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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU


“SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL”

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA:
A REGULARIZAÇÃO NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE

MÁRCIO ESTEVAM DA SILVA

Monografia apresentada ao Centro de


Estudos Ambientais do Campus de Rio
Claro, universidade Estadual Paulista,
como parte dos requisitos para obtenção
do título de Especialista em
Sustentabilidade Ambiental.

DEZEMBRO
2008
i

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU


“SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL”

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA:
A REGULARIZAÇÃO NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE

MÁRCIO ESTEVAM DA SILVA

Orientador: Prof. Dr. Roberto Braga

Monografia apresentada ao Centro de


Estudos Ambientais do Campus de Rio
Claro, universidade Estadual Paulista,
como parte dos requisitos para obtenção
do título de Especialista em
Sustentabilidade Ambiental.

DEZEMBRO
2008
574.5 Silva, Márcio Estevam da
S586r Regularização fundiária : a regularização em áreas de
preservação permanente / Márcio Estevam da Silva. - Rio
Claro: [s.n.], 2008
54 f. : il.

Trabalho de Especialização (Sustentabilidade ambiental)


– Universidade Estadual Paulista, Centro de Estudos
Ambientais
Orientador: Roberto Braga

1. Ecologia. 2. Ocupações humanas informais. 3.


Resolução CONAMA nº369/2006. 4. Estatuto da
cidade. 5. Projeto de lei nº 3.057/2000. I. Título.

Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP


Campus de Rio Claro/SP
ii

DEDICO ESTE TRABALHO

À Deus pela vida e pela oportunidade,


à minha esposa Thais pela dedicação
contínua e aos meus pais pelo apoio.
iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus acima de tudo, pois sua imensa graça tem acompanhado minha vida,
transformando circunstâncias totalmente desfavoráveis em caminhos plenamente limpos
e transparentes. Sem ele jamais teria a alegria e a satisfação de alcançar este objetivo.

Ao meu orientador prof. Dr. Roberto Braga, pelas críticas e sugestões dadas que
contribuíram para ampliar os meus conhecimentos e minha formação profissional.

À coordenadora do Curso de Especialização em Sustentabilidade Ambiental, profª. Dra.


Sâmia Maria Tauk-Tornisielo pelo apoio em todos os momentos e pela sincera
dedicação demonstrada para que esse curso cumprisse com seus objetivos.

Ao Centro de Estudos Ambientais da UNESP, pela utilização dos laboratórios e


equipamentos, aos funcionários e técnicos do Centro de Estudos Ambientais da UNESP.

Aos meus colegas da especialização: Adolfo, Crislaine, David, Éder, Fabíola, Giovanna,
Guilherme, Jeanne, Kaliana, Letícia, Marcos, Maria, Maria Paula, Mauro, Nádia,
Nathan, Raquel, Thainá, Vanessa, Wellington e Wilson, pelo companheirismo, amizade
e colaboração durante estes meses que passamos juntos.

Ao amigo e colega da época de graduação André Martins pelo incentivo e pelas críticas
construtivas que muito agregaram a esse trabalho.

E finalmente aos colegas da empresa Chemtura Indústria Química do Brasil, que, de


alguma forma me apoiaram para a realização desse trabalho, em especial aos Srs. José
Freschi, Márcio Pedro da Silva e Valdir Andrade.

Muito Obrigado!
iv

SUMÁRIO

RESUMO.........................................................................................................................vi
ABSTRACT....................................................................................................................vii
1 – Introdução....................................................................................................................1
2 - REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................3
2.1 - O Direito à Moradia..................................................................................................3
2.2 – A função Social da Propriedade................................................................................4
2.3 - Ocupações Humanas Ilegais......................................................................................5
2.4 - As Origens Históricas da Cidade Ilegal.....................................................................6
2.5 - Regularização Fundiária............................................................................................9
2.5.1 - Os Programas de Regularização Fundiária..........................................................10
2.5.2 – Regularização Fundiária e a Questão Ambiental.................................................11
2.6 – Áreas de Preservação Permanente..........................................................................12
2.7 – As Zonas Ripárias...................................................................................................13
3 - OS INSTRUMENTOS DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA..............................15
3.1 - O Estatuto da Cidade...............................................................................................15
3.2 – Código de Obras.....................................................................................................16
3.3 – Zoneamento............................................................................................................16
3.4 – Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS)...........................................................17
3.5 – O Plano de Urbanização.........................................................................................18
3.6 – Usucapião Especial de Imóvel Urbano...................................................................18
3.7 – Concessão de Direito Real de Uso (CDRU)...........................................................19
3.8 – Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia.................................................19
3.9 – Direito de Superfície...............................................................................................20
3.10 – Desapropriação Para Fins de Reforma Urbana.....................................................20
3.11 – Operações Urbanas Consorciadas.........................................................................21
3.12 – Direito de Preempção...........................................................................................21
3.13 – Transferência do Direito de Construir..................................................................22
3.14 – Inquérito Civil.......................................................................................................22
3.15 - Ação Civil Pública.................................................................................................22
3.16 – Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)...........................................................23
3.17 – Doação..................................................................................................................23
v

3.18 – Título de Compra e Venda....................................................................................24


3.19 – Cessão de Posse....................................................................................................24
3.20 – Lei de Parcelamento do Solo................................................................................24
4 – OS INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL..........................................26
4.1 – Um breve histórico.................................................................................................26
4.2 – Licenciamento Ambiental.......................................................................................28
4.3 – Lei Federal 4.771/65 – Código Florestal................................................................29
4.4 – O Zoneamento Ecológico Econômico....................................................................33
4.5 – Resolução CONAMA Nº 369 DE 28/03/2006.......................................................33
5 – A REGULARIZAÇÃO DE OCUPAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL...................36
6 – O Projeto de Lei nº 3.057 de 2000.............................................................................38
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................41
REFERÊNCIAS .............................................................................................................44
vi

RESUMO

Neste trabalho foi analisado o problema das ocupações humanas informais em Áreas de
Preservação Permanente (APP), e foram levantados os aspectos que contribuem para a
formação dessa ilegalidade, e os instrumentos jurídicos e ambientais necessários para
proceder à regularização. A metodologia baseia-se no estudo dos instrumentos jurídicos
que estão previstos no Estatuto da Cidade, na Constituição Federal de 1988 e na análise
das normas ambientais que discorrem sobre o assunto da Regularização Fundiária em
Áreas de Preservação Permanente, em especial a Resolução CONAMA nº 369 que
dispõe sobre as formas de intervenção ou de supressão da vegetação em obras de
interesse social em APP e o Projeto de Lei nº 3.057/2000 que revisa a Lei de
Parcelamento do Solo o qual possui um capítulo dedicado à Regularização Fundiária
Sustentável.

Palavras-chave: Ocupações informais; Áreas de Preservação Permanente; APP;


Resolução CONAMA nº 369; Estatuto da Cidade; Projeto de Lei nº 3.057/2000;
Regularização Fundiária Sustentável.
vii

ABSTRACT

This work has examined the problem of informal human occupations in Permanent
Preservation Areas (PPA). The aspects that contribute to the formation of the illegality,
and legal and environmental instruments necessary to the regularization were raised.
The methodology is based on the study of the various instruments provided by the City
Statute and the Federal Constitution of 1988 relating to Land Regularization and
examining the legal and environmental standards that discourse upon it, such as
CONAMA (National Council of the Environment) Resolution No. 369, which provides
on the forms of intervention or removal of vegetation in works of social interest in PPA
and Draft Law No. 3057/2000 which revises the Land Division Law and that has a
chapter dedicated to Sustainable Land Regularization.

Keywords: Informal occupations; Permanent Preservation Areas; PPA; CONAMA


Resolution No. 369; Statute of the City; Draft Law No. 3057/2000; Sustainable Land
Regularization.
1

1 – INTRODUÇÃO

O ritmo acelerado da urbanização no Brasil nas últimas décadas promoveu a

proliferação de inúmeros processos informais no desenvolvimento das cidades. O

acesso ao solo urbano é um desses processos. Para a maioria pobre da população a

aquisição de um terreno para fins de moradia só foi possível através da ilegalidade e da

informalidade, devido ao custo elevado da terra legalizada e dotada de infra-estrutura e

serviços urbanos. E essa informalidade tem gerado graves impactos negativos de

origens socioeconômicas, urbanísticas e ambientais nas cidades e nas áreas

circunvizinhas.

A falta de alternativas de habitação para os menos favorecidos tem forçado essas

pessoas a ocuparem de forma irregular as áreas públicas ou particulares, ou então

adquirem terrenos em loteamentos clandestinos sem infra-estrutura urbana, sem

transporte nem equipamentos públicos, muitas vezes em áreas de risco sujeitas às

enchentes e deslizamentos.

Essas estruturas informais de ocupação, popularmente chamadas de favelas,

cortiços, etc., não constam nos mapas e cadastros de prefeituras e são inexistentes nos

registros de propriedade dos cartórios. E esse, infelizmente, tem sido um “modelo”

comumente visto nas cidades brasileiras: onde se observa a progressiva ocupação e

consolidação desses assentamentos convivendo com o risco de impactos irreversíveis às

áreas ambientalmente sensíveis em que estão inseridas essas populações.

O objetivo deste trabalho é listar os instrumentos legais da Regularização

Fundiária necessários para reverter a ilegalidade em assentamentos urbanos ilegais, em

áreas consideradas estratégicas para proteção ambiental, especificamente as faixas de


2

terra localizadas às margens de rios e demais corpos de água, denominadas pelo Código

Florestal como Áreas de Preservação Permanente.

A elaboração desse estudo baseia-se em uma análise e compreensão dos vários

sub-temas que compõe o tema principal que é a Regularização Fundiária, utilizando

para isso uma pesquisa bibliográfica dirigida com objetivo de cobrir o maior número de

referencial teórico e conceitual necessários para elucidação do assunto.


3

2 - REVISÃO DA LITERATURA

2.1 - O Direito à Moradia

O direito à moradia está assegurado na Constituição Federal de 1988 em seu

artigo 6º e é considerado como um direito social fundamental.

E quanto à terminologia, o direito fundamental, é definido por Sarlet (2008):

[...] aplica-se para aqueles direitos da pessoa reconhecidos e


positivados na esfera do direito constitucional de determinado Estado ao
passo que a expressão “direitos humanos” guarda relação com os documentos
de direito internacional (SARLET, 2008).

Em outras palavras, o direito social fundamental é próprio de uma nação, de um

Estado soberano e o direito tido como “direito humano” se refere ao direito

internacional garantido a todos os seres humanos.

O direito à moradia foi mencionado e reconhecido pela primeira vez na

Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU em 1948, especificamente em seu

artigo XXV:

1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de


assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação,
vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis,
e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez,
velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias
fora de seu controle. (ONU, 2008. grifo nosso).

Como a alimentação, o direito à moradia faz parte das necessidades mais básicas

do ser humano. Para que o indivíduo consiga realizar seu desenvolvimento, seja pessoal,

social, moral e religioso, é fundamental possuir uma habitação. Está intimamente

relacionada à sobrevivência, pois, é praticamente impossível viver exposto aos fatores

climáticos e aos demais fenômenos naturais.


4

Desde um simples pedaço de terra, o espaço físico necessário para suprir essa

necessidade básica, passou ao longo dos séculos por várias mudanças, da caverna aos

apartamentos, o que mudou foi o padrão daquilo que é tido como aceitável para

habitação.

Dessa forma, a condição de moradia satisfatória é um pressuposto para a

dignidade da pessoa humana, que está previsto como um dos fundamentos da República

Federativa do Brasil (Constituição Federal 1988, art. 1º, inciso III). A precariedade da

habitação brasileira, no entanto, é um dos problemas dos mais graves de nossa

sociedade.

O custo para ter acesso a uma moradia é um dos mais caros do mundo. Um país

como o Brasil, que possui uma população extremamente pobre, e com os limitados e às

vezes inexistentes investimentos públicos em programas habitacionais, as habitações

populares são soluções duvidosas e às vezes até improvisadas.

Por esse motivo, os desprovidos de melhores condições financeiras, acabam por

embarcar no mercado informal da habitação, ocupando morros, margens de rios, praças,

embaixo de pontes e viadutos, etc. E o que vem em seqüência é a proliferação da

segregação espacial, aumento da miséria e da desigualdade social.

2.2 – A função Social da Propriedade

A função social foi acrescentada ao direito de propriedade, e com ela, o direito

de propriedade não é tido mais como algo ilimitado e inatingível – ele deve ser

condicionado ao bem-estar social (CONSTITUIÇÃO, 1988).

Trata-se de uma série de direitos e deveres quanto ao uso e a posse de um determinado

espaço, seja ele público ou privado, urbano ou rural. Com a função social, o direito de
5

propriedade deve ser exercido em favor dos interesses individuais do proprietário, mas,

também em benefício das demandas e dos interesses sociais.

Quanto à utilização da propriedade, essa deve ser sustentável a fim de garantir

que haja uma relação harmoniosa entre o homem e o espaço que ocupa, de forma a

evitar conflitos, unir interesses e mitigar os impactos sociais e ambientais. E o uso da

propriedade deve ser controlado pela Administração Pública e pelo Poder Judiciário

para salvaguardar bens maiores da coletividade (ameaças ou lesões à qualidade de vida).

2.3 - Ocupações Humanas Ilegais

É considerada como ilegal toda e qualquer forma de ocupação humana que

contrarie as leis e regras urbanísticas, ambientais, de propriedade e de planejamento das

cidades. Tais formas de ocupação, que antes eram predominantes das regiões

metropolitanas, se espalharam rapidamente em cidades de todos os portes nas últimas

décadas.

E esse processo se dá tanto pela maioria da população que não consegue ter

acesso à moradia de forma legalizada como também pelos grupos de maior poder

aquisitivo que contribuem para a formação da cidade irregular.

A ilegalidade consiste da alternativa de habitação que a população de baixa

renda tem optado em virtude da impossibilidade de aquisição da terra legal e pela

incapacidade do Poder Público em resolver o déficit habitacional que historicamente

assola esse país. Essas ocupações de baixa renda se caracterizam basicamente pela falta

de infra-estrutura e dos equipamentos e serviços públicos essenciais e também pela

ocupação desordenada de terrenos, sejam eles públicos ou privados e os sem utilização,

que não despertam interesse do setor imobiliário ou que são inadequados ao

parcelamento dado às restrições ambientais ou urbanísticas.


6

Entre as áreas comumente utilizadas para ocupação humana, estão às áreas sob

proteção ambiental, tais como morros, matas, mangues, beiras de rios e suas nascentes,

locais ambientalmente sensíveis que podem sofrer danos irreversíveis.

O Poder Público por muito tempo ou ignorava a problemática da ocupação

irregular ou simplesmente as erradicava. Essa postura radical, no entanto, foi aos poucos

dando lugar a tentativas melhores de intervenção que possibilitariam a permanência das

pessoas em tais ocupações.

Um grande incentivo para essa mudança de atitude foi a adoção de instrumentos

jurídicos e institucionais para a proteção ambiental, sendo estes influenciados por

movimentos internacionais. Observa-se um esforço para regularização dessas estruturas

informais de ocupação nas Áreas de Preservação Permanente, com a regulamentação da

Resolução CONAMA nº 369/06, que dispõe sobre os casos excepcionais onde são

permitidas as intervenções ou as supressões da vegetação e a adoção do termo

Regularização Fundiária Sustentável pelo Projeto de Lei nº 3.057/2000, que está em

tramitação e que revisa a Lei Federal nº 6.766/79, a Lei de Parcelamento do Solo.

2.4 - As Origens Históricas da Cidade Ilegal

Com o objetivo de ocupar e garantir o vasto território conquistado, a Coroa Real

portuguesa promoveu, sem arcar com os devidos investimentos, a concessão de grandes

tratos de terra sob a condição de utilização produtiva das mesmas. A Lei das Sesmarias,

segundo Assunção (2008), estabelecia que caso não houvesse o aproveitamento

produtivo da terra, essa seria desapropriada e entregue a quem a exigisse para o uso

adequado, com base na lei romana de repulsa à terra inculta1.

1
A lei romana de repulsa à terra inculta considerava um “crime contra a coletividade, contra o bem
comum e contra o interesse geral” quem não utilizasse a terra para fins sociais e produtivos.
7

A delimitação dessas terras, porém, era bastante rudimentar e imprecisa, a

apropriação se dava muitas das vezes pela simples posse sem o reconhecimento oficial

por parte da Coroa, essa dualidade entre a posse oficial e a ilegal formou os primeiros

núcleos urbanos na nova Colônia portuguesa.

Muitos dos assentados nessas imensas áreas, sem condições de produzir e pelos

altos impostos cobrados, acabaram por abandonar suas glebas: até esse momento não

era permitida a relação comercial sobre as terras concedidas pela Coroa.

Apenas em 1850 com a Lei das Terras atribui-se o valor de mercado às terras

produtivas e foi instituída a necessidade de regularização dessas terras concedidas. Para

isso foi criado o primeiro registro oficial brasileiro, o Registro Paroquial.

“O restante das terras2 que não estivessem sendo utilizadas deveria ser devolvido

ao Estado com o objetivo de ser vendida para custear os programas de importação de

mão de obra livre” (SECRETARIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO, 2006), uma

condicionante da Lei das Terras que foi acrescentada devido às pressões estrangeiras

para a abolição da escravidão.

A Lei das Terras garantia o direito de propriedade apenas por meio da compra e

qualquer forma diferente de aquisição era considerada ilegítima. Dessa forma, nasceu o

mercado imobiliário urbano, onde a propriedade passou a ter valor e a terra se tornou

uma mercadoria. O Código Comercial de 1850, entretanto, não previa a nova atividade

de compra e venda de terras e esta só foi regulamentada pelo Código Civil de 1916.

A Constituição Republicana de 1891, baseada no Código Civil Francês de 1804

que punha fim aos direitos reais e feudais sobre a propriedade individual, considerava a

propriedade como sendo privada e de caráter individual e pleno.

2
As terras desprovidas de comprovação de posse ou ocupação foram consideradas terras devolutas.
8

No início do século XX cresceram os movimentos migratórios da população em

direção às cidades à procura de trabalho e de melhores condições de vida e acabaram se

fixando nos arredores dos grandes centros urbanos em loteamentos sem qualquer tipo de

planejamento.

O Código Civil de 1916, no tocante às cidades, se importava basicamente com a

relação de compra e venda de imóveis e o aumento da informalidade resultante dos

loteamentos irregulares, obrigou aos juristas a esboçarem algumas restrições ao direito

de construir e sobre a desapropriação.

A primeira lei brasileira a tratar sobre o controle do uso do solo urbano surgiu

em 1937 com o Decreto-Lei 58/37 e esta trouxe várias obrigações ao parcelador, mas

não previa nenhuma punição a este caso descumprisse a lei. E como os demais

instrumentos, este também não foi suficiente para acabar com os loteamentos e

ocupações informais.

A função social da propriedade só começou a ser mencionada na Constituição

Brasileira de 1934, porém, não passou de um mero esboço sobre o tema uma vez que

não modificou os preceitos da origem civil da propriedade.

Entre as décadas de 60 e 70 o país vivenciou o ápice do crescimento urbano e

com este o aumento das ocupações informais e os graves problemas a eles associados.

Diante desse quadro preocupante, foi regulamentado o Decreto-Lei 271/67 numa

tentativa de disciplinar os parcelamentos de solo e a expansão urbana, mas como os

vários instrumentos anteriores, este também não surtiu o efeito desejado com relação às

ocupações informais.

Já a Lei Federal de Parcelamento Urbano, a lei nº 6.766 publicada em 1979, era

mais completa que sua antecessora: dava maior autonomia ao poder municipal e criava

o dispositivo de urbanização específica de interesse social. Mas, esse instrumento, que


9

está em vigor atualmente, juntamente com os planos diretores municipais e as leis de

zoneamento, também não conseguiu se relacionar com a visão da cidade real e as

ocupações informais de baixa renda.

2.5 - Regularização Fundiária

A legalização da estrutura informal de ocupação para fins de moradia é obtida

através do processo chamado de regularização fundiária. O termo “fundiário”, segundo

Ferreira (2004), é utilizado como um adjetivo relativo a terrenos e provem do latim

fundus e dá a idéia de propriedade, sendo assim, o termo “regularização fundiária” pode

ser compreendido como o processo necessário para tornar o terreno ou a terra regular,

ou seja, de uso específico para determinada finalidade.

Por muito tempo a regularização fundiária foi vista, na esfera jurídica, apenas

como a regularização da titularidade do terreno ou da área ocupada, ou seja, apenas a

questão da legitimidade da posse. A mera distribuição de títulos, no entanto, sem a

devida intervenção física na área, como a urbanização, apenas contribuiu para o avanço

da precariedade em que vivem as populações dessas habitações informais.

Dessa forma, uma definição para o termo regularização fundiária pode ser

entendida como “o conjunto de ações jurídicas, físico e sociais desenvolvidas pelo

Poder Público com o intuito de promover o direito social à moradia e de preservar a

função social da propriedade” (CAMARA DOS DEPUTADOS, 2002). E essas ações

devem ser orientadas no sentido de reverter esse processo de informalidade e de integrar

essas habitações informais ao restante da cidade legalizada.

Sobre a última definição, vale ressaltar também os três aspectos que estão

apresentados: o jurídico, que envolve todo o processo de legalização e distribuição do

título, já anteriormente citado; o físico que corresponde a melhoria da infra-estrutura,


10

dos equipamentos e serviços urbanos; e o social que compreende ao processo

participativo da comunidade e as políticas e programas sociais (educação, saúde,

cultura, geração de renda, entre outros).

2.5.1 - Os Programas de Regularização Fundiária

O problema das ocupações informais foi, ao longo dos anos, tratado de formas

diversas: da remoção forçada dos moradores das áreas ocupadas irregularmente até as

propostas de enfrentamento do problema através da inclusão e integração das

populações com essas áreas irregulares consolidadas na estrutura urbana.

A maioria dos programas de regularização fundiária possui uma natureza

essencialmente curativa (ALFONSIN, 2008), pois, foram criados para lidar com as

ocupações já estabelecidas e não possuíam a capacidade de prevenir e evitar que novas

irregularidades viessem a se instalar. Se uma abordagem mais preventiva fosse adotada,

na maioria das vezes, o ciclo vicioso da informalidade poderia ter sido quebrado.

Quanto aos objetivos desses programas de regularização fundiária, são citados os

dois primordiais:

a) a garantia da segurança da posse;

b) e a integração espacial dessas áreas com as demais áreas legalizadas da cidade.

Para elaboração de programas de regularização, o “Manual da Regularização

Fundiária” (SECRETARIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO, 2006) sugere o seguinte

roteiro:

a) A identificação das irregularidades características de cada estrutura de ocupação

informal, pois, desta forma podem ser traçadas as estratégias, ações específicas e a

administração de recursos necessários para efetuar a regularização;


11

b) Como a regularização fundiária é um assunto multidisciplinar, a equipe de trabalho

necessária para confecção dos programas deve também ser de natureza multidisciplinar;

c) A definição de critérios para a escolha da área de trabalho também é imprescindível,

no sentido de realizar o planejamento das etapas e ações no caso de grandes estruturas

de ocupação;

d) A integração entre as ações de urbanização e as ações de regularização fundiária é

outro aspecto de grande importância para a realização dos programas;

e) A participação da comunidade da área irregular é vital para a elaboração desses

planos e para o sucesso dos mesmos. A participação ativa da população através de

reuniões, reivindicações e parcerias é essencial para a continuidade do processo de

regularização.

f) E por fim as parcerias e a cooperação técnica entre todos os atores e instituições

envolvidas: Administração municipal, Câmara Municipal, Órgão Municipal

Habitacional, Órgãos Federais, Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria

Pública, Setor Privado, Organizações não Governamentais e Cartórios.

2.5.2 – Regularização Fundiária e a Questão Ambiental

Os programas de regularização fundiária, em sua maioria, se referem a

ocupações informais inseridas em áreas com algum interesse ambiental, em ocupações

humanas que geralmente se encontram em condições precárias de habitabilidade,

oferecendo riscos à saúde de seus moradores e também à qualidade do ecossistema em

que estão inseridos, com grandes possibilidades de causarem impactos irreversíveis a

esses ambientes.

Então o que se deve preservar? O direito individual à moradia dessas pessoas

que habitam nesses locais há anos ou o direito de todos ao meio ambiente


12

ecologicamente equilibrado? A resposta é: ambos. Sobre esse falso dilema, Fernandes

(2008) afirma que apesar de existir esse duelo entre os defensores da “agenda verde” do

meio ambiente com os defensores da “agenda marrom” das cidades e de que ambos são

insensíveis um para com as demandas dos outros, esses dois valores, no entanto, são

protegidos constitucionalmente e possuem a mesma base conceitual: o princípio da

função socioambiental da propriedade. E que, quando esses dois valores são

incompatíveis e um tiver que prevalecer sobre o outro, medidas compensatórias devem

ser administradas pelo Poder Público no sentido de mitigar o valor que fora afetado.

2.6 – Áreas de Preservação Permanente

As Áreas de Preservação Permanente (APP) são espaços territoriais ocupados ou

não por vegetação, localizados nas margens de represas, rios ou cursos d’água, ao redor

de lagos ou lagoas, ao redor de nascentes, nos topos de morros, em terrenos que

apresentem topografia acentuada, o detalhamento dessas áreas será abordado mais

adiante no item Código Florestal.

Essas áreas têm como objetivos a preservação dos recursos hídricos visando a

garantia da qualidade da água e sua disponibilidade; a preservação paisagística; garantir

a estabilidade geológica e prevenção de processos erosivos; a preservação da

biodiversidade; assegurar o fluxo genético de flora e fauna; a proteção do solo e

assegurar o bem estar das populações humanas.

Estão previstas algumas formas de intervenção e de supressão de vegetação em

APP, desde que sejam para realização de obras de interesse social, utilidade pública ou

obras de baixo impacto ambiental, a Resolução CONAMA nº 369/06 dispõe sobre essas

particularidades, a serem abordadas mais adiante.


13

Muitos pesquisadores, no entanto, defendem a idéia de proteção de uma área

maior que a especificada pelo Código Florestal com base nas chamadas Zonas Ripárias,

cuja descrição será mostrada no próximo item.

2.7 – As Zonas Ripárias

O termo “ripário” deriva da palavra latina ripariu, e significa banco de areia ou

de terra depositada junto à margem dos rios (FERREIRA, 2004). A zona ripária está

localizada entre o nível mais baixo da água dos rios e o mais alto, e daí até as terras

mais altas onde a vegetação pode ser influenciada pela elevação do lençol freático ou

pelas enchentes e pela capacidade do solo em reter água (ATTANASIO, 2008). A figura

1 ilustra o esquema conceitual de uma zona ripária:

Figura 1 – Esquema Conceitual de uma Zona Ripária – (LIMA, 2008).

Segundo Lima (2008), são as áreas mais dinâmicas da paisagem, no que se

referem aos termos hidrológicos, ecológicos e geomorfológicos. Quanto aos aspectos

hidrológicos relacionados à micro-bacia hidrográfica, as zonas ripárias são responsáveis


14

pela geração do escoamento direto, pelo aumento da capacidade de armazenamento de

água e pela manutenção da qualidade da mesma (através dos processos de filtragem

superficial e da retenção de nutrientes pelo sistema radicular da mata ripária). Possui,

portanto, um importante papel no controle da poluição por sedimentação, elas ainda

interceptam e removem os nutrientes oriundos de atividades agrícolas desenvolvidas

próximas dessas áreas, impedindo que estes se concentrem nos corpos d’água.

As zonas ripárias, no entanto, não são facilmente delimitadas como as Áreas de

Preservação Permanente (APP), pois, dependem das características geomorfológicas,

climáticas e vegetativas exclusivas para cada região. Por esse motivo, Lima (2008)

afirma que as faixas das APP estabelecidas no Código Florestal estão longe de ser o

ideal designado para a proteção dos corpos d’água, pois, estas não contemplam os

limites da zona ripária do ponto de vista geomorfológico, no entanto, as áreas de

preservação permanente não devem ser desmerecidas, pois, resultam de um esforço para

assegurar a mínima qualidade dos corpos d’água. A figura 2 compara as áreas de

preservação permanente (APP) com a zona ripária da micro-bacia da Onça, em Arapoti

no estado do Paraná:

Figura 2 – Comparação entre o modelo de zona ripária (em verde) e a delimitação da área de
preservação permanente imposta pelo Código Florestal (em vermelho). Fonte – (LIMA, 2008).
15

3 - OS INSTRUMENTOS DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

São vários os instrumentos (os meios legais) que podem ser utilizados para se

atingir os objetivos da regularização fundiária, e eles podem ser de natureza curativa,

quando atuam diretamente na regularização da posse ou possuírem competências mais

preventivas, agindo contra a formação ou a reincidência da ilegalidade.

A seguir estão listados os principais instrumentos mais utilizados nos processos

de regularização fundiária:

3.1 - O Estatuto da Cidade

A Lei Federal nº 10.257, conhecida como Estatuto da Cidade tramitou por 11

anos entre a Câmara e o Senado para ser aprovada em 10 de julho de 2001.

O Estatuto da Cidade regulamenta a Constituição Federal especificamente nos

artigos 182 e 183 que discorrem sobre a Política Urbana. E baseada no princípio da

função social da cidade e da propriedade, a nova lei enfraquece a velha concepção do

direito absoluto da propriedade, exclusivo e perpétuo que era herança do Direito Civil

do século passado.

O Estatuto munido de novos instrumentos chegou num momento importante,

uma vez que os artigos 182 e 183 da Magna Carta já estavam desacreditados dados à

dificuldade de se implementar as políticas públicas.

A regularização fundiária é abordada nesse instrumento no capítulo I, onde são

estabelecidas as diretrizes gerais, conforme se observa no Artigo 2º, inciso XIV:

XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por


população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de
urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação
socioeconômica da população e as normas ambientais; (LEI FEDERAL Nº
10.257, 2001, Art. 2º, inciso XIV).
16

E no Capítulo II, que dispõe sobre os instrumentos da política pública,

especificamente no Artigo 4º, inciso V, são previstos os institutos jurídicos para

implementação dessa política:

a) desapropriação;
b) servidão administrativa;
c) limitações administrativas;
d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;
e) instituição de unidades de conservação;
f) instituição de zonas especiais de interesse social;
g) concessão de direito real de uso;
h) concessão de uso especial para fins de moradia;
i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;
j) usucapião especial de imóvel urbano;
l) direito de superfície;
m) direito de preempção;
n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso;
o) transferência do direito de construir;
p) operações urbanas consorciadas;
q) regularização fundiária;
r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos
sociais menos favorecidos;
s) referendo popular e plebiscito; (LEI FEDERAL Nº 10.257, 200, Art.
4º, inciso V).

Alguns desses importantes instrumentos serão analisados a seguir.

3.2 – Código de Obras

É um instrumento que determina as regras relacionadas aos padrões construtivos

das edificações, com base em normas técnicas específicas para cada tipo de edificação.

Os Códigos de Obras municipais tem o intuito de garantir a segurança das construções,

mas, acabam se tornando um entrave burocrático nos processos de aprovação pelos

órgãos públicos devido à quantidade de normas a serem observadas e pela dificuldade

de ser cumprido à risca. E esse fator acaba por incentivar a clandestinidade das obras.

3.3 – Zoneamento

Consiste na repartição do território municipal em função da destinação da terra,

do uso do solo ou das características arquitetônicas. O zoneamento também estabelece


17

as regras de ocupação, os coeficientes, taxas, recuos e afastamentos da edificação

(MUKAI, 1988, p.246). Souza (2003, p.250) o considera como “o instrumento do

planejamento urbano por excelência”.

Quanto o objetivo do zoneamento, José Afonso da Silva afirmou que:

O zoneamento é um procedimento urbanístico cujo objetivo é fixar


os usos adequados para as diversas áreas do solo municipal ou para fixar as
diversas áreas para o exercício das funções urbanas elementares. Não é um
modo de excluir uma atividade indesejável, descarregando-a nos municípios
vizinhos. Não é meio de segregação racial ou social. Não terá por objetivo
satisfazer interesses particulares nem de determinados grupos. Não será um
sistema de realizar discriminação de qualquer tipo. Para ser legítimo, há de
ter objetivos públicos, voltados para realização de vida das populações.
(SILVA, 2000. p. 232-233.)

O zoneamento surgiu na segunda década do século XX nos Estados Unidos e

alguns países europeus, no entanto, a legislação de zoneamento americana é a primeira

que foi instituída e também a primeira a sofrer graves críticas, pois, o modelo baseado

na exclusão dos usos promovia também a exclusão de alguns grupos sociais. (SOUZA,

2003, p. 252);

Em meados da década de 80 no Brasil, com a aparição dos primeiros processos

de regularização fundiária, surgiu a proposta de um novo modelo de zoneamento

voltado para a promoção social em áreas pobres. Esse novo modelo buscava priorizar

justamente as áreas carentes de serviços urbanos e infra-estrutura. Essas áreas foram

denominadas de Zonas de Especial Interesse Social (ZEIS) ou Áreas de Especial

Interesse Social (AEIS).

3.4 – Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS)

As Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), conforme vistos no instrumento

anterior surgiram da urgência do atendimento as populações de baixa renda, com a


18

utilização de um novo modelo de zoneamento, chamado por Souza (2003, p. 262) de

“zoneamento de prioridades”.

Como está diretamente ligado à regularização fundiária, este instrumento,

também está presente no Estatuto da Cidade, como instrumentos de implementação da

política urbana conforme art. 4º, inciso V, alínea “f” da Lei Federal nº 10.257/2001.

As ZEIS são instituídas por lei municipal específica ou previstas no Plano

Diretor, os quais devem delimitar os perímetros das áreas escolhidas, que podem ser

áreas públicas ou particulares, tipicamente ocupadas por população de baixa renda.

E para que ocorram as intervenções para fins de regularização, é necessário um

Plano de Urbanização pelo município.

No país o primeiro exemplo de utilização de ZEIS aconteceu, por intermédio de

uma Lei de Uso e Ocupação do Solo de 1983 em Recife.

3.5 – O Plano de Urbanização

Como visto anteriormente, esse instrumento orienta todas as intervenções nas

ZEIS, definindo a forma de gestão, através da participação dos agentes envolvidos

(poder público, iniciativa privada, associações de moradores).

Define também os padrões de parcelamento, edificação, uso e ocupação do solo,

além das formas de financiamento, transferência e aquisição das unidades habitacionais

a serem produzidas.

3.6 – Usucapião Especial de Imóvel Urbano

É um instrumento de regularização fundiária de áreas particulares ocupadas por

populações de baixa renda para fins de moradia, desde que essa posse seja mansa e

pacífica. O morador pode adquirir a propriedade do imóvel pela posse do bem por um
19

período superior ao período mínimo especificado pela lei, se não houver ação judicial

de reintegração de posse e desde que atenda aos seguintes requisitos:

• A área urbana do imóvel até 250m²;

• Uso exclusivamente para moradia;

• O morador não deve possuir outro imóvel urbano ou rural;

• E possuir o imóvel por cinco anos ininterruptos e sem ação judicial.

A Usucapião Urbana pode ser individual ou coletivo.

3.7 – Concessão de Direito Real de Uso (CDRU)

Instituído pelo Decreto-lei nº 271 de 1967 e em alguns Estados pelas

Constituições Estaduais, Leis Orgânicas ou legislações específicas, este instrumento

permite ao Poder Público legalizar espaços públicos ou particulares utilizados para fins

residenciais.

Consiste no direito real de uso devido à relação entre o imóvel e a pessoa que o

possui e o utiliza como moradia. Ele permite o uso de ações para defender a posse

contra qualquer pessoa que viole ou prejudique o direito de possuir ou utilizar o imóvel,

desde que o mesmo esteja registrado no Cartório de Registro.

É aplicável a terrenos públicos ou particulares para fins de urbanização,

edificação ou qualquer outra utilização de interesse social. E é transferível por herança

ou por venda.

3.8 – Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia

Garantido pelo Estatuto da Cidade e pela Medida Provisória nº 2.220/01, é um

instrumento para regularizar áreas públicas onde residam moradores de baixa renda,
20

uma vez que os imóveis públicos não podem ser adquiridos pelo instrumento da

Usucapião.

A Concessão Especial é formalizada por um contrato entre o Poder Público e o

ocupante da área pública ou por uma sentença judicial, caso o morador tenha entrado

com uma ação. Deve ser realizado o registro no Cartório de Registro de Imóveis para

efetivação do Instrumento.

Observa-se a semelhança deste instrumento com o anterior, a CDRU, ambos são

utilizáveis para legalização de áreas públicas, e para essa situação, a escolha do

instrumento dependerá da decisão jurídica. Já em relação à abrangência, a CDRU é mais

abrangente, pois, além das áreas públicas, prevê também as áreas particulares.

3.9 – Direito de Superfície

Regulamentado pelo Estatuto da Cidade, este instrumento permite que o

proprietário de um imóvel urbano possa transferir para outras pessoas (chamados de

superficiários) o direito de superfície do seu terreno, sem que para isso seja realizada a

transferência da propriedade. E tudo aquilo que vier a ser construído pelo superficiário

torna-se de sua propriedade, mas o direito de superfície não lhe concede o direito ao

solo.

3.10 – Desapropriação Para Fins de Reforma Urbana

O Poder Público pode quando o imóvel não estiver cumprindo sua função social

e desrespeitando o que estiver estabelecido no Plano Diretor, realizar a aquisição de

uma propriedade privada para os casos de necessidade, de utilidade pública, ou de

interesse social. Porém, este instrumento deve ser utilizado com cautela, devido aos

graves ônus financeiros que recaem sobre o Poder Público.


21

Os proprietários deverão ser notificados caso suas propriedades estejam em

desacordo com o Plano Diretor Municipal e caso estes não atendam à determinação

legal, deverá ser aplicado o IPTU progressivo no tempo. Se em cinco anos não ocorrer a

regularização do imóvel pelos proprietários, o município poderá realizar a

desapropriação do imóvel.

3.11 – Operações Urbanas Consorciadas

De natureza urbanística este instrumento previsto no Estatuto da Cidade e

regulado por leis municipais, delimita as áreas para aplicação de operações consorciadas

e prevê o plano de operação, contudo obedecendo a alguns requisitos.

Uma operação urbana consorciada pode ser definida como um conjunto de

intervenções coordenadas pelo Poder Público e com a participação de vários atores

(iniciativa privada, proprietário, moradores) na busca por melhorias urbanísticas, sociais

e ambientais, que, norteados pelos indicadores e parâmetros urbanos levando em

consideração os impactos ambientais decorrentes dessas atividades, assim como a

regularização de construções em desacordo com a legislação em vigência.

3.12 – Direito de Preempção

Instrumento regulamentado pelo Estatuto da Cidade, que dá ao Poder Público

municipal à preferência do direito de aquisição de imóvel urbano de seu interesse no

momento de venda. O Direito de Preempção será exercido sempre que o Poder Público

Municipal necessitar de áreas para regularização fundiária, programas e projetos

habitacionais de interesse social e ainda como reserva fundiária. Também está incluída

nesse direito a preferência pela Prefeitura para a aquisição de áreas verdes, unidades de

conservação e outras áreas de proteção ambiental.


22

3.13 – Transferência do Direito de Construir

Previsto no Estatuo da Cidade este instrumento, que deve ser regulado por lei

municipal, autoriza o proprietário de imóvel urbano a exercer o direito de construir em

outro local quando esse imóvel for considerado para fins de implantação de

equipamentos urbanos, preservação dos interesses social, histórico, cultural ou

ambiental, e ainda para fins de regularização fundiária.

3.14 – Inquérito Civil

Instrumento do Ministério Público voltado à proteção dos interesses e direitos

difusos (o direito de que pertencem a todos e não podem ser apropriados por um

individuo ou pequeno grupo), e que consiste na investigação sobre as ações ou

intervenções possivelmente causadoras de impactos sobre os bens comuns e públicos.

Este instrumento possui a finalidade de colher elementos para a Ação Civil

Pública e para obter o compromisso ou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

3.15 - Ação Civil Pública

É a proposta do Ministério Público pelo município, estado ou por associações

civis e legitimada pela Lei Federal nº 7.347 de 1985, que, em processo civil visa obter

uma sentença para impor ao causador do dano ao interesse coletivo, as penalidades e as

ações obrigatórias para reverter ou mitigar o dano causado, sejam eles morais ou

patrimoniais:

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação


popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais
causados:
l - ao meio-ambiente;
23

ll - ao consumidor;
III – à ordem urbanística;
IV – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
V - por infração da ordem econômica e da economia popular;
VI - à ordem urbanística. (LEI FEDERAL Nº 7.347, 1985, Art. 1º).

3.16 – Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)

É um acordo celebrado no Inquérito Civil, que o Ministério Público pode utilizar

para impor obrigações de fazer ou de não-fazer a um infrator da ordem urbanística, por

danos potenciais ou efetivos causados contra os interesses da coletividade.

Com esse instrumento é fixado o reconhecimento de culpa do infrator, que pode

ser pessoa física ou jurídica ou ainda o próprio Poder Público, e estabelece um plano

para reparação ou prevenção dos danos e também determina as multas pelo

descumprimento das obrigações.

Geralmente esse instrumento é empregado nos casos de descumprimento das leis

urbanísticas e ambientais, onde exista a possibilidade técnica para desagravar o dano e

atingir os objetivos previstos na lei.

3.17 – Doação

A doação, prevista no Direito Civil, é um contrato pelo qual um doador, por

liberalidade, transfere gratuitamente um bem do seu patrimônio a um donatário que o

recebe. A Administração Pública pode também fazer doações de bens imóveis, se estes

não comprometerem o uso público e que haja autorização legislativa e seja justificado

por interesse público ou social, como por exemplo, para fins de regularização fundiária.
24

3.18 – Título de Compra e Venda

É um contrato firmado entre o proprietário de uma área ocupada com os

moradores que ali se estabeleceram e que estabelece a obrigação do primeiro em

transferir a propriedade para últimos, de forma individual ou coletiva.

Aos moradores fica a obrigação de pagar uma determinada quantia pela área que

irão adquirir.

3.19 – Cessão de Posse

Instrumento criado pela Lei Federal nº 9.785 de 29 de janeiro de 1999 que

acrescentou os parágrafos 3º, 4º e 5º no artigo 26 da Lei Federal nº 6.766/79 (lei de

parcelamento do solo).

Possibilita ao Poder Público e as entidades delegadas (empresas estatais e

concessionárias de serviços públicos) a ceder à posse de terrenos destinados a

loteamentos populares, nos quais tenha havido a imissão provisória na posse. Nesses

casos o Poder Público não tem a posse definitiva nem a propriedade, porque não houve

o término das ações judiciais de desapropriação, como pagamento ou depósito do valor

desapropriado, conforme § 3º, do art. 27 da Lei Federal nº 6.766/79.

3.20 – Lei de Parcelamento do Solo

A Lei Federal nº 6.766/79 é quem normaliza as várias modalidades de

parcelamento do solo: loteamento, desmembramento e remembramento:

Art. 2º - O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante


loteamento ou desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as
das legislações estaduais e municipais pertinentes.
§ 1º - Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes
destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de
logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias
existentes.
§ 2º - considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes
destinados a edificação, com aproveitamento do sistema viário existente,
25

desde que não implique na abertura de novas vias e logradouros públicos,


nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes. (LEI
FEDERAL Nº 6.766, 1979, Art. 2º).

Esse instrumento foi alterado pela Lei Federal nº 9.785/85, que adicionou os

instrumentos para a regularização fundiária, como a redução das exigências para a infra-

estrutura em loteamentos de interesse social; incluiu os mecanismos de posse provisória

da área como a cessão de posse; reduziu a porcentagem de área destinada ao comum e

habilitou agências para o financiamento habitacional.

Está em tramitação desde 2000, o projeto de lei, PL 3.057/2000, que altera

ambas as legislações sobre o parcelamento do solo, tal instrumento dedica um capítulo

inteiro para a questão da Regularização Fundiária e das ocupações em áreas de interesse

social como é o caso das APP.


26

4 – OS INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

4.1 – Um breve histórico

Os primeiros instrumentos de proteção ambiental no Brasil surgiram na década

de 1930 com a criação de importantes normas, como o primeiro Código Florestal

(Decreto Federal nº 23.793), o Código de Águas (Decreto Federal nº 24.643), a Lei de

Proteção aos Animais (Decreto Federal nº 24.645) e o instrumento que regulamentava a

atividade de pesca (Decreto-lei nº 794).

A partir desses instrumentos foram instituídas as primeiras florestas de proteção

das margens de corpos d’água e o Serviço de Proteção Florestal, também foram

previstas as primeiras restrições quanto ao uso dos recursos naturais e multas para os

poluidores.

E no final da década de 1960 surgiram as primeiras políticas nacionais voltadas a

meio ambiente: a Política Nacional de Saneamento Básico (Decreto-lei nº 248), o

Conselho Nacional de Controle da Poluição Ambiental (Decreto-lei nº 303) e nesse

período também foi realizada a edição do Código Florestal que ainda está em vigência

(Lei Federal nº 4.771/65).

E por influência da Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente em 1972,

a legislação brasileira passou a considerar a proteção ambiental de forma mais integrada

e voltada para o ambiente urbano que estava em pleno crescimento, em 1973 foi

lançado o II Plano Nacional de Desenvolvimento com diretrizes para o planejamento

ambiental.

Em 1981, ainda influenciada pela Conferência de Estocolmo, foi aprovada a

Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938), que introduziu conceitos de

grande importância para a questão ambiental, entre os quais o do poluidor-pagador, que


27

obriga ao poluidor indenizar os danos ambientais que causar independente de culpa.

Criou os Estudos e respectivos Relatórios de Impacto Ambiental (EIA/RIMA)

que posteriormente foram regulamentados pela Resolução CONAMA 01/86. E permitiu

o Ministério Público que este viesse a propor ações de responsabilidade civil por danos

ao meio ambiente e também cria o SISNAMA, o Sistema Nacional do Meio Ambiente.

E nesse período entra em vigor a Constituição Federal de 1988 que dedica todo

um capítulo para o Meio Ambiente, e eleva o tema à categoria de Princípios

Constitucionais, que são segundo Leite (2008), as “regras mestras dentro da

Constituição de cada Estado, são as estruturas básicas, os fundamentos e os alicerces

desse sistema”, sendo expresso esse princípio de forma exemplar no Caput do Artigo

225:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem


de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações. (CONSTITUIÇÃO, 1988, Art. 225, caput).

Em 1989 é criado o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis), através da Lei Federal nº 7.735/89, cujos objetivos

seriam a execução da política ambiental, fiscalização, controle e fomento do uso

racional dos recursos naturais.

Em 1997 é criada a Lei Federal nº 9.433/97, que institui a Política Nacional dos

Recursos Hídricos e o Sistema Nacional dos Recursos Hídricos, a partir dessa política, a

água é definida como um bem ambiental limitado dotado de valor econômico e sua

gestão passou a ser descentralizada.

Vale salientar também a Lei de Crimes Ambientais, Lei Federal nº 9.605/98, a

Lei que institui a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei Federal nº 9.795/99), a
28

Lei que institui o Sistema Nacional das Unidades de Conservação (Lei Federal nº 9.985

de 2000) e a Lei de Biossegurança (Lei Federal nº 11.105 de 2005).

A seguir serão listados as principais normas, leis e procedimentos em nível

federal a serem considerados nos processos de regularização fundiária.

4.2 – Licenciamento Ambiental

O Licenciamento Ambiental é um instrumento que atribui ao Poder Público, por

intermédio do órgão ambiental, a autorização quanto à localização, instalação e a

operação de empreendimentos efetiva ou potencialmente capazes de alterar as condições

do meio ambiente. O Licenciamento é obtido a partir da avaliação do Estudo de Impacto

Ambiental (EIA) do empreendimento.

O licenciamento ambiental inicialmente era aplicado apenas às indústrias, mas

após a conscientização dos impactos ambientais associados aos projetos de urbanização,

esse instrumento foi estendido também para as obras urbanas.

Na Resolução CONAMA nº 01/86, que dispõe sobre os procedimentos

necessários para elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental, o parcelamento

urbano é classificado como uma das atividades que necessitam de Licenciamento

Ambiental, mediante a elaboração e aprovação de estudo:

Art. 2º. Dependerá de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental e


respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, a serem submetidos à
aprovação do órgão estadual competente, e da SEMA em caráter supletivo, o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: [...]
XV. Projetos urbanísticos, acima de 100 ha (cem hectares) ou em áreas
consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos
órgãos municipais e estaduais competentes; [...](RESOLUÇÃO CONAMA
Nº 01, 1986).

Na Resolução nº 237/97 do CONAMA, que revisa os procedimentos e critérios

utilizados no Licenciamento Ambiental, em seu Anexo, ela reitera a obrigação de


29

Licença Ambiental para a atividade de parcelamento do solo, mediante a aprovação do

EIA, como também possibilita, em seu art. 1º, inciso III, que novos estudos ambientais

sejam aplicados:

[...] todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais


relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma
atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da
licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle
ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de
manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de
risco. (RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237, 1997).

E em seu artigo 5º estabelece que empreendimentos e atividades em florestas de

preservação permanente devem possuir Licença Estadual em conformidade com o

Código Florestal.

4.3 – Lei Federal 4.771/65 – Código Florestal

A Lei Federal nº 4.771 de 1965, chamada de Código Florestal, estabelece em seu

Artigo 1º que as florestas e as demais formas de vegetação são bens de interesse comum

a todos os brasileiros. O Código Florestal é o marco legal das Áreas de Preservação

Permanente (APP) conforme segue em seu Artigo 2º:

Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta


Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível
mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será:
de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros
de largura;
2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10
(dez) a 50 (cinquenta) metros de largura
3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50
(cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura
superior a 600 (seiscentos) metros;
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou
artificiais;
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos
d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio
mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura;
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
30

e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°,


equivalente a 100% na linha de maior declive;
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de
mangues;
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do
relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que
seja a vegetação. (CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO, 1965).

A figura 3 do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) ilustra bem esse conceito de

largura das faixas que definem as áreas de preservação permanente:

Figura 3: largura das faixas das áreas de preservação permanente. Fonte: INSTITUTO

AMBIENTAL DO PARANÁ

O Artigo 2º da Lei Federal nº 4.771/65 é regulamentado pela Resolução

CONAMA n° 303 de 20 de março de 2002, que dispõe sobre os parâmetros, definições

e limites das APP:

Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área situada:


I - em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção
horizontal, com largura mínima, de:
a) trinta metros, para o curso d`água(sic) com menos de dez metros de
31

largura;
b) cinqüenta metros, para o curso d`água com dez a cinqüenta metros de
largura;
c) cem metros, para o curso d`água com cinqüenta a duzentos metros de
largura;
d) duzentos metros, para o curso d`água com duzentos a seiscentos metros de
largura;
e) quinhentos metros, para o curso d`água com mais de seiscentos metros de
largura;
II - ao redor de nascente ou olho d`água, ainda que intermitente, com raio
mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia
hidrográfica contribuinte;
III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de:
a) trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas;
b) cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d`água
com até vinte hectares de superfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta
metros; (RESOLUÇÃO CONAMA Nº 303, 2002, Art. 3º).

Quando o Código Florestal foi criado, este não considerava como áreas de

preservação permanente as áreas inseridas dentro das regiões metropolitanas e tais áreas

somente foram incluídas em 1978, através da Lei Federal nº 6.535/78. Outra

modificação significativa ocorreu com a criação da Lei Federal nº 7.803/89 que

estendeu as exigências das APP das áreas metropolitanas para todo o território urbano, o

qual deveria fixar nos planos diretores e leis de uso do solo, os limites das áreas de

preservação permanente, conforme segue:

Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as


compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas
regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território
abrangido, obervar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de
uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo.
(LEI FEDERAL Nº 7.803, 1989).

E esse parágrafo único do Código Florestal tem gerado discussões sobre que

“limites” seriam adotados no meio urbano, uma vez que a legislação municipal deve ser

mais restritiva que a federal e dessa forma as áreas abrangidas como de preservação

permanente seriam maiores que as especificadas no Código Florestal.

Outro ponto bastante polêmico no Código Florestal foi seu Artigo 3º:

Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando


assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de
vegetação natural destinadas:
a) a atenuar a erosão das terras;
32

b) a fixar as dunas;
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades
militares;
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou
histórico;
f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;
g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;
h) a assegurar condições de bem-estar público.
§ 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente
só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando
for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade
pública ou interesse social.
§ 2º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao
regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.
(CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO, 1965, artigo 3º).

A discussão consistia na dúvida sobre quais os tipos de APP estariam sujeitas à

supressão da vegetação mencionada no Artigo 3º, isso antes da criação da Medida

Provisória nº 2.166 – 67 de 2001, que previa a supressão da vegetação nas APP para fins

de interesse social e que incluiu o Artigo 4º no Código Florestal e eliminou essa dúvida,

conforme segue:

Art. 4o A supressão de vegetação em área de preservação permanente


somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse
social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento
administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao
empreendimento proposto.
§ 1o A supressão de que trata o caput deste artigo dependerá de
autorização do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia,
quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente, ressalvado
o disposto no § 2o deste artigo.
§ 2o A supressão de vegetação em área de preservação permanente
situada em área urbana dependerá de autorização do órgão ambiental
competente, desde que o município possua conselho de meio ambiente com
caráter deliberativo e plano diretor, mediante anuência prévia do órgão
ambiental estadual competente fundamentada em parecer técnico
§ 3o O órgão ambiental competente poderá autorizar a supressão
eventual e de baixo impacto ambiental, assim definido em regulamento, da
vegetação em área de preservação permanente.
§ 4o O órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da
autorização para a supressão de vegetação em área de preservação
permanente, as medidas mitigadoras e compensatórias que deverão ser
adotadas pelo empreendedor.
§ 5o A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, ou de
dunas e mangues, de que tratam, respectivamente, as alíneas "c" e "f" do art.
2o deste Código, somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.
§ 6o Na implantação de reservatório artificial é obrigatória a
desapropriação ou aquisição, pelo empreendedor, das áreas de preservação
permanente criadas no seu entorno, cujos parâmetros e regime de uso serão
definidos por resolução do CONAMA.
33

§ 7o É permitido o acesso de pessoas e animais às áreas de preservação


permanente, para obtenção de água, desde que não exija a supressão e não
comprometa a regeneração e a manutenção a longo prazo da vegetação
nativa. (MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67, 2001).

4.4 – O Zoneamento Ecológico Econômico

O zoneamento ecológico econômico é um instrumento de diagnóstico do uso do

território que consiste na divisão territorial de acordo com a disponibilidade dos

recursos naturais, das condições socioeconômicas e de marcos jurídicos definindo as

potencialidades econômicas, fragilidades ambientais e as tendências de ocupação

urbana (HOWSTUFFWORKS, 2008).

Ele difere do zoneamento tradicional no que diz respeito a sua abrangência, pois,

não considera apenas a morfologia das cidades como também acrescenta os aspectos

ambientais a ela associados, permitindo assim, criar restrições de uso do território

visando à proteção ambiental.

4.5 – Resolução CONAMA Nº 369 de 28/03/2006

Essa resolução dispõe sobre os casos excepcionais em que é permitida a

supressão da vegetação, mediante autorização prévia do órgão ambiental, para obras de

utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental, ela trata sobre o

problema da ocupação ilegal e dedica parte de seu conteúdo a regularização fundiária,

conforme o Artigo 9º:

Art. 9º A intervenção ou supressão de vegetação em APP para a


regularização fundiária sustentável de área urbana poderá ser autorizada pelo
órgão ambiental competente, observado o disposto na Seção I desta
Resolução, além dos seguintes requisitos e condições:
I - ocupações de baixa renda predominantemente residenciais;
II - ocupações localizadas em área urbana declarada como Zona Especial de
Interesse Social-ZEIS no Plano Diretor ou outra legislação municipal;
III - ocupação inserida em área urbana que atenda aos seguintes critérios:
a) possuir no mínimo três dos seguintes itens de infra-estrutura urbana
implantada:
34

malha viária, captação de águas pluviais, esgotamento sanitário, coleta de


resíduos sólidos, rede de abastecimento de água, rede de distribuição de
energia;
b) apresentar densidade demográfica superior a cinqüenta habitantes por
hectare;
IV - localização exclusivamente nas seguintes faixas de APP: a) nas margens
de cursos de água, e entorno de lagos, lagoas e reservatórios artificiais,
conforme incisos I e III, alínea “a”, do art. 3o da Resolução CONAMA no
303, de 2002, e no inciso I do art. 3o da Resolução CONAMA no 302, de
2002, devendo ser respeitada faixas mínimas de 15 m para cursos de água de
até 50 m de largura e faixas mínimas de 50 m para os demais;
b) em topo de morro e montanhas conforme inciso V, do art. 3o, da
Resolução CONAMA no 303, de 2002, desde que respeitadas as áreas de
recarga de aqüíferos, devidamente identificadas como tal por ato do poder
público;
c) em restingas, conforme alínea “a” do IX, do art. 3o da Resolução
CONAMA nº 303, de 2002, respeitada uma faixa de 150 m a partir da linha
de preamar máxima;
V - ocupações consolidadas, até 10 de julho de 2001, conforme definido na
Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001 e Medida Provisória no 2.220, de 4 de
setembro de 2001; (RESOLUÇÃO CONAMA Nº 369, 2006, Art. 9º).

Como visto no texto acima, para atender essa resolução, a ocupação precisa ser

tipicamente residencial e de baixa renda e essas áreas deverão estar incluídas como

ZEIS e, que já estivessem consolidadas desde julho de 2001, em conformidade com o

Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/2001).

Outro fator que foi alterado com essa resolução é a da largura das faixas de

proteção nas margens dos cursos d’água (somente nesse caso), a resolução estabelece

que sejam mantidas faixas de 15 metros de afastamento mínimo para cursos d’água de

até 50 metros de largura e faixas de 50 metros para os demais cursos d’água.

E para a regularização em APP deverá ser realizado o Plano de Regularização

Sustentável, o qual deverá conter as seguintes informações:

As características urbanas e ambientais da sub-bacia na qual se insere a ocupação a ser

regularizada;

A análise das potencialidades e fragilidades ambientais da área;

Demonstração que o projeto de regularização vai introduzir melhorias nas condições

ambientais e de habitabilidade do assentamento e, medidas para preservação,


35

conservação e recuperação das APP remanescentes e daquelas não passiveis de

regularização (para garantir que estas não sejam ocupadas).


36

5 – A REGULARIZAÇÃO DE OCUPAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL

Com base no Plano de Regularização Fundiária Sustentável, Bandini (2008),

sugere a seguinte metodologia para implementá-la em Ocupações de Interesse

Social:

Para a caracterização da Área da Sub-Bacia sugere a:

Identificação de passivos e fragilidades ambientais, restrições e


potencialidades, unidades de conservação, áreas de proteção de mananciais
(águas superficiais ou subterrâneas), uso e ocupação do solo (com áreas
vazias para relocação de moradias), etc. (BANDINI, 2008).

Bandini (2008) discorre também sobre a necessidade de realizar a Avaliação

Ambiental, para isso, é necessário definir as áreas a serem consolidadas e as áreas a

serem removidas, bem como do tratamento necessário para as áreas de risco. A

importância da delimitação do sistema viário, da infra-estrutura e os serviços

urbanos, da definição das áreas verdes e dos espaços que se manterão permeáveis. E

quais serão as formas adotadas para garantir o acesso livre e gratuito às praias e

corpos d'água.

Já para a proposta de intervenção nas APP, deverão ser atendidos os mínimos

requisitos: especificar o tratamento a ser dado ao leito e margens dos corpos d’água;

identificar os setores em que a ocupação será consolidada e regularizada, e os

setores em que serão utilizados para implantação do sistema viário ou outros

equipamentos públicos;

Deverão ser estabelecidas as medidas para preservação, conservação e

recuperação das APP remanescentes e daquelas não passíveis de regularização,

garantindo assim que não sejam reocupadas;


37

E finalmente, deverá ser realizada uma análise global da proposta, a fim de

comprovar a melhoria das condições de sustentabilidade urbana da área, das

condições de habitabilidade dos seus moradores, e para definir os instrumentos de

gestão democrática e de controle e monitoramento ambiental.


38

6 – O PROJETO DE LEI Nº 3.057 DE 2000

Este instrumento, ainda em tramitação, tem como objetivo a regularização

fundiária sustentável de assentamentos informais urbanos visando à efetivação do

direito social à moradia e do direito a cidades sustentáveis.

O Projeto de Lei nº 3.057 de 2000, altera a Lei Federal nº 6.766/79, a Lei de

Parcelamento do Solo, que está em tramitação, e têm gerado inúmeras polêmicas

(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2008), pois, prevê em seu conteúdo, entre outros

pontos:

a) A introdução da nova modalidade de parcelamento do solo: os loteamentos fechados

(PL 3.057, Art. 127);

b) A flexibilização das regras para uso em APP (PL 3.057, Art. 12º - 21º);

c) O licenciamento ambiental pelo Município.

No presente trabalho será abordado apenas o item “b” dos pontos mencionados

acima.

O PL 3.057/2000 nos artigos 12º ao 21º aborda o tema das Áreas de Preservação

Permanente, e mantém a largura da faixa de proteção mínima para 15 metros, mas para

cursos d’água com largura até 2 metros. Nos demais curso d’água, superiores a 2 metros

de largura, estabelece o cumprimento do especificado na Lei Federal nº 4.771/65

(Código Florestal) e seus regulamentos. E estabelece ainda que o órgão ambiental

competente poderá estabelecer faixas de proteção maiores que as estabelecidas, em

função do plano da bacia hidrográfica.

O texto ainda evoca necessidade do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para o

licenciamento do parcelamento do solo nos casos de áreas maiores que um milhão de


39

metros quadrados ou quando o órgão ambiental considerar o empreendimento

potencialmente causador de impactos ambientais.

O projeto possui um capítulo dedicado a Regularização Fundiária Sustentável de

Áreas Urbanas e no artigo 81, estabelece algumas diretrizes complementares às

diretrizes gerais da política urbana presentes no Estatuto da Cidade:

I – ampliação do acesso a terra urbanizada pela população de baixa


renda, com prioridade para a sua permanência na área ocupada, assegurados
o nível adequado de habitabilidade e a melhoria das condições de
sustentabilidade urbanística, social e ambiental;
II – articulação com as políticas setoriais de habitação, saneamento ambiental
e mobilidade urbana, nos diferentes níveis de governo, e com as iniciativas
públicas e privadas voltadas à integração social e à geração de emprego e
renda;
III – controle e fiscalização, visando a evitar novas ocupações ilegais;
IV – participação da população interessada em todas as etapas do processo de
regularização;
V – estímulo à resolução extrajudicial de conflitos;
VI – preferência de titulação para a mulher. (PROJETO DE LEI Nº 3057,
2000, Art. 80, Parágrafo Único, Incisos I a VI).

Conforme visto no texto acima, a diretriz I estabelece que a preferência da

regularização fundiária é pela permanência da população nas áreas ocupadas.

E no artigo 82 afirma que é responsabilidade do Poder Municipal a definição das

condições e procedimentos para implementação da Regularização Fundiária

Sustentável:

Art. 82. Lei municipal deve disciplinar em relação à regularização


fundiária sustentável, no mínimo:
I – os critérios, as exigências e os procedimentos para a elaboração e a
execução dos planos de regularização fundiária;
II – os requisitos e os procedimentos para a emissão da licença urbanística e
ambiental integrada;
III – os mecanismos de controle social a serem adotados;
IV – as formas de compensação cabíveis. (PROJETO DE LEI Nº 3057, 2000,
Art. 82).

Esse novo instrumento propõe o conceito de Regularização Fundiária

Sustentável e detalha os processos de regularização de interesse social e de interesse

específico, complementa as diretrizes do Estatuto da Cidade e concede ao Poder Público


40

Municipal a autonomia para execução dos processos de regularização, através dos

Planos Diretores Municipais e das ZEIS, só nos resta aguardar a aprovação e

regulamentação desse instrumento.


41

7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se relacionar os elementos que contribuem com a formação da cidade

ilegal, de suas origens até o processo de urbanização acelerado pelo qual o país passou

nas últimas décadas.

Sobre as Áreas de Preservação Permanente (APP), é indiscutível que sua

preservação é essencial para a manutenção da qualidade dos recursos hídricos e que as

ocupações ilegais consolidadas nessas áreas estão sujeitas a problemas ambientais

diversos, como enchentes, deslizamentos de terra, erosão, entre outros, além do enorme

risco de comprometer a qualidade dos corpos d’água. Com relação à qualidade dos

corpos d’água, alguns pesquisadores têm discutido sobre a ampliação das faixas de

proteção estabelecidas pelo Código Florestal, com base nas chamadas Zonas Ripárias,

porém, se pensarmos na enorme dificuldade de regularizar as áreas já regulamentadas

como APP, esse assunto ganha dimensões gigantescas, não sendo esse o objeto de

estudo deste trabalho.

Foi visto também que a Regularização Fundiária é o processo necessário para

reverter a situação de ilegalidade em que se encontram as ocupações informais. E que,

erroneamente, por muito tempo, esse assunto foi tratado apenas em relação a

titularidade da posse do terreno, sem levar em consideração outros fatores como as

melhorias físicas, urbanísticas e sociais, fatores intimamente relacionados com a

qualidade de vida das pessoas que habitam em tais situações. De fato, a melhor forma

de realizar a regularização é através da integração de todos os aspectos envolvidos: os

aspectos jurídicos (titularidade da posse), os aspectos físicos (através das melhorias em

infra-estrutura urbana e dos serviços urbanos) e do aspecto social (o processo


42

participativo da população, programas e políticas sociais voltadas para a geração de

renda, educação, saúde, etc.).

Os instrumentos legais foram analisados em nível federal, especificamente

aqueles que atuam sobre a regularização de ocupações ilegais, como o Estatuto da

Cidade e seus instrumentos, que reconhecem o direito à moradia da população de baixa

renda e ao acesso a terra, e que contribuem para o atendimento da função social da

propriedade. Sobre o Estatuto da Cidade e seus instrumentos, é possível afirmar que

estes possuem como alvos de atuação as questões sociais, o direito da propriedade e o

equilíbrio ambiental, no entanto, com relação a esse último, ainda não está muito claro

qual o caminho para a efetiva proteção ambiental dentro do processo de regularização

fundiária.

Outro instrumento federal que trouxe um grande avanço para a questão da

Regularização Fundiária foi a Resolução CONAMA nº 369/2006, que criou a

possibilidade de intervenção ou de supressão da vegetação em APP para realização de

obras de interesse social, que no caso dos assentamentos informais já consolidados, veio

a permitir uma maior flexibilização quanto à largura das faixas de proteção. E também o

Projeto de Lei 3.057 de 2000, que apesar de ainda estar em tramitação na Câmara dos

Deputados, reserva inovações em relação à Regularização Fundiária Sustentável em

Área Urbana, também permitindo a flexibilização das larguras das faixas de proteção e

priorizando pela permanência das pessoas nos assentamentos estabelecidos.

Concluindo, para que ocorra a regularização fundiária, a articulação dos

instrumentos mencionados nesse trabalho, o emprego de esforços, investimentos e

recursos do Poder Público e das instituições, se faz necessário, bem como a participação

ativa da sociedade e da iniciativa privada, além de ações em todos os níveis de governo.


43

O problema das ocupações humanas ilegais em áreas de preservação permanente

carece de urgência, mas a regularização dessas áreas deve ser realizada de forma

planejada a fim de promover sua proteção e preservação ambiental, e esse processo

também deve contribuir para a garantia do direito à moradia com dignidade às

populações de baixa renda e sua integração com o restante da cidade legalizada.


44

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