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DIFAMAÇÃO
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Sujeito passivo é também a pessoa humana, não havendo qualquer dúvida, como no
crime de calúnia, acerca de também o inimputável poder ser vítima desse crime.
Ultimamente surgem cada vez mais opiniões no sentido de que a pessoa jurídica
também pode ser sujeito passivo da difamação, sob a argumentação de que também ela
possui uma reputação, uma honra objetiva, que deve ser protegida pelo Direito Penal.
Nada obstante essas ponderações perfeitamente corretas, é de ver que os crimes contra a
honra estão contidos no Título I do Código Penal – Dos crimes contra a pessoa – que
dizem respeito, a meu ver, exclusivamente ao ser humano. Por isso que o tipo utiliza a
expressão alguém, equivalente à utilizada no tipo de homicídio, significando ser vivo
nascido de mulher. Se é verdade que a pessoa jurídica também tem honra objetiva, que
precisa ser tutelada, cabe ao legislador criar o tipo incriminador, para que possa o Direito
Penal estender-lhe a sua proteção, hoje apenas existente na esfera civil. É esse o
2 – Direito Penal II – Ney Moura Teles
16.2 TIPICIDADE
16.2.1 Conduta
Não é necessário que o fato seja ilícito, todavia deve ser daqueles que martirizam a
reputação da vítima. Dizer que determinada pessoa dá-se a práticas homossexuais com seu
motorista é, evidentemente, um fato lícito mas que ofende a honra até do homossexual que
mantém, perante o seu meio social,uma imagem de heterossexual.
O fato imputado pode, por isso, ser verdadeiro, diferentemente do que ocorre na
calúnia. Apenas quando se tratar de difamação praticada contra funcionário público em
razão de suas funções é que a imputação deve ser necessariamente falsa, por isso que,
neste caso, admite-se a exceção da verdade.
16.5 ILICITUDE
O art. 142 do Código Penal contém três causas de exclusão da ilicitude dos crimes de
difamação e de injúria. São elas: a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte
ou seu procurador; a opinião desfavorável de crítica literária, artística ou científica; e o
conceito desfavorável emitido por funcionário público.
Estabelece o inciso I do art. 142 que não constitui injúria ou difamação punível “ a
ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador”.
Aí também se faz necessária a presença do advogado como única voz dos direitos
constitucionais de seu cliente e é exatamente aí que, quase sempre, se faz necessária a
defesa mais aguerrida, que deve estar acobertada pela imunidade profissional.
Não incidirá quando o advogado utilizar expressões ofensivas que não sejam
necessárias para a defesa de seu cliente, como, por exemplo, quando numa ação judicial de
cobrança tece comentários sobre a sexualidade do réu. Ou quando, numa ação de divisão
judicial de terras, faz referências à desonestidade de um dos condôminos.
Evidente que a opinião crítica deve dirigir-se à obra e não a seu autor, porque a
permissão é para criticá-la e não à pessoa que a produziu.
Quando a difamação for lícita por constituir ofensa irrogada em juízo ou conceito
desfavorável no cumprimento de dever de ofício, aquele que lhe der publicidade cometerá
crime de difamação.
Valem, aqui, as mesmas observações feitas nos itens 15.4, 15.5 e 15.6, inclusive
quanto ao pedido de explicações e à retratação, e à suspensão condicional do processo
penal nos casos de ação penal de iniciativa pública condicionada.