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ENTREGA DE FILHO MENOR A


PESSOA INIDÔNEA

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24.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO


CRIME

O tipo do art. 245: “entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja
companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo”. A
pena é detenção de um a dois anos.

O bem jurídico tutelado é o direito do menor a receber proteção e educação dos


pais, livre de influências moralmente reprováveis e de perigos para sua integridade física e
psíquica.

Sujeito ativo é o pai ou a mãe, ou ambos. Sujeito passivo é a pessoa menor de 18


anos.

24.2 TIPICIDADE

No caput está a forma típica fundamental. Os §§ 1º e 2º contêm as formas


qualificadas.

24.2.1 Forma típica simples

A forma básica do delito é a entrega do menor a pessoa inidônea.

24.2.1.1 Conduta e elementos do tipo


2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

A conduta é entregar o menor a outra pessoa, colocando-o sob a autoridade e os


cuidados desta. É transferir, de fato, o poder que os pais têm sobre seus filhos menores para
outra pessoa. Esta pessoa, a quem é entregue o menor, não tem idoneidade para protegê-lo,
orientando-o no sentido de uma formação adequada do ponto de vista moral ou evitando a
ocorrência de situações de perigo material, ficando a vítima, assim, exposta a perigos de
lesões em sua integridade física ou psíquica.

Não é necessário que o menor permaneça em poder da pessoa inidônea por grande
tempo, bastando que seja o suficiente para que se possa considerá-lo em situação de
perigo.

A inidoneidade da pessoa é aferida a partir de sua conduta social, seus hábitos ou


seu modo de vida, devendo ser considerada inidônea a que se dá ao vício das bebidas
alcoólicas ou drogas, à prática de crimes ou contravenções ou à prostituição e também
aquela que, portadora de doença grave e contagiosa, pode significar, para o menor,
exposição ao perigo de dano à sua saúde. Assim, não se refere a norma exclusivamente à
idoneidade moral.

O crime é doloso. O agente deve saber que é inidônea a pessoa a quem entrega o
filho, e realizar a conduta com vontade livre de deixá-lo em mãos alheias para realizar o
tipo, havendo aí dolo direto.

A norma alcança ainda a hipótese de dolo eventual quando o agente, mesmo não
sabendo, deveria saber que a pessoa é inidônea, por ser previsível a inidoneidade do
terceiro. É dever do pai certificar-se sobre as qualidades da pessoa a quem vai confiar o
filho e não o fazendo, por desídia, estará aceitando a possibilidade de que ela não seja
idônea, incorrendo, assim, na prática criminosa. A entrega do menor será voluntária, para
ser típica.

Se o agente não sabia nem lhe era possível saber que se tratava de pessoa inidônea,
o fato será atípico, por exclusão do dolo, eis que aí terá havido erro de tipo.

24.2.1.2 Consumação e tentativa

A consumação ocorre com a efetiva entrega da vítima, ou seja, no momento em que


o menor ficar em poder da pessoa inidônea. A tentativa é possível se ele não permanece em
poder do terceiro, contra a vontade do agente.
Entrega de Filho Menor a Pessoa Inidônea - 3

24.2.2 Formas qualificadas

No § 1º está descrita a forma qualificada do crime, ocorrente quando o agente age


“para obter lucro” ou “se o menor é enviado para o exterior”. A pena é reclusão de um a
quatro anos.

Na primeira hipótese, basta a presença do elemento subjetivo, realizando-se ainda


quando o agente não receba o proveito que pretendia. Tendo agido com o fim de auferir
uma vantagem econômica, o crime será qualificado.

O art. 238 da Lei nº 8.069/90 contém a seguinte norma incriminadora: “prometer


ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou promessa de
recompensa: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos”. Esta norma é de alcance
maior, porque incide ainda quando o filho é entregue à pessoa idônea e até mesmo diante
da simples promessa de entrega.

A segunda forma qualificada é quando o menor é enviado para o exterior. A


tipicidade somente ocorrerá quando o agente tem consciência de que a vítima será
mandada para outro país, e quando isso acontecer. Se ele não sabe, não agiu com esse dolo
e se o menor não chega a ser enviado para o exterior, não se realiza o tipo qualificado.

24.2.3 Participação no envio de menor para o exterior

O § 2º do art. 245 contém a descrição da participação no envio, para o exterior, de


menor que tenha sido entregue a terceiro, punindo-a com a mesma pena da forma
qualificada anteriormente comentada, reclusão de um a quatro anos: “quem, embora
excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de
menor para o exterior, com o fito de obter lucro”.

O art. 239 da Lei nº 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente, contém


norma incriminadora que, induvidosamente, revogou o § 2º do art. 245, porquanto,
tendo regulado integralmente a mesma matéria, cominou pena mais severa. Está assim
redigido: “promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou
adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de
obter lucro. Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena – reclusão de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.”
Conforme redação dada pela Lei nº 10.764, de 12 de novembro de 2003.
4 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

De conseqüência, todo aquele, pai, mãe ou terceiro, que contribuir para a realização
de ato que se destina ao envio de menor para o exterior e com o fim de obter lucro, comete
esse crime da lei especial. Também incorrerá no tipo o agente que, mesmo sem o fim de
lucro, der causa ou contribuir para a realização de ato destinado ao envio do menor para
outro país, ainda quando não se dê a saída do Brasil, pois o tipo não a exige. Consuma-se,
portanto, com a promoção do ato ou o auxílio para sua realização. O agente deve estar
consciente de que executa ou auxilia o ato e agir com vontade livre de fazê-lo, sabendo que
descumpre as formalidades legais ou, então, para obter lucro.

24.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada. Na forma típica simples,


descrita no caput, e na forma qualificada do § 1º, bem assim no caso do art. 238 da Lei nº
8.069/90, é possível a suspensão condicional do processo penal.

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