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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A)


PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
DA XXX REGIÃO.

Processo nº TRT XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, já qualificado nos


autos do , nos autos do Recurso Ordinário em epígrafe, interposto
pela XXXXXXXXXXXX (nome da empresa reclamada), data maxima
venia, não se conformando com a veneranda decisão proferida em
grau de Recurso Ordinário e amparada no artigo 896, § 6º da CLT,
vem respeitosamente à ilustre presença de Vossa Excelência, no
prazo legal, por intermédio de seu procurador in fine assinado,
interpor o presente

RECURSO DE REVISTA

para o Colendo Tribunal Superior do Trabalho, conforme lhe faculta o


art. 896, alíneas “a” e “c”,da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

Assim sendo, requer a Vossa Excelência, digne-se a


receber e mandar processar o presente RECURSO DE REVISTA, com
as inclusas razões do recorrente e conforme for de direito, deferindo o

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seu seguimento, uma vez que, no tocante à alínea “a” do artigo 896,
da CLT, acha- se amplamente demonstrada a interpretação diversa
que lhe deu outro Tribunal (TRT-xxxxxª Região), ao julgar caso
análogo, devendo no caso ser UNIFORMIZADA A JURISPRUDÊNCIA por
essa COLENDA CORTE SUPERIOR.

Ainda, quanto à alínea c do artigo 896, da CLT, acha-


se também amplamente demonstrada a violação literal de disposição
de lei federal e a afronta direta e literal à Constituição Federal, que o
v. acórdão recorrido lhe negou vigência.

Há nas razões do presente recurso a transcrição dos


trechos dos acórdãos que configuram o dissídio, onde se menciona as
circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados,
fazendo-se a prova da divergência mediante citação da fonte oficial
em conformidade ao disposto nos artigos Região, conforme segue no
anexo, em cumprimento do disposto nos artigos 541, parágrafo único,
do Código de Processo Civil e a alínea a do item III da Resolução nº
23 do TST, que determinam a realização do cotejo analítico entre o
acórdão recorrido e os paradigmas trazidos à colação e autoriza a
citação da fonte oficial para reconhecimento da divergência.

Houve o prequestionamento como se depreende da


interposição e julgamento dos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO,
tempestivamente opostos.

Termos em que, j. aos autos,

Pede deferimento.

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XXXXXXXXXXX

OAB/XXXXXXXXXXX

RAZÕES RECURSO DE REVISTA


Recorrente: XXXXXXXXXXXXXXXX

Recorrido: XXXXXXXXXXXXXXXXX

Processo: XXXXXXXXXXXXXXXXXX

Origem: ......... Vara do Trabalho de

COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


EGRÉGIA TURMA JULGADORA
Eminente Ministro Relator
PRESSUPOSTOS GENÉRICOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL.

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De conformidade com IN 23 TST, o recorrente vem


reiterar, de forma expressa, a presença dos pressupostos extrínsecos
para admissibilidade da presente revista, nos termos dos itens I, II e
III da mencionada instrução normativa, instituída pela Resolução
118/2003.

1. Dos requisitos extrínsecos

Conforme item I da IN 23 do TST, indicamos as folhas


dos autos em que se encontram:

a) Procuração do reclamante: fls (.....)

b) Procuração do patrono do recorrente –


XXXXXXXXXXXXX: fls. XXXXXX

c) Sentença que isentou o recorrente do depósito de


custas e preparo, mantida em sede de RO: fls.
XXX

d) Acórdão em Recurso Ordinário: fls.

e) Publicação do Acórdão Regional 06/01/2009:


fls_____

f) Embargos de declaração do recorrente


12/01/2009: fls._____

g) Publicação da decisão em Embargos de


declaração _____/____/______: fls __________

O recurso é tempestivo, uma vez que o acórdão foi


publicado em ___/___/___, conforme certidão lavrada à. Fl. _______, e o

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recurso protocolado em ___/___/____, preenchendo assim o


pressuposto da tempestividade.

O recorrente foi isento do recolhimento de custas


pela sentença de primeiro grau, sentença esta que foi mantida pelo
acórdão em Recurso Ordinário (fls_____), estando este regularmente
representada nos autos através de mandado de procuração.

PRESSUPOSTOS ESPECÍFICOS DE ADMISSIBILIDADE


RECURSAL.

RAZÕES DE ADMISSIBILIDADE

Na forma do item II da resolução 23 do TST, o


recorrente passa a demonstrar, conforme lhe cabe, o preenchimento
dos pressupostos intrínsecos do recurso de revista.

I Síntese da Controvérsia.

O recorrente ingressou com ação trabalhista junto à


Vara do Trabalho de XXXXXXXXXXXXXX pleiteando o reconhecimento
de vínculo empregatício por ter laborado com vendedor do período de
X/0X/XXXX a XX/XX/XXXX Em contestação, a recorrida afirmou ter
com o recorrente simples “parceria comercial autônoma”, assumindo
a prestação de serviços, contudo alegando que esta se passou sem
subordinação.

A sentença de primeiro grau julgou parcialmente


procedente a reclamação trabalhista, reconhecendo o vínculo
empregatício por entender presentes os requisitos do artigo 3º da CLT.

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Inconformados com a decisão a quo proferida pela


Exma. Juíza do Trabalho, recorrente e recorrido ingressaram com
recurso ordinário junto ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da
XXª Região. A reclamante pretendeu a reforma no que concerne ao
valor da remuneração e à multa do art. 477 da CLT. O recorrido, por
sua vez, pleiteou a reforma quanto aos temas: vínculo empregatício,
valor da remuneração e devolução de valores de comissões
descontadas.

No acórdão de fls. , em síntese, a Primeira Turma


do TRT da XXª Região acolheu a tese de que o reclamante era
vendedor autônomo, baseando-se nos seguintes fatos que
supostamente teriam sido comprovados na instrução:

A) não-utilização de uniforme e crachá;

B) não-participação do reclamante às reuniões na


reclamada;

C) riscos da atividade e despesas por conta do


reclamante.

Julgou assim procedente o recurso ordinário


reformando a decisão de primeiro grau, afastando o vínculo
empregatício, ficando prejudicada a análise dos demais pontos, entre
eles o desconto de comissões.

O
reclamante ingressou com EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO ( fls_____) pleiteando que o Egrégio Tribunal se

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manifestasse acerca do argumento jurídico exposto nas alegações


finais e contra-razões de recurso ordinário, sobre os quais se calou o
Tribunal em seu venerando acórdão. Em resumo o recorrente rogou
manifestação do E. TRT sobre pontos omissos, dentre eles
manifestação acerca da ausência de comprovação pela reclamada do
contrato civil supostamente existente entre as partes e a ausência de
registro do reclamante no CORE. Pleiteou ainda a manifestação do
Tribunal acerca dos descontos de comissões, não apreciados na
decisão do Recurso Ordinário.

II - Da Transcendência

O presente recurso merece provimento uma vez que,


nos termos do artigo 896-A, da CLT, o direito invocado é legítimo, tem
suporte na legislação vigente e jurisprudência dos Tribunais, além de
ser matéria de relevância social inequívoca.

III - Do prequestionamento

Para o imprescindível prequestionamento das


questões sustentadas nos autos, o reclamante recorrente interpôs os
EMBARGOS DECLARATÓRIOS de fls._________, rejeitados através do V.
Acórdão de fls____________, o que vem comprovar o
prequestionamento para fins de recurso de revista ante este E.
Tribunal Superior.

IV – PRELIMINARES

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a) Nulidade por negativa de prestação Jurisdicional afronta


aos artigo 5º, XXXV, e LV e 93, IX da constituição Federal,
artigo 832 da CLT e artigo 458 do CPC

Em que pese entendimento dos nobres julgadores do


Tribunal Regional do Trabalho da XXª Região, este, mesmo instado por
meio de embargos de declaração não se manifestou sobre várias
questões que deveriam ser apreciadas para a efetiva determinação
sobre a existência ou não da subordinação, condição sine qua non
para o reconhecimento do vínculo empregatício alegado na inicial
trabalhista.

1. Da não manifestação acerca da inversão do ônus probandi


e ausência de cotejo analítico e comparativo acerca dos
elementos subordinação x autonomia.

O reclamado em sua contestação admitiu a prestação


de serviços pelo reclamante durante o período alegado em sua
petição inicial, motivo pelo qual atraiu para si o ônus de comprovar os
fatos que por ventura afastassem o vínculo empregatício. Havendo a
prestação de serviços, a relação de emprego é presumida, cabendo
ao empregador afastá-la.

O recorrente pleiteou expressamente a manifestação


do Tribunal acerca da ausência de comprovação da representação
comercial vez que a prestação de serviços foi admitida. Ressaltou a
inexistência de um contrato de autônomo ou de parceria durante todo
o período laborado de forma contínua em atividade plenamente

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integrada à atividade-fim da Reclamada, fato incontroverso nos autos


o que foi reconhecidona r. sentença.

Foi levantada ainda a questão de não ter o


reclamante o registro no CORE ou órgão assemelhado que seria
indispensável para que a condição de vendedor/representante
comercial autônomo fosse admitida, mas a despeito disso o Tribunal
calou-se sobre o assunto.

O reclamante trouxe todas estas explanações em seu


recurso e nas contra-razões de recurso ordinário, mas a despeito
disso o E. TRT concluiu pelo afastamento sem manifestação sobre os
pontos levantados pela parte contrária.

Data venia, o v. acórdão apenas concluiu pela


inexistência do vínculo empregatício e conseqüentemente pelo
afastamento do disposto no artigo 3º da CLT, sem ao menos
estabelecer o indispensável paralelo entre as duas modalidades de
relacionamento afirmadas, respectivamente, na inicial (relação de
emprego) e na defesa (autonomia), com a conseqüente e essencial
abordagem técnico-jurídico do elemento subordinação - elemento
distintivo, por excelência, de uma e outra formas de contratação de
serviços.

A moderna doutrina é uníssona em admitir que a


importância da subordinação é tamanha na caracterização da relação
de emprego, que já houve juristas, como o italiano Renato Corrado,
que insistiram que não importava à conceituação do contrato
empregatício o conteúdo mesmo da prestação de serviços, mas, sim,

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a forma pela qual tais serviços eram prestados, isto é, se o eram


subordinadamente ou não. O marco distintivo formado pela
subordinação, no contexto das inúmeras fórmulas jurídicas existentes
para a contratação da prestação de trabalho, permite ao operador
jurídico cotejar e discriminar, com êxito, inúmeras situações fático-
jurídicas próximas.

O cotejo das hipóteses excludentes (trabalho


subordinado versus trabalho autônomo) abrange inúmeras situações
recorrentes na prática material e judicial trabalhista. Em todos esses
casos, a desconstituição do contrato civil alegado como existente
entre as partes supõe a prova da subordinação jurídica, em
detrimento do caráter autônomo aparente de que estaria se
revestindo o vínculo. No caso, mais grave foi a não manifestação do
E. Tribunal sobre a INEXISTÊNCIA DE CONTRATO de parceria comercial
autônoma, que pacificamente inverte o ônus da prova em favor do
reclamante.

O argumento considerado como essencial para o


afastamento do vínculo empregatício foi: (...)” Finalmente, obsta de
vez a pretensão do reclamante o fato de que o risco e as despesas da
sua atividade corriam por sua própria conta, ou seja, diferentemente
dos empregados vendedores, que tinham o salário fixo garantido, se
nada vendesse nada recebia e ainda arcava com os custos do
trabalho. Assim ele mesmo afirmou, repetidamente, em depoimento:
se nenhum negócio fosse vendido, nada recebia e tinha que suportar
suas despesas; (...) se nada vendesse não recebia nada e ainda
perdia o dinheiro gasto com as despesas .

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Como se constata, o v. acórdão tomou como base


para sua decisão o fato do reclamante ser remunerado apenas
através de comissões e deste ser obrigado a arcar com as despesas
de alimentação e locomoção. Ante a estes fatos – despesas de
locomoção e recebimento apenas de comissões – os argumentos do
autor no sentido de exercício da atividade tão-somente através da
empresa, o que comprova a sua falta de organização própria e risco
da atividade, deveriam ser trazidos á baila nem que seja para se
traçar um contra-ponto técnico necessário para a elucidação dos
fatos.

Além de a reclamada não haver celebrado qualquer


contrato seja de representação comercial, seja de representação
comercial, a prova constante nos autos revela que de relação jurídica
de representação comercial autônoma não se trata.

A Constituição Federal garante ao reclamante a


apreciação do seu direito e ainda impõe ao Tribunal a fundamentação
de suas decisões, sob pena de nulidade. Em não se manifestando, ou
se manifestando de maneira insuficiente mesmo após interposição de
embargos de declaração, fere de morte os artigos 5º, incisos XXXV, e
LV e 93, IX da Constituição Federal, bem como o artigo 458, II do CPC.

Desta feita, o recorrente requer a extinção do v.


acórdão e que a matéria retorne ao Tribunal ad quem para que este
se manifeste sobre as questões levantadas nos embargos de
declaração.

IV – Do mérito

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A) Da decisão recorrida

O Egrégio TRT da xxª região reformou a sentença de


primeiro grau, afastando o vínculo empregatício, acatando a tese da
reclamada sobre a autonomia das atividades do reclamante. Segue
íntegra da decisão recorrida:

ACÓRDÃO

1ª TURMA

Vistos, relatados e discutidos estes autos nos


quais figuram como partes as epigrafadas.

Inconformadas com a r. decisão de f. 202-209,


complementada às f. 253-256, proferida pela
Exma. Juíza do Trabalho Marina Brun Bucker,
que julgou procedentes em parte os pedidos
articulados na preambular, recorrem
ordinariamente as partes a este Egrégio
Tribunal.

A reclamada, pelas razões de f. 218-237,


pretende reforma quanto aos temas vínculo
empregatício, valor da remuneração e
devolução de valores. O reclamante, por seu
turno, às f. 263-273, pleiteia reforma no que
concerne ao valor da remuneração e à multa
do art. 477 da CLT.

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Depósito recursal e custas processuais


satisfeitos às f. 239 e 238, respectivamente.
Contra-razões apresentadas às f. 257-262,
pelo reclamante, e às f. 275-282, pela
reclamada.

Em razão do que prescreve o art. 115 do


Regimento Interno, os autos não foram
encaminhados ao d. Ministério Público do
Trabalho.

É o relatório.

VOTO

1 CONHECIMENTO

Presentes os pressupostos processuais de


admissibilidade, conheço dos recursos e de
ambas as contra-razões.

2 MÉRITO

2.1 RECURSO DA RECLAMADA

2.1.1 - VÍNCULO EMPREGATÍCIO

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Pretendendo afastar o vínculo de emprego


reconhecido na sentença, sustenta a
reclamada, em síntese, que o autor laborou
como vendedor autônomo e que não se
submetia às mesmas condições e
procedimentos de trabalho dos vendedores
empregados, inclusive recebendo comissão
superior.

Com razão. Incontroverso que a atividade do


reclamante consistia na venda de
motocicletas novas e usadas e, de fato, pelo
conjunto probatório, evidenciou-se a sua
condição de autônomo.

A reclamada contava também com


vendedores empregados e ficou claro o
tratamento diferenciado dispensado ao autor,
ao menos no que tange à forma de
remuneração e à obrigatoriedade de uso de
crachá e uniforme e participação em reuniões.

Com efeito, enquanto o autor era remunerado


exclusivamente por comissão, os vendedores
empregados da reclamada recebiam, além
desta, salário fixo. Ademais, o percentual de
comissões do reclamante era superior.

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Em depoimento, o autor disse que no primeiro


mês recebeu comissões de 2% sobre as
vendas e, a partir de então, ela foi elevada
para 3%. Afirmou, ainda, que sua comissão
Em depoimento, o autor disse que no primeiro
mês recebeu comissões de 2% sobre as
vendas e, a partir de então, ela foi elevada
para 3%. Afirmou, ainda, que sua comissão
era superior a dos demais vendedores da loja
e que a destes era de 1,5%, garantido o piso
salarial (f. 164-165), o que também foi
confirmado pelas testemunhas.

De outro lado, os empregados, incluindo os


vendedores, eram obrigados ao uso de crachá
e uniforme da empresa e, diariamente,
participavam de uma reunião antes do início
do expediente, o que não ocorria com o
reclamante.

A testemunha Adair, que foi vendedor na


reclamada, disse que usava crachá e
uniformes da empresa; assim como os demais
funcionários que trabalhavam dentro da loja;
afirmou, de outro lado, que o recte não usava
uniforme da recda nem crachá (f. 167).

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Outra testemunha, Rogério, também


vendedor empregado, afirmou que o recte
não participava dos cafés da manhã nem das
reuniões matutinas que antecediam o início
do expediente; (...) o depoente usava
uniforme e crachá; o recte não tinha uniforme
nem crachá; (...) as reuniões e café da manhã
eram realizados todos os dias (f. 175).

Conforme alegação do autor, ele teve de


restituir à empresa um determinado valor,
relativo ao recebimento de uma motocicleta
usada, dada por cliente na compra de uma
nova, que não teria ingressado na
contabilidade da empresa, o que fez mediante
cinco cheques. Ora, é claro que, se
empregado fosse, o procedimento comum
seria o desconto nas comissões futuras.

Finalmente, obsta de vez a pretensão do


reclamante o fato de que o risco e as
despesas da sua atividade corriam por sua
própria conta, ou seja, diferentemente dos
empregados vendedores, que tinham o salário
fixo garantido, se nada vendesse nada recebia
e ainda arcava com os custos do trabalho.

Assim ele mesmo afirmou, repetidamente, em


depoimento: se nenhum negócio fosse

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vendido, nada recebia e tinha que suportar


suas despesas; (...) se nada vendesse não
recebia nada e ainda perdia o dinheiro gasto
com as despesas (f. 164-165).

Nesse contexto, o simples fato de o autor


utilizar documentos próprios da empresa,
como formulários de pedidos e borderôs, e
encaminhar as propostas de financiamento
através da loja, como os vendedores
empregados, não implica o reconhecimento
do vínculo.

Por todo o analisado, insubsistente a tese


adotada pela r. sentença sob o aspecto de a
prestação de serviços do autor beneficiar a
atividade-fim do empreendimento da
reclamada, pois, como visto, é possível a uma
empresa ter trabalhadores subordinados e
trabalhadores autônomos. Os aspectos
jurídicos que distinguem estas condições, no
presente caso, e enquadram o reclamante
como tendo exercido atividade autônoma,
emergem dos seguintes fatos:

a) comissão de vendas superior a daqueles


trabalhadores subordinados;

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b) não-utilização de uniforme e crachá;

c) não-participação do reclamante às reuniões


na reclamada;

d) riscos da atividade e despesas por conta do


reclamante.

Ante o exposto, dou provimento ao recurso


para afastar o vínculo empregatício e, como
ele era o fundamento de todas as pretensões,
julgar improcedentes os pedidos elencados na
inicial, ficando prejudicada a análise do
recurso do reclamante. Inverto os ônus da
sucumbência quanto às custas processuais,
de cujo pagamento fica dispensado o autor
por ser beneficiário da gratuidade de justiça
(f. 208).

POSTO ISSO

ACORDAM os Desembargadores da Egrégia


1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da
Vigésima Quarta Região, por unanimidade,
em aprovar o relatório, conhecer dos recursos
e das contra-razões e, no mérito, dar
provimento ao recurso da reclamada para
afastar o vínculo empregatício e julgar

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improcedentes os pedidos elencados na


inicial, ficando prejudicada a análise do
recurso do reclamante, nos termos do voto do
Desembargador André Luís Moraes de Oliveira
(relator). Ausente, por motivo justificado, o
Desembargador Amaury Rodrigues Pinto
Junior.

Custas processuais dispensadas. Campo


Grande, 9 de dezembro de 2008.

ANDRÉ LUÍS MORAES DE OLIVEIRA


Desembargador Federal do Trabalho
Relator

Sem ofuscar o brilhantismo das decisões proferidas


pelo Egrégio Tribunal Regional do Trabalho, xx região, entende o
recorrente que esta específica decisão merece ser reformada porque,
data maxima venia, está conflitante com as normas vigentes que
regem a matéria e a pacífica jurisprudência dos tribunais.

Assim, pretende o Recorrente buscar, pela via do


duplo grau de jurisdição, a decisão final que possa derramar justiça
no deslinde da demanda em tela. Para tanto, respeitosamente, vem
expor suas razões, articuladamente, como a seguir:

B) Cabimento do Recurso de Revista pela alínea


“a” do artigo 896 da CLT

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b.1) Dissenso interpretativo do artigos 1º e 2º


da Lei 4.886/65 e 333, II, do CPC

O presente recurso comporta cabimento com


fundamento na alínea “a” do artigo 896 da CLT, vez que a decisão
recorrida foi proferida em total divergência a orientação
jurisprudencial dada pelo TRT da Segunda Região no ACÓRDÃO
NUMERO: 20060196542, publicado no DOE SP, PJ, TRT 2ª, em
04/04/2006, em similar situação, evidenciando, assim, notório
dissenso interpretativo sobre a aplicação do artigo 333, inciso II do
CPC e artigos 1º e 2º e 40 da Lei 4.886/65.

Para o cotejo analítico entre o V. Acórdão recorrido e


os paradigmas trazidos à colação, o Recorrente pede vênia para
oferecer a transcrição dos trechos dos acórdãos que configuram o
dissídio, onde se menciona as circunstâncias que identificam ou
assemelham os casos confrontados, fazendo-se a prova da
divergência mediante reprodução de julgado disponível no TRT da 10ª
Região, com indicação da respectiva fonte, em cumprimento do
disposto nos artigos 541, parágrafo único, do Código de Processo Civil
e artigo do RITST, como se segue:

Trecho extraído do V. Acórdão


recorrido:

ACÓRDÃO RECORRIDO

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“Por todo o analisado, insubsistente a


tese adotada pela r. sentença sob o
aspecto de a prestação de serviços do
autor beneficiar a atividade-fim do
empreendimento da reclamada, pois,
como visto, é possível a uma empresa ter
trabalhadores subordinados e
trabalhadores autônomos. Os aspectos
jurídicos que distinguem estas
condições, no presente caso, e
enquadram o reclamante como
tendo exercido atividade autônoma,
emergem dos seguintes fatos: a)
comissão de vendas superior a
daqueles trabalhadores
subordinados; b) não-utilização de
uniforme e crachá; c) não-
participação do reclamante às
reuniões na reclamada; d) riscos da
atividade e despesas por conta do
reclamante.”

Trecho extraído do V. Acórdão


divergente, configurando o dissídio
jurisprudencial:

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1º ACÓRDÃO PARADIGMA
DIVERGENTE

TRIBUNAL: 2ª Região

ACÓRDÃO NUM: 20060196542 DECISÃO:


23 03 2006

TIPO: RO01 NUM: 01469 ANO: 2005

NÚMERO ÚNICO PROC: RO01 - 01469-


2003-301-02-00

RECURSO ORDINÁRIO

TURMA: 1ª

ÓRGÃO JULGADOR - PRIMEIRA TURMA

FONTE: DOE SP, PJ, TRT 2ª Data:


04/04/2006 PG: 234

EMENTA

"É condição de reconhecimento da


ativação como vendedor autônomo o
contrato escrito e registro do
profissional no respectivo Conselho
Regional. Comando da Lei 4866/65.
Apelo parcialmente provido."

(...). Para se distinguir a relação de


vendedor empregado da ativação como

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vendedor autônomo, a primeira


estabelecida na forma da Lei 3.207, de
1957, a segunda sob o comando da Lei
4.886, de 1965, é necessário que se
observe se houve a contratação por
escrito e que o se dizente vendedor
autônomo esteja devidamente registrado
no Conselho Regional. E que
remuneração seja acompanhada por
recibos fiscalmente válidos.”

Nota-se que em situações similares, onde os


reclamados alegaram ser os reclamantes vendedores autônomos,
mediante existência de avença de natureza civil entre eles,
pleiteando afastamento de vínculo empregatício, os tribunais
regionais em tela deram interpretações divergentes sobre a
comprovação da existência de relação autônoma.

A decisão recorrida entendeu ser irrelevante o fato de


não ter o reclamado comprovado a “parceria comercial autônoma”
como lhe cabia, baseando a sua decisão em fatores diversos, pouco
importando se havia ou não contrato escrito ou inscrição do
reclamante no CORE ou qualquer órgão assemelhado de forma a
comprovar sua atividade autônoma.

O reclamante exaustivamente argumentou em suas


alegações finais, contra-razões de recurso ordinário e posteriormente
em sede de embargos de declaração, acerca do ônus probandido
reclamado de comprovar a avença civil alegada na inicial. Segundo

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entendeu o TRT da 2ª Região, no julgamento do RO 01469-2003-301-


02-00, tais requisitos seriam essenciais para se considerar a
tese da reclamada de que o recorrente/reclamante era de fato
vendedor autônomo. Ainda, segundo o acórdão paradigma, tal
avença civil somente poderia ser comprovada através de contrato
escrito e registro no CORE.

Segundo ementa do acórdão paradigma: “É


condição de reconhecimento da ativação como vendedor
autônomo o contrato escrito e registro do profissional no
respectivo Conselho Regional.”

A ausência de comprovação de existência do


contrato civil pelo recorrido foi objeto de Embargos de Declaração e o
E. Tribunal manteve a interpretação dada em sede de Recurso
Ordinário, desconsiderando completamente o fato de não ter o
reclamado juntado qualquer prova documental da suposta avença
comercial, de forma a comprovar a autonomia do recorrente no
exercício das atividades fim da empresa.

Em outra manifestação em caso similar, o TRT da 2ª


Região novamente se manifestou acerca da necessidade da
comprovação da condição de vendedor autônomo através de contrato
escrito e inscrição do vendedor no CORE ou órgão assemelhado:

TRIBUNAL: 2ª Região

ACÓRDÃO NUM: 20050893585 DECISÃO:


05 12 2005

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TIPO: RO01 NUM: 00957 ANO: 2004

NÚMERO ÚNICO PROC: RO01 - 00957-


2003-433-02-00

RECURSO ORDINÁRIO

TURMA: 9ª

ÓRGÃO JULGADOR - NONA TURMA

FONTE DOE SP, PJ, TRT 2ª Data:


27/01/2006 PG:

PARTES

RECORRENTE(S): SÃO JORGE ALBRASA


ALIM BRASIL SA

RECORRIDO(S): SEBASTIÃO ELCI


TEIXEIRA

RELATOR LUIZ EDGAR FERRAZ DE


OLIVEIRA

REVISOR(A) JOSE CARLOS FOGACA

EMENTA Vendedor autônomo.


Representação comercial. Lei 4886. A
representação comercial autônoma,
por ser profissão regulamentada,
exige contrato escrito (art. 40 da lei)
e o respectivo registro do
representante no seu conselho

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regional. São condições "sine qua


non" para a existência válida do
contrato.

DECISÃO por unanimidade de votos, não


conhecer do recurso quanto à justa
causa, por inovatória a discussão, bem
como rejeitar as preliminares; no mérito,
por igual votação, dar parcial provimento
ao recurso para determinar que a
atualização monetária das parcelas da
condenação seja procedida nos termos do
voto e Súmula 381 do C. TST. Para fins de
condenação e custas, manter o valor
arbitrado em primeiro grau.

O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região


igualmente decidiu questão onde o reclamante alegou existência de
prestação de serviços autônomos por vendedor externo, e no acórdão
deu similar resposta à dada pelo TRT da 2ª região no acórdão
paradigma:

TRIBUNAL: 15ª Região

ACÓRDÃO NUM: Acórdão: 008478/1994

DECISÃO: 01 12 1999

TIPO: RO NUM: 017606

ANO:1992

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NÚMERO ÚNICO PROC: RO -

TURMA: TU1 - Primeira Turma

FONTE DOE DATA: 01-12-1999

PARTES

Recorrente: PIONEIRA SERVIÇOS S/C LTDA

Relator: MILTON DE MOURA FRANÇA

EMENTA

Vendedor autônomo - Inexistência de


inscrição nos órgãos competentes
(CORE; Prefeitura - INSS, etc...) e
falta de mínima capacidade
econômica para suportar os riscos
da atividade - Confissão da reclamada
de que o "auxiliava" nas despesas,
permitindo inclusive o uso de seu
estabelecimento comercial - Trabalho
pessoal, mediante remuneração salarial
(comissão) e subordinação - Configurada
a relação empregatícia - Recurso não
provido.

Uma vez que o reclamado reconheceu a prestação de


serviços pelo reclamante, mas negou-lhe a condição de seu
empregado, o ônus de provar a qualidade de autônomo do autor
recaiu sobre ele, eis que, ao agitar a existência de fato impeditivo do
direito do recorrente, a ele incumbia a demonstração cabal de tal

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situação a teor do artigo 333, II, do CPC, aplicado subsidiariamente ao


processo do trabalho por força do artigo 769 da CLT.

O reclamante/recorrente exercia funções inseridas na


atividade fim da empresa reclamada, portanto cumpria a esta trazer
aos autos provas cabais de que a sua atividade se desenvolvia de
forma autônoma, sendo indispensável para tanto, segundo acórdão
paradigma, a apresentação do contrato escrito de avença civil e ainda
da inscrição do reclamante no Conselho regional respectivo ou
recolhimento de tributos que comprovassem a sua autonomia.

Ressaltam-se, mais uma vez, que o ônus probandi


distribuído à reclamada cabe tão-somente a ela, sendo prescindível a
apresentação de prova contrária pela parte adversa. Ou seja, não se
desincumbindo a parte de seu ônus probatório, o Juízo deve decidir
em seu desfavor, independente da apresentação de prova pela parte
contrária.

b.2) Dissenso interpretativo do artigo 3º da


CLT

O v. acórdão recorrido não apenas deu interpretação


divergente dos artigos 1º e 2º e 40 da Lei 4.886/65, desconsiderando
a obrigatoriedade de contrato escrito e registro no Conselho Regional
para o afastamento do vínculo empregatício, mas também baseou a
reforma da decisão de primeiro grau em elementos que, segundo
jurisprudência majoritária dos Tribunais, não são essenciais para o
afastamento do vínculo descrito no artigo 3º da CLT.

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Pelo mesmo fundamento, o presente recurso


comporta ainda cabimento, vez que a decisão recorrida foi proferida
em total divergência a orientação jurisprudencial dada pelo TRT da
décima Região, no acórdão nº TIPO: RO NUMERO: 01676 ANO: 2002,
publicado no DOE 13/09/2002 região em similar situação,
evidenciando, assim, novo dissenso interpretativo sobre a aplicação
do artigo 3º da CLT.

Trecho extraído do V. Acórdão


recorrido:

ACÓRDÃO RECORRIDO

“Nesse contexto, o simples fato de o


autor utilizar documentos próprios
da empresa, como formulários de
pedidos e borderôs, e encaminhar as
propostas de financiamento através
da loja, como os vendedores
empregados, não implica o
reconhecimento do vínculo. “

Por todo o analisado, insubsistente a


tese adotada pela r. sentença sob o
aspecto de a prestação de serviços
do autor beneficiar a atividade-fim
do empreendimento da reclamada,
pois, como visto, é possível a uma

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empresa ter trabalhadores subordinados


e trabalhadores autônomos. Os aspectos
jurídicos que distinguem estas condições,
no presente caso, e enquadram o
reclamante como tendo exercido
atividade autônoma, emergem dos
seguintes fatos:

a) comissão de vendas superior a


daqueles trabalhadores subordinados;

b) não-utilização de uniforme e crachá;

c) não-participação do reclamante às
reuniões na reclamada;

d) riscos da atividade e despesas por


conta do reclamante.

ACÓRDÃOS PARADIGMAS

Processo: 00101-2002-015-10-00-5 RO
(Ac. 1ª Turma)

TRT 10ª REGIÃO


15ª VARA DO TRABALHO DE
Origem:
BRASÍLIA/DF
Juiz(a) da ROSARITA MACHADO DE
Sentença: BARROS

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PEDRO LUIS VICENTIN


Juiz(a) Relator:
FOLTRAN
Juiz(a) Revisor: FERNANDO A. V. DAMASCENO
Julgado em: 28/08/2002
FONTE:
Publicado 13/09/2002
em DOE/DF:
BRITISH AND AMERICAN
Recorrente:
CENTRO DE IDIOMAS LTDA
Advogado: Alceste Vilela Júnior
MARCOS PAULO DA SILVA
Recorrido:
CARDOSO
Advogado: Ubiratan Batista Pedroso

VÍNCULO EMPREGATÍCIO.
CARACTERIZAÇÃO. Não há como
considerar autônomo o trabalhador
que desenvolve atividades que se
coadunam com os objetivos da
empresa, utilizando os meios por ela
oferecidos, máxime quando a
reclamada mantém empregados
registrados exercendo as mesmas
funções do reclamante.

TRIBUNAL: 13ª Região

ACÓRDÃO NUM: 057293 DECISÃO: 14 12


1999

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TIPO: REOR NUM: 3120 ANO: 1999

NÚMERO ÚNICO PROC: REOR –

FONTE: D.O.E 05-08-2000

PARTES

RECORRENTE: NERI CAMEJO RIBEIRO

RECORRIDA: LIFE MÍDIA HUMANA -


INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA

RELATOR Edvaldo de Andrade

EMENTA

Comercialização de mercadorias.
Atividade essencial da empresa.
Vendedor. Ingerência patronal. Existência
de vínculo empregatício. Evidenciando-
se imprescindível ao sucesso da
atividade empresarial a espécie de
serviço executado pelo demandante
(venda de mercadorias) e
observando-se que a demandada
detinha o controle das transações
comerciais intermediadas por ele,
resta afastada a hipótese de
trabalho autônomo, fazendo-se mister
o reconhecimento do vínculo
empregatício entre as partes.

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O reclamado admitiu que o reclamante prestava


serviços na venda de motocicletas, o que está plenamente inserido
na atividade fim da empresa. A recorrida mantinha vendedores
empregados, exercendo as mesmas funções do
recorrente/reclamante, fato que serviu de embasamento para a
decisão recorrida. Segundo trecho extraído do acórdão a quo:

“A reclamada contava também com


vendedores empregados e ficou claro o
tratamento diferenciado dispensado ao autor,
ao menos no que tange à forma de
remuneração e à obrigatoriedade de uso de
crachá e uniforme e participação em
reuniões.” (g.n)

O TRT em sede de Recurso Ordinário, não considerou


o fato de que o reclamante desenvolvia trabalho inserido diretamente
na atividade lucrativa fim da empresa reclamada. Como é patente,
existe divergência entre o entendimento dos Tribunais quanto ao fato
de ter o reclamado mais vendedores empregados desempenhando
iguais funções: para o TRT da 24ª região é fato irrelevante e ainda
ajudou a comprovar a subordinação uma vez que os vendedores
internos recebiam comissões inferiores. Para o TRT da 10ª
Região, por outro lado, o fato de ter a empresa outros
vendedores “empregados” é apenas uma comprovação da
intenção de burlar a legislação trabalhista:

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“máxime quando a reclamada mantém


empregados registrados exercendo as
mesmas funções do reclamante. (g.n)

Para o Tribunal Regional o fato do


reclamante/recorrente utilizar documentos próprios da empresa
reclamada, como formulários de pedidos e borderôs, e encaminhar as
propostas de financiamento através da loja, como os demais
empregados, é irrelevante para o reconhecimento do vínculo, o que
diverge notoriamente do acórdão paradigma número . 3120
do Tribunal Regional da 13ª Região, publicado no Diário
Oficial do Estado em 05/08/2000.

De fato, se este se utilizava de toda a estrutura da


empresa para exercer suas funções, pouco importa se este arcava
com as próprias despesas de alimentação e locomoção, eis que se
trata de imposição feita pela reclamada em uma tentativa de
transferir ao reclamante o custo de sua atividade lucrativa.

Como fundamento para afastar o vínculo


empregatício, o Tribunal entendeu que existia tratamento
diferenciado entre os empregados internos e o reclamante/recorrente,
que se resumiam em: a) comissão de vendas superior a daqueles
trabalhadores subordinados; b) não-utilização de uniforme e crachá;
c) não-participação do reclamante às reuniões na reclamada; d) riscos
da atividade e despesas por conta do reclamante. Passemos a
analisar o acórdão pelos próprios fundamentos utilizados para afastar
o vínculo empregatício declarado em sentença de primeiro grau:

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 Comissão de vendas superior a


daqueles trabalhadores subordinados

Para o Tribunal a quo o fato do reclamante/recorrente


receber percentual de comissões superior aos demais vendedores
internos seria um dos aspectos jurídicos que distinguiriam as
condições e enquadrariam o reclamante como tendo exercido
atividade autônoma. Neste sentido se manifestou:

“Ademais, o percentual de comissões


do reclamante era superior.
Em depoimento, o autor disse que no
primeiro mês recebeu comissões de
2% sobre as vendas e, a partir de
então, ela foi elevada para 3%.
Afirmou, ainda, que sua comissão era
superior a dos demais vendedores da loja
e que a destes era de 1,5%, garantido o
piso salarial (f. 164-165), o que também
foi confirmado pelas testemunhas. “(g.n)

O E. Tribunal utilizou-se do fato de receber o


reclamante, comissão em percentual superior aos demais empregado
contudo não atentou para o fato de que as mesmas testemunhas
citadas no v. acórdão para comprovação da não utilização de
uniforme e crachá pelo reclamante também recebiam comissões
variáveis.

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A
testemunha Adair José de Castro, vendedor
empregado da empresa reclamada, citada pelo acórdão para
comprovação de não uso de uniforme pelo reclamante, afirma
categoricamente no mesmo depoimento (fls 165/166) suas comissões
também eram variáveis, pois o valor era resultado de negociação
com a empresa:

(...) “ o depoente trabalhou como


vendedor interno, para a recda no
período de novembro de 2004 até abril
de 2008; recebia o piso mais comissão
variada de 1% a 2%, conforme a
negociação; o depoente tinha cotas a
cumprir e estas eram variadas de um
mês para o outro; a média de cotas do
depoente era de 10 a 15 negócios ao
mês;” (...)(destaquei).

O recorrente não visa aqui tentar por via oblíqua


tentar uma reapreciação do quadro fático-probatório, o que
expressamente vedado em sede de recurso de revista. Contudo, não
se pode olvidar que a decisão recorrida valorou de forma duvidosa os
depoimentos colhidos. O depoimento da testemunha citada pelo
acórdão recorrido afasta um dos “fatos” utilizados como
comprovador do tratamento diferenciado entre o reclamante e os
vendedores internos: vendedores empregados também
tinham comissões variáveis e conseqüentemente

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ganhavam uns mais do que os outros entre si, sem implicar


em tratamento diferenciado.

Com efeito, a V. Acórdão olvidou em aclarar que o


fato do Reclamante receber comissão de vendas superior a de outros
vendedores se deu em razão da negociação do aumento da cota
de vendas a ser cumprida e atribuída a ele pela Reclamada (mais
que o dobro da cota atribuída aos demais vendedores
externos); em menos palavras: o Reclamante trabalhava como
vendedor externo e cumpria a mesma cota de vendas dos
vendedores internos.

Ademais, o artigo 3º da CLT, não trata de valores


exigindo apenas a onerosidade para que se configure o vínculo
empregatício.

 Não utilização de
uniforme e crachá

Um dos fundamentos do acórdão recorrido para o


reconhecimento da suposta autonomia do reclamante foi a não
utilização de crachás e uniforme, baseado no depoimento da
testemunha Adair conforme se extrai do próprio acórdão:

“A testemunha Adair, que foi vendedor na


reclamada, disse que usava crachá e
uniformes da empresa; assim como os
demais funcionários que trabalhavam
dentro da loja; afirmou, de outro lado,

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que o recte não usava uniforme da recda


nem crachá (f. 167).”

A mesma testemunha citada pelo v. acórdão como


sustentáculo para a sua presunção de que o reclamante não
trabalhava uniformizado foi incisiva em dizer NO MESMO
DEPOIMENTO, que este usava camisetas com a logomarca da
empresa recorrida:

(...) “o recte usava camisas


fornecidas pela Honda com sua
logomarca normalmente fornecidas
em razão do atingimento de metas
ou cotas pelo vendedor;”... fl. 166.

O acórdão considerou apenas parte do depoimento


da testemunha citada em prejuízo do reclamante, ignorando a
afirmação da mesma testemunha de que o reclamante recebia
camisetas com a logomarca da empresa reclamada para que fossem
usadas por ele.

O TRT cita ainda em sua decisão depoimento da


testemunha Rogério

“Outra testemunha, Rogério, também


vendedor empregado, afirmou que o recte
não participava dos cafés da manhã nem das
reuniões matutinas que antecediam o início do
expediente; (...) o depoente usava uniforme e crachá;

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o recte não tinha uniforme nem crachá; (...) as


reuniões e café da manhã eram realizados todos os
dias (f. 175).”

Curiosamente, o E. Tribunal ignorou que no mesmo


depoimento a testemunha mencionada no acórdão confirmou que
uma das camisetas utilizadas pelo recorrente em audiência de
instrução e julgamento com a logomarca do Consórcio Honda e da
empresa, foi fornecida pela reclamada (fls. 174).

Este não foi o único ponto no qual o Tribunal deu


valoração diferente para depoimentos, ignorando partes que
pudessem favorecer o reclamante e utilizando como supedâneo da
decisão, trechos desfavoráveis.

 Não-participação do reclamante às
reuniões na reclamada

A não participação do reclamante às reuniões não é


suficiente para que se afaste o vínculo empregatício, uma vez que o
procedimento de vendas foi combinado com a própria reclamante que
dispensou a sua participação. Tal foi trazido ao processo pelo
reclamante através de seu depoimento, que também foi citado pelo v.
acórdão para efeitos de confirmação do fato de receber comissões em
valor superiores aos demais vendedores, o que teoricamente
corroboraria a tese da autonomia dos serviços prestados:

Ademais, o percentual de comissões


do reclamante era superior. Em

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depoimento, o autor disse que no


primeiro mês recebeu comissões de 2%
sobre as vendas e, a partir de então, ela
foi elevada para 3%. Afirmou, ainda,
que sua comissão era superior a dos
demais vendedores da loja e que a
destes era de 1,5%, garantido o piso
salarial (f. 164-165) (...)g.n

Como se pode constatar o depoimento do reclamante


foi utilizado para confirmar o fato de que este recebia comissões
superiores o que implicaria em um tratamento diferenciado em
relação aos demais vendedores. Contudo, o trecho em que o
reclamante informa ao juízo os motivos pelos quais foi dispensado
pela própria reclamada de comparecer às reuniões, foi omitido pelo
acórdão.

(...) “o depoente antes de ser


contratado pela recda, trabalhava no
Banco do Brasil; vendendo produtos
do banco; trabalhava com os
produtores rurais dentro da linha de
crédito rural; vendia financiamentos
e outros produtos; como os clientes
da recda se utilizavam de uma linha
de crédito do banco do Brasil - CDC
veículos o depoente sugeriu que
fosse adotado procedimento
semelhante;” (...) (fls. 163)

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O reclamante procurava pelos clientes do Banco e


lhes oferecia os produtos. Essa foi a estratégia aprovada pela
reclamada e por isto era o recorrente foi dispensado das reuniões. Se
o fito das reuniões era exatamente definir estratégias de venda, nada
mais coerente que a reclamada dispensar a presença do reclamante,
que tinha estratégia sui generis.

Ademais, a participação do reclamante no curso


ministrado pelas financeiras sobre os planos, prazos e taxas de
financiamentos não era dispensada.

Desta feita, demonstra-se que mais uma vez o E.


Tribunal Regional valorou de maneira confusa depoimento, trazendo à
decisão apenas a parte que teoricamente não favorecia o reclamante.

 Risco da atividade por conta da


reclamante

Segundo o acórdão recorrido, in verbis:

“Conforme alegação do autor, ele teve de


restituir à empresa um determinado
valor, relativo ao recebimento de uma
motocicleta usada, dada por cliente na
compra de uma nova, que não teria
ingressado na contabilidade da empresa,
o que fez mediante cinco cheques. Ora,
é claro que, se empregado fosse, o

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procedimento comum seria o


desconto nas comissões futuras.

Finalmente, obsta de vez a


pretensão do reclamante o fato de
que o risco e as despesas da sua
atividade corriam por sua própria
conta, ou seja, diferentemente dos
empregados vendedores, que tinham
o salário fixo garantido, se nada
vendesse nada recebia e ainda arcava
com os custos do trabalho. “ (g.n)

Jamais o recorrente assumiu risco da atividade


empreendida pela recorrida. Este realmente foi indevidamente
responsabilizado no pagamento de vultosa importância, por suposto
prejuízo, sem direito de defesa e sem qualquer prova de culpa sua.
Contudo, o desconto das comissões foi efetivamente
realizado, sendo este o segundo ponto levantado pelo
recorrente e não apreciado pelo Tribunal a quo.

Veja que o próprio acórdão recorrido afirma


categoricamente que “se empregado fosse, o procedimento
comum seria o desconto nas comissões futuras”. De fato as
comissões foram descontadas, o que resultou em um dos pedidos
contidos na inicial e apreciado pela MM. Juíza de primeiro grau,
questão sobre a qual calou-se o Tribunal Regional.

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O Tribunal Regional ainda considera como prova de


autonomia e que a atividade corria por conta e risco do recorrente o
fato deste receber somente comissões pelas vendas, ignorando o fato
de que este tomava os mesmos procedimentos de vendas que os
demais vendedores internos, utilizando-se de borderôs, formulários e
encaminhar os pedidos de financiamento diretamente à empresa
reclamada.

C) Cabimento do Recurso de Revista pela alínea


“c” do artigo 896 da CLT

A decisão regional considerou como determinante


para a não aplicação do artigo 3º da CLT e conseqüentemente do
vínculo empregatício reconhecido pela sentença de primeiro grau, o
depoimento do reclamante. Pedimos venia para transcrever o trecho
do acórdão que demonstra ter sido o depoimento do reclamante
tomado como confissão da sua suposta condição de autonomia:

(...)”Ademais, o percentual de comissões


do reclamante era superior.

Em depoimento, o autor disse que


no primeiro mês recebeu comissões de
2% sobre as vendas e, a partir de então,
ela foi elevada para 3%. Afirmou,
ainda, que sua comissão era superior a
dos demais vendedores da loja e que a

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destes era de 1,5%, garantido o piso


salarial (f. 164-165)

(...)
Finalmente, obsta de vez a
pretensão do reclamante o fato de
que o risco e as despesas da sua
atividade corriam por sua própria conta,
ou seja, diferentemente dos empregados
vendedores, que tinham o salário fixo
garantido, se nada vendesse nada
recebia e ainda arcava com os custos do
trabalho.

Assim ele mesmo afirmou,


repetidamente, em depoimento: se
nenhum negócio fosse vendido, nada
recebia e tinha que suportar suas
despesas; (...) se nada vendesse não
recebia nada e ainda perdia o dinheiro
gasto com as despesas (f. 164-165). (...)
g.n

Contudo, a decisão regional considerou e destacou


apenas PARTES do depoimento pessoal do reclamante divorciadas do
contexto, ferindo de morte o princípio da indivisibilidade do
depoimento pessoal, consagrado pelo artigo 354 do CPC.

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Reconhecida a violação ao disposto no artigo 354 do


Código de Processo Civil, impõe-se o exame pelo E. Tribunal Regional
da prova produzida para a correta aplicação do direito.

Da leitura atenta do depoimento pessoal do autor às


fls. 164-165, percebe-se que a informação utilizada pelo v. acórdão
com relação às comissões diferenciadas foi divorciada do seu
contexto. Transcrevemos o trecho do depoimento do autor,
destacando a parte utilizada pelo TRT em seu v acórdão:

(...) o reclamante firmou com a recda. a


título de experiência uma cota de 10
negócios (consórcio e moto) no primeiro
mês, mediante comissão de 2%; os
demais funcionários da Honda
recebiam 1,5%; o depoente vendeu 14
negócios; no segundo mês a cota foi
aumentada para 15 negócios ao mês e a
comissão a 3%; se a cota não fosse
atingida a comissão sofria redução até o
mínimo de 1,5% (...)

Na realidade, a afirmação contida no depoimento


demonstra que a comissão do recorrente era proporcional a sua cota
de vendas, o que foi confirmado pelos vendedores internos
“empregados”, que também recebiam comissões variáveis (a ser
estabelecida de acordo com a cota de vendas). Assim, a comissão
não passou a ser aumentada sem razão, mas sim por imposição de
cotas mais elevadas OBRIGATÓRIAS de vendas pela reclamada. No

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mesmo contexto do trecho pinçado pelo TRT, o recorrente afirma que


“se a cota não fosse atingida a comissão sofria redução até o
mínimo de 1,5%”.

A prova testemunhal produzida, consistente nos


depoimentos das testemunhas, principalmente dos vendedores
empregados, deve ser apreciada como um todo. A testemunha da
Rogério Ferreira, um dos vendedores internos da recorridaesclareceu
fls.174/175:

(...) “Trabalhou para a recda de 2001 a


fevereiro de 2008, como vendedor
interno; (...) o depoente tinha uma
meta de 20 vendas por mês; (...)
todos os demais vendedores tinham
metas; (...) a cometa trabalha com
vendedores externos; não sabe
informar as metas de cada
vendedor; as metas servem para
estimular o vendedor e são
negociadas entre ele e a empresa;
(...)”

No mesmo sentido o testemunho de Adair José de


Castro às fls. 165/166:

(...) “ o depoente trabalhou como


vendedor interno, para a recda no
período de novembro de 2004 até abril

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de 2008; recebia o piso mais comissão


variada de 1% a 2%, conforme a
negociação; o depoente tinha cotas a
cumprir e estas eram variadas de um
mês para o outro; (...)(destaquei).

Assim, o trecho do depoimento do recorrente


considerado para a conclusão de que este recebia comissões
superiores aos demais vendedores, argumento citado no item A como
sendo um dos fatos determinantes do reconhecimento da autonomia
das atividades do reclamante, deve ser analisado em conjunto com as
demais provas testemunhais, que comprovam o restante do
depoimento onde o recorrente afirma que a comissão dependia de
negociação e da imposição de cotas: quanto maior a cota, maior a
comissão.

O segundo ponto considerado pelo E. Tribunal a quo,


considerado por este como determinante para jogar por terra o
vínculo empregatício ora reconhecido pela sentença de primeiro grau
também foi retirado do depoimento pessoal fora do contexto em que
deveria ser analisado, senão vejamos (trecho extraído do depoimento
pessoal do recorrente com destaque ao que foi utilizado pelo TRT):

(...)o depoente passava pela manhã na


loja e pegava os termos de consórcio e as
fichas propostas de financiamento; caso
fosse entabulado um provável negócio o
depoente necessariamente retornava à
loja para que a proposta via fax ou

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computador, fosse encaminhada para o


escritório da financeira; havia
obrigatoriedade de que esse
procedimento fosse realizado
exclusivamente nas dependências da
empresa; em média passava 4 propostas
por dia; a medida que as propostas iam
sendo aprovadas a funcionária da recda
informava o depoente que então
montava o processo de venda e
entregava para o gerente tirar o pedido;
a comissão era paga por mês ou por
quinzena; caso tivesse algum saldo de
vendas conseguia um adiantamento com
o gerente, se precisasse; o depoente
vendia produtos exclusivamente da recda
(motos e cotas de consórcio); a comissão
do depoente era superior a dos demais
vendedores da loja, porque o combinado
com o gerente é que sua cota (15 motos
depois 13) deveria ser cumprida
integralmente, sendo que caso contrário
sofria redução no percentual da
comissão; se nada vendesse não
recebia nada e ainda perdia a o
dinheiro gasto com as despesas; a
cota dos demais vendedores externos era
de 6 negócios por mês e a comissão era
de 1,5%, garantido o piso salarial, e, se o

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vendedor não atingisse a cota em 3


meses de contrato era demitido;

Da leitura do depoimento de onde foi extraída apenas


a última parte, conclui-se que as despesas que o reclamante afirma
que “ficavam por sua conta” eram as referentes a transporte e
alimentação impostas indevidamente pela recorrida. O que foi dito
pelo recorrente, e comprovado pelas demais testemunhas, atesta
exatamente que todo o procedimento de vendas era feito através da
empresa, da mesma forma que ocorria com os demais vendedores
internos. De certo que por ser vendedor externo não havia controle
de jornada, contudo o fato deste arcar com despesas de alimentação
não implicam em arcar com “riscos da atividade produtiva”.

Assim, uma vez que o depoimento do recorrente foi


considerado como confissão quanto ao recebimento das comissões
em valor superior aos demais vendedores e que este arcava com as
despesas de sua atividade, o v. acórdão feriu o artigo 354 do Código
de Processo Civil, devendo, pois ser conhecido e provido o presente
recurso de revista, sendo medida de direito determinar o retorno dos
autos ao E. Tribunal Regional de origem para, afastada a confissão,
apreciar o conjunto de prova produzida, julgando como entender de
direito.

V – RAZÕES DE REFORMA DO ACÓRDÃO


RECORRIDO e CONCLUSÃO

Demonstrado o cabimento do presente Recurso de


Revista pela alínea “a” do artigo 896 da CLT, cabe à Recorrente

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elencar as razões pelas quais deverá ser provido, a fim de que seja
reformado o venerando acórdão recorrido no que pertine ao
afastamento do vínculo empregatício, com base na fundamentação
apresentada.

As transcrições acima mencionam as circunstâncias


que identificam ou assemelham os casos confrontados, fazendo-se a
prova da divergência mediante reprodução de julgados como
mencionado, todos com fonte oficial citada em conformidade com
instrução normativa nº 23 do TST, devendo o presente RECURSO DE
REVISTA ser admitido com fulcro na alínea “a” e “c” do Art. 896 da
CLT para que se promova a UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA por
essa COLENDA CORTE SUPERIOR.

Ex positis, decorrência do exposto e considerando


tudo mais que dos autos consta, respeitosamente comparece o
RECORRENTE à augusta presença de Vossa Excelência, Ministro
Relator e de Vossas Excelências, Egrégios Julgadores dessa Colenda
Turma e Egrégio Tribunal, para requerer dignem-se de conhecer do
presente RECURSO DE REVISTA e

1. lhe darprovimento para reformar os


VV.Acórdãos recorridos e proferidos no
recurso ordinário o e nos embargos
declaratórios, mantendo a sentença de
primeiro grau que julgou PROCEDENTE a
Reclamação Trabalhista pelos seus próprios
fundamentos, uniformizando, assim, a

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jurisprudência, caso acolhido com base no artigo


896, a da CLT, OU

2. caso acolhido o presente recurso com base no


artigo 896, c da CLT, digne-se a determinar o
retorno dos autos ao Tribunal de origem
para que este, abstendo-se de “pinçar”
trechos descontextualizados e assim
considerando o depoimento do recorrente
como um todo, venha a se pronunciar
novamente sobre a matéria de fato
apresentada.

Desta forma, estarão cumprindo o honroso mister de


distribuir

Justiça!

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