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REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA:
A REGULARIZAÇÃO NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE
DEZEMBRO
2008
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REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA:
A REGULARIZAÇÃO NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE
DEZEMBRO
2008
574.5 Silva, Márcio Estevam da
S586r Regularização fundiária : a regularização em áreas de
preservação permanente / Márcio Estevam da Silva. - Rio
Claro: [s.n.], 2008
54 f. : il.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus acima de tudo, pois sua imensa graça tem acompanhado minha vida,
transformando circunstâncias totalmente desfavoráveis em caminhos plenamente limpos
e transparentes. Sem ele jamais teria a alegria e a satisfação de alcançar este objetivo.
Ao meu orientador prof. Dr. Roberto Braga, pelas críticas e sugestões dadas que
contribuíram para ampliar os meus conhecimentos e minha formação profissional.
Aos meus colegas da especialização: Adolfo, Crislaine, David, Éder, Fabíola, Giovanna,
Guilherme, Jeanne, Kaliana, Letícia, Marcos, Maria, Maria Paula, Mauro, Nádia,
Nathan, Raquel, Thainá, Vanessa, Wellington e Wilson, pelo companheirismo, amizade
e colaboração durante estes meses que passamos juntos.
Ao amigo e colega da época de graduação André Martins pelo incentivo e pelas críticas
construtivas que muito agregaram a esse trabalho.
Muito Obrigado!
iv
SUMÁRIO
RESUMO.........................................................................................................................vi
ABSTRACT....................................................................................................................vii
1 – Introdução....................................................................................................................1
2 - REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................3
2.1 - O Direito à Moradia..................................................................................................3
2.2 – A função Social da Propriedade................................................................................4
2.3 - Ocupações Humanas Ilegais......................................................................................5
2.4 - As Origens Históricas da Cidade Ilegal.....................................................................6
2.5 - Regularização Fundiária............................................................................................9
2.5.1 - Os Programas de Regularização Fundiária..........................................................10
2.5.2 – Regularização Fundiária e a Questão Ambiental.................................................11
2.6 – Áreas de Preservação Permanente..........................................................................12
2.7 – As Zonas Ripárias...................................................................................................13
3 - OS INSTRUMENTOS DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA..............................15
3.1 - O Estatuto da Cidade...............................................................................................15
3.2 – Código de Obras.....................................................................................................16
3.3 – Zoneamento............................................................................................................16
3.4 – Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS)...........................................................17
3.5 – O Plano de Urbanização.........................................................................................18
3.6 – Usucapião Especial de Imóvel Urbano...................................................................18
3.7 – Concessão de Direito Real de Uso (CDRU)...........................................................19
3.8 – Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia.................................................19
3.9 – Direito de Superfície...............................................................................................20
3.10 – Desapropriação Para Fins de Reforma Urbana.....................................................20
3.11 – Operações Urbanas Consorciadas.........................................................................21
3.12 – Direito de Preempção...........................................................................................21
3.13 – Transferência do Direito de Construir..................................................................22
3.14 – Inquérito Civil.......................................................................................................22
3.15 - Ação Civil Pública.................................................................................................22
3.16 – Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)...........................................................23
3.17 – Doação..................................................................................................................23
v
RESUMO
Neste trabalho foi analisado o problema das ocupações humanas informais em Áreas de
Preservação Permanente (APP), e foram levantados os aspectos que contribuem para a
formação dessa ilegalidade, e os instrumentos jurídicos e ambientais necessários para
proceder à regularização. A metodologia baseia-se no estudo dos instrumentos jurídicos
que estão previstos no Estatuto da Cidade, na Constituição Federal de 1988 e na análise
das normas ambientais que discorrem sobre o assunto da Regularização Fundiária em
Áreas de Preservação Permanente, em especial a Resolução CONAMA nº 369 que
dispõe sobre as formas de intervenção ou de supressão da vegetação em obras de
interesse social em APP e o Projeto de Lei nº 3.057/2000 que revisa a Lei de
Parcelamento do Solo o qual possui um capítulo dedicado à Regularização Fundiária
Sustentável.
ABSTRACT
This work has examined the problem of informal human occupations in Permanent
Preservation Areas (PPA). The aspects that contribute to the formation of the illegality,
and legal and environmental instruments necessary to the regularization were raised.
The methodology is based on the study of the various instruments provided by the City
Statute and the Federal Constitution of 1988 relating to Land Regularization and
examining the legal and environmental standards that discourse upon it, such as
CONAMA (National Council of the Environment) Resolution No. 369, which provides
on the forms of intervention or removal of vegetation in works of social interest in PPA
and Draft Law No. 3057/2000 which revises the Land Division Law and that has a
chapter dedicated to Sustainable Land Regularization.
1 – INTRODUÇÃO
circunvizinhas.
enchentes e deslizamentos.
cortiços, etc., não constam nos mapas e cadastros de prefeituras e são inexistentes nos
terra localizadas às margens de rios e demais corpos de água, denominadas pelo Código
para isso uma pesquisa bibliográfica dirigida com objetivo de cobrir o maior número de
2 - REVISÃO DA LITERATURA
artigo XXV:
Como a alimentação, o direito à moradia faz parte das necessidades mais básicas
do ser humano. Para que o indivíduo consiga realizar seu desenvolvimento, seja pessoal,
Desde um simples pedaço de terra, o espaço físico necessário para suprir essa
necessidade básica, passou ao longo dos séculos por várias mudanças, da caverna aos
apartamentos, o que mudou foi o padrão daquilo que é tido como aceitável para
habitação.
dignidade da pessoa humana, que está previsto como um dos fundamentos da República
Federativa do Brasil (Constituição Federal 1988, art. 1º, inciso III). A precariedade da
sociedade.
O custo para ter acesso a uma moradia é um dos mais caros do mundo. Um país
como o Brasil, que possui uma população extremamente pobre, e com os limitados e às
de propriedade não é tido mais como algo ilimitado e inatingível – ele deve ser
espaço, seja ele público ou privado, urbano ou rural. Com a função social, o direito de
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propriedade deve ser exercido em favor dos interesses individuais do proprietário, mas,
que haja uma relação harmoniosa entre o homem e o espaço que ocupa, de forma a
propriedade deve ser controlado pela Administração Pública e pelo Poder Judiciário
cidades. Tais formas de ocupação, que antes eram predominantes das regiões
décadas.
E esse processo se dá tanto pela maioria da população que não consegue ter
acesso à moradia de forma legalizada como também pelos grupos de maior poder
assola esse país. Essas ocupações de baixa renda se caracterizam basicamente pela falta
Entre as áreas comumente utilizadas para ocupação humana, estão às áreas sob
proteção ambiental, tais como morros, matas, mangues, beiras de rios e suas nascentes,
irregular ou simplesmente as erradicava. Essa postura radical, no entanto, foi aos poucos
Resolução CONAMA nº 369/06, que dispõe sobre os casos excepcionais onde são
tratos de terra sob a condição de utilização produtiva das mesmas. A Lei das Sesmarias,
produtivo da terra, essa seria desapropriada e entregue a quem a exigisse para o uso
1
A lei romana de repulsa à terra inculta considerava um “crime contra a coletividade, contra o bem
comum e contra o interesse geral” quem não utilizasse a terra para fins sociais e produtivos.
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apropriação se dava muitas das vezes pela simples posse sem o reconhecimento oficial
por parte da Coroa, essa dualidade entre a posse oficial e a ilegal formou os primeiros
Muitos dos assentados nessas imensas áreas, sem condições de produzir e pelos
altos impostos cobrados, acabaram por abandonar suas glebas: até esse momento não
Apenas em 1850 com a Lei das Terras atribui-se o valor de mercado às terras
“O restante das terras2 que não estivessem sendo utilizadas deveria ser devolvido
condicionante da Lei das Terras que foi acrescentada devido às pressões estrangeiras
A Lei das Terras garantia o direito de propriedade apenas por meio da compra e
qualquer forma diferente de aquisição era considerada ilegítima. Dessa forma, nasceu o
mercado imobiliário urbano, onde a propriedade passou a ter valor e a terra se tornou
uma mercadoria. O Código Comercial de 1850, entretanto, não previa a nova atividade
de compra e venda de terras e esta só foi regulamentada pelo Código Civil de 1916.
que punha fim aos direitos reais e feudais sobre a propriedade individual, considerava a
2
As terras desprovidas de comprovação de posse ou ocupação foram consideradas terras devolutas.
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fixando nos arredores dos grandes centros urbanos em loteamentos sem qualquer tipo de
planejamento.
A primeira lei brasileira a tratar sobre o controle do uso do solo urbano surgiu
em 1937 com o Decreto-Lei 58/37 e esta trouxe várias obrigações ao parcelador, mas
não previa nenhuma punição a este caso descumprisse a lei. E como os demais
instrumentos, este também não foi suficiente para acabar com os loteamentos e
ocupações informais.
Brasileira de 1934, porém, não passou de um mero esboço sobre o tema uma vez que
com este o aumento das ocupações informais e os graves problemas a eles associados.
vários instrumentos anteriores, este também não surtiu o efeito desejado com relação às
ocupações informais.
mais completa que sua antecessora: dava maior autonomia ao poder municipal e criava
ser compreendido como o processo necessário para tornar o terreno ou a terra regular,
Por muito tempo a regularização fundiária foi vista, na esfera jurídica, apenas
devida intervenção física na área, como a urbanização, apenas contribuiu para o avanço
Dessa forma, uma definição para o termo regularização fundiária pode ser
Sobre a última definição, vale ressaltar também os três aspectos que estão
O problema das ocupações informais foi, ao longo dos anos, tratado de formas
diversas: da remoção forçada dos moradores das áreas ocupadas irregularmente até as
essencialmente curativa (ALFONSIN, 2008), pois, foram criados para lidar com as
na maioria das vezes, o ciclo vicioso da informalidade poderia ter sido quebrado.
dois primordiais:
roteiro:
informal, pois, desta forma podem ser traçadas as estratégias, ações específicas e a
necessária para confecção dos programas deve também ser de natureza multidisciplinar;
de ocupação;
regularização.
esses ambientes.
(2008) afirma que apesar de existir esse duelo entre os defensores da “agenda verde” do
meio ambiente com os defensores da “agenda marrom” das cidades e de que ambos são
insensíveis um para com as demandas dos outros, esses dois valores, no entanto, são
ser administradas pelo Poder Público no sentido de mitigar o valor que fora afetado.
não por vegetação, localizados nas margens de represas, rios ou cursos d’água, ao redor
Essas áreas têm como objetivos a preservação dos recursos hídricos visando a
APP, desde que sejam para realização de obras de interesse social, utilidade pública ou
obras de baixo impacto ambiental, a Resolução CONAMA nº 369/06 dispõe sobre essas
maior que a especificada pelo Código Florestal com base nas chamadas Zonas Ripárias,
de terra depositada junto à margem dos rios (FERREIRA, 2004). A zona ripária está
localizada entre o nível mais baixo da água dos rios e o mais alto, e daí até as terras
mais altas onde a vegetação pode ser influenciada pela elevação do lençol freático ou
pelas enchentes e pela capacidade do solo em reter água (ATTANASIO, 2008). A figura
próximas dessas áreas, impedindo que estes se concentrem nos corpos d’água.
climáticas e vegetativas exclusivas para cada região. Por esse motivo, Lima (2008)
afirma que as faixas das APP estabelecidas no Código Florestal estão longe de ser o
ideal designado para a proteção dos corpos d’água, pois, estas não contemplam os
preservação permanente não devem ser desmerecidas, pois, resultam de um esforço para
no estado do Paraná:
Figura 2 – Comparação entre o modelo de zona ripária (em verde) e a delimitação da área de
preservação permanente imposta pelo Código Florestal (em vermelho). Fonte – (LIMA, 2008).
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São vários os instrumentos (os meios legais) que podem ser utilizados para se
de regularização fundiária:
artigos 182 e 183 que discorrem sobre a Política Urbana. E baseada no princípio da
direito absoluto da propriedade, exclusivo e perpétuo que era herança do Direito Civil
do século passado.
uma vez que os artigos 182 e 183 da Magna Carta já estavam desacreditados dados à
a) desapropriação;
b) servidão administrativa;
c) limitações administrativas;
d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;
e) instituição de unidades de conservação;
f) instituição de zonas especiais de interesse social;
g) concessão de direito real de uso;
h) concessão de uso especial para fins de moradia;
i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;
j) usucapião especial de imóvel urbano;
l) direito de superfície;
m) direito de preempção;
n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso;
o) transferência do direito de construir;
p) operações urbanas consorciadas;
q) regularização fundiária;
r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos
sociais menos favorecidos;
s) referendo popular e plebiscito; (LEI FEDERAL Nº 10.257, 200, Art.
4º, inciso V).
das edificações, com base em normas técnicas específicas para cada tipo de edificação.
de ser cumprido à risca. E esse fator acaba por incentivar a clandestinidade das obras.
3.3 – Zoneamento
que foi instituída e também a primeira a sofrer graves críticas, pois, o modelo baseado
na exclusão dos usos promovia também a exclusão de alguns grupos sociais. (SOUZA,
2003, p. 252);
voltado para a promoção social em áreas pobres. Esse novo modelo buscava priorizar
“zoneamento de prioridades”.
política urbana conforme art. 4º, inciso V, alínea “f” da Lei Federal nº 10.257/2001.
Diretor, os quais devem delimitar os perímetros das áreas escolhidas, que podem ser
a serem produzidas.
populações de baixa renda para fins de moradia, desde que essa posse seja mansa e
pacífica. O morador pode adquirir a propriedade do imóvel pela posse do bem por um
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período superior ao período mínimo especificado pela lei, se não houver ação judicial
permite ao Poder Público legalizar espaços públicos ou particulares utilizados para fins
residenciais.
Consiste no direito real de uso devido à relação entre o imóvel e a pessoa que o
possui e o utiliza como moradia. Ele permite o uso de ações para defender a posse
contra qualquer pessoa que viole ou prejudique o direito de possuir ou utilizar o imóvel,
ou por venda.
instrumento para regularizar áreas públicas onde residam moradores de baixa renda,
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uma vez que os imóveis públicos não podem ser adquiridos pelo instrumento da
Usucapião.
ocupante da área pública ou por uma sentença judicial, caso o morador tenha entrado
com uma ação. Deve ser realizado o registro no Cartório de Registro de Imóveis para
efetivação do Instrumento.
abrangente, pois, além das áreas públicas, prevê também as áreas particulares.
superficiários) o direito de superfície do seu terreno, sem que para isso seja realizada a
transferência da propriedade. E tudo aquilo que vier a ser construído pelo superficiário
torna-se de sua propriedade, mas o direito de superfície não lhe concede o direito ao
solo.
O Poder Público pode quando o imóvel não estiver cumprindo sua função social
interesse social. Porém, este instrumento deve ser utilizado com cautela, devido aos
desacordo com o Plano Diretor Municipal e caso estes não atendam à determinação
legal, deverá ser aplicado o IPTU progressivo no tempo. Se em cinco anos não ocorrer a
desapropriação do imóvel.
regulado por leis municipais, delimita as áreas para aplicação de operações consorciadas
momento de venda. O Direito de Preempção será exercido sempre que o Poder Público
habitacionais de interesse social e ainda como reserva fundiária. Também está incluída
nesse direito a preferência pela Prefeitura para a aquisição de áreas verdes, unidades de
Previsto no Estatuo da Cidade este instrumento, que deve ser regulado por lei
outro local quando esse imóvel for considerado para fins de implantação de
difusos (o direito de que pertencem a todos e não podem ser apropriados por um
civis e legitimada pela Lei Federal nº 7.347 de 1985, que, em processo civil visa obter
ações obrigatórias para reverter ou mitigar o dano causado, sejam eles morais ou
patrimoniais:
ll - ao consumidor;
III – à ordem urbanística;
IV – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
V - por infração da ordem econômica e da economia popular;
VI - à ordem urbanística. (LEI FEDERAL Nº 7.347, 1985, Art. 1º).
ser pessoa física ou jurídica ou ainda o próprio Poder Público, e estabelece um plano
3.17 – Doação
recebe. A Administração Pública pode também fazer doações de bens imóveis, se estes
não comprometerem o uso público e que haja autorização legislativa e seja justificado
por interesse público ou social, como por exemplo, para fins de regularização fundiária.
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Aos moradores fica a obrigação de pagar uma determinada quantia pela área que
irão adquirir.
parcelamento do solo).
loteamentos populares, nos quais tenha havido a imissão provisória na posse. Nesses
casos o Poder Público não tem a posse definitiva nem a propriedade, porque não houve
Esse instrumento foi alterado pela Lei Federal nº 9.785/85, que adicionou os
instrumentos para a regularização fundiária, como a redução das exigências para a infra-
previstas as primeiras restrições quanto ao uso dos recursos naturais e multas para os
poluidores.
período também foi realizada a edição do Código Florestal que ainda está em vigência
e voltada para o ambiente urbano que estava em pleno crescimento, em 1973 foi
ambiental.
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938), que introduziu conceitos de
o Ministério Público que este viesse a propor ações de responsabilidade civil por danos
E nesse período entra em vigor a Constituição Federal de 1988 que dedica todo
desse sistema”, sendo expresso esse princípio de forma exemplar no Caput do Artigo
225:
Em 1997 é criada a Lei Federal nº 9.433/97, que institui a Política Nacional dos
Recursos Hídricos e o Sistema Nacional dos Recursos Hídricos, a partir dessa política, a
água é definida como um bem ambiental limitado dotado de valor econômico e sua
Lei que institui a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei Federal nº 9.795/99), a
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Lei que institui o Sistema Nacional das Unidades de Conservação (Lei Federal nº 9.985
EIA, como também possibilita, em seu art. 1º, inciso III, que novos estudos ambientais
sejam aplicados:
Código Florestal.
Artigo 1º que as florestas e as demais formas de vegetação são bens de interesse comum
Figura 3: largura das faixas das áreas de preservação permanente. Fonte: INSTITUTO
AMBIENTAL DO PARANÁ
largura;
b) cinqüenta metros, para o curso d`água com dez a cinqüenta metros de
largura;
c) cem metros, para o curso d`água com cinqüenta a duzentos metros de
largura;
d) duzentos metros, para o curso d`água com duzentos a seiscentos metros de
largura;
e) quinhentos metros, para o curso d`água com mais de seiscentos metros de
largura;
II - ao redor de nascente ou olho d`água, ainda que intermitente, com raio
mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia
hidrográfica contribuinte;
III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de:
a) trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas;
b) cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d`água
com até vinte hectares de superfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta
metros; (RESOLUÇÃO CONAMA Nº 303, 2002, Art. 3º).
Quando o Código Florestal foi criado, este não considerava como áreas de
preservação permanente as áreas inseridas dentro das regiões metropolitanas e tais áreas
estendeu as exigências das APP das áreas metropolitanas para todo o território urbano, o
qual deveria fixar nos planos diretores e leis de uso do solo, os limites das áreas de
E esse parágrafo único do Código Florestal tem gerado discussões sobre que
“limites” seriam adotados no meio urbano, uma vez que a legislação municipal deve ser
mais restritiva que a federal e dessa forma as áreas abrangidas como de preservação
Outro ponto bastante polêmico no Código Florestal foi seu Artigo 3º:
b) a fixar as dunas;
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades
militares;
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou
histórico;
f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;
g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;
h) a assegurar condições de bem-estar público.
§ 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente
só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando
for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade
pública ou interesse social.
§ 2º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao
regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.
(CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO, 1965, artigo 3º).
Provisória nº 2.166 – 67 de 2001, que previa a supressão da vegetação nas APP para fins
de interesse social e que incluiu o Artigo 4º no Código Florestal e eliminou essa dúvida,
conforme segue:
Ele difere do zoneamento tradicional no que diz respeito a sua abrangência, pois,
não considera apenas a morfologia das cidades como também acrescenta os aspectos
utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental, ela trata sobre o
Como visto no texto acima, para atender essa resolução, a ocupação precisa ser
tipicamente residencial e de baixa renda e essas áreas deverão estar incluídas como
Outro fator que foi alterado com essa resolução é a da largura das faixas de
proteção nas margens dos cursos d’água (somente nesse caso), a resolução estabelece
que sejam mantidas faixas de 15 metros de afastamento mínimo para cursos d’água de
regularizada;
Social:
urbanos, da definição das áreas verdes e dos espaços que se manterão permeáveis. E
quais serão as formas adotadas para garantir o acesso livre e gratuito às praias e
corpos d'água.
requisitos: especificar o tratamento a ser dado ao leito e margens dos corpos d’água;
equipamentos públicos;
(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2008), pois, prevê em seu conteúdo, entre outros
pontos:
b) A flexibilização das regras para uso em APP (PL 3.057, Art. 12º - 21º);
No presente trabalho será abordado apenas o item “b” dos pontos mencionados
acima.
O PL 3.057/2000 nos artigos 12º ao 21º aborda o tema das Áreas de Preservação
Permanente, e mantém a largura da faixa de proteção mínima para 15 metros, mas para
cursos d’água com largura até 2 metros. Nos demais curso d’água, superiores a 2 metros
Sustentável:
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
ilegal, de suas origens até o processo de urbanização acelerado pelo qual o país passou
diversos, como enchentes, deslizamentos de terra, erosão, entre outros, além do enorme
risco de comprometer a qualidade dos corpos d’água. Com relação à qualidade dos
corpos d’água, alguns pesquisadores têm discutido sobre a ampliação das faixas de
proteção estabelecidas pelo Código Florestal, com base nas chamadas Zonas Ripárias,
como APP, esse assunto ganha dimensões gigantescas, não sendo esse o objeto de
erroneamente, por muito tempo, esse assunto foi tratado apenas em relação a
qualidade de vida das pessoas que habitam em tais situações. De fato, a melhor forma
equilíbrio ambiental, no entanto, com relação a esse último, ainda não está muito claro
fundiária.
obras de interesse social, que no caso dos assentamentos informais já consolidados, veio
a permitir uma maior flexibilização quanto à largura das faixas de proteção. E também o
Projeto de Lei 3.057 de 2000, que apesar de ainda estar em tramitação na Câmara dos
Área Urbana, também permitindo a flexibilização das larguras das faixas de proteção e
recursos do Poder Público e das instituições, se faz necessário, bem como a participação
carece de urgência, mas a regularização dessas áreas deve ser realizada de forma
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Ação Civil Pública. Brasília.
1985.
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SILVA, J. A. da. Direito Urbanístico Brasileiro. 3 Ed. São Paulo: Malheiros Editores,
2000. 455 p.
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