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O Ato das Comissões Militares de 2006, ou Lei n. 3.930, ou ainda Lei dos
Detentos, institui legislação própria para tratamento de suspeitos de terrorismo
(pasmem: eles não estarão sujeitos à Constituição!), prevendo, dentre outras
inconstitucionalidades (?), tribunal militar de exceção, poderes ao tal George W. Bush
de definir quem são os “combatentes inimigos” e quais métodos de interrogatório são
aceitáveis, desde que eles não causem danos físicos "sérios" ou psicológicos
"permanentes", além de desobrigar o Inquisidor Mor de tornar públicos seus critérios.
Num mundo sofrido, marcado por tantas guerras e disputas, no qual se luta
sempre por um futuro melhor para as próximas gerações, não há como se cogitar um
posicionamento de uma Nação tão desprovido de sapiência.
Nada mais que paradoxal- é uma das formas como se pode entender a
excrescência jurídica perpetrada pela maior potência mundial.
Reitera-se que esse é apenas um aspecto, o pior deles, diga-se, que se extrai
da Lei de Tortura aprovada. Mas o simples fato da lei conceder ao Mr. Enxofre (talvez o
presidente venezuelano Hugo Chávez o chamasse assim) o poder de definir quem são os
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“combatentes inimigos” já é de fazer estremecer o mais duro dos tiranos. Cláusula mais
generalíssima do que esta nunca se viu na história do Direito e aliada à reserva mental
absoluta do tal George W. Bush na escolha dos critérios a serem escolhidos no combate
ao terrorismo leva-nos a pensar para onde vai o Direito. Expressões como estas nada
mais são que manipulações semânticas carregadas de um subjetivismo autorizador de
arbítrio desmesurado e, pior de tudo, incontrolável.
Tem-se, pois, como balanço geral, à luz de uma análise jurídica, filosófica,
sociológica, histórica, política, até pragmática, enfim, geral, como inaceitável a
legalização do último direito irrelativizável, qual seja, a não- tortura, representando tal
institucionalização verdadeiramente um atentado à consciência ética universal, com
repercussões maléficas sobre todo o mundo, e não somente dentro das fronteiras norte-
americanas.
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