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Nuno Miguel Barroso Lança Cardeira 1

nuno.cardeira@gmail.com

A CARREIRA DE TREINADOR E A REGIONALIZAÇÃO


ASSOCIATIVA

“MODELOS EM DEBATE”

A abordagem ao tema, implica desde logo, uma questão prévia sobre o que se entende
por “Regionalização Associativa”, isto é, que dimensão institucional do Karate estamos
a referenciar como entidade associativa.

Em segundo plano, identificar o que é regionalizável, alvo de descentralização,


conteúdos, funções e competências a regionalizar.

Posteriormente, estabelecer qual o modelo de regionalização, como estabelecer e definir


regiões, sob que critérios.

Por fim, qual a valência actual do debate sobre regionalização, face às possbilidades que
o novo Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD) vem contemplar, na exacta
medida da qualidade de quem pode assumir o estatuto de sócio ordinário da Federação
nacional de Karate - Portugal (FNK-P), tendo em conta o modelo eleitoral e
representativo agora estabelecido.

I - CONCEITOS

Sendo claro o conceito sobre “carreira de treinador” e a sua regulamentação no seio das
federações desportivas, importa esclarecer o conceito de “regionalização” e a quais
“associações” nos estamos a referir.

Treinador de Desporto – Agente desportivo responsável pelo treino e orientação


competitiva de praticantes desportivos, ou de uma actividade física ou desportiva. A
actividade pode ser exercida como profissão exclusiva ou principal, auferindo por via
dela uma remuneração, ou ainda de forma habitual, sazonal ou ocasional,
independentemente de auferir uma remuneração. (Decreto-Lei 248-A/2008 de 31 de
Dezembro)
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Para o Regulamento de Formação de Treinadores de Karate da FNK-P:

Artigo 1º
1. A FNK-P reconhece como Treinador de Karate todo o agente que é
responsável pelo acto de treino ou ensino de Karate e que está devidamente
habilitado para o exercício dessas funções.

Carreira de Treinador – Modelo progressivo de habilitação dos conteúdos funcionais


de teinador, em acordo com a Lei, por via de curso de formação específica, regulado em
modo próprio, em cada modalidade.

No novo Regime de Acesso e Exercício da actividade de Treinador de Desporto (D.L.


248-A/2008 de 31 de Dezembro), estabelece as competências do treinador, por nível de
qualificação e obtenção da respectiva Cédula de Treinador, em determinado grau:

Artigo 7º
Graus da Cédula
1. A cédula confere competências ao seu titular, nos termos dos artigos seguintes,
do seguinte modo:
a) Grau I;
b) Grau II;
c) Grau III;
d) Grau IV;

Para o Regulamento de Formação de Treinadores de Karate da FNK-P:

Artigo 7º
1. A carreira de Treinador de Karate tem, da responsabilidade exclusiva da FNK-P, três
níveis definidos em quatro graus:
a) Treinador Monitor de Karate;
b) Treinador de Karate de Nível I;
c) Treinador de Karate de Nível II;
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d) Treinador de Karate de Nível III.

Regionalização – Processo de criação de entidades intermédias entre o poder central e a


população alvo a administrar em determinada àrea geográfica. Tais entidades/estruturas,
têm um carácter territorial ou delimitador, sobre o qual exercem jurisdicção
administrativa.

No caso do Karate, as entidades regionais seriam aglutinadoras dos clubes onde se


pratica a modalidade, por região / distrito, eleitas pelos seus representantes e destinadas
a complementar a acção federativa. A criação das entidades regionais, corresponderá no
fundamental à possibilidade de conferir, através da eleição directa pelos clubes,
legitimidade e representatividade democrática, quer a um poder regional, quer a um
poder centralizado, para o exercício de um conjunto de funções e competências de nível
regional e nacional, actualmente sem controlo directo pelos clubes locais,
nomeadamente, em sede da Assembleia Geral federativa. Nesta lógica, a regionalização
é um instrumento estrutural que favorece a democracia participativa e a defesa dos
interesses reais dos clubes e seus agentes desportivos. É conhecido o facto da
aproximação dos serviços centrais em relação às populações interessadas, e a
legitimação do poder através do voto directo, constituir um estímulo à participação, se
nesse sentido se verificar a necessária vontade política. As possibilidades de
participação são infinitamente maiores quando existem orgãos e seus titulares
directamente eleitos pelos interessados, no caso presente, entre os orgãos federativos,
orgãos distritais e os clubes em cada região/distrito.

A regionalização pode favorecer o desenvolvimento do sistema desportivo local e


mobilizar recursos financeiros regionais, por via de parcerias privadas e públicas
conducentes a maior investimento onde há maior atraso, instrumento de correcção de
assimetrias, resultando num garante institucional agora inacessivel.

Representa uma verdadeira reforma administrativa democrática, que dê coerência à


administração, descentralizando e desburocratizando o sistema desportivo.
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Associação Desportiva - Partindo do sistema desportivo e federativo existentes, do


entendimento genérico sobre o que é o livre associativismo, como consagrado
legalmente no âmbito das organizações desportivas e outras, ao particular, como
estabelecido em regimentos estatutários federativos, os quais tipificam a entidade
associativa enquanto sócio ordinário de pleno direito no seio da FNK-P, há que
reconhecer a inexistência de um paradigma modelo como solução.

Pelos estatutos federativos:

Artigo 8º
Sócios ordinários
Os sócios ordinários são as Associações, devidamente legalizadas que, tendo aceite o
presente Estatuto, sejam admitidas como tal em Assembleia Geral.

II – RAZÕES PARA REGIONALIZAR

A falta de doutrina, de uma linguagem comum, que política e juridicamente nos oriente
nas opções estruturantes sobre a regionalização institucional da modalidade, se disso se
trata, é fundamental, como ponto de partida para debater o modelo a criar.

 Estaremos a falar de “regionalização” das associações, actuais sócios ordinários


da FNK-P, conforme dignidade estatutária vigente?
 Estaremos a falar na criação de “associações regionais”, futuros sócios
ordinários da FNK-P?
 Estaremos a falar na criação de estruturas regionais da FNK-P,
descentralizadoras da administração e gestão corrente?

A primeira possibilidade não me parece credível, tendo em conta que o actual modelo
desportivo da modalidade ainda assenta no formalismo das associações nacionais de
estilo, sistema criado em meados dos anos 80, com o aparecimento das federações de
Karate - FPK e FPKDA (1986). De facto à epoca, eram essas as entidades aglutinadoras
da realidade desportiva da modalidade, do mais tradicional modelo de prática e ensino,
ao mais inovador e entusiasta movimento competitivo do Karate moderno de então.
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Com o desaparecimento da Comissão Directiva de Artes Marciais (CDAM), entidade


tutelar da actividade das artes marciais e desportos de combate, as respectivas
federações surgiram tendo por base as associações de estilo, encimadas por directores
técnicos (instrutores-chefes), que facultavam instrução e orientação técnica a vários
centros de prática (Dojos), nelas inscritos por vinculo dos seus treinadores, a eles
ligados por via da graduação em Karate. Desta forma, desde a unificação federativa em
1992 e surgimento da FNK-P, mantiveram-se as associações nacionais de estilo com o
estatuto de sócios ordinários.

Com o natural desenvolvimento do sistema desportivo, em especial o competitivo e


formativo, os treinadores desses centros de prática, têm vindo a assumir um crescente
papel, fundamental na caracterização e dinâmica do Karate actual. São eles os
verdadeiros motores da actividade federativa, com a participação directa dos clubes nas
provas oficiais, o acesso directo à formação, nos diferentes planos de actor desportivo,
mas sem efectiva capacidade representativa, política, no seio da FNK-P, em especial da
sua AG. Hoje a realidade do Karate é clubística, local e assenta o seu desenvolvimento
nas necessidades competitivas e formativas, em particular dos atletas e treinadores que
em cada Dojo, integrados num determinado clube / colectividade, desenvolvem de
forma participativa e mobilizadora a sua actividade.

Acontece que sistematicamente, por via da filtragem interna associativa dos sócios
ordinários, as suas lamentações, propostas, carencias e realidades, não são espelhadas
no seio dos órgãos federativos com capacidade deliberativa, muito menos nos foruns
representativos. Predominam no debate e na deliberação, os interesses dos Instrutores-
Chefes, que em nome da sua associação e clubes, usam tempo de antena e o direito de
voto na AG federativa. Muitos dos actuais treinadores de Karate, responsáveis pelos
centros de prática da modalidade, nunca estiveram presentes em assembleias
deliberativas onde se tomaram imperativas decisões sobre a sua actividade.

Desta forma, é muito difícil conceber um sistema, pelo qual as associações nacionais de
estilo se transformassem elas próprias em regionais, atendendo não só à concentração
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das sedes sociais nas grandes àreas metropolitanas, como em especial à perda de
protagonismo político dos seus directores técnicos.

A segunda possibilidade parece inequivocamente a mais viável face aos modelos e


possibilidades existentes, nomeadamente se falarmos em criar associações distritais.
Nos últimos anos, tem-se verificado um fenómeno de multiplicação de pequenas novas
associações, por via do desmembramento ou desvinculação de associações de estilo
maiores. Estes pólos de prática da modalidade, têm vindo a ser admitidos como sócios
ordinários da FNK-P, por formalmente preencherem os requisitos legais exigidos para a
assunção de tal qualidade. No entanto, na sua substância traduzem realidades bem
diferentes do tradicional modelo associativo nacional de estilo. Muitas destas
associações têm na sua génese uma realidade local ou mesmo regional, por via de
emancipação apoiada por sinergias de carácter geográfico, recorrendo a apoios vários
sustentadores. Algumas delas são já inclusive associações interestilos, agrupando várias
linhas de Karate. Outras, não dependentes da autoridade titular de um Instrutor-Chefe,
recorrem ao contrato de directores técnicos vários, para o desenvolvimento da sua
actividade estilistica e apoio internacional, para efeito de graduações de kyu e dan.
Outras ainda, são efectivamente apenas um Dojo, um clube com personalidade jurídica
inscrito na federação como associação, assumindo uma dinâmica totalmente diferente
da clássica associal nacional de estilo.

Temos desta forma, que para regionalizar a modalidade, há que revolucionar a figura
jurídica do sócio ordinário da FNK-P, criando legítimos representantes das regiões,
eleitos directamente e que em sede de AG federativa, representem os interesses dos
clubes que em cada região desenvolvem a prática do Karate. Afigura-se que para tal, o
modelo mais adequado poderá ser o das associações distritais, uma vez que têm
correspondência de jurisdição territorial ao modelo administrativo do Estado português.

Inúmeros foram os projectos de divisões administrativas desde 1823, a maior parte


contemplando uma estrutura de dois ou três níveis entre o poder central e os municípios.
Os actuais distritos provêm desta época, correspondendo sensivelmente ao projecto de
1835, apesar de muitas outras propostas terem sido discutidas entretanto, diferindo os
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actuais apenas na existência do distrito de Setúbal (até 1926 integrado no de Lisboa) e a


mudança da capital de Lamego para Viseu no respectivo distrito. Apesar de tidos como
"artificiais" e ineficazes, os distritos constituem a base para quase todas as propostas de
divisão administrativa do Estado e adoptado por muitas federações desportivas.

Para efeitos competitivos e formativos, as associações distritais podem estar agrupadas


em regiões de distritos, coincidentes com o actual modelo competitivo da FNK-P.

Para a terceira possibilidade, há que entender a FNK-P como entidade associativa


tutelar da modalidade, por via da utilidade pública desportiva. Trata-se de
descentralização federativa em estruturas regionais, sob modelo da administração
pública, tipo direcções regionais, de implantação geográfica diversa, em acordo com
Províncias, Regiões Competitivas ou Distritos, mas apresenta-se como o modelo de
maior ficção e de difícil concretização, tendo em conta a irracional multiplicação de
meios institucionais centrais para o efeito, nomeadamente financeiros para suporte
humano e logístico.

III – O QUE REGIONALIZAR

Há que definir em primeiro lugar, qual a natureza jurídica e competências decorrentes,


dessas entidades associativas regionalizadas, e à luz de que regime orientador,
nomeadamente;

 Regionalização da estrutura competitiva?


 Regionalização do financiamento?
 Regionalização da organização formativa e bolsas de formadores?
 Regionalização de competências administrativas?
 Regionalização das competências e conteúdos funcionais das carreiras e agentes
desportivos?

Para tal existe produção legislativa conexa a matéria de desenvolvimento desportivo e


apoio local, suficiente e enquadrante. São várias as leis que prevêm e regulam sistemas
institucionais diversos, potenciadores da sustentabilidade de entidades regionais.
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Desde logo, o Regime Juridico da Actividade Física e do Desporto (Lei 5/2007, de


16 de Janeiro), no seu Artº 5º, sobre os Princípios da Coordenação, Descentralização e
Colaboração, consagra um especial papel às autarquias locais na articulação e
compatibilização das respectivas intervenções que se repercutem, directa ou
indirectamente, no desenvolvimento da actividade física e no desporto, num quadro
descentralizado de atribuições e competências. Também pelo seu Artº 14º, sobre o
conceito de Federação Desportiva, estipula a possibilida destas englobarem associações
de âmbito territorial. Por sua vez, o Artº 46º sobre Apoios Financeiros e Fiscalidade,
reforça este papel interventivo das autarquias locais com as associações desportivas,
nomeadamente as de âmbito territorial e regula obrigações específicas destas,
designadamente quando da celebração de contratos-programa de desenvolvimento
desportivo entre as partes.

Por sua vez, o Regime Jurídico das Federações Desportivas (248-B/2008 de 31 de


Dezembro), logo no preâmbulo do articulado, no nono lugar da exposição, clarifica que
as organizações de clubes, entre os quais se consagram as associações distritais ou
regionais, que podem ter funções de organização, disciplina e promoção da modalidade
na sua área de intervenção, exerçam tais funções por delegação da federação desportiva
em que se inserem: todas estão subordinadas às orientações provindas da federação e
esta tem os meios necessários para fazer valer as suas orientações. Parece ser uma peça
jurídica fundamental para correspondencia e coordenação dos actos e da própria
vocação das entidades regionais, desenvolverem as suas actividades no seio ou em
estreita colaboração com as federações da modalidade respectiva. Pelo seu Artº 2º,
sobre o conceito de Federação Desportiva, é novamente reforçada a inclusão de
associações de carácter regional. De forma mais escrupulosa, é desenvolvido no Artº
31º, sobre associações de clubes e sociedades desportivas, em especial as associações
territoriais de clubes:
Artigo 31.º
Associações territoriais de clubes
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1 — Os clubes participantes em quadros competitivos de âmbito territorial específico


agrupam -se em associações de clubes organizadas de acordo com a área geográfica em
que decorram as respectivas competições.
2 — As associações a que se refere o presente artigo exercem, por delegação da
federação desportiva em que se inserem, as funções que lhes são atribuídas.

Ora, parece imperar aqui, por um lado, a estipulação da necessária criação de tais
entidades regionais com vista à realização das provas regionais e por outro, a necessária
delegação de poderes da entidade central, nas associações distritais.

Caberá entretanto esclarecer por quem de competência, o que se entende por “...quadros
competitivos de âmbito territorial específico...” e o quanto imperativo é a indicação
revolucionária das estruturas federativas actuais, como a da FNK-P.

Ainda o Artº 36º, nº4, sobre a representatividade na Assembleia Geral das federações,
preve a possibilidade de existirem associações distritais e regionais fazerem-se
representar directamente pela figura dos delegados, conferindo-lhes o carácter de sócio
ordinário.

Outros dispositivos juridicos concorrem complementarmente no facultar de


instrumentos e possibilidades de organização regional desportiva, dos quais destaco a
Lei das Finanças Locais (Lei 2/2007 de 15 de Janeiro), o diploma sobre Intervenção da
Administração Publica Central e Local (Lei 159/99 de 14 de Setembro), o regime de
Contratos Programa de Desenvolvimento Desportivo (DL 432/91 de 6 de Novembro),
entre outros (http://www.idesporto.pt/conteudo.aspx?id=9&idMenu=10).

Face a todos estes mecanismos jurídicos reguladores do espírito político, que consagra
real capacidade de organização regional no sistema desportivo, já a FNK-P promoveu a
regionalização de algumas estruturas internas, nomeadamente, por via da possibilidade
estatutária:

Artigo 6º
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Estruturas regionais
A fim de promover mais uma eficiente cobertura técnica e administrativa do território
nacional, a federação poderá incentivar a criação de estruturas regionais de acordo
com a dinâmica própria de cada região.

Por esta via foi viabilizado no Regulamento Geral de Provas da FNK-P, no seu Artº 5º,
a criação das Regiões Nacionais Competitivas, para efeito da organização da
competição (Norte, Centro Norte, Centro Sul, Sul, Açores e Madeira)

Também o Regulamento do Campeonato Nacional Individuais, estipula, em acordo com


a regionalização da competição federativa, que o referido campeonato nacional se
disputa por fases regionais de apuramento e que a localização territorial dos clubes
identifica o seu enquadramento regional:

Artigo 10º
Distribuição dos clubes

Na fase regional os clubes inscritos são distribuídos pelas suas regiões de acordo com
a sua posição geográfica registada.

Por outro lado, o Regulamento da Formação de Treinadores de Karate, estabelece


por via dos conteúdos funcionais atribuídos a cada grau, limitações ou capacidades de
desempenho territorial, regionalizando os desempenhos dos treinadores.

Enquanto o Treinador de Nivel I apenas pode promover localmente a prática do Karate,


ou intervir como treinador nas provas regionais (Artº 9º), já o treinador titular do Nível
II pode intervir ao nível nacional (Artº 10º).

Por fim, a única estrutura de carácter orgânico federativo, o Departamento de Selecções,


está verdadeiramente regionalizado na sua dinâmica funcional, correspondente ás
regiões nacionais competitivas. Existem treinadores regionais com funções e atributos
específicos, sujeitos a calendário e regulação sistematizada a partir da coordenação
central do Seleccionador Nacional. Certamente que a criação de associações distritais,
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agrupadas por regiões, mas detentoras do previlégio intitucional de representação da


FNK-P, mobilizariam mais recursos, financeiros e equipamentos, ao dispor da estrutura
montada para efeito do trabalho das selecções regionais.

São aspectos práticos de funcionalidade, que apesar de vocação e previsão regionalizada


no seio da federação, carecem de outras estruturas ou entidades específicas regionais,
que optimizem meios, dinâmicas e resultados.

IV – COMO REGIONALIZAR

Tendo esclarecido sobre a dimensão do que “regionalizar”, há que doutrinar sobre como
“regionalizar”. Na verdade existem vários modelos correntes, quer por analogia a outras
modalidade federadas regionalizadas, sejam de idêntica dimensão, sejam de natureza
desportiva similar (desportos de combate), quer por adequação ao modelo
administrativo do Estado. Hipóteses nucleares para que Regiões consagrar com
personalidade associativa:

 Modelo administrativo do Estado (Distritos);


 Actuais regiões competitivas na FNK-P;
 Regiões portuguesas estabelecidas pela Federação Europeia de Karate
(Províncias);
 Regiões a definir por via de estudos e dados reais sobre a implantação do
universo de praticantes no território nacional e adequação à tradição autárquica.

Associações Distritais

Provavelmente o modelo mais funcional e adequado à realidade da nossa modalidade, a


criação de associações por distrito, adequando-se ao modelo administrativo do Estado.
Por analogia à Federação Portuguesa de Judo, cujo modelo regional está implementado
distritalmente, seriam criadas na FNK-P, em cada distrito, uma associação a assumir o
estatuto de sócio ordinário da federação, em exemplo ao articulado da FPJ, Artº 7º, nº3,
pelo qual se identificam as associações como “...os organismos que a nível de distrito
ou região autónoma, agremiam clubes, sociedades com fins desportivos ou outras
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entidades igualmente admissiveis, da sua área distrital...”. Estipula ainda, que caso
num determinado distrito não exista associação, os clubes filiam-se na federação por via
da associação distrital mais próxima. Por sua vez, as associações distritais estão
agrupadas em regiões competitivas para efeito de organização de provas e trabalho de
selecções.

Parece-me coerente afirmar, ser este o modelo mais próximo e adequado à realidade do
Karate.

Sobre que prazos e a quem permitir o ónus da constituição destas entidades associativas
regionalizadas, são pontos de um complexo movimento, cuja discussão e debate podem
ser fulcrais para o futuro institucional da modalidade. No entanto, atrevo-me a sugerir,
que face às imposições do ordenamento específico, nomeadamente do RJFD, sobre
regime estatutário, representatividade e competencias delegadas das associações
regionais, caberia à FNK-P promover a criação em cada distrito, da respectiva
associação, mobilizando dede logo na sua fundação, os clubes já registados
geográficamente, dando posteriormente á sua constituição oficial, um prazo razoável
para a eleição dos respectivos órgãos sociais.
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Estas associações distritais, seriam depois agrupadas pelas actuais limitações


geográficas, nas regiões competitivas nacionais da FNK-P, para todos os efeitos já
enunciados.

Associações Regionais

Parece menos razoável a constituição de associações regionais de grande dimensão


geográfica, em acordo quer com as actuais regiões competitivas federativas, quer por
delimitação geográfica das Províncias portuguesas. Se a primeira forma não traduziria a
realidade local, distrital e suas espectativas de representatividade, a segunda forma não
corresponde a qualquer divisão administrativa do Estado com efeitos práticos
institucionais e provavelmente desadequando os sensos da modalidade, tendo em vista o
desenvolvimento desportivo equilibrado.

Apesar da correspondência com as regiões competitivas previstas para Portugal no


âmbito da Federação Europeia de Karate, a nossa realidade estrutural desportiva e
administrativa não assenta no modelo das Províncias.
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CONCLUSÃO

O debate sobre o modelo a definir, deve contemplar ainda, de forma inequívoca, as


questões da representatividade e sistema eleitoral no seio da FNK-P, sob o enquadrante
do Desporto e do Regime Jurídico das Federações Desportivas.

No meu entender, a “regionalização” é uma possibilidade essencial para a adequação da


FNK-P à realidade clubística do movimento associativo e dinâmica desportiva do
Karate, cerne da nossa actividade e ensino, seio das espectativas, preocupações e
projectos dos Treinadores, que face ao actual modelo associativo nacional, vêem
esgotadas as suas possibilidades participativas e reivindicativas de uma realidade
estruturante, a formação/competição.

No entanto, encerrando aqui a questão da regionalização, ou sendo ponto de partida para


o debate do modelo a desenvolver, caso seja essa a opção nacional, o novo RJFD vem
abrir a possibilidade revolucionária da alteração da qualidade de sócio ordinário da
FNK-P, ao estipular um novo regime eleitoral e representativo dos sócios em AG
federativa.

Sejam Associações Regionais, sejam os Clubes a representarem-se directamente junto


da federação, com a qualidade de sócios ordinários, o desafio à mudança está lançado,
tendo por base novos actores, com uma nova linguagem, que corresponda ás efectivas
necessidades e espectativas dos clubes, treinadores e praticantes de Karate.

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