies de animais,

64
indo desde mamíferos até vermes intestinais,
sendo que em 500 delas este comportamento
foi bem documentado.
Até o momento não
se sabe ao certo o
porquê deste
comportamento, uma
vez que ainda falta
realizar muitos estudos
na maior parte das
espécies.
Em seu estudo,
Bagemihl aponta que
dentro do reino animal
há uma diversidade
sexual, incluindo
homossexualismo,
bissexualismo e sexo não-reprodutivo, muito
além do que a sociedade acreditava e pretende
aceitar.
Após estudos apontarem que o
comportamento homossexual é quase
universal no reino animal, foi observado que a
maior parte das espécies não possui uma
orientação sexual definida, se é que esse termo
pode ser utilizado para os animais. […] (58)

O mais curioso é que, entre os animais que


praticam a homossexualidade, encontramos os leões
tendo esse comportamento. Isso pode nos causar
um certo espanto, pois logo eles que são

65
considerados os “reis” da floresta.

No site “Hypescience”, no artigo 10 animais


que praticam a homossexualidade, listam-se os
que praticam a homossexualidade eles encontram-
se no meio os leões africanos:

Os leões africanos são normalmente símbolos


de liderança tradicionais, principalmente em
sociedades patriarcais que envolvem haréns de
fêmeas. Entretanto, uma certa porcentagem de
leões africanos machos abandonam as fêmeas
disponíveis para formar seus próprios grupos
homossexuais.
Leões machos já foram documentados
montando outros machos e se envolvendo em
uma variedade de comportamentos que
normalmente são reservados a casais de
animais do tipo macho-fêmea. Apesar de muitas

66
sociedades animais serem estruturadas de forma
a favorecer casais do mesmo sexo, a razão para
as associações entre leões machos é
desconhecida. Os leões são os felinos com o
maior desejo sexual, o que pode significar que
estes encontros sejam mais “significativos” que as
interações homossexuais entre carneiros ou aves.
(59)

Não temos dúvida alguma de que essas


ocorrências entre os animais provam que nada tem
de imoral, portanto, a nosso ver, a
homossexualidade se enquadra como fenômeno de
ordem natural.

Na revista Newton – Tecnologia, Ciência e


Vida, encontramos o artigo Quase humanos?,
assinado pela jornalista Fátima Chuecco, no qual ela
fala dos primatas. Inicialmente, não podemos deixar
de destacamos o quadro “Identidade Genética
compartilhada com a espécie humana”, em que são
apresentados os seguintes números (60):

Chimpanzé – 99,4%
Bonobos – 98%
Gorilas – 97,5% (61)
Orangotangos – 96,3%

67
Vê-se, sem grande dificuldade, que a diferença
genética entre os humanos e os primatas, seus
parentes mais próximos, não é significativa quanto
se pensava.

O que mais nos interessa no artigo é a parte


na qual ao se referir aos bonobos ( 62), ela diz o
seguinte:

Sexo por prazer e diversão

As semelhanças com os chimpanzés são


apenas físicas… Os bonobos, que habitam o
Zaire, na África central, são os mais pacíficos dos
grandes primatas. Eles não planejam caçadas,
embora possam atacar, por exemplo, um esquilo
que cruze o caminho deles. Por isso, a dieta à
base de carne representa apenas 1% de sua
alimentação (em chimpanzés corresponde a 2%).

68
Frequentemente, para usar as mãos, eles ficam de
pé, em posição ereta como os humanos, mas o dado
mais curioso é que suas práticas sexuais não revelam
nenhuma preocupação com a procriação da espécie.
Todo tipo de relação sexual, presente também nas
sociedades humanas, já foi documentado entre os
bonobos: além do tradicional macho e fêmea, há
práticas homossexuais em ambos os sexos e outras
que incluem indivíduos de idade muito distante, como
uma fêmea com macho muito mais jovem e vice-versa.
Além disso, os bonobos copulam em posição frontal
(macho sobre e de frente para a fêmea) – posição até
então considerada exclusiva da espécie humana, é eles
se beijam na boca: beijo de língua! (63)

A jornalista Ana Paula Corradini, numa


reportagem na Revista dos Curiosos intitulada Eu
quero é sexo!, a certa altura, coloca:

O prazer homossexual
Outro comportamento registrado entre os
bonobos é o das relações homossexuais: as
fêmeas adultas enroscam pernas e braços ao
redor uma das outras e esfregam suas genitais,
emitindo ruídos de contentamento. Os machos
penduram-se em galhos e friccionam os pênis
eretos. O lesbianismo já foi constatado em onze
espécies, mas o homossexualismo não é só
notado em primatas. Ele existe entre golfinhos,
zebras, gaivotas, pinguins, felinos e até baleias.
Muitos estudiosos afirmavam que isso só poderia
acontecer em uma situação de confinamento,

69
como entre dois pinguins machos que, por
ventura, fossem colocados a sós em uma jaula no
zoológico. No entanto, a conduta ocorre também
na natureza, mesmo em bandos em que há
machos para todas as fêmeas e vice-versa. Ainda
não existe um consenso para explicar o porquê
dessa opção. “Os animais não se tornam
homossexuais por falta de parceiros, mas pela
alternativa de se obter prazer”, afirma Eduardo
Cunha Farias (…) O homossexualismo no reino
animal passou a ser discutido mais abertamente
após o lançamento do livro Biological Exuberance
– Animal Homosexuality and Natural Diversity
(Exuberância Biológica – Homossexualidade
Animal e Diversidade Natural), do biólogo norte-
americano Bruce Bagemihl, em 1999. O autor
descreveu casos de homossexualismo entre 450
espécies, em sua maioria mamíferos e aves. (64)

No site BBC Brasil (65), temos o artigo O


quebra-cabeça evolutivo da
homossexualidade, publicado em 19/02/2014, de
autoria de William Kremer, do Serviço Mundial da
BBC, do qual, na data de 26/04/2014, retiramos este
box:

70
Está aí, nesses artigos, a comprovação desse
acontecimento na natureza, o que, para nós, é um

71
bom motivo para justificar a mudança de atitude em
relação ao modo como tratamos os homossexuais,
que existem no nosso meio.

A razão de trazer a esse estudo tudo isso, que


acontece no reino animal, é pelo fato de ter uma
relação direta com o nosso tema, ainda que, de
princípio, venha causar alguma estranheza.

Sabemos que, em nossa escalada evolutiva


rumo à perfeição, nós, quando na condição de
princípio inteligente, estagiamos por algum tempo
no reino animal antes de adentrarmos no reino
hominal.

Para melhor entender essa ligação que


estamos querendo fazer, vejamos o que Emmanuel,
em Vida e Sexo, disse:

O instinto sexual, exprimindo amor em


expansão incessante, nasce nas profundezas da
vida, orientando os processos de evolução.
Toda criatura consciente traz consigo,
devidamente estratificada, a herança
incomensurável das experiências sexuais
vividas nos reinos inferiores da Natureza.
De existência a existência, de lição em lição e
de passo em passo, por séculos de séculos, na

72
esfera animal, a individualidade, erguida à razão,
surpreende em si mesma todo um mundo de
impulsos genésicos por educar e ajustar às leis
superiores que governam a vida. (66)

Essa ideia de trazermos as experiências


sexuais vivenciadas nos reinos interiores, também
encontramos na obra Sexo e Obsessão,
psicografada por Divaldo Franco, numa das falas de
Bezerra de Menezes:

O sexo é departamento importante do aparelho


genésico criado com a finalidade específica para a
procriação. […] Com características próprias em
cada fase do processo evolutivo, no ser humano
alcança o seu estágio mais elevado, por
vincular-se às emoções, lentamente superando
as sensações mais primárias por onde passou
no período das experiências iniciais da forma
animal. […]. (67)

Portanto, cabe-nos agora, já num estágio


evolutivo bem mais adiantando, que nos impõe
responsabilidade por todos os nossos atos, sublimar
a prática sexual, sem que com isso tenhamos que
nos torturar intimamente porque a sociedade nos
enquadra em algo de que não tem o mínimo

73
conhecimento.

Em Sexo, Consciência e Amor, o Espírito


Carlos, oferece-nos uma opção quanto à
sublimação:

[…] sabemos que a energia sexual pode ser


canalizada para uma série de atividades
(inclusive para a religião e o trabalho) que
levam o indivíduo a uma busca incessante, não
voltada para o prazer sexual, mas para o prazer de
viver! (68) (itálico do original)

Sempre entendendo que nada deverá ser


imposto, tudo quanto fizermos terá como base o
sentimento do amor, pois esse é o que importa.

74
Para o Espiritismo o psiquismo do Espírito
é duplo

Vejamos três questões de O Livro dos


Espíritos, inseridas no Livro Segundo, Capítulo IV –
Pluralidade das existências, cujo tema desenvolvido
é “Sexos nos Espíritos”:

200. Os Espíritos têm sexos?


“Não como o entendeis, porque os sexos
dependem do organismo. Há entre eles amor e
simpatia, mas baseados na afinidade de
sentimentos.”

201. O Espírito que animou o corpo de um


homem pode animar, em nova existência, o de
uma mulher e vice-versa?
“Sim; são os mesmos Espíritos que animam os
homens e as mulheres.”

202. Quando errante, que prefere o Espírito:


encarnar no corpo de um homem ou no de uma
mulher?
“Isso pouco importa. Vai depender das provas
por que haja de passar.”

Os Espíritos encarnam como homens ou como

75
mulheres, porque não têm sexo. Como devem
progredir em tudo, cada sexo, como cada posição
social, lhes oferece provações, deveres especiais
e novas oportunidades de adquirirem experiência.
Aquele que fosse sempre homem só saberia o que
sabem os homens. (69)

Ora, se nós, como Espíritos, podemos nascer


indiferentemente, em um corpo de homem ou de
mulher isso significa dizer que o nosso psiquismo é
duplo, pois, se assim não fosse, não teríamos como
nascer em qualquer uma dessas polaridades
biológicas.

Nesta imagem, elaborada por nós, temos a


visualização dessa ideia:

76
Não deixa também de ser interessante ver a
explicação de Allan Kardec, num artigo na Revista
Espírita 1866, que podemos até estar enganados ou
exagerando, mas acreditamos que, infelizmente, a
maioria dos espíritas não a conhece, para esse
comportamento, que acontece na humanidade
desde os primórdios tempos das cavernas. A
imagem que colocamos na capa desse Ebook
registra tal prática entre os egípcios, provando sua
antiguidade.

Trata-se do artigo As mulheres têm alma?,


publicado no mês de janeiro da Revista Espírita
1866, em que Allan Kardec, o codificador do
Espiritismo, tece algumas considerações que
merecem ser destacadas:

As almas ou Espíritos não têm sexo. As


afeições que as une nada têm de carnal, e, por
isto mesmo, são mais duráveis, porque são
fundadas sobre uma simpatia real, e não são
subordinadas às vicissitudes da matéria.
[…].
Os sexos não existem senão no organismo;
são necessários à reprodução dos seres materiais;
mas os Espíritos, sendo a criação de Deus, não se
reproduzem uns pelos outros, é por isto que os

77
sexos seriam inúteis no mundo espiritual.
Os Espíritos progridem pelo trabalho que
realizam e as provas que têm que suportar, como
o operário em sua arte pelo trabalho que faz.
Essas provas e esses trabalhos variam segundo a
sua posição social. Os Espíritos devendo
progredir em tudo e adquirir todos os
conhecimentos, cada um é chamado a concorrer
aos diversos trabalhos e a suportar os diferentes
gêneros de provas; é por isto que renascem
alternativamente como ricos ou pobres, senhores
ou servidores operários do pensamento ou da
matéria.
Assim se encontra fundado, sobre as próprias
leis da Natureza, o princípio da igualdade, uma
vez que o grande da véspera pode ser o pequeno
do dia de amanhã, e reciprocamente. Deste
princípio decorre o da fraternidade, uma vez que,
nas relações sociais, reencontramos antigos
conhecimentos, e que no infeliz que nos estende a
mão pode se encontrar um parente ou um amigo.
É no mesmo objetivo
que os Espíritos se
encarnam nos diferentes
sexos; tal que foi um
homem poderá renascer
mulher, e tal que foi
mulher poderá renascer
homem, a fim de cumprir
os deveres de cada uma
dessas posições, e delas
suportar as provas.
A Natureza fez o sexo feminino mais frágil do

78
que o outro, porque os deveres que lhe incumbem
não exigem uma igual força muscular e seriam
mesmos incompatíveis com a rudeza masculina.
Nele a delicadeza das formas e a fineza das
sensações são admiravelmente apropriadas aos
cuidados da maternidade. Aos homens e às
mulheres são, pois, dados deveres especiais,
igualmente importantes na ordem das coisas; são
dois elementos que se completam um pelo outro.
(70)

Agora vem o principal do texto, em que o


Codificador fala exatamente do assunto que, no
momento, estamos tratando:

O Espírito encarnado sofrendo a influência


do organismo, seu caráter se modifica segundo
as circunstâncias e se dobra às necessidades e
aos cuidados que lhe impõem esse mesmo
organismo. Essa influência não se apaga
imediatamente depois da destruição do
envoltório material, do mesmo modo que não se
perdem instantaneamente os gostos e os hábitos
terrestres; depois, pode ocorrer que o Espírito
percorra uma série de existências num mesmo
sexo, o que faz que, durante muito tempo, ele
possa conservar, no estado de Espírito, o
caráter de homem ou de mulher do qual a
marca permaneceu nele. Não é senão o que
ocorre a um certo grau de adiantamento e de
desmaterialização que a influência da matéria se

79
apaga completamente, e com ela o caráter dos
sexos. Aqueles que se apresentam a nós como
homens ou como mulheres, é para lembrar a
existência na qual nós os conhecemos.
Se essa influência repercute da vida
corpórea à vida espiritual, ocorre o mesmo
quando o Espírito passa da vida espiritual à
vida corpórea. Numa nova encarnação, ele
trará o caráter e as inclinações que tinha como
Espírito; se for avançado, fará um homem
avançado; se for atrasado, fará um homem
atrasado. Mudando de sexo, poderá, pois, sob
essa impressão e em sua nova encarnação,
conservar os gostos, as tendências e o caráter
inerentes ao sexo que acaba de deixar. Assim se
explicam certas anomalias aparentes que se
notam no caráter de certos homens e de certas
mulheres. (71)

Muito além de seu tempo, o Codificador do


Espiritismo preconizava que a homossexualidade era
algo natural, quando, taxativamente, explica que
“assim se explicam certas anomalias aparentes
que se notam no caráter de certos homens e de
certas mulheres”.

Ora, se ele afirma que tais situações seriam


“anomalias aparentes” é porque as admitia como
dentro da normalidade, o que em outras palavras,

80
poderíamos dizer as tratou como sendo coisas
completamente naturais, coisa que, para a sua
época, era um avanço tremendo.

Não fechamos questão, pois abrimos espaço


para a possibilidade de Allan Kardec não estar
propriamente se referindo à questão da “atração ou
interesse sexual pelo mesmo sexo”, mas apenas a
homens afeminados e a mulheres masculinizadas.
Mas de qualquer forma é bom constatar que a visão
espiritualista do homem, proporciona-o enxergar
além do véu, foi exatamente isso que aconteceu
com ele.

A Ciência ainda não descobriu o Espírito,


quando isso ocorrer, temos certeza de que, num
futuro não muito distante, ela encontrará a resposta
que muitos procuram, e não encontram por não
terem como base a ideia reencarnacionista, que
ainda é vista como afeta à religião, quando, a bem
da verdade, trata-se de uma lei natural.

Do artigo Emancipação das mulheres nos


Estados Unidos, publicado na Revista Espírita
1867, mês de junho, transcrevemos o seguinte
trecho:

81
[…] Deus dotou cada ser de um organismo
apropriado ao papel que deve cumprir na
Natureza. O da mulher está traçado por seu
organismo, e não é o menos importante. Há, pois,
atribuições bem caracterizadas, conferidas a
cada sexo pela própria Natureza, e essas
atribuições implicam deveres especiais que os
sexos não poderiam cumprir eficazmente
saindo de seu papel. Assim o é em cada sexo
como de um sexo ao outro: a constituição física
determina aptidões especiais; […]. (72)

Observamos que Allan Kardec afirma que a


constituição física determina aptidões especiais.
Ora, se um determinado Espírito renasce várias
vezes no mesmo sexo acabará por “se impregnar”
das coisas próprias dele.

Na Revista Espírita 1858, mês de fevereiro,


consta no artigo Diferentes ordens de Espíritos,
do qual podemos apreender pela descrição dos
caracteres gerais dos de Segunda ordem – bons
espíritos, que somente os Espíritos purificados não
sofrem mais essa influência:

[…] Não estando, ainda, completamente


desmaterializados, conservam, mais ou menos,
segundo sua classe, os traços da existência

82
corporal, seja na forma da linguagem, seja em
seus hábitos, onde se encontram mesmo
algumas das suas manias; de outro modo,
seriam Espíritos perfeitos. (73)

Como tudo isso faz parte da essência do


Espírito, ao reencarnar traz consigo todas as coisas
que caracterizam a sua personalidade. De igual
modo, acontece ao retornar ao mundo espiritual,
pela desencarnação.

Encontramos em André Luiz, na obra


Evolução em dois mundos, algo que todos
deveríamos saber:

A sede real do sexo não se acha, dessa


maneira, no veículo físico, mas sim na entidade
espiritual, em sua estrutura complexa. […].
O sexo é, portanto, mental em seus impulsos e
manifestações, transcendendo quaisquer
impositivo da forma em que se exprime, […]. (74)

[…] o sexo reside na mente, a expressar-se


no corpo espiritual e consequentemente no corpo
físico, por santuário criativo de nosso amor
perante a vida, e, em razão disso, ninguém
escarnecerá dele, desarmonizando-lhe as
forças sem escarnecer e desarmonizar a si
mesmo. (75)

83
Se a sede do sexo é na mente, então, perdem
precioso tempo os que buscam no corpo biológico a
sua origem. Assim, acertadamente, podemos dizer
que (76):

Caro leitor, recorda-se quando afirmamos que


“temos um psiquismo duplo”, pois bem, agora
trazemos três autores espirituais, para corroborar o
que dissemos.

1º) Emmanuel, em Vida e Sexo:

A vida espiritual pura e simples se rege por

84
afinidades eletivas essenciais; no entanto, através
de milênios e milênios, o Espírito passa por
fileira imensa de reencarnações, ora em
posição de feminilidade, ora em condições de
masculinidade, o que sedimenta o fenômeno
da bissexualidade, mais ou menos pronunciado,
em quase todas as criaturas.
O homem e a mulher serão, desse modo, de
maneira respectiva, acentuadamente
masculino ou acentuadamente feminina, sem
especificação psicológica absoluta.
Em face disso, a individualidade em trânsito, da
experiência feminina para a masculina ou vice-
versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará
fatalmente os traços da feminilidade em que
terá estagiado por muitos séculos, em que
pese ao corpo de formação masculina que o
segregue, verificando-se análogo processo com
referência à mulher nas mesmas circunstâncias.
Obviamente compreensível, em vista do
exposto, que o Espírito no renascimento, entre
os homens, pode tomar um corpo feminino ou
masculino, não apenas atendendo-se ao
imperativo de encargos particulares em
determinado setor de ação, como também no que
concerne a obrigações regenerativas. (77)

2º) Bezerra de Menezes, em Sexo e


Obsessão:

Destituído de equipamentos sexuais, o Espírito

85
é neutro na forma da expressão genésica,
possuindo ambas as polaridades em que o
sexo se expressa, necessitando, através da
reencarnação, de experienciar uma como outra
manifestação, a fim de desenvolver sentimentos
que são compatíveis com os hormônios que
produzem. Face a essa condição, assume uma ou
outra postura sexual, devendo desenvolvê-la e
vivenciá-la com dignificação, evitando
comprometimentos que exigem retornos dolorosos
ou alterações orgânicas sem a perda dos
conteúdos emocionais ou psicológicos. Isto
equivale a dizer que, toda vez quando abusa de
uma função, volta a vivenciá-la, a fim de recuperá-
la, mediante processos limitadores, inibitórios ou
castradores. […]. (78)

3º) Irmão Félix, em Sexo e Destino:

[…] Empenhou-se a repetir que na Crosta


Planetária os temas sexuais são levados em
conta, na base dos sinais físicos que diferenciam o
homem da mulher e vice-versa; no entanto,
ponderou que isso não define a realidade integral,
porquanto, regendo esses marcos, permanece um
Espírito imortal, com idade às vezes
multimilenária, encerrando consigo a soma de
experiência, o que obriga a própria Ciência
terrena a proclamar, presentemente, que
masculinidade e feminilidade totais são
inexistentes na personalidade humana, do
ponto de vista psicológico. Homens e mulheres,

86
em Espírito, apresentam certa percentagem
mais ou menos elevada de característicos viris
e feminis em cada indivíduo, o que não
assegura possibilidades de comportamento íntimo
normal para todos, segundo a conceituação de
normalidade que a maioria dos homens
estabeleceu para o meio social. (79)

Como visto, esses autores tratam o nosso


psiquismo como de natureza dupla, fato que se
mostrará constante no desenrolar desse nosso
estudo.

Quando, mais à frente, formos falar da Escala


Kinsey, voltaremos a um trecho dessa fala do
Assistente Silas para destacá-lo dentro deste outro
contexto.

Divaldo Franco, em Sexo e Consciência,


desenvolve a mesma linha de raciocínio sobre um
caso que, possivelmente, levará o Espírito a uma
inversão da polaridade biológica numa próxima
encarnação:

Frequentemente o Espírito programa uma


longa jornada apenas em um sexo. E quando se
transfere para o outro, isto é, quando inicia uma
série de reencarnações na polaridade oposta,

87
muitas vezes, ainda se encontra com as
marcas psicológicas do sexo anterior.
[…] O abuso das experiências em uma das
polaridades impõe a necessidade do retorno
em outra, a fim de aprender a respeitar a função
sexual. Portanto, a homossexualidade tem suas
causas profundas na intimidade do ser espiritual.
(80)

Apresenta ainda, Divaldo Franco, uma causa


da homossexualidade, que, na maioria das vezes,
não damos conta dela:

A homossexualidade pode ser


desencadeada ou influenciada por um
processo obsessivo. […] O adversário
desencarnado, que foi profundamente lesado pela
sua vítima de agora, induz este indivíduo a um
relacionamento homossexual que é
angustiante para ele. O objetivo é cobrar a dívida
desencadeando agressões ao equilíbrio sexual do
devedor. Como este Espírito está imantado ao
campo da aura do seu hospedeiro psíquico, ele
passa a experimentar as sensações, emoções
e desejos daquele a quem manipula, inclusive
nos momentos de relacionamento sexual que a
vítima estabeleça com um parceiro. (81)

Essa possibilidade é corroborada por


Herculano Pires que em Mediunidade (Vida e

88
Comunicação), faz a seguinte ponderação:

[…] A maioria dos casos do chamado


homossexualismo adquirido, senão todos,
provêm de atuação obsessiva de entidades
animalescas, entregues a instintos inferiores.
Mas a responsabilidade não é só dessas
entidades, é também das vítimas que, de uma
forma ou de outra, se deixaram dominar pelos
primeiros impulsos obsessivos ou até mesmo
provocaram a aproximação das entidades. […]
Nos casos chamados de perversão
constitucional a presença dos obsessores não
está excluída, pois eles são fatalmente atraídos e
ligam-se às vítimas excitando-lhes as sensações e
agravando-lhes a perturbação. […]. (82) (itálico do
original)

Em Dias Gloriosos, Joanna de Ângelis, a


mentora de Divaldo Franco, desenvolve a seguinte
linha de raciocínio:

[…] é de fundamental importância que o


Espírito reencarnado se sinta perfeitamente
identificado com a sua anatomia sexual, mantendo
os estímulos psicológicos em consonância com a
mesma.
Quando a ocorrência é diversa – função
emocional diferente da forma física – encontra-se
em reajustamento, que deverá ser disciplinado,

89
evitando a permissão do uso indevido, que
proporciona agravantes mais severos para o
futuro.
Eis por que é de vital importância o respeito
que os pais devem manter em relação ao sexo
dos seus filhos, evitando interferir
psiquicamente no processo da sua formação,
quando o zigoto começa a definir a futura forma
consoante o mapa cármico do reencarnante.
É natural que se tenha opção por essa ou
aquela expressão sexual para o ser amado; no
entanto, não deve ser tão preponderante que, em
se apresentando diferente do que se deseja, o
amor sofra efeitos negativos. Outrossim, a
invigilância que pode originar-se na genitora
optando e impondo o seu desejo sobre o ser
em desenvolvimento, poderá contribuir para
alterar a constituição molecular, atendendo-lhe
psicocineticamente a aspiração. Não obstante,
porque fora da programação evolutiva do Espírito,
essa mudança pode trazer-lhe prejuízos
emocionais e comportamentais.
A estrutura genética em elaboração do corpo é
constituída por elementos poderosos, embora
sutis, que atendem aos planos energéticos que
agem sobre ela. Assim, a mente do reencarnante
– conscientemente ou não – como a dos seus
genitores, interferem expressivamente na
construção da sua anatomia, agindo
diretamente nos genes e seus cromossomos,
se a vontade atuante se fizer forte e constante.
Essa ação psíquica pode alterar, na estrutura do
DNA os pares de purinas e pirimidinas,

90
modificando as disposições estabelecidas e em
formação. Tal ocorrência não é rara, antes é
muito mais numerosa do que se tem detectado,
particularmente nas vezes em que o Espírito
imprime sinais que traz de existências transatas –
suicídios, homicídios, acidentes – ou de condutas
que se fixaram profundamente no cerne do ser,
ressurgindo agora na forma nova.
Da mesma maneira, filhos com anatomia
diferente da herança espiritual – em alguns
casos como efeito da preferência dos seus
pais, especialmente da mãe que a trabalhou
psiquicamente mantendo a aspiração
exagerada do que cultivou durante a gestação
– apresentam transtornos de expressão e
comportamento que devem ser corrigidos na
infância, a fim de se não tornarem afligentes no
período da adolescência, quando da definição dos
órgãos e caracteres anexos do sexo.
A orientação cuidadosa e enriquecida de amor
reestrutura o binômio forma-emoção, facultando a
existência saudável, sem angústias nem
desassossegos. (83) (itálico do original)

Esse alerta de Joanna de Ângelis é, de fato,


muito importante, pois nós pais podemos contribuir
para que o psiquismo do bebê não estabeleça a
sintonia com o seu corpo biológico. Isso, segundo
apreendemos, poderá, em alguns casos, tornar-se
justamente a causa da homossexualidade.

91
Na sequência, Joanna de Ângelis também
prevê uma outra possibilidade com o avanço da
ciência médica, naquilo que se relaciona com a
manipulação genética:

De maneira mais grave poderá acontecer


quando os estudiosos da engenharia genética,
nos seus ensaios ambiciosos, pretendendo
interferir nas vidas, reprogramarem, através
dos códigos genéticos do DNA, os sexos já em
vias de formação, para que se alterem,
mudando a anatomia e a função.
Nesses casos, permanecendo a
programação espiritual, que passaria a sofrer
ingerência externa, surgirão indivíduos com
complexos problemas de conduta nessa área,
desde que fortemente necessitados da
experiência na polaridade primitiva que foi
modificada. Encontrando-se noutra, que lhe não
responde aos anseios dos sentimentos nem às
necessidades psíquicas, desarticulam-se
interiormente.
Existem já incontáveis ocorrências dessa
natureza, que terminam em fugas terríveis para as
drogas que geram dependência, que desgastam e
levam à consumpção, quando não se atiram aos
suicídios desesperados para fugir do conflito que
os aturde e dilacera, acreditando não ter solução
nem razão para continuarem vivendo. (84) (itálico
do original)

92
Sim, é algo que devemos nos preocupar, pois
não sabemos que limites o homem imporá a
manipulação do DNA. Só o tempo nos dirá.

Em Evolução em Dois Mundos, teremos a


resposta de André Luiz:

Quanto à perda dos característicos sexuais,


estamos informados de que ocorrerá,
espontaneamente, quando as almas humanas
tiverem assimilado todas as experiências
necessárias à própria sublimação, rumando, após
milênios de burilamento, para a situação
angélica, em que o indivíduo deterá todas as
qualidades nobres inerentes à masculinidade e
à feminilidade, refletindo em si, nos degraus
avançados da perfeição, a glória divina do Criador.
(85)

Quando nos tornarmos anjos, ou seja, Espíritos


puros (86), não mais teremos as duas polaridades
sexuais, porquanto, se fundirão numa só. Não é sem
motivo que, desde há muito tempo, popularmente
se diz; “anjos não têm sexo”, razão pela qual não
adianta discutir sexos dos anjos.

Em Homossexualidade Sob a Ótica do


Espírito Imortal, o Dr. Andrei Moreira, apresenta

93
outras possibilidades para o surgimento da prática
homossexual que seriam a relativa a processo
educacional atual e/ou de traumas
infantoadolescentes:

Na sociedade moderna, observa-se grande


número de jovens optando pela experiência
homossexual como símbolo de modernidade, de
identificação com o grupo, sobretudo entre as
mulheres, ou ainda como condição reativa perante
a venda de uma imagem estereotipada de alegria
ou felicidade na vivência da homossexualidade,
expressa nas mídias e nas propagandas do
movimento gay, marcadamente guiado pelo
comércio que o explora.
Muitos indivíduos podem expressar desejos ou
comportamentos homossexuais como sintonia de
abuso sofrido na infância e mal elaborados na vida
adulta. (87) Nesses casos, como sintoma, a terapia
regressiva pode auxiliar aqueles que não se
sintam em sintonia com essa identidade sexual, no
equacionamento do núcleo traumático, com
consequente modificação do comportamento. É
importante ressaltar que não se pode chamar esse
processo de cura da homossexualidade, pois que
não o é, visto que a condição sexual não necessita
ser curada, mas a expressão e o direcionamento
do desejo, quando motivados por um núcleo
patológico, como no caso de abuso, podem ser
reorientados em função da cura do trauma, dada a
bissexualidade psíquica do ser humano. (88)

94
É importante ampliar a nossa compreensão
para também vermos nessas causas como fatores
que, em alguns indivíduos, poderão desencadear a
homossexualidade.

Na obra Loucura e Obsessão, psicografia de


Divaldo Franco, ditada pelo Espírito Manoel
Philomeno de Miranda, é relatado o caso do Espírito
Lício, que em diálogo com a mentora de “um
Núcleo do sincretismo afro-brasileiro” ( 89), confessa-
lhe seu estado íntimo, vejamos parte da narrativa:

– Sou uma alma em frangalhos! – desabafou,


por fim, abrindo-se com total confiança. – Se
continuo nesta marcha, nesta dubiedade de
comportamento, vivendo duas formas de ser,
enlouquecerei, se é que já não me encontro
transpondo o portal do desvario. Há momentos em
que não tenho discernimento para saber o que é
certo ou o que se encontra errado, o que devo ou
não fazer. A escala de valores está confusa na
minha mente, em grave transtorno de avaliação.
Venho pedir ajuda.
[…].
– Será que eu sou um Espírito feminino
domiciliado num corpo masculino?
“Toda a minha vida até aqui é um permanente
delírio. A minha psicologia difere da minha

95
fisiologia, minhas aspirações entram em
choque com a minha forma.
“Desde criança, eu preferia que me chamassem
Lícia, a Lício, que é meu nome. A última forma
me chocava, enquanto a primeira me produzia
deleite. Ao espelho, despido, sempre me
estranhei, passando a detestar o que eu
apresentava sem sentir, anelando pelo que
experimentava emocionalmente, sem possuir. As
formas do corpo produziam-me estranheza…
Foi, porém, na puberdade que os meus
sofrimentos se agravaram, na escola, no lar, em
toda a parte. Eu era uma pessoa dupla: a real,
era interior, enquanto que a aparente, era a
visível.
“Todas as minhas recordações estão
assinaladas por preferências femininas e os
meus interesses sempre giraram nesta órbita. A
inocência não me deixava entender a variedade de
sentimentos, essa dicotomia comportamental.
Ainda não me assaltavam preferências físicas, já
que tudo acontecia num plano ideal, platônico, se
posso dizer, sem outros comuns ingredientes
humanos…”
Avancemos mais à frente do relato:

“Eis que estou aqui pedindo socorro, a vós que


tendes a visão da imortalidade, a sabedoria dos
problemas humanos. Soube que, talvez, um
trabalho de vossa parte me pudesse aliviar o
sofrimento, já que não creio seja possível arrancá-
lo de mim, por entender que sou um ser feminino
numa forma masculina, graças a um sortilégio

96
da Divindade, que não consigo entender. O que
sei, é que necessito de uma tábua qualquer de
salvação, mesmo que imaginária, qual náufrago
que, em se debatendo na procela, se agarra a
uma navalha que lhe dilacera as carnes, mas que
é única possibilidade de salvação ao seu alcance.”
(90) (itálico do original)

Bezerra de Menezes, que tinha interesse no


caso do rapaz, explica a Miranda:

– Caro Miranda, a situação em que estagia o


nosso querido irmão alcança número muito
maior de criaturas, na Terra, como no Além, do
que se possa imaginar… Contam-se aos
milhões, no mundo, padecendo conflitos desta
natureza, que ainda não encontraram
compreensão adequada, nem estudo convincente
das doutrinas que lhe investigam as causas,
procurando soluções. Por enquanto, travam-se
lutas entre a coarctação e a liberação do
comportamento daqueles que estagiam nas áreas
conflitantes do sexo. […]. (91)

Continuando com Bezerra de Menezes,


tomemos este trecho de sua fala um pouco mais à
frente:

[…] De permeio, surge, no laboratório das

97
transformações, a interferências das mentes,
produzindo constituições assinaladas pelos
transtornos do comportamento anterior do ser
lúcido, que geram os tipos de hermafroditismo e
da bissexualidade, que passam a constituir
organismo de reeducação para os seus
exploradores antigos, agora, submetidos a provas
de correção entre conflitos e áspera insegurança
interior… Alguns autores dedicados ao estudo do
sexo afirma, ainda, a existência da posição
intersexual, a que denominam de pseudo-
hermafroditismo. Quando o corpo se encontra
definido numa ou noutra forma e o arcabouço
psicológico não corresponde à realidade física,
temos o transexualismo, que, empurrado pelos
impulsos incontrolados do eu espiritual
perturbado em si mesmo ou pelos fatores
externos, pode marchar para o
homossexualismo, caindo em desvios
patológicos, expressivos e dolorosos… É, no
entanto, na forma transexual, quando o
Espírito supera a aparência e aspira pelos
supremos ideais, que surgem as grandes
realizações da Humanidade, como também
sucede na heterossexualidade destituída de
tormentos e anseios lúbricos, que lhe causam
graves distonias. Em qualquer forma, portanto,
pode o Espírito dignificar-se, elevando-se, desde
que se não deixe acometer pela loucura do prazer
desregrado, que sempre lhe proporcionará a
necessidade de reparação em estado mais
afligente… (92) (itálico do original)

98
Fica bem esclarecido que, em qualquer uma
das polaridades – heterossexual ou homossexual –,
podemos cair por degenerar a função sexual,
resultando num comprometimento futuro por não
darmos o devido valor ao sexo.

Por outro lado, tornou-se claro para nós que


pelo fato de uma pessoa ser transexual, não quer,
necessariamente, dizer que ela seja também
homossexual, ou seja, que se envolva na prática do
sexo com indivíduos do mesmo sexo biológico que o
seu.

Não devemos esquecer que o rigor da “lei


divina” será aplicado em qualquer uma das
diversidades de gênero, porquanto ela tratará todos
com o mesmo critério: o da justiça.

E encerrando as considerações de Bezerra de


Menezes, transcrevemos:

“[…] Homem ou mulher, na forma transitória, as


responsabilidades são as mesmas, apesar da
infeliz discriminação que esta última vem sofrendo
nas várias culturas através dos tempos ou das
licenças que ora se permite em nossa sociedade
enferma.

99
“A forma, numa como noutra área, é
oportunidade para aquisição de particulares
conquistas de acordo com os padrões éticos que
facultam a uma ou à outra. Quando são
conseguidos resultados positivos numa expressão
do sexo, pode-se avançar, repetindo-se a forma
até que, para diferente faixa de aprendizagem, o
Espírito tenta o outro gênero. No momento da
mudança, em razão dos fortes atavismos e das
continuadas realizações, pode ocorrer que a
estrutura psicológica difira da organização
fisiológica, sem qualquer risco para o aprendiz,
porquanto há segurança de comportamento e
nenhum desvio da libido por ausência de matrizes
psíquicas decorrentes da degeneração imposta
aos hábitos anteriores. Quando porém, o
indivíduo se utiliza da função genésica para o
prazer continuado sem responsabilidade.
derivando para os estímulos que as aberrações da
luxúria o convidam, incide em gravame que é
convidado a corrigir, na próxima oportunidade
da reencarnação, sob lesões da alma enferma,
que se exteriorizam em disfunções genésicas, em
anomalias e doenças do aparelho genital, ou na
área moral. mediante os dolorosos conflitos que
maceram, nos quais o ser íntimo difere in totum do
ser físico... Seja, no entanto, qual for a
ocorrência regularizadora, ela deve ser
enfrentada com elevação moral e consciência
tranquila, recompondo, com atos corretos, a
paisagem mental e emocional afetada. Não há,
para essas marcas da alma, outro tratamento
que eu conheça, senão a superação do
problema mediante a abstinência, canalizando-

100
se as forças sexuais para outros labores e
aspirações, igualmente propiciadores do gozo
profundo e estímulo constante para mais altos
voos e conquistas.” (93)

Condenação jamais! Compreensão, tolerância


e amor são os três pilares que farão com que os
indivíduos sintam a necessária força para que as
suas “marcas da alma” sejam superadas.

Oportuno também vermos alguns trechos das


explicações de Emerenciana, dedicada benfeitora
espiritual, relativo ao caso:

– Pelo menos, nas três últimas


reencarnações, você, Lício, viveu experiências
femininas, utilizando-se de corpos desse gênero.
Na antepenúltima, enredou-se numa trama que a
paixão insensata fez enlouquecer. Logo depois,
recomeçou para liberar-se das consequências
danosas que lhe permaneciam como insegurança
e necessidade, vindo a fracassar de forma rude.
Não há muito, utilizou de toda a força que a
atração física lhe emprestava, para usufruir e
malsinar vidas que hoje se lhe enroscam,
perturbando-lhe a marca… Os efeitos emocionais
lhe dilaceram as fibras sensíveis da aparelhagem
espiritual que modelaram um corpo-presídio, no
qual a forma sofre o tormento da essência e vice-
versa… […]. (94)

101
No caso de Lício, vimos que em reencarnações
anteriores, viveu em corpo feminino, e por ter
malsinado vidas, talvez, retornou de forma
compulsória a um corpo masculino. Entretanto, suas
experiências do passado falaram mais alto não
permitindo que obedecesse a sua fisiologia.

102
Situações de inversão compulsória da
polaridade

É importante ressaltar que a inversão da


polaridade biológica necessariamente não produz a
homossexualidade, pois para que ela ocorra é
preciso que o Espírito tenha reencarnado várias
vezes na polaridade oposta ao atual corpo biológico.

Uma inversão compulsória da polaridade é


imposta por Espíritos superiores em determinadas
situações, que, entendemos, poderá ser vista como
expiação. Entendemos que nesse caso o reencarnar
em um corpo biológico inverso, não faz que o
reencarnado seja um homossexual.

Não há homossexualidade de expiação, ou


seja, que faz com que, inevitavelmente, o indivíduo
se torne homossexual, porquanto isso seria anular
por completo o seu livre-arbítrio.

O que há, de fato, não é uma encarnação


obrigatória no sexo oposto – se era homem, vir
como mulher, por exemplo –, com a possibilidade

103
dele se comportar conforme o seu psiquismo
anterior, caso tenha passado por várias experiências
em corpo masculino, porém, não podemos nos
esquecer de que ele terá todas as condições de
vencer esse impulso.

Em O Problema do Ser, do Destino e da


Dor, Segunda Parte: O Problema do Destino, no cap.
XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas
leis, Léon Denis dá a seguinte opinião:

Cremos, de acordo com os nossos Guias, que


a mudança de sexo, sempre possível para o
Espírito, é, em princípio, inútil e perigosa. Os
Espíritos elevados reprovam-na. É fácil
reconhecer, à primeira vista, em volta de nós, as
pessoas que numa existência precedente
adotaram sexto diferente; são sempre, sob algum
ponto de vista anormais. As viragos, de caráter
e gostos varonis, algumas das quais apresentam
ainda vestígio dos atributos do outro sexo, por
exemplo, barba no mento, são, evidentemente,
homens reencarnados. Elas nada têm de estético
e sedutor; sucede o mesmo com os homens
efeminados, que têm todos os característicos das
filhas de Eva e acham-se como que transviados da
vida. Quando um Espírito se afez a um sexo, é
mau para ele sair do que se tornou a sua
natureza.(95)

104
Muito estranho isso, pois os Espíritos que
assistiam a Allan Kardec disseram exatamente o
contrário, ou seja, que o Espírito precisa reencarnar
em ambos os sexos para adquirir as experiências
que cada um deles proporciona.

O Codificador deixou bem claro que somente


no caso de se encarnar muitas vezes no sexo oposto
é que produz um comportamento mais afeito ao
sexo que deixara. Aliás, como vimos, não tratou
esses casos como algo de anormal, mas
simplesmente como uma “aparente anomalia”, uma
vez que faz parte da natureza.

O que ficou claro para nós, é que o perigo que


Léon Denis viu foi exatamente o fato de o indivíduo
ter comportamento mais comum ao sexo oposto, o
que ele viu como anormal.

Vejamos a seguinte explicação de Léon Denis,


em O Gênio Céltico e o Mundo Invisível:

[…] quantas anomalias não são explicadas


pela noção das anterioridades; em muitas
fisionomias nós poderíamos ler a demonstração
disso. Essas mulheres de corpos pesados, de
gestos masculinos, esses homens de maneiras

105
efeminadas, que todos nós conhecemos, não
são eles os espíritos que mudaram de sexo ao
reencarnarem? […]. (96)

Retornando ao livro O Problema do Ser, do


Destino e da Dor, o que ainda queremos destacar
dele é o seguinte trecho:

A mudança de sexo poderia ser considerada


como um ato imposto pela lei de justiça e
reparação num único caso, o qual se dá
quando maus-tratos ou graves danos,
infligidos a pessoas de um sexo, atraem para
este mesmo sexo os Espíritos responsáveis, para
assim sofrerem, por sua vez, os efeitos das
causas a que deram origem; mas, a pena de talião
não rege, como mais adiante veremos, de maneira
absoluta, o mundo das almas; existem mil formas
de se fazer a reparação e de se eliminarem as
causas do mal. A cadeia onipotente das causas e
dos efeitos desenrola-se em mil anéis diversos. (97)

Léon Denis, portanto, admite a mudança de


sexo por imposição, mas diz que haveria mil outros
meios de fazer com que as pessoas sofram pelos
maus-tratos ou graves danos, infligidos a pessoas de
um sexo.

O Assistente Silas, em Ação e Reação

106
(1957), da mesma forma, apresenta duas causas
para essa inversão:

[…] em muitas ocasiões, quando o homem


tiraniza a mulher, furtando-lhe os direitos e
cometendo abusos, em nome de sua pretensa
superioridade, […] é conduzido pelos agentes da
Lei Divina a renascimento doloroso, em corpo
feminino, para que, no extremo desconforto
íntimo, aprenda a venerar na mulher sua irmã e
companheira, filha e mãe, diante de Deus,
ocorrendo idêntica situação à mulher criminosa
[…]. (98)

[…] ocorrendo idêntica situação à mulher


criminosa que, depois de arrastar o homem à
devassidão e à delinquência, cria para si mesma
terrível alienação mental para além do sepulcro,
requisitando, quase sempre, a internação em
corpo masculino, a fim de que, nas teias do
infortúnio de sua emotividade, saiba edificar no
seu ser o respeito que deve ao homem, perante o
Senhor. […]. (99)

Mas a inversão, aqui apresentada pelo


Assistente Silas e também vista em Joanna de
Ângelis, na obra Adolescência e Vida (1997), não
significa que, obrigatoriamente, o indivíduo se torne
homossexual, isso jamais (100).

107
Em Religião dos Espíritos (1960),
Emmanuel, o mentor do médium Chico Xavier
(1910-2002), no cap. Sexo e Amor, psicografado em
7/08/1959, comenta a questão 201 de O Livro dos
Espíritos. Destacamos o seguinte trecho:

[…] o sexo é a energia criativa, mas o amor


necessita estar junto dele, a funcionar por leme
seguro.
Se a simpatia sexual prenuncia a dissolução de
obras morais respeitáveis, é imprescindível que o
amor lhe norteie os recursos para manifestações
mais altas, porquanto, sempre que a atração
genésica é mais poderosa que o amor, surgem as
crises de longo curso, retardando o progresso e o
aperfeiçoamento da alma, quando não lhe
embargam os passos na loucura ou na frustração,
na enfermidade ou no crime.
Tanto quanto o dique precisa erguer-se em
defensiva constante, no governo das águas, deve
guardar-se o amor em permanente vigilância, na
frenação do impulso emotivo.
Fiscaliza, assim, teus próprios desejos.
Todo pensamento acalentado tende a
expressar-se em ação.
Quase sempre, os que chegam ao além-
túmulo sexualmente depravados, depois de
longas perturbações renascem no mundo,
tolerando moléstias insidiosas, quando não se
corporificam em desesperadora condição

108
inversiva, amargando pesadas provas como
consequências dos excessos delituosos a que se
renderam.
À maneira de doentes difíceis, no leito de
contenção, padecem inibições obscuras ou
envergam sinais morfológicos em desacordo
com as tendências masculinas ou femininas
em que ainda estagiam, no elevado tentame de
obstar a própria queda em novos desmandos
sentimentais. (101)

Uma vida na qual a criatura pratica o sexo


pelo sexo, em completo desvirtuamento de seu
valor, poderá, por imposição de leis superiores,
causar-lhe inversão sexual, e, de acordo com o seu
grau de depravação, levá-lo a manifestação de sua
sexualidade “desalinhada” com seu corpo
morfológico.

Emmanuel, em Vida e Sexo (1970), além


dessa causa mencionada, acrescenta algo novo:

O homem que abusou das faculdades


genésicas, arruinando a existência de outras
pessoas com a destruição de uniões construtivas e
lares diversos, em muitos casos é induzido a
buscar nova posição, no renascimento físico,
em corpo morfologicamente feminino,
aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os

109
próprios sentimentos, e a mulher que agiu de igual
modo é impulsionada à reencarnação em corpo
morfologicamente masculino, com idênticos fins.
E, ainda, em muitos outros casos, Espíritos
cultos e sensíveis, aspirando a realizar tarefas
específicas na elevação de agrupamentos
humanos e, consequentemente, na elevação de si
próprios, rogam dos Instrutores da Vida Maior
que os assistem a própria internação no campo
físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura
psicológica pela qual transitoriamente se
definem. Escolhem com isso viver
temporariamente ocultos na armadura carnal, com
o que se garantem contra arrastamentos
irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a
perseverarem, sem maiores dificuldades, nos
objetivos que abraçam. (102)

Da mesma forma, essa internação em


vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica,
aqui mencionada por Emmanuel, não levará,
forçosamente, o indivíduo à prática da
homossexualidade.

Se fracassar e praticá-la, por não ter


conseguido “domar” seus instintos, não será jogado
no “fogo eterno”, terá milhares de reencarnações
para se ajustar. Aliás, surge-nos uma pergunta:
quando é que nós, como Espíritos, deixaremos de

110
ter esse psiquismo duplo?

Da obra Sexo e destino (1963), o Irmão


Félix, faz a seguinte consideração:

Tendo Neves formulado consulta sobre os


homossexuais, Félix demonstrou que inúmeros
Espíritos reencarnam em condições inversivas,
seja no domínio de lides expiatórias ou em
obediência a tarefas específicas, que exigem
duras disciplinas por parte daqueles que as
solicitam ou que as aceitam. Referiu ainda que
homens e mulheres podem nascer
homossexuais ou intersexos, como são
suscetíveis de retomar o veículo físico na
condição de mutilados ou inibidos em certos
campos de manifestação, aditando que a alma
reencarna, nessa ou naquela circunstância,
para melhorar e aperfeiçoar-se e nunca sob a
destinação do mal, o que nos constrange a
reconhecer que os delitos, sejam quais sejam, em
quaisquer posições, correm por nossa conta. À
vista disso, destacou que nos foros da Justiça
Divina, em todos os distritos da Espiritualidade
Superior, as personalidades humanas tachadas
por anormais são consideradas tão carecentes
de proteção quanto às outras que desfrutam a
existência garantida pelas regalias da
normalidade, segundo a opinião dos homens,
observando-se que as faltas cometidas pelas
pessoas de psiquismo julgado anormal são
examinadas no mesmo critério aplicado às
culpas de pessoas tidas por normais, notando-

111
se, ainda, que, em muitos casos, os desatinos das
pessoas supostas normais são consideravelmente
agravados, por menos justificáveis perante
acomodações e primazias que usufruem, no clima
estável da maioria. (103)

Se “as faltas cometidas pelas pessoas de


psiquismo julgado anormal são examinadas no
mesmo critério aplicado às culpas de pessoas tidas
por normais”, então, não cabe a nenhum de nós
julgar, condenar, execrar a ninguém por conta de
seu comportamento sexual.

112
Opinião de destacados autores espíritas

Dr. Hernani de Guimarães Andrade (1913-


2003), segundo entendemos, foi, quando encarnado
entre nós, o maior pesquisador brasileiro da
reencarnação. Veremos a sua opinião a respeito do
assunto em foco em seus livros:

1º) Espírito, Perispírito e Alma (1984)

O homossexualismo não deve, pois, ser


classificado como uma psicopatia ou como um
comportamento merecedor de discriminação
ou medidas repressivas. O homossexual,
especialmente o “transexual”, merece toda a
nossa compreensão e ajuda, para que ele possa
vencer sua luta de adaptação ao novo sexo
adquirido com o renascimento. Alguns
homossexuais poderão ser reorientados, de
maneira a se comportarem normalmente dentro
dos padrões impostos pelo meio social. Entretanto,
igual reorientação é necessária aos que se dizem
normais para que se compenetrem da
necessidade de respeitar e aceitar fraternalmente
os homossexuais. (104)

113
2º) Você e a Reencarnação (2002)

Do cap. IX – Homossexualismo e reencarnação,


transcrevemos o seguinte trecho:

Por que Reencarnação?


Em outubro de 1969, tomamos contacto com o
primeiro caso de reencarnação por nós
investigados, a pedido do Dr. Ian Stevenson. Daí
em diante passamos a levantar e a investigar
outros mais, por nossa própria iniciativa. Desse
modo, em 1972, já nos encontrávamos
familiarizados com essa área de pesquisa.
A leitura de diversas obras versando sobre a
reencarnação e suas pesquisas científicas
consolidou ainda mais a nossa crença de que,
talvez, a reencarnação fosse uma das causas
do homossexualismo, se não a única. Entre os
autores que consultáramos figuraram: Muller
(1970), Banerjee (1964, 1965) e Stevenson
(1966).
Mas, naquela ocasião, não era só a explicação
das causas do homossexualismo que visávamos
descobrir. Na realidade, esperávamos obter
também mais uma fonte de evidência de apoio à
ideia da reencarnação. O plano inicial era,
partindo da investigação por meio da
regressão de memória, chegar à causa do
comportamento homossexual do paciente.
Seria uma explicação do homossexualismo e, ao
mesmo tempo, uma evidência da reencarnação.

114
Outro ponto importante era fornecido pela
pesquisa direta de casos de reencarnação
efetuados por nós, com evidências da
possibilidade de troca de sexos, e sustentados em
base de relatos de casos semelhantes de outros
investigadores.
Tudo apontava em direção à validade da nossa
hipótese de trabalho. Em suma, a nossa suspeita
de que a troca de sexo de uma encarnação para
outra talvez fosse, em certas circunstâncias, a
principal causa do homossexualismo, mas não a
única, especialmente a do transexualismo parecia
emergir cada vez mais clara.
Existem três modalidades de homossexuais
Para que o leitor ainda pouco familiarizado com
a questão do homossexualismo, lembramos que,
basicamente, distinguem-se três modalidades de
homossexuais:
1 – O homossexual genérico, cuja característica
fundamental é a atração sexual por pessoas do
mesmo sexo. O homossexual possui o impulso
erótico dirigido para indivíduos de seu próprio
sexo.
No heterossexual esse impulso parece não
depender exclusivamente da carga hormônica no
organismo. O indivíduo castrado geralmente perde
o apetite sexual, mas não muda a direção da
atração pelo outro sexo.
No homossexual, embora muitos deles
possuam órgãos sexuais normais, bem como
cargas hormonais suficientes e com atividade
sexual normal, verifica-se a impulsão erótica em

115
direção aos indivíduos do mesmo sexo. Nestes
casos, o homossexualismo pode ter-se
desenvolvido em razão de outros fatores que não
a troca de sexo proveniente da reencarnação. Tais
fatores podem ser os familiares e educacionais.
Há também os circunstanciais, resultantes de
situações especiais como, por exemplo,
promiscuidade em cárceres, internatos, conventos,
comunidades místico-religiosas, iniciações em
seitas esdrúxulas, etc. etc.
Os homossexuais podem formar pares (casais)
em que um deles exerce o papel ativo nas
relações sexuais. No caso do sexo masculino, esta
diferenciação torna-se mais definida.
2 – O travesti é aquele indivíduo que procura
assumir a aparência dos de sexo oposto. Nem
todo travesti é sistematicamente homossexual,
assim como nem todo homossexual é
obrigatoriamente travesti.
3 – O transexual é a modalidade mais típica do
homossexualismo. Neste caso, o indivíduo se
sente uma pessoa de determinado sexo,
ocupando um corpo físico do sexo oposto; uma
mulher em um corpo masculino, ou um homem em
um corpo feminino.
O transexual sugere fortemente a intervenção
da reencarnação em sua ocorrência.
No transexual podem ocorrer alterações inatas
fisiológicas e cromossômicas. Permitimo-nos
deixar sem comentário esse aspecto, para não
estender excessivamente o presente capítulo.
“Sankhârâ” e homossexualismo

116
Finalizando esse capítulo, pedimos licença para
transcrever parte do Cap. X, do livro Espírito,
Perispírito e Alma.
“…A realidade do Sankhârâ”, revela nos casos
que sugerem reencarnação, favorece a hipótese
de que, pelo menos, o transexualismo seja
motivado por uma herança reencarnatória.
Neste caso, se um indivíduo, que se
reencarnou reiteradas vezes com um
determinado sexo, vem a renascer com um
sexo oposto, ele provavelmente sofrerá
problemas do gênero transexualismo. Pelo
menos há grande possibilidade de isto ocorrer.
A troca de sexo de uma encarnação para outra
pode não ser exclusivamente a causa do
homossexualismo, pois vários fatores
educacionais poderiam contribuir para despertar
no indivíduo as tendências sepultadas nas
profundezas do seu inconsciente espiritual. Deve
ter-se em conta, também, outras variáveis que
possam influir na equação que define o
homossexualismo em função do “Sankhârâ”.
Assim, por exemplo, apontamos duas
imediatamente evidentes: 1) o tempo que o
indivíduo passou desencarnado (intermissão); 2) o
número de vezes que ele renasceu e viveu tendo
um determinado sexo. A intermissão muito
prolongada apaga muitos “Sankhârâs”,
especialmente aqueles que poderiam gerar as
“birthmarks” resultantes de ferimentos,
malformações, moléstias graves, etc. É possível
que as fontes características sexuais se atenuem
com uma demorada intermissão. Por outro lado, a
reiterada repetição de um mesmo tipo de sexo

117
pode contribuir para acentuar as tendências do
indivíduo a determinado comportamento
sexual. Se, em sucessivos renascimentos, ele
alternou os sexos, talvez seu comportamento
sexual venha a depender sobretudo da educação
recebida durante a infância e juventude. Isto
porque ele é portador aproximadamente de igual
carga de sexualidade masculina e feminina. Talvez
seja este o motivo pelo qual o número de
homossexuais parece aumentar à medida que o
meio social se torna mais tolerante e menos
repressivo. Os indivíduos com maior tendência em
relação a um dado comportamento sexual e que
poderiam proceder normalmente, serão
estimulados pelas facilidades do meio social a
mudar de atitude. Antigamente a educação muito
rígida e repressiva contribuía para enquadrar o
indivíduo ambisséxuo, em seu sexo natural.
(Andrade, 1984, p. 227-229)”. (105)

As colocações do Dr. Hernani Andrade, além


de coerentes, são bem sensatas, não fugindo ao que
Allan Kardec disse; embora, em nenhum desses seus
dois livros, ele tenha citado a conclusão a que
chegara o Codificador do Espiritismo, fato esse que,
diga-se de passagem, também percebemos na
maioria dos escritores espíritas que escreveu sobre
essa matéria. Parecendo-nos que eles ignoravam
essa posição de Allan Kardec.

118
Vejamos a opinião de um médico psiquiatra
sobre o assunto. Trata-se do Dr. Roberto Lúcio
Vieira de Souza, Vice-Presidente da Associação
Médico-Espírita do Brasil, para o triênio 2007/2009,
atualmente (2008) exerce a função de Assessor de
Pesquisas da AMEMG – Associação Médico Espírita
de Minas Gerais, num artigo intitulado A Visão
Espírita da Homossexualidade, publicado na
Revista Cristã de Espiritismo, no qual faz
interessantes colocações a respeito das causas
desse tipo de comportamento. Vejamos:

[…] tentamos classificar, do ponto de vista


doutrinário, as causas da homossexualidade em:
morais, educacionais, obsessivas e psiquiátricas.
Causas morais
No campo das causas morais, encontramos
aquelas criaturas que abusaram das faculdades
genésicas tanto da posição masculina como da
feminina, arruinando a vida de outros indivíduos,
destruindo uniões e lares diversos. Elas são
induzidas a procurarem uma nova posição ao
reencarnarem, em corpos físicos opostos às suas
estruturas psicológicas, a fim de que possam
aprender, em regime de prisão, a reajustarem seus
próprios sentimentos.
Encontramos também aqueles que persistem
nessas práticas por uma busca hedonista, sem

119
maior compromisso com a vida, que reencarnam
assim na tentativa de retratarem suas posições em
nova chance de resgate. São espíritos rebeldes,
pertinazes em seus erros, que encontram na
questão da inversão sexual uma oportunidade
para o refazimento de suas vidas, na qual a lei
divina lhes coloca diante de situações
semelhantes ao passado de faltas, cobrando-lhes
posturas mais éticas perante si e o outro.
Causas educacionais
As causas educacionais podem ser agrupadas
em atávicas e atuais. A atávica é resultado de
vivências repetitivas dos espíritos em culturas e
comunidades onde a prática homossexual seria
aceita e até estimulada, como na Grécia antiga e
em certas tribos indígenas, ou nas sociedades
culturais e religiosas que segregavam ou
segregam seus membros, facilitando esse
comportamento nas criaturas. Assim, ao
reencarnarem em um local onde o
homossexualismo não fosse mais aceito como
prática livre, esbarrariam em sua condição viciosa.
Já dentro das atuais, temos aquelas causas
advindas dos defeitos de educação nos lares,
onde o comprometimento dos afetos já estaria
presente anteriormente, em que as paixões
deterioradas do passado tendem a levar pais e
parentes ascendentes a estimularem posturas
psicológicas e sexuais inversas ao seu estado
físico em seus descendentes, sem que
necessariamente ocorressem comportamentos
ostensivamente incestuosos. Encontramos
também os casos de pais contrariados em seus

120
desejos quanto ao sexo do rebento, levando-o a
uma condição inversa do de seu sexo físico ou
aqueles dos quais a entidade reencarnante, ao
perceber esse desejo inconsciente dos pais, busca
se adaptar patologicamente a essa situação
durante o processo de gestação.
Outra causa está na presença de segmentos
atuais da sociedade e da cultura estimulando esse
tipo de conduta, quando uma linguagem mais
política e sem qualquer comprometimento ético,
através dos vários meios de comunicação de
massa, estimula e condiciona as criaturas a
acreditarem que essas vivências seriam uma
postura natural, dependendo unicamente da
escolha realizada pelo indivíduo. Esse
posicionamento vai de encontro a uma visão social
mais ampla, que continua atribuindo ao
homossexualismo uma condição de
marginalidade, mantendo um processo de
segregação social e associando a ele outras
posturas marginalizadas, como o abuso das
drogas e a prostituição, agravando ainda mais a
situação daqueles que optaram por esse caminho
sexual.
Causas obsessivas
Entre esse tipo de causa, podemos citar os
casos em que parceiros do passado delituoso, em
processos homossexuais ou vivências
heterossexuais pervertidas, reencontram-se em
condição de ódio ou paixão doentia, estimulando
uma postura homossexual no encarnado como
objetivo de atender o desencarnado em seus
anseios viciosos ou de levar sua vítima para uma

121
situação constrangedora e de intenso sofrimento.
Esses desencarnados poderiam estar em uma
condição mental de homossexualidade ou não,
induzindo o encarnado em um projeto de total
desestruturação íntima e social.
O processo obsessivo não precisa
necessariamente ter sua origem em uma
encarnação anterior. Ocorre que, nos casos de
uma obsessão atual, os parceiros da vivência
patológica participam de opções de vida viciosas,
onde geralmente o encarnado invigilante busca
posições mentais sexualmente pervertidas ou
locais nos quais esses comportamentos são
socialmente aceitos, condicionando-se a essas
práticas.
Uma outra situação possível, oriunda de um
processo obsessivo, seria aquela na qual um
espírito obsediando um encarnado em posição
sexual inversa à sua, enfermado por uma
interação intensa e duradoura, passa a sentir
prazer sexual semelhante à sua vítima,
pervertendo-se nesse campo e se condicionando a
uma vivência homossexual em uma próxima
encarnação. Nesses casos, a situação obsessiva
teria existido em uma encarnação anterior e a
homossexualidade seria a desdita daquele que
teria sido o algoz naquela vivência. Seria o famoso
caso em que “o tiro saiu pela culatra”.
Causas psiquiátricas
São causas que reúnem casos nos quais a
criatura, presa a um processo de deficiência
mental ou de desestruturação psicótica, vê-se com
a crítica comprometida, permitindo-se condutas

122
sexuais das mais diversas, sem necessariamente
existir uma escolha do objeto de desejo ou
compreensão da condição moral. São relações
homossexuais sem necessariamente
representarem opções de homossexualidade.
Resultam de um passado delituoso em outras
áreas que influenciam a criatura nos vários setores
de sua vida.
No campo da psicopatologia, encontramos
ainda os transtornos psicopáticos, nos quais as
criaturas se posicionam em uma condição de
amoralidade e imoralidade, optando por uma vida
de prazeres sem limites, não se constrangendo na
busca do hedonismo por nenhum motivo,
estimulando a homossexualidade em si e nas
criaturas psiquicamente influenciáveis.
De maneira especial, temos os processos
gerados por vivências traumáticas na infância,
quando a criança seduzida sexualmente por um de
seus ascendentes familiares viu-se condicionada
por ele a adotar um comportamento sexual
invertido (como, por exemplo, um pai que utiliza
sexualmente um filho) ou, então, quando o jogo de
sedução e perversão realizado por parentes de
sexos opostos provoca uma situação de ódio
intenso, levando a criança ou o jovem a fazer uma
opção pela homossexualidade como forma de
rejeitar aquela vivência. (106)

Essas causas, identificadas pelo Dr. Roberto


Lúcio Vieira de Souza, pelo menos para nós,
oferecem uma dimensão totalmente diferente da

123
simplicidade com que muitos querem ver da opção
sexual de uma pessoa. Como vimos, existem fatores
que, fugindo totalmente ao controle do indivíduo
encarnado, poderão influir nessa questão, daí,
segundo pensamos, a homossexualidade não
deveria ser vista como “coisa pervertida”, cujos
praticantes a fazem por lhes faltar o senso moral.

Alguns escritores espíritas não se alinham à


ideia de se atribuir, para alguns casos, que a prática
da homossexualidade possa ter como causa a
mudança de sexo entre uma encarnação e outra, é
bom deixarmos isso registrado.

124
Espíritos também opinam

Fora as opiniões de encarnados, ainda


podemos trazer, para reforçar essa ideia, as que
encontramos externadas por Espíritos:

a) Camilo, em Educação e Vivências:

Provenientes dos recônditos da alma, onde se


alocam reminiscências de desrespeito e de crimes
hediondos, cometidos contra as leis morais que
são presentes nas consciências humanas, ou, por
outro lado, decorrentes de processos educacionais
deletérios que se apoiaram em inclinações morais
deficitárias, ainda não suficientemente
amadurecidas para a verdadeira liberdade, os
dramas homossexuais têm lugar na intimidade das
criaturas, largamente.
Motivados, ainda, por terríveis programas
obsessivos, que antigos inimigos desencarnados
engendram por vingança ou, ainda, decorrentes
de perturbações psiquiátricas não devidamente
diagnosticadas, explodem quadros homossexuais,
aqui e acolá.
A situação vem se tornando tão comum que, ao
largo do tempo, vem sendo admitida como
terceiro sexo ou como opção normal daqueles

125
que assim almejam viver.
Desembocam no estuário dos conflitos da
homossexualidade infindáveis gravames
assinalados nos arquivos extracerebrais,
provenientes de passadas reencarnações, quando
o abuso do próprio corpo e dos corpos alheios, a
agressão à própria constituição emocional e às
constituições alheias determinaram os torturantes
quadros de agora, na esfera da sexualidade.
Ninguém suponha que tais conflitos não se
estendam do mesmo modo, nas esferas
heterossexuais, uma vez que os Espíritos que se
movimentam sobre a Terra, com poucas exceções,
carregam complexos problemas na área sexual,
carecendo reestruturar-se, renovar-se, a fim de
valorizar tão sublime fonte de estesias que a
Divindade ensejou as Suas criaturas com o
objetivo feliz, na cooperação junto à obra
Universal.
O fenômeno homossexualismo, em si mesmo,
impõe aos que por ele estão assinalados, um
regime de imperiosas disciplinas em sentido
amplo, capazes de ensejar à alma, se atendidas,
bênção de venturas crescentes a projetarem luzes
de paz, de harmonia para o amanhã.
Quem disse que será crime ou pecado que um
homem a outro homem ame?
Onde a condenação para o amor e o afeto
entre as mulheres?
O amor, devidamente compreendido, é a
energia que nos diviniza, é o traço que nos liga ao
Criador, impulsionando-nos a espalhar a Sua

126
vontade pelo Universo.
Não cogitamos aqui desse arremedo de amor
com que o vulgo resolveu apelidar as práticas
carnais do sexo, mas cogitamos desse Amor que é
o próprio Deus, que faz com que na sexualidade a
criatura humana se torne co-criadora com o seu
Criador.
O drama que se instala nas vidas terrenas é
que não estão aptos aos indivíduos a vivenciarem
o Amor que sensibiliza a alma, que imprime
sentimentos de renúncias felizes, que enleva, que
renova, forjando saúde e plasmando vida plena.
Amar jamais será desaconselhável seja entre
quem for. Não obstante, o homossexual não
necessitará mergulhar nos pântanos da
pederastia, tampouco as homossexuais carecerão
perder-se nos viscos do lesbianismo, nas
voragens da relação carnal.
Se um companheiro ou uma companheira
percebe em si as inclinações homossexuais, que
procure identificar nisso os gritos da expiação,
induzindo à educação para que a vida seja
vitoriosa.
O amor, o entendimento, a prestação de
serviços, a comunhão idealística, tudo isso
contribuirá para a gradativa liberdade do ser. (107)
(grifos do original)

b) Joanna de Ângelis, em Adolescência e


Vida:

127
Outro fator que merece análise é o da
identidade sexual. Há jovens que logo definem e
aceitam a sua natureza essencial, masculina ou
feminina. Nessa oportunidade surgem os conflitos
mais fortes do transexualismo e do
homossexualismo, alguns deles como resultado de
fatores genéticos, trabalhados pelo Espírito na
constituição do corpo através da reencarnação,
que se utilizou do perispírito para a modelagem da
forma orgânica, outros como efeito da conduta
familiar ou social, e, outros mais, ainda, pela
necessidade de ser trabalhada a sexualidade
como diretriz preponderante para a aquisição de
recursos mais elevados e difíceis de serem
conquistados.
Quando essa identidade sexual é prematura, o
adolescente sofre de um efeito apenas biológico,
sem preparação psicológica para o
comportamento algo estressante. Quando
atrasada, reações igualmente psicológicas podem
levar a uma hostilidade ao próprio corpo como ao
dos outros.
A identificação sexual do indivíduo equilibrado
faz-se definir quando se harmonizam a expressão
biológica – anatômica – com a psicológica,
expressando-se de forma natural e progressiva,
sem os choques da incerteza ou da incapacidade
comportamental diante da realidade do fenômeno
sexual. (108)

c) Leonel, em O preço em ser diferente:

128
– E nada disso é errado?
– Tudo está certo na criação de Deus, e todas
as coisas que existem no mundo trabalham em
favor de nosso crescimento. A vida dispõe de
muitos métodos para nos auxiliar, cabendo a nós
optar por aqueles que mais se adaptam a nossos
propósitos.
– Não poderíamos chamar o homossexualismo
de doença? – Não é uma doença. É claro que há
um redirecionamento na energia que gera o desejo
sexual, e a causa desse redirecionamento está
associada às experiências que cada um precisa
viver. Homens e mulheres são seres de dupla
polaridade, onde vai predominar, energeticamente,
o polo que é próprio de seu sexo, permanecendo o
outro em estado latente e germinal. Mas ninguém
é só masculino ou só feminino. Todos nascemos
dotados dessa duplicidade de forças, e é preciso
que elas estejam em harmonia. Tudo em nós,
como no universo, se manifesta em dualidade. Se
temos um ponto masculino, havemos de possuir o
contraponto feminino, e vice-versa, o que é nosso
equilíbrio e nos auxilia na utilização saudável
dessas duas forças. Há homens heterossexuais
que são extremamente femininos, assim como há
homossexuais de atitudes pronunciadamente
masculinas. E daí? Ambas as energias estão lá, na
mesma proporção, embora vibrando em
intensidades diferentes em cada um. A vida coloca
diante de nós situações que desafiam nosso
feminino e nosso masculino, e o desejo sexual é
uma delas. Se um homem se sente atraído por
outro homem, é claro que algo de seu feminino
vibra mais nesse momento, porque ele tem essa

129
polaridade dentro dele, só que não tão latente. Por
outro lado, na relação em família, por exemplo,
pode ser o sustento do lar, não só financeira como
emocionalmente, “segurando a barra” de todo
mundo, como se diz por aí. Nesse momento, o
feminino, que vibra com mais intensidade no
desejo sexual, cede lugar ao masculino, que
precisa se sobrepor para garantir a subsistência. -
Fábio fez breve pausa e concluiu: - Mas o que
conta verdadeiramente para o espírito é a forma
como o ser humano se conduz diante da vida,
porque só aqueles que já aprenderam a abrir o
coração para o amor é que são capazes de
vivenciar todas essas experiências com dignidade
e respeito. (109)

Não vamos alongar a lista, trazemos esses


apenas a título de exemplo. O que importa é termos
compreensão da situação, pois ela, na grande
maioria dos casos, não é por conta da “perversão”
do indivíduo, pois a suas raízes têm origem em
vivências passadas.

130
Opinião de quem viveu o problema

Vamos transcrever um trecho do artigo


Homossexualidade, publicado na Revista de
Espiritismo (nº 39, abr-mai-jun/1998) (110), de autoria
de Luiz de Almeida, disponibilizado pelo site “Portal
do Espírito”. Leiamos:

Para melhor entendermos o drama da


homossexualidade, citamos depoimentos de dois
espíritos (111). Isso porque poderão contribuir para
esclarecer certas partes desta tendência.

CASO 1: Eu fui lésbica. Dentro do meu corpo


de mulher, sentia-me um homem. Desde pequena,
os meus pendores foram todos masculinos.
Menina, e os meus companheiros de peraltagem
eram os meninos, tanto que minha mãe repetia:
Não sei a quem me saiu a Laurinha; é peralta
como um menino, está sempre no meio deles;
coisa feia. E assim era: em qualquer reunião
raramente me encontrava entre minhas
amiguinhas. Porém, nos grupos de rapazes, lá
estava eu, não como mulher, mas como homem,
que intimamente me parecia ser.
Veio-me a menstruação; sofri horrores que se
repetiam mês após mês. Completei 15 anos. Eu

131
era bonita de rosto, conquanto desgraciosa de
corpo. E os meus pais chamaram-me em
particular:
– De agora em diante, evita estar tanto entre os
moços; tens coleguinhas… porquê isso?
– Mas, mamãe, não gosto das conversas delas,
de vestidos, de modas, de sapatos, de batons, de
penteados, de namoradinhos. Eu, por mim,
cortaria os meus cabelos como homem, e vestiria
calças.
A minha resposta desgostou-os. Mudei:
apaixonava-me facilmente por meninas e mulheres
casadas. Deliciava-me frequentar o vestiário de
meu clube; contemplando aqueles corpos nus,
lavando-se, esfregando-se, enxugando-se, muitas
vezes, surpreendia-me exclamando: Ah, se eu
fosse homem! Viciei uma prima; além do prazer
que ela me proporcionava, dava-me a sensação
de ser verdadeiramente um homem. Descobriram-
me, e passei a ser vigiada. Evitam-me. O meu pai
tratava-me com rispidez.
Uma fria solidão envolvia-me. Mesmo assim,
casei-me. Não lhes descreverei o horror do
sofrimento íntimo que senti na minha noite de
núpcias; foi pasmoso. O meu esposo tinha-me nos
braços e acariciava um corpo de mulher, dentro do
qual se escondia o espírito de um homem. E
durante as carícias, enlaçada pelo meu marido,
que me abraçava e me beijava, quantas vezes tive
ímpetos de repeli-lo e gritar: Eu também sou um
homem! Jamais ele o percebeu; fui-lhe fiel até ao
fim. A nossa união durou 15 anos; não tivemos
filhos.

132
O meu marido enviuvou, e contraiu segundas
núpcias, desta vez com uma autêntica mulher, de
corpo e alma. Desencarnado, compreendi o
porquê dessa encarnação como mulher; porque
eu, um espírito masculino, fora embutido – sim,
embutido é o termo certo –, num corpo feminino.
Por quatro encarnações consecutivas, eu erigira o
sexo como o supremo fim de um homem. A mulher
para mim era um objeto, um mero instrumento de
prazer, de gozo. Quando uma me saciava, atirava-
a para um canto qualquer, e servia-me de outra.
Jamais lhes respeitava a dignidade. Jamais as
reconhecera como mães, esposas, irmãs. E nos
intervalos de minhas encarnações, em vez de me
corrigir, frequentando as escolas correcionais da
Espiritualidade, para o que não me faltaram
convites, associava-me a hordas maléficas, cujo
escopo era implantar o domínio do sexo. Até que,
por ordem superior, encaminharam-me de forma
compulsória aos engenheiros maternais, que me
agrilhoaram a um corpo feminino a fim de que eu
aprendesse a valorizar a mulher. Felizmente tão
dolorosa experiência valeu-me.
Corrigi-me. Não só aprendi a valorizar a mulher
como a divinizá-la no seu papel de mãe, de
esposa, de irmã. Voltei à minha forma masculina.
Trabalho agora no sector de socorro aos
náufragos do sexo. Quando soar a hora, tornarei à
Terra no corpo de homem normal, e saberei
respeitar a mulher no altar sagrado do casamento.
Claro que o meu carma não será tranquilo, e as
vicissitudes que por certo virão, em que pese gerar
aflições, serão lições valiosas. E ao depararem
com homens e mulheres transviados do sexo,

133
compaixão, muita compaixão para com eles.

CASO 2: Eu fui uma prostituta em seis


encarnações sucessivas. A primeira foi num navio
pirata. Apanharam-me numa razia contra nossa
cidadezinha na orla do Mediterrâneo; com o saque
e outros cativos, embarcaram-me numa caravela.
Eu era jovem e bonita. Um dia, o comandante
atraiu-me para o seu camarote. Percebi-lhe a
intenção. Eu já tinha os meus planos, e antes que
ele tomasse a iniciativa, adiantei-me: Saiba que
sou uma virgem. Quanto dá por minha virgindade?
Dirigiu-se a uma das arcas ao pé do leito, abriu-a;
estava cheia de joias preciosas, produto de
pilhagens. Colocou um punhado delas sobre a
mesinha à minha frente. É pouco, disse-lhe com
firmeza. Mergulhou ambas as mãos na arca, e pô-
las sobre as primeiras. É o bastante.
Ainda por muitas vezes lhe arranquei peças de
valor. Logo que o notei farto de mim, entreguei-me
aos outros marujos, a troco de ouro, que todos
possuíam. Desembarquei em porto europeu, rica,
e dediquei-me ao meretrício de alto luxo.
Vejo-me agora reencarnada na França, na
época do I Império. Sou dama da corte. E, para
obter honrarias, joias, luxo, prostitui-me não
abertamente, mas entregando-me aos cortesãos
que servissem aos meus intentos.
A terceira reencarnação foi em Portugal. Casei-
me com um caixeiro modesto em pequena cidade
portuguesa. Abandonei-o e transferi-me para
Lisboa, onde montei casa de tolerância,
desgraçando mocinhas ingênuas, e

134
desencaminhando pais de família.
Na minha quarta reencarnação, ainda em
Portugal, não me sujeitando a uma pobreza digna,
tão logo me emancipei, comercializei o meu corpo.
E, por isso, a minha mãe finou-se de desgosto.
Como cobra venenosa, atraía a mocidade da
nobreza, sugando-lhe impiedosamente os haveres
e até a honra, em luxuoso prostíbulo no Rio de
Janeiro, no tempo do império.
Na minha quinta reencarnação, no início do
século XX, ainda no Rio, aos 14 anos já me
envolvia no meretrício. De nada me adiantavam os
intervalos de minhas reencarnações. Não dava
ouvidos a espíritos benévolos que me queriam
afastar dessa vida imunda. Endurecida no vício,
filiava-me a grupos de obsessores sexuais, e
praticava desatinos vampirescos com encarnados
que aceitavam minhas sugestões.
Até que engenheiros maternais decidiram
aplicar-me a corrigenda cabível. Estudaram
minuciosamente o meu passado, submeteram-me
a rigoroso exame psíquico, e concluíram que só
havia um remédio para mim, posto que amargo:
reencarnar em corpo masculino, tantas vezes
quantas as necessárias. A petição seguiu para
instância superior e foi aprovada.
E eu, mulher, espírito essencialmente feminino,
reencarnei-me em corpo de homem, no Rio de
Janeiro, como quarto e último filho de um casal da
classe média, remediados.
Hoje sei dos motivos que teve este casal para
me receber como filho; porém, não vem ao caso

135
mencioná-lo. Bem cedo começaram os meus
martírios. Eu adorava brincar com meninas,
evitava os meninos. Na escola ouvia os ditérios
dos colegas; e ao ir ao quadro dar a lição, a classe
ria-se ante o meu andar feminil. Durante o recreio,
escondia-me. Com a idade, mais se acentuou
minha inclinação feminina: parava diante das
vitrinas de modas e das de joias, e extasiava-me a
admirar os vestidos, os sapatos, as meias, os
colares, os brincos, os braceletes, tudo, enfim que
pertencesse à toilette da mulher. Por vezes,
ansiava ir à cabeleireira maquiar-me, e a custo
reprimia-me. O meu pai não me aceitava; os meus
irmãos detestavam-me e repeliam-me; a minha
mãe, pobrezinha, era o meu único refúgio.
Consolava-me, acariciava-me, infundia-me ânimo,
abraçava-me.
A solidão embrulhou-me no seu pesado manto.
Certa vez, atraído por um homem, fui com ele ao
seu apartamento. O horror, o nojo que isto me
causou vós não podeis imaginar. Quis tornar-me
seu amante; tive dificuldades em livrar-me dele.
Para vós terdes uma ideia do meu suplício de
espírito feminino num corpo masculino, faço uma
comparação: havia outrora um instrumento de
tortura, que consistia numa caixa de ferro, mais ou
menos no formato de um homem, em cuja porta,
do lado de dentro, se engastavam punhais. O
condenado era encaixado nessa caixa, e nela
ficava por dias e dias à espera que o carrasco
recebesse ordem de fechar a porta, quando era
trespassado pelas lâminas. Todavia, raramente o
corpo do condenado se amoldava à caixa; e então
os verdugos o ajustavam à força naquele

136
aparelho, no qual com corpo horrivelmente
comprimido, aguardava o fechar da porta,
cessando o seu tormento. O condenado à tortura
da máscara era mais feliz do que eu: o sofrimento
dele durava poucos dias; o meu durou 68 anos,
que se arrastaram como uma eternidade.
Jamais me passou pela cabeça a ideia do
suicídio, ou de me prostituir, felizmente. Aguentei
firme o rojão, como se diz popularmente.
Uma tarde, de volta a casa, um grupinho de
estudantes vadios pôs-se a chacotear-me. Para
fugir deles, entrei na primeira porta que vi aberta;
subi pequena escada, e achei-me num vasto
salão; muitas pessoas lá estavam; sentei-me entre
elas. Era a Federação Espírita Brasileira.
Explicaram-me e entendi que o acaso não existe,
e o fato de ali entrar é porque por certo encontraria
lenitivo. Passei a frequentar aquela casa, onde
conquistei muitos amigos e amigas. Os passes e a
água fluidificada fizeram-me muito bem, e assim a
minha solidão foi suavizada.
Eu não trabalhava; tive vários empregos, mas
na ocasião, o meu problema não era tolerado
como hoje em dia (embora seja uma tolerância
falsa e aparente) sendo despedido de todos.
Quem sempre me socorria e socorreu foi a minha
mãe, fornecendo-me algum dinheiro. Os meus
irmãos casaram-se; os meus pais desencarnaram.
Envelheci.
Vivi penosamente de minguado benefício que
me tocou por herança. Fui morar num telheiro, mal
transformado em quarto, no fundo do quintal da
casa de um dos meus irmãos, com ordem

137
expressa de não me mostrar a visitas fossem
quem fossem. Proibiram-me de ter intimidades
com os meus sobrinhos. Mais tarde, recolheram-
me a um asilo, onde desencarnei.
Acordei, não sei depois de quanto tempo, em
um quarto hospitalar. Tão logo me mexi na cama
acorreu uma enfermeira gentil que me disse:
– Tudo bem, minha irmã, não se impressione!
– Irmã?… murmurei arregalando os olhos. Ela
não me respondeu, mas ajeitou-me a coberta,
sorrindo.
Hoje estou plenamente integrada nos meus
predicados femininos.
Regenerei-me. Faço parte do Grupo de
Socorros das Servas de Maria Madalena, que se
dedica ao reerguimento das infelizes que resvalam
pelo abismo escuro da prostituição. (112)

Esses dois depoimentos representam muito


bem o drama íntimo de muitos que, na prática de
sua sexualidade, optam por parceiro do mesmo
sexo. Como exemplos devem nos levam a refletir
sobre esse assunto, de forma a entendermos que
talvez a maioria vivencia insuperável conflito
interno.

Percebemos que, como, anteriormente, já foi


evidenciado em alguns casos, não há escolha

138
deliberada, os indivíduos são levados a essa prática
por fatores que fogem completamente ao seu
controle.

139
A ciência em busca de explicações

Ao longo dos tempos, registra-se uma briga


hercúlea entre teólogos e cientistas, porquanto, os
primeiros querem, a todo custo, que os outros
aceitem como verdade inconteste o teor dos textos
bíblicos.

Esse é o tipo de comportamento comum aos


fanáticos religiosos, que não veem as inúmeras
incoerências e as contradições nesses textos, como
também os pontos anticientíficos que chocariam
qualquer criança do primário.

Vejamos estes dois textos de Gênesis:

Gênesis 2,7: “Então, formou o Senhor Deus


ao homem do pó da terra e lhe soprou nas
narinas um fôlego de vida, e o homem passou
a ser alma vivente.” (113)

Gênesis 2,18.21-22: “Disse mais o Senhor


Deus: Não é bom que o homem esteja só;
far-lhe-ei uma auxiliadora […] fez cair
pesado sono sobre o homem […]; tomou uma
das suas costelas e […] transformou-a numa

140
mulher […].” (114)

Nota-se que, segundo o que consta nos textos,


Deus criou primeiro o homem e só depois de algum
tempo, quando se deu conta de que ele estava
sozinho, é que lhe criou uma auxiliar: a mulher.

Assim, é lógico e racional supor que devemos


entender a seguinte passagem, que informa sobre a
criação do homem, de forma realista, saindo,
portanto, do dogmatismo:

Gênesis 1,26-27: “Deus disse; ‘Façamos o


homem à nossa imagem e segundo nossa
semelhança’ […]. Deus criou o homem à sua
imagem, à sua imagem de Deus o criou,
macho e fêmea ele os criou.” (115)

Não vamos olhar a questão do ponto de vista


gramatical, que, segundo algumas pessoas, pode
estar correta, uma vez que o “os” se refere a macho
e fêmea. Levaremos pelo lado do que está narrado,
pois se aqui está dito que “Deus criou o homem” e,
como se vê nos dois passos anteriores, se diz que o
homem foi criado em primeiro lugar e
posteriormente é que a mulher foi criada e também
considerando que a imagem que somos de Deus só

141
pode ser no sentido espiritual, então, julgamos,
ficaria mais coerente se estivesse “macho e fêmea
ele o criou”, e não “os” (artigo no plural).

A nosso ver essa maneira estranha do uso do


plural fica mais evidente quando tomamos esta
outra passagem:

Gênese 5,1-2: “Eis aqui a descendência de


Adão. Deus o fez à sua semelhança no dia,
que o criou. Ele os criou macho e fêmea, e os
abençoou, e os chamou pelo nome de Adão no
dia da sua criação.” (116)

Se “Eis aqui a descendência de Adão”, então,


para nós, fica evidente que só faz sentido se fosse
utilizado o singular para todas as referências: “o
criou macho e fêmea”, “e o abençoou”; “e o
chamou pelo nome de Adão”, para finalizar “e o
chamou pelo nome de Adão”.

Considerando que “Deus é espírito, […].” (João


4,24) e que o homem foi criado à semelhança de
Deus, a lógica nos induz a concluir que, nesse exato
momento relatado em Gênesis 1,26-27, Deus
estava, na verdade, criando o Espírito humano, e
este, sim, foi criado “macho e fêmea”.

142
Isso faz sentido, pois, no simbolismo da
narrativa em que Deus tira a mulher da costela do
homem, temos a prova retumbante que o homem,
ainda que do ponto de vista físico, continha, em si
mesmo, a parte feminina.

Ademais, podemos também corroborar isso


com algo contido na obra Apócrifos IV: Os
proscritos da Bíblia, de autoria de Maria Helena
de Oliveira Tricca, especificamente no capítulo
intitulado “O Livro dos Jubileus”, que os estudiosos
julgam ter sido escrito no Século II a.C., no qual se
lê:

E no sexto dia ele criou todos os animais da


terra, o gado e todas as coisas viventes. E depois
disso tudo, ele criou o homem, e criou-o macho
e fêmea, deu-lhe domínio sobre tudo na terra, […].
[…] Durante estes cinco dias, Adão viu que em
cada espécie havia o macho e a fêmea; ele,
porém, estava sozinho. […] O Senhor nos disse:
'Não é bom que o homem esteja sozinho. Dar-lhe-
ei uma ajudante', Mandou pois Deus […] um
profundo sono a Adão, e quando dormiu, tirou
Deus uma de suas costelas para dar existência
a uma mulher. Esta foi a origem da mulher. […].
(117)

143
Portanto, se a nossa linha de raciocínio estiver
correta, no que, sinceramente, acreditamos, Deus ao
criar o Espírito humano o criou “macho e fêmea”, ou
seja, o criou com o psiquismo duplo.

Mas se bem observamos, veremos que a


semelhança biológica entre “macho e fêmea” é
insignificante, como ficará claro nesta imagem que
elaboramos (118):

A diferença dos cromossomos, que nos fazem


biologicamente homens ou mulheres, representa
apenas 4,35% dos 46 cromossomos de que somos
formados – 23 do pai e 23 da mãe. É ou não

144
insignificante?

Com o materialismo ainda dominando o meio


científico (até quando?), acreditamos que, a
continuar seguindo por esse caminho, dificilmente
se encontrará as verdadeiras causas que
efetivamente venham explicar a homossexualidade.

Vejamos esta interessante reportagem da


jornalista Marília Juste, intitulada Homem gay tem
cérebro feminino, comprova estudo, publicada
na Coluna “Ciência e Saúde/Neurociência” do “Portal
G1”, sobre determinada pesquisa científica que
busca identificar o que fisicamente tem o
homossexual de diferente das pessoas que, no
ponto de vista usual, seriam normais:

Homem gay tem cérebro feminino,


comprova estudo
Da mesma maneira, cérebro de lésbica parece
o de um homem heterossexual.
Estudo dá as provas mais sólidas de que a
orientação sexual é característica biológica.
Marília Juste
Do G1 [16/06/2008], em São Paulo

O cérebro de um homem gay é mais parecido

145
com o de uma mulher do que com o de um homem
heterossexual. É o que mostra um estudo feito na
Suécia e divulgado nesta segunda-feira (16), que
revelou as provas mais sólidas até hoje de que a
sexualidade não é uma opção, mas uma
característica biológica.

A equipe de Ivanka Savic, do Instituto


Karolinska, mostrou, com a ajuda da ressonância
magnética, que o tamanho e a forma do cérebro
variam de acordo com a orientação sexual. O
cérebro de um homem gay parece o de uma
mulher hétero – com os dois hemisférios mais ou
menos do mesmo tamanho. O de uma lésbica, no
entanto, parece o de um homem hétero – pois os
dois têm o lado direito um pouco maior que o
esquerdo.
Trabalhos anteriores já tinham detectado uma
diferença na atividade cerebral, mas eles
analisaram apenas a resposta sexual dos
indivíduos. Por exemplo, na hora de ver um rosto

146
atraente. Esse tipo de coisa, afirma Savic, pode ter
sido “aprendida” ao longo dos anos. Por isso, a
pesquisadora preferiu estudar parâmetros fixos,
como o tamanho e a forma do cérebro, que se
mantêm os mesmos desde o nascimento.
A equipe também analisou o fluxo de sangue na
amígdala, a área do cérebro que controla o
aprendizado emocional, o humor e a
agressividade. Novamente, o padrão masculino
homossexual correspondeu ao feminino
heterossexual e vice-versa.
Ao todo, o grupo estudou 90 participantes (25
heterossexuais e 20 gays de cada um dos sexos).
Os resultados foram apresentados na edição desta
semana da revista da Academia Nacional de
Ciências dos Estados Unidos, a “PNAS”. (119)

Pode ser que essa pesquisa leve alguns


cientistas a achar que conseguiram o feito de provar
que o físico é a origem desse comportamento; mas,
se isso acontecer, diremos que estão comemorando
vitória antes do tempo, uma vez que, ainda aqui,
não prevalece a matéria sobre o Espírito.

Nós, os espíritas, sabemos que o Espírito,


usando uma das funções do seu perispírito, é que
modela o próprio corpo físico, portanto, a causa do
que se está constatando nestes exames, com o uso

147
da ressonância magnética, é, a nosso ver,
puramente espiritual.

Veja, caro leitor, algo bem curioso que


encontramos em Reencarnação – questão de
lógica, do pesquisador Dr. Américo Nunes:

A ciência, através da embriologia, afirma


que, até a oitava semana da vida intrauterina, a
genitália do embrião corresponde a ambos os
sexos, sendo denominada de gônada
indiferenciada ou primordial. Portanto, a polaridade
sexual do bebê em desenvolvimento, no cadinho
materno, somente pode ser identificada pelo
exame ultrassonográfico gestacional, a partir
desse momento em diante. (120)

Na observação dos órgãos genitais internos


do embrião, nota-se que existem componentes
dos dois sexos, correspondendo a um
organismo bissexual, com estruturas
primordiais gonadais e genitais idênticas nos
dois sexos. No início do terceiro mês de
gestação, inicia-se a formação do órgão sexual e
começa a diferenciação do sexo. (121)

Somos tão biologicamente semelhantes, que,


“até a oitava semana, a genitália do embrião
corresponde a ambos os sexos”. Fantástico isso!

148
Vejamos o que pode acontecer, caso ocorra
algum “acidente de percurso”:

Não há nenhuma informação sobre este caso,


somente consta essa imagem ( 122), postada em 12
de junho de 2018, na página do Facebook Mon
Historie 243 (123).

Mais um caso recente (124):

149
Ora, se o nosso biológico não contivesse
ambas as características – masculinas e femininas –,
não teria como ocorrer o que aconteceu, por
exemplo, com essa criança da foto, que nasceu com
os dois sexos, que, popularmente, se diz
hermafrodita, cuja definição pelo Houaiss é:

Hermafrodita: 1 BIO que ou o que tem


concomitantemente os órgãos reprodutores de
ambos os sexos ou apresenta características
sexuais secundárias masculinas e femininas (diz-
se de organismo, indivíduo etc.); andrógino,
bissexual, ginandro 1.1 MED que ou quem
apresenta, concomitantemente, tecido ovariano e

150
testicular 1.2 MORF.BOT que ou o que apresenta
androceu e gineceu (diz-se de flor).

O escritor Jorge Hessen, no artigo


Intersexualidade, o ser humano não se reduz à
morfologia de ‘macho’ ou ‘fêmea’, esclarece-nos
que:

A palavra intersexual é preferível ao termo


hermafrodita, já bastante estigmatizado,
precisamente porque hermafrodita se referia
apenas à questão dos genitais visíveis. Alguns
intersexuais podem ser considerados como
transgêneros. Porém, tanto a intersexualidade
quanto a transexualidade são temas polêmicos,
e menos discutidos do que deveriam. Talvez por
isso não se compreenda exatamente do que se
trata, e essa condição seja motivo de tantos
casos de preconceito. (125)

No livro Sexualidade e Saúde Espiritual:


reflexões sobre Sexo, Sexualidade e
Sexualismo, organizado por Alírio de Cerqueira
Filho, os Espíritos explicam algo a respeito do
hermafroditismo, no tópico “Síndromes genéticas e
sexualismo” do item 2.4 – Parafilias (distúrbios da
sexualidade). Vejamos:

151
“Muito diverso é o estado quando e constituem
as deformidades físicas na Humanidade. O ser
humano já conquistou o senso moral e, por isso
mesmo, passa a sentir os impactos das
transformações genéticas em si mesmo. Isso não
constitui numa obra meramente do acaso das
alterações da matéria ou das forças genésicas
propriamente ditas, nem, tampouco, apenas, das
forças genéticas com a mudança dos
cromossomos. Constitui expiação em que o
Espírito é colocado, no corpo transformado
geneticamente, por questões de suas escolhas
indébitas no passado.
“No caso do chamado hermafroditismo, por
exemplo, temos, nessa experiência, um
Espírito que, transitando entre uma polaridade
e outra, a masculina e a feminina, e não
conseguindo se organizar perispiritualmente,
porquanto a sua mente aturdida não se colocou na
postura adequada perante as suas forças
genésicas, reencarna em um corpo com
características duplas: tanto feminina, quanto
masculina, mas que se constitui para ele, o
Espírito, numa oportunidade singular de lidar
fisicamente com essa experiência que, aliás, é
de alto impacto para o seu psiquismo.
“Por que essa experiência acontece no corpo?
Porque no corpo, por meio da experiência da Lei
do Esquecimento, em que o Espírito, agora,
consegue se fixar apenas na personalidade que
lhe é peculiar naquela reencarnação, passando
pelo impacto da experiência da desordem
genética, ele passa a lidar emocional e
moralmente com as consequências de suas

152
escolhas anteriores.
“Nenhuma justiça haveria, por parte da
Providência Divina, se permitisse que um
Espírito, que tem a sensibilidade moral e que
entende as consequências do que lhe acontece,
simplesmente habitasse um corpo de natureza
geneticamente modificada, em deformidades
dessa ordem, só pela experiência em si,
porquanto os impactos morais, que lhe causam
essa experiência, são muito grandes. Não se
trata apenas, então, de uma experiência material,
mas de um convite à reparação, por meio da
expiação que o Espírito toma para o reequilíbrio
das suas forças sexuais.” (126)

Sim, há que ter uma explicação razoável para


esses casos, a Justiça Divina não utiliza “castigos”,
mas corretivos, visando proporcionar a plena
reabilitação do devedor.

Em sua outra obra intitulada Sexualidade à


Luz da Doutrina Espírita, Dr. Américo Nunes
informa-nos que:

Alguns setores científicos acreditam ser a


orientação homossexual determinada por
fatores genéticos, teoria reforçada a partir dos
anos 90 com o geneticista americano Dean
Hamer, anunciando a descoberta de uma região
do cromossomo X, que abrigaria um gene

153
relacionado à orientação sexual do indivíduo. Tal
afirmação recebeu o respaldo científico,
somente, por algum tempo, não tendo mais
credibilidade e sustento, porquanto foi
desacreditada, inicialmente, por um grupo de
pesquisadores canadenses. (127)

Os cientistas ainda insistem em bater à porta


errada. Até quando?!

Carolina Secundino Treigher, no artigo


Homossexualidade à Luz da Doutrina Espírita,
publicado no site do “Centro Espírita José Francisco
dos Reis”, a certa altura nos informa.

Em suma, a energia
sexual ou força do amor
é aquela que promove a
união criativa entre dois
polos opostos de uma
mesma realidade. O
diagrama do Tai Chi,
aqui ilustrado, é muito
conveniente para explicar a relação entre os
opostos. Significa que os contrários emergem
um do outro. Como no diagrama, nós enquanto
espíritos imortais, possuímos ambos os polos
sexuais, que são o feminino e o masculino. O
equilíbrio consiste em manter esta harmonia de
relação entre os contrários. No Taoismo as
polaridades são denominadas Yin e Yang. […].

154
(128)

Mais uma fonte que vem nos informar que


nosso psiquismo é duplo.

Em nossa pesquisa vimos algumas referências


à Escala Kinsey, consultando a enciclopédia
Wikipédia encontramos a seguinte informação
sobre o seu autor:

Alfred Charles Kinsey (1894-1956) foi um


entomologista [especialista que estuda os insetos]
e zoólogo norte-americano. Em 1947, na
Universidade de Indiana,
fundou o hoje chamado
‘Instituto Kinsey para
Pesquisa sobre Sexo,
Gênero e Reprodução’.
Suas pesquisas sobre
a sexualidade humana
influenciaram
profundamente os
valores sociais e
culturais dos Estados
Unidos, principalmente
na década de 1960, […]. Ainda hoje, suas obras
são consideradas fundamentais para o
entendimento da diversidade sexual humana. (129)

155
O norte-americano Frans de Waal (PhD) é um
primatólogo e etólogo, tornou-se doutor em biologia
pela Universidade de Utrecht, em Eu, Primata, faz
menção à pesquisa de Kinsey:

[…] Algumas pessoas são heterossexuais,


outras são homossexuais, e há quem aprecie a
variedade de parceiros. Além disso, essas
qualificações parecem arbitrárias. O pioneiro
americano das pesquisas sobre sexo Alfred
Kinsey situou as preferências humanas em um
continuum regular, opinando que o mundo não
se divide em ovelhas e bodes e que nossas
habituais distinções não são obra da natureza,
mas da sociedade.
A ideia de Kinsey é corroborada por estudos
comparativos de culturas, os quais indicam
imensa variação nas atitudes relacionadas com o
sexo. A homossexualidade, em algumas
culturas, é livremente expressa, e até
incentivada. Nesse sentido os gregos antigos são
logo lembrados, mas podemos citar também a
tribo aranda, da Austrália, onde um homem adulto
vive sexualmente com um menino até que o
primeiro esteja pronto para se casar com uma
mulher. Ali também as mulheres massageiam o
clitóris de outras por prazer. Para os keraki, da
Nova Guiné, as relações sexuais com homens são
parte dos ritos de puberdade de todo menino, e
existem outras culturas nas quais os meninos
praticam a felação em homens mais velhos para
ingerir esperma, que supostamente lhes dá força

156
viril. Essas culturas contrastam com outras que
cercam a homossexualidade de medo e tabus,
especialmente para os homens, que a disfarça
ressaltando sua heterossexualidade. Nenhum
homem heterossexual quer ser tomado por
homossexual. A intolerância obriga todos a trinchar
sua sexualidade e escolher entre as partes, dando
a impressão de tipos separados, muito embora, no
fundo, possa existir uma ampla gama de
preferências, inclusive indivíduos sem
130
preferência alguma. ( )

Em Estamos Prontos: Reflexões sobre o


desenvolvimento do espírito através dos
tempos, a Escala Kinsey também é mencionada
pelo Espírito Hammed, recebendo a seguinte nota
da editora:

A Escala Kinsey (Alfred Kinsey) tenta delinear o


comportamento sexual de uma pessoa ao longo
do tempo e em seus episódios num determinado
momento. Ele usa uma escala iniciando em zero,
com o significado de um comportamento
exclusivamente heterossexual, e terminando em
seis, para comportamentos exclusivamente
homossexuais, também dizendo que existe uma
graduação entre os dois polos sexuais. Em
estudos posteriores, Alfred Kinsey e Wardell
Pomeroy publicaram livro acrescentando ou
introduzindo ainda os assexuais. (131) (grifo do
original)

157
Na seguinte imagem (132) temos a Escala
Kinsey, que é a representação gráfica do resultado
de sua pesquisa relacionada à sexualidade humana:

No ponto 1 da Escala Kinsey, por exemplo,


temos: 20% de psiquismo masculino, e 80% de
feminino, indo progressivamente dos pontos
intermediários, até que no ponto 5, a situação se
inverte, para 80% masculino, contra 20% feminino.

Aqui, como o dissemos antes, vale relembrar


Irmão Félix que, em Sexo e Destino, disse:
“Homens e mulheres, em espírito, apresentam certa
percentagem mais ou menos elevada de

158
característicos viris e feminis em cada indivíduo.”
(133) Ora, é exatamente isso que julgamos se pode
depreender da Escala Kinsey.

Trazemos o que o Dr. Américo Nunes fala


sobre a pesquisa de Kinsey, em Sexualidade à Luz
da Doutrina Espírita:

Pelos estudos da Doutrina, sabemos que os


seres espirituais estão evoluindo e muitos
estacionam, por muito tempo, nos diversos
degraus da sexualidade desenfreada,
confirmando o pesquisador Kinsey, quando
relata que não há classificação sexual estática.
Pode o indivíduo transitar pela
heterossexualidade, sem ou com traços
homossexuais acidentais, caminhar pela
homossexualidade com traços de
heterossexualidade acidentais e pela
134
homossexualidade exclusiva. ( )

A descoberta de Kinsey de “que não há


classificação sexual estática”, vem muito a calhar,
pois, caso abramos a nossa mente, poderá nos
ajudar na maior compreensão do tema.

Como por várias vezes mencionamos o termo


psiquismo, será de bom tom ver em Memórias,

159
sonhos, reflexões, o que Carl Gustav Jung
(1875-1961), psiquiatra e psicoterapeuta suíço,
poderia nos dizer. Consultando o glossário dessa
obra lemos o que nele consta sobre “anima e
animus”:

Anima e animus – Personificação da natureza


feminina do inconsciente do homem e da natureza
masculina do inconsciente da mulher. Tal
bissexualidade psíquica é o reflexo de um fato
biológico; o maior número de genes masculinos
(ou femininos) determina os sexos. […] C. G.
Jung: “Desde a origem, todo homem traz em si a
imagem da mulher; não a imagem desta ou
daquela mulher, mas a de um tipo determinado.
[…] O mesmo acontece quanto à mulher. Ela
também traz em si uma imagem do homem.
[…].” (135)

Não podemos deixar de ressaltar que, em


Jung, considerado o fundador da Psicologia Analítica,
temos mais uma fonte que nos conduz ao psiquismo
duplo do ser humano.

Na obra O Livro Vermelho, Jung faz novas


considerações sobre o tema:

O que se passa com a masculinidade? Sabes

160
quanta feminilidade falta ao homem para seu
aperfeiçoamento? Sabes quanta masculinidade
falta à mulher para seu aperfeiçoamento? Vós
procurais o feminino na mulher e o masculino no
homem. E assim há sempre apenas homens e
mulheres. Mas onde estão as pessoas? Tu,
homem, não deves procurar o feminino na
mulher, mas deves procurá-lo e reconhecê-lo
em ti, pois tu [o] possuis desde o começo. Mas
gosta de desempenhar o papel da masculinidade,
porque isto flui pelo caminho desimpedido do
tradicional. Tu, mulher, não deves procurar o
masculino no homem, mas deves aceitar em ti
o masculino, pois tu o possuis desde o
começo. Mas isto te diverte e é fácil fazer o papel
de mulherzinha, por isso o homem te despreza o
feminino. Mas a pessoa é masculina e feminina,
não é só homem ou só mulher. De tua alma não
sabes dizer de que gênero ela é. Mas se prestares
bem atenção, verás que o homem mais masculino
tem alma feminina, e que a mulher mais feminina
tem alma masculina. Quanto mais homem és,
tanto mais afastado está de ti o que a mulher
realmente é, pois o feminino em ti mesmo te é
estranho e desprezível. (136)
[…].
É difícil para o homem mais masculino aceitar
seu feminino, pois lhe parece ridículo, sinal de
fraqueza e de deselegância. Sim, parece-te como
se tivesses perdido todas as virtudes, como se
tivesses sido rebaixado. O mesmo se dá com a
mulher que aceita seu masculino. (137) Parece-te
uma escuridão. Tu és escravo daquilo que
precisas em tua alma. O homem mais masculino

161
precisa da mulher, pois isso é seu escravo. Torna-
te tu mesmo mulher (138), e ficarás livre da
escravização à mulher. Não te é permitido
abandonar a mulher enquanto não souberes
caçoar de toda tua masculinidade. Fica-te bem
usar uma vez vestes femininas: vão zombar de ti,
mas à medida que te tornar mulher, alcançaras a
liberdade em relação à mulher e de sua tirania. A
aceitação do feminino leva ao
aperfeiçoamento. O mesmo vale para a mulher
que aceita seu masculino. (139)

Mantém a mesma linha de raciocínio anterior,


mas aqui, ao final da fala de Jung, encontramos algo
interessante: “A aceita do feminino leva ao
aperfeiçoamento. O mesmo vale para a mulher que
aceita o seu masculino”, parece-nos que está nos
dizendo que isso faz parte do nosso processo
evolutivo.

Em Recordações de Vidas Passadas, a


psicóloga Helen Wambach, apresenta o resultado
da pesquisa (1976) em 804 indivíduos, na qual se
tem forte indício de que, de fato, os Espíritos
nascem algumas vezes como homens, outras como
mulheres. Com gráfico seguinte (140), tabulou o item
da sua pesquisa, que diz respeito a encarnações em

162
corpo masculino ou feminino:

Neste gráfico se vê que os indivíduos


pesquisados se mantiveram na linha média da
humanidade com relação à população de homens e
mulheres.

Assim, cada indivíduo teve experiência de vida


em ambos os sexos, isso é fantástico, pois fecha
exatamente com o histórico da humanidade, que
gira em torno dos 50%.

Esse resultado, segundo ela, é bem

163
consistente, pois, no universo de pacientes, as
mulheres representavam 78% deles.

Segundo Wambach, por pesquisas, sabe-se


que as mulheres demonstravam uma intenção de vir
como homens na encarnação seguinte, o que faria o
resultado, caso fosse produto da imaginação,
apresentar um maior número de indivíduos homens,
portanto, não se manteria a média histórica.

Em Vida antes da Vida, Helen Wambach


pergunta aos pacientes: “Escolheu você o próprio
sexo antes do nascimento?”, vejamos o que ela
conta:

[…] o impressionante resultado das respostas a


esta pergunta na minha pesquisa consiste em
constatar que nenhum dos 750 pacientes sentiu
que “seu próprio ego” era masculino ou feminino.
“O próprio ego” em desenvolvimento, que se
movimenta e acumula experiências, ao longo
de muitas existências está, na realidade, acima
das disparidades sexuais e deverá incorporar
ambas as experiências, vale dizer, os
princípios masculino e feminino, com vistas a
atingir entendimento mais profundo. (141)

Se o ego, quer dizer, nosso psiquismo, “deverá

164
incorporar ambas as experiências, vale dizer, os
princípios masculino e feminino”.

Isso corrobora o fato de que buscando o


aprendizado, reencarnamos em ambos os sexos, e
que, num futuro, que não se pode precisar, o nosso
psiquismo convergirá para ser o somatório dessas
experiências.

Sobre o que surge na terapia regressiva, em


Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, encontramos uma interessante informação
que nos passa o Dr. Andrei Moreira:

Experiências em terapias regressivas revelam


que muitos indivíduos vivenciam a identidade
homossexual ou bissexual por vidas sucessivas,
em diferentes culturas, o que representa um
desafio de disciplina emocional quando ocorre o
desejo de vivenciar a heterossexualidade na
formação da família tradicional e no compromisso
de reencontro com os Espíritos afins, em
diferentes sexos. (142)

Resumindo o que até aqui levantamos nas fontes


utilizadas que apontam o psiquismo como sendo duplo,
ou seja, somos psiquicamente bissexuais.

165
O interessante disso tudo é que, em nossa
pesquisa, não fomos à procura de provar esse
psiquismo duplo, ele surgiu naturalmente das fontes
consultadas no decorrer dela.

Curioso também é o fato de que ela convergiu


exatamente para o que o Dr. Andrei Moreira, diz
em Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, de onde transcrevemos mais duas fontes
citadas por ele, visando completar essa nossa lista
acima:

É importante observar que Freud já salientava

166
que o homem é potencialmente bissexual:
“Em todos nós, no decorrer da vida, a libido
oscila normalmente entre objetos masculinos e
femininos (…) A psicanálise possui uma base
comum com a biologia, ao pressupor uma
bissexualidade original nos seres humanos
(como nos animais)”. (143) (144)

Jorge Andrea (145), estudando o psiquismo e a


energia sexual humana, elaborou um modelo que
demonstra algo semelhante [se referindo à Escala
Kinsey]. Narra-nos ele que todo ser humano traz
dentro de si as energias sexuais masculinas e
femininas. A presença quase exclusiva de
qualquer uma das duas é característico de
processo evolutivo em fase inicial, visto que o
Espírito, vivenciando ambos os sexos, vai
armazenando em si a memória da experiência e
a qualidade energética que lhe forma o
psiquismo. (146)

Vale relembrar Emmanuel, que, em Vida e


Sexo, disse: “A homossexualidade […] não encontra
explicação fundamental nos estudos psicológicos
que tratam do assunto em bases materialistas, […].”
(147)

Quanto às causas da homossexualidade o Dr.


Andrei Moreira, em Homossexualidade Sob a
Ótica do Espírito Imortal, apresenta-nos o item

167
“Pesquisas em busca de causas biológicas para a
homossexualidade”, citando:

 Análises hormonais

 Análises genéticas

 Análises anatômicas

 Análises cognitivas

Um trecho de sua conclusão:

[…] as limitações, tanto da metodologia


científica, quanto das interpretações e
generalizações dos resultados, têm impedido a
obtenção de evidências que expliquem totalmente
a homossexualidade ou todos os tipos de
experiência. Não há dúvida de que não há
conclusão definitiva até o momento na ciência
para explicar a natureza da gênese e
manifestação da orientação afetivo-sexual
homossexual (mesmo a heterossexual
permanece um desafio, em verdade). (148)

As explicações materialistas com suas


possíveis causas, não levarão a Ciência a encontrar
a verdadeira origem de alguns casos de
homossexualidade, uma vez que ela reside, como já
dito, no ser espiritual que todos somos.

168
No site da revista
Veja, com data de 9 de
maio de 2016,
encontramos a
reportagem de Fernanda
Allegretti, com o título
de Crianças trans não estão fingindo Elas
existem, na qual menciona Shiloh (a criança da
imagem) filha da atriz Angelina Jolie:

Em entrevista a Oprah Winfrey em 2008, Brad


Pitt disse que Shiloh, a primeira de seus três
filhos biológicos com Angelina Jolie, só queria
ser chamada de John. “John ou Peter. Eu digo:
‘Shi, você quer suco?’ E ela: ‘John. Eu sou John’.”
Shiloh tinha então 2 anos. Em 2010, falando à
Vanity Fair, Angelina contou que a filha, àquela
altura com 4 anos, gostava de se vestir como
menino e queria ser um menino. Em 2014,
Shiloh, hoje prestes a completar 10 anos,
apresentou-se de terno e gravata à cerimônia de
estreia de um filme dirigido pela mãe. Brad Pitt e
Angelina Jolie estão certos em apoiar o
comportamento da filha? Deveriam desestimulá-
lo? O que eles fazem ou deixam de fazer afetará o
futuro de Shiloh? Há pouquíssima informação
científica para orientar pais em situação como a do
casal de atores. Mas um raro estudo com
crianças transgênero, publicado no ano
passado no jornal Psychological Science, pode

169
ajudar a jogar luz sobre a questão. O trabalho foi
liderado pela psicóloga Kristina Olson, da
Universidade de Washington. Nele, 32 crianças
transgênero, com idade entre 5 e 12 anos,
foram submetidas a exames como Teste de
Associação Implícita para medir a velocidade
com que associavam aspectos de gênero
masculino e feminino à própria identidade. Os
autores concluíram que as crianças trans
mostraram uma identificação tão automática com o
gênero que escolheram quanto as crianças
cisgênero (que, ao contrário das trans, identificam-
se com seu sexo de nascimento). A conclusão de
Kristina: “Embora sejam necessários mais
estudos, nossos resultados mostram que as
crianças trans não são confusas, rebeldes nem
estão simplesmente fingindo ser o que não
são. Crianças trans existem, e a identidade que
cultivam está bastante arraigada nelas”. (149)

Essas pesquisas são importantes, pois aos


poucos a Ciência, ainda que a passos de tartaruga,
vai desvendando esse “mistério”.

É uma pena que os cientistas agem com muita


timidez, são raros os que se aventuram a fazer este
tipo de pesquisa, com receio de serem
achincalhados pelos pares.

No site do “Centro de Estudos das Relações de

170
Trabalho e Desigualdades”, temos a reportagem
Nova York agora reconhece 31 diferentes tipos
de gênero, datada de 02/06/2016, autoria de Vitor
Paiva, destacamos este trecho:

Não há, afinal, nenhuma época histórica em


que as identidades de gênero não fossem
múltiplas. Em Nova York, porém, a Comissão dos
Direitos Humanos decidiu por oficializar essa
multiplicidade, rumo a um futuro em que todo
mundo possa se sentir devidamente identificado.

A medida é ampla e irrestrita: no lugar de


somente duas ou três identidades oficiais, a
Comissão apontou nada menos que trinta e uma
nomenclaturas de gênero para serem usadas
em âmbitos profissionais e oficiais. E ai de
quem se recusar a fazê-lo, pois os processos
podem chegar a seis dígitos, caso fique claro que
a pessoa se negou, apesar dos pedidos e dos

171
esclarecimentos de outrem. (150)

Ainda chegaremos lá, basta apenas a Ciência


descobrir que somos Espíritos.

Uma opinião que, também, gostaríamos de


trazer é a do médico Dr. Drauzio Varella, pela
popularidade que tem junto ao nosso povo. Vejamos
o que ele diz no artigo Gay e heterossexuais
incuráveis, publicado em seu site:

Sempre houve e haverá mulheres e homens


que desejam pessoas do mesmo sexo, porque
essa é uma característica inerente à condição
humana. Com persistência e determinação, eles
podem controlar o comportamento sexual, mas o
desejo não. O desejo é uma força da natureza
mais íntima de cada um de nós; é água que corre
montanha abaixo.
Os fatores genéticos e as interações sociais
envolvidas no comportamento sexual são de tal
complexidade, que só a ignorância crassa é
capaz de propor simplificações. (151)

O que vem acontecendo é que muitos


daqueles que se sentem num “corpo errado”,
buscam, como última alternativa, a opção de fazer a

172
cirurgia para a mudança de sexo, no sentido de
compatibilizar seu psiquismo com o corpo biológico,
ainda que adaptado para tal. É o tema que
trataremos no próximo tópico.

Vejamos a opinião do dr. Jokin de Irala,


médico e investigador da Universidade de Navarra,
contida no artigo Como cientista, posso afirmar,
que a homossexualidade não é inata; do qual
transcrevemos:

– Há alguma prova científica de que se nasce


homossexual?
– Como cientista, diria que a
homossexualidade se produz, não é inata,
decididamente. Deve-se dizer que, de fato, não
existe nenhuma evidência científica que apoie
a teoria genética da homossexualidade ou que
ela possa ser inata. Os especialistas em
homossexualidade que trabalham em associações
científicas como a NARTH nos EUA (Associação
Nacional de Investigação e Terapia da
Homossexualidade) afirmam que se trata de um
desenvolvimento inadequado da identidade
sexual. Por isso, deveríamos pelo menos aceitar
que o debate científico sobre este tema possa
continuar existindo. (152)

Eis aí o contraste entre alguém que busca a

173
causa na matéria, e aquele que vê a fonte em algo
bem maior e mais importante que ela.

Agora veremos a ingenuidade, sentimos muito


mas é como vemos, de uma das respostas do dr.
Jokin de Irala:

– E quais seriam as causas desta conduta?


– Há diversas causas possíveis, mas parece
que a maioria dos casos de homossexualidade
se deve à falta de identificação dentro da
família com a figura do homem ou da mulher.
Tornou-se muito comum a imagem do pai
autoritário, passivo, ausente da vida de um rapaz
que talvez seja sensível e perfeccionista. Ou de
uma mãe muito possessiva do ponto de vista
emocional. Este é um dos principais caminhos
que conduzem à homossexualidade. (153)

Nunca vimos tamanho disparate vindo de


alguém com título acadêmico, que deveria ter mais
mente aberta para essa delicada questão. Quem
sabe se ele lesse mais autores espiritualistas
poderia dar certo?

174
Ideologia de gênero

A expressão “ideologia de gênero” propagou-


se intensamente nos últimos tempos, por isso é
preciso falar um pouco sobre ela. Recorreremos ao
artigo Você sabe o que é ideologia de gênero?,
publicado no site “Escola e Educação” para ver o
seu conceito:

[…] A expressão foi criada pelos propositores


das ideias que determinam que o gênero seja
considerado a partir de construções sociais.
O primeiro registro da expressão foi feito em
1994, na obra “Who stole the feminism?”, em
tradução para o português, “Quem roubou o
feminismo?”, da autora norte-americana Christina
Hoff Sommers.
Como visto anteriormente, esses pensadores
afirmam que ninguém nasce homem ou mulher,
sendo os sujeitos livres para construir sua
identidade – ou seu gênero –, ao longo de toda
a vida. Sendo assim, “homem” e “mulher” são
papéis flexíveis, que podem ser representados
independente daquilo que é estabelecido
biologicamente.
A expressão começou a crescer a partir de

175
1995, em Pequim, quando foi realizada a
Conferência sobre as Mulheres. (154)

No site “Significados”, encontramos o artigo


Ideologia de gênero, revisado por Juliana
Theodoro, do qual transcrevemos:

A chamada “ideologia de gênero” representaria


o conceito que sustenta a identidade de gênero.
Consiste na ideia de que os seres humanos
nascem iguais, sendo a definição do masculino e
do feminino um produto histórico-cultural
desenvolvido tacitamente pela sociedade. (155)
(grifo do original)

Na expressão, o termo “gênero” é usado para


designar o sexo. Ora, biologicamente nascemos com
sexo definido, o que não significa dizer que nosso
psiquismo esteja ajustado a ele, quando não está,
diz-se “disforia de gênero”.

Na revista Reformador, publicação oficial da


FEB, há um artigo intitulado Discussão sobre
gênero, assinado por Marta Antunes Moura, do qual
transcrevemos o seguinte trecho:

176
O termo “ideologia de gênero” passou a ser
de uso comum, mesmo considerando a
impropriedade das ideias e das posições radicais
da ideologia serem conduzidas às escolas para
debates e posições consideradas educativas.
Basicamente, a ideologia de gênero consiste na
afirmação de que os seres humanos nascem
iguais porque a definição de masculino e de
feminino é mero resultado histórico-cultural,
desenvolvido pela sociedade. Os ideólogos
desta posição não encontram respaldo científico e
entram em rota de colisão com princípios éticos da
prática médica, ainda que justifiquem suas
posições como uma forma de evitar o preconceito,
a homofobia e a violência contra as minorias não
heterossexuais. Para os defensores da ideologia
de gênero, não existem apenas os gêneros
masculino e feminino, mas um espectro que
pode ser livremente escolhido pelo indivíduo
até que ele defina a qual gênero prefira se
manifestar na sociedade.
Em termos biológicos e genéticos, contudo,
esta afirmação é equivocada e pode gerar graves
problemas: nascemos com um sexo biológico
definido pelos cromossomos X e Y, que são
marcadores genéticos configurados aos pares, na
forma de XY ou XX e que representam homens e
mulheres, respectivamente. (156) A Ciência explica
claramente e sem qualquer margem de dúvida,
que a sexualidade humana é binária, surgida
evolutivamente com o propósito de reprodução,
sobrevivência e manutenção da espécie Homo
sapiens. (157) (itálico do original)

177
Se partirmos do ponto de vista biológico, fora
a excepcionalidade do hermafrodita, temos dois
sexos: homem e mulher. Quanto a questão do
psiquismo a variação é grande, como será visto.

Como o indivíduo, na verdade, definirá a sua


polaridade psíquica por aquela que por mais vezes
seguidamente reencarnou, então, qualquer coisa
que se falar sem levar isso em conta, é tecer
argumento sobre algo que não se tem a menor
ideia, ou seja, falar daquilo que não se conhece.

Afirma Marta Antunes “A identidade de gênero


é de natureza psíquica e está relacionada às
experiências reencarnatórias anteriores.”(158),
portanto, a identidade de gênero não é considerada
a partir das construções sociais, mas, sim, a partir
das experiências pessoais de cada um, ao longo de
suas várias reencarnações.

O que gera essa celeuma toda em relação ao


tema é exatamente pelo fato de não se levar em
conta a lei do progresso, na qual a reencarnação
tem um fator decisivo e fundamental.

Marta Antunes, no artigo citado, ainda nos

178
informa que:

Em agosto de 2016, a médica estadunidense,


Michelle Cretella, presidente do American College
of Pediatricians (ACPeds) (Associação Americana
de Pediatras), publicou relevante estudo de
revisão da literatura científica relacionada à
Disforia de Gênero (DG), termo utilizado para
indicar o sofrimento psicológico e emocional
decorrentes do conflito entre a identidade de
gênero e o sexo biológico. (159)

O site “Gazeta do Povo”, traduziu esse


documento de Michelle Cretella, intitulado Gender
Ideology Harms Children (Ideologia de gênero
prejudica as crianças) (160), dele transcrevemos:

A disforia de gênero (DG) na infância é um


termo que descreve uma condição psicológica
na qual a criança sente uma incongruência
nítida entre o gênero que ela sente ter e o
gênero associado a seu sexo biológico. Essas
crianças frequentemente manifestam a crença de
que são do sexo oposto. (161) (162)

Se não houver nenhum fator externo que


venha provocar na criança essa disforia, o mais
provável é que seu psiquismo seja contrário ao sexo

179
biológico, o que, por questão de lógica, não temos
como não ver senão como um fato natural.

Fechando esse capítulo, não podemos deixar


de transcrever o seguinte trecho do artigo de Marta
Antunes:

Em razão do preconceito existente na


sociedade, das desinformações relacionadas ao
assunto, aos equívocos e limitações da educação
familiar e escolar, pessoas que apresentam
dificuldades na identidade de gênero merecem
ser acolhidas com amor e respeito, porque raras
são aquelas que não apresentam algum grau de
sofrimento psíquico ou de disforia de gênero,
sobretudo devido às agressivas manifestações da
transfobia: preconceito, ódio e violência dirigida às
pessoas transgêneras. (163)

Acreditamos que essa deveria ser sempre a


posição a ser tomada por todos nós espíritas, cujo
conhecimento da problemática vai mais além do
aspecto biológico, para fundamentá-la no psiquismo
de cada espírito, formado ao longo de suas
reencarnações rumo a angelitude.

180
Casamento de homossexuais

Nesta imagem (164) temos uma representação


do casamento gay, usando da terminologia vulgar. O
tema, no Brasil, é algo recente, sobre o qual será
interessante falarmos alguma coisa.

Para melhor nos situarmos, recorreremos ao


artigo Você sabia que o Brasil também
reconhece o casamento gay?, de autoria da
advogada Camila A. Sardinha Rodstein, publicado no

181
site “Jusbrasil”:

O reconhecimento de casamento entre


pessoas do mesmo sexo no Brasil como
entidade familiar, por analogia à união estável, foi
declarado possível pelo STF em 05 de Maio de
2011, no julgamento conjunto da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) n.º 4277, proposta pela
Procuradoria-Geral da República, e da Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)
n.º 132, apresentada pelo governador do Estado
do Rio de Janeiro.
De tal forma, desde 2011 se reconhece a
união estável homoafetiva no Brasil, com todos
os mesmos direitos da união estável entre um
homem e uma mulher.
Em 14 de Maio de 2013, o Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução que
obriga todos os cartórios do país a celebrar
casamentos entre pessoas do mesmo sexo. O
presidente do CNJ afirmou que a resolução
remove “obstáculos administrativos à efetivação”
da decisão do Supremo, em 2011. (165)

Apesar de ter sido declarado possível em maio


de 2011, somente dois anos depois é que saiu uma
resolução do CNJ obrigando os cartórios a celebrar
casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Como é temática surgida tempos depois da

182
Codificação, somente poderemos apresentar
opiniões pessoais de estudiosos da Doutrina Espírita.

Em Homossexualidade Sob a Ótica do


Espírito Imortal, no capítulo intitulado “Casamento
gay ou união homoafetiva”, o autor Andrei Moreira,
cita uma fala da desembargadora Maria Berenice
Dias, que julgamos bem oportuno transcrever:

“Não assegurar qualquer garantia nem


outorgar quaisquer direitos às uniões
homoafetivas inflige o princípio da igualdade,
revela discriminação sexual e violação dos
direitos humanos, pois afronta o direito ao livre
exercício da sexualidade, liberdade fundamental
do ser humano que não admite restrições de
quaisquer ordens.” (166)

O pensamento aqui exposto vai ao encontro


dos princípios da igualdade e da liberdade de
escolha preconizados pelo Espiritismo.

Vejamos que diz o dr. Andrei Moreira:

À luz da imortalidade da alma, a união de dois


seres que se amam e se vinculam em regime
de construção conjunta no campo social e
afetivo é conquista evolutiva, e nesse quesito

183
não nos parece relevante se essas duas
pessoas são do mesmo sexo ou não.
Emmanuel foi questionado, certa vez, por
pessoas interessadas em conhecer-lhe a opinião a
respeito desse tópico:

“Será lícito duas pessoas do mesmo sexo


viverem sob o mesmo teto, como marido e mulher?
A esta indagação o Codificador da Doutrina
Espírita formulou a questão 695, em O livro dos
Espíritos, com as seguintes palavras: 'O casamento,
quer dizer, a união permanente de dois seres é
contrário à lei natural?' Os orientadores dos
fundamentos da Doutrina Espírita responderam com
a seguinte afirmação: 'É um progresso na marcha da
humanidade.' Os amigos encarnados no plano físico
com a tarefa de sustentar e zelar pelo Cristianismo
Redivivo, na Doutrina Espírita, estão aptos ao
estudo e conclusão do texto em exame”. (167)

Vale a pena observar a resposta do benfeitor.


Ele apela para a capacidade de raciocínio dos
espíritas, ao evocar o texto da Codificação a
respeito do casamento e solicitar reflexão sobre o
conhecimento à disposição da humanidade há
mais de 150 anos.
Com essa atitude, ele reforça o princípio do
trabalho do insigne codificador Allan Kardec, o
Prof. Rivail, ao dizer, subliminarmente, que a
verdade espírita não está na opinião de um ou
outro Espírito, um ou outro médium ou estudioso
destacado da doutrina, pois todos têm direito a
opiniões pessoais, podendo, inclusive, equivocar-
se. Com essa postura, Emmanuel reafirma a
importância de se buscar a verdade espírita na

184
coerência da informação, na fé raciocinada, a
única que pode encarar a razão face a face em
todas as épocas da humanidade, como nos
ensinou Kardec.
“A união permanente de dois seres representa
um progresso na marcha da humanidade”,
informam-nos os orientadores da codificação
espírita. Esse pensamento atende à lógica
reencarnacionista, pois dois seres que se vinculam
em nome do amor fortalecem-se para as
realizações sublimes na formação da família,
célula da sociedade, e nas realizações sociais
fruto dos exercícios de fraternidade desse núcleo
doméstico.
A união homoafetiva, quando baseada nos
princípios do amor, do respeito, da afinidade e da
honestidade emocional, pode gerar múltiplos
resultados positivos tanto para o indivíduo, quanto
para a sociedade. Dá origem a uma nova
qualidade de família, chamada homoparental, que
pode incluir, além dos filhos concebidos em
relações heterossexuais anteriores, filhos gerados
por inseminação artificial ou adotados, em
exercício de amor aos órfãos de afeto e carinho na
humanidade. (168)

No site da “Associação Espírita Allan Kardec”,


de São José do Rio Preto, em 13/08/2015, foi postado
o artigo Casamento Gay, de autoria de Jorge
Hessen, do qual transcrevemos o seguinte trecho:

185
União estável[casamento] entre duas pessoas do
mesmo sexo.

Ante a miopia preconceituosa do falso


purismo religioso da esmagadora maioria de
cristãos supostamente “puros”, isso é uma
blasfêmia. Isto torna o tema bastante complexo, e
não ousaríamos opinar com a palavra definitiva.
Estamos, portanto, aberto a discussões. Porém,
após refletir bastante sobre o assunto e,
sobretudo, tendo como alicerce as opiniões de
Chico Xavier, entendemos que a união estável
[casamento] entre homossexuais pode ser
legítima, até porque cada um deve saber de si
o que melhor norteia sua própria felicidade.
Só conseguiremos entender melhor a questão
homossexual depois que estivermos livres dos
(pré)conceitos que nos acompanham há muitos
milênios. Arriscaríamos afirmar que a
legalização do casamento entre duas pessoas
do mesmo sexo é um avanço da sociedade,
que estará apenas regulamentando o que de
fato já existe.
Tanto o homossexual como o heterossexual
devem buscar a sua reforma interior, não cedendo
aos arrastamentos provocados pelos impulsos
instintivos e sensuais. Lembremos: o que é ilícito
ao hétero, também o é ao homossexual.
Ambos precisam “distinguir no sexo a sede de
energias superiores que o Criador concede à
criatura para equilibrar-lhe as atividades, sentindo-
se no dever de resguardá-las contra os desvios
suscetíveis de corrompê-las. O sexo é uma fonte
de bênçãos renovadoras do corpo e da alma”.

186
Mister, portanto, reconhecer que ao serem
identificados os pendores homossexuais das
pessoas nessa dimensão de experiência é
imperioso se lhes oferte o amparo educativo
pertinente, nas mesmas condições com que se
administra instrução à maioria heterossexual da
sociedade.
Acreditamos, por fim, que estas ideias poderão
levar, a quantos as lerem, a meditar, em definitivo,
sobre o assunto, lembrando que a
homossexualidade transcende em si mesmo a
simples questão da permuta sexual. (169)

No site “Correio Espírita”, temos publicado em


setembro de 2013, o artigo Casamento Gay de
autoria do escritor Richard Simonetti (1935-2018):

1 – O que dizer do casamento gay?


Entendo que duas pessoas que decidam
viver juntas têm o direito de formalizar sua
ligação, mediante um contrato em cartório, até
por uma questão prática envolvendo sucessão,
herança, pensão, bens adquiridos em comum.
Antes a lei determinava que esse contrato fosse
celebrado por um casal. Hoje, em muitos países,
inclusive no Brasil, essa exigência foi abolida.
2 – Pode-se situar esse contrato como um
casamento?
Sim, se considerarmos que o substantivo
casamento, como ocorre frequentemente com

187
expressões idiomáticas portuguesas, tem várias
acepções: pode ser vínculo conjugal entre um
homem e uma mulher, mas também uma
associação ou aliança entre duas ou mais
pessoas.
3 – De qualquer forma, não soa estranho falar
em casamento gay, porquanto o termo reporta-se
a união entre um homem e uma mulher?
Se considerarmos o assunto sob o ponto de
vista espiritual, não há nada de estranho.
Conforme está na questão 200, de O Livro dos
Espíritos, o Espírito tem sexo como condição
psicológica, podendo ser eminentemente
masculino ou feminino. Sempre encontraremos
entre casais gays, sejam de homens ou mulheres,
o ascendente masculino e o feminino.
4 – Partindo desse princípio, poderíamos dizer
que os casais gays se formam por atração entre
um Espírito de ascendência psicológica masculina
com outro de ascendência psicológica feminina?
Embora não possamos generalizar, acredito
que isso ocorra na maior parte dessas uniões,
considerando que o sexo, sob o ponto de vista
físico, é identificado pelos órgãos sexuais, mas
sob o ponto de vista espiritual prevalece a
identidade psicológica.
5 – Será razoável celebrar no centro Espírita
um casamento gay?
O Espiritismo não celebra casamentos,
explicando-nos que toda comunhão com Deus é
um ato pessoal que dispensa ritos e rezas, ofícios
e oficiantes. Duas pessoas que decidam viver

188
juntas, numa ligação homossexual ou
heterossexual, devem pedir as bênçãos divinas a
partir de sua própria iniciativa, em oração nos
redutos do coração. (170)

Nada de discriminação, nada de proibição,


cada um é livre para escolher o seu próprio
caminho. O respeito à opção do outro é a tônica que
deve ser abraçada por todo espírita compromissado
com os ensinamentos do Cristo.

189
Cirurgia para a mudança de sexo

Inicialmente, vejamos o aspecto legal para o


procedimento cirúrgico designado de
transgenitalismo, pelo qual se muda “[…] a genitália
externa e alguns atributos sexuais secundários para
ajustar o Corpo e a mente.” (171)

Curioso é que ora é usada a expressão


“cirurgia para a mudança de sexo”, ora a “cirurgia
de mudança de sexo”, de forma indiscriminada, o
que, provavelmente, não faz nenhuma diferença,
apenas registramos por que ambas as expressões
aparecem em sites de busca na Internet.

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina,


através da Resolução CFM nº 1.955/2010 (172),
normatizou os procedimentos visando a mudança de
sexo; dela destacamos:

Art. 3º Que a definição de transexualismo


obedecerá, no mínimo, aos critérios abaixo
enumerados:

190
1) Desconforto com o sexo anatômico natural;
2) Desejo expresso de eliminar os genitais,
perder as características primárias e secundárias
do próprio sexo e ganhar as do sexo oposto;
3) Permanência desses distúrbios de forma
contínua e consistente por, no mínimo, dois anos;
4) Ausência de transtornos mentais.
Art. 4º Que a seleção dos pacientes para
cirurgia de transgenitalismo obedecerá a avaliação
de equipe multidisciplinar constituída por médico
psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e
assistente social, obedecendo os critérios a seguir
definidos, após, no mínimo, dois anos de
acompanhamento conjunto:
1) Diagnóstico médico de transgenitalismo;
2) Maior de 21 (vinte e um) anos;
3) Ausência de características físicas
inapropriadas para a cirurgia.

De parabéns ao Conselho Federal de Medicina,


pela regulamentação daquilo que vem acontecendo
a nível mundial. E também o felicitamos por
estabelecer as condições mínimas para que se faça
a cirurgia para mudança de sexo, com isso,
certamente, evitará uma possível vulgarização
desse procedimento cirúrgico.

Quanto a esse procedimento cirúrgico,

191
buscaremos enxergá-lo sobre a ótica espiritualista,
apresentando a opinião de alguns Espíritos e
também a de médiuns renomados.

Dra. Marlene Nobre (1937-2015), apresentou


várias entrevistas e mensagens produzidas pelo
Chico Xavier, na obra Lições de Sabedoria: Chico
Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, duas delas
merecem destaque. Na primeira delas, Emmanuel é
nominalmente citado como o autor espiritual da
mensagem:

FW [Fernando Worm] – O que diz o Mundo


Espiritual acerca das cirurgias médicas para a
mudança de sexo?
Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec
pergunta na Questão 202: “Quando se é Espírito,
prefere-se encarnar no corpo de um homem ou de
uma mulher?” Os mentores da Codificação
Kardequiana responderam: “Isso pouco importa ao
Espírito; ele escolhe segundo as provas que deve
suportar”. Evidentemente, as cirurgias médicas
para a mudança de sexo se enquadram nos
princípios do livre-arbítrio com as respectivas
derivações na lei de causa e efeito. (173) (itálico
do original)

Um pouco mais à frente, a autora registrou a

192
resposta que Chico Xavier deu ao Dr. Sílvio Lemos,
que é bem provável ser de Emmanuel, pois não se
pode esquecer que, na maioria das vezes, o médium
se reportava a ele para externar as suas opiniões
relativas à questões que foram propostas.

Cirurgia para Mudança de Sexo


Dr. Sílvio Lemos – Do ponto de vista espírita,
que pensam nossos benfeitores espirituais, ou o
nosso irmão Chico Xavier, sobre as cirurgias para
mudança de sexo?
Este é um assunto que vem sendo muito
debatido em toda a parte. Nós tivemos uma
comunicação de uma pessoa que desencarnou em
Paris e se submeteu a esse tipo de cirurgia, trocou
o nome, mas, ao chegar no espaço, seus
familiares lhe disseram que enquanto fosse o
tempo em que devia durar a sua permanência na
Terra, ele teria de usar o nome de homem com o
qual se caracterizava neste mundo.
É possível, em casos, de pessoas portadoras
de dificuldades morfológicas muito grandes,
quando a criatura nasce com defeitos congênitos
reconhecidos, que se utilize da cirurgia plástica
para regenerar-se. É um direito que lhe cabe.
Agora, simplesmente por uma questão
psicológica, por exemplo, para o homem que
nasce com tendências femininas ou para a
mulher que manifesta, desde cedo, tendências
masculinas, eu creio que, só por isso, não se

193
deve fazer essa cirurgia.
Vamos esperar que o médico ajude o cliente a
pensar muito, porque se o médico encontra um
corpo morfologicamente perfeito, com as
características masculinas ou femininas, creio que
seria contrariar demais a lei de causa e efeito e a
necessidade de segregação daquele espírito na
cabine do corpo, porque a operação seria apenas
uma questão de caça-prazer. (10/96) (174) (itálico
do original)

O Espírito Joanna de Ângelis, na obra Dias


Gloriosos, cap. 14 – Mudança de Sexo, psicografado
por Divaldo Franco, manifesta-se sobre o tema
expondo o seguinte:

A questão sexual é muito delicada e


profunda, estando a exigir estudos sérios, sem
as soluções da vulgaridade, apressadas e
levianas, que pretendem resolver as situações
conflitivas mediante sugestões para
comportamentos insensatos, que violentam as
estruturas morais do próprio ser, que passa então
a experimentar distonia psíquica íntima ou
desprezo por si mesmo, embora mantendo
aparência de triunfo que se encontra distante de o
haver conseguido.
No momento da concepção, o perispírito é
atraído por uma força incomparável às células que
se vão formando, nelas imprimindo

194
automaticamente, por força da Lei de causa e
efeito, o que é necessário à sua evolução,
incluindo, sem dúvida, o sexo e suas funções
relevantes.
A ingerência externa, alterando-lhe a
formação somente trará inconvenientes,
prejuízos e distonias morais.
A engenharia genética, à medida que penetrar
nas origens da vida física, poderá oferecer uma
contribuição valiosíssima, desde que não se
imponha a vacuidade de interferir nos quadros
superiores da realização e construção do ser
humano.
O corpo produz o corpo, que é herdeiro de
muitos caracteres ancestrais da família, que sofre
as ocorrências ambientais, mas só o Espírito
produz o caráter, as tendências, as qualidades
morais, as realizações intelectuais, o destino…
Eis por que, na vã tentativa de mudar-se o
sexo, na formação embrionária ou noutro
período qualquer da existência física, desafia-
se a lei de harmonia vigente na Criação, o que
provocará distúrbios sem nome na
personalidade e na vida mental de quem lhe
sofrer a ingerência.
Todo o corpo merece respeito e cuidados,
carinho e zelo contínuos, por ser a sede do
Espírito, o santuário da vida em desenvolvimento.
No entanto, na área sexual, tendo-se em vista a
finalidade reprodutora, o intercâmbio de hormônios
poderosos quão relevantes, o ser é convidado a
maior vigilância e disciplina.

195
Educar o sexo mediante conveniente disciplina
mental é o desafio para a felicidade, que todos
enfrentam e devem vencer.
As amarras aos vícios sexuais vêm retendo
milhões de homens e mulheres na retaguarda das
paixões, reencarnando-se com difíceis e
desafiadores problemas que aguardam dolorosas
soluções. E porque se não querem sacrificar, a fim
de equacioná-los, permanecem em situações
penosas quanto aflitivas.
Todo abuso ao corpo e particularmente ao
sexo perpetrado conscientemente, gera dano
equivalente, que permanecerá aguardando
correspondente solução por aquele que se
infligiu a desordem, passando a sofrê-la.
Diante, portanto, de qualquer dificuldade que se
experimente, ou em face das decisões graves que
aguardam atitude decisória, sempre se poderá
perguntar ao Amor como resolvê-las, e esse Amor
que se manifesta em toda parte, sem os
condimentos das paixões perturbadoras,
responderá com sabedoria meridiana que,
atendida com cuidado, proporcionará equilíbrio e
paz, impulsionando o Espírito pelo rumo bem
orientado, pelo qual atingirá a meta para cujo fim
se encontra reencarnado. (175) (itálico do original)

As considerações de Joanna de Ângelis, se


bem as percebemos, estão no sentido de não ser
favorável à cirurgia para a mudança de sexo.

196
O Espírito Carlos, através de Priscila de Faria
Gaspar, no livro Sexo, Consciência e Amor, expõe
a sua opinião:

Hoje, em dia muitos transexuais submetem-


se à cirurgia de reversão sexual, a qual pode
trazer certo alívio para a vida carnal, embora não
saibamos qual a sua consequência espiritual. Se,
por um lado, devem-se utilizar todos os
recursos que Deus nos permite para avaliar
nossos sofrimentos, o adiamento de certas
provações poderá ser cobrado depois. No
entanto, o alívio emocional obtido com tal
cirurgia pode ser visto como benção divina
obtida por mecanismos diante do que já foi
vivido! (176)

Temos, na visão do Espírito Carlos, que não há


impedimento algum, ele coloca a cirurgia até como
uma “benção divina”; porém, deixa bem claro que
possíveis compromissos cármicos adiados, deverão
ser, oportunamente, resgatados.

Divaldo Franco, externa sua maneira de


pensar, conforme se vê na obra Sexo e
Consciência, onde fornece suas explicações
pessoais para a temática, que apesar de serem um
pouco extensas, vale a pena transcrevê-las in totum:

197
Algumas pessoas homossexuais e transexuais
optam por realizar uma transformação física
através da aplicação de hormônios, do implante de
próteses ou da cirurgia de mudança de sexo,
tencionando dar ao corpo uma aparência
anatômica que corresponda à sua realidade
psicológica. (177)
Essa violência que o indivíduo impõe a si
mesmo lhe trará graves danos na atualidade e
em futuras reencarnações. Como o psiquismo é
o elemento mais importante na relação espírito-
matéria, o ato de detestar o próprio corpo ficará
impregnado na organização psíquica e
repercutirá na encarnação seguinte.
Além disso, as modificações
anatomofisiológicas promovidas pela cirurgia
de mudança de sexo implicam criar a
reminiscência de um corpo que o indivíduo já
possuiu e em cuja experiência possivelmente
fracassou, necessitando agora permanecer em
uma condição fisiopsicológica oposta àquela que
lhe trouxe comprometimentos espirituais severos.
Isso nos permite concluir que a tentativa de
modificação do sexo é uma proposta
desaconselhável (178), nada obstante o direito que
cada qual possui de agir conforme lhe pareça
melhor.
Quando uma cirurgia ou intervenção radical
no corpo é feita devido a uma necessidade
inevitável, para preservação da saúde, as
alterações anatomofisiológicas dela
provenientes, não afetam o perispírito que cria
matrizes quando de ocorrências de tal porte.

198
Permanece como órgão modelador em condições
saudáveis para futuras experiências
reencarnatórias. Contudo, nos casos da
transexualidade, quando há amputações ou
reconstruções de órgãos, nele ocorre
inevitavelmente uma grave lesão, que é o
resultado da contribuição do psiquismo do
paciente que deseja driblar as leis da Natureza
para exercer o sexo a qualquer preço, com o
objetivo de experimentar sensações que a vida lhe
negou, estando incurso em um processo de
reeducação evolutiva.
A transexualidade implica em muitos conflitos
psicológicos como é compreensível. (179) Eu
conheço alguns indivíduos que fizeram a mudança
de sexo…
Na realidade, não há uma mudança completa
de sexo. O procedimento cirúrgico modifica a
genitália externa, mas a fisiologia do indivíduo
não é totalmente transformada. Se um homem
se submeter à intervenção cirúrgica e se tornar
uma mulher, ele não possuirá tubas uterinas,
ovários nem conseguirá a produção dos
hormônios específicos que caracterizam uma
mulher. Ele se sentirá psicologicamente realizado,
mas a sua função sexual será muito mais mental
do que física.
A Doutrina Espírita considera que seria
muito melhor que ele sublimasse a função
sexual, reconhecendo que o seu desafio
existencial corresponde a uma prova que lhe
foi imposta pelo fato de ter, talvez, utilizado a
sexualidade de forma irresponsável em vidas

199
anteriores…
Não obstante, é de vital importância ratificar
que o Espiritismo não condena
comportamentos, conforme fizeram e ainda
fazem diversas doutrinas espiritualistas
fundamentadas no conceito de pecado e punição.
Ao afirmarmos que os procedimentos de
modificação do corpo provocarão distúrbios
que serão percebidos nesta e em futuras
reencarnações, isso não representa uma
postura discriminatória aos homossexuais e
transexuais. Cada ser tem o direito de optar pelo
que lhe parece melhor. O Espírito sempre está
semeando ao adotar determinadas condutas,
colhendo naturalmente os frutos relativos à sua
escolha.
Entre os heterossexuais também registro
essa forma de violência ao corpo, naquelas
situações em que a mulher, por exemplo,
procura intensificar a sua beleza física com
finalidade exclusivamente erótica,
potencializando sua capacidade de sedução
para ser objeto de desejo sexual. O mesmo
acontece com o homem que utiliza
anabolizantes para ganhar massa muscular
nas práticas de fisiculturismo, a fim de
enquadrar-se nas exigências modernas da
sociedade.
Conforme já declaramos, quando um
indivíduo reencarna com uma forma biológica
e com um psiquismo diferente dela, encontra-
se em processo de adaptação. Pelo fato de
necessitar adquirir experiências da polaridade na

200
qual renasceu, ele deve respeitar o corpo
biológico, que é o veículo da sua evolução
naquele instante. Porque abusou de uma
expressão sexual (masculina ou feminina) e
retorna na outra para corrigi-la é evidente que a
oportunidade de aprendizado não deve ser
menosprezada. Do contrário, ele poderá incidir
num processo expiatório provocado pelo choque
do psiquismo que se manifesta num corpo cuja
estrutura hormonal é incompatível com as suas
emoções.
No entanto, se este indivíduo, masculino ou
feminino, não pôde resistir ao conflito entre os
hormônios e o seu psiquismo, se ele teve
necessidade de buscar harmonia afetiva ao
lado de alguém do mesmo sexo, as Leis
Superiores da Vida não vão considerá-lo um
criminoso. Examinarão os seus atos, em qualquer
angulação da sua realidade, se lhe ofereceram
prejuízos ou benefícios evolutivos, de acordo com
a lei de méritos e deméritos, pois este exame do
aproveitamento da existência é mal para todos, já
que o problema não se encontra na Lei Divina,
mas reside na consciência de cada um. Não será
a orientação sexual o único aspecto da vida deste
ser que será levado em consideração. (180) (181)

Divaldo Franco, portanto, se alinha com o


pensamento de sua mentora, no sentido de não ser
a favor à cirurgia.

O médium Raul Teixeira também emite a sua

201
opinião sobre a questão da cirurgia para a mudança
de sexo, conforme seu depoimento postado no site
do “YouTube”, página de Rodrigo Sanches. A
publicação do vídeo ocorreu em 30 de março de
2017, com o título Raul Teixeira – Cirurgia de
Mudança de Sexo (Visão Espírita). Eis o translato
do vídeo:

Quais as consequências biopsíquicas durante a


etapa reencarnatória e após a desencarnação
advindas da cirurgia de mudança de sexo?
Nós vivemos na Terra sob regime da
responsabilidade individual. Embora saibamos
que toda intervenção que se opere sobre o
corpo, se não houver um sentido ético justo,
determinará consequências, muitas vezes
nefastas, para o ser espiritual.
Obviamente, que a divindade tem lentes muito
próprias, um olhar muito específico, para as
criaturas transexuais que desejem fazer alterações
na sua morfologia genital.
A partir disso, cabe-nos permitir que a
providência divina analise cada caso,
independentemente das análises que já tenham
sido feitas pela ética médica, uma vez que
nenhum médico realiza essa intervenção sem um
sentido que ele analise e verifique que tenha razão
de ser.
Obviamente, que respeitamos o livre-arbítrio

202
de todas as criaturas transexuais ou não, que
decidam fazer essas cirurgias. Se a medicina
chegou a esse ponto, elas são possíveis, elas
são passíveis de acontecer.
Nada obstante, todas as vezes em que
incorrermos em determinado tipo de cirurgias,
em determinadas buscas, para modificar o
nosso corpo, sem que para isso haja um
sentido positivo, de acordo com as leis de
Deus, todos teremos que herdar as
consequências nefastas de tal atitude. (182)

Raul Teixeira, a nosso ver, tende a ser


favorável à cirurgia, por respeito ao livre-arbítrio de
quem optou por fazê-la.

Podemos estar enganados e não ter base


alguma para ser contrário ao que, os personagens
aqui apresentados, falaram não aprovando a
cirurgia, mas acreditamos que se Deus não quisesse
que alguma coisa, criada por Ele, fosse mudada,
jamais a Ciência humana descobriria os caminhos
para realizar qualquer tipo de mudança.

Já pensou, caro leitor, se os partos fossem


todos normais e sem anestesia? Um possível
receptor de rim, que não precisaria mais da
hemodiálise, ser condenado a viver toda a sua vida

203
submetendo-se a esse processo mecânico de
filtragem do sangue? E os transplantes de órgãos
vitais, salvando milhares de vidas, que não
poderiam ser feitos? Enfim, quantas vidas podem
ser salvas e quantas pessoas têm oportunidade de
viver mais dignamente com os transplantes.

Tudo isso não seria mudar o corpo físico de um


encarnado e que foi programado exatamente para
as experiências de determinada pessoa? Então,
seria o caso de somente condenar as que mudaram
o sexo biológico, para torná-lo, na medida do
possível, compatível com o seu estado psicológico?

Respeitamos todas as opiniões contrárias que


apresentamos, mas ainda não estamos totalmente
seguros de que seja o melhor caminho não a fazer
mudança, apesar de tudo quanto foi justificado para
não se realizar o procedimento cirúrgico.

Em nosso caso, se tivéssemos um dos filhos


numa condição dessa e ele optasse por fazer essa
cirurgia para a mudança de sexo, nós, com a maior
naturalidade, o apoiaríamos psicológica e até
financeiramente, caso precisasse. Julgamos que
essa é uma situação em que as razões do coração

204
falam bem mais alto.

Logo no início, vimos que a taxa de suicídio


entre os transexuais é da ordem de 41%. A questão
que colocamos é: se nós na condição de pais
estivéssemos diante de uma situação dessa e
pensássemos como pais amorosos, o que seria
melhor: ter um descendente transmutado
fisicamente no sexo oposto ou perdê-lo num trágico
suicídio?

Em Homossexualidade, Reencarnação e
Vida Mental, o autor Walter Barcelos, desenvolve
apontamentos a respeito de como deveriam agir os
pais, diante da questão: É correto os pais tentarem
fazer de tudo para o filho mudar sua “opção” sexual?

Os pais responsáveis, quando deparam com


tendências homossexuais no filho, naturalmente,
muitos, no primeiro momento, ficarão perplexos,
chocados e traumatizados. Sentem-se abalados
emocionalmente, indecisos uns, revoltados outros
– dependendo da estrutura psicológica e estrutura
moral de cada mãe e de cada pai. Não sabem o
que fazer e como se comportar diante da
embaraçosa problemática sexual. Querem ajudar
para resolver a inversão sexual do filho.
É desafio bem grande aos corações das mães

205
e ao entendimento dos pais para enfrentarem a
situação com calma, reflexão e prudência.
Segundo a Doutrina Espírita, as causas da
homossexualidade não são nem biológicas,
nem químicas, nem fisiológicas, nem do
ambiente familiar ou social e nem propriamente
atuação possessiva de espíritos viciados. Tal
estrutura psicológica com diversas unidades
psíquicas complexas na mente da criança e do
adolescente não se formaria com alguns dias,
alguns meses ou em poucos anos do período
infantil. Em verdade, as causas são psíquicas e
bastante profundas, que se originam no campo
mental do espírito reencarnado e que, na
maioria dos casos, se revelam a partir da
infância e da adolescência.
[…].
A intenção reparadora de querer mudar a
estrutura psicológica integral do filho homossexual
para heterossexual seria o mesmo comportamento
ilusório e bisonho de intentar destruir um resistente
portão de ferro, a golpeá-lo insistentemente com
os próprios punhos.
Que os pais e mães amorosos e
responsáveis aprendam a lidar com a
problemática psicossexual do filho, cresçam
na compreensão devida na diversidade das
tipificações da alma humana, na aceitação
lúcida e esclarecida de enfrentar tal desafio
educacional, para bem se relacionar afetivamente
e a conviver de maneira pacífica e respeitosa com
as manifestações da complexa personalidade
sexual do filho, na experiência do

206
homossexualismo ou da filha experimentando o
lesbianismo.
Cada filho é um espírito imortal, que traz o seu
destino traçado de conformidade com o seu livre-
arbítrio de boa ou má conduta sexual em vidas
pretéritas.
Façamos sempre o melhor ao nosso alcance
muito especialmente no campo das doações de
amor, compreensão e aceitação, a fim de que ele
cresça, se desenvolva e viva relativamente feliz,
dentro de suas reais possibilidades intelectivas,
emocionais psicológicas. (183)

Na obra Missionários da Luz, é relatado o


processo de reencarnação de Segismundo, no qual é
citado “os mapas cromossômicos”, elaborados por
orientadores do plano espiritual, especializados em
conhecimentos biológicos da existência terrena. Em
razão disso, tem-se entendido que isso ocorre a
todos os reencarnantes, o que não nos parece ser
bem o correto, tomando-nos desse trecho de uma
fala do Instrutor Alexandre:

[…] Grande percentagem de reencarnações


na Crosta se processa em moldes
padronizados para todos, no campo de
manifestações puramente evolutivas. Mas outra
percentagem não obedece ao mesmo programa.

207
Elevando-se a alma em cultura, conhecimentos e,
consequentemente, em responsabilidade, o
processo reencarnacionista individual é mais
complexo, fugindo à expressão geral, como é
lógico. […]. (184)

Acreditamos que não estamos presos a uma


certa fatalidade, pois vários fatores, inclusive
externos, podem contribuir visando alterar algum
ponto do programa elaborado, em busca da solução
de certa particularidade surgida no processo
evolutivo de um Espírito.

Isso deverá valer mesmo ele já estando


encarnado, pois, em nossa maneira de entender, a
Lei divina é educativa, não punitiva como
geralmente se pensa.

208
Como nós, os espíritas, devemos agir?

Na obra Vida e Sexo, Emmanuel orienta-nos


da seguinte forma:

Observadas as tendências homossexuais dos


companheiros reencarnados nessa faixa de prova
ou de experiência, é forçoso se lhes dê o
amparo educativo adequado, tanto quanto se
administra instrução à maioria heterossexual. E
para que isso se verifique em linhas de justiça e
compreensão, caminha o mundo de hoje para
mais alto entendimento dos problemas do amor e
do sexo, porquanto, à frente da vida eterna, os
erros e acertos dos irmãos de qualquer
procedência, nos domínios do sexo e do amor, são
analisados pelo mesmo elevado gabarito de
Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os
assuntos nessa área da evolução e da vida se
especificam na intimidade da consciência de
cada um. (185)

Não poderíamos deixar de trazer a opinião de


Divaldo Franco que, em Sexo e Consciência,
explica:

209
O Espiritismo não estabelece normas de
comportamento para os outros, uma vez que o
seu corpo de princípios não condena as escolhas
individuais de qualquer natureza. Seu papel não é
proibir, é orientar, explicitar aspectos novos de
determinado problema e apresentar sugestões
que podem facilitar a caminhada do ser no
rumo da felicidade, pois cada um responde pelo
comportamento que decide adotar. (186)

Oportunas estas considerações do tribuno


baiano, que muito bem representa a linha de
comportamento que todos nós espíritas deveríamos
ter, mas, infelizmente, não acontece, pois também
temos em nosso meio os homofóbicos e os que, por
absoluta falta de conhecimento doutrinário,
apontam dedo em riste aos que não têm o
psiquismo bem ajustado com o corpo biológico.

Agora apresentaremos da obra Pinga-fogo


com Chico Xavier, uma fala desse dedicado
médium, que, certamente, inspirado por
Emmanuel, seu mentor, bem coloca a questão:

O homossexualismo, tanto quanto a


bissexualidade ou bissexualismo como a
assexualidade são condições da alma humana.
Não devem ser interpretados como fenômenos

210
espantosos, como fenômenos atacáveis pelo
ridículo da humanidade. Tanto quanto acontece
com a maioria que desfruta de uma sexualidade
dita normal, aqueles que são portadores de
sentimentos de homossexualidade ou
bissexualidade são dignos do nosso maior
respeito. […]. (187)

Respeito acima de tudo. Tratar os outros como


nós próprios gostaríamos de ser tratados em
qualquer situação da vida.

Na obra Homossexualismo de Corpo e


Alma, o autor Valdemiro Vieira registra no tópico
“Homossexualismo e Abstenção” o seguinte:

O homossexualismo é um fenômeno
natural?
Chico Xavier – O problema da
homossexualidade sempre existiu em todas as
Nações. No entanto, com a extensão demográfica
do Planeta, o assunto adquiriu características de
mais intensidade porque, nos últimos 50 anos, a
ciência psicológica tem-se detido, e com razão,
nos ingredientes mais íntimos de nossa natureza
pessoal. Estamos efetuando a descoberta de nós
mesmos, para além dos padrões psicológicos
conhecidos ou milimetrados pelos conhecimentos
que possuímos, dentro dos preconceitos e
preconceitos respeitáveis, que nos regem o

211
comportamento social e humano. Creio que as
tendências à homossexualidade surgem na
criatura após muitas existências dessa mesma
criatura, nas condições de feminilidade ou vice-
versa. Penso, assim, na base da reencarnação,
porque, além dos sinais morfológicos, a
individualidade é uma soma de todas as
experiências das existências anteriores. Em vista
disso, a homossexualidade pode ser examinada
hoje, proporcionado ao homem tantos campos de
estudo quanto a natureza bissexual do espírito. O
tema é, porém, objeto para simpósios de cientistas
e instrutores da Humanidade, até que se possa
encontrar a fórmula exata para decidir, do ponto
de vista legal, quanto ao destino de nossos
companheiros num sexo ou noutro, aqueles que
trazem a inversão por clima de trabalho a ser
laboriosamente valorizado, pela pessoa que se faz
portadora de semelhante condição para
determinadas tarefas. (188) (grifo do original)

E no tópico “Homossexualidade e Conduta”


(189), Valdemiro Vieira apresenta a opinião de Chico
Xavier, que transcrevemos:

– Encontros pela Paz – Como o Espiritismo


encara o problema da homossexualidade? Qual
a melhor atitude da sociedade frente a essa
ocorrência?
Chico Xavier – Acreditamos que o tempo e a
compreensão humana traçarão normas sociais

212
suscetíveis de tranquilizar quantos se vinculam a
semelhante segmento da comunidade,
assegurando-se-lhes a bênção do trabalho com o
respeito devido a todos os filhos de Deus.
Até que isso se concretize, não vejo
pessoalmente qualquer motivo para críticas
destrutivas e sarcasmos incompreensíveis
para com os nossos irmãos e irmãs portadores
de tendências homossexuais, a nosso ver,
claramente iguais às tendências heterossexuais
que assinalam a maioria das criaturas humanas.
Em minhas noções de dignidade do espírito, não
consigo entender porque razão esse ou aquele
preconceito social impedirá certo número de
pessoas de trabalhar e de serem úteis à vida
comunitária, unicamente pelo fato de haverem
trazido do berço características psicológicas
ou fisiológicas diferentes da maioria.
Nunca vi mães e pais, conscientes da elevada
missão que a Divina Providência lhes delega,
desprezarem um filho porque haja nascido cego
ou mutilado. Seria humana e justa a nossa
conduta em padrões de menosprezo e
desconsideração, perante os nossos irmãos
que nascem com dificuldades psicológicas?
(190)

Pessoalmente temos uma certa dificuldade em


separar qualquer coisa que o médium diz como
sendo dele mesmo daquilo que o seu mentor lhe
transmite dada a sintonia entre ambos.

213
O Espírito Hammed, em As Dores da Alma,
psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto,
explica-nos:

[…] Independentemente da forma de


sexualidade que estamos vivenciando no
presente, procuremos aceitá-la em plenitude,
visto que há sempre, em qualquer condição, a
oportunidade de adquirirmos experiências e,
por consequência, progredirmos espiritualmente,
vencendo desafios e promovendo realizações.
“… o mal depende principalmente da vontade
que se tenha de o praticar. O bem é sempre o bem
e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição
do homem. Diferença só há quando ao grau de
responsabilidade”. (191) (192) (itálico do original)

Com esse trecho acima, Hammed conclui o


parágrafo no qual fala de circunstâncias evolutivas
que nos fazem vir como homens ou como mulheres,
fato que, em alguns casos, diz ele, “o Espírito pode
vir ocupar uma vestimenta corporal oposta à
tendência íntima que vivência.” (193)

Da mensagem Sexualidade: homo x


hetero…!, recebida pela médium Lúcia, postada em
13 de maio de 2015, no site do Grupo Mediúnico

214
Maria de Nazaré – CAVILE, ditada pelo Espírito
Irmão Matheus, da Colônia Espiritual Maria de
Nazaré, destacamos este trecho:

A doutrina nos convida a sublimação do


sexo em qualquer que seja a conduta sexual,
para que o espírito não se mantenha preso às
emoções animalescas e materiais, podendo
evoluir mais rapidamente. Ensina-nos que os
espíritos mais evoluídos moralmente já
sublimaram o sexo, pelo amor fraterno e pela
simpatia e afinidade. (194)

É a meta, mas quem não consegue atingi-la


não deve ser execrado, pois se fosse para fazer isso
todos nós, por um motivo ou outro, deveremos
sofrer também esse dissabor.

Walter Barcelos, em Homossexualidade,


reencarnação e Vida Mental, apresenta-nos
algumas reflexões bem oportunas:

Cada espírito é livre para fazer o que quiser


de sua vida corpórea, afetiva, sexual,
psicológica e psíquica. Todo e qualquer
indivíduo homossexual tem o pleno direito e a
liberdade sagrada de viver seus desejos e
sonhos da sexualidade como lhe aprouver,

215
com quem quiser. Contudo seremos escravos da
consequência desastrosa de nossos maus atos,
nossas más ações, nossas más atitudes, nossas
paixões, sentimentos doentios. Se algum de nós
se interessa por VIVER EM ESPÍRITO E
VERDADE, atendendo aos estatutos da lei de
evolução ensinada pelo Cristo de Deus, precisará
com urgência educar a si mesmo nas reentrâncias
da mente e do coração. (195)

Nós, que desejamos ser espíritas verdadeiros


ou cristãos, não devemos, de maneira alguma,
criticar seus costumes, condenar suas
paixões, caluniar sua vida amorosa, zombar de
seus trejeitos ou excluir de nossos laços de
amizade os companheiros que experimentam o
homossexualismo. Para a boa convivência cristã
no meio social em que estamos inseridos,
devemos terminantemente abandonar toda
espécie de discriminação, as agressividades
verbais emocionais ou intelectuais e também a
funesta fobia ao homossexualismo. Não cabe a
nós julgarmos mesmo que estejamos com a
verdade! Eis que julgar é próprio dos que não
sabem amar com perdão e indulgência,
compreensão e aceitação. Respeitemos de
coração, sua maneira de ser e saibamos conviver
com eles, praticando a verdadeira fraternidade
cristã. Eles não dispensam amor, amizade e
simpatia: convívio social para viverem com paz,
alegria e saúde emocional, tanto quanto os
heterossexuais assim também desejam e
esperam. (196)

216
Mais uma vez, nos é alertado quanto ao não
julgar, jamais deveremos nos esquecer de que Jesus
disse: “Não julgueis, para não serdes julgados. Pois
com o julgamento com que julgais sereis julgados, e
com a mesma medida com que medis sereis
medidos.” (Mateus 7,1-2) Quem sabe quando o
Mestre disse “Não julgueis pela aparência, mas
julgai conforme a justiça” (João 7,24) estava falando
de nós.

Uma questão que inevitavelmente surge é:


“Como o Espiritismo vê as uniões homoafetivas?”
Encontramos a resposta no artigo assinado por
Ângela Moares, disponível no site Folhetim
Espírita, que julgamos doutrinariamente correta:

Uma vez existindo o amor, o respeito e o


companheirismo entre os parceiros, como é o caso
de uniões estáveis, não existe implicação espiritual
pelo fato de serem do mesmo sexo. A
homossexualidade pode ser facilmente entendida
através do fenômeno da reencarnação, no qual
um espírito pode precisar vivenciar o sexo oposto,
mas ao reencarnar, ainda não se sente ajustado
ao novo corpo e suas necessidades. Outros ainda
podem vir com a polaridade sexual invertida por
necessidade de enfrentar as dificuldades de cunho
social inerentes a nossa época, como forma de

217
crescimento moral.
Em todos os casos, vale ressaltar que nossa
postura para com os homossexuais deve ser a
mesma em relação a todos nossos irmãos,
conforme a moral evangélica, praticando o mesmo
respeito e acolhimento carinhoso, que gostaríamos
que nos fossem dedicados. (197)

Acreditamos que mais dia, menos dia o termo


homossexual cairá em desuso, sendo, naturalmente,
substituído por homoafetivo. Inevitavelmente, o
primeiro induz a que se pense em “relação sexual”,
quando, na verdade, não implica obrigatoriamente
nisso, pois, de uma maneira geral, as relações entre
as pessoas têm muito mais a ver com o sentimento
de amor.

Outra pergunta que paira no ar: “É certo a


adoção por casais homossexuais?” Responde-nos o
médium José Raul Teixeira, numa postagem no
site do Grupo de Estudo Allan Kardec, do qual
transcrevemos:

O amor não tem sexo. Como é que podemos


imaginar que o melhor para uma criança é ser
criada na rua, ao relento, submetida a todo tipo
de execração, a ser criada nutrida, abençoada

218
por um lar de casal homossexual? Muita gente
assevera que a criança corre riscos. Mas como?
Nós estamos acompanhando as crianças correndo
riscos nas casas de seus pais heterossexuais
todos os dias. Outros afirmam que a criança
criada por homossexuais poderá adotar a
mesma postura, a mesma orientação sexual. O
que também é falso. A massa de homossexuais
do mundo advêm de lares heterossexuais. Então,
teremos de concluir que são os casais
heterossexuais que formam os homossexuais.
Logo, não devemos entrar nessa discussão que é
tola e preconceituosa. Aquele que tem amor para
dar que dê. (198)

Muito bem, preconceito: jamais!

No site da revista “Exame”, uma publicação da


Abril Comunicações, encontramos o artigo Filhos
de pais gays crescem tão bem quanto os de
casais heterossexuais, do jornalista Lucas
Agrela, publicado em 04/07/2018, cujo teor
transcrevemos:

CIÊNCIA
Filhos de pais gays crescem tão bem quanto os de
casais heterossexuais
Estudo científico analisou quase 400 casais com
filhos e traçou suas condições psicológicas

219
Por Lucas Agrela

(monkeybusinessimages/Thinkstock)

São Paulo – Um estudo sobre pais do mesmo


sexo concluiu que seus filhos são tão bem
psicologicamente ajustados quanto os de casais
heterossexuais – ou mesmo melhores. Conduzida
por psicólogos da Universidade de Sapienza de
Roma e da Universidade do Texas, de Austin, a
pesquisa envolveu quase 400 casais.
Feito com base em questionários, o estudo
consultou 195 pais heterossexuais (que tiveram
filhos sob condições naturais), 70 casais de
homens, que tiveram filhos com uma mulher (algo
como barriga de aluguel), e 125 casais de
mulheres, com concepção por doação de
esperma.
As perguntas feitas aos pais foram “Quanto
vocês avaliam que a sua família é funcional?”,
“Quais são os pontos fortes, fracos e
características sociais dos seus filhos?” e “Qual é
a avaliação que faz se si mesmo enquanto pai?”.

220
Os resultados foram compilados e analisados
estatisticamente.
Os pesquisadores destacaram que as crianças
com pais gays e mães lésbicas foram reportadas
mostrando menor ocorrência de problemas
psicológicos do que filhos de pais heterossexuais.
O estudo foi analisado pela comunidade
científica e publicado no Journal of Developmental
and Behavioral Pediatrics.
Ainda assim, ele tem algumas limitações. Ele
não é longitudinal, quando pesquisadores
acompanham os participantes de uma pesquisa ao
longo dos anos, e é baseado em questionário, o
que deixa a conclusão sujeita ao que se chama de
viés.
No contexto científico, o novo estudo faz
sentido e se encaixa em uma série de outros
levantamentos e pesquisas feitas em diferentes
regiões do planeta.
Em 2010, por exemplo, uma análise de 33
estudos sobre o bem-estar de crianças criadas por
pais homossexuais concluiu que não há
evidências, em termos sociais, educacionais,
comportamentais e emocionais, que elas sejam
piores do que os filhos de casais heterossexuais.
(199) (grifo e cor do original)

A conclusão do estudo, que vemos no último


parágrafo, vem exatamente ao encontro do que Raul
Teixeira disse, trata-se, de uma certa maneira, de

221
uma prova científica da normalidade
comportamental das crianças criadas por casais
homossexuais.

Em Sexualidade à Luz da Doutrina


Espírita, Dr. Américo Nunes, assim argumenta:

Alguns autores ligados à parte científica, na


vasta seara doutrinária espírita, relatam que, na
homossexualidade, haveria troca de energias
iguais, acarretando desequilíbrio energético,
desestruturando os campos vitais produzindo
distúrbios de ordem psíquica. Acontece que a
teoria na prática é outra coisa, (grifo do original)
existindo casais homossexuais, tanto masculinos
como femininos, fiéis na relação e,
perfeitamente, ajustados à realidade, sem
apresentarem quaisquer distúrbios de ordem
psíquica. São indivíduos bem integrados à
sociedade, executando suas tarefas com
honestidade e bom desempenho. Revelam-se
como pessoas normais, tranquilas e equilibradas,
embora a conduta sexual seja diferente e
marcante.
Em verdade, o que leva ao equilíbrio e à
estabilidade energética dos parceiros,
envolvidos na prática sexual (homo ou
heterossexual), é a afinidade recíproca, a
atração magnética regida pelo verdadeiro amor
entre as criaturas, divino em sua essência.
Muitas pessoas que agridem os homossexuais

222
com palavras ásperas e antifraternas podem até
estar praticando uma relação heterossexual, sem
fidelidade e não alicerçada em sentimentos mais
profundos.
Nas ligações homossexuais, firmadas no
amor e respeito recíprocos, mesmo existindo
polaridades energéticas semelhantes, a paz
exteriorizada pelo casal reflete harmonização e,
consequentemente, equilíbrio energético.
Portanto, dois espíritos que se amam, mesmo
encarnados em polaridades iguais, podem se
completar sob o ponto de vista energético e
emocional. (200) (o grifo indicado na transcrição e
do original)

Um pouco mais à frente, arremata categórico:

Todos os que lançam pedra sobre os


homossexuais, até perseguindo e odiando,
poderão, em próxima encarnação, em respeito
à lei de causa e efeito, passar por essas
mesmas experiências sexuais desarmônicas,
como aprendizado, aprendendo, então, a respeitar
os semelhantes e entendê-los. (201) (itálico do
original)

Não há como fugir desta inexorável assertiva


“[…] aquilo que o homem semear, isso também
ceifará” (Gálatas 6,7).

223
É chegado o momento de colocarmos outras
causas para a homossexualidade, para ampliar
nossa compreensão e não achar que somente a
reencarnação explica todos os casos.

O Espírito Camilo, pela psicografia de Raul


Teixeira, conforme registrado em Desafios da Vida
Familiar, nos esclarece algo importante,
especialmente para que não se leve tudo à conta de
uma só causa. Além da reencarnação, são abertas
outras vertentes; diz ele que:

A homossexualidade tem incontáveis raízes,


diversas razões, dentre as quais temos a
influência educacional que, atravessando a
infância e a mocidade, predispôs a pessoa aceitar
a proposta homoerótica como sua experiência de
proa, a mais importante.
Encontramos interferências culturais;
imposições da curiosidade; pressão obsessiva
por parte de entidades vingadoras, que se prestam
a se desforçar de processos cruéis sofridos no
passado reencarnatório, impingidos pela “presa”
de agora.
Junto a isso, achamos ainda as questões
expiatórias em que indivíduos, que carregam
bagagem de culpa pela prática abusiva ou
degenerada da sexualidade ou pelo mau uso do
sexo na relação com terceiros, quando fê-los

224
sofrer de muitas maneiras, em passadas
existências, retornam à Terra com inclinações
inversivas, cujas raízes se acham na inconsciência
profunda do ser, mas que, mesmo assim, tais
comprometimentos eclodem à tona, na
consciência lúcida, impondo constrangimento,
vergonha, medo, conflitos vários ao seu portador
que, então, carecerá não só de apoio profissional
da análise psicológica, como necessitará
intensamente da orientação da Doutrina Espírita,
para reforçar-lhe a coragem de arrumar o próprio
íntimo, a partir do entendimento da sua situação,
do seu ajustamento ao serviço fraternais que o
amor estabelece, sem maiores tormentos.
Como, no mundo, todos vivem processos de
dualidade emocional, em razão das bases da
reencarnação, uma vez que são os mesmos os
Espíritos que animam corpos de homens e de
mulheres (202), ora eclodem impulsos
considerados como claramente masculinos, ora
surgem outros, tipificados como plenamente
femininos, o que se vai organizando com o passar
do tempo, na medida em que se vai dando o
amadurecimento desses impulsos anímicos em
nível consciente.
Esses impulsos internos que podem chegar
à tona de ser psicológico, ou manter-se ocultos,
como realidade interna que só o próprio é capaz
de registrar, podem ser responsáveis pelas
explosões machistas ou feministas, com as quais
pretende, atormentadamente, esconder os
conflitos de identidade emocional, que tanto
incomodam àqueles que se arrastam no mundo
em processos de acertos com a consciência, em

225
processos expiatórios.
Não é sem motivo, pois, que Deus permite que
todas essas experiências de ajustamento da alma,
de aprendizado e crescimento, se deem durante o
trajeto evolucional sobre o planeta.
Como a cada um será conferido segundo suas
obras (203), como ensinou o Homem de Nazaré,
deixemos que atuem as celestes determinações,
porque somente colheremos o fruto do que
houvermos plantado. (204)

Portanto, várias são as causas e a


reencarnação explica alguns casos, se não
deixássemos isso claro, estaríamos agindo como os
fanáticos de carteirinha, que só enxergam um lado
da questão.

Em Adolescência e Vida, por intermédio de


Divaldo Franco, a mentora Joanna de Ângelis
fornece explicação para o surgimento de alguns
casos. Vejamos o que ela disse:

Aprofundando mais a sonda nas psicogêneses


do homo e do bissexualismo, o Espírito, em si
mesmo, é sempre o modelador da sua
organização através do corpo intermediário – o
perispírito – que plasmou uma anatomia corretora
para os desmandos pretéritos na área do sexo,

226
preservando a psicologia anterior, portanto
diferente da anatomia.
O homem tirano e pervertido que explorou
mulheres, que as submeteu às suas paixões
lúbricas e as infelicitou, por necessidade de
evolução recomeça no corpo com a forma
feminina e as aptidões psicológicas
masculinas. Da mesma maneira, a mulher que
viveu da sensualidade e da perversão, havendo
contribuído para sofrimentos nos lares equilibrados
ou produzido dilacerações nas almas, renasce no
corpo masculino com as matrizes psicológicas
femininas ou em dificuldade de identificação
sexual…
Vemo-los, na infância, desde os primeiros
instantes do seu desenvolvimento, revelando
interesse, usando roupas e apresentando
ademanes do sexo oposto ao seu, e, ao
crescerem, demonstrando maior soma de
caracteres divergentes, inclusive na área da
afetividade.
Nenhuma restrição a essas manifestações,
perfeitamente naturais no decorrer do
desenvolvimento e conquista evolutiva,
passando pelas várias expressões da forma
orgânica no sexo, a fim de somarem os valores
e significados de um como os de outro – anima
e animus, yang e yin – no processo de
formação de um ser ideal, harmônico,
saudável. (205) (itálico do original)

Acreditamos que Joanna de Ângelis está

227
pontuando a origem de alguns casos, talvez mesmo
a maioria, mas não se deve generalizar aplicando a
todos os casos de crianças que manifestam desejo
em se comportar e agir nos moldes do sexo oposto.

Finalizando, trazemos esta fala de Divaldo


Franco, que ilustramos com a imagem…

(Essa é a nossa selfie ao arrogamos de juiz 206


)

[…] muitas pessoas são agressivas com o


homossexual devido ao fato de terem conflitos
semelhantes. E como não admitem suas
dificuldades nem se dispõem a trabalhá-las,
exteriorizam-nas contra outros, com ira, pois
gostariam de ter a mesma coragem para assumir a
sua orientação sexual. Por isso, ao hostilizar o
indivíduo homossexual a pessoa está
projetando a sua própria imagem e tentando
agredi-la para libertar-se do conflito. (207)

228
Será que houve exagero dizer que a causa da
agressão são os conflitos semelhantes do indivíduo?
Parece-nos que não, pois, ao que tudo indica, já se
tem respaldo acadêmico (208):

O presente texto tem como base os slides que


montamos para desenvolver palestras sobre esse

229
delicado tema.

Conseguimos que uma de nossas exposições


fosse gravada, assim, quem tiver interesse em
assistir ao vídeo, que não é uma gravação
profissional, Homossexualidade, Kardec já
falava sobre isso, favor acessar ao nosso site
www.paulosnetos.net (209).

230
Conclusão

Tentamos apresentar um levantamento sobre


o assunto em pauta, procurando dar, a você, caro
leitor, um detalhamento mais amplo, para que possa
reavaliar o que pensa negativamente sobre o tema.

Considerando que os Espíritos não têm sexo,


podemos concluir que o impulso sexual reside no
próprio Espírito, sendo o corpo físico apenas o
veículo de sua instrumentalização. Assim, não seria
absurdo dizermos que ao reencarnar o Espírito traz
dentro de si as duas polaridades sexuais, daí ser
necessário rever conceitos sobre a
homossexualidade entre os seres humanos.

Apesar de que isso para muitos não parece


natural, advogamos ser, pela razão de que podemos
encontrar esse tipo de comportamento entre os
animais, embora suas causas possam ser
absolutamente diferentes das que poderíamos
atribuir aos seres humanos. O que defendemos é
que se há essa ocorrência entre os animais não

231
vemos porque taxar como perversão todos os casos
de homossexualidade que acontecem entre nós, os
humanos. E definindo, o que é natural: é tudo aquilo
em que não há trabalho ou intervenção do homem.
Além desse significado o Aurélio ainda nos indica:
inato, ingênito, congênito. Se uma pessoa já traz de
nascença alguma tendência para a prática
homossexual, por que então crucificá-lo, uma vez
que a própria natureza, conjugada ou não com a lei
de causa e efeito ou com a do progresso, é a origem
do seu problema?

Há quem diga, que não devemos nos


comparar aos animais, entretanto, em algumas
situações não há como fugir disso. Aliás, em
algumas situações, eles são até mais “humanos”
que nós. Os animais, comem, dormem, fazem sexo,
e inúmeras outras coisas que nós os humanos
também fazemos, é por isso, que enxergamos isso
como coisa da natureza. O que não significa dizer
que os que assim se comportam não devam se
esforçar para reverter o quadro e, especialmente,
não cair na promiscuidade, apenas não vemos
nenhum motivo para se ter qualquer tipo de

232
preconceito contra as pessoas que assim agem.

Por outro lado, gostaríamos de saber dos que


alimentam preconceito contra os homossexuais se
também o teriam pelos heterossexuais que, em
atividades sexuais viciosas, fazem sexo até mesmo
com animais, fato que todos sabemos que acontece,
mas fingimos de “peixe morto”.

Muitos advogam que, na tradicional prática


sexual entre um homem e mulher, há troca de
energias, para fazer disso uma “arma” contra as
relações homossexuais. Não duvidamos que numa
relação sexual haja troca de energias entre os
parceiros de sexo oposto – um homem e uma
mulher; mas perguntamos: porventura isso ocorrerá
em todas as situações? Mesmo no caso, por
exemplo, de que um dos dois a pratique por
prostituição? Será que poderia, também, haver essa
troca de energias, quando um casal, saindo do
hábito tradicional, resolve praticar o sexo oral ou até
mesmo o anal?

Por outro lado, não poderia um homem viciar


sua esposa na prática sexual anal de tal forma que,
na encarnação seguinte ela, mesmo vestindo um

233
corpo físico masculino, mantenha seu impulso
sexual canalizado para essa zona erógena, agindo
assim como homossexual? Nesse caso de quem
mesmo seria a culpa?

Para demonstrar que nem todos discriminam,


e que, graças a Deus, muitos não admitem esse
preconceito, apenas buscam respeitar a opção
pessoal de cada um, o que não significa,
necessariamente, concordar com tais práticas,
foram incorporadas nessa nossa pesquisa, opiniões
de pessoas estudiosas do Espiritismo, assim como
de Espíritos.

Poderemos ainda deixar para uma reflexão


individual, a ser feita por cada um de nós, o
seguinte:

• Suponhamos que vivêssemos num país onde,


por determinação superior, tivéssemos que,
por um longo tempo, abrigar em nossa casa
uma pessoa, cuja escolha deveríamos fazer
entre duas que nos seriam indicadas.
Apresentam-nos, então, para essa escolha, um
assassino psicopata e um homossexual.
Perguntamos: qual dos dois você escolheria

234
para viver sob seu teto durante o tempo
estabelecido?

• Suponhamos, também, que tivéssemos uma


criança pequena que demonstrasse
tendências homossexuais, cuja causa poderia
ser a viciação por outras pessoas mais velhas,
como por exemplo, o uso indiscriminado de
supositórios como medicamento para
problemas de “ar preso”, que veio despertar
nela o prazer na região anal, o que faríamos
diante dessa realidade?

• Suponhamos, ainda, que entre os nossos filhos


atuais ou que viéssemos a ter no futuro,
houvesse um deles, que, por alguma razão
que desconhecemos, resolvesse, durante a
festa de seu aniversário de 18 anos, assumir
publicamente, diante de todos os convidados,
sua homossexualidade. Qual seria a nossa
atitude diante desta bombástica notícia?
Iríamos tratar esse filho com o mesmo
preconceito que temos para com os que não
se ligam a nós pelos laços da
consanguinidade?

235
Uma hipótese abordada pelo Dr. Roberto Lúcio,
com a qual concordamos plenamente, é que, em
algumas situações, a causa da homossexualidade
poderia ser por indução psíquica dos próprios pais,
quando desejando ardentemente que o seu futuro
rebento seja de um sexo diferente daquele que a
vontade de Deus determinou, acabam implantando
no psiquismo desse feto o desejo de seus pais.
Assim, após o seu nascimento poderá, consciente ou
inconscientemente, agir para realizar tal desejo,
passando a ser apenas na esfera psíquica aquela
criança, cujo sexo foi objeto do sonho dos pais.

Somente quando nos colocamos na mesma


situação do outro é que poderemos avaliar o que ele
pode estar passando, daí a razão de apresentarmos
essas situações para a nossa reflexão, esperando
que cada um possa ter a capacidade de considerar
tais hipóteses, na expectativa de, se for o caso,
mudar seu pensamento diante da homossexualidade
dos que jornadeiam conosco em busca da própria
evolução moral e espiritual. Oportuno não
esquecermos de que “[…] nenhuma coisa é de si
mesmo imunda senão para aquele que a tem por

236
imunda, para este é imunda”. (Romanos 14,14).

O texto já estava por nós encerrado, mas um


amigo após analisá-lo, pediu ao seu guia para opinar
sobre esse assunto. Essa mensagem, novíssima,
vem arrematar tudo o que já foi dito, quanto ao
preconceito, que, com a devida permissão dele,
estamos incluindo agora ao final. Trata-se do nosso
amigo advogado Raimundo de Moura Rego Filho,
médium, espírita atuante na cidade do Rio de
Janeiro, que nos enviou, por e-mail, o seguinte:

Hermes, por sentir-te por perto penso que me


poderias dar um esclarecimento sobre o tema que
hora estudo e do qual, preciso dar uma opinião ao
autor da matéria de estudo.
Seria possível que me explicasses sobre as
causas do homossexualismo? Estariam essas
causas ligadas à reencarnação, com elemento
fulcro, desse acometimento?
Responde Hermes:
Amado meu:
Temas como este, tão discutidos e por vezes
tão insistentemente associados somente aos
nossos quereres ou visões mais íntimas, têm mais
das vezes, afastado irmãos de ideal espírita não
só da Casa Espírita, mas de todo o entendimento
que, haurido da doutrina Espírita, poderia ajudar a

237
que eles fossem mais bem compreendidos, e por
isso mesmo, tratados com mais respeito, amor e
tolerância.
O mais importante em qualquer caso, querido,
é o entendimento fraterno do problema, e a
recondução do paciente adoecido, ao caminho do
recomeço.
Ora, o que se vê, é a tônica da intolerância, do
desrespeito, e por vezes os ataques e achaques
mal-intencionados, oriundos das assertivas,
sempre baseadas no desconhecimento
doutrinário, ou reforçadas pelo preconceito para
com essas pessoas. São nossos irmãos em Cristo,
são também eles, o nosso elemento de melhora e
ascensão espiritual, ao sabermos com eles
conversar, de modo doutrinário, correto e adeso às
Leis do amor, da Caridade e do Progresso. Sem
esses elementos, não se reeduca, não se ensina,
em suma não se faz Espiritismo.
Quantos já não terão sentido o gosto do
amargo fel do desprezo, o escárnio, as palavras
duras com que muitos se manifestam e lhes
dirigem?
Quanta dor, sofrimento e humilhação, já não
haverão de ter passado? Estes, também, são
nossos irmãos, meu filho.
Se voltarmos olhos ao episódio da “adúltera”,
encontraremos não a condenação do Rabi, mas o
julgamento sensato e amoroso que a indicou o
caminho da regeneração.
Tal é assim para com esse caso em específico.
Remeter-se o homem de hoje, ainda cheio de

238
preconceitos, (e isso dos dois lados), aqueles que
querem descobrir tão somente as causas, sem
atacar os irmãos em provação, e daqueles por
quem chegam as palavras mais duras, mais
distantes, tanto do conhecimento sobre o tema,
quanto da formação doutrinária, descambando
para os apupos e para os acicates, brandindo seus
chicotes idiomáticos como se estivessem isentos
de erros, a tema tão importante e tão controverso,
seria pedir não a descoberta do remédio, mas que
se estabelecesse a discórdia afastante, o cisma, a
cizânia, todos os desvarios a que a pouca moral
humana possa encaminhar alguns irmãos, por
vezes em maior desalinho do que o próprio
Homossexual. Como se os Héteros formassem a
nação dos eleitos, dos corretos e dos infalíveis,
quanta empáfia, quanto desamor. Notas como o
Evangelho, bem estudado e conhecido faz falta a
essas pessoas?
Por não terem alteados os patamares morais, a
ponto de entenderem o Evangelho, não entendem
as premissas da doutrina Espírita.
Por não se reconfigurarem, persistindo
também, nas próprias mazelas morais que já lhe
são de conhecimento, tornam-se míopes aos
ensinos que a própria doutrina oferece, e que lhes
indicaria o caminho para a resposta que, ao que
nos é permitido saber e dizer distaria, ainda para
um próximo período reencarnatório, este já sob
outra vibração, mais sutil e elevada, remetendo os
ideais do Amor Crístico e da Fraternidade, à maior
celeridade no cumprimento da Lei do Progresso.
Faze, então, teus amigos e tu mesmo, da

239
experiência transitória nesta existência, caminho
para um aprendizado mais amplo e dignificante ao
espírito, para que no porvir, possam todos ajudar,
sob o olhar do Cristo, a todos os doentes, da alma
e do Corpo.
Até lá, amado meu, ora por eles, por estes
nossos irmãos que tanto sofrem escondidamente,
não os diminuam ou discriminem, esclareçam!
Posto que já sofrem deveras, neste período de dor
sob o qual passam suas existências, no hoje.
Amor e Paz,
Hermes.
Rio, 14 de outubro de 2004.

Que as nossas observações e as opiniões, aqui


colocadas, possam ajudar as pessoas a se
libertarem do preconceito contra os homossexuais,
tratando-os de igual modo como gostariam que
fossem tratados.

Que todos nós possamos ser iluminados por


Jesus para que nos despertemos para a máxima
evangélica de “amar ao próximo como a si mesmo”
(Mateus 22,39; Marcos 12,31) no sentido mais amplo
do termo e com isso tratar os homossexuais com
mais amor e tolerância, menos ódio e preconceito.

240
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www.espirito.org.br/portal/artigos/fep/homossexualida
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mãe de criança que trocará nome, 04.02.2016,
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ou-cortar-o-penis-aos-3-anos-diz-mae-de-menino-que-
trocara-de-nome.html. Acesso em: 07 set. 2017.
Artigo: Menino gêmeo, de 4 anos, ama se vestir como
menina e mãe apoia sua decisão:
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4-anos-ama-se-vestir-como-menina-e-mae-apoia-sua-
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mais da reportagem)
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humanos são de apenas 1,6%, disponível em:
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sexual por análise facial, disponível em:
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à morfologia de “macho” ou “fêmea”, disponível em:
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homossexualidade não é inata, disponível em:
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AAAAAAAAtKw/K_H2UVeZfZQ/
s1600/531917_10200807059591323_145336124_n.jp
g;
http://www.jedilol.com.br/wp-content/uploads/2012/10
/olhos-claros-34.jpg;
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sobre Romeo…, 01.02.2015, disponível em:
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menina e mãe apoia sua decisão, disponível em:
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p. 76: Sexualidade (q. 200 a 202 – LE): de nossa autoria.
p. 78: Menino/menina:
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p. 84: Psiquismo é que está no comando:
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253
p. 144: Homem x mulher (adaptado cromossomos):
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p. 149: Criança com dois sexos: https://scontent.fplu3-
1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-0/c0.1.200.200a/p200x200/351
43376_257948604780751_8279849180273311744_n.j
pg?_nc_cat=109&_nc_ht=scontent.fplu3-
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p. 150: OLHAR DIGITAL, Médicos descobrem útero e
ovário em homem de 67 anos durante cirurgia de
hérnia, disponível em:
https://olhardigital.com.br/2022/01/24/medicina-e-
saude/medicos-descobrem-utero-e-ovario-em-homem-
de-67-anos-durante-cirurgia-de-hernia/. Acesso em: 27
jan. 2022.
p. 154: Tai Chi (símbolo): http://4.bp.blogspot.com/-
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p. 155: Alfred Kinsey na capa da Time:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/85/
Alfred_Kinsey-TIME-1953.jpg. Acesso em: 14 abr. 2023.
p. 158: Escala Kinsey:
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insey.jpg. Acesso em: 07 set. 2017.
p. 163: WAMBACH, Recordações de Vidas Passadas,
gráfico “A distribuição dos sexos em cada período de
tempo”, p. 105.
p. 166: Psiquismo ‘duplo’ => bissexual: de nossa autoria.

254
p. 171: PAIVA, New York agora reconhece 31 tipos
diferentes de gênero. disponível em:
http://www.ceert.org.br/noticias/genero-mulher/11825/
nova-york-agora-reconhece-31-diferentes-tipos-de-
genero. Acesso em: 07 set. 2017.
p. 181: REDE BRASIL ATUAL, Casamento gay, disponível
em:
https://www.redebrasilatual.com.br/wp-content/upload
s/2018/11/e15c22a8-960f-4aea-96b4-
5d7c3b73550d.jpeg. Acesso em: 10 jul. 2022.
p. 228: Juiz severo:
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p. 229: ÉPOCA (site), Homofobia pode ser reação de
desejo retraído pelo mesmo sexo, diz estudo,
disponível em:
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/
04/homofobia-pode-ser-reacao-de-desejo-retraido-
pelo-mesmo-sexo-diz-estudo.html#. Acesso em: 07
set. 2017.

255
Indicações sobre o tema

1 – Algumas opiniões sobre homossexualidade:


Drauzio Varella: https://www.youtube.com/watch?v=rqi-
UTb9f9Y
Divaldo P. Franco: https://www.youtube.com/watch?
v=yi5BjC0Guo8
Divaldo P. Franco: https://www.youtube.com/watch?
v=Jgb6RTiz8ZM
Raul Teixeira, Divaldo Franco e Chico Xavier:
https://www.youtube.com/watch?v=V0DP7Slu4CE

2 – Filmes sobre homossexualidade:


Ryland: https://www.youtube.com/watch?v=jahSz5j1ZeI
Orações para Bobby: https://www.youtube.com/watch?
v=qprpqnqVVuY
Minha vida em cor-de-rosa:
http://clubedofilmegratis.com.br/minha-vida-em-cor-
de-rosa-1997-transformacao/

3 – Homossexualidade e a Bíblia
Muro Pequeno: https://www.youtube.com/watch?
v=OYy2Vn15xVI&feature=youtu.be

4 – Confissão de Austin e Aaron Rhodes


https://www.youtube.com/watch?v=L3K0CJ8usPU

256
5 – Fantástico: quem sou eu?
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2017/03/quem-sou-
eu-conheca-criancas-transgeneros-na-estreia-da-nova-
serie.html
http://especiais.g1.globo.com/fantastico/2017/quem-sou-
eu/

257
Dados biográficos do autor

Paulo da Silva Neto Sobrinho é


natural de Guanhães, MG. Formado em
Ciências Contábeis e Administração de
Empresas pela Universidade Católica
(PUC-MG). Aposentou-se como Fiscal
de Tributos pela Secretaria de Estado
da Fazenda de Minas Gerais. Ingressou
no movimento Espírita em Julho/87.
Escreveu vários artigos que foram publicados em
seu site www.paulosnetos.net e alguns outros sites
Espíritas na Web.
Livros publicados por Editoras:
a) impressos: 1) A Bíblia à Moda da Casa; 2) Alma
dos Animais: Estágio Anterior da Alma Humana?; 3)
Espiritismo, Princípios, Práticas e Provas; 4) Os Espíritos
Comunicam-se na Igreja Católica; 5) As Colônias
Espirituais e a Codificação; 6) Kardec & Chico: 2
missionários. Vol. I; 7) Reuniões de Desobsessão
(Momento de Acolher Espíritos em Desarmonia); e 8)
Espiritismo e Aborto.
b) digitais: 1) Kardec & Chico: 2 missionários. Vol.
II, 2) Kardec & Chico: 2 missionários. Vol. III; 3) Racismo
em Kardec?; 4) Espírito de Verdade, quem seria ele?; 5) A
Reencarnação tá na Bíblia; 6) Manifestações de Espírito
de pessoa viva (em que condições elas acontecem); 7)

258
Homossexualidade, Kardec já falava sobre isso; 8) Chico
Xavier: uma alma feminina; 9) Os nomes dos títulos dos
Evangelhos designam seus autores?; 10) Apocalipse:
autoria, advento e a identificação da besta; 11) Chico
Xavier e Francisco de Assis seriam o mesmo Espírito?;
12) A mulher na Bíblia; 13) Todos nós somos médiuns?;
14) Os seres do invisível e as provas ainda recusadas
pelos cientistas; 15) O Perispírito e as polêmicas a seu
respeito; 16) Allan Kardec e a lógica da reencarnação;
17) O fim dos tempos está próximo?; 18) Obsessão,
processo de cura de casos graves; 19) Umbral, há base
doutrinária para sustentá-lo?; 20) A aura e os chakras no
Espiritismo; 21) Os Quatro Evangelhos, obra publicada
por Roustaing, seria a revelação da revelação?; 22)
Espiritismo: Religião sem dúvida; 23) Allan Kardec e suas
reencarnações; 24) Médiuns são somente os que sentem
a influência dos Espíritos?; 25) EQM: prova da
sobrevivência da alma; 26) A perturbação durante a vida
intrauterina; e 27) Os animais: percepções,
manifestações e evolução.

Belo Horizonte, MG.


e-mail: paulosnetos@gmail.com

259
1 DICIONÁRIO PRIBERAM, Homossexualidade, disponível
em: https://dicionario.priberam.org/homossexualidade.
2 YOUTUBE, The Whittington Family: Ryland’s Story,
disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=jahSz5j1ZeI
3 Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do
Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro – CCDPE-ECM:
http://www.ccdpe.org.br/
4 O negrito em todas as transcrições, bem como em tudo
aquilo que for de nossa lavra, são nossos, informaremos
quando não for o caso.
5 Tipos de preconceitos:
http://www.notapositiva.com/old/pt/trbestbs/psicologia/im
agens/12_estereotipos_preconceito_e_discriminacao2_05_
d.jpg
6 DICIONÁRIO HOUAISS, Preconceito. Versão 2009.12.
7 NUNES FILHO, Sexualidade à Luz da Doutrina Espírita, p.
70.
8 FIGUEIREDO, O Testemunho dos Sábios, p. 39.
9 http://www.paulopes.com.br/2013/08/religiao-eh-grande-
foco-gerador-de-homofobia.html#.V_36LCSYHCt.
10 SENADO FEDERAL, Constituição Federal, disponível em:
http://livraria.senado.leg.br/ebook.constituicao
11 Mateus 22,39.
12 EHRMAN, Pedro, Paulo e Maria Madalena, p. 310-311.
13 Bíblia Anotada – Mundo Cristão, p. 164.
14 Bíblia Anotada – Mundo Cristão, p. 164.
15 Bíblia Anotada – Mundo Cristão, p. 166.
16 BARRERA, A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã: Introdução à
História da Bíblia, p. 288.
17 BÍBLIA ONLINE: http://www.bibliaon.com/1_corintios_6/.
18 Bíblia do Peregrino, p. 2746.

260
19 Em 1847 alterou legalmente o seu nome de Karl-Maria
Benkert para a forma húngara, com conotações
aristocráticas, Károly Mária Kertbeny.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Maria_Kertbeny)
20 MENCATO, Homossexualidade na história – um pouco de
como tudo começou, disponível em:
https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=9009.
21 NUNES FILHO, Sexualidade à Luz da Doutrina Espírita, p.
68-69.
22 Bíblia Anotada – Mundo Cristão, p. 1411.
23 Bíblia Anotada – Mundo Cristão, p. 1294.
24 BUSIN, Homossexualidade, religião e gênero: a influência
do catolicismo na construção da auto-imagem de gays e
lésbicas, disponível em:
https://pt.scribd.com/document/294049975/BUSIN-
Homossexualidade-Religiao-e-Genero
25 De “Referências bibliográficas”: CNBB. (2000) Catecismo
da Igreja Católica: Edição Típica Vaticana. São Paulo: Ed.
Loyola.
26 BUSIN, Homossexualidade, religião e gênero: a influência
do catolicismo na construção da auto-imagem de gays e
lésbicas, p. 80.
27 Teor confirmado em: AQUINO, Palavras a um jovem
homossexual, disponível em:
https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-
sexualidade/homossexualidade/palavras-a-um-jovem-
homossexual/
28 Garotas:
http://www.fotoshot.com.br/wp-content/uploads/aqui-tem-
belas-garotas-2-32.jpg; http://4.bp.blogspot.com/-o-
ClSpTdLCQ/UnCNWVPJmzI/AAAAAAAAtKw/K_H2UVeZfZQ/
s1600/531917_10200807059591323_145336124_n.jpg;
http://www.jedilol.com.br/wp-content/uploads/2012/10/olh
os-claros-34.jpg;
http://acidcow.com/pics/20090716//16/kim_petras_07.jpg;
5ª: autorizada pela própria; e
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/01/150113_
trans_puberdade_lk

261
29 Alguém já ouviu falar em Kim Petras?, disponível em:
http://nemtodameninaebarbie.wordpress.com/2010/01/16/
kim-petras/
30 Site BBC Brasil: Zoey:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/01/150113_
trans_puberdade_lk
31 SOARES, W. Educação Sexual: precisamos falar sobre
Romeo…, disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/80/educacao-sexual-
precisamos-falar-sobre-romeo
32 Menino gêmeo, de 4 anos, ama se vestir como menina e
mãe apoia sua decisão, disponível em:
http://www.gadoo.com.br/noticias/menino-gemeo-de-4-
anos-ama-se-vestir-como-menina-e-mae-apoia-sua-
decisao/
33 ARAÚJO, “Não aceitava vestir roupa de menino”, diz mãe
de criança que trocará nome, disponível em:
http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2016/02/tentou-
cortar-o-penis-aos-3-anos-diz-mae-de-menino-que-trocara-
de-nome.html
34 XAVIER, Vida e Sexo, p. 109.
35 BARCELOS, Homossexualidade, Reencarnação e Vida
Mental, p. 135-137.
36 YOUTUBE, The Whittington Family: Ryland’s Story,
disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=jahSz5j1ZeI
37 HAMANN, Algoritmos já podem identificar orientação
sexual por análise facial, disponível em:
https://www.tecmundo.com.br/software/121847-
algoritmos-identificar-orientacao-sexual-analise-facial.htm
38 FERREIRA, Homossexualidade à Luz da Doutrina Espírita.
disponível em:
http://jeebc.blogspot.com.br/2011/06/homossexualidade-
luz-da-doutrina.html
39 VALADÃO, A Relevância Moral da Homossexualidade na
Perspectiva Espírita, arquivo PDF, p. 8.
40 PEREZ, Desafios da Sexualidade, p. 284.

262
41 PEREZ, Desafios da Sexualidade, p. 284.
42 LOPES, Sexo e Consciência, p. 191-192.
43 MOREIRA, Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, p. 34.
44 MOREIRA, Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, p. 34.
45 MOREIRA, Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, p. 36.
46 MOREIRA, Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, p. 40.
47 PEREZ, Desafios da Sexualidade, p. 75.
48 PEREZ, Desafios da Sexualidade, p. 289.
49 Campanha Contra Homofobia – Diversidade de Gêneros:
http://avozdaserra.com.br/sites/default/files/colunas/19-
05-16.jpg
50 Expressões da sexualidade,
http://www.primeiranoticia.ufms.br/upload/images/infogra
fico-transexualidade-baixa-qualidade.JPG
51 Associação Viva a Diversidade:
https://i.pinimg.com/564x/97/3c/29/973c29c91d81b70c9a
20bf27ca7b78ec.jpg
52 PIRES, Mediunidade (Vida e Comunicação), p. 62-63.
53 GASPAR, Sexo, Consciência e Amor, p. 36.
54 GASPAR, Sexo, Consciência e Amor, p. 33-34.
55 PIRES, Mediunidade (Vida e Comunicação), p. 61-62.
56 ESPÍRITO SANTO NETO, Estamos prontos: Reflexões sobre
o desenvolvimento do espírito através dos tempos, p.
149-150.
57 XAVIER, Vida e Sexo, p. 110.
58 MELDAU, Homossexualidade no Reino Animal, disponível
em:
http://www.infoescola.com/biologia/homossexualidade-no-
reino-animal/

263
59 HYPESCIENCE, 10 animais que praticam a
homossexualidade, disponível em: hypescience.com/10-
animais-que-praticam-a-homossexualidade
60 CHUECCO, Quase humanos?, in. Newton – Tecnologia,
Ciência e Vida, p. 30.
61 Em 31.03.2016 pesquisadores da Universidade de
Washington informam que a diferença entre os humanos e
os gorilas é de 98,4%, conforme reportagem no site
Notícias UOL, Fonte: DUNHAM, Diferenças genéticas entre
gorilas e humanos são de apenas 1,6%, disponível em:
https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/reuters
/2016/03/31/diferencas-geneticas-entre-gorilas-e-
humanos-sao-de-apenas-16.htm
62 O bonobo (Pan paniscus), também chamado de
chimpanzé-pigmeu recebeu este nome por ter surgido
na terra dos pigmeus, mas não apresentam nenhuma
redução de tamanho quando comparado a outros
chimpanzés. É uma espécie endêmica da República
Democrática do Congo, e encontrada apenas nas densas
florestas equatoriais ao sul do rio Congo. […].
(https://www.infoescola.com/animais/bonobo/, por Carla
Araújo Vieira, grifo do original)
63 CHUECCO, Quase humanos? In Newton – Tecnologia,
Ciência e Vida, nº 2, p. 26-32.
64 CORRADINI, Eu quero é sexo!, in Revista dos Curiosos, nº
14, p. 50.
65 BBC – Brasil, O quebra-cabeça evolutivo da humanidade,
disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/02/140219
_quebra_cabeca_evolucao_homossexualidade_lgb
66 XAVIER, Vida e Sexo, p. 128.
67 FRANCO, Sexo e Obsessão, p. 187-188.
68 GASPAR, Sexo, Consciência e Amor, p. 31.
69 KARDEC, O Livro dos Espíritos, p. 131.
70 KARDEC, Revista Espírita 1866, p. 3-4; imagem:
https://thumbs.dreamstime.com/z/menino-e-menina-
16128040.jpg

264
71 KARDEC, Revista Espírita 1866, p. 4-5.
72 KARDEC, Revista Espírita 1867, p. 165.
73 KARDEC, Revista Espírita 1858, p. 41.
74 XAVIER, Evolução em Dois Mundos, p. 141-142.
75 XAVIER, Evolução em Dois Mundos, p. 146.
76 Link:
https://www.idrlabs.com/static/i/kinsey-scale/pt/1.png,
adaptada.
77 XAVIER, Vida e Sexo, p. 110-111.
78 FRANCO, Sexo e Obsessão, p. 192.
79 XAVIER e VIEIRA, Sexo e Destino, p. 272-273.
80 LOPES, Sexo e Consciência, p. 193.
81 LOPES, Sexo e Consciência, p. 196-197.
82 PIRES, Mediunidade (Vida e Comunicação), p. 61.
83 FRANCO, Dias Gloriosos, p. 125-126.
84 FRANCO, Dias Gloriosos, p. 126-127.
85 XAVIER, Evolução em Dois Mundos, p. 193-194.
86 Em O Livro dos Espíritos, questão 128, temos a
informação, proveniente da pergunta e da resposta,
de que “Os seres a que chamamos anjos, […] são os
Espíritos puros: os que se acham no mais alto grau
da escala e reúnem todas as perfeições.” (p. 100)
87 Nota da Transcrição (N.T.): Holmes e al., “Sexual abuse of
boys – definition, prevalence, correlates, seguelae, and
management”. JAMA, dezembro 2, 1998 (280), 21.
88 MOREIRA, Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, p. 164-165.
89 FRANCO, Loucura e Obsessão, p. 12.
90 FRANCO, Loucura e Obsessão, p. 50-51 e 54.
91 FRANCO, Loucura e Obsessão, p. 55.
92 FRANCO, Loucura e Obsessão, p. 59.

265
93 FRANCO, Loucura e Obsessão, p. 62-63.
94 FRANCO, Loucura e Obsessão, p. 63.
95 DENIS, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, p. 177.
96 DENIS, O Gênio Céltico e o Mundo Invisível, p. 186.
97 DENIS, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, p. 178.
98 XAVIER, Ação e Reação, p. 209.
99 XAVIER, Ação e Reação, p. 209.
100 FRANCO, Adolescência e Vida, p. 28-29.
101 XAVIER, Religião dos Espíritos, p. 134.
102 XAVIER, Vida e Sexo, p. 112.
103 XAVIER, Sexo e Destino, p. 273.
104 ANDRADE, Espírito, Perispírito e Alma, p. 228-229.
105 ANDRADE, Você e a Reencarnação, p. 113-117.
106 SOUZA, A Visão Espírita da Homossexualidade, in Revista
Cristã de Espiritismo n° 19, p. 40-45.
107 TEIXEIRA, Educação e Vivencias, p. 73-75.
108 FRANCO, Adolescência e Vida, p. 70-71.
109 CASTRO, O preço de ser diferente, p. 337-338.
110 Segundo pudemos informar a publicação dessa revista era
feita pela Federação Espírita de Portugal. Infelizmente não
encontramos o número informado.
111 N.T.: Extraído do Boletim Eletrônico nº 258 de 1997 do
GEAE (Grupo de Estudos Avançados de Espiritismo).
112 ALMEIDA, Homossexualidade, disponível em:
www.espirito.org.br/portal/artigos/fep/homossexualidade.h
tml
113 Bíblia Shedd, p. 3.
114 Bíblia Shedd, p. 4.
115 Bíblia Sagrada – Vozes, p. 29.
116 Bíblia Sagrada Barsa, p. 4.
117 TRICCA, Apócrifos IV: Os Proscritos da Bíblia, p. 31-32.

266
118 Homem x mulher (adaptado cromossomos):
http://www.gruporpf.com.br/product_images/i/639/06__40
699_zoom.jpg
119 JUSTE, Homem gay tem cérebro feminino, comprova
estudo, disponível em:
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL602802-
5603,00.html
120 NUNES FILHO, Reencarnação – Questão de Lógica, p. 286.
121 NUNES FILHO, Reencarnação – Questão de Lógica, p. 287.
122 Link:
https://scontent.fplu3-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-0/c0.1.200.20
0a/p200x200/35143376_257948604780751_8279849180
273311744_n.jpg?_nc_cat=109&_nc_ht=scontent.fplu3-
1.fna&oh=df578cdaa18c1fb4228497602b4ef11b&oe=5D
0CA8C3
123 Mon Historie 243, (Facebook), disponível em:
https://www.facebook.com/Mon-Histoire-243-
227631767812435/?tn-str=k*F
124 OLHAR DIGITAL (site), Médicos descobrem útero e ovário
em homem de 67 anos durante cirurgia de hernia,
disponível em:
https://olhardigital.com.br/2022/01/24/medicina-e-
saude/medicos-descobrem-utero-e-ovario-em-homem-de-
67-anos-durante-cirurgia-de-hernia/
125 HESSEN, Intersexualidade, o ser humano não se reduz à
morfologia de “macho” ou “fêmea”, disponível em:
https://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com/20
17/07/intersexualidade-o-ser-humano-nao-se.html
126 CERQUEIRA FILHO, Sexualidade e Saúde Espiritual:
reflexões sobre Sexo, Sexualidade e Sexualismo, p. 95-97.
127 NUNES FILHO, Sexualidade à Luz da Doutrina Espírita, p.
67.
128 TREIGUER, Homossexualidade à luz da Doutrina Espírita.
disponível em:
http://www.cefran.org.br/homossexualidade-luz-da-
doutrina-esprita
129 ALFRED KINSEY: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Kinsey

267
130 WAAL, Eu, Primata: por que somos como somos, p. 123-
124.
131 ESPÍRITO SANTO NETO, Estamos Prontos: Reflexões sobre
o desenvolvimento do espírito através dos tempos, p.
150.
132 Escala Kinsey:
http://regiogay.com/wp-content/uploads/2015/05/grafkinse
y.jpg
133 XAVIER, Sexo e Destino, p. 273.
134 NUNES FILHO, Sexualidade à Luz da Doutrina Espírita, p.
85.
135 JUNG, Memórias, Sonhos, Reflexões, p. 351.
136 N.T.: Em Tipos psicológicos (1921), Jung escreveu: “Mulher
muito feminina tem alma masculina; homem muito
masculino tem alma feminina. Deve-se este contraste ao
fato de o homem não ser plenamente viril em todas as
coisas, mas possuir, via de regra, certos traços femininos.
Quanto mais viril sua atitude externa, mais suprimidos os
traços femininos; aparecem, então, no inconsciente? (OC,
6.§ 748 [884]). Ele designa a alma feminina do homem de
anima, e a alma masculina da mulher de animus, e
descreve como as pessoas projetam suas imagens da
alma sobre os membros do sexo oposto (ibid).
137 N.T.: Para Jung, a integração da anima para o homem, e
do animus para a mulher era necessária para o
desenvolvimento da personalidade. Em 1928, ele
descreveu este processo, que exigiu a retirada das
projeções dos membros do sexo oposto, diferenciando-as
e tomando consciência dela em “2q1” (OC, 7 § 296s. Cf.
também. Aion, 1951. OC, 9/2, § 20s).
138 N.T.: Em vez dessa frase, o esboço corrigido tem: “Mas se
ele assumir em si mesmo o feminino, ficará livre da
escravidão da mulher” (p. 178).
139 JUNG, O Livro Vermelho, p. 203-204.
140 WAMBACH, Recordações de Vidas Passadas, p. 105.
141 WAMBACH, Vida Antes da Vida, p. 86.

268
142 MOREIRA, Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, p. 166.
143 N.T.: Sigmund Freud, Psicogênese de um caso de
homossexualidade feminina, volume VXIII.
144 MOREIRA, Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, p. 151.
145 Nota da transcrição: Jorge Andrea, Forças Sexuais da
Alma, p. 65.
146 MOREIRA, Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, p. 153.
147 XAVIER, Vida e Sexo, p. 109.
148 MOREIRA, Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, p. 116.
149 ALLEGRETTI, F. Crianças trans não estão fingindo. Elas
existem. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/criancas-trans-nao-
estao-fingindo-elas-existem
150 PAIVA, New York agora reconhece 31 tipos diferentes de
gênero. disponível em:
http://www.ceert.org.br/noticias/genero-mulher/11825/nov
a-york-agora-reconhece-31-diferentes-tipos-de-genero
151 VARELLA, Gays e heterossexuais incuráveis, disponível
em: https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/gays-
e-heterossexuais-incuraveis/
152 IRALA, Como cientista, posso afirmar, que a
homossexualidade não é inata, disponível em:
https://padrepauloricardo.org/blog/como-cientista-posso-
afirmar-que-a-homossexualidade-nao-e-inata
153 IRALA, Como cientista, posso afirmar, que a
homossexualidade não é inata, disponível em:
https://padrepauloricardo.org/blog/como-cientista-posso-
afirmar-que-a-homossexualidade-nao-e-inata
154 Escola e Educação, Você sabe o que é ideologia de
gênero?, disponível em:
https://escolaeducacao.com.br/ideologia-de-genero/

269
155 Significados, Ideologia de gênero, disponível em:
https://www.significados.com.br/ideologia-de-genero/
156 N.T.: Disponível em: http://especiais.
gazetadopovo.com.br/ideologiade-genero-estudo-do-
american-college-of-pediatricians. Acesso em: 5 dez.
2017.
157 MOURA, Discussão sobre gênero, in. Reformador nº 2.268,
p. 31-32.
158 MOURA, Discussão sobre gênero, in. Reformador nº 2.268,
p. 33.
159 MOURA, Discussão sobre gênero, in. Reformador nº 2.268,
p. 31.
160 American College of Pediatricians, Gender Ideology Harms
Children, disponível em: https://www.acpeds.org/the-
college-speaks/position-statements/gender-ideology-
harms-children
161 N.T.: American Psychiatric Association. Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders. 5ª edição, 2013,
pp. 451-459.
162 CRETELLA, Ideologia de Gênero: estudo do American
College of Pediatricians, disponível em:
https://especiais.gazetadopovo.com.br/ideologia-de-
genero/
163 MOURA, Discussão sobre gênero, in. Reformador nº
2.268, p. 35-36.
164 REDE BRASIL ATUAL, Casamento gay, disponível em:
https://www.redebrasilatual.com.br/wp-content/uploads/20
18/11/e15c22a8-960f-4aea-96b4-5d7c3b73550d.jpeg
165 RODSTEIN, Você sabia que o Brasil também reconhece o
casamento Gay?, disponível em:
https://camilasardinha.jusbrasil.com.br/artigos/202528422
/voce-sabia-que-o-brasil-tambem-reconhece-o-casamento-
gay
166 MOREIRA, Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, p. 214.
167 N.T.: Francisco Cândido Xavier e Espírito Emmanuel, Jornal
Folha Espírita, do mês de julho de 1984.

270
168 MOREIRA, Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito
Imortal, p. 216-218.
169 HESSEN, Casamento Gay, disponível em:
https://kardecriopreto.com.br/casamento-gay/
170 SIMONETTI, Casamento Gay, disponível em:
https://www.correioespirita.org.br/categorias/artigos-
diversos/1243-casamento-gay
171 Link:
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Transgenitalismo
172 PORTAL MÉDICO:
http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2010/195
5_2010.htm
173 NOBRE, Lições de Sabedoria: Chico Xavier nos 23 anos da
Folha Espírita, p. 69.
174 NOBRE, Lições de Sabedoria: Chico Xavier nos 23 anos da
Folha Espírita, p. 70-71.
175 FRANCO, Dias Gloriosos, p. 127-128.
176 GASPAR, Sexo, Consciência e Amor, p. 66.
177 N.T.: A cirurgia de mudança de sexo é denominada
cientificamente de cirurgia de redesignação sexual ou de
transgenitalização. Nota do organizador.
178 N.T.: Ver o livro Dias Gloriosos, cap. 14 (Mudança de
Sexo). A mesma opinião é apresentada por Chico Xavier
no livro Lições de Sabedoria, de Marlene Nobre, Ed. Folha
Espírita, cap. 37 (Cirurgia para Mudança de Sexo). Nota do
organizador.
179 N.T.: Para uma análise sobre a transexualidade ver o livro
Loucura e Obsessão, cap. 5 (Sombras e Dores do Mundo),
cap. 6 (Destino e Sexo) e cap. 15 (O Passado Elucida o
Presente).
180 N.T.: Informação encontrada no livro Sexo e Destino, de
André Luiz/Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira,
segunda parte, cap. 9. Nota do organizador.
181 LOPES, Sexo e Consciência, p. 207-210.

271
182 Raul Teixeira – Cirurgia de Mudança de Sexo (Visão
Espírita) disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=l_TYRBJVsUk
183 BARCELOS, Homossexualidade, Reencarnação e Vida
Mental, p. 139-142.
184 XAVIER, Missionários da Luz, p. 158.
185 XAVIER, Vida e Sexo, p. 112-113.
186 LOPES, Sexo e Consciência, p. 204.
187 GOMES, Pinga-fogo com Chico Xavier, p. 105.
188 VIEIRA, Homossexualismo de Corpo e Alma, p. 33-34.
189 Pareceu-nos ser uma transcrição de: NOBRE, Lições de
Sabedoria: Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, P.
68-69.
190 VIEIRA, Homossexualismo de Corpo e Alma, p. 35.
191 N.T.: Questão 636 de O Livro dos Espíritos.
192 ESPÍRITO SANTO NETO, As Dores da Alma, p 108-109.
193 ESPÍRITO SANTO NETO, As Dores da Alma, p 108.
194 IRMÃO MATHEUS (Espírito):
http://cavile.com.br/psicografia-sexualidade-homo-x-
hetero/
195 BARCELOS, Homossexualidade, Reencarnação e Vida
Mental, p. 96.
196 BARCELOS, Homossexualidade, Reencarnação e Vida
Mental, p. 120.
197 MOARES, Como o Espiritismo vê as uniões homoafetivas.
Disponível em:
http://folhetimespirita.blogspot.com.br/2014/02/como-o-
espiritismo-ve-as-unioes.html
198 Raul Teixeira, opinião:
http://grupoallankardec.blogspot.com.br/2016/06/e-certo-
adocao-por-casais-homossexuais.html
199 AGRELA, Filhos de pais gays crescem tão bem quanto os
de casais heterossexuais, disponível em:
https://exame.abril.com.br/ciencia/filhos-de-pais-gays-
crescem-tao-bem-quanto-os-de-casais-heterossexuais/

272
200 NUNES FILHO, Sexualidade à Luz da Doutrina Espírita, p.
70-71.
201 NUNES FILHO, Sexualidade à Luz da Doutrina Espírita, p.
75.
202 N.T.: Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, perg. 201.
203 N.T.: Mt. 16:27.
204 TEIXEIRA, Desafios da Vida Familiar, p. 55-56.
205 FRANCO, Adolescência e Vida, p. 119-120.
206 Juiz: https://veg11.com.br/site/images/stories/nao-
julgar.jpg
207 LOPES, Sexo e Consciência, p. 211.
208 Reação Desejo Retraído:
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/04/
homofobia-pode-ser-reacao-de-desejo-retraido-pelo-
mesmo-sexo-diz-estudo.html#
209 SILVA NETO SOBRINHO, Homossexualidade, Kardec já
falava sobre isso, disponível em:
https://paulosnetos.net/palestras/video/homossexualidade
-kardec-ja-falava-sobre-isso

273

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