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CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÃO DE
CRÉDITO

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140.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS


DO CRIME

O tipo do art. 359-A é o seguinte: “ordenar, autorizar ou realizar operação de


crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa”. A pena é reclusão de um
a dois anos.

O bem jurídico protegido é a Administração Pública.

Sujeito ativo é o funcionário público que tem competência para ordenar, autorizar ou
realizar operação de crédito em nome do ente público, federal, estadual, municipal,
empresa pública e autarquia. O Presidente da República, Governador de Estado, Prefeito
Municipal, Ministro de Estado, Secretário de Estado ou de Município, Chefe de Poder,
Judiciário e Legislativo, do Ministério Público, da União e dos Estados, Presidente de
Tribunal de Contas, de empresa pública, de autarquia, enfim, todo aquele agente público
que tenha o poder de ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito.

Sujeito passivo é o Estado, o ente público.

140.2 TIPICIDADE

O caput do art. 359-A contém o tipo fundamental. O parágrafo único contém as


formas típicas equiparadas.

140.2.1 Conduta e elementos do tipo

Os verbos empregados no tipo são: ordenar, autorizar e realizar. Ordenar é


2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

determinar, é impor, é emitir uma ordem. Autorizar é dar permissão, é concordar, anuir.
Realizar é efetivar, é executar, concretizar. Só realiza a conduta o agente público que tem
poderes legais para emitir a ordem, autorizar ou realizar. São, todas, condutas comissivas.

O objeto material é operação de crédito. O art. 29, I, da Lei Complementar nº


101/2000, contém a definição de operação de crédito:

“o compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito,


emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado
de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento
mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos
financeiros”.

A norma alcança as operações realizadas dentro do país e também as pactuadas no


exterior.

É possível que, em relação a uma única operação de crédito, possam três agentes
distintos incorrer na incriminação, um ordenando-a, outro autorizando-a e um terceiro
realizando-a. Mas o que ordena ou o que autoriza cometerá crime independentemente de
vir, efetivamente, a ser realizada a operação de crédito.

Se quem ordena é a mesma autoridade que autoriza e realiza, praticando, assim, as


três condutas típicas, haverá crime único.

O tipo somente se aperfeiçoará se estiver presente o elemento normativo: sem


prévia autorização legislativa. Toda e qualquer operação de crédito somente poderá ser
ordenada, autorizada e realizada depois de autorização emanada do Poder Legislativo,
através de lei específica ou de resolução, seja do Senado Federal, da Assembléia Legislativa
ou da Câmara Municipal.

A autorização legislativa deve ser prévia, daí que a edição de lei após a ordem, a
autorização ou a realização da operação de crédito não afastará a incidência típica, ainda
quando a apresentação do projeto da lei autorizativa tenha precedido a ordem, a
autorização ou sua realização.

Posterior aprovação das contas do agente público, pelo Tribunal de Contas, em


nada influenciará o reconhecimento da tipicidade.

O crime é doloso. O agente deve estar consciente da inexistência de prévia


autorização legislativa e realizar a conduta com vontade livre, sabendo que descumpre
preceito legal, ordenando, autorizando ou realizando operação de crédito. Não exige o tipo
Contratação de Operação de Crédito - 3

qualquer outro elemento subjetivo, como o fim de obtenção de vantagem, para si ou para
outrem. É, portanto, dolo genérico.

Tratando-se de agentes públicos que ocupam postos de comando ou de direção,


como a Chefia de Poder, é difícil o reconhecimento de erro de tipo quanto ao elemento
normativo, mas não se pode afastar a possibilidade, remotíssima, é certo, de erro quanto à
existência de lei autorizativa.

140.2.2 Consumação e tentativa

Nas modalidades típicas representadas pelos verbos ordenar e autorizar a


consumação acontece no exato momento da conduta, ou seja, da emissão da ordem ou da
autorização, independentemente de qualquer resultado.

A consumação independe da realização da operação. São crimes formais. A tentativa é


inadmissível, pela absoluta impossibilidade de fracionamento da conduta.

Já na modalidade de realização da operação, a consumação ocorre quando se


conclui a contratação da operação de crédito, e nesse caso é perfeitamente possível a forma
tentada.

140.2.3 Formas típicas equiparadas

O parágrafo único do art. 359-A tipifica a conduta do agente público que

“ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: I – com


inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em
resolução do Senado Federal; II – quando o montante da dívida consolidada
ultrapassa o limite máximo autorizado por lei”.

Nessas situações, a norma contempla operação de crédito que foi objeto de prévia
autorização legislativa.

Porém, haverá delito em duas situações. A primeira é quando o agente ordená-la,


autorizá-la ou realizá-la deixando de observar limite, condição ou montante estabelecido
em lei ou em resolução do Senado Federal. A desobediência será a um desses elementos.

É norma penal em branco, complementada por dispositivo de lei – de qualquer


nível – que estabeleça limites, condições ou montante ou de resolução do Senado Federal,
4 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

a quem, conforme dispõe o inciso V do art. 52 da Constituição Federal, compete “autorizar


operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios”.

A segunda modalidade típica, prevista no inciso II, não trata de inobservância de


limite da operação de crédito em si, mas diz respeito ao montante da dívida consolidada,
que não poderá ser ultrapassado.

Dívida consolidada é o montante global, apurado sem duplicidade, das obrigações


financeiras do ente da Federação assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou
tratados e de realização de operações de crédito para amortização em prazo superior a 12
meses.

Segundo estabelece o art. 52, VI, da Constituição Federal, cabe ao Senado Federal
“fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da
dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.

O inciso I menciona limite para cada operação e o inciso II preocupa-se com o


limite máximo permitido para o comprometimento de sua arrecadação, ou seja, atenta
para o endividamento global do ente público.

Igualmente dolosas as condutas incriminadas, exigindo o tipo, evidentemente, o


conhecimento dos elementos normativos, os limites, as condições e o montante previstos
em lei ou em resolução do Senado Federal.

A consumação, como no tipo fundamental, ocorre no instante da emissão da ordem


ou da autorização ou da efetiva contratação da operação. A tentativa é possível na última
forma típica.

140.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada, possível a suspensão


condicional do processo penal.

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