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ABANDONO DE FUNÇÃO

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99.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO


CRIME

O art. 323 do Código Penal contém o seguinte tipo: “abandonar cargo público, fora
dos casos permitidos em lei”. A pena é detenção, de 15 dias a um mês, ou multa.

A proteção dirige-se para a regularidade e o normal funcionamento da


Administração Pública.

Sujeito ativo é o funcionário público. Sujeito passivo o Estado.

99.2 TIPICIDADE

No caput do art. 323 está o tipo fundamental. Nos §§ 1º e 2º estão definidas duas
formas qualificadas.

99.2.1 Conduta e elementos do tipo

A conduta incriminada é abandonar cargo público. Abandonar significa, no tipo,


afastar-se do cargo, deixando de exercê-lo de forma definitiva. Embora o nomen iuris do
delito seja “abandono de função”, o tipo refere-se apenas ao cargo, criado por lei, com
denominação própria e vencimento pago pelos cargos públicos, para provimento em
caráter efetivo ou em comissão.

Assim, só o titular de cargo público pode abandoná-lo. Não se aplica, a esse crime,
a norma de equiparação do art. 327, que alcança pessoas que ocupam funções e
empregos públicos ou em entidades equiparadas e em empresas privadas conveniadas ou
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

contratadas para exercer atividade típica da Administração Pública.

O abandono deve ser definitivo, não se realizando o tipo se há simples


afastamento temporário, exigindo a norma o transcurso de tempo juridicamente
relevante.

Há um elemento normativo: “fora dos casos permitidos em lei”. Quer dizer, na


verdade, sem justa causa, porquanto não há norma legal expressa permitindo o abandono
de cargo público. De conseqüência, se o funcionário abandona o cargo por estar em estado
de necessidade ou por um motivo de força maior, não incidirá na proibição penal.

Deve atuar com dolo, com consciência de que abandona o cargo, deixando-o
acéfalo, sabendo que faz injustificadamente, e realizar a conduta com vontade livre, sem
qualquer outro fim.

99.2.2 Consumação e tentativa

A consumação ocorre quando o funcionário tenha se afastado do exercício do cargo


por um tempo juridicamente relevante, de modo a se ter como efetivado o abandono, numa
situação em que ocorre pelo menos risco de ocorrência de algum prejuízo relevante para a
Administração Pública.

A tentativa é, portanto, impossível.

99.2.3 Formas qualificadas

O § 1º impõe pena de detenção de três meses a um ano “se do fato resulta prejuízo
público”. Esta é uma forma qualificada pelo resultado que deve ser, necessariamente, um
prejuízo de qualquer natureza para os serviços públicos. O prejuízo deve resultar do fato do
abandono, ou seja, ser conseqüência do afastamento definitivo do cargo pelo agente.

No § 2º a qualificadora diz respeito ao abandono de cargo público realizado em


lugar compreendido na faixa de fronteira. Faixa de fronteira é a área situada a cento e
cinqüenta quilômetros de largura ao longo das fronteiras nacionais, conforme definição da
Lei nº 6.634/79. A pena é detenção, de um a três anos, e multa.

99.2.4 Aumento de pena

Se o agente ocupa um cargo em comissão ou exerce função de direção ou


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assessoramento de órgão da administração direta ou de autarquia, a pena será aumentada


de um terço (art. 327, § 2º).

99.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada. A competência, para as formas


típicas do caput e do § 1º, é do juizado especial criminal. A suspensão condicional do
processo penal é possível em todas as modalidades típicas.

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