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P O R T U G A L
P O R T U G A L
Miguel Branco
O livro é a primeira monografia sobre a obra do artista, contando com dois
textos sobre os 25 anos da sua produção artística. O primeiro, “O Modo
Menor” da autoria do crítico Manuel Castro Caldas, faz uma análise dos
aspectos estruturais que formam o tecido conceptual da obra, aspectos que
se mantêm constantes ao longo de toda a produção e que desenvolvem dis-
Assirio & Alvim
1987-1996
O ano 2005 foi um ano crucial para o artista. Já vimos em períodos anterio-
res, momentos de ansiedade e dúvida e, em cada uma dessas ocasiões, ele
regressou à escultura antes de encontrar o seu caminho para voltar à pin-
tura. (…)
Branco frequentemente fala de filmes, especialmente nos de David Cronen-
berg, como uma influência especial no desenvolvimento destas esculturas.
O realizador desde há muito se tem interessado por todos os tipos de muta-
ção animal, uma mistura que funde visualmente o horror e a ficção cientí-
fica, o bizarro e o anómalo. Acontece também que Branco associa o seu tra-
balho ao inquietante e ao fantástico, tal como aparecem em David Lynch. Há
também referências transversais a Francis Bacon, artista que admira parti-
cularmente.
A dicotomia grande arte / arte menor é completamente dissolvida nestas
esculturas em cores vivas. Peças tiradas da História Natural, como o extinto
Dodo (2005), rivalizam com criaturas fantásticas, como um cavalo sem
cabeça e sem cauda, Sem Título (Cavalo Negro) (2005) (…) Algumas peças
são semi-abstractas enquanto outras são especificamente homenagens a
artistas e trabalhos que Branco admira. Neste caso estão dois exemplos em
miniatura segundo o ‘colchão’ Mike Kelley, (2005, 2007) e um pequeno
busto de Federico Da Montefeltro, Sem Título (segundo Piero de la Fran-
cesca), a partir do díptico famoso do artista italiano (1465-66). Sem título (a partir de Pierro de la Francesca) 2005
Massa Fimo, madeira e arame, 11,8 x 9,5 x 5,9 cm
Na foto de 2005, no estúdio pode ver-se, na verdade, as diferentes etapas que
o Fimo sofre à medida que é trabalhado. O fio metálico forma o esqueleto e a
armação; o Fimo vermelho é usado para construir o corpo da peça
e dar um tom de carne (não muito diferente da função da base na pintura
medieval); e por fim é aplicado o tom definitivo numa fina camada. (…) Os
“objectos” contêm várias realidades contrárias de modo que (…) se tornam
um compósito de múltiplas camadas de conotações e interferências. Quando
se olha para os muitos exemplos de peças presentes na fotografia do estúdio,
de 2005, encontramos uma diversidade, que vai do fantástico à maneira de
Cronenberg por um lado, até ao naturalista e delicado, no extremo oposto.
Os trabalhos criam um universo pictórico do racional e do irracional, um
mundo de associações conscientes e/ou de inconscientes estados oníricos.
Desde a segunda metade de 2008, Miguel Branco tem experimentado esca-
las maiores nas suas esculturas (…) e tem voltado à investigação em pintura.
As pinturas mais recentes parecem jogar com uma realidade intermédia:
umas vezes com o humano e o animal, outras com a deslocação histórica.
(…)
www.miguelbranco.com
miguel@miguelbranco.com