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Fundos de

Investimento

Características chave
e Boas Práticas
Fundos de Investimento e
Microfinança
Características chave e Boas Práticas

Este trabalho representa apenas o ponto de vista dos seus autores


e não pode, em qualquer circunstância, ser considerado a posição oficial
ou um compromisso formal por parte da Comissão Européia.
Índice:

1.Introdução
1.1.Comparação entre o Desenvolvimento das Instituições de Microfinança e o Desenvolvimento
dos Fundos de Investimento em Microfinança
1.1.1 Os primeiros objectivos sociais e de desenvolvimento
1.1.2 A realização de um potencial e necessário retorno
em conjunto com o retorno social
1.1.3 Institucionalização e profissionalização
1.1.4 Equilibrío entre Retorno Social e Retorno Financeiro
1.1.5 A procura de financiamento e de investidores

2. Análise de Fundos de Investimento para a Microfinança


2.1. Actores Chave
2.2. Tipo de Investidores
2.3. Distribuição dos Fundos de Investimento para a Microfinança com base nos seus
objectivos

3. Aumentar a Comercialização no Sector da Microfinança


3.1. Situaçao Actual: o crescente envolvimento do sector financeiro tradicional nos mercados
de capital internacionais e locais

4. Fundos de Investimento para a Microfinança: Transparência e Qualidade


4.1. Por um “Selo de Qualidade”
4.2 Os princípios chave do “Selo de Qualidade”
4.2.1 Veracidade do Selo
4.2.2 Boa Gestão Interna
4.2.3 Administração

5. Fundos de Investimento para a Microfinança: Conclusões e Recomendações para o Futuro

Anexo 1: Fundos de Investimento e outros Investidores em Microfinança

Anexo 2: Actores da Microfinança Europeia que actuam em Países em Desenvolvimento

2
1. Introdução

Os Fundos de Investimento em Microfinança (FIM) são vistos, cada vez mais, como o centro da atribuição de
fundos às Instituições de Microfinança. Estes assumem várias formas legais, várias estruturas e foram
montados por um conjunto de actores da indústria da microfinança, mas todos servem o principal propósito:
canalizam uma crescente fonte de financiamento para os micro-empresários através dos FIM estabelecidos
nos países em desenvolvimento. Os fundos de investimento em microfinança são também vistos como
uma ferramenta prática para se investir colectivamente num vasto e abrangente conjunto de FIM. Os
fornecedores de fundos são capazes de chegarem a um vasto conjunto de instituições locais e de modo
mais diversificado através destes veículos. Os últimos desenvolvimentos mostram que sempre que um
fundo de investimento em microfinança se estrutura de forma apropriada em torno de investidores
precisos, não existe falta de recursos financeiros. De facto, parece que cada vez mais os fornecedores
tradicionais de fundos para a microfinança, os doadores privados e as agências de desenvolvimento,
contribuem de bom grado para a criação destas estruturas por forma a atraírem mais fornecedores de
recursos financeiros.
A principal fonte para esta publicação é o artigo escrito por Patrick Goodman como consultor da ADA e da
KfW.1 A sua análise começa com uma comparação interessante entre a evolução das IMF e o
desenvolvimento dos Fundos de Investimento em Microfinança. Sob as exigências dos doadores privados,
das agências de desenvolvimento e, mais recentemente, dos fundos de investimento em microfinança, as
instituições microfinanceiras (IMF) estão a evoluir das instituições baseadas em doadores para verdadeiras
entidades comerciais, para as mais sofisticadas delas, com um objectivo específico: oferecer serviços
financeiros aos pobres. Os FIM estão a seguir o mesmo padrão, mas estão ligeiramente menos
desenvolvidos no seu caminho para uma maior comercialização. Como mostrou Patrick Goodman, a ironia
deste assunto, é que os fundos de investimento estão a exigir, por vezes, evoluções e melhorias por parte
das IMF para as quais esta não estão ainda muito bem preparadas para seguirem.
Serão analisados os fundos, a sua carteira de produtos, a origem e destino dos seus financiamentos. Serão
apresentados os desafios e as implicações avançadas pelo crescente interesse do sector financeiro
tradicional nas IMF, bem como algumas preocupações sobre a qualidade destes instrumentos. Por fim,
resumiremos os principais benefícios dos fundos de investimento em microfinança e apresentaremos
alguns critérios que estão a ser desenvolvidos por forma a estabelecer um benchmarking entre as IMF. Estes
benchmarks ainda estão numa fase embrionária mas são fulcrais para o estabelecimento de boas práticas.

1.1 Comparação entre o Desenvolvimento das Instituições de


Microfinança e o Desenvolvimento dos Fundos de
Investimento em Microfinança
1.1.1 Os primeiros objectivos sociais e de desenvolvimento
As IMF começaram, muitas vezes, como empresas sem fins lucrativos com um objectivo social: ajudar os
pobres dando-lhes acesso a um recurso escasso, crédito ou a possibilidade de fazerem os seus depósitos
num local seguro. Estas instituições prolongavam os empréstimos e/ou aceitavam depósitos com um baixo
ou mesmo sem taxa de juro (por vezes mesmo com prejuízo financeiro) já que o seu objectivo primeiro era
social. Isto foi possível graças a bolsas ou doações que eram oferecidas a estas instituições. De forma
semelhante, as primeiras estruturas financeiras que foram desenvolvidas para fornecer empréstimos às IMF
foram fundadas por doadores privados e por agências de desenvolvimento, sempre com o objectivo de
promoverem o desenvolvimento. Mesmo a que foi a primeira experiência de um fundo de investimento
com o objectivo de obter algum lucro, a Profund, começou com e era propriedade das agências de
desenvolvimento. Muito se aprendeu com esta iniciativa na medida em que este fundo investiu, sobretudo,
em participações accionistas em IMF. Esta opção foi vista como sendo uma opção de grande risco quando foi
lançada em 1995. Provavelmente, apenas alguns dos que participaram no início deste projecto, esperaram
ver algum retorno do seu investimento. Com uma taxa interna de retorno esperada entre, pelo menos, 7 e 8
por cento por ano durante um período de 10 anos do fundo, isto era visto como sendo realmente uma
grande resultado.

1
GOODMAN, P., Microfinance Investment Funds. Key Features. ADA, February 2005.

3
1.1.2 A realização de um potencial e necessário retorno financeiro em conjunto
com o retorno social

Gradualmente, com a crescente necessidade de recursos adicionais, algumas IMF começaram a gerar os
seus próprios fundos através dos seus lucros e aperceberam-se de que uma operação sustentável permitia
sustentar de forma contínua a provisão de serviços aos mais pobres. A noção de que a responsabilidade do
seu próprio desenvolvimento pertence ao próprio empreendedor, noção central à microfinança e
transmitida aos próprios candidatos à microfinança, também se aplica às IMF. Quanto mais independente for
uma instituição dos fornecedores responsáveis pelos primeiros financiamentos para a sua constituição e
quanto mais confiante estiver na sua própria capacidade de criar as bases para o seu crescimento, melhor
estará capacitada para cumprir a sua missão original para o desenvolvimento.
A necessidade de um retorno financeiro para a maioria dos fundos de investimento em microfinança era,
provavelmente, menos clara, na medida em que os accionistas que apoiavam estes projectos, não os criavam
com o intuito de obterem um retorno financeiro mas, sobretudo, com o objectivo de obterem um retorno
social. Veremos mais adiante nesta publicação quais são as várias filosofias de investimento dos fundos de
investimento em microfinança. Veremos também, que os fundos de investimento comercialmente
orientados podem muito bem complementar os fundos socialmente orientados. O primeiro grupo
concentrar-se-ia, precisamente, sobre as IMF que são mais sustentáveis enquanto os outros se
concentrariam em assegurar que o próximo nível das IMF se torne sustentável.
O primeiro fundo de investimento com o objectivo de obter um retorno financeiro, bem como social, e que
não foi criado por doadores privados ou agências de desenvolvimento, é o Dexia Micro-Credit Fund,
estabelecido em 1998 pela Dexia–BIL no Luxembourg. Apesar de este fundo ter sido criado depois de
muitos doadores e agências de desenvolvimento terem apoiado fundos, cresceu mais rapidamente do que
os outros especialmente depois de a sua carteira de títulos de microfinança ter começado a ser gerida activa
e profissionalmente a partir de 2000. Muitos outros fundos com um objectivo menos comercial cresceram
mais lentamente. Maior não quer sempre dizer melhor, mas ser responsável por 34 milhões de dólares de
empréstimos a IMFs em 20 países (até 31 de Dezembro de 2003), de menos de 1 milhão de dólares no
início de 2000, contribui, certamente, para o micro-empreendorismo nos países em desenvolvimento.

1.1.3 Institucionalização e profissionalização

Estrutura formal
• Desde a criação de IMF ou de ONG à criação de IMF regulamentadas e das IMF Regulamentadas
ao Banco.
A cobertura dos serviços de microfinança tem vindo a tornar-se cada vez mais formal com a transformação
das ONG em IMF regulamentadas, a criação de novas IMF e a transformação das IMF em bancos. Existem
várias vantagens neste processo de transformação. Em muitos países, apenas as instituições financeiras
regulamentadas ou os bancos podem receber depósitos. Oferecer serviços de depósito possibilitou a
expansão dos serviços oferecidos aos clientes. Mais genericamente, o processo de transformação permite
muitas vezes às IMF chegar a um maior número de clientes.
A transformação permite às instituições, muitas vezes, atrair mais fundos comerciais, tanto sob a forma de
empréstimos como de capital accionista. A longo prazo, este sistema oferece maior estabilidade de
financiamento. Construir uma estrutura mais formal também tem um impacto positivo sobre a governança e
sobre a transparência e accountability da gestão. O lucro global da instituição também é melhorado, o que
abre a porta à inovação, diversificação e a serviços mais profissionais para os clientes.

• Transformação da carteira de títulos negociáveis (portfolio) em um fundo de investimento


estruturado ou a criação de fundos de investimento em microfinança.
Começamos apenas a ver o início de um conjunto de fundos de investimento em microfinança que serão
particularmente orientados para os investidores privados e institucionais. Um conjunto destes potenciais
investidores desejam investir em microfinança, mas ainda não se sentem muito confortáveis com as
estruturas existentes ou ainda não são oferecidas alternativas suficientes.
As IMF estão-se a transformar em estruturas mais formais para apelarem aos potenciais investidores por
forma a oferecerem uma base mais sólida para o seu crescimento continuado. De forma semelhante, as
estruturas transparentes de fundos de investimento, com objectivos financeiros e de desenvolvimento
claras, deveriam continuar a ser lançadas por promotores que também são activos no mercado tradicional de
fundos de investimento para responderem a esta crescente procura.

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Gestores profissionais
Para as IMF, bem como para os fundos de investimento, o seu desenvolvimento tem sido acompanhado por
uma profissionalização das pessoas envolvidas na gestão dos seus empréstimos e das suas carteiras de
títulos. Os técnicos de empréstimo e os gestores são parte integral do processo de uma IMF. Têm à sua
disposição a melhor formação por parte de IMF que estão a fazer o seu melhor para atraírem e fxarem os
seus melhores trabalhadores. Apesar de serem necessárias competências específicas para um gestor de
IMF, diferentes das de um gestor bancário, as IMF estão em forte concorrência com os bancos locais e com
as filiais locais dos bancos estrangeiros nas posições médias e seniores de gestão.
As carteiras de títulos em microfinança são, cada vez mais, geridos por gestores profissionais de fundos,
muitos dos quais trabalharam nos mercados financeiros tradicionais. Apesar de terem sido montadas
algumas empresas independentes de gestão de fundos para gerirem estas carteiras de títulos em
microfinança, ainda existem muito poucas. Irá, certamente, existir uma forte necessidade destas empresas,
tanto estabelecidas por alguns indivíduos com experiência financeira e e em desenvolvimento ou montadas
por empresas tradicionais de gestão de investimentos. Aqui também existe um equilíbrio delicado a alcançar
entre as competências que o sector das microfinanças necessita para atrair para se profissionalizar a si
própria com e o desejo de ser consistente com os objectivos gerais em termos sociais e de
desenvolvimento.

Melhor governança, maior transparência, accountability


• Caminhos a prosseguir pelas IMF: avaliações, ratings, definição de standards para rácios
financeiros, revisões, comparações, etc.
Os fornecedores de fundos para as IMF têm colocado um enfase significativo nestes aspectos. Uma IMF que
poderá estar a começar da base, mas que conseguiu desenvolver uma boa governança, tem mais vontade de
ser transparente com os parceiros que a financiam e que é completamente responsável pelo seu
desempenho, tem mais probabilidade de ser apoiada do que uma IMF que não tem estas características. Nos
últimos anos, têm existido um conjunto de iniciativas em microfinança com o objectivo de padronizarem as
ferramentas de reporting que contribuem para uma maior transparência do sector. Esta é uma tendência
lógica para conseguir acesso ao financiamento comercial, mas os doadores e as agências de
desenvolvimento que têm investido em IMF não exigem, muitas vezes, esta transparência e relatórios ou
indicadores standartizados.
Em Dezembro de 2002, foi publicada a terceira edição de um dos primeiros guias sobre os indicadores de
desempenho, da autoria da MicroRate, conjuntamente com o Inter-American Development Bank, a CGAP, a
USAID, a M-Cril e a PlaNet Rating2. Estes indicadores financeiros dão uma orientação muito útil às IMF para
aprenderem a apresentar os seus números e para se darem conta sobre que indicadores são importantes
para cada tipo de fornecedor de fundos, dos doadores aos investidores comerciais.
A iniciativa da CGAP/IDB, the Microfinance Rating and Assessment Fund, é também uma iniciativa mito útil
para possibilitar às pequenas, mas em crescimento, IMF conhecerem mais sobre os seus pontos fortes e
fracos. Os relatórios, preparados por agências de microfinança reconhecidas, foram parcialmente apoiados
por este Fundo.
• Fundos de Investimento em Microfinança muito recentes
Foram feitos muito poucos estudos sobre os fundos de investimento em microfinança. Em 2003, foi
publicado um primeiro estudo pela ADA 3, pouco tempo depois seguido por outro estudo da CGAP 4. Ambos
os estudos ajudaram a conhecer melhor os actores activos nesta crescente comercialização da microfinança.
Mas, ao recolher e reunir a informação disponível sobre os vários fundos de investimento em microfinança, é
bastante clara a falta de consistência no modo como as finanças, carteira de títulos, rácios, etc são
apresentados. Houve a necessidade de harmonizar os rácios para as IMF. Também existiria igualmente a
necessidade de existirem definições da indústria que seriam aplicadas aos fundos de investimento em
microfinança.
Um exemplo claro é o da avaliação das participações accionistas nas carteiras de títulos. Avaliamos estas
participações com base no book value, no valor de compra ou de acordo com o valor de mercado? Uma das
instiuições estudadas publicou a sua participação accionista numa outra instituição a 130.000 (em nome do
argumento). Nos livros da segunda instituição, esta participação accionsta está mencionada com um valor de

2
Technical Guide – Performance Indicators for Microfinance Institutions – MicroRate & IDB – December 2002
3 International Investment Funds : Mobilising Investors towards Microfinance – ADA Luxembourg – Nov 2003
4 CGAP Focus Note Nr 25 – Foreign Investment in Microfinance : Debt and Equity from quasi-commercial investors – Janeiro de 2004

5
100.000. A diferença entre estes dois números é, muito provavelmente, o premium que a primeira
instituição concordou pagar para participar no capital da segunda. Contudo, outra instituição, tendo também
investido na segunda mostra a sua participação, para o mesmo número de acções, no valor de 115.000,
mostrando, provavelmente, uma data anterior de compra e, assim, um prémio mais pequeno acima do book
value. Nem a segunda, nem a terceira instituição re-avaliaram os seus investimentos.
Alguns fundos de investimento em microfinance têm a política, por escolha ou por lei, de manter o valor de
compra das suas participações accionistas nos seus relatórios anuais, o que reduz o valor verdadeiro da sua
participação se a companhia onde investiu gerou lucros após o investimento. Outros fazem uma tentativa de
mostrarem o valor de mercado do seu investimento. Naturalmente que a dificuldade é a de que o mercado
para investir o capital de alguns dos fundos de investimento em microfinança e na maioria das IMF é muito
ilíquido. O preço de mercado é basicamente o que o investidor estará preparado para pagar. Será necessária
uma maior consistência entre os fundos de investimento em microfinança, à medida que aumentam o seu
número de investimentos accionistas e investidores mais comerciais os compra.

Diminuir a exigência de subsídios à medida que as IMF e os Fundos de Investimento em


Microfinança se tornam mais sustentáveis
Os subsídios são parte integral do sector da microfinance na fase inicial do seu desenvolvimento, tanto para
as IMF como para um fundo de investimento. À medida que estas instituições amadurecem, existe menos
necessidade de subsídios. De facto, algumas IMF recusam os empréstimos subsidiados para assegurarem a
sua eficiência.
A maioria dos fundos de investimento em microfinança que foram analisados foram subsidiados de um ou
outro modo. Alguns fundos são geridos por doadores privados que oferecem bolsas ou subsídios às
mesmas regiões que as dos investimentos dos fundos. Gerir uma carteira de títulos de investimento bem
como bolsas e subsídios, mesmo para diferentes entidades, representa uma vantagem de custo em termos
de despesas de viagem e tempo dispendido, sobre um gestor de investimentos que apenas se concentra
nas suas carteiras de títulos de investimento.
Começamos a ver um uso melhor dos subsídios: por exemplo, os subsídios dados pelas agências de
desenvolvimento, que encorajam uma maior participação do sector comercial. Estes subsídios podem tomar
a forma de primeiras tranches perdidas.
A assistência técnica também faz parte integral da criação de alguns fundos de investimento. Neste caso,
pode existir um claro conflito de interesses. Em que medida a provisão de assistência técnica influencia ou
interfere com as decisões de gestão de investimento?
Provavelmente existirá segregação nos tipos de fundos de investimento, com alguns fundos a seguirem
esta estrada de também fornecerem assistência técnica porque esta é, ainda, indispensável para algumas
IMF e regiões. Um exemplo seria o investimento de um fundo de capital de risco no capital de uma IMF start-
up. Alguma forma de assistência técnica, que poderia também ser vista como uma utilização “inteligente”
dos subsídios, pode ser necessária para apoiar as IMF no seu desenvolvimento. Outros fundos de
investimento, em número crescente, assegurarão que as decisões de investimento que assumem, se
baseiam no valor intríseco das IMF e serão provavelmente os que serão escolhidos pelos investidores que
procuram retornos financeiros mais razoáveis juntamente com o retorno social.
Outro subsídio que é mencionado com frequêmcoa é o que é atribuído pelos investidores ao receberem
um retorno financeiro mais baixo do que o que poderia ser oferecido, sobretudo devido à dimensão dos
fundos de investimento. Na maioria dos casos os fundos de investimento em microfinança são demasiado
pequenos para serem viáveis por si próprios a longo prazo. Os pequenos fundos são sinónimo de que os
custos de partida e os custos fixos representa, uma percentagem relativamente elevada de bens destes
fundos do que se fossem maiores. O investidor é, normalmente, quem sofre com os custos excessivos. Á
medida que os fundos comerciais crescem para dimensões mais sustentáveis, esta forma de subsídio irá
diminuir. Os investidores privados poderão escolher os que apresentam estruturas de custom mais
atractivas, que é uma das components do overall return.

1.1.4 Equilíbrio entre Retorno Social e Retorno Financeiro

Um dos principais medos das instituições de microfinança em formalizar a sua estrutura e em mudar de
bolsas e doações para passarem a convidar outros investidores a participarem no seu capital e estrutura é a
impressão que a sua missão social e de desenvolvimento poderá estar em risco. A existência de mais
financiamento comercial é visto por algumas pessoas como uma perda dos objectivos sociais. É claramente
uma questão a dar atenção, mas muitas das IMF transformadas chegaram à conclusão de que é possível
combinar objectivos sociais com a sustentabilidade financeira.

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No caso das IMF que podem cobrar taxas de juro entre 25% e 50%, ou mais, em alguns casos, aos seus
clientes em países com uma inflação relativamente baixa, poderíamos pensar se o objectivo social é
mantido. Será que a principal razão para estes juros elevados, são os custos de chegarem aos clientes? Se
esta situação se deve à situação quase monopolista com muito poucas outras IMF o mercado irá
provavelmente desenvolver automaticamente com a entrada de concorrentes com a consequência que as
taxas de juro irão descer progressivamente. Esta é também a natureza dos mercados financeiros: se existir
uma distorção do preço, alguém irá preencher o vazio deixado, com taxas de juro mais baixas neste caso.
Da mesma maneira para as IMF, é questionada a capacidade de manter os objectivos de desenvolvimento
dentro de uma estrutura de investimento comercial. Este objectivo de desenvolvimento pode ser
assegurado tanto nos estatutos das empresas ou nos prospectos ou documentos equivalentes. A jurisdição
dos fundos de investimento, as regulamentações aplicáveis e as autoridades supervisoras têm um papel
muito importante em assegurar estes objectivos de desenvolvimento.

1.1.5 A procura de financiamento e de investidores

O crescimento continuado para as IMF e para os fundos de investimento apenas pode ser efectivamente
apoiado com financiamentos adicionais sob a forma de capital ou de outros investimentos. À medida que as
IMF pensaram em se transformar em instituições mais comerciais procurando atrair novos investimentos,
parece que a maioria dos fundos de investimento ainda não se aperceberam que, em muitos casos, em
virtude da sua estrutura empresarial e objectivos, não se apresentam como um objectivo interessante para
mais investidores comerciais. Mesmo os privados que procuram algum retorno social têm pouca escolha
mundial.
Incofin é uma pequena cooperativa na Bélgica com activos microfinanceiros de pouco mais de 1.4 milhões
de euros. Como cooperativa apenas pode esperar atrair investidores privados e institucionais que têm,
sobretudo, um objectivo social, de acordo com a missão da cooperativa. Para além disso, a estrutura da
cooperativa na Bélgica tem limitações para os investidores que procuram algum retorno financeiro. Os
dividendos que são pagos só o podem até um limite pré-definido mas mais importante os investidores que
queiram desinvestir apenas receberão o seu investimento inicial, no melhor dos casos. Não existe
participação nos excedentes gerados apesar de existir participação nas perdas líquidas, se existirem. À
medida que a sua carteira de títulos cresceu e que desenvolveu os seus contactos com as IMF, a Incofin
apercebeu-se de que existiam oportunidades de investimento que não poderiam ser materializadas na
estrutura cooperativa. A Incofin conseguiu convencer as instituições parceiras a montarem outra estrutura
sob a forma de uma empresa de investimento belga que espera ganhar entre 5 a 10 milhões de euros.
Outro caso ainda mais saliente é o novo acordo de securitização que foi conseguido entre a BlueOrchard
Finance S.A. (com sede em Genebra), Grameen Foundation USA e a Developing World Markets, sediada nos
EUA, no Verão de 2004. A companhia lançou o Special Purpose Vehicle (SPV) cujo único objective é conceder
empréstimos de sete anos a nove IMF. Foram emitidos títulos no valor inicial de 40 milhões de dólares, com
uma segunda data de compra, em Novembro de 2004, com o objectivo de aumentar o valor total angariado
para perto dos 75 milhões de dólares. Foram emitidos títulos de vários tipos dependendo do risco e do
potencial retorno. A tranche que apresenta o risco menor tem a garantia do governo dos EUA e chega aos 30
milhões de dólares. Foi comprada pelos investidores institucionais.
A distribuição que é o acesso para o investidor final, é a chave no mercado de investimentos tradicional.
Também será a chave à medida que são estruturados novos veículos de investimento de forma a que
apelem a investidores mais comerciais.

2 Análise de Fundos de Investimento para a Microfinança


Vai-se analisar agora os vários fundos de investimento para a microfinança. O termo fundo de investimento
para a microfinança que é utilizado para caracterizar os veículos ou as instituições que canalizam os fundos
para o sector da microfinança, é enganador, na medida em que normalmente cobre um conjunto de veículos
que são muito diferentes. É utilizado em sentido mais amplo do que o investimento tradicional ou fundos de
investimento mútuo. Podem ter missões e objectivos muito diferentes. Podem ter tipos muito diferentes
de accionista que terão uma influência em como operam os fundos de investimento. Podem ter empresas
de investimento inicial muito diferentes que podem ir de ONG ou agências de desenvolvimento a parceiros
comerciais. Seguindo os dados disponibilizados pela ADA, CGAP e Mixmarket5, iremos considerar que os
fundos de investimento em microfinança são veículos que foram especificamente construídos para

5
http://www.mixmarket.org. Um mercado de microfinança financiado pelo Banco Mundial.

7
investirem em activos microfinanceiros (em alguns casos em conjunto com investimentos financeiros
comerciais ) e nos quais os investidores sociais, comerciais, privados ou institucionais podem investir
potencialmente. As fundações não se qualificariam como fundos de investimento, por exemplo. Qualificar-
se-iam como investidores em microfinança e que, por exemplo, assumem posições em fundos de
investimento de microfinanças Estas fundações nunca foram, contudo, estudadas pela ADA para avaliar o
nível geral dos seus investimentos em microfinança.

2.1 Actores chave

Os fundos de investimento em microfinança que a seguir apresentamos foram analisados entre Julho e
Outubro de 2004, pela ADA – Appui au Dévelopment Autonome (Luxemburgo).

• Accion Gateway
• Accion Investments in Microfinance (AIM)
• ADA-Luxmint
• Africap
• Alterfin
• ASN-Novib Fund
• AXA World Funds – Development Debt
• BlueOrchard Microfinance Securities I, LLC
• Calvert Social Investment Foundation –
Community Investment Notes
• CreSud
• Deutsche Bank Start-up Fund (New)
• Deutsche Bank Microcredit Development
Fund
• Développement Int’l Desjardins -
Partnership Fund
• Dvt Int’l Desjardins - Guaranty Fund
• Dvt Int’l Desjardins - FONIDI Fund
• Dexia Micro-Credit Fund – Blue Orchard Debt Sub-Fund
• Etimos
• Fonds International de Garantie (FIG)
• Global Microfinance Facility
• Global Commercial Microfinance Consortium (Deutsche Bank) (New)
• Gray Ghost Microfinance Fund
• Hivos-Triodos Foundation
• IMI AG
• Incofin
• Investisseur et Partenaire pour le
Développement
• Impulse (Incofin) (New)
• Kolibri Kapital ASA
• La Fayette Participations
• La Fayette Investissements (New)
• Latin American Bridge Fund (Accion)
• Latin American Challenge Investment Fund
• MicroVest
• Oikocredit
• Opportunity International (OTI)
• Solidus (New)
• PlaNet Finance – Revolving Credit Fund
• Profund
• responsAbility Global Microfinance Fund
• Sarona Global Investment Fund
• ShoreCap International
• SIDI
• Triodos Fair Share Fund
• Triodos-Doen Foundation

Dos 43 fundos de investimento em microfinança acima mencionados, 38 são entidades já existentes e 5 são
novas estruturas que apareceram no primeiro trimestre de 2005. Existem fundos que são investidores
activos mas que escolheram também investir em finança comercial e outras actividades similares. Existem
também fundos que apenas investem em microfinança mas que têm relativamente uma grande proporção
em dinheiro, activos líquidos ou valores já prometidos mas ainda por conceder.

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O valor total dos activos dos 38 fundos de investimento em microfinança existentes chega aos 700 milhões
de euros. Mas apenas têm uma carteira combinada de títulos em microfinança no valor de 338 milhões de
euros. Uma pequena percentagem desses activos consiste em investimentos noutros fundos (ex. o
responsAbility Global Microfinance Fund que investe no FIM IMI AG). Ao eliminar estas duplicações, pode-se
estimar que os investimentos líquidos actuais desses fundos em IMF atinge cerca de 321 milhões de euros..
Alguns destes fundos angariaram financiamento adicional para oportunidades de investimento que estão
activamente a serem procuradas pelos respectivos gestures de fundos. Em conjunto com outros 5 novos
fundos de investimento cujo lançamento estava previsto para 2005, estes representam um investimento
líquido em microfinança, a partir dos fundos de investimento, no valor de 180 milhões de euros. No total, os
43 fundos de investimento em microfinança representam um investimento líquido em microfinança no
valor de 501 milhões de euros.
As seguintes agências de desenvolvimento, fundações e ONG que actuam como investidores também
foram analisados para avaliar o nível geral de investimentos:

Agências de Desenvolvimento:
• BIO (Belgian Investment Company for Developing Countries)

• Corporacion Andina de Fomento (CAF)


• European Bank for Reconstruction and Development (EBRD)
• FinnFund
• FMO
• International Financial Corporation (IFC)
• Kredietanstalt für Wiederaufbau (KfW) /DEG
• Multilateral Investment Fund of the Inter-American Development Bank
• USAID

Fundações e ONG:
• Cordaid
• Doen Foundation
• Inter Church organization for Development Co-operation (ICCO)
• NOVIB
• Partners for the Common Good
• Rabobank Foundation
• Unitus

Estes 16 actores para o desenvolvimento, que actuam como investidores, têm uma carteira de ttítulos em
microfinança no valor de 1,010 milhão de euros . Ao eliminar os investimentos que estas instituições têm
nos fundos de investimento acima mencionados (como o investimento IFC no Global Microfinance Facility),
consegue-se obter os investimentos directos em IMF por parte destas agências de desenvolvimento,
fundações e ONG no valor de 884 milhões de euros.
A carteira de títulos em microfinança investido pelos actores acima mencionadas (fundos de investimento
em microfinança, agências de desenvolvimento, fundações e ONG) chega aos 1,385 milhões de euros, de
acordo com os valores de 2004.

2.2 Tipos de investidores


Os principais tipos de investidores em fundos de investimento em microfinança são os seguintes: doadores
privados, agências de desenvolvimento, privados e investidores institucionais.

Doadores Privados (Fundações, ONG, etc.)


Os doadores privados, como as Fundações e as ONG, estiveram envolvidos na microfinança durante muitos
anos, apoiando directamente e criando IMF nos países em desenvolvimento, no início através de bolsas,
doações, assistência técnica e subsídios. Estes doadores privados são normalmente criados pelo sector
privado com doações de empresas e de privados. Foram muito importantes para o desenvolvimento do
sector da microfinança. Posteriormente começaram a fazer empréstimos com juros baixos ou mesmo sem
juros. Alguns doadores privados tendem a praticar taxas de juro semelhantes às do mercado no caso das IMF
mais maduras.

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Agências de Desenvolvimento
Estas instituições, também definidas como agências laterais e bilaterais, compreendem as Instituições de
Financiamento Internacionais (IFI) ou as Instituições de Financiamento para o Desenvolvimento (IFD), bancos
para o desenvolvimento ou outras instituições criadas pelos governos ou corpos supranacionais para
promoverem o desenvolvimento sustentável nos países emergentes. As agências de desenvolvimento
também foram importantes no seu contributo para as IMF, no início apoiando através de bolsas,
empréstimos subsidiados e participações accionistas.

Á medida que o sector da microfinança amadureceu, veículos específicos, como a Profund e a LA-CIF, foram
montados colectivamente pelas agências de desenvolvimento e pelos doadores privados para partilharem
experiências e para diversificarem os seus riscos. Os accionistas e as entidades emprestadoras desta
primeira geração de fundos de investimento em microfinança eram exclusivamente constituídos por este
tipo de entidades.

Privados
Até à segunda metade dos anos 90 os privados tinham muito poucas possibilidades de investir em
microfinança. Foram criadas duas empresas belgas no início dos anos 90 e ambas podiam ser participadas
por accionistas privados. A Incofin foi constituida em 1992 e a Alterfin em 1994. A Fundação Calvert Social
Investment fundou a sua Community Investment Notes em 1995 que foram disponibilizadas a investidoes
privados de forma directa ou através de intermediários. Os Fonds International de Garantie (FIG), em Genebra,
foram fundados em 1996 e também podiam ser participados por investidores privados.
A grande oportunidade para os investidores privados em microfinança foi o Dexia Micro-Credit Fund iniciado
em 1998 no Luxemburgo e comercializado de forma mais activa desde 2000. Oferecia todas as vantagens de
um verdadeiro fundo de investimento semelhante, por exemplo, a um tradicional fundo de investimento
em obrigações mas com uma grande vantagem: este fundo combinava um retorno social com um potencial
retorno financeiro.
Desde então foram criados outros fundos de investimento que ofereciam retornos tanto sociais como
financeiros com o objectivo de chegarem aos investidores privados:

 Apesar de ter sido criado em, o ASN-Novib, um fundo de investimento holandês, abriu-se à
participação de accionistas privados apenas em 2000.

 Investisseur et Partenaire pour le Développement, um empresa de investimento da Mauritânia, criada


em Abril de 2002 por iniciativa de um grupo de empreendedores franceses.

 O Triodos Fair Share Fund teve início na Holanda, em Dezembro de 2002 por iniciativa do Banco
Triodos, construído a partir da experiência ganha na gestão de dois fundos de investimento de
microfinanças, um para a Doen Foundation e o outro para a Hivos Foundation.
 O responsAbility Global Microfinance Fund teve início em Novembro de 2003 por iniciativa da
responsAbility Social Investment Services Ltd, Zurique, fundada por bancos suíços e por uma social
venture capital fund. O promotor deste fundo de investimento luxemburguês é o Credit Suisse.
 A Microvest I, LP foi fundada em 2003 por iniciativa de três organizações sem fins lucrativos: CARE,
MEDA e SCDF, todas sediadas nos Estados Unidos da América. Começou as suas operações no inicio
de 2004 6.
 Impulse, um fundo de investimento Belga, prevê começar as suas actividades no final de 2004 ou
inicio de 2005, por iniciativa da Incofin, uma cooperativa belga.

Investidores Institucionais
O ultimo grupo de investidores nos fundos de investimento em microfinança é, seguramente, o mais
promissor para o futuro deste sector. Os investidores institucionais incluem fundos de pensões, empresas
de seguros, fundos mútuos e de investimento e quaisquer outros investidores de larga escala. Alguns
fundos de pensão já são investidores em alguns dos fundos de investimento, contudo, os investidores
institucionais são ainda extremamente raros na microfinança, provavelmente fazendo-o apenas pela imagem
e por questões de visibilidade ou sob a influência de um decisor com consciência social. Não apenas os

6
CARE: Cooperative for Assistance and Relief Everywhere – MEDA: Mennonites Economic Development Association – SCDF: Seed Capital
Development Fund

10
investidores institucionais estão sob grande pressão para mostrarem o seu desempenho, mas eles têm
usualmente um conhecimento pobre ou deturpado da indústria da microfinança. É da responsabilidade da
comunidade que trabalha com os fundos de investimento e com a microfinança darem a conhecer-se a esta
comunidade de investidores e mostrarem as vantagens deste tipo de investimentos. É um processo lento,
mas está a desenvolver-se.
Existem dois exemplos interessantes que valem a pena serem mencionados relativamente aos fundos de
investimento tradicionais actuantes como investidores no sector da microfinança:
 O primeiro é o exemplo da família do Calvert Social Investment Fund que tem uma política de
investimento entre 1% e 3% de activos de fundos de investimento mútuos seleccionados nas
Community Investment Notes emitidos pela Calver Social Investment Foundation. Este valor
representa, actualmente, 20 milhões de dólares de um total de 55 milhões de dólares investidos,
sobretudo, nos Estados Unidos da América, mas também na microfinança nos mercados em
desenvolvimento (total da carteira de títulos em microfinança: 16.7 milhões de dólares).
 Outro exemplo é o da AXA World Funds – sub-fundo Development Debt do fundo luxemburguês,
AXA World Funds, apoiado pela AXA Investment Managers. Este sub-fundo tem uma política de
participação no desenvolvimento sustentável das economias emergentes, sobretudo através da
compra de instrumentos de dívida por parte de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento,
mas também por investir até 10% do sub-fundo in papel comercial emitido pelas IMF. Até 15 de
Setembro de 2004, foram investidos 1.22 milhões de euros de um total de activos no valor de 19
milhões de euros, em certificados de depósito emitidos pelas IMF Latino Americanas. À medida
que este sub-fundo cresce, também crescerá a área da microfinança.
Estes dois exemplos mostram que os fundos de investimento tradicionais podem investir uma parte dos
seus activos em microfinança, tanto directamente como através de fundos de investimento dedicados. A
AXA canalizou recursos para ter uma pequena equipa de profissionais conhecedores da microfinança.
Para outros investidores institucionais, que não querem construir a sua própria especialidade em
microfinança, os fundos de investimento em microfinança são uma boa ferramenta para efectuar estes
investimentos ao diversificar os seus riscos.
Os fundos de investimento que são mencionados na secção anterior são normalmente direccionados para
os investidores institucionais, mas o seu crescimento continua a ser lento. É necessário perseguir a
interacção com os mercados tradicionais de capitais para a indústria da microfinança para compreender na
totalidade quais são os seus requisitos e em que estão interessados.
Os investidores comerciais institucionais estão gradualmente a voltar a sua atenção para a microfinança. Á
medida que o sector da microfinança continua a inovar, para ser compreendido pelos mercados de capitais
tradicionais e para criar as estrututuras adequadas que mantém os objectivos sociais necessários, este tipo
de investidor deveria crescer gradualmente para fornecer, no futuro, o bruto do financiamento necessário
para apoiar as imensas necessidades dos micro-empreendedores em todo o mundo.

2.3 Distribuição dos Fundos de Investimento para a Microfinança


com base nos seus objectivos
Numa tentativa de distinguir entre os vários tipos de fundos, parece que um dos critérios mais importantes
é o dos objectivos dos fundos: qual é o equilíbrio entre o objectivo financeiro e o social? Que tipo de
investidores estão envolvidos com o fundo? Que condições são oferecidas às IMF? Quais são as IMF alvo?
Os fundos de investimento em microfinança podem ser classificados em três categorias principais:
• Fundos de Investimento para a Microfinança Comerciais
• Fundos de Investimento para a Microfinança orientados comercialmente
• Fundos de Desenvolvimento para a Microfinança.
Os dois primeiros tipos de instituição são normalmente constituídos sob a forma de fundos de investimento
tradicionais ou companhias de investimento. O seu objectivo é o de dar um retorno financeiro aos
investidores socialmente responsáveis e aos investidores comerciais privados e institucionais, mantendo
simultaneamente objectivos sociais e de desenvolvimento.

11
Fundos de Investimento para a Microfinança Comerciais
A principal diferença entre estas duas primeiras categorias seria a natureza dos investidores visados. Os
fundos de investimento para a microfinança comerciais seriam claramente dirigidos para os investidores
privados e institucionais. As agências de desenvolvimento e os doadores privados apareceriam apenas como
investidores iniciais ou como facilitadores. Estes fundos seriam distribuídos activamente pelos promotores
originais, bem como por distribuidores externos.
A natureza dos investidores pretendidos também implica que estes fundos de investimento têm objectivos
mais claros do que outros. Um investidor comercial institucional quererá compreender precisamente que
investimento está a fazer, que retorno financeiro pode esperar, que IMF estão a ser financiadas, etc. a
qualidade da informação oferecida em memorandos, prospectos ou relatórios anuais depende muito dos
investidores pretendidos. As agências de desenvolvimento e os doadores privados podem não exigir esta
transparência e clareza nos documentos oficiais.
Por exemplo, são poucos os fundos de investimento para microfinança que oferecem a informação
adequada e suficiente sobre o seu retorno financeiro, sobre a sua estrutura de custos ou sobre as suas
provisões em termos de prejuízos por falta de pagamento de empréstimos, etc. Esta falta de informação
geral torna muito dificl aos investidores tradicionais comparar este investimento com os seus investimentos
dominantes. Também torna dificil comparar os fundos de investimento entre si. À medida que os
investidores comerciais se tornam mais activos na microfinança, a qualidade de informação oferecida
também irá aumentar.
Dos 43 fundos de investimento para microfinança estudados pela ADA, os seguintes deveriam ser
considerados como Fundos de Investimento de Microfinança comerciais:

• ASN-Novib Fund
• AXA World Funds – Development Debt
• BlueOrchard Microfinance Securities I, LLC
• Dexia Micro-Credit Fund – Blue Orchard Debt Sub-Fund
• Global Microfinance Facility
• Gray Ghost Microfinance Facility
• Impulse (Incofin)
• MicroVest
• responsAbility Global Microfinance Fund
• Triodos Fair Share Fund

12
É interessante notar que estes fundos representam, sobretudo, investimentos em empréstimos. Os fundos
de investimento que investem participações accionistas parecem ser, sobretudo, desenvolvidos por agências
de desenvolvimento e doadores privados. Á medida que o mercado amadurece, veremos também fundos de
acções dirigidos para os investidores institucionais.

Fundos de Investimento para a Microfinança comercialmente orientados


Nesta categoria encontramos outros fundos de investimento que têm claramente objectivos financeiros mas
que, até ao momento, se dirigem aos aos doadores privados, agências de desenvolvimento e outros actores na
indústria da microfinança. Um fundo como o IMI7 (que é, de facto, uma holding financeira) tornar-se-ia num
fundo de investimento de microfinança comercial à medida que abre o seu capital aos investidores
institucionais, provavelmente nos próximos dois a três anos.
Os seguintes fundos de investimento para a microfinança poderiam ser considerados como comercialmente
orientados:
• Accion Investments in Microfinance
• Africap
• Global Commercial Microfinance Consortium (Deutsche Bank)
• IMI AG
• Investisseur et Partenaire pour le Développement
• La Fayette Investissement
• La Fayette Participations
• Latin-American Bridge Fund
• LA-CIF
• Profund
• ShoreCap International
• Solidus

A distinção entre as duas categorias acima mencionadas não dá qualquer indicação quanto ao lucro de cada
fundo de investimento. De facto, alguns investimentos comercialmente orientados tiveram um
comportamento significativamente melhor do que a primeira categoria ao longo dos últimos anos,
essencialmente devido à sua maior percentagem em holdings accionistas.

Fundos de Desenvolvimento para a Microfinança


Estas instituições encontram-se, normalmente, entre cooperativas ou estruturas sem fins lucrativos. O seu
objectivo é disponibilizar o capital para as IMF através de mecanismos sustentáveis para apoiar o seu
desenvolvimento e o seu crescimento sem necessariamente procurar um retorno financeiro.
Os alvos financeiros típicos para estas instituições seriam o do manter o capital investido à partida com um
retorno financeiro máximo equivalente à inflação. As condições financeiras aplicadas às IMF seriam
semelhantes ou abaixo das praticadas no Mercado tradicional. Podem também benificiar de assistência técnica,
oferecida por instituições equivalentes, juntamente com o fundo. Os principais investidores seriam os
doadores privados e as agências de desenvolvimento, mas também poderiam ser indivíduos e empresas. Estes
investidores procuram financiar projectos de desenvolvimento mantendo o seu capital de partida se possível.
Um retorno financeiro marginal pode ser providenciado por alguns destes fundos.
Apesar de alguns fundos de desenvolvimento para a microfinança recolherem fundos através de doações, têm
uma política de fornecimento de financiamento às IMF, em vez de lhes atribuirem bolsas. Neste caso, o
financiamento é normalmente atríbuido como subsídio ou segundo condições abaixo dos valores de mercado.
Também pode ser atribuído a instituições financeiras greenfield 8.
Podem ser considerados como Fundos de Desenvolvimento para a Microfinança os seguintes fundos:

7
A Internationale Micro Investitionen AG é uma empresa de investimento fundada em 1998. Actualmente é denominada como
ProcreditHolding AG, uma holding sediada em Frankfurt am Main, Alemanha.
8
Os bancos Greenfield são uma alternativa à abordagem clássica às Instituições de Microfinança. Os bancos Greenfield
representam uma terceira via. Normalmente, estes bancos eram fundados como corporações, com instituições de doadores e
invetsidores privados que actuavam como accionistas. Os bancos Greenfield são especializados em microfinança mas possuem
uma autorização para actuarem como bancos. Mais informação sobre as três opções às Construção das Instituições de
Microfinançaem: TERBERGER, E., Microfinance Institutions in the Development of Financial Markets. CEPAL Review 81.

13
• Accion Gateway Fund
• ADA-Luxmint
• Alterfin
• Calvert Social Investment Foundation – Community Investment Notes
• CreSud
• Deutsche Bank Start-up Fund
• Deutsche Bank Microcredit Development Fund
• Développement Int’l Desjardins - Partnership Fund
• Dvt Int’l Desjardins - Guaranty Fund
• Dvt Int’l Desjardins - FONIDI Fund
• Etimos
• Fonds International de Garantie (FIG)
• Hivos-Triodos Foundation
• Incofin
• Kolibri Kapital ASA
• Oikocredit
• Opportunity Transformation Investments
• PlaNet Finance – Revolving Credit Fund
• Sarona Global Investment Fund
• SIDI
• Triodos - Doen Foundation

Devido à natureza do seu investidor (ou doador) e devido à sua abordagem mais social, os fundos de
desenvolvimento para a microfinança complementam os fundos de investimento comerciais e
comercialmente orientados. A primeira categoria deveria concentrar-se, provavelmente, nas IMF que abordam
a sustentabilidade ou que são instituições Greenfield, por forma a prepará-las para o mercado de capitais mais
geral. Quando as IMF se tornarem sustentáveis, os fundos de investimento mais comerciais passariam a
dominar ao oferecerem maiores recursos em condições de mercado. Obviamente existiriam sobreposições,
mas apenas podemos questionar sobre a necessidade de um fundo de desenvolvimento continuar a apoiar o
Banco Sol, por exemplo, uma vez que este tipo de instituição deixou de necessitar claramente de
financiamento com condições abaixo do mercado. Estes recursos poderiam ser canalizados de forma útil para
as IMF que estão no ponto em que o Banco Sol se encontrava há alguns anos atrás, em vez de concorrerem
com financiamento mais comercial.

3 Aumentar a Comercialização no Sector da Microfinança

Os activos implicados no ISR (Investimento Socialmente Responsável) cresceram mais de 258 por
cento, de 639 mil milhões de dólares em 1995 para 2.29 biliões em 2005, enquanto que, durante o
mesmo período, o conjunto mais alargado de activos sob gestão profissional cresceu menos de 249
por cento, de 7 biliões de dólares para 24.4 biliões 9.
Com um conjunto de activos de mais de 360 mil milhões de Euros e uma variedade de produtos e
serviços de investimento social, a Europa provou ser um dos mercados financeiros mais avançados do
mundo para o ISR. Na sua mais recente pesquisa sobre envolvimento institucional no ISR, o Fórum
Europeu para o Investimento Sustentável e Responsável (EuroSIF), identificou 336 mil milhões de
euros em activos que estão implicados em várias formas de investimento social, incluindo o tipo de
envolvimento que molda a paisagem da defesa dos accionistas. Os fundos de pensão desempenham
um papel preponderante no ISR, tendo claramente surgido exemplos nacionais, como o diálogo
frequente entre os sistemas de aposentadoria e as empresas no Reino Unido, e a revogação das
regulações prudenciais empregues no caso das pensões holandesas.
Existe também um grande conjunto de investidores socialmente responsáveis que empregam
múltiplas estratégias e regulações prudenciais sob factores de sustentabilidade, sociais, ambientais e
éticos. No seu mais recente trabalho sobre fundos socialmente responsáveis, o Avanzi SRI Research
identificou 375 “fundos verdes, sociais e éticos” actuando na Europa, com 24.1 mil milhões de euros
desde 30 de Junho de 2005, um aumento de 27 por cento relativamente aos 19 mil milhões de euros

9
2005 Report on Socially Responsible Investing Trends in the US – by the Social Investment Forum.

14
identificados no ano de 2004. O Reino Unido continua a ser o maior mercado para fundos socialmente
responsáveis na Europa, com um activo total de 8.0 mil milhões de euros, seguido da França com 3.1
mil milhões de euros, da Itália com 2.7 mil milhões de euros e da Suécia com 2.5 mil milhões de euros.
Actualmente já existem nos mercados financeiros europeus um conjunto de indicadores sociais, e as
empresas e analistas europeus lideram tradicionalmente a incorporação de factores ambientais,
sociais e de governança em estratégias de gestão de investimento mais comuns.10
Tal como Patrick Goodman (ADA, 2005), considera-se que os investimentos na microfinança têm o seu
lugar nos investimentos socialmente responsáveis. A microfinança será um novo componente deste
universo. Os investidores institucionais com um foco centrado no ISR, podem também perspectivar
mais vantagens no investimento na microfinança: o Fundo Monetário Internacional (FMI) levou
recentemente a cabo 11 testes hipotéticos aos fundos de pensão holandeses. Os resultados mostraram
que os seus rácios de solvabilidade caíram abaixo dos 100% (103.1%) em praticamente todos os testes
que foram levados a cabo. “Os fundos de pensão são mais sensíveis aos riscos do mercado porque
possuem uma grande proporção de participação e estão mais exposto internacionalmente
comparativamente às companhias de seguros”, disse o FMI.
Os investimentos de microfinança iriam equilibrar estas carteiras na medida em que estes são mais
estáveis e não correlacionados com os mercados mundiais. As taxas por defeito são também muito
baixas, especialmente quando os investimentos são feitos através de fundos de investimento. No
entanto, existem muito poucas estruturas que apelem a esses investidores. Se se continuar a
estabelecer estruturas apropriadas, que apelem aos investidores institucionais, o potencial para a
microfinança é significativo. Apenas 1% do mercado de ISR dos Estados Unidos da América que
investe na microfinança, referido anteriormente, traria mais de 20 mil milhões de dólares para a
microfinança, o que seria um passo significativo em direcção aos 100 mil milhões de dólares
estimados necessários para os microcréditos a nível mundial.

10
Ibidem.
11
V. www.IPE.com – “Dutch pension funds fail IMF stress tests” – 30 Setembro de 2004. Citado por GOODMAN,
P., (ADA, Fevereiro de 2005).

15
3.1 Situação actual: o crescente envolvimento do sector financeiro
tradicional nos mercados de capital internacionais e locais

Tem-se assistido, ao longo dos últimos anos, a um crescente envolvimento do sector financeiro
tradicional na microfinança. Seguindo Patrick Goodman, resume-se brevemente as principais
tendências do crescente envolvimento do sector financeiro tradicional nos mercados da
microfinança.
Bancos tradicionais envolvidos na microfinança
Vários bancos locais estão cada vez mais activos na microfinança, essencialmente através da
atribuição de créditos mas também, em alguns casos, pela participação no capital de instituições de
microfinança (IMF). Um dos exemplos é a Société Générale (França), que providencia créditos
correntes locais a vários países africanos, com taxas bastante competitivas.
Devido às leis locais na Índia, os bancos locais estão também muito activos em fazer empréstimos a
IMF. ICICI, a maior instituição financeira privada do país, tem vindo a ser activa em operações de
securitização. Outros bancos levam também a cabo outra função, a de distribuidores destes fundos de
investimento. O Credit Suisse distribui o fundo de investimento para o qual é promotor, o
responsAbility Global Microfinance Fund. Alguns bancos Suíços asseguram a distribuição do Dexia
Micro-Credit Fund, enquanto que alguns bancos de investimento distribuem o Calvert Community
Notes. O JP Morgan assegurou a colocação de promissórias do BlueOrchard Microfinance Securities. O
número de tais distribuidores é ainda diminuto, mas há medida que a sector da microfinança se
movimenta em direcção a uma maior comercialização, os distribuidores desempenham um papel
cada vez mais importante na colocação desses fundos de investimento no mercado com os seus
clientes privados e institucionais, contribuindo, assim, para o crescimento deste sector.
Embora não seja um banco dito tradicional, dado que foi estabelecido com objectivos sociais e de
desenvolvimento claros, o banco Tríodos deve ser mencionado uma vez que estabeleceu dois fundos
de investimento para duas fundações holandesa, bem como lançou o Triodos Fair Share Fund,
essencialmente destinado a privados individuais na Holanda.
Securitização
Os dois primeiros acordos de securitização em microfinança foram levados a cabo na Índia pela ICICI.
O primeiro acordo envolveu a Basix, a mais antiga IMF da Índia, com a securitizaçãode 1 milhão de
dólares de créditos agrícolas. O segundo acordo, concluído no início de 2004, envolveu a Share a
securitização de 4.3 milhões de dólares em microcréditos. Neste último caso, a Grameen Foundation
USA contribuiu com uma garantia de 325.000 dólares em dinheiro, que representou 93% da garantia
exigida pela ICICI.
O último acordo de securitização envolveu a BlueOrchard Finace SA como conciliador, juntamente
com o Developing World Markets e a Grameen Foundation USA, como referido anteriormente. A
escala é muito maior (um mínimo de 40 milhões de dólares e possivelmente subindo para os 75
milhões depois de um segundo encerramento) e mais alargada, uma vez que cobre nove IMF em sete
países.
Os investidores seniores terão adquirido promissórias com a garantia da OPIC, uma agência
governamental dos EUA, atribuindo-lhe uma taxa AAA. A OPIC está protegida por investidores que
estão disposto a perder os primeiros 10 milhões de dólares de qualquer perda potencial.
Subordinação e sénior tranches
O acordo da BlueOrchard mencionado anteriormente, bem como a Global Microfinance Facility,
patrocinado pela IFC, envolveu senior tranches destinadas a investidores institucionais tradicionais e
tranches subordinadas destinadas a agências para o Desenvolvimento e a outros investidores
conhecedores da microfinança. Devido à alta protecção beneficiada pelos senior Note-holders nos dois
casos, a taxa de juro de que beneficiam é muito próxima das taxas de mercado. No entanto, os
investidores facilitaram um muito mais elevado nível de financiamento a ser atribuído às IMF, do que
se os acordos fossem realizados sem os investidores comerciais.

16
Fundos de Investimento Tradicional
Foram referidos anteriormente exemplos de dois fundos de investimento tradicionais que realizaram
investimentos na microfinança: a AXA World Funds – o Development Debt sub-fund e o Calvert Social
Investment Fund. É de esperar que outros fundos socialmente responsáveis diversifiquem as suas
participações na microfinança devido, quer ao impacto social da microfinança quer ao próprio valor
financeiro de um investimento na microfinança.
Investidores Institucionais
Já foram mencionados anteriormente o potencial interesse que os fundos de pensão podem ter no
investimento em microfinança. Apesar de alguns fundos de pensão terem feito estes investimentos, o
processo continua lento. As estruturas com várias porções de risco com porções seniores destinadas a
investidores institucionais tradicionais devem certamente ajudar a construir confiança nesta nova
classe de investimentos.
Fundos de fundos
Embora a responsAbility Global Microfinance Fund se tenha apresentado inicialmente como
pretendendo fazer investimentos noutros fundos, fez apenas alguns investimentos deste tipo. Existe,
de facto, uma vantagem para os fundos de fundos em termos de diversificação, especialmente ao
nível da diversificação da gestão de investimento, mas existe ainda a questão da sobreposição de
custos.
O recentemente lançado Gray Cost Microfinance Fund é provavelmente o primeiro verdadeiro fundo
de fundos de microfinança. Está a comprometer 40 milhões de dólares ao longo dos próximos anos e
deve, por isso, ser capaz de ter peso suficiente para negociar taxas reduzidas dos fundos nos quais
investe, para reduzir a sobreposição de custos de gestão.
Gestores de activos
Gestores de activos, ou gestores de investimento, estão gradualmente a aperceber-se das
perspectivas interessantes que lhes são apresentadas pela indústria da microfinança. Até agora, têm
existido apenas pequenas empresas de gestão de investimento especializadas em microfinança,
inicialmente lançadas por alguns individuais, mas não seria surpreendente assistir a firmas maiores a
lançarem empresas separadas que comecem a gerir fundos de investimento de microfinança ou
carteiras. A AXA Investment Managers tem actualmente uma equipa dedicada, embora pequena, a
gerir a porção de microfinança dos seus AXA World Funds – o Development Debt sub-fund.
Tem que ser feita uma escolha pelos gestores de investimento quando consideram os investimentos
em microfinança. Ou desenvolvem um conhecimento interno para chegar ao nível necessário de
especialização em microfinança ou delegam em empresas especializadas em microfinança.
Existe uma terceira alternativa, que é seleccionar e recomendar fundos de investimento em
microfinança já existentes, apropriados para os seus clientes.

17
4 Fundos de Investimento para a Microfinança:
Transparência e Qualidade

Para alcançar um volume crítico, os fundos que investem em microfinança devem direccionar-se para
os investidores institucionais, revelando informações baseadas em indicadores explícitos e
comparáveis. A transparência, os indicadores de benchmarking adequados e um equilíbrio preciso
entre o retorno financeiro e social são aspectos fundamentais para o êxito. A análise de qualidade dos
Fundos de Investimento para a Microfinança está no início; porém é fundamental, quer para a
definição das melhores práticas, quer para o marketing destas aplicações financeiras.
O recente trabalho à volta da instituição Selo de Qualidade de Microfinança, no Luxemburgo 12 é sinal
de um desenvolvimento promissor dos esforços para trazer qualidade e transparência aos Fundos de
Investimento para a Microfinança. Em Março de 2005, a MicroRate foi contratada como consultora
para a criação de um Selo de Qualidade para Fundos de Microfinança (FMF).

4.1 Por um “Selo de Qualidade”


O microcrédito, e a sua eficácia como instrumento de combate à pobreza, estão hoje em dia sob o
olhar atento da opinião pública. Os chefes de governo do Grupo dos Oito (G8) são unânimes no apoio
à microfinança. As Nações Unidas consideraram o ano de 2005 como “O Ano da Microfinança”. Um
congresso mundial sobre o Microcrédito será organizado em 2006. Inúmeras conferências são
dedicadas a este assunto, que é também alvo de uma forte atenção mediática. Com toda esta
notoriedade, aumenta também o perigo de utilização das palavras “microfinança” e “microcrédito”
para mobilizar fundos que não são depois investidos em instituições de microfinança (IMF).
O perigo é ainda maior quando se verifica que, segundo os padrões do mercado de capitais, a
capacidade de absorção das IMF é ainda reduzida. Identificar as IMF apropriadas e aplicar dinheiro
nelas, requer um esforço significativo por parte das FMF. Existe mais dinheiro à procura de
oportunidades de investimento do que aquele que as escassas instituições de microfinança podem
absorver de imediato. Este desequilíbrio tende a aumentar à medida que novos fundos são lançados,
enquanto que aqueles que ainda existem continuam a crescer rapidamente. Podem acontecer duas
coisas: sob a pressão de colocar cada vez mais dinheiro, alguns Fundos podem descer os seus padrões
de qualidade. Os Fundos irão canalizar os investimentos para IMF que não estão numa posição de os
usar responsavelmente e estes investimentos serão colocados a preços que não reflectem
adequadamente os riscos. O outro desenvolvimento possível é que os Fundos, que se vendem a si
próprios a investidores usando o selo “microfinança”, colocarão, de facto, pouco ou nenhum do seu
dinheiro nas IMF.
Ambos os desenvolvimentos são uma potencial ameaça à reputação dos Fundos de microfinança. O
Selo de Qualidade proposto encorajará os Fundos a serem transparentes. O selo será apenas atribuído
aos Fundos que investem pelo menos metade do seu activo em microfinança. Para receber o Selo, os
Fundos devem igualmente detalhar a composição da sua carteira e revelar as taxas recebidas pelas
IMF nas quais investiram. Isto permite aos investidores formarem uma opinião acerca do perfil de
risco de cada carteira.

12
Este capítulo é baseado nas propostas nas MicroRate para o estabelecimento do Selos de Qualidade de
Microfinança.
MicroRate (Setembro 2005), A Quality Label for Microfinance Funds. Disponível em:
http://www.microfinance2005.lu/docs/cm/LuxQuality.ppt

18
4.2 Os princípios chave do “Selo de Qualidade”
Nas reuniões dos representantes da Mesa Redonda da Microfinança no Luxemburgo, a 19 de Maio e
17 de Junho de 2005, foram acordados alguns princípios:
 O Selo deve assegurar aos investidores que um Fundo de Microfinança está de facto a
investir maioritariamente em microfinança (“Veracidade do Selo”).
 As FMF’s devem cumprir um mínimo de regras de transparência e prudência (“Boa gestão
interna”).
 As regras para a atribuição do selo não devem tentar estabelecer um quadro regulamentar
estrito, antes devem evitar abusos flagrantes.
 O Selo deve tornar as FMF atractivas para os investidores. Por conseguinte concentra-se em
informação quantitativa que importa aos investidores.

4.2.1 Veracidade do Selo


O Selo de Qualidade deve apenas ser atribuído a Fundos que investem predominantemente em
Microfinança.
 Para se qualificar a ter o Selo, um Fundo deve ter investido pelo menos 50% em IMF.
Por princípio, todos os intermediários financeiros com um volume médio de dívida de menos de 5.000
Euros são considerados IMF. A sua carteira de microcrédito devem contar para pelo menos 50% dos
seus activos. Os empréstimos aos clientes não são considerados como microcrédito.
Se um Fundo se classifica a si próprio como “microfinança”, então, deve ser predominantemente
orientado para a microfinança. Mas, o que é “microfinança”? Como assinalado no relatório da
MicroRate, a resposta não é de forma alguma tão clara como o limite proposto de 5.000 Euros sugere.
O tamanho do empréstimo não define por si só o microcrédito. Se o tamanho por si fosse critério,
então, o crédito ao consumo é frequentemente indistinguível do microcrédito. De facto, as agências
de crédito ao consumo referem-se por vezes ao seu produto como “microcrédito” tentando
aproveitar-se da imagem positiva associada aos microempréstimos.
No entanto, os dois são fundamentalmente diferentes. No crédito ao consumo, a decisão de
empréstimo é baseada principalmente numa garantia subsidiária. As despesas de processamento das
instituições de empréstimo ao consumo são muito mais baixas que as dos microemprestadores,
porque os limites à concessão de empréstimo apenas contemplam a certificação do cumprimento de
alguns requisitos formais (a existência de uma garantia subsidiária – normalmente o salário). A
qualidade da carteira é também baixa, uma vez que empréstimos em dívida garantidos pelo salário,
por exemplo, são relativamente fáceis de coleccionar e os emprestadores, consequentemente, não
precisam de se preocupar muito se um empréstimo não é pago. A característica mais notória do
empréstimo ao consumo em economias em desenvolvimento do ponto de vista de um potencial
investidor é, no entanto, a tendência para se mover em ciclos, com períodos de rápido crescimento e
uma rentabilidade normalmente seguida pela contracção e até difusão de falhas institucionais.
Contrariamente, no microcrédito, as decisões de crédito são predominantemente baseadas numa
apreciação da capacidade das pessoas que pedem o empréstimo para gerarem o dinheiro necessário
para pagar o empréstimo. Isto torna os microcréditos muito mais dispendiosos para o processo do
que os empréstimos ao consumo. Os limites de concessão de crédito devem contemplar a actividade
produtiva do cliente, e juntos devem construir uma projecção simples do fluxo monetário. Isto
também explica porque é que a qualidade da carteira é um factor tão importante no microcrédito,
quando comparado com o empréstimo ao consumo. Se a avaliação feita pelos limites de concessão
de crédito da capacidade de gerar dinheiro por parte de quem pede o empréstimo está errada, a IMF
tem pouca margem de recuo para recuperar um empréstimo em dívida. Mais impressionante é o
facto do microcrédito ainda não ter demonstrado os ciclos pronunciados que afectam o crédito ao
consumo. No pior dos casos, as IMF abrandaram o seu crescimento, mas raramente contraíram.
Mas, para além de terem características muito diferentes, existe um argumento em prol do
desenvolvimento para não confundir o crédito ao consumo – mesmo que pequeno - com o

19
microcrédito. O microcrédito é um instrumento de desenvolvimento poderoso, uma vez que está
baseado no potencial produtivo de quem pede o empréstimo e não na sua riqueza existente. O
microcrédito, por definição, tem propósitos produtivos. Apenas uma pessoa que produza o suficiente
para ser capaz de pagar o empréstimo o pode pedir.
No entanto, importa assinalar que, na prática, as fronteiras entre a microfinança e outros tipos de
empréstimo são fluidas. A maioria dos microcréditos envolve também alguma forma de garantia. No
sentido de tornar a atribuição do Selo algo simples, propõe-se que seja dado o benefício da dúvida
aos emprestadores. A não ser que o volume médio de dívida exceda claramente as fronteiras do
“micro” crédito e, a não ser que as decisões de atribuição de empréstimo sejam claramente
dominadas pela demonstração de garantia, os emprestadores devem ser considerados IMF.
O limite para o tamanho do empréstimo está, no entanto, deliberadamente definido acima dos 5.000
Euros. Hoje em dia, nenhuma das nove IMF avaliadas pela MicroRate tem um volume médio de dívida
de mais de 2.500 euros e a grande maioria permanece abaixo dos 1.000 euros. O volume médio de
dívida, embora não seja critério de distinção entre microcrédito e o crédito baseado na garantia, tem a
vantagem de ser de fácil verificação: é calculado simplesmente pela divisão do valor bruto em dívida
da carteira de empréstimos pelo número de empréstimos. Ainda que uma IMF com um tamanho
médio de empréstimo de 5.000 euros possa ter feito alguns empréstimos de 100.000 euros ou até de
500.000 euros, a facilidade de comprovação parece mais importante que forçar as IMF que fazem
também empréstimos de maior escala, sejam rigorosamente excluídas.
Embora o limite de 5.000 euros seja generoso na maioria dos países em desenvolvimento, pode não o
ser tanto na Europa Central e de Leste. Pode ser necessário permitir excepções para países com um
rendimento per capita comparativamente maior. Por outro lado, empréstimos que excedam os 5.000
euros são provavelmente avalizados pela garantia formal e a decisão de crédito pode já não ter em
conta a capacidade de quem pede o empréstimo para gerar liquidez na conta.
Para garantir aos investidores que o seu dinheiro irá ter o destino que eles esperam, o Selo deve
apenas ser atribuído a Fundos de Microfinança que estejam investidos, directa ou indirectamente,
pelo menos em 50% em microfinança. As garantias devem ser considerados como apresentação da
microfinança. Se um Fundo alargou as garantias a IMF então, o limite de 50% deve ser calculado como
50% da soma dos activos e das garantias de um FMF. Igualmente, investir através de outros Fundos de
FMF deve ser considerado como um investimento em microfinança em proporção aos activos que o
segundo Fundo investiu em microfinança. Por exemplo, se o Fundo “A” empresta 100.000 euros ao
Fundo “B” que, por sua vez, tem 45% de activos investidos em microfinança, tal como está aqui
definido, então, irá considerar-se que o Fundo “A” investiu 45.000 Euros em microfinança.
Concluindo, a essência do princípio da “Veracidade do Selo” do Selo de Qualidade é que,
directamente ou indirectamente, pelo menos metade dos activos de um Fundo seja investida em IMF.
Por sua vez, “IMF” são definidas como instituições com um volume médio de dívida de menos de
5.000 euros; a maioria dos seus activos deve consistir em microcréditos, opondo-se aos empréstimos
ao consumo. Segundo esta definição, os grandes bancos que detêm também programas de
microfinança, não podem ser considerados IMF. Tal é deliberado. Se o dinheiro fosse fungível, seria na
prática impossível garantir aos investidores que os fundos canalizados para esses bancos
financiassem, na verdade, microcréditos. Para Fundos que desejem obter o Selo de Qualidade, e
pressionados para encontrar oportunidades de investimento em verdadeiras IMF, a tentação de
colocar o seu dinheiro em bancos seria irresistível.
Normalmente, os novos Fundos não deverão ser capazes de cumprir a regra dos 50%, uma vez que
não terão tempo suficiente para reunir uma carteira. Foi considerado que se faria uma excepção à
regra para Fundos que têm menos de 3 anos de existência. Mas as excepções tornam o Selo de
Qualidade menos intuitivamente percebível pelos investidores. Igualmente, em termos práticos, as
excepções complexificam a gestão deste Selo. Deste modo, é preferível que o Selo seja atribuído a
Fundos, não quando estes expressam a intenção de investir em microfinança, mas depois de eles o
fazerem realmente.

20
4.2.2 Boa gestão inter na
 O Selo deve apenas distinguir Fundos que preencham um mínimo de condições
de transparência e boa administração

Composição da carteira: Para se qualificarem, os Fundos de microfinança devem publicar o nome e a


localização das IMF nas quais investiram, o montante e o tipo de investimento (participação,
empréstimo, garantia), o seu período e a unidade monetária.
Principais estratégias de investimento: Para se qualificarem, as FMF devem publicar as suas
estratégias de investimento. O Selo pode ser-lhes retirado, se os investimentos estiverem
excessivamente concentrados numa empresa ou país.
Gestão e administração: Para se qualificarem, os Fundos têm de publicar a sua estrutura de gestão e
os nomes dos principais gestores, bem como as suas qualificações. Da mesma forma, devem explicar
as funções dos seus órgãos de gestão, tais como os comités e comissões de investimento, os nomes
dos seus membros e as suas qualificações.
Estrutura de taxas: As taxas de um Fundo e as despesas administrativas devem ser divulgadas. Os
investidores devem conhecer os custos totais de gerir um Fundo.

4.2.3 Administração
 O Selo de Qualidade deve ser atribuído pela “Ethicalux”, que irá analisar se um
candidato reúne os requisitos.
O Selo será atribuído por um período limitado de tempo. Propõe-se que o Selo expire ao fim de dois
anos, a não ser que seja renovado. A validade do Selo pode ser reduzida para um ano, uma vez que a
Ethicalux adquiriu suficiente capacidade para gerir o trabalho adicional.
Se a Ethicalux fosse analisar o desempenho de Fundos de microfinança individualmente, e se
precisasse de verificar a informação que esses Fundos fornecem, os custos seriam
extraordinariamente elevados. Para manter os custos baixos, a Ethicalux deve, portanto, confiar o
mais possível em informação já disponível, quando considera a candidatura de um Fundo para ao
Selo de Qualidade. As agências de avaliação das IMF podem facilmente verificar se uma determinada
IMF cumpre com os princípios da microfinança. Se mais de 25% da carteira de um Fundo consistir em
investimentos em IMF não classificadas, será requerido à gestão do Fundo que certifique se essas IMF
se qualificam ou não.
Uma forma possível de usar os recursos existentes será incluir a ADA no processo de atribuição do
Selo. A ADA, uma ONG sediada no Luxemburgo, adquiriu um considerável conhecimento em
microfinança e está altamente considerada na indústria da microfinança.
Desde 2004 que a ADA e a Argidius Foundation trabalham com a MicroRate para criar um Guia para
os Fundos da Microfinança. O Guia contém a descrição de cada Fundo, juntamente com a descrição
da composição da carteira, das estratégias de investimento, do desempenho financeiro, da gestão e
da administração. Cobre, assim, a maioria das áreas que Ethicalux tem de considerar quando analisar
uma candidatura. O projecto concluiu a sua fase-piloto e está pronto a ser implementado numa escala
mais alargada. A Ethicalux e a MicroRate devem colaborar no formato final do Guia, para garantir que
satisfaça as necessidades da primeira. O Guia irá permitir à Ethicalux verificar a informação fornecida
pelos Fundos, confrontando-a com informação disponibilizada por uma fonte objectiva que se
especializou na sua avaliação. Uma vez que o Guia será comercializado a um largo número de
investidores, os custos da Ethicalux serão relativamente baixos. Através do Guia, que será actualizado
anualmente, a Ethicalux terá também acesso a informação mais alargada sobre a indústria, o que irá
permitir-lhe situar as aplicações num contexto industrial mais alargado. Pretende-se que o Guia
evolua para a classificação dos Fundos, uma vez que existe um suficientemente longo registo de
Fundos de microfinança.

21
5 Fundos de Investimento para a Microfinança:
Conclusões e Recomendações para o Futuro

Desde o início a meados dos anos 90, os fundos de investimento para a microfinança foram sendo
cada vez mais usados para canalizar o financiamento para as IMF e para aumentar a indústria da
microfinança. Independentemente dos diferentes tipos de fundos de investimento e dos actores
envolvidos, existem vários benefícios em continuar a utilizar estas estruturas de uma forma
progressiva:
 Diversificação do risco: Os investidores e os doadores podem diversificar os seus riscos
através de fundos de investimento pela colocação de recursos num mais alargado e
diversificado grupo de IMF, do que providenciando financiamento individualmente.
 Coordenação e harmonização dos investidores e doadores: os fundos de investimento
para a microfinança são uma ferramenta eficaz para assegurar a coordenação entre os
diversos participantes nos fundos. Esta harmonização torna-se mais difícil sem uma estrutura
comum.
 Grande diversidade de objectivos financeiros e sociais: Os fundos de investimento
podem ser moldados a um grande número de objectivos financeiros e sociais. Podem
financiar IMF sustentáveis e serem destinados a investidores comerciais, podem patrocinar
IMF no sector ambiental e podem ser financiados por agências para o desenvolvimento ou
doadores privados, podem focalizar-se em empréstimos ou em fornecimento de capital, etc.
O tipo de estrutura, bem como a sede do fundo de investimento dependerá destes
objectivos e dos investidores a que se destinam.
 Disciplina financeira: A presença de fundos de investimento pode instituir uma maior
disciplina financeira pela adopção da competição entre os diversos actores na microfinança.
O resultado será um mais eficaz uso dos recursos, com a redução dos custos totais da
atribuição de financiamento a IMF.
 Instrumentos flexíveis: A partir do momento em que os fundos de investimento sejam
estabelecidos são mais flexíveis para operarem do que as agências para o desenvolvimento e
de doação. A partir da altura em que a aprovação para investir um certo montante num
fundo de investimento seja obtida nestas agências, as decisões de investimento para
financiar as IMF são mais eficientemente conduzidas, essencialmente por causa das
estruturas de gestão mais leves e das regras mais flexíveis destes veículos. As agências para o
desenvolvimento e de doação vêem os fundos de investimento como um processo mais
eficiente para financiar as IMF.
 Parceria efectiva entre Público e Privado: Os fundos de investimento em microfinança
podem ser um poderoso meio de alavancagem do financiamento público através da
atracção de financiamentos privados adicionais. A participação de instituições públicas, tais
como agências para o desenvolvimento podem providenciar a massa crítica inicial, os
peritos, os registos e até as garantias ou apostas de perdas iniciais, que podem encorajar os
investidores comerciais a entrarem no sector da microfinança. As agências (ou doadores
privados) não incorrem necessariamente num maior risco, mas o seu envolvimento pode
contribuir para a participação do muito maior sector comercial, ao mesmo tempo que
contribuem para o financiamento de um maior número de IMF por todo o mundo. Os fundos
de investimento em microfinança podem ser a ponte entre este sector e o mercado de
capitais tradicional. Os papéis dos diferentes interessados deve ser claramente definido de
forma a evitar o mais possível conflitos de interesse e/ou distúrbios no mercado.

Todavia, os fundos de microfinança enfrentam dois desafios principais, interrelacionados entre si:
atingir um volume crítico e fazê-lo respeitando o equilíbrio entre o retorno financeiro e social. Neste
sentido, existem várias recomendações que devem ser consideradas:

22
 Estrutura apropriada baseada nos investidores a que se destina. Os mais recentes êxitos
de alguns fundos de investimento em microfinança deveram-se, sobretudo, à definição claro
dos investidores a que se destinavam, bem como à instituição de uma estrutura adequada
consistente com tal alvo de mercado. Estes exemplos mostram que não existe falta de
recursos financeiros quando a estrutura certa é estabelecida.
 Distribuição. Viu-se também que, uma vez estabelecida a estrutura adequada, a distribuição
e ao acesso ao investidor final é também um factor chave para o sucesso de qualquer fundo
de investimento novo.
 Grande investimento inicial ou crescimento gradual., É também essencial atingir um
volume crítico na definição dos investidores a que se destina o fundo. Considerando o
tamanho desses investidores e os seus requisitos mínimos de investimento, a maioria dos
fundos em microfinança comuns são simplesmente demasiado pequenos para que essas
instituições os consideram sequer como investimento. Os raros investidores institucionais
que se aventuraram na microfinança fizeram-no mais recentemente, através das estruturas
mais alargadas disponíveis. Estas estruturas foram estabelecidas, quer com um certo volume
crítico logo de início, ou foram crescendo gradualmente para um tamanho atractivo para
esses investidores.
Estes três aspectos têm uma grande importância da capacidade dos fundos de investimento em
atingir o volume crítico de forma a tornar-se sustentável no longo prazo e ser atractivo para um maior
número de investidores.
Por outro lado, o equilíbrio entre o retorno financeiro e social é uma preocupação central dos
potenciais investidores em microfinança, especialmente aqueles com uma consciência social. O
recente trabalho à volta da instituição Selo de Qualidade de Mircrofinança, no Luxemburgo , é sinal de
um desenvolvimento promissor dos esforços para trazer qualidade e transparência aos Fundos de
Microfinança. Os princípios chave que irão pautar este selo são:
 O Selo de Qualidade deve apenas ser atribuído a Fundos que investem predominantemente
em Microfinança. Para se qualificar ao Selo, o Fundo deve ser investido em pelo menos
50% em IMF.
 O Selo deve apenas distinguir Fundos que preencham um mínimo de condições de
transparência e boa administração:
Composição da carteira: Para se qualificarem, os Fundos de microfinança devem publicar o
nome e a localização das IMF nas quais investiram, o montante e o tipo de investimento
(participação, empréstimo, garantia), o seu período e a unidade monetária.
Principais estratégias de investimento: Para se qualificarem, as FMF devem publicar as
suas estratégias de investimento. O Selo pode ser-lhes retirado, se os investimentos
estiverem excessivamente concentrados numa empresa ou país.
Gestão e administração: Para se qualificarem, os Fundos têm de publicar a sua estrutura de
gestão e os nomes dos principais gestores, bem como as suas qualificações. Da mesma
forma, devem explicar as funções dos seus órgãos de gestão, tais como os comités e
comissões de investimento, os nomes dos seus membros e as suas qualificações.
Estrutura de taxas: As taxas de um Fundo e as despesas administrativas devem ser
divulgadas. Os investidores devem conhecer os custos totais de gerir um Fundo.

23
ANEXO 1

Fundos de Investimento e
outros Investidores em Microfinança

24
% do Produtos financeiros disponíveis
Activo actualmente
Novos Fundos
Número
Projectados (em %)
de
Activo para aplicação
País de Ano de Tipo de Investime
Nº Nome do Fundo Estatuto Legal em RI* Website
Instituição Criação Fundo/Estrutura (US$) Aplicada ntos em
Investimentos
em MF Emprésti
em Garanti
Investime Activos Participação mos,
Microfinança as
ntos em Dívida
MF

5,100,0
Investidor Privado / 100.00% 9 0
00
Accion Gateway Empresa de Fundo de
1. EUA 1996 100% (2004) - www.accion.org
Fund Carteira Investimento
Privado (31/05/
(31/05/05) (31/05/05) (31/05/05)
05)

12,969,
96.47% 5 5,000,000
Empresa de 985
ACCION 8-
2. Ilhas Caimão 2003 Segregated Investimento 94% (2004) www.accion.org
Investments 10%
Accionista (31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

13,300,
24.06% 3 -
Fundo de 000
3. AfriCap Maurícias 2002 Investimento Investidor Privado 100% (2004) - www.africapfund.com
Privado (31/07/
(31/07/04) (31/07/04) (31/07/04)
04)

Sociedade Cooperativa de 13,807,


4. ALTERFIN Bélgica 1994 Anónima de Investimento 35.98% 29 473,58 7% (2004) 93% (2004) 6% www.alterfin.be
604
Responsabilidade Privado de duração

25
Limitada ilimitada
(31/12/
(31/12/05) (31/12/05) (31/12/05)
05)

28,421,
Investidor Privado / 33.33% 16 11,503,815
Sociedade de 190
Instituição semi-
5. ASN-Novib Funds Holanda 1998 Fundo de Crédito 100% (2003) 1.2% www.novib.nl
limitada de
Mútuo (31/12/
Investimento (31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

23,073,
6.42% 3 -
Fundo Ilimitado de 410
Sub-holding de 100% 5.10
6. AWF Luxemburgo 1998 Investimento, de www.axa-im.com
uma SICAV (2004) %
duração ilimitada (15/09/
(15/09/04) (15/09/04) (15/09/04)
04)

5,000,0
100.00% 6 5,000,000
Empresa 00
www.bellwetherfound
7. Bellwether Índia 2005 Financeira não Investidor Privado -
.com
bancária. (15/07/
(15/07/05) (15/07/05) (15/07/05)
05)

- n.d. 16 -
Companhia
8. BIO Bélgica 2001 61% (2004) 39% (2004) - www.b-i-o.be
Limitada (30/06/
(30/06/04) (30/06/04) (30/06/04)
04)

- n.d. 26 -
Instituição
Investidor Privado / 7%
9. CAF Venezuela 1970 Financeira 10% (2004) 83% (2004) - www.caf.com
Investidor Público (31/10/ (2004)
Multilateral (31/10/04) (31/10/04) (31/10/04)
04)

80,000,
25.00% 40 4,000,000
000
Calvert Associação sem www.calvertfoundatio
10. EUA 1995 Investidor Privado 2% (2004) 98% (2004) 3%
Foundation fins lucrativos n.org
(31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

26
63,000,
n.d. 42 2,400,000
000
Citigroup Associação sem
11. EUA 1980 Banco - www.citigroup.com
Foundation fins lucrativos
(01/01/
(01/01/02) (01/01/02) (01/01/02)
02)

3,000,0
100.00% 0 12,000,000
Empresa de 00
www.catalyst-
12. CMI Holanda 2005 Responsabilidade Investidor Privado 55% (2005) 45% (2005) -
microfinance.com
Limitada (01/12/
(01/12/05) (01/12/05) (01/12/05)
05)

16,079,
28.00% 30 5,068,446
805
Investidor
13. Consorzio Etimos Itália 1989 Consórcio 100% (2004) - www..etimos.it
Financeiro Privado
(31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

63,473,
54.58% 90 9,473,730
991
Investidor Privado
14. CORDAID Holanda 1997 Fundação 2% (2003) 97% (2003) - www.cordaid.com
de duração ilimitada
(31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

2,483,4
60.00% 8 2,235,132
Companhia Investidor Privado / 80
100% 2.75
15. CRESUD Itália 1999 Financeira Empresa Financeira www.cresud.it
(2004) %
Limitada Privada (30/09/
(30/09/04) (30/09/04) (30/09/04)
04)

50 50.00% 7 500
Instituição Instituição de
16. CSF Quirguizistão 2002 Financeira não Microfinança Apex / -
bancária fundo grossista (31/10/
(31/10/05) (31/10/05) (31/10/05)
05)

Associação sem Instituição de 3,259,9 100%


17. DBMDF EUA 1997 86.81% 28 1,000,000 - www.db.com
fins lucrativos doações 23 (2005)

27
(31/05/
(31/05/05) (31/05/05) (31/05/05)
05)

- n.d. 9 -
Companhia de
18. DEG Alemanha 1999 Responsabilidade Banco 8% (2004) 92% (2004) - www.deginvest.de
Limitada (05/10/
(05/10/04) (05/10/04) (05/10/04)
04)

51,669,
89.67% 49 50,000,000
Investidor Privado, 512
Dexia Microcredit 100% 5.5-
19. Luxemburgo 1998 SICAV-Parte B Investidor Público e www.blueorchad.ch
Fund (2004) 7.5%
SICAV (31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

3,816,8
10.30% 1 2,061,110
Investidor Privado e 70
20. DID Fonidi Canadá 2003 Parceria Limitada fundo limitado, 10 100% (2004) - www.did.gc.ca
anos de duração (31/03/
(31/03/04) (31/03/04) (31/03/04)
04)

633,397 100.00% 0 -
Fundo ilimitado
Sem estatuto
através do qual a
legal, parte da
DID pode aplicar 100%
21. DID GF Canadá 1999 Development - www.did.gc.ca
programas de (30/06/ (2004)
International (30/06/04) (30/06/04) (30/06/04)
garantias de 04)
Desjardins
empréstimos

Sem estatuto 5,669,9


47.37% 11 1,100,425
legal, parte da 88
Investidor Privado,
22. DID PF Canadá 1996 Development 46% (2004) 54% (2004) - www.did.gc.ca
fundo ilimitado
International
Desjardins
(30/06/
(30/06/04) (30/06/04) (30/06/04)
04)

4,000,0
23. Dignity Fund EUA 2005 Parceria Limitada Investidor Privado 875.00% 1 - - www.dignityfund
00

28
(31/12/
(31/12/05) (31/12/05) (31/12/05)
05)

64,674,
95.25% 13 20,300,850
Fundação 337
24. DOEN Holanda 1994 Fundação (Investidor Privado / 96% (2004) 2% (2004) - www.doen.nl
Crediário) (31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

25. ECLOF Suiça n.d. n.d. n.d. n.d.


1946 ONG - www.eclof.org
3,481,7
72.08% 17 -
71
26. FIG Suiça
(31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
Cooperativa sem 04) 100%
1996 Investidor Privado - www.fig-igf.org
fins lucrativos (2003)
- n.d. 30 -
27. FMO Holanda
(31/12/
(31/12/03) (31/12/03) (31/12/03)
Instituição 03)
1970 Financeira de Fundo para PME’s 68% (2003) 32% (2003) - www.fmo.nl
Desenvolvimento 2,965,9
74.47% 19 -
24
28. FRONTIERS Quirguizistão
(31/12/
(31/12/05) (31/12/05) (31/12/05)
05)
1982 ONG Instituição Apex -

29. FWWB Índia n.d. n.d. n.d. n.d.

14,000,
2.14% 3 100
000
Geisse “Fundação
30. EUA 1969 Investidor Privado - www.fwwbindia.org
Foundation pública familiar”
(31/12/
(31/12/03) (31/12/03) (31/12/03)
03)

29
Não é uma 1,691,0
0.00% 0 2,000,000
entidade 00
separada, mas
Global Bridge sim uma parte da Fundo de Garantia
31. EUA 2005 ACCION - www.accion.org
Fund Global
International (31/05/
(31/05/05) (31/05/05) (31/05/05)
05)
(sem fins
lucrativos)

2,000,0
100.00% 9 5,000,000
00
Global Sem fins 100% www.globalpartnershi
32. EUA 2005 Investidor Privado -
Partnerships lucrativos (2005) ps.org
(31/12/
(31/12/05) (31/12/05) (31/12/05)
05)

50,000,
20.34% 11 -
Companhia de Investidor Privado / 000
10% www.grayghostfund.c
33. Gray Ghost EUA 2003 Responsabilidade Fonte de 42% (2005) 48% (2005) -
(2005) om
Limitada financiamento (10/01/
(10/01/05) (10/01/05) (10/01/05)
05)

- n.d. 15 2,367,900
Instituição de
34. Hivos Holanda 1968 ONG doações / Investidor - www.hivos.nl
Privado (31/12/
(31/12/05) (31/12/05) (31/12/05)
05)

22,529,
91.20% 36 6,766,950
883
9%
35. HTF Holanda 1994 Fundação Investidor Privado 62% (2004) 29% (2004) - www.triodos.com
(2004)
(31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

Investidor Privado n.d. n.d. 5 -


I&P Empresa de
36. França 2002 Empresa de 15% (2005) 85% (2005) - www.ip-dev.com
Developpement Investimentos (31/03/
Investimento (31/03/05) (31/03/05) (31/03/05)
05)

30
Instituição de 6,496,2
72.92% 20 -
doações / Investidor 72
39%
37. ICCO Holanda 1999 Fundação Público / Fundo de 12% (2004) 7% (2004) - www.icco.nl
(2004)
Garantia e (31/12/
Empréstimo (31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

2,060,9
85.16% 28 300
86
Empresa sem fins
38. IDF EUA 1992 Investidor Privado 8% (2001) 77% (2001) - www.untours.com
lucrativos
(31/12/
(31/12/01) (31/12/01) (31/12/01)
01)

- n.d. 52 -
Instituição 8%
39. IFC EUA 1956 (não disponível) 27% (2004) 65% (2004) - www.ifc.org
Multilateral (30/09/ (2004)
(30/09/04) (30/09/04) (30/09/04)
04)

15,413,
100.00% 6 15,413,875
Companhia 875
100%
40. Impulse (Incofin) Bélgica 2004 Limitada de Investidor Privado 4% www.incofin.be
(2004)
Capitais Privados (31/05/
(31/05/05) (31/05/05) (31/05/05)
05)

5,600,0
80.36% 13 500
Cooperativa de 00
1%
41. INCOFIN Bélgica 1992 Responsabilidade Investidor Privado 43% (2005) 56% (2005) - www.incofin.be
(2005)
Limitada (31/05/
(31/05/05) (31/05/05) (31/05/05)
05)

48,550,
n.d. - 20,480,000
Companhia de 000
42. KEF África do Sul 1996 Responsabilidade Instituição Apex - www.khula.org.za
Limitada (31/12/
(31/12/01) (31/12/01) (31/12/01)
01)

Instituição de 85,400,
43. KFW Alemanha 1948 Banco 26.93% 31 - - www.kfw-
doações 000

31
entwicklungsbank
(31/12/
(31/12/01) (31/12/01) (31/12/01)
01)

900 94.44% 5 1,000,000


Kolibri Kapital 100%
44. Noruega 2000 Empresa Pública Investidor Privado -
ASA (31/12/ (2005)
(31/12/05) (31/12/05) (31/12/05)
05)

Não é uma 5,340,5


27.15% 3 -
entidade 05
separata, mas sim
uma parte da 0-
100%
45. LABF EUA 1984 ACCION Fundo de Garantia 2.875 www.accion.org
(2004)
International (31/05/ %
(31/05/05) (31/05/05) (31/05/05)
05)
(sem fins
lucrativos)

17,198, 16,364,31
n.d. -
854 2
União de Crédito
46. LCCU Lituânia 2002 Instituição Apex - www.iku.it
Apex
(01/09/
(01/09/05) (01/09/05) (01/09/05)
05)

18,022,
100.00% 0 -
620
47. LFI Luxemburgo 2004 SA e SICAR Investidor Privado - www.horus.com
(25/10/
(25/10/04) (25/10/04) (25/10/04)
04)

511,28 100.00% 3 -
Companhia Investidor Privado /
48. LFP França 2001 Limitada de Empresa de 100% (2004) - www.horus.com
Capital Privado Investimento (25/10/
(25/10/04) (25/10/04) (25/10/04)
04)

Sem fins Fundo não-lucrativo 2,242,8 10%


49. Luxmint - ADA Luxemburgo 1994 97.11% 19 - 8% (2005) 82% (2005) - www.microfinance.lu
lucrativos (ONG) de duração ilimitada 79 (2005)

32
(30/06/
(30/06/05) (30/06/05) (30/06/05)
05)

3,000,0
44.13% 11 500
00
50. MFDF Mongólia 2003 Fundação Investidor Público -
(05/03/
(05/03/04) (05/03/04) (05/03/04)
04)

1,700,0
Programa 70.59% 10 -
00
Microfinance nacional sob Instituição de
51. Filipinas 2000 70% (2001) -
Alliance Fund estrutura CRS das doações
FIlipinas (31/12/
(31/12/01) (31/12/01) (31/12/01)
01)

14,400,
93.75% 16 -
000
10.70% 89.30% www.microvestfund.c
52. MicroVest I EUA 2003 Parceria Limitada Investidor Privado 0-3%
(2005) (2005) om
(30/06/
(30/06/05) (30/06/05) (30/06/05)
05)

- n.d. 19 20,000,000
Instituição de
53. MIF EUA 1993 Activa 63% (2004) 37% (2004) - www.iadb.org
doações (31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

- n.d. 50 9,700,000
ONG / Fundação / 13%
54. NOVIB Holanda 1996 ONG / Fundação 3% (2004) 84% (2004) - www.novib.nl
Privada (31/12/ (2004)
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

304,662
26.51% 169 39,125,000
Sociedade ,000
92.40 1.50
55. Oikocredit Holanda 1975 Cooperativa Investidor Privado 6.10% (2004) 2% www.oikocredit.org
(2004) (2004)
Internacional (31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

33
400,000
n.d. 7 -
Companhia de ,000
56. Omidyar EUA 2004 Responsabilidade Investidor Privado - www.omidyar.net
Limitada (12/05/
(12/05/05) (12/05/05) (12/05/05)
05)

Subsidiária da 13,500,
143.70% 13 5,000,000
Subsidiária da Opportunity 000
57. OTI EUA 2001 Opportunity International 91% (2004) 9% (2004) -
International (accionista (31/08/
(31/08/04) (31/08/04) (31/08/04)
totalitária) 04)

7,095,5
4.23% 5 -
00
Partners for the Organização sem
58. EUA 2001 Investidor Privado 3% www.pcg21.org
Common Good fins lucrativos
(30/09/
(30/09/04) (30/09/04) (30/09/04)
04)

110,918
80.40% 19 -
Sociedade ,700
69.70% 30.30% 5- www.procedit-
59. PCH AG Alemanha 1998 Anónima de Investidor Privado
(2004) (2004) 6,5% holding.com
capitais públicos (30/09/
(30/09/04) (30/09/04) (30/09/04)
04)

- n.d. 188 -
Empresa sem fins
60. PKSF Bangladesh 1990 Instituição Apex - www.pksf-bd.org
lucrativos (30/06/
(30/06/02) (30/06/02) (30/06/02)
02)

407,129 93.50% 18 100


PlaNet Instituiçãoo de 100% www.planetfinance.or
61. França 2000 Associação -
MicroFund doações (14/11/ (2005) g
(14/11/05) (14/11/05) (14/11/05)
05)

11,404, www.profundinternaci
62. PROFUND Costa Rica 1993 Corporação Investidor Privado 141.84% 10 - 91% (2004) 9% (2004) -
098 onal.org

34
(30/06/
(30/06/04) (30/06/04) (30/06/04)
04)

3,901,6
57.99% 41 3,125,000
Companhia de 25
63. PT UKABIMA Indonésia 1996 Responsabilidade - www.ukabima.com
Limitada (31/12/
(31/12/03) (31/12/03) (31/12/03)
03)

12,180,
Instituição de 78.20% 89 -
900
doações, Banco, e 4% www.rabobankfounda
64. Rabobank Holanda 1973 Instituição Apex 2% (2004) 94% (2004) -
fundo rotativo (2004) tion.nl
privado da empresa (30/06/
(30/06/04) (30/06/04) (30/06/04)
04)

50,241,
90.53% 81 -
Fundo de 143
responsAbility 3.56 www.responsAbility.c
65. Luxemburgo 2003 Investimento no Investidor Privado 7% (2005) 93% (2005)
Fund % h
Luxemburgo (31/03/
(31/03/06) (31/03/06) (31/03/06)
06)

4,800,0
100.00% 200 -
00
Sociedade 100'%
66. RFC Moldávia 1998 Instituição Apex -
Anónima (2001)
(31/12/
(31/12/01) (31/12/01) (31/12/01)
01)

8,262,4
9.35% 7 760
77
Instituição de
67. Rockdale EUA 1999 Fundação -
doações
(31/12/
(31/12/02) (31/12/02) (31/12/02)
02)

5,000,0
40.00% 8 1,500,000
00
Estabelecida pela
68. SFD Iémen 1997 Instituição Apex - www.SFD-Yemen.org
lei nº10 de 1997
(31/12/
(31/12/01) (31/12/01) (31/12/01)
01)

35
5,500,0
Divisão de uma 39.23% 9 -
00
organização
69. SGIF EUA 2000 Investidor Privado 32% (2004) 68% (2004) - www.saronafund.com
privada sem fins
lucrativos (30/09/
(30/09/04) (30/09/04) (30/09/04)
04)

28,333,
Investidor Privado / 12.29% 4 3,000,000
000
Companhia de Empresa de
70. ShoreCap Intl. Reino Unido 2003 78% (2005) 22% (2005) - www.shorecap.net
Responsabilidade Investimento
Permanente (24/11/
(24/11/05) (24/11/05) (24/11/05)
05)

12,652,
38.12% 37 -
433
Sociedade
71. SIDI França 1983 Investidor Privado 62% (2003) 38% (2003) - www.sidi.fr
Anónima
(31/12/
(31/12/03) (31/12/03) (31/12/03)
03)

11,073,
63.06% 11 6,766,950
367
Fundo Restrito de
72. TFSF Holanda 2002 Investidor Privado 8% (2004) 92% (2004) 2-4% www.triodos.com
Capital Mútuo
(31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

34,822,
88.00% 64 3,383,475
585
Triodos-Doen 1%
73. Holanda 1994 Fundação Investidor Privado 30% (2004) 69% (2004) - www.triodos.com
Foundation (2004)
(31/12/
(31/12/04) (31/12/04) (31/12/04)
04)

- n.d. 12 4,500,000
Empresa sem fins
74. UNCDF EUA 1966 Investidor Privado - www.uncdf.org
lucrativos (31/12/
(31/12/03) (31/12/03) (31/12/03)
03)

Sem fins 6,325,0 3%


75. Unitus EUA 2000 Investidor Privado 112.25% 3 200 5% (2004) 92% (2004) - www.unitus.com
lucrativos 00 (2004)

36
(31/08/
(31/08/04) (31/08/04) (31/08/04)
04)

Agência
Governamental, - n.d. 25 -
Autoridade de
USAID Credit Crédito para o 100%
76. EUA 1961 Investidor Público - www.usaid.gov
Guarantees Desenvolvimento (2004)
designada pelo (30/09/
Congresso Norte- (30/09/04) (30/09/04) (30/09/04)
04)
Americano

Fonte: Mix Market (http://www.mixmarket.org)


* RI = Retorno do Investimento (Mais informações sobre este indicador: http://www.microcapital.org)

37
ANEXO 2
Actores da Microfinança Europeia
que actuam em Países em
Desenvolvimento

38
1 Panorama Global

Este anexo pretende enumerar e caracterizar os Actores da Microfinança Europeus que actuam em países em
Desenvolvimento. A principal fonte é o directório recentemente publicado pela ADDA – Appui au
Dévelopment Autonome, no contexto da Mesa Redonda sobre Microfinança, realizada no Luxemburgo13 Em
primeiro lugar, apresentam-se os principais tipos de organizações que suportam as instituições de
microfinança nos países em desenvolvimento, os seus recursos humanos e as regiões de intervenção. Depois
desta curta introdução, resume-se os principais tópicos e prioridades de intervenção.

1.1 Tipos de Organizações


O levantamento efectuado pela ADA identificou seis tipos de organizações. Organizações de Redes de
Organizações/Organizações “Guarda-Chuva”, ONG, Centros de Formação e Investigação, Instituições Financeiras,
Agências para o Desenvolvimento e outros.
O Quadro 1 enumera quantas organizações fizeram parte do levantamento por tipo de organização. A lista
detalhada é apresentada no Quadro 2.

Quadro 1 Organizações identificadas classificadas por tipo e país de origem

REDES DE ONGS CENTROS DE INSTITUIÇÕES AGÊNCIAS PARA O OUTRAS TOTAL


ORGANIZAÇÕES FORMAÇÃO/ FINANCEIRAS DESENVOLVIMENTO
INVESTIGAÇÃO

ÁUSTRIA - - - - 1 - 1

BÉLGICA - 4 2 3 1 1 11

BULGÁRIA 2 - - 1 - - 3

DINAMARCA - 1 - - 1 - 2

FINLÂNDIA - 1 - 1 - - 2

FRANÇA - 11 1 2 1 1 16

ALEMANHA - 1 3 1 1 1 7

IRLANDA - 2 - - - - 2

ITÁLIA - - - 2 - 2 4

LUXEMBURGO 1 3 1 1 1 7

HOLANDA - 3 3 7 - 1 14

NORUEGA - 1 - 1 - - 2

POLÓNIA 1 - - - - - 1

ESLOVÁQUIA - 1 - - - - 1

SUÉCIA - - 1 1 1 1 4

SUÍÇA - 2 - 2 1 - 5

13
PERILLO, M and FABER, V. European Microfinance Actors working in Devoloping Countries. ADA, Outubro 2005.

39
REINO UNIDO - 2 1 - 1 1 5

TOTAL 4 32 12 22 9 8 87

O envolvimento das ONG na microfinança e o seu importante papel para o suporte financeiro e não financeiro
deste sector é revelado pela sua percentagem de representação (35%). Para além das Instituições Financeiras
(27%), é notável que tenham respondido tantos Centros de Formação e Investigação (14%).

Quadro 2 Lista de organizações identificadas por país de origem

• ADA – Appui au Développement Luxemburgo • iBMG – Instituto de Gestão e Políticas Holanda


Autonome e de Saúde – Univerdade Erasmus
de Roterdão

• ADIE - Association pour le Droit ˆ França • ICAR - Association Internationale de França


l’Initiative Economique Crédit Agricole et rural

• ADRA Deutschland Alemanha • OICO – Organização inter-igrejas para Holanda


a Cooperação para o
Desenvolvimento

• AECI - Agencia Espanhola de Espanha • IGPD – Universidade de Antuérpia – Bélgica


Cooperación Internacional Instituto de Gestão e Políticas para o
Desenvolvimento

• AFD – Agence Française de França • Imp-Act - Improving the impact of Reino Unido
Développement microfinance on poverty

• ALFI – Associação da Indústria de Luxemburgo • INCOFIN Bélgica


Fundos do Luxemburgo

• ALTERFIN Bélgica • ING - ING Group N.V. Holanda

• AQUADEV Bélgica • Fundação Integra Eslováquia

• ASN Novib Fund Holanda • Inter Aide França

• ATTF – Agência de Transferência Luxemburgo • Intercooperation Suíça


Financeira e Tecnológica

• ADA - Agência de Desenvolvimento Áustria • Centro Internacional Agrícola Holanda


Austríaca

• Bankakademie International Alemanha • Fundo de Garantia Internacional Suíça

• Bannock Consulting Reino Unido • IIAD – Instituto de Investigação França


Aplicada ao Desenvolvimento

• BIO – Companhia Belga de Bélgica • JCEL – Jeune Chambre Economique Luxemburgo


Investimento para Países em du Luxembourg
Desenvolvimento

• BlueOrchard Finance Suíça • JOBS Project – Oportunidades de Bulgária


Emprego pelo apoio à Empresa

40
• BRS - Belgian Raiffeisen Foundation Bélgica • KfW / DEG - Deutsche Investition und Alemanha
EntwicklungsgesellschaftGmbH

• Igreja Sueca de Ajuda Suécia • Kolibri Kapital Noruega

• CIDR - Centre International de França • Kyrkornas U-Fond Suécia


Développement et de Recherche

• CNEARC – Centre National d’Etudes França • La Fayette Investissement Luxemburgo


Agronomiques en Régions Chaudes

• Co-operative APKI Bulgária • Lux-Development Luxemburgo

• CONCERN Ireland Irlanda • Mercy Corps Scotland Reino Unido

• OCADD – Organização Católica para a Holanda • CMF – Centro de Microfinança Polónia


Ajuda aos Desfavorecidos e para o
Desenvolvimento

• CRESUD Itália • Microfinanza Itália

• DanChurchAid Dinamarca • Cooperativa Nachala Bulgária

• AIDD – Agência Internacional Dinamarca • Oikocredit Holanda


Dinamarquesa para o
Desenvolvimento

• DFID - Department for International Reino Unido • Opportunity International – UK Reino Unido
Development

• DGCD – Ministério dos Negócios Bélgica • PlaNet Finance França


Estrangeiros Belga – Direction
Générale de la Cooperation au
Développement

• Fundação DOEN Holanda • Fundação Rabobank Holandas

• ECIDEC - Echanges Internationaux França • responsAbility Suíça


pour le Développement et la
Coopération

• Entrepreneurs du Monde França • ASDC – Agência Suíça para o Suíça


Desenvolvimento e Cooperação

• ETIMOS Itália • ASDCI – Agência Sueca para o Suécia


Desenvolvimento e Cooperação
Internacionais

• Evers & Jung Alemanha • SIDI - Solidarité Internationale pour le França


Développement et l’Investissement

• FinnChurchAid Finlândia • SIFRA – Rede de Facilitadores de Bélgica


Microfinança

• Finnfund – Fundo Finlandês para a Finlândia • SNV – Organização Holandesa para o Holanda
Cooperação Internacional Desenvolvimento

41
• FMO – Companhia Holandesa da Holanda • SOS FAIM Bélgica Bélgica
Finança para o Desenvolvimento

• Fondazione “Giordano Dell’Amore Itália • SOS FAIM Luxemburgo Luxemburgo

• GORTA Irlanda • Sparkassenstiftung Alemanha

• GRET - Groupe d’Echange et de France • Fundação Stromme Noruega


Recherches Technologiques

• Groupe Développement França • TRIAS Bélgica

• GTZ - Gesellschaft für Technische Alemanha • TRIODOS Holanda


Zusammenairbeit

• Handicap International França • Universidade de Colónia Alemanha

• HIVOS - Humanistisch Instituut voor Holanda • Universidade de Mons-Hainaut Bélgica


Ontwikkelingssamenwerking

• HORUS Development Finance França • Universidade de Uppsala Suécia

• I&P Développement - Investisseur et França • Universidade de Wageningen Holanda


Partenaire pour le Développement

1.1.1. Organizações de Plataforma e Rede de Organizações/Organizações “Guarda-Chuva”


As plataformas representam organizações que, embora diferentes ao nível do enfoque e da abordagem,
partilham a mesma missão de diminuição da pobreza através do alargamento do acesso de serviços financeiros
e da melhoria das condições de vida nos países do Sul. Ao criar uma plataforma, estas organizações organizam-
se para permitir a troca e para coordenar as suas actividades em microfinança. Muitas vezes, as plataformas de
microfinança estão estruturadas a um nível nacional, como por exemplo, ao reunirem organizações de
microfinança de um mesmo país.
As plataformas nacionais são constituídas por diferentes membros, como bancos, investidores sociais,
fundações privadas, ONG, entidades públicas, etc. São normalmente estruturas informais que têm um papel
representativo para o suporte nacional da microfinança e têm como objectivo aumentar a eficiência do suporte
fornecido pelos vários membros.
Deve ainda mencionar-se que cinco das plataformas nacionais estão na União Europeia: França, Bélgica, Itália,
Holanda e Luxemburgo. Representam um importante papel de disseminação e troca de informação. A
existência de plataformas é ainda uma recente evolução e a maioria das que foram mencionadas foram
instituídas não antes de 2003.
Nenhuma das plataformas contactadas respondeu ao inquérito feito pela ADA enquanto tal, preferindo
reenviar os inquéritos aos seus membros.
À semelhança das plataformas, as Redes de Organizações são organizações que agrupam diferentes
organizações, que muitas vezes têm o mesmo estatuto legal e/ou que partilham as mesmas abordagens e
enfoques. As Redes de Organizações são, na sua maioria, organizações independentes geridas em nome dos
seus membros e são uma forma eficaz de aumentar a coordenação e a troca de informação e de estabelecer
alguns padrões.
Outro tipo de organizações inserido nesta categoria é as “organizações guarda-chuva”. Estas organizações não
intervêm directamente, mas fornecem serviços que capacitam as estruturas dos membros para se
consolidarem, fortalecerem e partilharem conhecimento, bem como a organizarem actividades adicionais tais
como investigação, disseminação de informação e/ou formação. A ALFI, por exemplo, está registada como uma
“ASBL” (Organização sem fins lucrativos) e é o órgão representativo da comunidade de fundo de investimento
do Luxemburgo.
As duas Redes de Organizações/Organizações “Guarda-chuva” enumeradas nesta categoria pela ADA são:

42
• ALFI
• MFC
Embora o levantamento enumere apenas duas organizações nesta categoria, existem muitas organizções
identificadas que são membros de redes de organizações. As quatro mais frequentemente referidas são:
• INAISE – Associação Internacional de Investidores em Economia Social, Bélgica
• CONCORD – Confederação Europeia de ONG para Ajuda aos Desfavorecidos e para
Desenvolvimento, representando mais de 1500 ONG Europeias nas Instituições Europeias.
• A Rede Europeia de Microfinança (EMN) – promove e dá suporte à microfinança na Europa.
• CERISE – Comité d’Echanges et de Réflexion et d’Informations sur les Systèmes d’Epargne-crédit,
França – promove e leva a cabo troca de informação (grupo de peritos).

1.1.2 ONG
As ONG são grupos de cidadãos voluntários, sem fins lucrativos, organizadas a um nível local, nacional ou
internacional. São geridas e as suas funções são definidas por pessoas com interesses comuns,
desempenhando uma variedade de serviços. São, normalmente, organizações baseadas no valor,
independentes de governos mas dependentes, totalmente ou em parte, de doações e de serviço voluntário.
As 29 organizações classificadas como ONG são:

• ADA • ICAR

• ADRA Alemanha • IGF

• AQUADEV • Inter Aide

• CIDR • Intercooperation

• CONCERN Irlanda • IRAM

• CORDAID • Mercy Corps Scotland

• DanChurchAid • Opportunity International - RU

• ECIDEC • PlaNet Finance

• Entrepreneurs du Monde • SIFRA

• FinnChurchAid • SNV

• GORTA • SOS FAIM Bélgica

• GRET • SOS FAIM Luxemburgo

• Groupe Développement • Stromme Foundation

• Handicap International • TRIAS

• HIVOS

A maioria são ONG nacionais. Sendo que algumas são ONG internacionais que têm delegações locais (sediadas
quer no Norte como no Sul), que funcionam mais ou menos com organizações independentes.

1.1.3 Centros de Formação/Investigação


Esta categoria inclui universidades, programas de investigação e institutos de formação que trabalham na
criação de competências através da investigação e/ou formação.
As 12 organizações classificadas como Centros de Formação/Investigação são:

43
• ATTF • Imp-Act

• Bankakademie International • Centro Internacional Agrícola

• CNEARC • Universidade de Colónia

• Evers & Jung • Universidade de Mons-Hainaut

• iBMG • Universidade de Uppsala

• IDPM – Universidade de Antuérpia • Universidade de Wageningen

A ATTF, a Bankakademie International e a Evers & Jung providenciam assistência técnica através de serviços de
formação e consultoria. A CNEARC é, ao mesmo tempo, um centro de formação e investigação que tem como
alvo a finança rural.
Os oito departamentos e programas de investigação académica que responderam ao inquérito foram:
• iBMG – Instituto de Gestão e Políticas e de Saúde – Univerdade Erasmus de Roterdão (Holanda)
• IDPM – Universidade de Antuérpia – Instituto de Gestão e Políticas para o Desenvolvimento
(Bélgica)
• Centro Internacional Agrícola, Universidade de Wageningen (Holanda)
• The Imp-Act – O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento, Universidade de Sussex (Reino
Unido)
• UMH – Departamento de Ciências de Gestão, Universidade de Mons-Hainault (Bélgica)
• Universidade de Colónia – Departamento dos Estudos Cooperativos (Alemanha)
• Universidade de Uppsala – Departamento de Economia (Suécia)
• Universidade de Wageningen – Grupo de Desenvolvimento Económico (Holanda)

A investigação e ensino relacionados com a microfinança são normalmente levados a cabo em Departamentos
de Economia ou em institutos de desenvolvimento especificados. Os principais objectos de estudo são
seguros de saúde, o financiamento agrícola, o desempenho e impacto. Muitos departamentos estão a trabalhar
de perto com outras organizações (ONG, agências para o desenvolvimento, etc.) com um projecto como pano
de fundo.
Existem muitas outras universidades que, embora não tenham respondido, oferecem oportunidades de
investigação relacionados com a microfinança como, por exemplo, a Universidade de Poitiers (França), a IRD
(França) e a University College of Dublin (Irlanda).
Não é tão comum existir uma licenciatura totalmente dedicada à microfinança. Para além dos já em
funcionamento Programa de Mestrado da Fundação «Giordano dell’Amore», em Itália, existem muito poucos
cursos de especialização. A Escola de Gestão de Solvay (Bélgica), por exemplo, lançou recentemente, em
colaboração com a Universidade Dauphine em Paris (França), Universidade de Wageningen (Holanda) and
PlaNet Finance Bélgica, o Programa Europeu de Microfinança (EMP), uma pós-graduação em microfinança com a
duração de um ano, a começar no Outono de 2005.
Além disso, o assunto do fornecimento de formação é importante. A PlaNet Finance Bélgica, por exemplo,
especializou-se nesta área e conduziu recentemente um estudo mundial sobre as necessidades de formação
especializada para as IMF.

1.1.4 Instituições Financeiras


As Instituições Financeiras são qualquer organização que tenham como actividade movimentar, investir e
emprestar dinheiro, negociar em instrumentos financeiros ou providenciar serviços financeiros. Estas
instituições aportam um conhecimento bancário e financeiro ao sector da microfinança.
As 21 organizações classificadas como Instituições Financeiras são:

44
• ALTERFIN • ING

• ASN Novib Fund • KfW / DEG

• BIO • Kolibri Kapital

• BlueOrchard Finance • Kykornas U-Fund

• CRESUD • La Fayette Investissement

• ETIMOS • Oikocredit

• Finnfund • Fundação Rabobank

• FMO • responsAbility

• I&P Développement • SIDI

• ICCO • TRIODOS

• INCOFIN

Algumas destas organizações são fundos de investimentos especializados em microfinança. Estas estruturas
permitem os doadores privados e/ou públicos aumentarem os seus activos e diversificarem os seus
investimentos. A BlueOrchard Finance, por exemplo, gere, entre outros, o DEXIA Mcro-Credit Fund que investe
em cerca de 50 IMF em 22 países.
As Instituições Financeiras incluem também estruturas intermediárias, usadas por outras organizações como
veículos para os investimentos em microfinança. O Kykornas U-Fund, é um fundo para o desenvolvimento
detido em parte pela Igreja Sueca de Ajuda, juntamente com algumas paróquias, comunidades e dioceses. Em
cooperação com o Banco TRIODOS, o fundo tem como objectivo “capacitar as igrejas, a sociedade e as
organizações, bem como individuais, para investir dinheiro para propósitos de desenvolvimento, juntamente
com pessoas desfavorecidas que não podem pedir empréstimos através dos bancos tradicionais” (site da Igreja
Sueca de Ajuda)

1.1.5 Agências para o Desenvolvimento


Esta categoria inclui as agências para o desenvolvimento nacionais, bancos nacionais e outras organizações
detidas (parcial ou totalmente) por governos nacionais.
As Agências para o Desenvolvimento classificadas como organizações são:

• AFD (França) • GTZ (Alemanha)

• AECI (Espanha) • Lux-Development (Luxemburgo)

• Austrian Development Agency (Áustria) • SDC (Suíça)

• DANIDA (Dinamarca) • SIDA (Suécia)

• DFID (Reino Unido)

• DGCD (Bélgica)

Estas organizações suportam a microfinança através de uma série de intervenções: financiamento, formação,
assistência técnica, etc. As agências para o desenvolvimento iniciam muitas vezes e/ou implementam
programas e projectos em colaboração com outras organizações, tais como ONG, institutos de investigação e
empresas de consultoria, para além de reforçarem activamente parcerias e ligações.

1.1.6 Outras
De acordo com o seu estatuto legal e actividade, algumas organizações não podem ser agrupadas nestas seis
categorias e, consequentemente são enumeradas separadamente:

45
• Empresas de consultoria • Bannock Consulting

• HORUS Development Finance

• Microfinanza

• Sparkassenstiftung

• Fundações Privadas • BRS (Fundação Belga Raiffeisen)

• DOEN Foundation

• Fondazione “Giordano Dell’ Amore”

• Igrejas Nacionais • Igreja Sueca de Ajuda

As empresas de consultoria são grupos de peritos que fornecem aconselhamento profissional a outras
organizações em troca de honorários. São na sua maioria privadas, companhias de responsabilidade limitada e
oferecerem competências profissionais num domínio específico da microfinança.
As fundações são uma espécie de organizações filantrópicas, criadas como entidades legais quer por
individuais ou instituições. Desenvolvem a sua actividade num largo conjunto de actividades, como o
financiamento e a assistência técnica de criação de competências. A Fundação “Giordano Dell’Amore”, por
exemplo, oferece um programa de mestrado e edita publicações.
A Igreja Sueca de Ajuda, organizada como uma fundação, é afiliada e financiada pela Igreja Sueca (Luterana),
através dos seus proveitos de rendimentos da igreja recolhidos através da taxação nacional.

1.2 Recursos Humanos


O gráfico seguinte mostra a percentagem de actividade em microfinança no seio das organizações inquiridas:

Menos de 20%
Entre 20 e 50%
Entre 50 e 70%
Entre 70 e 100%
Actividade a tempo inteiro

Fonte: ADA (Outubro 2005). European Microfinance Actors


A maioria das organizações inquiridas pela ADA desenvolvem actividades em microfinança há muitos anos, mas
apenas 17 (22%) destas entidades actuam exclusivamente neste sector. É surpreendente como a microfinança
é um campo de intervenção altamente especializado.
As 17 organizações que desenvolvem actividades exclusivamente em microfinança são:

46
• ADA • Kolibri Kapital

• ASN Novib Fund • Kyrkornas U-Fund

• BlueOrchard Finance • La Fayette Investissement

• CRESUD • Mercy Corps Scotland

• ECIDEC • MFC

• Entrepreneurs du Monde • Opportunity International - UK

• HORUS Development Finance • PlaNet Finance

• ICAR • TRIODOS

• IGF

Estas organizações são, na sua maioria, ONG (8) e Instituições Financeiras (7), sendo todas Fundos de
Investimento em Microfinança, mais uma rede de organizações e uma empresa de consultoria.
Nestas organizações, o número de funcionários a tempo inteiro não excede as 15 pessoas, sendo a média à
volta de oito. A PlaNet Finance e a HORUS Development Finance são excepções, que empregam mais de 30
pessoas a tempo inteiro nas suas sedes.
A distribuição dos recursos humanos nas organizações analisadas é a seguinte:

• 22 % - Um ponto de = a organização atribui regularmente os assuntos ligados à microfinança a um


contacto funcionário

• 23 % - Staff próprio = a organização tem um ou mais funcionários a tempo inteiro encarregue das
actividades de microfinança

• 34 % - Departamento = a organização tem um departamento exclusivamente dedicado à microfinança

• 22 % - Todo o pessoal = a microfinança é a actividade exclusiva da organização

É ainda importante mencionar que a maior parte das organizações recorrem regularmente a voluntários ou
consultores externos, que não são classificados como membros dos quadros, mas que permitem a estas
organizações aumentarem largamente o seu âmbito de actuação. Para além disso, cerca de uma dúzia das
organizações inquiridas têm funcionários no estrangeiro (trabalhadores expatriados ou agentes locais) e
afiliados, que não estão incluídos nesta análise, devido ao facto de não ser possível reunir dados concretos.

1.3 Regiões de Intervenção

O quadro seguinte dá uma perspectiva global das regiões de intervenção.

REDES DE ONGs CENTROS DE INSTITUIÇÕES AGÊNCIAS PARA O OUTRAS TOTAL


ORGANIZAÇÕES FORMAÇÃO/INVESTIGAÇÃO FINANCEIRAS DESENVOLVIMENTO

ÁFRICA - 27 9 20 9 8 73

AMÉRICA - 21 9 20 8 7 65

ÁSIA 1 19 9 20 8 8 65

EUROPA 2 7 6 15 5 7 42

47
MÉDIO - 2 1 2 1 - 6
ORIENTE

OCEÂNIA - - 2 2 - - 4

Fonte: ADA (Outubro de 2005). European Microfinance Actors.

A maior parte das organizações inquiridas intervêm em países Africanos e da América Latina. De notar que a
América Latina tem-se vindo a tornar, nas duas últimas décadas, cada vez mais atractiva como região de
intervenção, o que reflecte o facto de que, em geral, os mercados em microfinança evoluíram na América
Latina especialmente em comparação com o desenvolvimento verificado no continente Africano.
A maioria dos actores intervêm ao mesmo tempo na Europa de Leste e Europa Central, América Latina, África e
Ásia (34), ou apenas na América Latina, África e Ásia (21).
Apenas uma pequena parte dos actores em microfinança trabalham na Oceânia (4) e no Médio Oriente (6). A
relativa falta de interesse na Oceânia pode ser explicada pela sua distância geográfica em relação à Europa e pela
relativamente baixa densidade populacional, o que se traduz num número reduzido de clientes. O cenário de
desenvolvimento nesta região é concretizado por organizações da Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia,
China e Japão, sendo os Estados Unidos o actor principal na microfinança. No que diz respeito à região do Médio
Oriente, começa o interesse por esta região começa a crescer. Relativamente a África, é de assinalar que
apenas algumas organizações actuam no Norte de África (11).

1.4 Assuntos e Tópicos


1.4.1 Métodos de Intervenção
Tal como o número crescente de organizações activas no campo da microfinança, o número de métodos
empregues aumentou também consideravelmente nos últimos dez anos. Esta evolução teve um efeito
positivo na adequação dos métodos de intervenção tradicionais, tendo sido também responsável pela criação
de novos métodos e instrumentos.
A tabela seguinte mostra uma perspectiva global dos diferentes métodos de intervenção utilizados pelas
organizações inquiridas.

REDES DE ONGS CENTROS DE INSTITUIÇÕE AGÊNCIAS PARA O OUTR TOTA


ORGANIZAÇÕE FORMAÇÃO/ S DESENVOLVIMENT OS L
S FINANCEIRA O
INVESTIGAÇÃO
S

INVESTIMENT EMPRÉSTIMOS - 14 - 21 5 1 41
OS
GARANTIAS - 13 - 12 6 2 33

PARTICIPAÇÃO - 11 1 17 5 1 35

OUTROS* - - - 1 1 - 2

SUBSÍDIOS DOAÇÃO DE - 16 - 1 6 2 25
CAPITAL /
PARTICIPAÇÃO

OPERAÇÕES 1 17 - 2 5 3 28

EQUIPAMENTO - 18 1 2 6 3 30

48
CRIAÇÃO DE 1 22 1 5 8 3 40
COMPETÊNCIA
S / FORMAÇÃO

ASSISTÊNCIA - 22 1 7 8 3 41
TÉCNICA

OUTROS** - 5 - - - - 5

NÃO SERVIÇOS DE - 13 3 4 4 1 25
FINANCEIROS DESENVOLVI-
MENTO DE
NEGÓCIOS

CRIAÇÃO DE 1 21 9 5 8 6 50
COMPETÊNCIA
S / FORMAÇÃO

FORMAÇÃO 1 17 2 2 4 2 28
DO CLIENTE

DISSEMINAÇÃ 1 19 7 3 7 2 39
O DA
INFORMAÇÃO

REDE 1 18 5 4 4 3 35

INVESTIGAÇÃ 1 14 12 3 3 2 36
O

OUTRO*** - 5 1 4 - 2 13

* Quasi-Equity
** Apoio à Administração, Sistemas de Gestão de Informação, Posição da Empresa, Mediação Financeira,
Concepção de Programas
*** Desenvolvimento de Produto, Avaliação, Sistemas de Gestão de Informação, Gestão de Fundos de Garantia,
Assistência Técnica, Actividade do Projecto, Apoio às Tecnologias de Informação, Composição do Conselho de
Administração, Desenvolvimento Estratégico Central, Downscaling, Implementação
Fonte: ADA (Outubro de 2005). European Microfinance Actors.

Investimentos
Os investimentos são o suporte financeiro das IMF, que as ajuda a manter-se rentáveis durante todo o processo
de crescimento. Empréstimos, garantias e investimentos accionistas são as ferramentas mais usadas. De entre
as 81 organizações analisadas, 62,5 % (50) apoiam o sector da microfinança através de investimentos. A maior
parte desta fatia é composta por instituições financeiras (21), mas estão também incluídas diversas agências
para o desenvolvimento (6) e ONG (20). Um caso menos comum é o exemplo do investimento accionistas
feito pelo Bankakademie Group, estabelecido para o ano de 2003, para o Shangai International Banking and
Finance Institute.
Os empréstimos ainda constituiem a maioria das operações financeiras, mas a utilização de garantias é
significativa. As garantias são encaradas, sobretudo pelas ONG, como um modo eficaz de atrair um maior
volume de investimentos nacionais e internacionais, e de rentabilizar os seus próprios recursos. Os
investimentos accionistas são muitas vezes associados a uma participação na administração. Este método é
frequentemente usado para o arranque das IMF e é fornecido juntamente com um suporte técnico.

49
25 das 81 organizações, mais de 30%, apresentam todos estes métodos em simultâneo. Se, por um lado, 62%
das organizações inquiridas dispõem, entre outras coisas, de apoio financeiro, por outro, apenas 12 fornecem
exclusivamente esse apoio.

re 1: Main Investment Methods

Doações e Subsídios
As doações e subsídios incluem todas as contribuições financeiras não reembolsáveis para o sector da
microfinança. O gráfico à direita mostra de que forma as doações e os subsídios têm sido utilizados.
Apesar de actualmente se pensar que a microfinança se está a tornar comercial, 44 organizações inquiridas pela
ADA (i.e. 55%) utilizam doações e subsídios como forma de apoio. 25 organizações financiam as participações
e o capital através de subsídios, sobretudo na fase de arranque das IMF.

Empréstimos
Garantia 36%
30%

Apoio Não Financeiro


Esta categoria abrange todas as formas de apoio não financeiro que podem ser prestadas à microfinança, tais
como Serviços de Desenvolvimento de Negócios (SDN), assistência técnica, investigação e difusão de
informação. De 81 organizações, 62 (76%) prestam serviços de apoio não financeiro. A maioria das redes de
organizações, organizações de cúpula e universidades participam nesta forma de apoio. O apoio não financeiro
pode ser definido como, por um lado, investigação aplicada, e por outro, a transmissão de conhecimentos e
competências técnicas, em programas de formação, ou através de parcerias e da coordenação de projectos. A
criação de competências é a forma mais usual implementar formas de apoio não financeiro, contribuindo para o
desenvolvimento e implementação de boas práticas administrativas e consequentemente, aumentando as
condições de sustentabilidade e o valor do capital humano. O apoio não financeiro constitui a maioria do apoio
prestado ao sector da microfinanca pelos agentes europeus. 16 disponibilizam exclusivamente serviços não
financeiros. Deste modo, 80% dos agentes oferecem uma combinação de serviços financeiros e não
financeiros.

1.4.2 Áreas de Intervenção e Principais Pontos de Interesse

Esta secção aborda as diferentes áreas de intervenção dos Agendes Europeus de Microfinança nos Países em
Desenvolvimento, de acordo com o estudo da ADA. Os valores percentuais indicados no texto seguinte
representam a percentagem de tipos de organização activos numa dada área.
Aqui analisa-se em profundidade cada uma das áreas de intervenção, a fim de descobrir quais os aspectos de
maior interesse para os Agentes Europeus de Microfinança. Incluíu-se no questionário uma lista de tópicos que
as organizações podiam mencionar. Pediu-se ainda às organizações que classificassem os tópicos e áreas de
intervenção por ordem de prioridade, por forma a obter uma ideia clara da sua preferência.
É importante referir que apenas teve-se em conta, neste capítulo, a primeira prioridade de cada organização,
embora a maioria delas tenha referido vários pontos de interesse. Deste modo, pude-se ficar com uma visão
mais completa das prioridades e competências das organizações.

Regulação e Controlo
Esta área abrange todas as intervenções destinadas ao desenvolvimento de estratégias para fortalecer os
métodos de regulação e controlo no sector da microfinança. Pode incluir diversos tipos de intervenção, desde
o apoio prestado pelas IMF nas questões relacionadas com a regulação até à investigação sobre o quadro
jurídico e o papel do estado na supervisão.
Mais de um terço das organizações em estudo (37%) estão envolvidas nesta área. 41% das ONG inquiridas, 67%
das Agências de Desenvolvimento, e apenas 14% das Instituições Financeiras estão activas neste campo. Em

50
muitos casos, as intervenções associadas à regulação e ao controlo são parte de uma estratégia mais
abrangente.
Os tópicos para a área de intervenção “Regulação e Controlo” são:
• Regulação de IMF (11)
• Controlo
• Agência de crédito / Historial de crédito (5)
• Organismos de supervisão (5)
• Bancos centrais (4)
• Tecto das taxas de juro (2)
• Outros (9)
• Não especificado (8)
No tópico “Outros” foram incluídas as seguintes respostas: Implementação, advocacy (CIDR), legislação, leis
corporativas, questões colaterais (FMO), serviços de consultoria às entidades de supervisão e de suporte
financeiro (HORUS Development Finance), recolha de dados (MFC), regulação recente (Fundação Stromme),
rotinas de regulação e registo para IMF (TRIAS), questões relacionadas com instituições rurais e bancos
cooperativos (ICAR) e investigação sobre o quadro jurídico (Universidade de Mons-Hainaut. Universidade de
Wageningen).
As organizações que elegeram como prioridade actividades nesta área são:
• GTZ. Regulação de IMF, Controlo, Agência de crédito / Historial de crédito, Organismos de
Supervisão, Bancos centrais, Tecto das taxas de juro
• UNIVERSITY OF MONS-HAINAUT. Conteúdo do quadro jurídico para a microfinança em
Madagáscar (missão do Banco Mundial)

Nesta área, os tópicos da Regulação de IMF e Controlo os principais pontos de interesse para os Agentes
Europeus de Microfinança nos Países em Desenvolvimento.
Sector da Microfinança
Nesta categoria entram todas as actividades que visão reforçar e analisar o sector da microfinança como um
todo. São disto exemplo o devenvolvimento sectorial, os estudos de mercado e o impacto social.
Dois terços das organizações inquiridas prestam apoio nestas, e, tal como a regulação e o controlo, esta área
parece mercer também uma atenção especial por parte das Agências de Desenvolvimento (89%).
Os tópicos para a a área de intervenção “Sector da Microfinança” são:
 Rede de organizações e associação (21)
 Desenvolvimento financeiro do sector (19)
 Impacto social (17)
 Mecanismos de avaliação do impacto (16)
 Taxas de juro (6)
 Estudos de mercado (14)
 Outros (4)
 Não especificado (10)

Na categoria “Outros” figuram os seguintes tópicos: sector dos Micro Seguros (BRS), financiamento à inovação
(DFIP), seminários de formação (FMO), estudo de organizações específicas (Universidade de Mons-Hainaut) e
questões ligadas ao quadro jurídico (Universidade de Wageningen). A Bannock Consulting e a ECIDEC
consideram prioritárias as actividades desta natureza, mas não destacaram nenhum tópico em particular.
As organizações que elegeram como prioridade actividades nesta área são:

• ATTF. Desenvolvimento financeiro do sector através da consultoria

51
• DOEN FOUNDATION. Desenvolvimento financeiro do sector
• DFID. Desenvolvimento financeiro do sector, Estudos de mercado, Financiamento à inovação.

O desenvolvimento do sector financeiro só é possível se o sector financeiro local for estruturado por forma a
poder a garantir o acesso aos serviços financeiros. Encarar o sector como uma estrutura ou um sistema abertos,
com parcerias, dependências e relações com outros sectores, é fundamental para faver uma avaliação realista
do estado da microfinança num determinado país ou região. Este é o motivo pelo qual muitos agentes
europeus de microfinança intervêm no desenvolvimento do sector em países onde apoiam IMF.

Financiamento de IMF
Já foi referido que o apoio financeiro através do investimento é um instrumento utilizado com frequência entre
os agentes europeus de microfinança. Isto ajuda a compreender que dois terços das organizações analisadas
estejam envolvidas na área do financiamento de IMF. Outras actividades incluem avaliações e apreciações,
gestão de risco, consultoria e desempenho financeiro, entre outras. Obviamente, todas as Instituições
Financeiras inquiridas demonstram actividade nesta área, mas também muitas Agências de Desenvolvimento
(89%) e ONG (69%). Os tópicos para a área de intervenção “Financiamento de IMF” são:

• Estratégia do doador (8)


• Doadores privados (9)
• Doador público (10)
• Subsídios (8)
• Investimentos comerciais (22)
• Parcerias comerciais (5)
• Risco do câmbio monetário (5)
• Formas de financiamento (8)
• Outros (3)
• Não especificado (14)

Na categoria “Outros” registaram-se os seguintes tópicos: Garantias para investimentos locais (BRS), gestão de
fundos (INCOFIN), e difusão de informação para acesso ao mercado de capitais (TRIAS).
As organizações que consideram prioritárias as actividades nesta área são:

• ADRA DEUTSCHLAND Doadores públicos • INCOFIN Investimentos comerciais, Gestão


e privados de fundos

• ALTERFIN Formas de • I&P Investimentos comerciais


financiamento DÉVELOPPEMENT

• ASN NOVIB FUND Investimentos • KOLIBRI KAPITAL Investimentos comerciais


comerciais

• BIO Investimentos • LA FAYETTE Investimentos comerciais


comerciais INVESTISSEMENT

• BLUEORCHARD FINANCE Investimentos • OIKOCREDIT Investimentos comerciais, Risco da


comerciais taxa de juro

• CRESUD Investimentos • SIDI Doadores privados, Doadores


públicos, Subsídios, Formas de

52
comerciais financiamento

• ETIMOS Investimentos • TRIODOS Investimentos comerciais, Risco da


comerciais taxa de juro

• FINNFUND Investimentos Comerciais, através de veículos intermediários de investimento.

Os investimentos surgem, assim, como uma prioridade para os agentes europeus de microfinança envolvidos
em actividades de financiamento. A auto-suficiência e viabilidade financeira são vistas actualmente, de um
modo geral, como elementos vitais de uma indústria estável com perspectivas de prestação de serviços fiáveis
e duradouros aos clientes de microfinança. Contudo, as doações e subsídios públicos, ainda constituem
intervenções importantes. A maior parte das organizações que possuem actividades e tópicos prioritários nesta
área são instituições financeiras, mas também ONG. Ao passo que as instituições financeiras estão sobretudo
envolvidas em questões e instrumentos financeiros administrativos, as ONG operam sobretudo com IMF mais
imaturas. As entidades públicas tendem a ser mais activas como intermediárias do que como fornecedores
directos. O sector da microfinança atrai algumas das instituições financeiras mais importantes do mundo. De
entre as organizações inquiridas, podemos destacar a ING, mas a microfinança é também vista como uma
oportunidade rentável para muitos outros grupos internacionais, tais como o Deutshe Bank, a ABN AMRO e o
Citigroup, em foco devido à sua recente actividade na microfinança. Além disso, alguns fundos e bancos
socialmente responsáveis também se viraram para o sector da microfinança (por exemplo, a Oikocredit e a
TIODOS na Holanda). Em 2004, a ING e a Oikocredit estabeleceram um Plano de Apoio à Microfinança “para o
acesso sustentável aos serviços financeiros nos países do terceiro mundo. Para tal, os trabalhadores da ING na
Holanda são incentivados a investir em Fundos Oikocredits Nederlands e/ou a partilhar a sua experiência
profissional”.

Apoio às IMF
O apoio às IMF engloba estratégias de procedimentos na banca, melhores métodos e tecnologia (por exemplo,
gestão e análise de desempenho, avaliação). Basicamente, esta área inclui quaisquer actividades que permitam
às IMF definir as suas actividades. Cerca de dois terços das organizações inquiridas (65%) procuram solidificar o
desenvolvimento sustentável das IMF; sobretudo as Agências de Desenvolvimento, uma vez que a totalidade
das agências analisadas se encontra activa nesta área, apesar de nenhuma a ter elegido como aspecto
prioritário.
Os tópicos para a área de intervenção “Apoio às IMF” são:

• Avaliação / Apreciação (19) • Gestão de crescimento (11)


• Desempenho financeiro (19) • Institucionalização / Formalização (18)
• Benchmarking (8) • Risco e delinquência do crédito (11)
• Agências de notação de risco (7) • Modelos de entrega (10)
• Métodos de notação de risco (5) • Boas práticas (14)
• Transparência (12) • Outros (6)
• Desempenho social (20) • Não especificado (16)
• Estudo de impacto (12)
• Gestão de risco (12)
• Gestão de mudança (6)

Sob a desginação “Outros” ficam abrangidos: Reforço do elo entre investidores e IMF, estrutura organizacional
(TRIAS), fundos de segurança (Church of Sweden Aid), sustainability (DOEN Foundation), administração
eficiente (ALTERFIN) e formação administrativa (University of Mons-Hainaut).

As organizações que elegeram tópicos prioritários nesta área são:

53
• ADA Gestão de risco e • MICROFINANZA Avaliação / Apreciação,
crescimento, Desempenho,
Gestão de Benchmarking, Agência de
mudança, notação de risco, Método
Notação de risco de notação de risco,
e desempanho Transparência,
financeiro Desempenho social,
Gestão de risco, Modelos
de entrega, Boas práticas.

• BANKAKADEMIE Avaliação / • OPPORTUNITY Avaliação / Apreciação,


INTERNATIONAL Apreciação, INTERNATIONAL UK Desempenho financeiro,
Desempenho Transparência,
financeiro, Desempenho social,
Benchmarking, Institucionalização, Boas
Gestão de risco práticas
Gestão de
mudança, Gestão
de crescimento,
Institucionalização
Risco e
delinquência do
crédito, Modelos
de entrega, Boas
práticas

• CHURCH OF SWEDEN AID Fundos de • PLANET FINANCE Avaliação / Apreciação,


segurança, cofres Desempenho financeiro,
e formação Benchmarking, Agências
de notação de risco,
Métodos de notação de
risco, Transparência,
Desempenho social, Risco
e delinquência do crédito,
Boas práticas

• GRET Avaliaçao / • SDC Avaliação / Apreciação,


Apreciação, Desempenho financeiro,
Desempenho Agências de notação de
financeiro, risco, Desempenho social,
Benchmarking, Modelos de entrega, Boas
Gestão de risco, práticas, Desenvolvimento
Gestão da Institucional
mudança, Gestão
de crescimento,
Institucionalização
/ Formalização,
Risco e
delinquência do
crédito, Modelos
de entrega, Boas
práticas.

54
• HIVOS Avaliação / • SPARKASSENSTIFTUNG Formalização
Apreciação,
Desempenho
financeiro,
Benchmarking,
Agências de
notação de risco,
Desempenho
social, Estudos de
impacto,
Institucionalização
/ Formalização,
Métodos de
entrega, Boas
práticas

• IBMG Gestão de risco, • TRIAS Apoio às IMF na construção


Institucionalização organizacional, diversos
aspectos.

• IMP-ACT Gestão do desempenho social

Dois aspectos essenciais parecem ser a avaliação financeira e a notação de risco, ou pelo menos a promoção
destes serviços. Este desenvolvimento foi responsável pela criação de organizações especializadas ou agências
de notação de risco, como, por exemplo, a Planet Rating e a Microfinanza Rating. As agências de notação de
risco desenvolveram os seus próprios métodos, adaptados ao contexto da microfinança e à dimensão da IMF
em avaliação.
A procura de serviços de avaliação do desempenho social aumentou nos últimos anos. Foram desenvolvidas
ferramentas e iniciativas de avaliação do desempenho, e algumas delas visam identificar indicadores sociais que
possam ser utilizados para avaliar o processo social levado a cabo pelas IMF, como, por exemplo, IDS –
Indicadores de Desempenho Social (Cerise) ou a Carta de Compromisso para organizações de microfinança
com preocupações sociais (encabeçada pela TRIAS)

Operações das IMF


Esta categoria abrange intervenções técnicas - desde o planeamento estratégico até à gestão de recursos
humanos – que visam a melhoria e a adaptação das operações das IMF. Estas operações incluem quaisquer
actividades relacionadas com os negócios rotineiros da IMF.
Mais de metade das organizações inquiridas (52%) apoiam as operações de microfinança. A maior parte dos
agentes europeus envolvidos na mircrofinança dos países em desenvolvimento apostam numa relação
duradoura com as organizações que apoiam. 89% das Agências de Desenvolvimento analisadas, e ainda 66%
das ONG, apoiam estas operações.
Os tópicos para a área de intervenção “Operações das IMF” são:

• Planeamento de negócios (23) • Gestão de RH (13)


• Planeamento operacional (21) • Formação de pessoal (18)
• Planeamento estratégico (21) • Esquemas de incentivo (16)
• Arranque (16) • Recrutamento (12)
• Finanças e contabilidade (21) • Sistema de Gestão de Informação (SGI)
(24)
• Tesouraria (14)
• Pontuações de risco de crédito (11)
• Controlo interno (20)

55
• Auditoria externa (14) • Fraude (12)
• Gestão (22) • Delinquência (15)
• Administração (19) • Marketing (14)
• Propriedade (13) • Outros (1)
• Não especificado (6)

O único tópico a referir no grupo “Outros” é a questão dos custos de transacção (Universidade de Colónia)
As organisações que detacaram tópicos desta área de intervenção como aspectos prioritários são:

• GROUPE Planeamento de negócios, • LUX- Controlo interno, Auditoria externa,


DÉVELOPPEMENT Planeamento operacional, DEVELOPMENT Gestão, Administração,
Arranque, Finanças e Propriedade, Gestão de RH,
contabilidade, Controlo Formação de pessoal, Esquemas de
interno, Auditoria externa, incentivo, Recrutamento, SGI
Gestão, Administração, SGI

• HORUS Operações, Planeamento • MFC Planeamento de negócios,


DEVELOPMENT estratégico, SGI e outros Planeamento estratégico,
FINANCE aspectos da gestão. A Arranque, Finanças e contabilidade,
HORUS é também Controlo interno, Gestão,
directamente responsável Administração, Gestão de RH,
pela gestão das operações Formação de pessoal, Esquemas de
de diversas IMF incentivo, Recrutamento, SGI,
Pontuações de risco do crédito,
Delinquência, Marketing

A maior parte do apoio nesta área tem como objectivo promover e acompanhar uma administração eficiente, e
a a utilização de boas práticas a nível local e internacional, desde os modelos de contabilidade até aos princípios
de gestão.
Produtos e Serviços
Nesta categoria insere-se o apoio prestado no sentido de reforçar os produtos e serviços das IMF, como, por
exemplo, o apoio à investigação e desenvolvimento do produto e da metodologia implementada.
Quase 60% das organizações analisadas mostram actividade nesta área, sendo que as Agências de
Desenvolvimento (89%) e as ONG (76%) lideram esta lista.

Os tópicos para a área de intervenção “Produtos e Serviços” são:

• Concepção do produto (19) • Bancos comunitários(9)

• Teste do produto (16) • Grupos de auto-ajuda (12)

• Avaliação de custos e preço do produto (14) • Grupos de solidariedade (11)

• Empréstimo individual (16) • Uniões de crédito (9)

• Empréstimo de grupo (15) • Cooperativas (17)

56
• Seguros (11) • ROSCAs, etc. (2)

• Leasing (10) • Títulos de crédito (3)

• Remessas (8) • Máquinas ATM (3)

• Poupanças (17) • Outras novas tecnologias (6)

• Garantias (11) • Outros (4)

• Hipotecas (5) • Não especificados (7)

• Microfinança para alojamento (11)

Sob a designação “Outros” encontramos os seguintes tópicos: Procedimentos adaptados às áreas rurais
(CNEARC), Melhores práticas (Evers & Jung),
Procedimentos adaptados às Àreas rurais (CNEARC), Melhores práticas (Evers & Jung), factoring, proteccção das
receitas do microcrédito (FMO), leasing, crédito de armazenamento e invatariação relacionado com a produção
agrícola (ICAR).
As organisações que consideram activdades nesta área como prioritárias são:
• AGÊNCIA DE
DESENVOLVIMENTO Concepção do produto, Teste do Produto, • INTERNATIONAL Garantias
AUSTRÍACA Empréstimo individual, Empréstimo de GUARANTEE
grupo, Seguros, Leasing, Poupanças, FUND
Garantias, Microfinança para alojamento,
Bancos comunitários, Grupos de auto-ajuda,
Cooperativas

• BRS Micro-seguros, Cooperativas, Fundos de • SIDA Microfinança


garantia, Microfinança rural para
alojamento

• EVERS & JUNG Melhores práticas • UNIVERSIDADE DE Micro-seguros


COLÓNIA

É dada especial atenção à inovação e ao desenvolvimento dos produtos, ao mesmo tempo que se verifica uma
tentativa de reduzir o fosso entre a oferta e a procura.
A concepção e o teste dos produtos são actividades que implicam um elevado consumo de tempo e recursos,
e nas quais os agentes europeus de microfinança podem ter um papel importante em consultoria e projectos
experimentais. Conceitos como microfinança para alojamento, leasing, e novas tecnologias são alvo de
investigações e testes. A ASDCI (Agência Sueca para o Desenvolvimento e Cooperação Internacionais), por
exemplo, está a desenvolver papéis de retaguarda para financiamento à habitação, juntamente com novas
directrizes. Produtos como remessas e seguros atraíram recentemente um interesse considerável, e cada vez
mais agentes europeus de microfinança pretendem entrar neste campo.

Clientes
Esta área inclui todos os serviços prestados com o objectivo de servir o cliente de microfinança da melhor
forma possível. Aqui são englobados todos os esforços empreendidos no sentido de compreender o cliente e
as suas necessidades. Estão também em causa tópicos como o HIV/SIDA, microfinança após um conflito ou
uma catástrofe, etc.
44% das organizações analisados demonstram algum tipo de actividade nesta vertente da microfinança. As
mais activas são as Agências de Desenvolvimento (78%) e as ONG (62%), enquanto que as menos activas são
as Instituições Financeiras (14%).
Os tópicos para a área de intervenção “Clientes” são:

57
• Instrumentos de avaliação do cliente (7) • Microfinanças rurais (18)

• Focus group com o cliente (3) • Microfinança após um conflito (7)

• Targeting do cliente (8) • Microfinança após uma catástrofe (4)

• Educação financeira (8) • HIV / SIDA (6)

• Género (9) • Grupos de Risco (2)

• Juventude (3) • Outros (3)

• Saúde (1) • Não especificado (6)

• Microfinança urbana (9)

Foram referidos os seguintes tópicos na categoria “Outros”: Educação para os seguros de saúde (iBMG),
políticas de reordenamento (Mercy Corps) e microempresários (Sparkassenstiftung).
As organizações com actividades prioritárias nesta área são:

• HANDICAP INTERNATIONAL Finanças rurais, HIV / SIDA, Educação financeira,


Género, Sistemas de Desenvolvimento de
• INTERCOOPERATION. Negócios

Finanças Rurais
Esta categoria inclui métodos e ferramentas específicas para o desenvolvimento do acesso aos serviços
financeiros nas áreas rurais.
58% das organizações em estudo estão evolvidas nas finanças rurais, sendo maior parte delas Agências de
Desenvolvimento (100%) e ONG (76%).
Os tópicos para área de intervenção Finanças Rurais são:

• Subsídios rurais (6) • Serviços rurais (13)

• Banca rural (13) • Impacto no meio rural (7)

• Associações de agricultores (11) • Outros (3)

• Política de desenvolvimento rural (8) • Não especificado (20)

• Produtos rurais (15)

Em “Outros” foram registados os seguintes tópicos: Investigação, Formação (CNEARC), trade finance, banca
móvel (DFID e investigação para ajuda à comunidade.
As organizações que encaram estas actividades como prioritárias são:

• CIDR Banca Rural como uma agência de • FUNDAÇÃO Subsídios rurais, Banca rural,
implementação, que fornece acesso aos RABOBANK Associações de agricultores,
serviços financeiros nas áreas rurais: Políticas de desenvolvimento
Poupanças, Créditos, Micro-seguros, rural, Produtos rurais, Serviços
Remessas rurais, Impacto no meio rural

• CNEARC Finanças rurais, formação na área da • SOS FAIM Associação de agricultores,


implementação de IMF, investigação em BELGIUM Negócios agrícolas familiares

58
finanças agrícolas

• ICAR Crédito agrícola, Instituições financeiras • SOS FAIM Associação de agricultores,


rurais LUXEMBOURG Negócios agrícolas familiares

• IRAM Subsídios rurais, Banca rural, Associações • UNIVERSIDADE Investigação / Avaliação de


de agricultores, Políticas de DE operações e viabilidade
desenvolvimento rural, Produtos rurais, WAGENINGEN financeira, Ajuda à comunidade.
Serviços rurais, Impacto no meio rural

As finanças rurais estão associadas ao ambiente e actividades agrícolas, por um lado, e, por outro, a situações
geográficas específicas, onde se verifica um grande afastamento das comunidades locais e uma escassez de
infra-estruturas disponíveis. Estas duas características, embora relacionadas entre si, carece de intervenções
distintas, mas o afastamento parece ser o foco de maior interesse.
O ambiente rural, apresenta, de facto, uma série de problemas, como, por exemplo, a densidade espacial, o
elevado custo das transacções, e a elevada vulnerabilidade dos agricultores, uma vez que estão fortemente
expostos ao risco ambiental dependentes dos mercados mundiais. Três quartos da população mais
desfavorecida nos países em desenvolvimento vive em zonas rurais. Como tal, a atenção prestada a esta área e
o empenho na procura de soluções adequadas, são ainda mais compreensíveis
As finanças rurais estão muitas vezes na origem de intervenções ao nível das políticas levadas a cabo pelos
governos. A GTZ, por exemplo, trabalha em conjunto com a FAO para desenvolver estratégias adequadas e
instrumentos que assegurem um melhor acesso aos serviços financeiros nas áreas de finanças agrícolas.
Também as ONG’s desenvolvem capacidades, em conjunto com as associações de agricultores, através de
programas de formação e troca de informação.
Apoio às Microempresas
Algumas organizações que prestam serviços às IMF estão também envolvidas no apoio técnico às PME’s
(Pequenas e Médias Empresas). Porém, esta não é uma prioridade, uma vez que os Serviços de
Desenvolvimento de Negócios (SDN) e outros tópicos relacionados são tratados por outras organizações de
desenvolvimento, mais centradas nesta área.
31 % das organizações inquiridas mostraram-se activas nesta área, embora ela não seja prioritária. Este facto
comprova que a maioria das organizações trabalha directamente com IMF e apenas algumas com
mircroempresas.
Os tópicos para a área de intervenção “Apoio às Microempresas” são:

• Planeamento de negócios (5) • Outro (1)

• Desenvolvimento de negócios (7) • Não especificado (5)

• Formação / Apoio não financeiro (9)

Em “Outros” foram incluídos os seguinte tópicos: Incubação e Empresas de agronegócio (ICAR)


As organizações que classificaram actividades nesta área como prioridade são:

• GORTA Planeamento de negócios, Desenvolvimento de negócios através de parceiros locais e


especialistas

O investimento em microempresas tem um impacto positivo no desenvolvimento da economia em geral e


nos níveis de emprego em particular. O apoio às microempresas é muitas vezes um tido em conta pelas
Agências de Desenvolvimento não directamente ligadas à microfinança. Todavia, alguns agentes europeus de
microfinança conjugam estas duas áreas nas suas actividades, disponibilizando formação e apoio não financeiro
aos empresários, muitas vezes por meio de uma instituição de microfinança. Não raramente, o apoio às
microempresas está relacionado com o apoio a microempresários, como forma de torná-los possíveis clientes
de microcrédito. É o caso do arranque e do planeamento de negócios.

59
Outros Campos Relacionados
Esta categoria engloba áreas de intervenção que reportam a tópicos como as políticas de redução da pobreza,
desenvolvimento sectorial e desenvolvimento financeiro das PME’s, entre outros. Nesta vasta área de
intervenção apostam apenas 21% das organizações analisadas, com as Redes de Organizações a liderar esta lista
(100%).
Esta área está intimamente relacionada com políticas estatais mais abrangentes, direccionadas para a redução
da pobreza.
Os tópicos para a área de intervenção “Outros Campos Relacionados” são:

• Redução da pobreza (8) • Desenvolvimento sectorial (5)

• Microempresas e desenvolvimento (6) • Outros(6)

Sob a designação “Outros” são abrigados os seguintes tópicos: Conferências (ALFI), Finanças aplicadas às PME’s
(Bannock Consulting), recolha de dados sobre o “acesso às finanças”, indicadores de âmbito nacional,
melhoramento de dados e redução dos custos das remessas (DFID), difusão de informação especializada
(GRET), micro-seguros, micro-leasing e poupanças (Fundação Rabobank), avaliação e acompanhamento do
impacto (TRIAS) e Conferências e estudos de promoção dos fundos de investimento em microfinança (ALFI).

60
Distribuição Geral das Áreas de Intervenção
A fim de resumir toda esta secção, a tabela seguinte mostra a percentagem de organizações envolvidas nas
diferentes áreas de intervenção, divididas por tipo de organização.

REDES DE ONG’S CENTROS DE INSTITUIÇ AGÊNCIAS DE OUTRAS TOTAL


ORGANIZA INVESTIFAÇÃ ÕES DESENVOLVIME (VS.AS 81
ÇÕES O/ FINANCEI NTO ORGANIZA
FORMAÇÃO RAS ÇÕES
ANALISAD
AS)

REGULAÇÃO E 50% 41% 33% 14% 67% 50% 37%


CONTROLO

SECTOR DA 50% 72% 50% 43% 89% 88% 64%


MICROFINANÇA

FINANCIAMENTO 50% 69% 8% 100% 89% 25% 65%


DE IMF

APOIO ÀS IMF 50% 79% 25% 52% 100% 88% 67%

OPERAÇÕES DAS 50% 66% 25% 29% 89% 63% 52%


IMF

PRODUTOS E 50% 76% 42% 33% 89% 63% 59%


SERVIÇOS

CLIENTES 50% 62% 33% 14% 78% 38% 44%

FINANÇAS 50% 76% 50% 19% 100% 63% 58%


RURAIS

APOIO ÀS 50% 41% 25% 5% 44% 50% 31%


MICROEMPRESAS

OUTROS CAMPOS 100% 28% 33% 0% 22% 25% 21%


RELACIONADOS

Os números indicam a percentagem de um dado tipo de organização envolvido numa determinada área. Por
exemplo, 41% de todas as ONG inquiridas intervêm nas questões da regulação e controlo.
No que diz respeito à diversidade de actividades, a maioria das organizações especializa-se numa área
específica ou presta apoio num conjunto vasto de actividades cobrindo todas as áreas de intervenção.

61
1.4.3 Tópicos para o futuro

Durante o estudo levado a cabo pela ADA, surgiram algumas conclusões interessantes sobre desafios e tópicos
de interesse geral para o futuro da microfinança, de acordo com as Actores Europeus que actuam nos Países
em Desenvolvimento
A primeira conclusão é que, a maioria das organizações inquiridas continuam a focar-se nos seus tópicos
prioritários correntes. Para o futuro próximo, parece que questões como – procurar novas formas de financiar o
sector e em particular as ligações entre as IMF e o sector bancário tradicional, o papel do desempenho social, a
microfinança focada no cliente, bem como os obstáculos para a microfinança, bem como os obstáculos à
finança rural e o alargamento do acesso – irão continuar a ter particular interesse para os actores Europeus em
microfinança.
Apenas algumas organizações planeiam estendes as suas actividades geograficamente. Isto não parece
surpreendente, tendo em conta que a maior parte das organizações analisadas são já activas na maioria das
regiões.
Relativamente temas, dois produtos atraíram muito interesse ultimamente, nomeadamente o microseguros e
remessas, e muitas das organizações inquiridas mencionaram a intenção de se envolverem e se
comprometerem com estes dois temas específicos.
Microseguros
De entre as organizações inquiridas, 12 especificaram que irão trabalhar com microseguros num futuro
próximo, ou estender as suas actividades nesta área. Os Microseguros são mais que apenas um produto, é um
conceito diferente de microfinança, com os seus próprios princípios e metodologias, mas com os mesmos
clientes potenciais, para além de se complementarem relativamente à gestão do risco dos clientes. A CGAP
Microinsurance Working Group iniciada pela ILO, que existe desde 2001, desenvolveu muito trabalho para
integrar este conceito na corrente geral, e usou casos de estudo de produtos já existentes como base para
conhecer a GTZ, que faz também parte da Microinsurance Working Group, e continuará a focar-se em
informação e no desenvolvimento da regulação e supervisão da microfinança. Outras organizações como a BRS
já exploraram, através de publicações e seminários, vários aspectos da microfinança, especialmente
relacionadas com os sistemas de saúde e planeiam expandir a sua actividade para esta área.
Três centros de formação, planeiam iniciar investigação nesta área. A iBMG, por exemplo, que é já activa na
investigação sobre saúde, vai começar a fazer investigação para “ganhar conhecimento sobre a regulamentação
nos seguros de saúde levados a cabo por unidades de microfinança e de como implementar isto na criação de
actividades independentes”. A Universidade de Mons-Hainaut irá começar a investigação na ligação potencial
entre a microfinança e os microseguros em Benin.
Remessas
Cinco das organizações inquiridas, pretendem focar ou expandir as suas actividades de remessas num futuro
próximo. Ainda se está para ver como é que este tópico será integrado pelos actores Europeus em
microfinança como por muitos outros actores, tais como bancos internacionais e governos, que estão
envolvidos nesta área. Tal como a microfinança, esta é uma área muito técnica e específica.
Esta a ser levado a cabo muito trabalho em investigação e em testes-piloto. Os trabalhos de remessa são,
actualmente, muito estudados. Podem ser mencionados inúmeros exemplos. A Bannock Consulting conduziu
um estudo sobre remessas de migrantes na Moldávia, a DFID conduziu um estudo intitulado “Produtos e
Serviços de remessas no Reino Unido” (v. www.sendmoneyhome.org); a Fundação Giordano Dell’Amore
analisou as remessas italianas no mercado e a ADA iniciou um projecto no Oeste Africano.
Novos Produtos Financeiros e Ligações das IMF
A maioria das Instituições Financeiras irão continuar a investir na inovação e na adaptação de instrumentos de
investimentos ao mercado da microfinança. Estas actividades estão direccionadas para as IMF e para potenciais
investidores. A BlueOrchard Finance, por exemplo, irá complementar o seu conjunto de produtos de dívida para
IMF e para investidores comerciais privados. Outros, como a ETIMOS, irão diversificar as suas intervenções
existentes examinando a possibilidade de desembolsar créditos na moeda local e investir em equidade. O
desenvolvimento de produtos financeiros não é o único interesse das Instituições Financeiras. Evers & Jungs irá
“desenvolver produtos de microfinança para bancos tradicionais – como parte da contribuição social ou da
banca comercial” (in questionário) através do outsourcing de serviços de negociação. Os interesses principais
para a microfinança relativamente a este tópico, são o acesso ao mercado e a ligação com os mercados

62
financeiros formais. A Universidade de Colónia, por exemplo, está a conduzir investigação sobre a ligação entre
mercados formais e informais.
Desempenho Social e Foco no Cliente
O impacto da microfinança nos seus clientes, e a sua apropriação dos serviços de microfinança irão ganhar
importância, especialmente no que diz respeito à comercialização do sector. O risco das IMF se desviarem da
sua missão, a necessidade que as IMF têm de se auto-avaliarem e o crescimento da exigência por parte dos
investidores e doadores por resultados, são elementos que devem ser tomados em consideração neste
tópico.
Os Indicadores de Desempenho Social (IDS), criados e coordenados pela CERISE, já foram testados em 25 IMF e
fornecem indicadores técnicos e operacionais para medir diferentes dimensões e elementos do desempenho
social. A Rede Imp-Act Performance Management (SPM) é uma rede de organizações virtual que está
comprometida em estudar sobre e melhorar a prática no que diz respeito à missão social.
Paralelamente a estas iniciativas internacionais, adoptadas frequentemente por diferentes actores em
microfinança, outras organizações têm um enfoque nos desempenhos sociais.
A TRIAS, por exemplo, irá focar-se em “mais investigação e contributos para as questões do desempenho
social”, e já publicaram relatório relacionados com este assunto com a Universidade de Antuérpia e a ALTERFIN.
A CIDR planeia contribuir para “o progresso dos Indicadores de Desempenho Social para a auditoria e avaliação
em coordenação com os actores, avaliação agências e investidores sociais”. Ambos são também membros do
Grupo de Indicadores de Desempenho Social, criado e coordenado pela CERISE.
Finança Rural e Alargamento do Acesso
Por último, a Finança Rural mantém-se uma prioridade para os actores Europeus em microfinança. Nove das
organizações inquiridas planeiam envolver-se ou expandir a sua actividade para a finança rural, nos próximos
anos. A ICAR, por exemplo, pretende criar redes rurais de instituições financeiras em África e o Oceano Índico,
e a IDPM (Universidade de Antuérpia) irá desenvolver investigação o desenvolvimento das cadeias de valor
competitivas no contexto da liberalização na América Central. A CNEARC dá uma formação especializada de três
meses em Finança Rural focada em sistemas financeiros rurais, instrumentos adaptados a instituições
financeiras rurais e à procura do cliente. Uma nova iniciativa chamada AMREP Africa Microfinance and Rural
Entrepreneurship Program, que tem 10 anos e é patrocinado por um consórcio tripartido de parceiros (ICCO,
Oikocredit e a Fundação Rabobank), pretende contribuir para um sector de microfinança rurais mais forte, para
estimular o empreendedorismo através de investimentos e subsídios, principalmente destinados a parcerias
com IMF e ao alargamento do acesso aos clientes.
Esta iniciativa é um bom exemplo para ilustrar a tendência que existem para colaborações para ser criada uma
equipa de especialistas para um tema específico que necessite de conhecimento especializado. Outro
exemplo seria a PANIGA (Promotion of the Participative Microfinance Group for Africa), levada a cabo pela CIDR
para apoiar 30 IMF atraves de assistência técnica e serviços financeiros em África.

1.4.4 Conclusões e Implicações para o Futuro


Tipos de organizações e Competências
Há vários tipos de organizações envolvidas em microfinança. A maioria são ONG, embora devamos sublinhar as
Instituições Financeiras, muitas vezes especializadas em Fundos de Investimento em Microfinança, e as
Universidades, que estão também representadas. As ONG e as Universidades colaboram muitas vezes em
projectos com outras organizações nacionais ou internacionais. No contexto das políticas da cooperação
nacional, as Agências de Desenvolvimento implementam grandes projectos envolvendo uma variedade de
organizações e administração local.
À medida que a microfinança se vem tornando mais corrente ao longo dos últimos dez anos, novos actores
desenvolveram competências específicas em microfinança. Surgiram os Fundos de Investimento em
Microfinança, especializados em Empresas de Consultoria e Agências de Avaliação. Estas organizações tendem
a concentrar as suas intervenções numa área específica de conhecimento e estabeleceram a sua posição no
mercado. Outros actores, como ONG e Agências de Desenvolvimento, continuam a oferecer uma série de
competências e frequentemente fornecem serviços financeiros e não financeiros ao mesmo tempo.
Recursos Humanos

63
Apenas algumas organizações, principalmente ONG ou Instituições Financeiras trabalham exclusivamente em
projectos de microfinança. Mas, com a especialização verificada neste sector, é possível que esta tendência se
altere.
Tendo em conta o volume das actividades em microfinança – projectos, publicações, organizações – é
surpreendente que a microfinança não aposte mais em recursos humanos. Nas organizações inquiridas, a
maior parte das actividades em microfinança são organizadas num ponto de foco ou em apenas alguns
funcionários. Na maioria das universidades, a investigação e o ensino em microfinança é conduzida por um ou
dois professores e vários estudantes. Podemos, assim, concluir que as organizações incorporam muitos
colaboradores externos, e/ou trabalham conjuntamente com recursos locais nos países a que se destinam.
Regiões de intervenção
A maior parte dos actores Europeus em microfinança desenvolvem a sua actividade em quase todo o mundo,
sendo que apenas alguns se focam em apenas um continente ou um único país. Todas as regiões são apoiadas
por actores Europeus em microfinança, embora se demonstre menos interesse na Oceânia, no Médio Oriente
e na região do Norte de África.
As intervenções em microfinança estão maioritariamente baseadas em relações de longo prazo com as IMF e,
deste modo, muitas organizações permanecem parceiras sob fundamentos históricos, linguagem e localização
geográfica, apesar de trabalharem também com novos parceiros
Métodos de Intervenção
Os métodos de intervenção que se encontram à disposição do sector da microfinança foram sendo
diversificados com o passar do tempo. Contudo, o apoio financeiro continua a ser um instrumento importante
não apenas para as Instituições Financeiras, mas para todos os agentes.
A maior parte do interesse neste campo é motivado por valores comerciais; as doações e subsídios são em
cada vez menor número e destinam-se ao arranque ou a actividades específicas das IMF. A importância do
apoio não financeiro, como a formação, a criação de competências e a assistência técnica, está a aumentar com
a profissionalização do sector.
Juntamente com especialistas locais, os agentes europeus de microfinança tentam dar resposta à constante
procura de serviços especializados. Como foi já referido, surgiram algumas organizações especializadas, mas
quase todos os tipos de organizações dispõem de diversos serviços financeiros para além do apoio financeiro.
Tendo em conta, uma vez mais, os escassos recursos existentes e a grande quantidade de competências e
questões inerentes, é importante que haja um vasto leque opções no que diz respeito aos métodos de
intervenção.
Áreas de Intervenção e Temas Principais
Do lado da Regulamentação e Supervisão, muitas ONG e Agências de Desenvolvimento conduziram projectos
de investigação sobre questões ligadas ao quadro jurídico.
O desenvolvimento do sector da microfinança, e o seu impacto na redução da pobreza, são, muitas vezes,
elementos de projectos a larga escala financiados via as Agências de Desenvolvimento implementadas pelas
ONG ou Centros de Investigação.
O Financiamento às IMF é, obviamente, uma área importante para as Instituições Financeiras. No entanto, as
ONG e as Agências de Desenvolvimento são também activas no financiamento, directo ou indirecto, através de
veículos de investimento especializados.
O Apoio às IMF é considerado essencial para a maioria das organizações inquiridas. Todos os tipos de
organizações fornecem serviços com vista ao crescimento e sustentabilidade das IMF. A assistência técnica e a
criação de competências estão, muitas vezes, ligadas à avaliação do desempenho social e financeira, o que
surge como o maior elemento para melhorar e reforçar o sector.
De entre as parcerias estabelecidas entre as IMF e as organizações de microfinança Europeias, apoiar Operações
de IMF é normalmente acordado num contexto de abordagem a longo prazo. As ONG e as Agências de
Desenvolvimento são muito activas nesta área, especialmente no que diz respeito ao planeamento, gestão e
formação dos recursos humanos e informação tecnológica. Por outro lado, Centros de Formação apoiam muitas
vezes – através de formação e workshops – gestão interna e operações do banco.
Muitas organizações trabalham actualmente muito próximos das IMF em desenvolvimento de produtos e
inovação. Tal como antes, o apoio a Produtos e Serviços são muitas vezes parte de um projecto de ONG ou
Agências de Desenvolvimento.
Algumas ONG especializaram-se em grupos específicos da população, e/ou num ambiente específico e
padrões de vivência, e trabalham junto das IMF para desenvolver instrumentos adaptadas a este grupo.

64
A Finança Rural é considerada como uma importante actividade, que necessita dos seus próprios métodos. As
Agências de Desenvolvimento estão particularmente envolvidas nesta área, o que é, frequentemente, parte de
uma estratégia de cooperação. O apoio da Finança Rural é conseguido através de vários métodos, desde a
investigação às intervenções de nível político.
A maioria das actividades em microfinança levadas a cabo pelos actores Europeus que desenvolvem o seu
trabalho em países em desenvolvimento são fornecidas às IMF directamente, para além de assinalarem a
importância destas instituições especializadas no fornecimento de serviços financeiros para microempresários
e para pessoas que não têm qualquer acesso a bancos formais ou serviços financeiros. O apoio da
microempresa e da PME directas não é, então, uma prioridade e apenas algumas organizações, na maioria ONG,
intervêm a este nível através de formação e financiamento. Poucas organizações lidam directamente com
temas gerais ligados ao sector da microfinança, como por exemplo, a redução da pobreza e o sector do
desenvolvimento, que são parte integrante das motivações e actividades de cada organizações indirectamente.
Aqueles que intervêm nesta área, fazem-no principalmente através de disseminação e recolha de dados.
Principais implicações no futuro
Os agentes europeus de microfinança desenvolveram e implementaram, em parceria com os praticantes de
microfinança, produtos e metodologias que visam responder às necessidades, especificidades e exigências do
sector da microfinança. As Operações e o Apoio às IMF, os Produtos e Serviços, a Formação e Criação de
Competências são áreas a aptidões fundamentais para os diversos tipos de organizações. São necessários
novos conhecimentos e abordagens, e os agentes europeus de microfinança reagem constantemente a esta
necessidade. Para isso, utilizam variadas formas de apoio ao sector. É quase impossível de traçar o perfil típico
de uma organização de microfinança na Europa. Se a intervenção é especializada, ou é parte de um conjunto
mais completo de acções, é algo que tem quase sempre a ver com a fase específica do desenvolvimento em
que se encontra uma instituição de microfinança. As organizações especializadas, como as Agências de
Notação ou os Fundos de Investimento em Microfinança, são as únicas que se centram apenas num método e
área de intervenção, mas até estas por vezes prestam outros serviços, relacionados com a sua actividade
principal. De um modo geral, pode-se concluir que estas actividades e intervenções são quase sempre parte de
uma relação de longa duração com um parceiro local, a fim de permitir um desenvolvimento sustentável e
duradouro. O panorama dos agentes europeus de microfinança ganhou uma dimensão muito maior nos
últimos anos, com a actual mistura entre sector público, sector privado e sociedade civil, numa conjugação de
esforços para combater a pobreza.

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