Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Introdução
2
Segundo o princípio da legalidade, “ninguém será obrigado em fazer alguma
coisa se não em virtude da Lei”. Algumas leis vigentes não garantem a diminuição das
práticas homofóbicas, que por sinal aumenta cada vez mais, daí surge a necessidade da
criação de normas específicas.
No artigo 216, § 3º da CF/88 consta que “a lei estabelecerá incentivos para
produção e o conhecimento de bens e valores culturais”. Tratando a questão gênero, quais
os valores culturais existentes na consciência coletiva da maioria? Nas instituições
educacionais, imprescindíveis auxiliares na formação de opinião, são transmitidas
informações que favoreçam a igualdade de gêneros, a valorização da raça humana e a
diminuição da homofobia? Infelizmente não. Já que a lei, estabelece incentivos para
produção e o conhecimento de valores culturais, mais estes não abrangem a questão
homossexual como normal natural, obviamente percebesse que a cultura corresponde a um
paradigma que sustenta as práticas homofóbicas.
No preâmbulo da Constituição (BRASIL, 1988), consta que o estado democrático
é destinando “[...] a assegurar o exercício dos direitos sociais, individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça, como valores de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceito [...]’’.
O Art. 1º da CF/88, tratando dos princípios fundamentais reza que a nação
brasileira, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como um dos fundamentos a
dignidade da pessoa humana. No Art. 2º da CF/88 encontra-se registrado que um dos
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é “promover o bem de todos sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Consta no Art. 5º da CF/88, ao tratar dos direitos e garantias fundamentais que, “ a lei punirá
qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais” (termo XLI); e
que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de
reclusão nos termos da lei” (termo XLII). Diante do exposto, sendo que a homofobia, tanto
quanto o racismo é produto do preconceito, porque não promulgar uma lei que tutele maior
segurança aos homossexuais? Invocando o principio da igualdade, por analogia, poderia ser
colmatada a lacuna referente à inexistência de uma norma prescrita que considere a
homofobia um crime. (BOBBIO, 1995).
O amparo mais relevante está limitado a decisões favoráveis após longas
batalhas judiciais. Este obstáculo, que vem sendo visto quase como instransponível, tem
levado à aprovação de algumas leis, de alcance estadual e municipal (São Paulo, Rio
Grande do Sul; recentemente aprovado no município Ilhéus), com medidas de repressão a
atitudes homofóbicas. Porém, os avanços mais significativos vêm sendo alcançados no
âmbito do Poder Judiciário. É por intermédio das decisões judiciais que alguns direitos são
reconhecidos. No entanto, o número dessas decisões ainda é escasso. No tocante aos
3
indivíduos de mesmo sexo que se unem para uma vida em comum, baseada em afeto,
respeito e consideração mútuos, assistência moral e material recíproca, os operadores do
Direito se vêem em meio à árdua tarefa de julgarem estas uniões baseados em sociedades
de fato, quando na verdade se está analisando verdadeiras sociedades de afeto que devem
ser amparadas pelo Direito de Família e não propriamente pelo Direito das Obrigações.
Resta, pois, aos magistrados se basearem no Artigo 4° do LICC (n. 4657/42), que reza:
"Quando a lei for omissa, o juiz decidirá de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito”. O preconceito contra os homossexuais vem sendo tratado como
assunto grave e passível de multa pelo Judiciário brasileiro.
O Novo Código Civil (BRASIL, 2002) “manteve silêncio” com relação às questões
homossexuais, ignorando regras que os tribunais, na prática, já estão adotando, inclusive
criando jurisprudência. Isso demonstra o quanto que o Judiciário está à frente do Legislativo.
As aprovações dos projetos de lei referentes às questões homoafetivas e homofobia (PL
5003/2001 e PL 122/2006, respectivamente) contribuiriam para mudança do paradigma
existente ao implicar diretamente na diminuição do preconceito estigmatizado na Nação e
colocaria o Brasil entre as nações que vêm implementando legislação afirmativa de respeito
e promoção dos direitos humanos, independente de orientação sexual ou identidade de
gênero, norteadas pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e outras convenções,
tratados e pactos internacionais dos quais o Brasil também é signatário. (ARANTES, 2005).
Ressalta-se que foi aprovado no dia 23 de setembro de 2008, pela Câmara de
Ilhéus, o projeto de lei que institui a Semana Municipal de Conscientização e Combate ao
Preconceito e à Homofobia, inspirado nos PL 5003/2001 e PL 122/2006, a ser realizada
anualmente no mês de março.
4
provocando angústia. Sendo assim, as pessoas procuram livrar-se desta emoção
desagradável ao recorrer aos mecanismos de defesa. (MOREIRA, 2002)
Segundo, Weiten (2008, p. 35), os mecanismos de defesa “são reações, em
grande parte inconscientes, que protegem uma pessoa de emoções desagradáveis, como
ansiedade e culpa”.
Por uma abordagem psicodinâmica, foi constatado cientificamente, que muitos
homofóbicos recorrem a um mecanismo de defesa chamado projeção, que é a atribuição
que uma pessoa faz de seus próprios pensamentos, sentimentos ou motivos a outra pessoa.
As pessoas tendem a reprimir desejos que as fazem sentirem-se culpadas. Dessa forma, os
homofóbicos transformam toda suas frustrações em violência. (GRANT, 1957).
6
tradicionais, em muitas áreas , descendem ainda hoje, diretamente, dos
terríveis Familiares e Comissários do Santo Ofícios”.
Como existir uma justiça absoluta sendo que em um conflito apenas umas das
partes pode se beneficiar? Interessante se identificar com a justiça subjetiva relativa
apresentada por Kelsen. A maioria das religiões abominam as relações homoafetivas.
Para expor suas convicções acerca do tema, que por sinal aprisiona a doutrina as
concepções de muitos adeptos, a instituição religiosa legalmente recorre a liberdade de
consciência e crença, estabelecida pela própria Constituição, porém ao manifestá-las (suas
convicções) coerentemente viola o princípio fundamental constitucional. No Art. 3°, termo IV,
consta que um dos objetivos fundamentais da república do Brasil é “promover o bem de
todos sem preconceito de origem, raças, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação”. Entre 1980 e 2001, dois mil novecentos e noventa e dois gays, lésbicas e
travestis foram assassinados no Brasil. Caso a homofobia seja legalmente considerada
crime, esse índice certamente diminuiria, contudo, limitaria a liberdade de consciência e
crença. Nota-se uma antinomia entre um princípio fundamental e um direito e garantia
fundamentais, ambos constitucionais. Seria mais viável e humano, violar um princípio
constitucional, ao reprimir uma minoria, ao descriminar um grupo, ou se libertar de um
determinado dogma religioso produto de puro preconceito anticonstitucional?
Ao tratar da solução ou tentativa para eliminação da Antinomia entre Princípios
e Direitos Fundamentais, Bezerra (2007, p-230) afirma:
Pode ter vindo, pensa ele, dos guerreiros dórios, entre os quais as amizades
heróicas se desenvolviam durante as campanhas. Passando muito tempo
juntos e com poucas mulheres, nasciam ligações fortes entre os homens.
7
Nessas condições, a paixão pederástica pode bem ter combinado a virtude
varonil com o apetite carnal, acrescentando certo sentimento romântico,
como alguns homens sérios reservam dentro do coração das mulheres.
8
Pesquisas antropológicas constataram que a homossexualidade esteve presente em
inúmeras culturas de vários grupos antes da invasão européia:
Considerações Finais
9
específicas que tutelem a segurança dos homossexuais, essas regras tornam-se
insuficientes para alcançar tal efeito.
Ao tratar da questão gênero, os valores culturais existentes na consciência
coletiva da maioria, não abrange a questão homossexual como normal e natural. Nas
instituições de ensino não são transmitidas informações que favoreçam a igualdade de
gêneros, a valorização da raça humana e a diminuição da homofobia, obviamente
percebesse que a cultura sustenta as práticas homofóbicas na atualidade, configurando as
convicções que possibilitam a existência das mesmas, concomitantemente à religião que
encara a homossexualidade como verdadeira pecaminosa abominação, responsável pelas
tragédias naturais e doenças existentes. Muitos evangélicos que integram o Congresso
Nacional, ao invés de recorrerem à Constituição na buscar de uma inspiração para legislar,
visando a essência do Direito, a Justiça, preferem se limitar aos dogmas religiosos de suas
próprias doutrinas, que os levam a ter atitudes inconstitucionais e que pode
consequentemente incorrer em inconstitucionalidade.
Muitos homofóbicos recorrem a um mecanismo de defesa chamado projeção,
que é a atribuição que uma pessoa faz de seus próprios pensamentos, sentimentos ou
motivos a terceiros. As pessoas tendem a reprimir desejos que as fazem sentirem-se
culpadas, dessa forma, os homofóbicos transformam toda suas frustrações em violência
contra os homossexuais.
Existe uma antinomia entre um princípio fundamental (a promoção do bem de
todos sem preconceito) e um direito e garantia fundamentais (direito de consciência e
crença), ambos constitucionais. Seria mais viável e humano, violar um princípio
constitucional, ao reprimir uma minoria, ao descriminar um grupo, ou se libertar de um
determinado dogma religioso produto de puro preconceito anticonstitucional?
Para que ocorram mudanças dos paradigmas existentes são imprescindíveis que
os projetos de leis que favoreçam as causas homossexuais sejam aprovados, que o Estado
invista em educação, e que a lei realmente estabeleça incentivos para produção e
conhecimento dos valores culturais, orientando as crianças a não discriminar o próximo,
pois, dessa forma, as futuras gerações estarão libertas do preconceito e da homofobia,
elementos que destroem e assolam a dignidade humana.
ABSTRACT: Showing the question of the juridical grandeur against the practices of the
homophobia, the homophober’s profile psychological and the form how the religion and
culture influenced and still today influence in the sustentation and maintenance of the
10
violence against homosexual, we objectify a substitution of the paradigms that are basing in
preconcepcion, for that can of this form is rended the constitucionalists norms. We run over
for deductive methodology, base in much bibliographies references, use it how scientific
basis for the article. The homosexual’s questions aren’t supported for the juridical codes,
supposedly some contitucionalists articles include the homosexual, so there aren’t specifics
norms that favour this little group suffered preconception and discriminacion. Very
homophobers run over for a mechanism of defence named Projection. It’s the attribution that
the peoples make of your own thoughts or thrills yourselves for others. They incline to
repress your desires that make them feel culprits. The great number of the religions see the
homosexuality how a abominable action. Very protestant integrate the National Congress,
instead of run over for Constituion in the search of legislative inspiration, they prefer to fasten
your conviction in votaress dogmas and consequently have unconstitutional attitudes. The
religion contributes for the existence oh the homophobia. The European domination in the
America provides a depreciation and repellence for homosexuals reports. This domination
implicates in the sustentation of the sexual preconception that went transmit of creation in
creation across of the culture.
Referências
ARANTES, Elzira. O direito ao reconhecimento para gays e lésbicas. In: ______. Revista
Internacional dos Direitos Humanos. São Paulo. 2005. Disponível na internet em
<http://www.surnet.org> Acesso em: 30 08 2008
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 39. ed. atual. São Paulo:
Saraiva, 2006.
GRANT, W. Vernon. Psicologia da atração sexual. Rio de Janeiro: RJ. Fundo de Cultura,
1957.
11
LANZONI, Elizete Alves ; REIS, Sidney Francisco dos Santos. A Antropologia jurídica e as
religião. In: ______. Iniciação ao Conhecimento da Antropologia Jurídica: Por onde
caminha a humanidade? Florianópolis: Conceito editorial, 2007. Cap. 4. p.105-126.
MOTT, Luiz Roberto de Barros. Crônicas de um gay assumido. Rio de Janeiro: Record,
2003.
12