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ABUSO DE INCAPAZES
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Sujeito ativo é qualquer pessoa que realizar a conduta descrita no tipo penal.
60.2 TIPICIDADE
60.2.1 Conduta
A conduta típica é induzir o sujeito passivo a praticar ato capaz de causar prejuízo a
ele ou a outra pessoa. Induzir quer dizer fazer nascer na mente de alguém uma idéia, uma
vontade, um pensamento. Induzir à prática de um ato é conduzir o outro a realizar alguma
coisa. É convencer o outro a fazer alguma coisa. O tipo exige que o induzimento se faça
com abuso, o que significa seja feito de maneira reprovável, prevalecendo-se o agente da
situação pessoal da vítima.
2 – Direito Penal II – Ney Moura Teles
O sujeito passivo deve ser menor, alienado ou débil mental. Cuida-se do menor de
dezoito anos.
Alienado mental é o débil mental, o deficiente psíquico. São pessoas que não têm, em
virtude da doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, a plena
capacidade de entendimento ou de determinação. Assim os idiotas, os imbecis, os
oligofrênicos.
Para realizar o tipo o agente, em face do sujeito passivo menor de 18 anos, abusa de
sua necessidade, paixão ou inexperiência ou, então, do estado mental do sujeito passivo
que seja débil ou alienado mental.
O agente aproveita-se da situação psíquica da vítima para fazer nascer, na mente dela,
a vontade de praticar o ato capaz de prejudicá-la ou a outrem.
Esse ato deve ser capaz de produzir efeito jurídico em relação ao patrimônio da vítima
ou de terceira pessoa, com potencialidade para causar prejuízo, cuja ocorrência não é
indispensável para a caracterização do crime.
Atos nulos como a venda de imóvel por pessoa absolutamente incapaz, segundo a lei
civil, por não produzirem qualquer efeito, não configuram o crime, mas os atos anuláveis,
sim.
Quando o ato praticado pelo sujeito passivo resultar em vantagem a que o agente
tinha direito, o crime será o de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, CP).
Abuso de Incapazes - 3
É crime doloso. Além de estar consciente de que induz a vítima a praticar o ato
potencialmente lesivo, deve o agente conhecer o estado da vítima e o abuso que comete, e
agir com vontade livre e com o fim de obter proveito, para si ou para outrem.
O art. 106 da Lei nº 10.741/2003 definiu como crime a conduta de quem “induzir
pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de
administração de bens ou deles dispor livremente”, cominando pena de reclusão de dois a
quatro anos.
Idosa é a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. Exige o tipo que ela não
tenha discernimento de seus atos, isto é, que não tenha a plena capacidade de entender as
conseqüências de seus atos da vida civil. Embora a norma não mencione o abuso exigido
pelo tipo do art. 173 do CP, é óbvio que ele está ínsito na conduta, em face da incapacidade
de discernimento da vítima.
Essa norma não exige que o idoso seja alienado ou débil mental, bastando a idade e
a menor capacidade de discernimento.