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ORIGEM, SUSTENTAÇÃO E MANUTENÇÃO DAS PRÁTICAS HOMOFÓBICAS

Marrau Faria Couto 1

RESUMO: Demonstra a questão do aparato jurídico contra as práticas homofóbicas, o


perfil psicológico dos homofóbicos e a maneira como a religião e a cultura influenciaram e
ainda hoje influenciam na sustentação e manutenção da violência contra homossexuais.
Objetivamos analisar uma perspectiva de mudança dos paradigmas, existentes que são
baseados em preconceito, para que possa, dessa forma, ser concretizadas as normas
constitucionais. Recorremos à metodologia dedutiva, ao nos basearmos em várias
referências bibliográficas, utilizando-as como fundamentação teórica para o presente artigo.
As questões homossexuais não são amparadas pelos Códigos Jurídicos, alguns artigos
constitucionais incluem supostamente o homossexual, porém inexistem regras específicas
que favoreçam essa minoria, que sofre tamanho preconceito e discriminação, como por
exemplo: a lei contra o racismo que protege os afro-descendentes, também vítimas de
atitudes preconceituosas. Muitos homofóbicos recorrem a um mecanismo de defesa
chamado projeção, que é a atribuição que uma pessoa faz de seus próprios pensamentos,
sentimentos ou motivos a terceiros. As pessoas tendem a reprimir desejos que as fazem
sentirem-se culpadas, dessa forma, os homofóbicos transformam todas suas frustrações em
violência contra os homossexuais. A maioria das religiões encara a homossexualidade como
verdadeira abominação pecaminosa. Muitos evangélicos integram o Congresso Nacional, ao
invés de recorrerem à Constituição ao buscar inspiração para legislar, preferem se limitar
aos dogmas religiosos de suas próprias doutrinas, que os levam a ter atitudes
inconstitucionais e que pode consequentemente incorrer inconstitucionalidade. É notável
com a religião contribui diretamente à homofobia. A dominação européia na América
proporcionou uma desvalorização e repúdio às relações homoafetivas e homoeróticas
existentes nos muitos grupos que ali habitavam. Essa dominação implicou na sustentação
do preconceito sexual que foi transmitido de geração em geração através da própria cultura.

Palavras-Chave: preconceito; religião; cultura; inconstitucionalidade.

Introdução

Na sociedade moderna com a existência de práticas homofóbicas é relevante


identificar quais os paradigmas existentes que sustentam esses atos. Analisando aspectos
culturais e religiosos percebemos que diante da evolução humana, muitos integrantes da
sociedade continuam com suas visões dogmáticas, conservadoras, patriarcais, baseadas
em preconceito e discriminação; não acompanhando o avanço das nações mais
desenvolvidas, onde a homofobia praticamente inexiste.
Verificaremos porque tais práticas refletem na sociedade preconceito, violência
e desumanidade. Em vários grupos as relações homoafetivas coexistiam de forma
harmônica, os chineses, séc. V a.C. , os macedônicos, os romanos, na atualidade a Bélgica,
Canadá, França, Noruega, Espanha, Holanda, Portugal, Dinamarca, Alemanha,
____________________________
1
Graduando em Direito pela Faculdade de Ilhéus – CESUPI, 2° semestre noturno. marraufaria@msn.com
Croacia, Grã-Bretanha, Nova Zelândia, Suíça, EUA (Massachusetts, Vermont e Connecticut)
e até mesmo a Argentina, asseguram leis que garantem os direitos aos homossexuais, etc.
Em uma escala evolutiva, o Brasil encontra-se no meio, pois mesmo com todo
preconceito e homofobia existentes no país, o Poder Judiciário tem solucionado alguns
casos, assegurando direitos as relações e a segurança homossexuais, diferente de alguns
países onde os mesmos são condenados à morte.
Diante do exposto cabe refletir sobre algumas questões. Será que o aparato
jurídico existente é suficiente e eficaz para controlar as práticas homofóbicas? Qual o perfil
dos homofóbicos e porque tamanha aversão à homossexualidade? A religião e a cultura
sustentam as práticas homofóbicas na atualidade? Porque desde há quarto mil anos o
Antigo Testamento mandava apedrejar homens que dormissem com outros homens? Como
surgiram as convicções que possibilitam a existência da homofobia? Será possível
utilizarmos da práxis para alcançarmos uma mudança desse paradigma que projeta
desumanidade?
Para apresentar possíveis respostas para essas questões abordaremos
inicialmente o aparato jurídico que oferece suporte ao controle da violência contra os
homossexuais. Demonstraremos o perfil dos sujeitos aversivos à homossexualidade. Em
seguida, analisaremos algumas questões socioculturais da “incontestável” Bíblia Sagrada,
associando-as as atuais convicções evangélicas que contribui à sustentação e manutenção
das práticas homóbicas. Demonstraremos como ocorreu a transcendência da homofobia no
tempo e espaço. E finalmente apresentaremos algumas soluções que contribuiria a
mudança do paradigma existente.

1- O Aparato Jurídico Contra as Práticas Homofóbicas

Os homossexuais são cidadãos brasileiros que pagam seus tributos e cumprem


suas obrigações como qualquer outra pessoa. Entretanto, direitos básicos são a eles
negados diariamente por omissão legislativa, inexistindo legislação federal que os proteja de
atos discriminatórios.
O aparato jurídico que supostamente oferece suporte ao controle social das
práticas de violência contra homossexuais é apresentado por normas gerais constitucionais,
que abrange toda a nação independente do gênero, porém, pela inexistência de normas
específicas que tutelem a segurança dos homossexuais, essas regras tornam-se
insuficientes para alcançar tal efeito.

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Segundo o princípio da legalidade, “ninguém será obrigado em fazer alguma
coisa se não em virtude da Lei”. Algumas leis vigentes não garantem a diminuição das
práticas homofóbicas, que por sinal aumenta cada vez mais, daí surge a necessidade da
criação de normas específicas.
No artigo 216, § 3º da CF/88 consta que “a lei estabelecerá incentivos para
produção e o conhecimento de bens e valores culturais”. Tratando a questão gênero, quais
os valores culturais existentes na consciência coletiva da maioria? Nas instituições
educacionais, imprescindíveis auxiliares na formação de opinião, são transmitidas
informações que favoreçam a igualdade de gêneros, a valorização da raça humana e a
diminuição da homofobia? Infelizmente não. Já que a lei, estabelece incentivos para
produção e o conhecimento de valores culturais, mais estes não abrangem a questão
homossexual como normal natural, obviamente percebesse que a cultura corresponde a um
paradigma que sustenta as práticas homofóbicas.
No preâmbulo da Constituição (BRASIL, 1988), consta que o estado democrático
é destinando “[...] a assegurar o exercício dos direitos sociais, individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça, como valores de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceito [...]’’.
O Art. 1º da CF/88, tratando dos princípios fundamentais reza que a nação
brasileira, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como um dos fundamentos a
dignidade da pessoa humana. No Art. 2º da CF/88 encontra-se registrado que um dos
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é “promover o bem de todos sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Consta no Art. 5º da CF/88, ao tratar dos direitos e garantias fundamentais que, “ a lei punirá
qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais” (termo XLI); e
que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de
reclusão nos termos da lei” (termo XLII). Diante do exposto, sendo que a homofobia, tanto
quanto o racismo é produto do preconceito, porque não promulgar uma lei que tutele maior
segurança aos homossexuais? Invocando o principio da igualdade, por analogia, poderia ser
colmatada a lacuna referente à inexistência de uma norma prescrita que considere a
homofobia um crime. (BOBBIO, 1995).
O amparo mais relevante está limitado a decisões favoráveis após longas
batalhas judiciais. Este obstáculo, que vem sendo visto quase como instransponível, tem
levado à aprovação de algumas leis, de alcance estadual e municipal (São Paulo, Rio
Grande do Sul; recentemente aprovado no município Ilhéus), com medidas de repressão a
atitudes homofóbicas. Porém, os avanços mais significativos vêm sendo alcançados no
âmbito do Poder Judiciário. É por intermédio das decisões judiciais que alguns direitos são
reconhecidos. No entanto, o número dessas decisões ainda é escasso. No tocante aos

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indivíduos de mesmo sexo que se unem para uma vida em comum, baseada em afeto,
respeito e consideração mútuos, assistência moral e material recíproca, os operadores do
Direito se vêem em meio à árdua tarefa de julgarem estas uniões baseados em sociedades
de fato, quando na verdade se está analisando verdadeiras sociedades de afeto que devem
ser amparadas pelo Direito de Família e não propriamente pelo Direito das Obrigações.
Resta, pois, aos magistrados se basearem no Artigo 4° do LICC (n. 4657/42), que reza:
"Quando a lei for omissa, o juiz decidirá de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito”. O preconceito contra os homossexuais vem sendo tratado como
assunto grave e passível de multa pelo Judiciário brasileiro.
O Novo Código Civil (BRASIL, 2002) “manteve silêncio” com relação às questões
homossexuais, ignorando regras que os tribunais, na prática, já estão adotando, inclusive
criando jurisprudência. Isso demonstra o quanto que o Judiciário está à frente do Legislativo.
As aprovações dos projetos de lei referentes às questões homoafetivas e homofobia (PL
5003/2001 e PL 122/2006, respectivamente) contribuiriam para mudança do paradigma
existente ao implicar diretamente na diminuição do preconceito estigmatizado na Nação e
colocaria o Brasil entre as nações que vêm implementando legislação afirmativa de respeito
e promoção dos direitos humanos, independente de orientação sexual ou identidade de
gênero, norteadas pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e outras convenções,
tratados e pactos internacionais dos quais o Brasil também é signatário. (ARANTES, 2005).
Ressalta-se que foi aprovado no dia 23 de setembro de 2008, pela Câmara de
Ilhéus, o projeto de lei que institui a Semana Municipal de Conscientização e Combate ao
Preconceito e à Homofobia, inspirado nos PL 5003/2001 e PL 122/2006, a ser realizada
anualmente no mês de março.

2-O Psicológico Homofóbico e o Mecanismo de Defesa

Muitas pessoas sentem curiosidade e desejo de se envolverem homoafetiva ou


homoeroticamente, porém devido à repressão familiar, a falta de informação, a homofobia
internalizada, o medo das conseqüências de um envolvimento homossexual, a repressão
religiosa, escolar, provocam reações e sentimentos contraditórios e muitas vezes, altamente
neuróticos e destrutivos. Algumas que se permitem, acabam quebrando uma barreira
psicológica. As pessoas que não se permitirão jamais experimentar algo que desejam,
acabam transformando suas fantasias homoeróticas em agressão contra os homossexuais.
A maioria dos conflitos internos é rapidamente solucionável. Ocasionalmente, porém, há
conflitos que persistem por dias, meses, ou até anos, gerando tensão interna. Tais conflitos
existem apenas no inconsciente. Mesmo que o indivíduo esteja ciente das batalhas
inconscientes, elas produzem ansiedade, que emerge a superfície da consciência,

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provocando angústia. Sendo assim, as pessoas procuram livrar-se desta emoção
desagradável ao recorrer aos mecanismos de defesa. (MOREIRA, 2002)
Segundo, Weiten (2008, p. 35), os mecanismos de defesa “são reações, em
grande parte inconscientes, que protegem uma pessoa de emoções desagradáveis, como
ansiedade e culpa”.
Por uma abordagem psicodinâmica, foi constatado cientificamente, que muitos
homofóbicos recorrem a um mecanismo de defesa chamado projeção, que é a atribuição
que uma pessoa faz de seus próprios pensamentos, sentimentos ou motivos a outra pessoa.
As pessoas tendem a reprimir desejos que as fazem sentirem-se culpadas. Dessa forma, os
homofóbicos transformam toda suas frustrações em violência. (GRANT, 1957).

3- A Religião e a Manutenção da Homofobia

O fenômeno religioso é um dos aspectos antropológicos universais das


Culturas Humanas. Segundo Lanzoni e Reis (2007, p. 82), um dos objetivos das religiões é
“garantir o respeito às normas, às regras e aos valores estabelecidos pela sociedade”.
Os valores morais são estabelecidos pela própria religião, sob a forma de
mandamentos divinos, ou seja, a religião elabora as relações sociais existentes como regras
e normas, expressões da vontade dos deuses ou de Deus, garantindo a obrigatoriedade da
obediência a elas, sob pena de sanções sobrenaturais.

Conforme Mott (2003, p. 207);

O aumento para 64 deputados evangélicos no Congresso Nacional nas


últimas eleições do século XX, representou para gays, lésbicas e travestis o
mesmo perigo que a escala dos nazistas na Alemanha às vésperas da
Segunda Guerra Mundial.

Comparando as idéias de Mott (2003) e Lanzoni e Reis (2007), percebe-se que a


influência protestante exercida no Legislativo, desconsiderando o exagero de Mott ao
compará-la ao nazismo, fundamentada no vínculo dos evangélicos aos dogmas religiosos,
propicia à sustentação das práticas homofóbicas, deixando de lado a própria relevância
constitucional que favoreceria promover o bem-comum, sem preconceitos e nenhuma forma
discriminatória.
Apesar de o Brasil ser considerado um país católico, a maioria do Congresso
Nacional é formada por integrantes de igrejas evangélicas, segmento religioso que tem
crescido muito, dispõe de grande poder econômico e vem dominando até os meios de
comunicação. Assim, somam-se as forças conservadoras que impedem a aprovação de
qualquer lei que busque reconhecer algum benefício e proteção à parcela da população alvo
de tanta discriminação e preconceito.
5
Segundo Arantes (2005, p.75):

A maioria parlamentar não pode tudo, e se mantiver formas discriminatórias


de tratamento incorre inconstituicionalidade, pois o Artigo 5° da Constituição
Federal impedi que tratamentos discriminatórios sejam perpetuados.

No Brasil, os evangélicos se tornam cada vez mais corporativistas; arrancam o


dízimo das classes menos favorecida, informada e politizada; usam a neuro-linguística e a
retórica, como objeto persuasivo, para alcançar suas metas econômicas; resolveram abrir
clínicas de recuperação de homossexuais, como se a homossexualidade fosse uma doença
e não correspondesse ao natural, algo cientificamente provado.
O Antigo Testamento classifica o homossexualismo como abominação, um dos
pecados que Deus odeia. O Novo Testamento considera o homossexualismo como paixão
vergonhosa e contra a natureza, com seus atos indecentes e perversão e alerta que todos
os que o praticam perdem o direito de entrar no Reino de Deus. No Antigo Testamento, no
livro Leviítico (18:22), segundo os evangélicos, Deus diz: “Com homem não te não te
deitarás, como se fosse mulher; é abominação”.
“Deus” afirma que as práticas homossexuais, e outros pecados que ele vê como
abominação, contaminam a terra, expondo-a a maldições. De acordo com a Bíblia, a maior
causa de tragédias nacionais, como secas, doenças, fome etc são provocadas pela
tolerância ao pecado, crença que é inadmissível à Ciência, justamente por não apresentar
argumentos sutentáveis.

De acordo com Paulo (Aos Romanos 1:22-27)

Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal


por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de
pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza
sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a
degradação do seu corpo entre si. Trocaram a verdade de Deus pela
mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do
Criador, que é bendito para sempre. Amém. Por causa disso Deus os
entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações
sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os
homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se
inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos
indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo
merecido pela sua perversão”.

Segundo Mott (2003, p. 208);


Com o fim das Inquisições Portuguesas e Espanholas, também na América
Latina são extintos os Tribunais do Santo Ofício, em 1820 no Peru e México,
em 1821 em Cartagena e no Brasil. Extingue-se os tribunais católicos, mas
infelizmente, com mentalidades não se mudam decreto, até hoje persiste na
América Latina o espectro inquisitorial não apenas na ideologia moralista e
intolerante, como na composição das elites locais, cujas cepas mais

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tradicionais, em muitas áreas , descendem ainda hoje, diretamente, dos
terríveis Familiares e Comissários do Santo Ofícios”.

Como existir uma justiça absoluta sendo que em um conflito apenas umas das
partes pode se beneficiar? Interessante se identificar com a justiça subjetiva relativa
apresentada por Kelsen. A maioria das religiões abominam as relações homoafetivas.
Para expor suas convicções acerca do tema, que por sinal aprisiona a doutrina as
concepções de muitos adeptos, a instituição religiosa legalmente recorre a liberdade de
consciência e crença, estabelecida pela própria Constituição, porém ao manifestá-las (suas
convicções) coerentemente viola o princípio fundamental constitucional. No Art. 3°, termo IV,
consta que um dos objetivos fundamentais da república do Brasil é “promover o bem de
todos sem preconceito de origem, raças, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação”. Entre 1980 e 2001, dois mil novecentos e noventa e dois gays, lésbicas e
travestis foram assassinados no Brasil. Caso a homofobia seja legalmente considerada
crime, esse índice certamente diminuiria, contudo, limitaria a liberdade de consciência e
crença. Nota-se uma antinomia entre um princípio fundamental e um direito e garantia
fundamentais, ambos constitucionais. Seria mais viável e humano, violar um princípio
constitucional, ao reprimir uma minoria, ao descriminar um grupo, ou se libertar de um
determinado dogma religioso produto de puro preconceito anticonstitucional?
Ao tratar da solução ou tentativa para eliminação da Antinomia entre Princípios
e Direitos Fundamentais, Bezerra (2007, p-230) afirma:

Como critérios de solução de princípios e direitos fundamentais tem sido


apontada a aplicação do principio da razoabilidade [...] composta por três
elementos:proporcionalidade, necessidade e nexo de causalidade. [...] Não
se poderia, pois acrescentar uma fórmula perfeita e acaba de solução de
conflito de princípios e direitos fundamentais, justamente pela natureza não
homogênea dos mesmos e por constituírem normas de conteúdo aberto,
utilizando-se da razoabilidade como critério reitor da solução.

4- A Influência da Cultura nas Práticas Homofóbicas

Ao tratar da questão homofobia, cuja problemática é identificada na


discriminação e rejeição dentro do contexto histórico da humanidade e também a sua
contribuição para a existência de suas práticas, onde encontramos as relações de
homossexualidade muito presentes em vários povos antigos, tendo como ponto de
explanação a camaradagem militar grega, e que de acordo com Costa (1997, p. 22):

Pode ter vindo, pensa ele, dos guerreiros dórios, entre os quais as amizades
heróicas se desenvolviam durante as campanhas. Passando muito tempo
juntos e com poucas mulheres, nasciam ligações fortes entre os homens.

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Nessas condições, a paixão pederástica pode bem ter combinado a virtude
varonil com o apetite carnal, acrescentando certo sentimento romântico,
como alguns homens sérios reservam dentro do coração das mulheres.

A partir deste momento, observa-se a existência de uma relação de aproximação


entre os homens, onde pode-se facilmente identificar a cultura de que entre os guerreiros
era bastante comum a presença mínima de mulheres, esclarecendo que aumentava
consideravelmente o contato somente entre os homens proporcionando um sentimento
romântico, podendo ser comparado a um amor heterossexual.Desta forma, a relação de
convivência aumentava à medida que o tempo passava, transformando em um interesse
emocional e sensual, onde os mesmos acabavam aderindo as suas próprias inclinações
mesmo que involuntariamente e, de certo modo agradável.Não sendo apenas uma questão
sensual, pois o sentimento de um homem sobre um jovem era muito mais do que isso,
sendo tais relações reais e vitais.
Os homossexuais continuam sendo as principais vítimas do preconceito e
discriminação em todos os segmentos sociais: dentro de casa, na escola, no local de
trabalho, na rua, nas igrejas, na polícia e exército, nos meios de comunicação. Citado os
meios de comunicação, deve ser ressaltada a importância da mídia na formação de opinião
e da cultura propriamente dita. Ao expor a novela Suave Veneno, onde dois atores
interpretavam homossexuais, sendo que um era vidente (Uálber) e o outro era um
empregado tímido e afeminado (Edilberto) que sofria freqüentes agressões, a Rede Globo
certamente contribuiu ao fomento das práticas homóbicas ao estereotipar o homossexual,
perpetuando a imagem ultrapassada de frágil e fútil (MOTT, 2003). Uma recente novela
(Paraíso Tropical) lançada pela mesma emissora, apresentou dois cidadãos homossexuais,
que estabeleceram uma relação afetiva íntegra, sendo bastante importante na busca de
uma mudança social, onde o preconceito sexual seja superado.
A existência de numerosos índios e índias praticantes do que a Cristandade
chamava de "abominável e nefando pecado de sodomia", representa como a
homossexualidade no Brasil-colônia era socilamente normal; os Tupinambás tinham nomes
específicos para designar os adeptos desta performance erótica: aos homossexuais
masculinos chamavam de Tibira e às lésbicas de Çacoaimbeguira. Além dos índios, os
Maias prestavam culto ao amor unissexual; também na América do Sul, na região dos
Andes, foram encontradas provas arqueológicas confirmando a prática do homoerotismo
antes da chegada dos europeus. Há notícia de que os espanhóis teriam igualmente
encontrado e derretido no Peru estátuas em ouro representando cópula anal entre dois
homens. Praticada pelos maias, astecas e caribes, a homossexualiade também teve muitos
adeptos em diferentes civilizações dos antigos imperios andinos da Colômbia ao Chile etc.
(GWERCMAN, 2004)

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Pesquisas antropológicas constataram que a homossexualidade esteve presente em
inúmeras culturas de vários grupos antes da invasão européia:

Brasil: Boróro, Tupinambá, Guatos, Panaré, Wai-Wai, Xavante, Trumai,


Tubira, Guaicuru, Xamico, Kainagaig, Nambiquara, Tenetehara, Yanomani,
Mehinaku, Camaurá, Cubeo, Guaiaquil; México: Albardaos, Cipacingo, Itza,
Jaguaces, Panuco, Sinaloa, Sonora, Tabasco, Tahus, Tlasca, Yucatecas,
Maias e Astecas; Panamá: Dairen, Panamá; Colombia: Bogotá, Cayos,
Chinatos, Chitarero, Guaira, Gauticos, Laches, Lile, Kagaba, Kogi, Mosca,
Matilones, Urabaes, Zamba; Peru: Camana, Cañares, Carauli, Chibchas,
Chinchas, Chincamas, Conchuco, Guanuco, Huayllas, Manta, Peru, Picta,
Quellaca, Tarama, Tumebamba e os nativos de Puerto Viejo, Isla de Plata,
Isla de Puna, Santa Helena, San Miguel, Serranos; Venezuela: Achaguas,
Bobure, Capechos, Caribana, Caribes, Chiricoa, Ciparicote, Coquibacoa,
Salivas, Timotes, Warao, Ypuies, Itatos; Bolivia: Chiguano, Wachipaeri;
Chili:Araucanos,Mapuche,Pataões. (GWERCMAN, 2004).

Percebe-se que o choque cultural que existiu no contato ocorrido entre


esses grupos latino-americanos os europeus, representou a imposição da cultura dos mais
fortes aos grupos mais fracos, um verdadeiro genocídio, além de físico, cultural. Com 1000
anos de Idade Média, onde o dogma religioso cristão prevalecia na consciência coletiva
ibérica, foi inevitável a dominação européia, que proporcionou uma desvalorização e repúdio
as relações homoafetivas e homoeróticas existentes nesses grupos implicando diretamente
na sustentabilidade do preconceito sexual que foi transmitido de geração em geração
através da própria cultura, que corresponde ao conjunto de ações, pensamentos, crenças,
paradigmas e valores de uma determinada sociedade.
O estudo da etno-história da homossexualidade revela-nos de um lado o
preconceito irracional e cruel contra uma minoria social, os gays, lésbicas e travestis, cuja
identidade existencial e expressão afetivo-sexual foram secularmente considerados os mais
graves pecados e o crime mais hediondo, ambos merecedores da pena de morte. A
homofobia emerge como ramificações de uma ideologia perversa e desumana, que só
poderá ser superada através da evolução científica, do bom senso dos códigos
internacionais de direito humano e de uma conscientização geral de que o homossexual é
um ser humano como qualquer outro, que a homossexualidade é originada da própria
Natureza.(MOTT,2003). .

Considerações Finais

O aparato jurídico que superficialmente oferece suporte ao controle social das


praticas de violência contra homossexuais é apresentado por normas gerais constitucionais,
que abrange toda a nação independente do gênero, porém, pela inexistência de normas

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específicas que tutelem a segurança dos homossexuais, essas regras tornam-se
insuficientes para alcançar tal efeito.
Ao tratar da questão gênero, os valores culturais existentes na consciência
coletiva da maioria, não abrange a questão homossexual como normal e natural. Nas
instituições de ensino não são transmitidas informações que favoreçam a igualdade de
gêneros, a valorização da raça humana e a diminuição da homofobia, obviamente
percebesse que a cultura sustenta as práticas homofóbicas na atualidade, configurando as
convicções que possibilitam a existência das mesmas, concomitantemente à religião que
encara a homossexualidade como verdadeira pecaminosa abominação, responsável pelas
tragédias naturais e doenças existentes. Muitos evangélicos que integram o Congresso
Nacional, ao invés de recorrerem à Constituição na buscar de uma inspiração para legislar,
visando a essência do Direito, a Justiça, preferem se limitar aos dogmas religiosos de suas
próprias doutrinas, que os levam a ter atitudes inconstitucionais e que pode
consequentemente incorrer em inconstitucionalidade.
Muitos homofóbicos recorrem a um mecanismo de defesa chamado projeção,
que é a atribuição que uma pessoa faz de seus próprios pensamentos, sentimentos ou
motivos a terceiros. As pessoas tendem a reprimir desejos que as fazem sentirem-se
culpadas, dessa forma, os homofóbicos transformam toda suas frustrações em violência
contra os homossexuais.
Existe uma antinomia entre um princípio fundamental (a promoção do bem de
todos sem preconceito) e um direito e garantia fundamentais (direito de consciência e
crença), ambos constitucionais. Seria mais viável e humano, violar um princípio
constitucional, ao reprimir uma minoria, ao descriminar um grupo, ou se libertar de um
determinado dogma religioso produto de puro preconceito anticonstitucional?
Para que ocorram mudanças dos paradigmas existentes são imprescindíveis que
os projetos de leis que favoreçam as causas homossexuais sejam aprovados, que o Estado
invista em educação, e que a lei realmente estabeleça incentivos para produção e
conhecimento dos valores culturais, orientando as crianças a não discriminar o próximo,
pois, dessa forma, as futuras gerações estarão libertas do preconceito e da homofobia,
elementos que destroem e assolam a dignidade humana.

ABSTRACT: Showing the question of the juridical grandeur against the practices of the
homophobia, the homophober’s profile psychological and the form how the religion and
culture influenced and still today influence in the sustentation and maintenance of the

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violence against homosexual, we objectify a substitution of the paradigms that are basing in
preconcepcion, for that can of this form is rended the constitucionalists norms. We run over
for deductive methodology, base in much bibliographies references, use it how scientific
basis for the article. The homosexual’s questions aren’t supported for the juridical codes,
supposedly some contitucionalists articles include the homosexual, so there aren’t specifics
norms that favour this little group suffered preconception and discriminacion. Very
homophobers run over for a mechanism of defence named Projection. It’s the attribution that
the peoples make of your own thoughts or thrills yourselves for others. They incline to
repress your desires that make them feel culprits. The great number of the religions see the
homosexuality how a abominable action. Very protestant integrate the National Congress,
instead of run over for Constituion in the search of legislative inspiration, they prefer to fasten
your conviction in votaress dogmas and consequently have unconstitutional attitudes. The
religion contributes for the existence oh the homophobia. The European domination in the
America provides a depreciation and repellence for homosexuals reports. This domination
implicates in the sustentation of the sexual preconception that went transmit of creation in
creation across of the culture.

KEY-WORDS: preconcepcion; religion; culture; unconstitutional

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