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Carla Mitsy Fernandes Fujii

Curso de Especialização em Artes Visuais

David Hockney
Fragmentos do tempo na imagem

UNICAMP

Campinas
Fevereiro/2009
Carla Mitsy Fernandes Fujii

Curso de Especialização em Artes Visuais

David Hockney
Fragmentos do tempo na imagem

Trabalho apresentado à UNICAMP


para a finalização da disciplina
Experimentações Tecnológicas em
Artes Visuais, sob orientação da
Professora Ms. Inaê Coutinho de
Carvalho.

UNICAMP

Campinas
Fevereiro/2009
O que acontece quando o enquadramento
são os fragmentos de imagens,
fotografias em lentidão de luz
que envolve o branco?

O que pensar quando o sentido


é o avesso das formas reconhecíveis?

O instante decisivo de uma fotografia


possui o fulgor de um momento
onde uma porção de luz se prende
a um gesto que toca a verdade desse momento
como uma errância no silêncio.

Um instante simultaneamente frágil


e decisivo do tempo, das coisas, dos seres...
Uma turbulência visível.

Alik Wunder
RESUMO

O presente texto tem como temática o artista britânico David


Hockney, suas fotocolagens e uma breve consideração sobre o
(des)uso das Polaroids.
Hockney que têm como estímulo criativo encontrar maneiras
para expandir a capacidade discursiva do meio fotográfico através da
abordagem explícita do passar do tempo.

Palavras chave: David Hockney, fotografia, fotocolagem, imagem e


tempo.

ABSTRACT

The present text has in its principal thematic the British artist
David Hockney, his joiners and a brief consideration of the (dis)use of
Polaroids.
HocKney that are as stimulate creative ways to expand the
capacity of the photographic environment through discursive
approach of the explicit over time.

Keywords: David Hockney, photography, joiners, image and time.

Sumário
1. Introdução………………………………………………………………………………………01
2. Imagens fragmentadas..........................................................02
3. Linha do tempo....................................................................08
4. Considerações finais..............................................................15
5. Referências Bibliográficas......................................................16
6. Anexo Iconográfico...............................................................17
1

1. Introdução
“A fotografia é a visão de uma realidade
reinterpretada, escolhida muitas vezes a
partir de sonhos pouco duráveis.
Insuficiente tentativa de explicar, mas
que faz pensar.”
Luís Humberto

David Hockney não cabe em rótulos. Sobre uma perspectiva ele


é desenhista, mas se olharmos por outro ângulo ele é pintor,
dependendo da incidência da luz ele é fotógrafo e de acordo com a
profundidade de campo ele é escritor. Tudo isso em um mesmo
instante, nada disso no instante seguinte. Assim é David Hockney, um
artista composto por fragmentos de arte, multifacetado, resultando
em uma extensa obra e uma carreira artística brilhante.
Um artista que dialoga com o espaço e brinca com a noção do
tempo. Com as suas fotografias repletas de perspectivas, nos convida
a olhar cada foto um instante a mais.
Percorra este texto como se percorresse uma obra de Hockney,
brincando de se achar e de se perder entre as perspectivas, os
ângulos, o plano de fundo. Permita que seu olhar divague, se
aproxime ou distancie de suas inquietantes fotocolagens, e acima de
tudo deixe a sua imaginação te levar.
2

2. Imagens fragmentadas
“Por sua natureza fragmentária, a
fotografia permite-nos a reavaliação de
uma realidade, pela recuperação de
valores perdidos na invisibilidade do
convívio cotidiano.”
Luís Humberto

David Hockney é um artista pop, um fotógrafo, um escritor.


Tudo isso ou nada disso, já que nega tais rótulos. Um fato curioso é
que nenhum outro artista britânico após a II Guerra Mundial suscitou,
como ele, tão grande interesse pelos meios de comunicação social –
uma forte característica da Pop Art.
Nas obras de Hockney reflete-se a consideração talvez mais
atenta dos grandes problemas que se colocam à pintura nas últimas
décadas do século XX: o diálogo com a obra de Picasso, a reflexão
sobre a fotografia e a investigação das possibilidades abertas pelas
novas tecnologias da imagem.
Como nenhum outro artista contemporâneo, Hockney consegue
aliar a comunicabilidade imediatamente sensorial da sua pintura, com
que conquistou uma imensa popularidade, em especial no mundo
anglo-saxônico, a uma curiosidade intelectual inesgotável,
demonstrada pela incessante experiência de diferentes processos da
representação e da reprodução, e, em geral, por uma procura
insaciável da inovação, que o faz abandonar todos os estilos quando
sente que eles se tornaram já previsíveis.
“Hockney a partir de algumas de suas declarações,
pode-se duvidar de que ele goste de fotografia. Ele
afirmou que ‘ninguém olha para uma foto por mais de
trinta segundos a menos que entre mil rostos, esteja
procurando o de sua mãe’, e que ‘a fotografia está muito
bem para quem não se incomoda de ver o mundo do
ponto de vista de um ciclope paralisado, e numa fração
de segundo.”1

Apesar de ter pensado em abandonar a fotografia como meio de


fixar imagens, Hockney descobre no processo fotográfico virtudes

1
CICERO, Antonio. “Sobre Pearblossom Hwy.” in: MAMMÌ, Lorenzo. ; Schwarcz, Lilia Moritz.(orgs) 8
X fotografia: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
3
antes insuspeitadas. O uso da fotografia Polaroid, com a capacidade
de auto revelação instantânea, entusiasmou-o de tal forma que se
dedica durante alguns anos à exploração do método trabalhando
composições de fotografias desse tipo.
O ritual era simples: apontava-se a objetiva, disparava-se
apontando o botão e o filme, acompanhado por um arco ruidoso, saía
como uma língua preta das tripas da câmera. Depois vinham os
sessenta segundos de espera, que por vezes pareciam eternos, nos
quais parecia brotar do nada a imagem que a Polaroid havia captado.
A Polaroid inventou a primeira técnica que dispensava o quarto
escuro, oferecendo uma imagem imediata e totalmente documental.
Hoje a breve espera pelo brotar da imagem de uma Polaroid é um
momento que se perderá no tempo.2 Hockney conseguiu com a
câmera instantânea um diálogo com a sua própria poética.
David Hockney, um artista, que contesta os limites do médium
fotográfico, sempre utilizou a fotografia como auxiliar para sua
memória no exercício da pintura. Apenas bem mais adiante, ao
comparar as exigências do tipo de olhar requerido para a pintura
assim como para a fotografia, percebeu-se insatisfeito com o fato de
a fotografia fixar a cada vez apenas um instante e a partir de um
único ponto de vista; como consequência o fotógrafo se vê,
contrariamente ao que acontece com o pintor, restrito ao
enquadramento.
“Numa posição intermediária entre o efeito
cinematográfico (elipse do tempo) e o efeito cronotópico
(raccord do tempo), vamos encontrar a técnica dos
agregados (joiners) desenvolvida pelo artista britânico
David Hockney. Transportando ao domínio da fotografia
o método cubista de representação da
tridimensionalidade do espaço, Hockney fragmenta seus
motivos numa série de detalhes inseridos em pequenos
quadriláteros e depois os justapõe através de técnicas
de colagem fotográfica, reconstituindo a figura. Ocorre
que na tomada de cada fragmento, o fotógrafo muda o
ponto de vista, fazendo com que a figura resulte
fissurada e decomposta, de modo a materializar a visão

2
No ano de 2008 a empresa Polaroid anunciou o fim da foto instantânea, devido ao “darwinismo
tecnológico”, ou seja, o sucesso das fotografias digitais.
4
múltipla de um olho em movimento. De certa forma,
Hockney procura representar o processo mesmo de
visão, na sua acepção ontológica: diferentemente da
forma como a câmera fotográfica vê o mundo, nós
vemos tudo nítido no campo visual, mas não ao mesmo
tempo.”3

Assim, David Hockney supera a restrição do enquadramento, ao


utilizar a sua máquina fotográfica para obter múltiplas imagens,
múltiplos fragmentos de tempo, e de certa maneira ao fazer uso da
técnica dos agregados, nos faz lembrar das obras cubistas.
“Aquilo que uma fotografia não era capaz de fazer, por
ser instantânea, podia ser feito por um conjunto de
fotografias articuladas (um conjunto de instantes
articulados). Ele começou a produzir colagens ainda na
década de 70, mas essa produção aumentou muito a
partir do momento , em 1982, em que passou a usar
uma câmera Polaroid. Inicialmente, Hockney, chamava
as fotocolagens de joiners, ou ‘juntadores’, pois
consistiam na reunião de várias fotos de um mesmo
conteúdo. ‘Logo notei que esses joiners tinham mais
presença do que as fotografias comuns. Com cinco
fotos, por exemplo, você é forçado a olhar cinco vezes.
Isso o obriga a olhar mais cuidadosamente’.”4

O artista nos chama atenção para uma preocupação de ordem


temporal. Ao olhar uma colagem de Hockney, olha-se mais cada foto,
já que cada foto que compõem a obra é de certa forma individual,
singular. Ao juntar cada foto de um mesmo conteúdo se torna claro as
diferenças de luz, ângulos, perspectiva e movimento.
A partir de então, Hockney vai sistematicamente questionar os
limites dos recortes espaciais e temporais formatados através do
enquadramento fotográfico.
“Nos agregados de Hockney não há fusão entre os
fragmentos, cada parte se mostra nitidamente como um
diferente intervalo temporal, como no cinema. Todavia,
é preciso considerar que aqui os intervalos fixados são
decisões do fotógrafo e não de um mecanismo
automático. Consequentemente, no lugar da
regularidade, da monotonia e também do naturalismo
implícitos no efeito cinematográfico, o que se obtém na
técnica dos agregados é uma forma de dinamismo e de
subjetividade, capaz de recuperar, num certo sentido,

3
MACHADO, Arlindo. “Anamorfoses Cronotópicas ou a Quarta Dimensão da Imagem” in Imagem-
Máquina. Editora 34.
4
CICERO, Antonio. “Sobre Pearblossom Hwy.” in: MAMMÌ, Lorenzo. ; Schwarcz, Lilia Moritz.(orgs) 8
X fotografia: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
5
algo daquela dimensão mnemônica e imaginativa que
estão na base da concepção bergsoniana do tempo
como descontinuidade.”5

A ordem temporal exigida é a de sucessão, reivindicada pelo


artista britânico como fiel à sua prática do olhar; as fotocolagens se
aproximam do desenho, porque cada detalhe corresponde a um leque
de escolhas, que vão desde a matéria, cor, contorno, profundidade de
campo, foco, entre outros. Se para cada detalhe da imagem o artista
tem trato à visão monocular da câmera, esta situação se reverte
quando se tem a percepção do conjunto das fotografias sobrepostas
ou justapostas, onde se encontra evidenciada e exaltada a visão
binocular. Na pós montagem e no processo de sobreposições que a
visão abrangente, fragmentada e multifacetada se impõe.
“As fotomontagens de Hockney, em que cada detalhe se
encontra numa foto dotada do seu próprio ponto de
vista e, portanto, do seu próprio interesse autônomo,
representam uma tomada de posição ético-estética,
oposta à perspectiva única, causadora do tédio
perceptivo e, em última análise, de todo tipo de tédio.”6

Ao explorar criativamente uma maneira alternativa de conceber


o espaço pela combinação de fotografias tomadas em diferentes
momentos, é a multiplicidade de pontos de vista que se vê exaltada,
além do jogo experimental com as convenções perspectivistas se
verem nestes casos revisitadas.
A obra Mother é um mosaico, realizado com polaroids, de várias
tomadas feitas de ângulos ligeiramente diferentes, que registra o
movimento da cabeça da mulher. Era de se esperar que tal
combinação resultasse em algo estranho aos olhos, mas na verdade o
retrato é, sem a menor dúvida, evocativo. Na realidade, quando
olhamos para uma pessoa, nossos olhos não permanecem parados
durante muito tempo, e a imagem que formamos na mente, quando
pensamos em alguém é sempre uma composição de fragmentos de

5
MACHADO, Arlindo. “Anamorfoses Cronotópicas ou a Quarta Dimensão da Imagem” in Imagem-
Máquina. Editora 34.
6
CICERO, Antonio. “Sobre Pearblossom Hwy.” in: MAMMÌ, Lorenzo. ; Schwarcz, Lilia Moritz.(orgs) 8
X fotografia: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
6
imagem que nossos olhos registraram. Como esta obra foi realizada a
partir de polaroids, havia em cada fragmento de imagem uma
moldura branca que incomodava de certa forma o artista.
“Para evitar as associações indesejáveis do gradeado da
polaróide que Hockney começou a usar ou uma câmera
35 mm ou uma Pentax 110, bem mais portátil. Passou a
fotografar também espaços abertos imensos, como o
Grand Canyon.”7

A obra Pearblossom Highway, não realizada com polaroids, foi


considerada pelo próprio Hockney como a culminação de seus
experimentos fotográficos.
“Pearblossom Highway trata-se de uma fotocolagem
retangular. Mais que isso, a estrada em direção ao
horizonte sugere a perspectiva de um ponto, tal como
uma fotografia convencional do ponto da Parblossom
Highway, que inspirou a fotocolagem de Hockney.”8

O que está em jogo nessa obra é a questão do tempo. Se por


um lado, a estrada nos remete ao horizonte, ao fundo da imagem;
por outro lado cada pequena foto tem o seu horizonte, o seu próprio
fundo; cada foto nos remete a uma perspectiva, fazendo com que o
nosso olhar se perca e se encontre nesta imagem de pequenos
fragmentos que compõem uma obra multifacetada.
A situação evocada alia-se àquela que cotidianamente
praticamos sem muito prestarmos atenção ao fato: a visão é
flutuante, não se detém fixamente muito tempo sobre as coisas,
então as fotocolagens apresentam um nível de realidade a mais do
que as fotografias instantâneas, por causa de sua semelhança com o
funcionamento do nosso próprio olhar, embora não possam se
confundir com o real já que são apenas representações de certas
materialidades visíveis.
Depois das experiências de colagens de polaroids, com que
confrontou as descobertas espaço temporais do cubismo com as
limitações realistas da imagem fotográfica, que considera estar presa

7
CICERO, Antonio. “Sobre Pearblossom Hwy.” in: MAMMÌ, Lorenzo.; Schwarcz, Lilia Moritz.(orgs) 8
X fotografia: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
8
_______________.
7
às mesmas convenções de representação bidimensional do espaço da
pintura renascentista e ser por isso incapaz de significar o movimento
e o tempo, a impressora laser a cores, o fax, o écran do computador,
a imagem fotográfica digitalizada passaram a fazer parte dos seus
processos de investigação sobre a criação e a reprodução mecânica
das imagens. Foram essas experiências que Hockney conseguiu
captar, de certo modo, em seus experimentos fragmentados,
multifacetados, fotográficos.
8

3. Linha do tempo
“Olhar é ao mesmo tempo, sair de si e
trazer o mundo para dentro de si.”
Marilena Chauí

1937 – Nasce a 9 de julho em Bradford, Inglaterra. Filho de Laura e


Kenneth Hockney, é o quarto dos cinco filhos do casal. À exceção dos
seis meses correspondentes à evacuação de guerra, passa em
Bradford toda a sua infância.
- Nasce a empresa Polaroid, produzindo lentes polarizadas para
uso científico e militar.
1939 – Deflagrada a Segunda Guerra Mundial.
1941 – Nasce a televisão comercial em Nova Iorque, nos EUA,
transmitindo durante quinze horas semanais programação que onclui
desenhos animados, esportes e programas de notícias.
1942 – Enrico Fermi faz funcionar o primeiro reator nuclear.
1945 – Termina a Segunda Guerra Mundial com um saldo de 35
milhões de pessoas mortas em uma nova configuração de poder no
mundo. Holocausto praticado pelos nazistas vêm a público.
1946 – Churchill evoca a “guerra fria”, chama aqueles estados que
praticam a obediência soviética de “países da cortina de ferro” e se
pronuncia a favor dos “Estados Unidos da Europa”.
1948 – Entra na Bradford Grammar School. Ganha prêmios menores
em concursos de caricaturas e desenho, que são publicados no jornal
escolar.
1949 – Proclamada oficialmente a República Popular da China, sob a
liderança de Mão Tsé-tung.
1951 – I Bienal Internacional de São Paulo.
1953 – Termina a Guerra na Coréia. Morte de Stálin na URSS.
1953-1957 – Estuda na Bradford School of Art, cursando cadeiras de
Teoria da Arte, Anatomia, Perspectiva, Desenho de Modelo e Pintura.
1956 – Início da pop art.
9
1957 – Um dos seus primeiros trabalhos a óleo é aceito no Royal
Academy Summer Show de Londres. Licenciado com distinção na
Bradford School of Art. Candidata-se com sucesso ao Royal College of
Art de Londres.
1957-1958 – Recusa o serviço militar obrigatório e presta serviço
cívico num hospital público.
1959 – Revolução em Cuba. Fidel Castro assume o cargo de Primeiro
Ministro.
1959-1962 – Estuda no Royal College of Art de Londres. Aí conhece
R. B. Kitaj e outros fundadores da pop arte inglesa, tendo ainda
tomado conhecimento da pintura abstrata expressionista americana.
1960 – Passa a expor nas exposições Young Contemporaries da
Royal British Arts Galleries. Inicia uma série de trabalhos gráficos,
alguns dos quais baseados em obras literárias.
- As novas possibilidades proporcionadas pela mídia assinalam
caminhos diversos e o termo “pós-modernismo” é associado a
diversas manifestações de pop art nos EUA.
1961 – Realiza os primeiros trabalhos das séries Tea Paintings e Love
Paintings, composições em que combina produtos de consumo e
psicogramas. Mais do que quaisquer outros trabalhos da sua autoria
estas séries revelam uma grande proximidade à pop art. Participa na
Bienal de Paris ganhando o prêmio Guiness de desenho. Nesse ano
faz a sua primeira visita a Nova Iorque. Quando regressa a Londres
pinta A Grand Procession of Dignitaries in the Semi-Egyptian Style.
Ganha um prêmio na John Moores Exhibition, em Liverpool. Começa a
série de desenhos A Rake’s Progress.
- John Kennedy é empossado na presidência dos EUA e planeja
a invasão da Baía dos Porcos para tentar depor Fidel Castro. O Vostok
I transporta o Major Iúri Gagárin ao espaço: é o primeiro homem a
realizar uma volta em torno da órbita terrestre.
1
0
1962 – Ensina no Maidstone College of Art. Visita Los Angeles, onde
conhece Henry Geldzalher, Andy Warhol e Dennis Hopper. Nessa
época realiza as suas primeiras pinturas com cenas de chuveiro.
- Roy Lichtenstein cria Lata de Sopa Campbell. Yves Klein salta
de um edifício em Nice fotografando sua performance e chamando-a
de Salto no Vazio. Criação do grupo Fluxus.
1963 – Viaja até o Egito – Cairo, Alexandria e Luxor – para realizar
uma série de desenhos a convite do jornal Sunday Times. No
regresso pinta The Great Pyramid at Giza With Broken Head From
Thebes e Play Within a Play. Primeira exposição individual de pintura
na Kasmin Gallery de Londres. Completa a série A Rake’s Progress,
publicando-a como portfólio, pela qual recebe um prêmio na Biennale
des Jeunes Artistes de Paris. Viaja para os Estados Unidos.
- Martin Luther King discursa: “Eu tive um sonho...”. John
Kennedy é assassinado. Novidade do ano: câmera com filme em
cartucho.
1964 – Estabele-se em Los Angeles, Califórnia, pintando as suas
primeiras piscinas e fazendo as primeiras experiências com a
fotografia polaroid. Primeira exposição individual na Alan Gallery de
Nova Iorque, com pinturas em acrílico, realizada na Califórnia. Viaja
em automóvel pelos Estados Unidos e ensina na Universidade de
Iowa durante dois meses. Pinta Man Taking a Shower in Beverly Hills.
_ Golpe militar destitui João Goulart da Presidência do Brasil e
desencadeia o golpe militar.
1965 – Ensina na Universidade do Colorado. Trabalha uma série de
litografias intitulada A Hollywood Collection. Participa na exposição
London:The New Scene no Walker Art Center, em Minneapolis,
também exibida em Boston, Seattle, Vancouver e Toronto. Expõe na
Kasmin Gallery de Londres. Nesta cidade pinta Different Kinds of
Water Pouring Into a Swimming Pool, Santa Monica.
- Che Guevara sai de Cuba para promover a revolução na
América Latina. Chegam as primeiras tropas americanas ao Vietnã.
11
1966 – Viaja até Beirute para preparar a série Cavafy Etchings.
Desenha o guarda roupa e os cenários para Ubu Roi, para o Royal
Court de Londres. Ensina na UCLA. Realiza uma exposição de
desenho no Stedelijk Museum, em Amsterdã e uma exposição de
pintura no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas. Ensina na
Universidade da Califórnia, em Berkeley, onde pinta a Bigger Splash.
1967 – Compra uma câmera fotográfica de 35mm e começa a
colecionar as suas fotografias em álbuns. Ganha o primeiro prêmio na
John Moores Exhibition. Expõe na Alan Gallery em Nova Iorque. Viaja
até a Itália e França.
1968 – Expõe na Kasmin Gallery de Londres. Vê a sua reputação
consolidada na Europa com a exposição Documenta IV, em Kassel.
Em Los Angeles pinta o duplo retrato Christopher Isherwood and Don
Bachardy. Viaja pela Alemanha e Irlanda. Completa Six Fairy Tales
from the Brothers Crimm, publicado em livro. Expõe na Emmerich
Gallery, em Nova Iorque.
- Massacre no Vietnã desencadeia a luta pelo controle da força
militar entre as nações. No Brasil o governo militar edita o AI-5,
causando graves danos a vida cultural, política e social do país.
1969 – Surge no EUA a primeira rede de computadores. O
astronauta norte-americano Neils Armstrong pisa na Lua.
1970 – Faz uma exposição retrospectiva – David Hockney, Paintings,
Printings and drawings – na Whitechapel Gallery, em Londres, que é
exibida também em Hanover, Roterdã e Belgrado. Em Londres pinta
Le Parc des Sources, Vichy. Jack Hazan começa as filmagens de A
Bigger Splash.
- É lançado o modelo mais popular da Polaroid, o S-X 70.
1971-1972 – Trabalha no Portrait of an Artist sur la Terrasse. Viaja
pela Califórnia, Honolulu e Japão. Expõe na Emmerich Gallery, em
Nova Iorque.
1972 – Em março os EUA retiram-se do Vietnã.
1
2
1973 – Fixa-se em Paris, onde faz uma exposição no Musée des Arts
Décoratifs e desenha o seu primeiro cenário para ópera. Trabalha com
Aldo Crommelynck, o mestre impressor.
1974 – Recomeça a trabalhar a óleo. Pinta Contrjour in the French
Style. Realiza uma exposição retrospectiva no Musée de Arts
Décoratifs, em Paris. Desenha o guarda roupa e os cenários para A
Rake’s Progress de Igor Stravinsky, exibida em Los Angeles.
1975 – Expõe na Galerie Claude Bernard, em Paris.
- Termina a Guerra do Vietnã.
1976 – Regressa a Los Angeles onde trabalha de forma intensa com
fotografia. Publica, sob a forma de portfólio, um conjunto de
fotografias intitulado Twenty Photographic Pictures. Expõe desenhos e
fotografias na Wilder Gallery, em Los Angeles. Trabalha na série de
litografias Portraits of Friends. Visita a Austrália. Inicia a série Blue
Guitar em Londres.
1977 – Visita a Índia. Completa a segunda versão da pintura Portrait
of My Parents. A série Blue Guitar é publicada como portfólio e em
livro. Realiza exposições retrospectivas em Madrid, Munique, Lisboa e
Teerã. Trabalha nos cenários e guarda roupa para a Flauta Mágica, de
Mozart, a exibir em Nova Iorque no ano seguinte. Completa a série
Looking at Pictures on a Screen. Expõe na Emmerich Gallery, em
Nova Iorque.
1978 – Expõe desenhos realizados entre 1962 e 1977, sob o título
Travels With Pen, Pencil and Ink, na International Exhibitions
Foundation, em Washington. Expõe desenhos em Viena. Viaja pela
Índia e pelo Egito. Trabalha em Nova Iorque com Kenneth Tyler, na
Paper Pools.
1978 – Fim do AI-5 no Brasil.
1979 – Expõe Paper Pools na Emerich Gallery, em Nova Iorque e na
Warehouse Gallery, em Londres. Passa algum tempo em Milão a
preparar os cenários para A Rake’s Progress, no La Scala. Realiza
1
3
uma exposição retrospectiva no Midland Group, em Nottingham.
Expõe a série Blue Guitar no Museum of Modern Art, em Nova Iorque.
1980 – Desenvolve um programa de colaboração com a Metropolitan
Opera com trabalhos de Satie, Poulenc, Ravel e Stravinsky. Expõe
desenhos na Emmerich Gallery, em Nova Iorque. Exposição Travels
with Pen, Pencil and Ink, na Tate Gallery, em Londres.
1981 – Viaja pela China, que resulta na publicação, pela Thames and
Hudson, do “Diário da China”, com textos de Stephen Spender.
1982 – Compra a casa de Montcalm Avenue, nas colinas de
Hollywood, que arrendava desde 1979. Ian Falconer passa a morar
com ele. Começa a trabalhar com colagem de fotografias.
1983 – Em maio deste ano tinha produzido mais de 200
fotocolagens. Expõe os seus trabalhos para ópera e teatro, no Walker
Art Center de Minneapolis.
1984 – Volta a pintar após quatro anos de interrupção. Dá início a
uma série de guaches de grande formato e de litografias a cor.
1985 – Produz quarenta e uma páginas para a revista francesa
Vogue, com desenhos, pinturas, fotografias e textos. No final do ano
inicia-se no desenho digital.
1986 – Realiza uma série de impressões caseiras, a partir de uma
fotocopiadora laser a cores, que denomina Hime Made Prints. É eleito
membro da Royal Academy of Arts de Londres. Desenha os cenários
para a ópera “Tristão e Isolda”, de Wagner, no Los Angeles Music
Center.
1988 – Concebe padrões para tapeçaria. Grande exposição
retrospectiva do seu trabalho, sobretudo pintura, no Los Angeles
County Museum of Art, no Metropolitan Museum de Nova Iorque e na
Tate Gallery de Londres. Compra uma segunda casa com um pequeno
estúdio em Malibu Beach. A partir de outubro produz colagens, que
envia por faz para todo o mundo e que são expostas em 1989.
1989 – Queda do Muro de Berlim.
1
4
1990 – Desenha os cenários para a ópera Tirandot, de Puccini para a
Lyric Opera de Chicago.
- Nelson Mandela é libertado depois de ter permanecido 27
anos e meio preso.
1991 – Cenários para a ópera Die Frau ohne Schatten, de Richard
Strauss, para a Royal Opera House Convent Garden. Produz uma
série de desenhos em computador. Realiza com base em textos de
diversos autores, o livro Hockney’s Alphabet, editado por Stephen
Spender, cija receita reverte na totalidade para a American Friends Of
AIDS Crisis Trust. Começa a série Some Very New Paintings.
- Guerra do Golfo.
1992 – Publicação do Segundo volume da autobiografia com o título
That’s the Way I See It. No final do ano dedica-se, intensamente ao
desenho.
1994 – Desenho dos cenários para a Operalia ’94, organizada por
Plácido Domingo, na Cidade do México. Exposição na 1853 Gallery,
em Saltaire, Yorkshire.
1995 – Inicia uma série de pinturas de pequeno formato em paralelo
com os grandes formatos da série Some Very New Paintings. Faz uma
grande retrospectiva dos seus desenhos na Royal Academy de
Londres, da qual resulta uma publicação da aurotia de Ulrich
Luckhardt e Paul Melia, A Drawing Retrospective.
1998 – Publicação de Dog Days, contendo desenhos e pinturas dos
seus cães que realizou entre 1993 e 1995.
2001 – Investiga os métodos e processos de trabalho dos grandes
mestres da pintura, publicando a obra Secret Knowledge –
Rediscovering the Lost Techniques of the Old Masters.
- Múltiplos atentados contra o World Trade Center; o Pentágono
e um terceiro alvo (Casa Branca ou Usina Nuclear de Three Mile
Island).
1
5
4. Considerações finais
“A sabedoria última da imagem é dizer:
‘isto é uma superfície’. Agora pense. Ou
melhor sinta, intua. O que está além
disso? Como deve ser a realidade? Se
parece com esta imagem?”
Susan Sontag

David Hockney soube se inquietar e não se deixou submeter ao


óbvio, ao desenvolver uma carreira artística em que a busca de novos
parâmetros para o meio fotográfico foi enfrentada coerentemente e
em larga escala o coloca como referência para uma geração de
artistas que estão em busca de novas narrativas capazes de fazer eco
a uma consciência crítica das implicações culturais de nossos dias.
Viver num mundo não essencialista deixou de constituir um
problema a ser enfrentado e superado. Um mundo de aparências,
onde apenas acontecimentos possuem status ontológico, não causa
mais sofrimento, pelo contrário. Livre da angústia moderna para
estabelecer uma nova ordem para as coisas, ou para dar sentido a
uma realidade sem sentido, a arte agora, acostumada à falência dos
paradigmas, poderá apresentar outros interesses.
O estudo sobre David Hockney, entretanto, serviu para rever
certas posições. Serviu, sobretudo, para me tornar mais flexível
frente às mudanças, menos receosa, mais aberta, permitindo
reaprender a olhar. É preciso abrir-se para o porvir e lembrar que não
fosse a dinâmica da cultura, estaríamos até hoje pintando caverna.
Chego ao final deste trabalho acreditando que a conclusão
mantém-se aberta. As pesquisas e as reflexões geradas não chegam
a uma conclusão, mas abrem um leque de possibilidades.
A própria transitoriedade do contemporâneo impede asserções
definitivas. Um dos fascínios exercidos pela arte contemporânea vem
exatamente da impossibilidade de se proferir qualquer juízo definitivo
a seu respeito. Além disso, qualquer tentativa de fazê-lo iria
1
6
contradizer a própria obra de David Hockney que se apóia na fluidez
da realidade.

5. Referências Bibliográficas

BAUDRILLARD, J. De um fragmento ao outro. São Paulo: Zouk, 2003.

CAUQUELIN, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo:


Martins Fontes, 2005.

GOMBRICH, E. H. A história da arte. Tradução de Álvaro Cabral. 16.


ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

GUINSBURG, J.; BARBOSA, A. M. (orgs) O pós modernismo. São


Paulo: Perspectiva, 2005.

MACHADO, Arlindo. “Anamorfose Cronotópicas ou a Quarta Dimensão


da Imagem”. in Imagem-Máquina. Editora 34.

MAMMÌ, Lorenzo; SCHWARCZ, Lilia Moritz. (orgs) 8X fotografia:


ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

THE Photographic Book. London: Phaidon Press Limited, 2000.

Site consultado:

www.hockneypictures.com
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6. Anexo Iconográfico

“Imagens são palavras que nos faltam.”


Manoel de Barros
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Mother, Bradford Yorkshire 1982, composite


polaroid, 56x23 1/2 in.
2
0

Don & Christopher, 1982 composite polaroid, 31 1/2 x 23


1/4 in.
2
1

Nicholas Wilder Studying Picasso, 1982 48 1/2 x 26 1/2 in.


2
2

Patrick Procktor Pembroke Studios,


London 1982, composite polaroid, 52 1/2 x 21 in.
2
3

Celia’s Children Albert + George Clark, composite polaroid,


35x23 1/4 in.
2
4

Still Life Blue Guitar, 1982 composite polaroid, 24 1/2 x30

Sun On The Pool 1982, composite polaroid, 24 3/4 x 36 1/4


2
5

Pearblossom Highway, 11th-18th April 1986, photographic


collage, 77x112 1/2 in.

Walking In The Zen Garden At Ryoanji Temple, Kyoto,


1983 photographic collage, 40 x 62 1/2 in.
2
6

Telephone Pole, 1982


photographic collage, 66x40 in.
2
7

Prehistoric Museum Near Palm Springs, 1982 photographic


collage 84 1/2 x 56 1/2 in.
2
8

Merced River, Yosemite Valley 1982, photographic collage,


edition: 20, 52x61 in.
2
9
Photographing Annie Leibovitz While She's Photographing
Me, 1983 photographic collage, edition: 4, 25 7/8 x 61
3/4 in.

Robert Littman Floating In A Pool, 1982 photographic


collage 22 1/2 x 30 in.

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