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INTRODU
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Esste trabalho tem como objetivo apresentarr uma ação desenvolvvida no curso de
Pedaagogia, que pode seer um meeio de reliigar e artticular os conhecimeentos
apreeendidos nas diferenttes disciplinas, confeerindo‐lhess vitalidadee e fecundiidade
(Morrin, 2002).
1
Proff.ª Dr.ª em Edu
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ograma de Póss Graduação em Educação: História,
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curso de Pedagogiaa da Faculdad de de Educaçãão da Pontifíciia Universidad
de Católica dee São Paulo, área
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Admin nistração Escolar.
ALBUQUERQUE, H. (2007) O conhecimento que se expande e se integra. In, V.
Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora:
Universidade de Évora
Cabe ao pedagogo a aquisição de um saber que vá além dos conteúdos de cada
disciplina. A organização curricular disciplinar, mais comum nos cursos, não
facilita a abordagem contextualizada e com significado para o aprendiz. A docência
nesses cursos tem de ser exercida, até que não haja mudança, a partir dessa
realidade, o que exige criatividade do professor, para se valer de estratégias que
possibilitem, pelo menos, suavizar os efeitos do conhecimento fragmentado pela
disciplinaridade.
Ao final do curso os estudantes apresentam um trabalho de conclusão. Os
concluintes do curso de Pedagogia, habilitação Administração Escolar, em 2005 e
2006, apontam o que aprenderam com a construção deste trabalho, indicando que
o TCC oferece o ensejo para extensão e integração dos saberes, possibilitando a
percepção da unicidade necessária do conhecimento teórico básico para se tornar
Pedagogo.
INICIANDO O PERCURSO
O curso de Pedagogia passou por várias reformulações ao longo da história da
educação brasileira. Com a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
9394/96 exigiu‐se nova regulamentação. Na década de 90, à sombra de uma
normalização que não ocorria, foram se abrindo cursos de Pedagogia no âmbito e a
partir do interesse de cada instituição, com organizações curriculares as mais
diferenciadas. Na maior parte das vezes, tornou‐se o principal lócus da formação
dos profissionais: gestores, orientadores educacionais, coordenadores
pedagógicos, supervisores de ensino e docentes educação básica: educação infantil,
séries iniciais do ensino fundamental. A formação ampla do pedagogo, aliada às
demandas sociais, ampliou seu campo de trabalho. Hoje, atuam e trabalham em
hospitais e empresas, na seleção e capacitação de recursos humanos, como
educadores sociais, em organizações escolares e não escolares as mais diversas.
Devido à priorização da formação de educadores para a Educação Básica, o curso
tornou‐se um dos requisitos para o seu desenvolvimento. No Brasil, embora a
demanda potencial de Educação Básica se concentre quase toda na escola, a
qualidade do ensino ainda é meta a ser conquistada. Tal fato acentua a
responsabilidade do desempenho competente dos egressos do curso de Pedagogia,
o que exige repensar o curso, considerando as necessidades da Educação Básica e a
articulação teoria e prática. As novas diretrizes para o curso de Pedagogia,
oficializadas em 2005, têm sido consideradas inadequadas por um grande número
de educadores, por privilegiarem a formação de docentes para a Educação Infantil
e séries iniciais do Ensino Fundamental e não do cientista da educação. Embora
imperfeitas, as diretrizes não impedem uma organização curricular alternativa,
todavia, em geral as instituições têm elaborado seus novos projetos de curso, ainda
dentro do modelo fragmentado. O curso de Pedagogia, objeto da pesquisa, é uma
das poucas exceções. Para os ingressantes em 2007 é oferecido um curso, com 4
anos de duração e com um currículo reorganizado em eixos temáticos na tentativa
de superar as limitações da disciplinaridade.
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Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora:
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É grande o número de cursos de Pedagogia no Brasil, muitos deles no Estado de
São Paulo. Somente na cidade de São Paulo são oferecidos em diferentes
instituições de Ensino Superior 77 cursos. Destes apenas 48 são credenciados, ou
seja, atendem as exigências oficiais para autorização, funcionamento e certificação,
podendo ser descredenciados se, na avaliação promovida pelo MEC ‐ Ministério de
Educação e Cultura, por meio do ENADE ‐ Exame Nacional de Desempenho do
Estudante ‐ obtiverem conceito D ou E (DEMEC‐SP ‐ Delegacia do Ministério de
Educação e Cultura de São Paulo, 2005).
Os cursos de Pedagogia, na cidade de São Paulo, como pelo Brasil afora,
caracterizam‐se pela organização segmentada em disciplinas, a qual, segundo
Morin,
é incapaz de captar “o que está tecido em conjunto”, isto é, o
complexo...acarreta, simultaneamente, um risco de hiperespecialização do
investigador... A fronteira disciplinar, com sua linguagem e com os
conceitos que lhe são próprios, isola a disciplina em relação às outras e
em relação aos problemas que ultrapassam as disciplinas. Desse modo, o
espírito hiperdisciplinar corre o risco de se consolidar, como o espírito de
um proprietário que proíbe qualquer circulação estranha na sua parcela
de saber (2002, p. 16 e 38).
O TCC pode constituir‐se em uma investigação pertinente, ao partir de um
problema de interesse e escolha dos alunos. Espaço para o exercício da pesquisa
pode ser estímulo à autonomia intelectual, meio para aquisição e produção de
conhecimentos, para além da grade das diferentes disciplinas. Pode reforçar a
compreensão da importância da educação continuada e propiciar instrumentos
para desenvolvê‐la, complementando a formação do Pedagogo, gestor educador. È
propício ao resgate dos conhecimentos adquiridos no decorrer do curso,
ampliando‐os e melhor apreendendo seu significado não como elementos
estanques, mas unificados a partir do tema da pesquisa. A proposta de elaboração
do TCC, não é considerada mais um instrumento para atribuir um conceito aos
alunos. Estabelece‐se o diálogo entre professor e aluno desde o levantamento do
tema, o qual persiste na orientação sistemática durante o curso. O trabalho segue
todas as etapas de uma investigação científica. Após a justificativa da escolha do
tema, a explicitação de suas concepções de homem, educação, sociedade, os
estudantes estudam em profundidade o problema, analisam a literatura sobre o
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assunto, fazem pesquisa de campo para diagnóstico da realidade, enfrentam as
vicissitudes que surgem do próprio processo e o trabalho culmina com uma
proposta concreta de intervenção: um projeto de curso, de assessoria ou
consultoria, criação de uma escola, ONG, etc.
O TCC constitui‐se em projeto de trabalho, não segue um roteiro único, mesmo
quando focaliza temas semelhantes, com orientações e exigências comuns. A
estruturação e o desenvolvimento do trabalho não ocorrem de modo linear e os
resultados são totalmente imprevisíveis. Alunos e professores pesquisam e
aprendem. Segundo Hernandez, chocase com a idéia de que se deve ensinar do mais
fácil ao difícil, das partes ao todo, cada aluno ou grupo assume a construção e um
jeito peculiar ao realizála (1998 p. 78‐79).
Revisitando diferentes teóricos e procurando articular teoria e prática, postura
comum aos professores do curso, o TCC é propício à concretização do objetivo
norteador da habilitação Administração escolar: formar o gestor educador que
perceba a importância da aprendizagem contínua para o auto‐aperfeiçoamento
profissional e humano.
Aos concluintes do 4.º ano de Pedagogia habilitação Administração escolar,
pedimos que narrassem o que haviam aprendido com a construção e apresentação
do TCC. Consideramos fundamental para a compreensão do aprendizado a auto‐
avaliação que exige um voltar‐se para si mesmo, um esforço para uma análise
sincera, provocativa de reflexão. A fala do aluno é imprescindível. Ninguém
aprende sem disponibilidade interna e para compreensão do que foi aprendido
impõe‐se ouvir o aprendiz.
Os 55 alunos do 4º ano de 2005 construíram 30 trabalhos e os 44 de 2006, 32,
alguns individualmente, outros em grupos de dois a três participantes. É
fundamental a ação em equipe na academia, exercício que deve continuar, quando
no cargo de gestor e professor.
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Os temas desenvolvidos apontam as principais preocupações dos alunos. Em
2005, 12 e em 2006, 3 abordaram a questão da educação infantil. A inclusão social
e escolar foi focalizada em 3 trabalhos (2005) e 6 (2006); 4 (2005) e 3 (2006)
investigaram as relações escola‐ família‐ comunidade, participação dos pais, gestão
e educação democrática, temas que aparecem subliminarmente em todos os
trabalhos; 1 abordou a questão do trabalho no campo, a organização dos diferentes
segmentos para participação em uma escola do Movimento dos Sem‐Terra( 2005),
1 a questão da identidade do professor(2006); 6 (2005) e 5 (2006), a educação
continuada, a aprendizagem e uso das novas tecnologias, a aquisição de
competências para prestação de concursos públicos, a orientação educacional,
para o trabalho com distúrbios de desenvolvimento, a capacitação para efetivar
medidas das políticas públicas e uso de novos recursos pedagógicos, a relação
professor‐aluno, a influência do aspecto emocional na aprendizagem; 2 (2005) e 5
(2006) os campos de trabalho do pedagogo em espaços não escolares que, nos
últimos anos, tem sido bastante valorizado, e sua importância nas escolas bilíngües
onde é pouco reconhecido. A recuperação do lúdico na escola, o compromisso com
um processo ensino‐aprendizagem mais atraente, currículos alternativos são foco
de 5 trabalhos em 2006, a educação indígena, de 2 trabalhos (2006), 3 (2005)
tratam da formação do gestor, compromissado com questões amplas pertinentes à
compreensão humana e à visão planetária: valores, saúde, meio ambiente (Morin,
2002) e 1 (2006) a diferença da gestão de pessoas na empresa e na escola.
É grande a preocupação com a educação infantil, que, somente em 1996, com a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, foi incluída no Sistema de Ensino.
Até então, ao lado de escolas bem organizadas, viam‐se outras em condições
precárias quanto ao espaço físico, equipamentos e pessoal. Apesar do amparo
legal, ainda se busca uma Pedagogia da Infância no Brasil. Há uma demanda
potencial não atendida. A criança de zero a seis anos tem necessidades próprias
que precisam ser atendidas por profissionais qualificados.
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A preocupação com a qualidade do ensino público e educação continuada em
vários trabalhos evidencia a compreensão de que, em face do volume de
informações, mudanças e solicitações, não é mais possível restringir a formação ao
âmbito acadêmico. Na escola de Educação Básica vive‐se o mesmo paradoxo da
universidade: não se pode reformar a instituição, se anteriormente as mentes não
forem reformadas; mas só se pode reformar as mentes, se a instituição for
previamente reformada (Morin, 2002, p.21). A educação continuada é subsidiária à
mudança do pensamento das pessoas e das instituições no que delas dependa.
A incursão em novos campos, diferentes do escolar, indica que não há clareza
quanto à expectativa e o perfil de pedagogo, porém, a pesquisa fornece pistas para
assumir, um trabalho comprometido e coerente com base na Pedagogia como
ciência da educação. Em 2006, surge a preocupação nos alunos com a ação do
Pedagogo com a velhice, refletindo a tendência de aumento de uma faixa etária
mais avançada que em décadas passadas. No Brasil, cresce o número das chamadas
universidade corporativas, empresas que se preocupam com a capacitação de
recursos humanos, visando torná‐los melhores e não somente com treinamentos
para o desempenho de tarefas. Os alunos focalizam este tema, expressando que o
TCC facilita a unificação e articulação do conhecimento escolar e outros, com a
vida.
A gestão democrática e parceria de todos que, direta ou indiretamente, são
responsáveis pela escola, o envolvimento de pais e comunidade, as posturas que
propiciam ou dificultam a relação da escola com seu entorno, a organização dos
vários segmentos, questões bastante focalizadas nas aulas, sensibilizaram os
alunos para uma investigação aprofundada.
As questões de terra, moradia e movimentos sociais estão constantemente nas
manchetes dos jornais brasileiros. E o processo educativo dos filhos de pais
envolvidos nesses movimentos? Como contribuir para uma escola que atenda
esses sujeitos, já alijados de tantos benefícios? Todas essas questões foram
investigadas pelos alunos.
As grandes questões do mundo contemporâneo: a negação e crise de valores, a
leviandade no tratamento do meio ambiente, o pouco caso com a saúde, o homem,
a espécie e o planeta naturalmente deveriam emergir após os assuntos discutidos
no curso, o que de fato ocorreu. Alguns títulos dos TCCS:
• Avaliação na Educação Infantil
• ONG voltada para a Educação Infantil
• Brinquedoteca: Brincar é Coisa Séria
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• Educação Infantil em Período Integral
• Encontros Temáticos para os Pais da Educação Infantil e Ensino
Fundamental I, do Sistema de Ensino Mary Ward
• A Organização de uma Escola de Educação Infantil Sócio‐Construtivista;
• Gestão e Escola Democrática na Educação Infantil: Ações e Reflexões
• Proposta Pedagógica para uma Escola de Educação Infantil Diferenciada
• Escola de Educação Infantil com Currículo Alternativo
• Inclusão: Projeto de Intervenção e Papel do Gestor Escolar
• Educação e Inclusão frente à Violência Física e Abuso Sexual
• Proposta Pedagógica para Capacitação dos Professores Frente à Inclusão
das Pessoas com Necessidades Especiais e Paralisia Cerebral
• Formação do Professor que atua na Escola para Surdos
• Makarenko Pré‐Universitário: Uma Vivência Comunitária na Formação
• A Lei 10639/2003 e o Significado de Ser Branca
• Educação no Trânsito, Outro Lado da Inclusão
• Linguagem Brasileira de Sinais e Inclusão Social
• Leitura: um Processo de Percepção do Mundo
• Informática e Educação Ltda: uma Assessoria para Formação de
Professores
• Preparação de Professores do Ensino Fundamental para Concursos
Público
• Proposta de uma Consultoria Voltada à Área de Orientação Educacional
• A Identidade do Professor, Vertigo Consultoria Pedagógica
• Robótica Pedagógica
• A Organização Escolar em Ciclos: Uma Proposta de Assessoria para
Professores da Rede Pública de Ensino
• A Relação Professor/Aluno
• A Reunião Pedagógica: Um Espaço de Formação e Transformação
• A Influência do Aspecto Emocional na Dificuldade De Aprendizagem
• Izunomê na Educação: Encontro entre Oriente e Ocidente para uma
Escola com Currículo Diferenciado, conforme a Filosofia de Mokiti Okada
• O Pedagogo na Área Hospitalar
• Gestão Democrática;
• Família/ escola/ Comunidade: Projeto de Assessoria
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ALBUQUERQUE, H. (2007) O conhecimento que se expande e se integra. In, V.
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• O trabalho com Valores em Educação
• Anima Oikos: Ong Voltada para a Educação Ambiental
• Atuação do Pedagogo nas Pré – Escolas Bilíngües
• Gerontologia: Pedagogia na 3.ª Idade
• Universidade Corporativa
• O Trabalho do Pedagogo na Área de Recursos Humanos
• Administração Escolar versus Administração Empresarial: Gestão de
Pessoas
• A Importância das Brincadeiras no Desenvolvimento Cognitivo Infantil
• Inclusão da História e Cultura Indígena no Currículo do Ensino
Fundamental
• Capacitação de Professores Indígenas: A Importância das Lendas
FALAM OS ALUNOS
Alguns extratos das narrativas dos alunos mostram o que aprenderam com a
construção do TCC, o acerto da legislação, ao prevê‐lo, o modo prazeroso e natural
da troca e produção de saberes.
Eu aprendi muita coisa. O meu grupo apresentou sobre abertura de escola
de educação infantil. Eu aprendi pesquisar com os pais e diretores de
escola, estudei as leis para abertura de escola; percebi a importância do
corpo docente, como deve ser o prédio, procurar um local adequado e
trabalhar em grupo... É interessante também assistir a todas as
apresentações de TCC, porque se aprende muito sobre a pesquisa dos
outros alunos (2005).
Houve um momento em que eu pensei que não ia dar tempo de terminar,
mas aprendi que sou capaz de aprender. (2006).
Acho que aprendi a pesquisar sobre um tema do meu interesse (2005).
Acredito que o que mais teve significado foi ter de pesquisar. Eu tive que
aprender a pesquisar para conseguir a base teórica para o meu trabalho
(2005).
Durante o processo de elaboração do TCC aprendi que a pesquisa é muito
importante, oportuniza novos conhecimentos, seja através das leituras,
resumos ou a partir das entrevistas com os sujeitos. O meu tema ajudou
me a conhecer a Pedagogia Inaciana e a interagir com os pais sobre os
temas que eles querem discutir no biênio 20062007 (2005).
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Tais expressões vão ao encontro de um dos objetivos do curso: formar o
pedagogo pesquisador do e no cotidiano. A construção do TCC fornece os
mecanismos para o pedagogo articular teoria e prática. Para Hernández, na cultura
contemporânea, uma questão fundamental para que um indivíduo possa
compreender o mundo em que vive é que saiba como ter acesso, analisar e
interpretar a informação (2002 p.79). Cabe ao curso formar para a autonomia e o
TCC contribui para isso, levando o aluno à busca de respostas a algo que deseja
conhecer por disponibilidade interna e não por imposição do professor, como
mostram os depoimentos.
Muitas vezes, durante o curso, abordamos a questão da autonomia, concepções
e implicações para o gestor, a construção do projeto pedagógico da escola como
expressão e meio para ampliá‐la, sem dar conta de sua contribuição para a
autonomia intelectual do aluno, que, muitas vezes, percebe isso:
As falas demonstram que, no processo de construção do Trabalho de Conclusão
de Curso, conteúdos de várias disciplinas são utilizados. As relações se
estabelecem pelo processo de aprender, conhecer, investigar, como afirma
Hernandez:
As relações não se estabelecem por acumulação e por somatório, mas sim
por... relações! E estas se apresentam de maneiras diferentes: a partir do
próprio tema e da informação que se relaciona para responder a uma
pergunta: a partir do conteúdo das informações que se vinculam com
campos de conhecimento diferentes (não necessariamente com matérias e
conteúdos escolares) (2000: 112).
Aprendi como se inicia um projeto, quais os passos, normas, bibliografias
a serem utilizados. Tudo que aprendi durante o curso de Pedagogia pude
aplicar no meu TCC, foi muito bom e nos estimula a aprender e pesquisar
cada vez mais (2005).
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Percebi que o aprendizado é construído de forma gradativa e
constantemente. O TCC é a concretização da síntese de articulações dos
conceitos trabalhados durante um percurso (graduação), importante
para tomada de decisões (2005).
Elaborar o TCC foi muito importante para mim. Pude fazer uma
retrospectiva desde quando ingressei na universidade, ou seja, pude
analisar os quatro anos de graduação, meu amadurecimento intelectual e
pessoal (2006)
Aprendi a manipulação dos conhecimentos aprendidos para a descoberta
de novos pontos de vista, levantamento de perguntas e o tracejo de
caminhos para as respostas possíveis, a construção metódica d um projeto
(2006).
O TCC enriqueceu meus conhecimentos e me libertou para escrever o que
penso e o que sei, me proporcionou mostrar o meu valor e conhecimentos
adquiridos durante os quatro anos no curso de Pedagogia (2006).
Os depoimentos vão desvelando não só o aprendido com o TCC, mas como este
ajuda o resgate do aprendizado do curso todo.
Comenta Paulo Freire:
Reconhece um aluno:
Eu praticamente fiz uma revisão do meu trabalho, tendo a oportunidade
de, pelo menos, tentar pôr em prática os meus conhecimentos. Estou na
direção de um Centro Formador da Secretaria de Estado da Saúde e foi o
momento de pensar o administrativo e tentar modificar; então, vem todo
o processo de aprendizagem desse ano e vem uma certa tranqüilidade
porque não é que consegui modificar, mas sei que tem uma semente
lançada que certamente foi um pouco fruto desse trabalho (2005).
A articulação teoria e prática e a reflexão sobre o próprio fazer na busca de
aperfeiçoamento imprimem um novo significado ao aprendizado. O ato de
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conhecer não pode separar escola e vida, mas deve ser concebido como uma
produção ativa (não passiva) de significados em relação aos conhecimentos sociais e
à própria bagagem do aprendiz (Hernandez, 1998: 105).
Na construção do trabalho aprendi a pesquisar outras fontes, baseando
me na legislação. Aprendi como pesquisar e construir um projeto, como
seguir um planejamento, um cronograma, sem perder o foco que nos
propusemos trabalhar (2005).
O que mais aprendi foi autoconfiança criou isso dentro de mim. Aprendi a
lidar com as críticas destrutivas e a dar a volta por cima, a dar valor aos
pequenos detalhes da vida (2006).
Aprendi a ter uma visão mais ampla de uma questão, a me organizar, a
ter mais clareza e entendimento (2006).
Percebi que podemos ir além... Podemos ser autores (2006).
Para Williams,
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vezes relativamente isolada...é pela percepção do conhecido que o
desconhecido o próximo passo, a próxima obra é concebido (1977: 211).
O tema do meu TCC foi a abertura de uma escola de Educação Infantil de período
integral. Aprendi todo o mecanismo administrativo para abrir uma escola, além da
parte pedagógica. Para a realização deste trabalho, eu e meu grupo lemos diversos
livros e fizemos pesquisa também. Posso me considerar um gestor (2005).
O aluno deixa claro que o que importa não é o diploma, mas a competência, o
saber que está convicto de que adquiriu.
Valorização do outro, percepção das diferenças, admiração, além da simples
aceitação, cumplicidade na apresentação, ajuda para que tudo dê certo e parcerias
reforçam atitudes que convêm ao educador. Desmistifica‐se a concepção errônea
de que a medida do aprendido é o professor, como o único capaz de avaliar o que o
aluno aprendeu. Com o TCC, o aluno mesmo se avalia, e muito bem.
Possibilitou a revisão de conceitos e práticas (2006).
Aprendi não só sobre o conteúdo pesquisado como também sobre como
fazer uma pesquisa, as regras, ética...Foi uma experiência muito rica. Não
esperava adquirir tanto conhecimento (2006).
Fiquei muito feliz por obter muitos conhecimentos novos e oportunidades
para investigação. Fiz pesquisa de campo em uma escola especial com
professores surdos e numa Assessoria bem conceituada...Agradeço muito,
marcou a minha vida (2006).
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Eles se sentem bem à vontade para opinar sobre as características que julgam
importantes no TCC: Acredito que não deva ser obrigatório, tem de ser um projeto
bem desenvolvido, que tenha um tema que desperte o interesse do construtor desse
tema, com disponibilidade de tempo para que possa ser bem elaborado e
programado... Exigem sempre um bom orientador que valorize a nossa pesquisa....
(2005)
Impõe‐se a compreensão do ser humano, como é e como vive, para formar
gestores que não precisem fazer o discurso da autoridade para exercê‐la. Gestores
capazes de usar o vivenciado no TCC para ampliar a sua compreensão do mundo,
do homem e do próprio conhecimento. Seguros de si exercerão sua legítima
autoridade com indiscutível sabedoria (Freire, 1999:102).
CONCLUSÃO
O que surge como marcante nas narrativas dos alunos é a constatação da
compreensão do conhecimento que parecem ter adquirido por meio das relações
entre os saberes estabelecidas no processo de construção do TCC. Ao
problematizarem a realidade, ao pesquisarem, refletirem, afastam‐se do
pensamento simplificado, parcelado e se aproximam de um pensamento complexo.
Surge um conhecimento novo, rico que não anula, mas contextualiza, unifica os
diferentes conhecimentos e os ultrapassa pelo caráter de transversalidade que
adquire. A investigação contém indicadores da unicidade do conhecimento que se
revela dentro da diversidade e com o esforço para superar a aquisição
fragmentada. Os relatos apresentam indícios de que o Trabalho de Conclusão de
Curso possibilita romper com o pensamento reducionista, simplificado e
descontextualizado para perceber o conhecimento em sua unicidade, singularidade
e complexidade. Com o TCC os conhecimentos adquirem outro significado pela
percepção de que o ato de pesquisar fundamenta, amplia e integra o ato de
conhecer.
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