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ESCOLA SECUNDÁRIA FREI HEITOR PINTO – CONSELHO GERAL


TRANSITÓRIO

Exposição/recomendação ao Exmo. Sr. Presidente do CGT da Escola


Secundária Frei Heitor Pinto.

DE: José Serra dos Reis (Conselheiro)

DATA: 06.04.2009

ASSUNTO: FUNCIONAMENTO DO CGT E PROCESSO DE ELEIÇÃO DO


DIRECTOR

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“…Un des thèmes fondamentaux, dont nous n’avons pas encore parlé, de Totalité et
Infini est que la relation intersubjective est une relation non symétrique. En ce sens, je
suis responsable d’autrui sans attendre la réciproque, dût-il m’en coûter la vie. La
réciproque, c’est son affaire. C’est précisément dans la mesure où entre autrui et moi la
relation n’est pas réciproque, que je suis sujétion à autrui ; et je suis « sujet »
essentiellement en ce sens. C’est moi qui supporte tout. Vous connaissez cette phrase de
Dostoïevski : « nous sommes tous coupables de tout et de tous, et moi plus que les
autres. » non pas à cause de telle ou telle culpabilité effectivement mienne, à cause de
fautes que j’aurais commises ; mais parce que je suis responsable d’une responsabilité
totale, qui répond de tous les autres et de tout chez les autres, même de leur
responsabilité. Le moi a toujours une responsabilité de plus que tous les autres. »
Emmanuel Levinas : Éthique et Infini

Exmo. Senhor Presidente,

A citação de LEVINAS aqui em epígrafe visa comprovar os dilemas


éticos que me têm sido colocados, infelizmente com perturbações de
ordem afectiva e moral, na qualidade de membro eleito do CGT da nossa
Escola pelos meus colegas professores, dilemas relacionados com o
disfuncionamento e decisões do CGT e com a minha cota parte de
responsabilidade nestas situações, se bem que involuntária. E, ainda que
tente contornar estas questões, elas apelam imperiosamente à minha
responsabilidade e à minha obrigação de tentar remedi-las pelos meios
legítimos ao meu alcance.

Assim:

1. Quando fui convidado a integrar a lista de Professores da nossa


Escola que se candidatou à eleição para constituição do CGT, depois
de um tempo de reflexão, declarei ao ilustre colega que me dirigiu o
convite, o demissionário Presidente deste Órgão, que aceitava fazer
parte da lista porque estava convicto, e estou ainda, que o modelo
de gestão previsto no Decreto-Lei n.º 75/2009 de 22 de Abril
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poderia e pode viabilizar um modelo de gestão democrática e


participada, ainda que carecendo de melhorias significativas para o
efeito; e declarei ainda que aceitava, também, para poder prestar
um serviço à nossa Escola e à Comunidade Educativa a que
pertenço. Todavia deixei bem claro, pela mesma ocasião, que
aceitava a missão, decidido a respeitar e a zelar pelo cumprimento
das normas legais em vigor e para cumprir, de forma clara e sem
subterfúgios ou escusas com situações de excepção previstas na
Lei, a missão atribuída a este Órgão, consignada no Decreto-Lei n.º
75/2008, de 22 de Abril, isto é, no essencial, preparar e aprovar o
Regulamento Interno, aprovar o Projecto Educativo da nossa Escola
e promover a eleição do Conselho Geral.

2. Ora, com salvaguarda do respeito devido pelas decisões do


Conselho Pedagógico da minha Escola, permito-me discordar da
metodologia adoptada para a análise e discussão da proposta de PE
elaborada pelos colegas que sacrificaram parte das suas férias de
Verão para responderem ao desafio que lhes foi colocado pela nossa
Escola através dos seus Órgãos de Gestão. Acho que se amarfanhou
uma proposta com um fundo cultural válido, ainda que, como todas
as coisas desta vida, criticável e perfectível, atingindo a auto-estima
de colegas nossos que trabalharam a referida proposta. Agora,
quando me é dado saber que o argumento utilizado por quem obrou
na total adulteração dessa proposta de PE, poder-se-á dizer
demolição, é que o mesmo seria inacessível à compreensão da
maioria dos encarregados de educação, pergunto, sem ironia, que
percentagem de encarregados de educação irá ler e entender as
cerca de nove dezenas de páginas do Regulamento Interno que foi
aprovado pelo Conselho Geral Provisório na reunião de 24.03.2009?
Com o meu voto favorável, assumo, porque considerei tratar-se dum
documento provisório, podendo ser revisto pelo próximo Conselho
Geral, e por se tratar dum instrumento indispensável para a eleição
do Conselho Geral da nossa Escola, eleição já atrasada.

3. Reitero o que então disse: votei favoravelmente o Regulamento


Interno e o Projecto Educativo com o objectivo de viabilizar o
processo de eleição do Conselho Geral, para que este pudesse
proceder, sem demoras, à eleição do Director da nossa Escola. Aos
novos órgãos eleitos, caberia a missão de aperfeiçoarem os
Instrumentos de gestão.

4. Ora, foi com enorme consternação e um profundo sentimento de


mal-estar que recebi a notícia comunicada verbalmente pelo Exmo.
Senhor Presidente do Conselho Geral Transitório, logo no inicio da
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reunião de 24.03.2009, que Sua Excelência já tinha desencadeado o


procedimento concursal para a eleição do Director com a remessa
para Diário da República do respectivo aviso de concurso público,
sem consulta e sem aprovação prévia do Regulamento Concursal
para a Eleição do Director pelo CGT. Manifestei o meu desagrado e
discordância pela decisão inusitada porque nada reza, no Decreto-
Lei n.º 75/2008 de 22 de Abril, que o Presidente do CGT tenha
poderes para desencadear unilateralmente tal procedimento sem
aprovação prévia do CGT e sem aprovação do Regulamento
Concursal para Eleição do Director. Por isso votei contra, juntando
declaração de voto justificativa.

5. Qual não foi o meu espanto e desagrado também quando recebi, do


Exmo. Senhor Presidente do CGT, um e-mail com data 26.03.2009,
reconhecendo Sua Excelência, “a posteriori” que já deveria ter sido
aprovado o Regulamento Concursal para a Eleição do Director pelo
CGT e sugerindo que uma proposta de Regulamento Concursal para
a Eleição do Director fosse considerada como tendo sido
apresentada e aprovada na reunião de 24 de Março de 2009.
Respondi ao Exmo. Senhor Presidente do CGT que, em consciência,
não podia dar o meu consentimento a esta metodologia e dar o meu
aval a procedimentos não consentâneos com a legislação em vigor
e que, da Ordem de Trabalhos da Convocatória da reunião do CGT
de 24 de Março de 2009, não constava sequer nenhum ponto sobre
Eleição do Director.

6. Considerei uma afronta moral e desrespeitosa do Exmo. Senhor


Presidente do CGT para comigo quando soube que minha legítima
recusa foi interpretada por Sua Excelência como um mau serviço
prestado à nossa Escola, ao escrever-me um e-mail com data de
29.03.2009 em que lamentava a minha decisão nos seguintes
termos: “Lamento, não por mim, mas pela escola.”. Respondi ao Exmo. Senhor
Presidente do CGT, via e-mail, com a mesma data de 29.03.2009, que o interesse
da nossa Escola não pode sobrepor-se ao superior interesse da Lei
em vigor.

7. Lamento muito ter de declarar que, depois destes incidentes,


comecei a receber significativas alusões e desagradáveis
insinuações por parte de alguns colegas ligados ao grupo de
professores que apoia, no Conselho Geral Transitório, as decisões a
que me tenho oposto, por motivos óbvios, e que de algum modo são
perturbadoras do meu direito a ser respeitado no meu local de
trabalho e nas minhas actividades profissionais. Só desejava deixar
claro, perante os colegas que se atrevem a tanto, que não
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intimidam quem já foi resistente e exilado político no tempo da


ditadura e pergunto-lhes se será este o exemplo a dar e se é este o
modo de ensinar às novas gerações e aos nossos alunos os
caminhos da tolerância, do diálogo crítico, do direito a discordar, da
cidadania e da democracia participativa (designadamente aos
alunos que no CGT exercem funções de Conselheiros em
representação dos alunos da nossa Escola).

8. Na declaração de voto do “ponto um” da Reunião do CGT de


01.04.2009, informei o Conselho Geral Transitório de que iria
equacionar da pertinência de, na qualidade de membro eleito do
CGT em representação dos Professores da Escola Secundária Frei
Heitor Pinto, requerer uma apreciação jurídica desta situação. A
minha intenção tornou-se definitiva quando, no final da reunião do
CGT de 01.04.2009, o Exmo. Senhor Presidente do CGT anunciou a
sua demissão do cargo de Presidente do CGT com o fundamento de
estar a equacionar a sua candidatura ao cargo de Director da nossa
Escola.

9. Assim, no intuito de me desobrigar de responsabilidades, requeri a


uma senhora advogada uma consulta jurídica, paga a custas
minhas, para que me aconselhasse sobre este assunto. E, não só fui
informado pela ilustre advogada de que o acto do envio do aviso
público para Diário da República pelo Exmo. Senhor Presidente do
Conselho Geral Transitório estava ferido de nulidade, mas também
que o meu consentimento tácito implicaria responsabilidade da
minha parte e que o CGT tem poderes para revogar o acto.

10.Sobre o funcionamento do CGT, lamento as seguintes constatações:

a. O número 1 do artigo 61.º do Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22


de Abril, é claro sobre a principal missão do CGT.

i. a) Elaborar e aprovar o regulamento interno, definindo


nomeadamente a composição prevista nos artigos 12.º
e 32.º do presente decreto-lei.

ii. b) Preparar, assim que aprovado o regulamento interno,


as eleições para o conselho geral.

iii. Proceder à eleição do director, caso tenha já cessado o


mandato dos anteriores órgãos de gestão e não esteja
ainda eleito o conselho geral.

b. Lembro que o actual Conselho Executivo da ESFHP tem


poderes de gestão até ao final do presente ano lectivo.
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c. Aquando da reunião do CGT com a Equipa de Avaliação


Externa, no início de Janeiro, na qual participei, o Exmo.
Senhor Presidente do CGT foi questionado e alertado para o
facto de a aprovação do Regulamento Interno da nossa Escola
estar atrasada, havendo já escolas com o RI aprovado há
meses. O Senhor Presidente do CGT respondeu que tudo
estava encaminhado para o cabal cumprimento das missões
do CGT dentro dos prazos.

d. Aquando da constituição da Comissão do CGT para a


elaboração duma proposta de Regulamento Interno, decidida
em reunião do CGT de 14.10.2009, ficou concertado que a
referida Comissão iria enviando, parcelarmente, aos restantes
conselheiros, propostas para o RI para que sobre elas
pudessem opinar. Tal não sucedeu e o projecto de RI, com
cerca de 9 dezenas de páginas, foi enviado, por e-mail, a 8 de
Março, aos Conselheiros para ser discutido e aprovado na
reunião de 24 de Março de 2009.

e. Nos termos do n.º 2 do artigo 17.º, do Decreto--Lei n.º


75/2008, de22 de Abril, cito: “ As reuniões do conselho geral
devem ser marcadas em horário que permita a participação
de todos os seus membros.”. Ora, tive conhecimento de que a
representante dos alunos no CGT, a aluna Joana Lourenço, que
vive fora da cidade da Covilhã, teve de interromper a sua
participação na reunião do CGT de 01.04.2009 porque a
mesma se prolongou para além do horário do último autocarro
de transporte público a sair da Covilhã em direcção à
localidade do seu domicílio.

f. Pela minha comunicação escrita com data de26.03.2009, com


entrada na Secretaria da nossa Escola, solicitei ao Exmo.
Senhor Presidente do CGT, cito, que “Na sequência das
informações recebidas e das minhas tomadas de posição, na
reunião do CGT de 24.03.2009, referentes ao processo de
selecção do Director, na minha qualidade de membro eleito do
CGT, venho solicitar toda a informação disponível em suporte
escrito e certificada relativamente ao processo já
desencadeado para a eleição do Director da nossa Escola
anunciada nessa reunião de 24.03.2009 pelo Presidente do
CGT, …Solicito cópia certificada da acta dessa reunião.”. Não
recebi até hoje resposta a esta solicitação.
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g. Tendo sido aprovada, em minuta, a acta da reunião do dia


01.04.2009, foi igualmente deliberado que a acta deveria ser
previamente remetida a todos os Conselheiros do CGT antes
da reunião seguinte. Ora, foi marcada uma reunião para o dia
03.04.2009, à qual não pude comparecer, tendo justificado
verbalmente a minha falta ao Exmo. Senhor Presidente CGT
demissionário mas ainda em exercício; porém, até hoje
desconheço o teor da referida acta aprovada em minuta.

11.Face ao exposto, na qualidade de membro eleito do CGT, decidi


solicitar a V. Exa. adequadas medidas para o bom funcionamento do
CGT e que seja proposto, ao Conselho Geral Transitório, a revogação
do aviso de concurso público para a eleição do director da nossa
Escola decidido pelo anterior Presidente do CGT por a mesma estar
ferida de nulidade.

12.Finalmente, e depois de concluir que as minhas legítimas tomadas


de posição e solicitações têm vindo a esbarrar com obstáculos
intransponíveis, vou apresentar requerimento ao Exmo. Senhor
Provedor de Justiça, acompanhado da presente exposição a V. Exa.,
solicitando adequada intervenção para que o CGT da nossa Escola
funcione dentro dos parâmetros da legalidade.

13.Isto me recomenda a minha consciência e a minha responsabilidade


na qualidade de membro eleito do CGT da ESFHP, sem qualquer tipo
de animosidade contra quem quer que seja e agradecendo desde já
que se entenda a legitimidade desta minha tomada de posição e
decisão.

Com os melhores cumprimentos

O Conselheiro do CGT

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(José Serra dos Reis)

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