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INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE
ANIMAIS EM PROPRIEDADE ALHEIA

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44.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO


CRIME

O tipo está no art. 164: “introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem
consentimento de quem de direito, desde que do fato resulte prejuízo”. A pena é detenção,
de quinze dias a seis meses, ou multa.

Protege-se o patrimônio, a propriedade ou a posse da pessoa, contra prejuízos


causados por animais introduzidos ou nela abandonados.

Sujeito ativo é qualquer pessoa, o proprietário ou responsável pela guarda do animal.

Sujeito passivo é o possuidor ou o proprietário do imóvel.

44.2 TIPICIDADE

44.2.1 Conduta e elementos do tipo

A conduta é comissiva, introduzir, ou omissiva, deixar. Introduzir é fazer ingressar, é


colocar dentro, conduzindo ou tocando o animal em direção à propriedade alheia. Deixar
significa não retirar o animal que sabe encontrar-se no imóvel de outra pessoa, por ter nela
penetrado sozinho ou tocado por outrem. É o mesmo que abandonar.

O consentimento do proprietário ou possuidor do imóvel exclui a tipicidade do fato.

Trata-se de crime material, exigida, portanto, a produção de prejuízo econômico para


a vítima, o qual deve ter decorrido da presença do animal. Esse prejuízo haverá diante do
simples consumo de pastagens, porém, penso que deve ser de relevância jurídica, não se
2 – Direito Penal II – Ney Moura Teles

podendo reconhecê-lo quando o animal permanece por pouco tempo na propriedade, sem
causar outros prejuízos de importância jurídica. Incide aqui, uma vez mais, o princípio da
insignificância, excludente da tipicidade do fato.

O prejuízo deve guardar nexo de causalidade com a presença do animal na


propriedade, isto é, ser causado pelos movimentos nela realizados pelo animal.

Deve o agente agir dolosamente, com consciência de que a propriedade é alheia, da


ausência de consentimento do proprietário ou possuidor e com vontade livre de realizar o
tipo.

É assente, na doutrina, que o dolo do agente não pode alcançar o prejuízo causado, pois
se assim tiver sido o crime será o de dano, do art. 163. Ora, se o prejuízo é elementar do
tipo, e dolo é a vontade de realizar o tipo, penso que o agente deve ter representado
também o prejuízo, e pelo menos nele consentir, para realizar o tipo do art. 164.

Prejuízo, penso, não equivale necessariamente a dano, embora todo dano signifique
um prejuízo. Há prejuízo sem dano, mas não dano sem prejuízo. Dano é a destruição,
inutilização ou deterioração da coisa. O consumo de pastagens pelo animal configura
prejuízo, mas não é dano, porque os pastos existem para ser consumidos. Assim, quando o
agente introduz ou deixa o animal no imóvel alheio para alimentá-lo, o crime é o do art.
164.

Haverá o crime de dano quando o agente introduzir ou deixar o animal na


propriedade alheia com o fim de danificar a lavoura, cercas, casas, porteiras, currais etc.,
porque aí sua intenção é a de destruir, inutilizar ou deteriorar a coisa alheia.

Não há modalidade culposa. Será, pois, atípica a conduta do que, por negligência,
introduz ou deixa animal em propriedade alheia, havendo tão-somente ilícito de natureza
civil, reparável na esfera da jurisdição civil o prejuízo ou dano causado.

44.2.2 Consumação e tentativa

Consuma-se o crime no momento em que o animal é introduzido na propriedade


alheia, podendo, nesse caso, haver tentativa, se o agente, após abrir a porteira que dá
acesso ao imóvel e estando prestes a tocar o animal para seu interior, é impedido pela ação
pronta do proprietário ou quem de direito.

Na forma omissiva, entretanto, é impossível a tentativa porquanto basta que o


Introdução ou Abandono de Animais em Propriedade Alheia - 3

agente tenha conhecimento da presença do animal na propriedade alheia para, deixando


de ir buscá-lo, consumar-se o crime. Evidentemente deve-se verificar o transcurso de um
tempo juridicamente relevante entre a ciência e a inércia para se reconhecer a consumação
do delito.

44.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa privada, exclusivamente. A competência é do juizado


especial criminal, possível a suspensão condicional do processo penal.

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