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2008/2009
FICHA INFORMATIVA - PORTUGUÊS
- Peça organizada em três actos : o primeiro constituído por doze cenas, o segundo por
quinze e o terceiro, tal como o primeiro por doze cenas.
- A divisão em actos está relacionada com a mudança de espaço ( cenário), enquanto a
divisão em cenas é marcada pela entrada e/ou saída de personagens.
- Além do texto principal (falas das personagens, em diálogo ou em monólogo), há um
texto secundário muito importante, formado pelas didascálias . Estas são informações do
autor sobre:
a) o espaço em que se desenrola a acção;
b) os ambientes, sobre a movimentação e reacção das personagens em cena;
c) o tempo - as datas históricas, a referência à luz do dia, à noite, etc.
Acto I
- decorre num espaço interior (o palácio de Manuel de Sousa Coutinho), numa divisão
decorada com requinte e sobriedade, conotando as personagens com a nobreza;
- a acção inicia-se com um quadro familiar pois Dª Madalena de Vilhena lê, em Os
Lusíadas, o episódio lírico de Inês de Castro, quando Telmo, seu fiel servidor, entra em
- ao mesmo tempo que se dá a ver uma família unida pelo intenso amor, merecedora de viver
em paz e felicidade, salienta-se igualmente a possibilidade de uma catástrofe cair sobre
ela, catástrofe essa constantemente sugerida pelas observações de Telmo (que lembra as
palavras de D. João de Portugal: «Vivo ou morto, Madalena, hei-de ver-vos pelo menos
uma vez neste mundo.» - Acto I, cena II) e, também, pelos temores de Dª Madalena e
pelos pressentimentos e sonhos de sua filha, Maria;
- no final do 1º acto, Manuel de Sousa, num gesto patriótico, incendeia a sua própria casa,
de modo a impedir que os governantes castelhanos – que a tinham requisitado – nela
habitassem. Este é um acto de resistência, de defesa da honra pessoal e nacional que,
simbolicamente, representa Portugal insurgindo-se contra a ocupação castelhana;
Acto III
- o último acto decorre num espaço religioso (« Capela de Nª Senhora da Piedade na Igreja de
S. Paulo dos domínicos em Almada») existente na «Parte baixa do palácio de D. João de
Portugal».
- Os símbolos religiosos como a Cruz de Cristo indiciam o sacrifício metafórico que ali
decorrerá: a dissolução de um casamento ( o de Madalena de Vilhena e Manuel de Sousa
Coutinho), a morte simbólica do casal e a sua aceitação de uma vida religiosa, tornando-se
irmãos em Cristo;
- a decisão de professar - da tomada de votos religiosos -, encorajada por Frei Jorge, e que é
aceite por Manuel de Sousa Coutinho como a única via digna, não é facilmente encarada por
Dª Madalena, a qual luta até ao fim pelo direito ao amor e à sua vida conjugal e familiar,
reagindo ao que as normas sociais impunham.
- Manuel de Sousa procede com a coragem e a racionalidade próprias de um cavaleiro, de um
nobre que respeita os valores da honra e não aceita viver em adultério ( situação causada pelo
aparecimento do primeiro marido de Madalena). Assim, Madalena revela-se uma heroína
romântica pois valoriza o direito individual de ser feliz, de amar e ser amada, de manter a sua
família unida mesmo contrariando as regras sociais.
http://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_personagens.htm&usg