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O tipo do art. 245: “entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja
companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo”. A
pena é detenção de um a dois anos.
24.2 TIPICIDADE
Não é necessário que o menor permaneça em poder da pessoa inidônea por grande
tempo, bastando que seja o suficiente para que se possa considerá-lo em situação de
perigo.
O crime é doloso. O agente deve saber que é inidônea a pessoa a quem entrega o
filho, e realizar a conduta com vontade livre de deixá-lo em mãos alheias para realizar o
tipo, havendo aí dolo direto.
A norma alcança ainda a hipótese de dolo eventual quando o agente, mesmo não
sabendo, deveria saber que a pessoa é inidônea, por ser previsível a inidoneidade do
terceiro. É dever do pai certificar-se sobre as qualidades da pessoa a quem vai confiar o
filho e não o fazendo, por desídia, estará aceitando a possibilidade de que ela não seja
idônea, incorrendo, assim, na prática criminosa. A entrega do menor será voluntária, para
ser típica.
Se o agente não sabia nem lhe era possível saber que se tratava de pessoa inidônea,
o fato será atípico, por exclusão do dolo, eis que aí terá havido erro de tipo.
De conseqüência, todo aquele, pai, mãe ou terceiro, que contribuir para a realização
de ato que se destina ao envio de menor para o exterior e com o fim de obter lucro, comete
esse crime da lei especial. Também incorrerá no tipo o agente que, mesmo sem o fim de
lucro, der causa ou contribuir para a realização de ato destinado ao envio do menor para
outro país, ainda quando não se dê a saída do Brasil, pois o tipo não a exige. Consuma-se,
portanto, com a promoção do ato ou o auxílio para sua realização. O agente deve estar
consciente de que executa ou auxilia o ato e agir com vontade livre de fazê-lo, sabendo que
descumpre as formalidades legais ou, então, para obter lucro.