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“MODELOS EM DEBATE”
A abordagem ao tema, implica desde logo, uma questão prévia sobre o que se entende
por “Regionalização Associativa”, isto é, que dimensão institucional do Karate estamos
a referenciar como entidade associativa.
Por fim, qual a valência actual do debate sobre regionalização, face às possbilidades que
o novo Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD) vem contemplar, na exacta
medida da qualidade de quem pode assumir o estatuto de sócio ordinário da Federação
nacional de Karate - Portugal (FNK-P), tendo em conta o modelo eleitoral e
representativo agora estabelecido.
I - CONCEITOS
Sendo claro o conceito sobre “carreira de treinador” e a sua regulamentação no seio das
federações desportivas, importa esclarecer o conceito de “regionalização” e a quais
“associações” nos estamos a referir.
Artigo 1º
1. A FNK-P reconhece como Treinador de Karate todo o agente que é
responsável pelo acto de treino ou ensino de Karate e que está devidamente
habilitado para o exercício dessas funções.
Artigo 7º
Graus da Cédula
1. A cédula confere competências ao seu titular, nos termos dos artigos seguintes,
do seguinte modo:
a) Grau I;
b) Grau II;
c) Grau III;
d) Grau IV;
Artigo 7º
1. A carreira de Treinador de Karate tem, da responsabilidade exclusiva da FNK-P, três
níveis definidos em quatro graus:
a) Treinador Monitor de Karate;
b) Treinador de Karate de Nível I;
c) Treinador de Karate de Nível II;
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Artigo 8º
Sócios ordinários
Os sócios ordinários são as Associações, devidamente legalizadas que, tendo aceite o
presente Estatuto, sejam admitidas como tal em Assembleia Geral.
A falta de doutrina, de uma linguagem comum, que política e juridicamente nos oriente
nas opções estruturantes sobre a regionalização institucional da modalidade, se disso se
trata, é fundamental, como ponto de partida para debater o modelo a criar.
A primeira possibilidade não me parece credível, tendo em conta que o actual modelo
desportivo da modalidade ainda assenta no formalismo das associações nacionais de
estilo, sistema criado em meados dos anos 80, com o aparecimento das federações de
Karate - FPK e FPKDA (1986). De facto à epoca, eram essas as entidades aglutinadoras
da realidade desportiva da modalidade, do mais tradicional modelo de prática e ensino,
ao mais inovador e entusiasta movimento competitivo do Karate moderno de então.
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Acontece que sistematicamente, por via da filtragem interna associativa dos sócios
ordinários, as suas lamentações, propostas, carencias e realidades, não são espelhadas
no seio dos órgãos federativos com capacidade deliberativa, muito menos nos foruns
representativos. Predominam no debate e na deliberação, os interesses dos Instrutores-
Chefes, que em nome da sua associação e clubes, usam tempo de antena e o direito de
voto na AG federativa. Muitos dos actuais treinadores de Karate, responsáveis pelos
centros de prática da modalidade, nunca estiveram presentes em assembleias
deliberativas onde se tomaram imperativas decisões sobre a sua actividade.
Desta forma, é muito difícil conceber um sistema, pelo qual as associações nacionais de
estilo se transformassem elas próprias em regionais, atendendo não só à concentração
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das sedes sociais nas grandes àreas metropolitanas, como em especial à perda de
protagonismo político dos seus directores técnicos.
Temos desta forma, que para regionalizar a modalidade, há que revolucionar a figura
jurídica do sócio ordinário da FNK-P, criando legítimos representantes das regiões,
eleitos directamente e que em sede de AG federativa, representem os interesses dos
clubes que em cada região desenvolvem a prática do Karate. Afigura-se que para tal, o
modelo mais adequado poderá ser o das associações distritais, uma vez que têm
correspondência de jurisdição territorial ao modelo administrativo do Estado português.
Ora, parece imperar aqui, por um lado, a estipulação da necessária criação de tais
entidades regionais com vista à realização das provas regionais e por outro, a necessária
delegação de poderes da entidade central, nas associações distritais.
Caberá entretanto esclarecer por quem de competência, o que se entende por “...quadros
competitivos de âmbito territorial específico...” e o quanto imperativo é a indicação
revolucionária das estruturas federativas actuais, como a da FNK-P.
Ainda o Artº 36º, nº4, sobre a representatividade na Assembleia Geral das federações,
preve a possibilidade de existirem associações distritais e regionais fazerem-se
representar directamente pela figura dos delegados, conferindo-lhes o carácter de sócio
ordinário.
Face a todos estes mecanismos jurídicos reguladores do espírito político, que consagra
real capacidade de organização regional no sistema desportivo, já a FNK-P promoveu a
regionalização de algumas estruturas internas, nomeadamente, por via da possibilidade
estatutária:
Artigo 6º
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Estruturas regionais
A fim de promover mais uma eficiente cobertura técnica e administrativa do território
nacional, a federação poderá incentivar a criação de estruturas regionais de acordo
com a dinâmica própria de cada região.
Por esta via foi viabilizado no Regulamento Geral de Provas da FNK-P, no seu Artº 5º,
a criação das Regiões Nacionais Competitivas, para efeito da organização da
competição (Norte, Centro Norte, Centro Sul, Sul, Açores e Madeira)
Artigo 10º
Distribuição dos clubes
Na fase regional os clubes inscritos são distribuídos pelas suas regiões de acordo com
a sua posição geográfica registada.
IV – COMO REGIONALIZAR
Tendo esclarecido sobre a dimensão do que “regionalizar”, há que doutrinar sobre como
“regionalizar”. Na verdade existem vários modelos correntes, quer por analogia a outras
modalidade federadas regionalizadas, sejam de idêntica dimensão, sejam de natureza
desportiva similar (desportos de combate), quer por adequação ao modelo
administrativo do Estado. Hipóteses nucleares para que Regiões consagrar com
personalidade associativa:
Associações Distritais
entidades igualmente admissiveis, da sua área distrital...”. Estipula ainda, que caso
num determinado distrito não exista associação, os clubes filiam-se na federação por via
da associação distrital mais próxima. Por sua vez, as associações distritais estão
agrupadas em regiões competitivas para efeito de organização de provas e trabalho de
selecções.
Parece-me coerente afirmar, ser este o modelo mais próximo e adequado à realidade do
Karate.
Sobre que prazos e a quem permitir o ónus da constituição destas entidades associativas
regionalizadas, são pontos de um complexo movimento, cuja discussão e debate podem
ser fulcrais para o futuro institucional da modalidade. No entanto, atrevo-me a sugerir,
que face às imposições do ordenamento específico, nomeadamente do RJFD, sobre
regime estatutário, representatividade e competencias delegadas das associações
regionais, caberia à FNK-P promover a criação em cada distrito, da respectiva
associação, mobilizando dede logo na sua fundação, os clubes já registados
geográficamente, dando posteriormente á sua constituição oficial, um prazo razoável
para a eleição dos respectivos órgãos sociais.
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Associações Regionais
CONCLUSÃO