Vous êtes sur la page 1sur 109

OS MAIAS

uma adaptação para o

Ensino Especial

Eli
EÇA DE QUEIRÓS
Eça de Queirós - Biobibliografia

José Maria Eça de Queirós nasceu


em 1845, na Póvoa de Varzim e morreu
em 1900, em Paris. Estudou Direito em
Coimbra, onde conheceu outro escritor,
Antero de Quental, de quem se tornou
muito amigo.

Em 1867 funda o jornal O Distrito


de Évora.

Com outro escritor, Ramalho


Ortigão, publica no Diário de Notícias,
em folhetins, O Mistério da Estrada de
Sintra (1870). No ano seguinte começa
a publicar As Farpas. Concorre à
diplomacia, começando por ser cônsul
em Havana, depois em Newcastle e a
partir de 1888 em Paris. Em Inglaterra,
Eça de Queirós escreveu grande parte da
sua obra, através da qual se revela um
dos mais importantes escritores da
língua portuguesa.

Eis as suas obras mais importantes:


O Crime do Padre Amaro (1878), A
Relíquia (1887), Os Maias (1888 –
considerada a sua obra-prima), A Ilustre
Casa de Ramires (1897) e A Cidade e as
Serras (1899). Parte da restante obra foi
publicada já depois da sua morte.
FOTOBIOGRAFIA
PESQUISA:

Procurar elementos que


permitam:
complementar esta
fotobiografia de Eça de
Queirós.
CARICATURAS

SUGESTÃO:

descobrir mais imagens.


PROPOSTA:

esboçar uma caricatura de


Eça.
OS MAIAS

Obra-prima de Eça de Queirós,


publicada em 1888, e uma das mais
importantes de toda a literatura
narrativa portuguesa. É um romance
realista e naturalista onde não faltam o
fatalismo, a análise social, as peripécias
e a catástrofe próprias do enredo
passional.

A obra ocupa-se da história de uma


família – Maia – ao longo de três
gerações, centrando-se depois na última
geração e dando relevo aos amores de
Carlos da Maia e Maria Eduarda. Mas a
história é também um pretexto para o
autor fazer uma crítica à situação
decadente do país (na política e na
cultura) e à alta burguesia lisboeta
oitocentista, por onde perpassa um
humor (ora fino, ora satírico) que
configura a derrota e o desengano de
todas as personagens.
fotografia dos desenhos incluídos no
trabalho: OS Maias – aparências da
vida romântica - de Vânia Assis
QUEM ERAM OS MAIAS?

Os Maias eram uma antiga família


da Beira, sempre pouco numerosa, sem
parentela – e agora reduzida a dois
varões, o senhor da casa, Afonso da
Maia, um velho já e o seu neto Carlos
que estudava medicina em Coimbra.
Quando Afonso se retirara
definitivamente para Santa Olávia, o
rendimento da casa excedia já cinquenta
mil cruzados: mas desde então tinham-
se acumulado as economias de vinte
anos de aldeia. Tinha também havido a
herança de um parente, Sebastião da
Maia, que desde 1830 vivia, sem mais
família, em Nápoles, ocupando-se de
numismática. Vilaça, o procurador da
família Maia podia sorrir com satisfação
quando dizia que a família ainda tinha
algum dinheirinho para a manteiga de
uma fatia de pão.

Vilaça tinha aconselhado a venda da


Tojeira, mas nunca tinha concordado
com Afonso quanto à venda da casa de
Benfica.

Agora, os Maias, com o Ramalhete


inabitável, não possuíam uma casa em
Lisboa; e se Afonso naquela idade
amava o sossego de Santa Olávia, o seu
neto, rapaz de gosto e de luxo que
gostava de passar as férias em Paris e
em Londres, não queria, depois de
formado, ir viver nos penhascos do
Douro.

E com efeito, meses antes de Carlos


deixar Coimbra, Afonso espantou Vilaça
quando lhe anunciou que decidira vir
habitar o Ramalhete. O procurador fez
um extenso relatório a enumerar os
inconvenientes do casarão: o maior
problema era o da casa necessitar de
muitas obras.

Estrutura de Os Maias
1. Quem são os Maias?
2. Indique o nome dos dois varões da
família.
3. Que relação de parentesco existe
entre os dois homens?
4. Como classifica a situação
financeira da família Maia?
5. Quem lhes deixou uma herança?
6. Qual a profissão de Vilaça?
7. Afonso da Maia seguia sempre os
conselhos que o procurador lhe
dava? Justifique a resposta.
8. O avô e o neto têm os mesmos
gostos? Ilustre a resposta com o
texto.
9. Para onde vão os Maias viver
quando Carlos acabar o curso de
medicina?
10. Afonso da Maia informou que
vinha viver para o Ramalhete. Qual
foi a reacção de Vilaça?
11. A casa já estava pronta para ser
habitada?
12. Como classifica o narrador
deste texto?

II

1. Em cada uma das séries dadas,


indique o intruso:
1.1. Reduzida, abreviada,
atenuada, resumida, relatada
1.2. Misturara, afastara, retirara,
apartara, desligara
1.3. Excedia, comia, sobrava,
passava, sobejava
1.4. Acumulado, passado, reunido,
juntado, armazenado
1.5. Satisfação, contentamento,
inconveniente, gosto, agrado
2. Escreva o antónimo de:
2.1. numerosa
2.2. sem
2.3. reduzida
2.4. neto
2.5. definitivamente
2.6. mais
2.7. algum
2.8. venda
2.9. inabitável
2.10. extenso
3. Coloque a preposição adequada:
3.1. Os Maias eram naturais
______ Beira, possuíam um
bom rendimento e receberam
a herança ______ um parente
que vivia ______ Itália.
3.2. Afonso, já velho, ______ o
sossego ______ Santa Olávia,
mas Carlos gostava mais
______ luxo ______ vida
______ Lisboa.

4. Releia o texto “Quem eram os


Maias” e transcreva os
aumentativos encontrados.
5. Elabore duas frases usando
aumentativos diferentes.
III

Afonso da Maia gosta mais da calma, do


sossego e da tranquilidade de Santa
Olávia.

Carlos da Maia prefere a vida agitada


das grandes capitais, por isso, nas férias
vai para Paris, Londres,… e, quando
acabar o curso, quer ir viver para Lisboa.

Em
não mais de vinte linhas, indique se
gosta mais da vida no campo ou na
cidade, explicando as razões da sua
preferência.
AFONSO DA MAIA VEM VIVER NO
RAMALHETE NO OUTONO DE 1875

A casa, depois de arranjada, ficou


vazia, enquanto Carlos, já formado, fazia
uma longa viagem pela Europa; - e foi
só nas vésperas da sua chegada nesse
lindo Outono de 1875, que Afonso se
resolveu a deixar Santa Olávia e vir
instalar-se no Ramalhete. Havia vinte e
cinco anos que não via Lisboa; e,
passados poucos dias, confessou ao
Vilaça que estava com saudades da
calma, tranquilidade e sossego de Santa
Olávia. Mas, que remédio! Não queria
viver separado do neto; e Carlos agora
tinha ideias sérias de começar a
trabalhar em Lisboa. De resto, não
desgostava do Ramalhete, agradava-lhe
também muito a vizinhança e gostava
até do seu quintalito. Não era como o
jardim de Santa Olávia, mas tinha o seu
ar simpático, com os girassóis perfilados
ao pé dos degraus do terraço, com o
cipreste e o cedro juntos como dois
amigos tristes e com a estátua do
parque, a clara e bela estátua de Vénus.
1. Acabaram as obras no Ramalhete,
mas a casa continua sem moradores.
Qual a razão?

2. Quando é que o avô de Carlos da


Maia decidiu vir instalar-se no
Ramalhete?

3. Quantos anos viveu Afonso da Maia


em Santa Olávia?

4. Que confissão fez Afonso da Maia ao


procurador?

5. Explique a razão pela qual Afonso da


Maia ficou a viver no Ramalhete.

6. Faça a descrição do jardim da casa do


Ramalhete.

7. Como classifica o narrador presente


neste texto?
1. Em cada uma das séries dadas,
indique o intruso:
1.1. arranjada, reparada,
laranjada, consertada,
restaurada
1.2. chegada, aparecimento,
vinda, jantarada, regresso
1.3. confessou, revelou, declarou,
passeou, anunciou
1.4. triste, chorosos, presunçoso,
desgostoso, magoado
1.5. bela, curiosa, formosa,
graciosa, harmoniosa
2. Escreva o antónimo de:
2.1. vazia
2.2. chegada
2.3. começar
2.4. simpático
2.5. clara
3. Preencha os espaços com a
preposição correcta:
3.1. Afonso da Maia queria viver
_________ o neto _________
Lisboa _________casa
_________ Ramalhete.
3.2. Carlos da Maia saiu
_________ Coimbra, passou
_________ Paris e
_________ Londres e
demorou-se bastante tempo
_________ Oslo.
4. Preste atenção às frases

O jardim do Ramalhete não era


como o de Santa Olávia.

O jardim tinha um ar simpático.

4.1. Transforme as duas frases


simples numa frase complexa,
estabelecendo entre elas uma
relação de oposição.
5. Encontre a personificação que se
encontra no texto «Afonso da Maia
vem viver no Ramalhete no
Outono de 1875».
6. Escreva uma frase em que esteja
presente uma personificação.
AFONSO DA MAIA

Afonso era um pouco baixo, maciço,


de ombros quadrados e fortes: e com a
sua face larga de nariz aquilino, a pele
corada, quase vermelha, o cabelo branco
todo cortado à escovinha, e a barba de
neve aguda e longa – lembrava, como
dizia Carlos, um herói dos tempos
antigos.

Afonso amava os livros, a


comodidade da sua poltrona, o seu jogo
de cartas ao canto do fogão.

Vilaça vinha encontrá-lo muitas


vezes ao canto da chaminé, com um
livro na mão e o seu gato aos pés. Este
pesado e enorme angorá, branco com
malhas louras, era agora (desde a morte
de «Tobias», o soberbo cão são-
bernardo) o fiel companheiro de Afonso.
Tinha nascido em Santa Olávia, e
recebera o nome de «Bonifácio», depois,
ao chegar à idade do amor e da caça,
fora-lhe dado o apelido de «D. Bonifácio
de Calatrava». Agora, dorminhoco e
obeso, entrara definitivamente no
descanso próprio das grandes figuras
eclesiásticas, e era chamado por
«Reverendo Bonifácio»…

Observe a
pintura de Van
Gogh.
Faça a
descrição.
Compare este
«velho homem
sentado» com
a „imagem‟ de
Afonso da Maia.
1. Classifique, quanto à presença, o
narrador do texto «Afonso da
Maia».
2. Faça o retrato físico de Afonso da
Maia.
3. Indique os passatempos preferidos
desta personagem.
4. Elabore a descrição do fiel
companheiro do velho senhor.
5. Apontar os nomes que, ao longo
da vida, o gato angorá teve.
Num texto bem estruturado, com um
máximo de vinte linhas, escreva sobre
o seu passatempo preferido (estar
com os amigos, ler, passear, praticar
desporto, dançar, ver exposições, ...)
A vida de Afonso da Maia, em
Inglaterra, na companhia de
sua mulher, Maria Eduarda
Runa

Afonso da Maia estudou literatura


inglesa; interessou-se pela cultura, por
cavalos, pela prática da caridade; - e
pensava com prazer em ficar ali para
sempre naquela paz e naquela ordem.

Mas Afonso percebia que sua


mulher não era feliz. Estava quase
sempre pensativa e triste, tossia sempre
pelas salas. À noite sentava-se junto do
fogão, suspirava e ficava calada…

Pobre senhora! A nostalgia do país,


da parentela, das igrejas, fazia com que
ela ficasse cada dia mais doente. Ela era
uma verdadeira lisboeta, pequenina e
trigueira, sem se queixar e sorrindo
timidamente, odiava, desde a sua
chegada a Inglaterra, aquela língua
estranha, aquelas pessoas com outra
religião. Ela, só à noite, indo refugiar-se
no sótão com as criadas portuguesas,
podia rezar o terço.

Odiando tudo o que era inglês, não


consentira que seu filho, o Pedrinho,
fosse estudar para o colégio de
Richmond. Afonso, para a tranquilizar,
dizia-lhe que o colégio era católico, mas
a pobre senhora não acreditou e mandou
vir de Lisboa o padre Vasques.

Às vezes, Afonso interrompia as


lições do padre e agarrava na mão do
Pedrinho para o levar, para correr com
ele junto ao rio Tamisa. Mas a mamã
vinha logo a correr, cheia de terror, para
embrulhar o menino numa grande
manta. Pedro, quando estava na rua,
como estava acostumado ao colo das
criadas e aos mimos da mamã, tinha
medo do vento e das árvores. O pai
ficava pensativo e triste por ver a
fraqueza do filho…
1. Afonso da Maia e a sua mulher,
Maria Eduarda runa, estão agora a
viver em Inglaterra.
1.1. Que fazia Afonso da Maia?
1.2. Como passava os seus dias?
1.3. A personagem feminina
gozava de boa saúde?
Justifique.
1.4. A mulher de Afonso da Maia
gostava da língua inglesa?
1.5. Além da língua, há mais
alguma coisa de que a pobre
senhora não goste naquele
país estranho?
2. O casal tinha um filho pequeno, o
Pedrinho.
2.1. Onde estudava o Pedrinho?
2.2. Às vezes, Afonso da Maia
tomava uma atitude em
relação ao filho. Que fazia
nessas ocasiões?
2.3. Pedrinho gostava de ir
passear com o pai?
2.4. Como ficava Afonso da Maia
ao ver as reacções do filho?

II

1. Em cada uma das séries dadas,


indique o intruso:
1.1. Interessar-se, refugiar-se,
ocupar-se, preocupar-se,
importar-se
1.2. Pensativa, concentrada,
meditativa, absorta,
distraída
1.3. Nostalgia, caridade,
saudade, tristeza, melancolia
1.4. Estranha, igual, esquisita,
desconhecida, exótica
2. Preencha os espaços com as
formas convenientes dos verbos:
2.1. Afonso da Maia __________
(estudar) literatura inglesa.
2.2. A pobre senhora, à noite
__________ (sentar-se)
junto do fogão e
__________ (passar) a noite
a suspirar.
2.3. Afonso da Maia __________
(pegar) na mão do filho e
__________-o (levar) a
passear pelas margens do
Tamisa.
2.4. O menino __________ (ir)
todo embrulhado na grande
manta da mãe.
3. Coloque a preposição adequada:
3.1. O pai interrompia as lições
__________ padre e
segurava a mão __________
menino __________ o levar
__________ a rua.
3.2. O menino era muito
medroso, tinha medo
__________ vento, e
__________ barulhos
__________ rua.
4. Preste atenção às frases:

Pedro estava na rua.

Pedro tinha medo do vento e das


árvores.

4.1. Transforme as duas frases


simples numa frase
complexa, estabelecendo
entre elas uma relação de
tempo.
Pedro da Maia, rapaz mole e instável

Afonso da Maia e a mulher, Maria


Eduarda Runa, regressam a Portugal e
vão viver para a casa de Benfica.

O Pedrinho estava quase um


homem. Era pequenino e nervoso como
a mãe; a sua face oval de um trigueiro
suave, dois olhos maravilhosos e
irresistíveis, prontos sempre a
choramingar, faziam-no assemelhar a
um árabe. Crescera sem curiosidades,
indiferente a brinquedos, a flores, a
livros. Era em tudo um fraco; tinha
crises de melancolia, que o traziam dias
e dias mudo, murcho, amarelo, com as
olheiras fundas como se fosse já um
velho. O seu único sentimento vivo,
intenso, era o da sua paixão pela mãe.
Afonso tinha querido mandar o filho
estudar para Coimbra, mas a pobre da
mãe pusera-se de joelhos diante de
Afonso, balbuciando e tremendo: e ele,
mais uma vez, lá cedeu perante as
súplicas daquelas mãos de mãe, cedeu
perante as lágrimas que caiam quatro a
quatro pela face da pobre senhora.
Pedro continuou em Benfica, dando
lentos passeios a cavalo, com o criado
fardado sempre a acompanhá-lo.

Quando a mãe morreu, Pedro teve


uma dor tremenda. Durante muitos
meses, vestido todo de negro, apenas
saía para ir visitar a sepultura da
mamã…

Esta dor exagerada cessou por fim;


e sucedeu-lhe, quase sem transição, um
período de vida turbulenta, cheia de
estroinice, em que Pedro procurava
afogar em botequins as saudades da
mamã. Mas essa exuberância ansiosa
que tinha aparecido tão subitamente,
tão tumultuosamente, na sua natureza
desequilibrada, acabou-se também
muito depressa. Também esta forma de
vida não durou muito tempo.
1. Afonso e a mulher regressaram a
Portugal. Indique as razões.
2. Para onde foi viver o casal?
3. Trace o retrato físico da
personagem principal.
4. Elabore o retrato psicológico de
Pedro da Maia.
5. Pedro foi estudar para Coimbra?
Justifique a sua resposta.
6. Em Benfica, como ocupava Pedro o
tempo?
7. Qual a causa da tremenda dor de
Pedro?
8. Como foi a vida desta personagem
depois de ter passado o período do
luto?
9. Pedro teve uma vida agitada
durante muito tempo? Justifique a
resposta.
1. Qual a palavra que, pelo seu
significado, não pertence à série
em que se encontra:
1.1. regressaram, voltaram,
retornaram, vieram, saíram
1.2. nervoso, choroso, agitado,
impaciente, excitado
1.3. fraco, débil, gordo, frágil,
delicado
1.4. melancolia, abatimento,
tristeza, intenso, mágoa
1.5. suplicar, durar, pedir, rogar,
solicitar

PROPOSTA:

Uma dupla caricatura de Pedro da


Maia:
escrita
desenhada/pintada.
PEDRO DA MAIA APAIXONADO

Mas um dia…
Pedro da Maia amava! Era um amor à
Romeu, vindo de repente numa troca de
olhares fatal e deslumbrante, uma
dessas paixões que assaltam uma
existência, a assolam como um furacão,
arrancando a vontade, a razão.

Numa tarde, estando no Marrare,


viu parar, defronte à porta de Madame
Levaillant, uma caleche azul onde vinha
um velho de chapéu branco, e uma
senhora loura, embrulhada num xale de
Caxemira.
O velho, baixote e gorducho, de
barba muito grisalha talhada por baixo
do queixo, uma face tisnada de antigo
embarcadiço, desceu todo encostado ao
trintanário como se um reumatismo o
incomodasse, entrou o portal da
modista; e ela voltando devagar a
cabeça olhou um momento para o
Marrare.

Sob as rosinhas que ornavam o seu


chapéu preto, os cabelos loiros
ondeavam de leve sobre a testa curta;
os olhos eram maravilhosos.

Não a conhecia. Mas um rapaz alto,


macilento, de bigodes negros, vestido de
negro, que fumava encostado à outra
ombreira, vendo o interesse de Pedro
murmurou-lhe:
- Queres que te diga o nome,
Pedro? E pagas ao teu amigo Alencar
uma garrafa de champanhe?

Veio o champanhe. E o Alencar,


depois de passar os dedos magros pelos
anéis da cabeleira e pelas pontas do
bigode, começou, todo recostado e
dando um puxão aos punhos:

- Chama-se… A deusa que tu


acabaste de ver chama-se…

- André – gritou Pedro ao criado,


martelando o mármore da mesa -, retira
o champanhe!

O Alencar bradou:

- O quê? Sem eu saciar a minha


tremenda e descomunal sede?

Pedro disse-lhe que o champanhe


poderia ficar se ele dissesse
rapidamente o nome daquela
encantadora mulher.

- Pois… Eis o nome da deusa loura:


Maria Monforte.

Os Cafés de
Lisboa, Marina Tavares
Dias (visionamento
explicativo - época,
contexto histórico e
político).
1. Um dia… Que aconteceu um dia à
personagem principal?

2. Numa tarde, Pedro viu parar,


defronte do café Marrare, uma
caleche azul. Quem eram os
ocupantes da caleche?

3. Descreva o ocupante masculino.

4. Faça, agora, a descrição da figura


feminina.

5. Pedro não conhecia a senhora


loura. Quem se ofereceu para dizer
o nome da desconhecida?

6. O amigo era desinteressado?


Justifique a resposta.

7. Elabore o retrato do amigo de


Pedro.

8. Como se chamava a mulher


desconhecida?
9. Divida o texto em partes,
justificando a sua divisão.

10. Indique um diminutivo


presente no texto.

II

1. Qual a palavra que, pelo seu


significado, não pertence à série
em que se encontra:
1.1. desordenado, caótico, confuso,
desregrado, existência
1.2. suspeitar, colocar, desconfiar,
conjecturar, supor
1.3. dirigir-se, ir, contar, caminhar,
andar
1.4. contrariado, irado,
desagradado, aborrecido,
descontente
2. Coloque a forma correcta do verbo
indicado entre parêntesis:
2.1. Todos os dias Pedro…………………
(escrever) cartas a Maria
Monforte, depois …………………
(ficar) a conversar com os
amigos.
2.2. Afonso da Maia não …………………
(conhecer) a família de Maria,
mas não ………………… (gostar)
das coisas que lhe …………………
(contar) os amigos.
Releia os textos «Pedro da Maia
apaixonado» e «Afonso da Maia
vem viver no Ramalhete no Outono
de 1875»
Transcreva as comparações
existentes nos dois textos.
Escreva, agora, três frases, usando
a figura de estilo chamada
comparação.
Num texto bem estruturado, com
cerca de vinte e cinco linhas, narre as
circunstâncias em que conheceu uma
amiga, indicando:

o local e o momento;
as pessoas envolvidas;
as primeiras impressões vividas;
os sentimentos experimentados;

O namoro de Pedro da Maia

Passado pouco tempo, toda a Lisboa


falava da paixão de Pedro da Maia por
Maria Monforte.

Pedro escrevia-lhe todos os dias


duas cartas em seis folhas de papel –
fazia-lhe poemas desordenados que ia
compor para o Marrare. Se algum amigo
vinha à porta do café perguntar por
Pedro da Maia, os criados logo
respondiam:

- O Sr. Pedro? Está a escrever à


menina.

Os velhos amigos de Afonso da Maia


que vinham fazer o seu joguinho de
cartas a Benfica, sobretudo o Vilaça, o
administrador dos Maias, não tardaram
em lhe contar daqueles amores do
Pedrinho pela Maria Monforte. Afonso já
suspeitava da existência desses amores
pois via todos os dias um criado da
quinta partir com um grande ramo das
melhores camélias do jardim; todas as
manhãs cedo encontrava no corredor o
criado, dirigindo-se ao quarto do
menino, a cheirar regaladamente o
perfume de um envelope com sinete de
lacre dourado. Mas Afonso ignorava o
nome e a maneira de viver dos
Monfortes, porém, devido às coisas que
os amigos iam contando sobre essa
família, Afonso da Maia estava
contrariado com aquela paixão do filho.
1. Pedro tinha agora uma ocupação
diária que lhe agradava muito.
Que fazia esta personagem todos
os dias?

2. Pedro mantinha o seu namoro em


segredo? Justifique a resposta.
3. O pai, Afonso da Maia, desconfiava
que Pedro estava apaixonado?
Fundamente a sua resposta.

4. Afonso da Maia estava de acordo


com o namoro do filho?

5. Divida o texto em partes,


justificando a sua divisão.

6. No texto, o narrador exagera uma


determinada realidade, usa, para
isso, uma hipérbole. Transcreva a
frase.
1. Qual a palavra que, pelo seu
significado, não pertence à série
em que se encontra:

1.1. desordenado, caótico, confuso,


desregrado, existência

1.2. suspeitar, colocar, desconfiar,


conjecturar, supor

1.3. dirigir-se, ir, contar, caminhar,


andar

1.4. contrariado, irado, desagradado,


aborrecido, descontente

2. Coloque a forma correcta do verbo


indicado entre parêntesis:

2.1. Todos os dias Pedro…………………


(escrever) cartas a Maria Monforte,
depois …………………(ficar) a
conversar com os amigos.
2.2. Afonso da Maia não …………………
(conhecer) a família de Maria, mas
não …………………(gostar) das coisas
que lhe …………………(contar) os
amigos

As mulheres gostam muito de receber


flores.

Descreva uma situação em que tenha


oferecido flores a alguém (mãe, irmã,
amiga, …).
Afonso da Maia vê Maria
Monforte com Pedro

No verão,
Pedro
partiu para
Sintra;
Afonso
soube que
os Monfortes tinham lá alugado uma
casa. Dias depois o Vilaça apareceu em
Benfica, muito preocupado: na véspera
Pedro visitara-o no cartório, pedira-lhe
informações sobre as suas propriedades,
sobre o meio de levantar dinheiro. Ele
dissera que em Setembro, chegando à
sua maioridade, tinha direito à herança
da mamã…
- Mas porquê, Vilaça? O rapaz
quererá dinheiro, quererá dar presentes
à rapariga… O amor é um luxo caro,
Vilaça.

- Deus queira que seja isso, senhor


Afonso, Deus o ouça!

Dias depois, Afonso da Maia viu


Maria Monforte. Tinha jantado na quinta
do Sequeira ao pé de Queluz, e
tomavam ambos o seu café no mirante,
quando entrou pelo caminho estreito a
caleche azul. Maria, abrigada sob uma
sombrinha escarlate, trazia um vestido
cor-de-rosa cuja roda, toda em folhos,
quase cobria os joelhos de Pedro,
sentado a seu lado. As fitas do seu
chapéu, apertadas num grande laço
eram também cor-de-rosa, e a sua face
era adorável, os olhos, de um azul
sombrio eram luminosos.
O Sequeira ficara com a chávena de
café junto aos lábios, de olhos
espantados, murmurou:

- Caramba! É bonita!

Afonso não respondeu.


1. Pedro partiu para Sintra. Explique
o motivo da ida de Pedro para
Sintra.

2. Vilaça apareceu em Benfica muito


preocupado. Explique a razão da
preocupação desta personagem.

3. Onde estava Afonso da Maia


quando viu Maria Monforte pela
primeira vez?

4. Faça a descrição de Maria Monforte


– ter presente a simbologia das
cores.

5. Qual foi a reacção de Sequeira


quando viu Maria?

6. E o pai de Pedro como reagiu?


Justifique a sua resposta com o
texto.
7. Divida o texto em partes,
justificando a sua divisão.

II

1. Qual a palavra que, pelo seu


significado, não pertence à série
em que se encontra:
1.1. apareceu, veio, telefonou,
surgiu, chegou
1.2. informações, comunicações,
notícias, esclarecimentos, trocas
1.3. luminosos, brilhantes,
resplandecentes, cintilantes,
cadentes
1.4. adorável, querida, admirável,
encantadora, chorona
1.5. sombrio, húmido, escurecido,
opaco, enegrecido
2. Preencha com a preposição
adequada:
2.1. Afonso ………… Maia comeu
………… casa ………… amigo
Sequeira que ficava perto
………… Queluz e tomou café
………… o amigo ………… belo
mirante.
2.2. Maria estava protegida …………
uma sombrinha escarlate; a
roda ………… saia tapava os
joelhos ………… Pedro.
3. Escreva o antónimo de:
3.1. preocupado
3.2. pedir
3.3. abrigada
3.4. sombrio
3.5. depois
3.6. levantar
3.7. estreito
3.8. trazer
4. Coloque o verbo indicado entre
parêntesis no tempo conveniente:
4.1. No dia anterior Afonso da
Maia ………… (saber) que a
família Monforte …………
(alugar) casa em Sintra.
4.2. Na próxima semana Afonso
da Maia ………… (regressar) à
casa de Benfica e …………
(conversar) muito
seriamente com o filho.

Composição

Um encontro inesperado.

Um dia estava num café com os amigos


e viu alguém muito interessante.

Descreva essa visão.


Pedro da Maia casa com Maria
Monforte

O Outono passou, chegou o


Inverno, frigidíssimo. Uma manhã, Pedro
entrou na biblioteca onde o pai estava a
ler junto ao fogão, passou um momento
os olhos por um jornal aberto, e
voltando-se bruscamente para ele disse-
lhe:

- Meu pai, venho pedir-lhe licença


para casar com uma senhora que se
chama Maria Monforte.

Afonso pousou o livro aberto sobre


os joelhos, e numa voz grave e lenta
disse para o filho.

- Não me tinhas falado disso… Creio


que ela não é de boa família, é filha de
um assassino, de um negreiro…
- Meu pai!...

Afonso ergueu-se diante dele, rígido


e inflexível.

- Que tens a dizer-me mais? Fazes-


me corar de vergonha.

Pedro, mais branco que o lenço que


tinha na mão, exclamou todo a tremer,
quase em soluços:

- Pois pode estar certo, meu pai,


que hei-de casar!

Saiu, atirando furiosamente a porta.


No corredor gritou pelo criado, muito
alto para que o pai ouvisse e deu-lhe
ordem para levar as suas malas para o
Hotel Europa.

Dois dias depois Vilaça entrou em


Benfica, com as lágrimas nos olhos,
contando que o menino casara nessa
manhã – e segundo lhe dissera o Sérgio,
procurador do Monforte, ia partir com a
noiva para a Itália.
1. Em que época do ano se situa o
excerto de Os Maias que acabou de
ler?

2. Pedro foi ter com o pai para lhe fazer


um pedido.

2.1. Que pedido fez Pedro?

2.2. Qual foi a reacção de Afonso da


Maia?

2.3. E Pedro, como reagiu Pedro à


resposta do pai?

3. Pedro, depois de conversar com o


progenitor, tomou, de imediato,
uma decisão.

3.1. Explique, por palavras suas,


qual foi a decisão de Pedro.

4. Dois dias depois, Vilaça, o


procurador dos Maias, entrou em
Benfica e deu uma novidade a
Afonso da Maia.

4.1. Que disse Vilaça ao pai de


Pedro?

5. O texto não conta a reacção de


Afonso da Maia. Em sua opinião,
que terá sentido Afonso da Maia ao
ouvir aquela notícia?

6. Divida o texto em partes,


justificando a sua divisão.

II

1. Identifique o intruso:

1.1. junto, perto, próximo, brusco,


vizinho

1.2. licença, autorização, permissão,


consentimento, negação

1.3. pousar, içar, colocar, pôr, depor


1.4. inflexível, inabalável, nervoso,
imperturbável, impassível

1.5. furioso, irritado, enfurecido,


danado, meigo

2. Observe as seguintes frases:

Afonso da Maia não gostava da


família Monforte.

Afonso da Maia não autorizou o


casamento.

2.1. Transforme as duas frases


simples numa frase complexa,
estabelecendo entre elas uma relação
de conclusão.

3. Mude para o plural:

3.1. fogão; 3.2. inflexível; 3.3. voz;


3.4. assassino
4. Preencha os espaços com a preposição
correcta:

4.1. Afonso _____ Maia passava os


olhos _____ um jornal quando entrou
_____ sala o seu filho.

4.2. Pedro saiu furioso, atirou _____ a


porta e deu ordem _____ criado
_____ levar as malas _____ a
caleche.

5. Escreva os verbos indicados entre


parêntesis no tempo adequado:

5.1. Afonso da Maia _____ (ler) o


jornal quando o filho _____ (entrar)
na sala.

5.2. Na semana seguinte, Pedro


_____ (partir) para Itália com a sua
noiva e só _____ (regressar) a
Portugal muito tempo depois.
Composição

Os pais e os filhos nem sempre estão de


acordo.

Dê a sua opinião fundamentada sobre a


atitude das personagens do texto.
O regresso de Pedro da Maia e
de Maria Monforte

Depois do casamento, Pedro e Maria vão


em viagem de núpcias para Itália e para
França. Em breve ficam cansados da
vida agitada de Paris e decidem
regressar a Portugal. Antes de
regressarem, Pedro escreve uma carta
ao pai a tentar a reconciliação, dizendo-
lhe que, logo que chegasse a Lisboa, se
iria lançar a seus pés.

Na verdade, logo que desembarcou,


correu num trem a Benfica. Mas o pai
tinha partido dois dias antes para Santa
Olávia. Pedro ficou desfeito e muito
magoado com a partida do pai.
Entre o pai e o filho fez-se uma grande
separação. Quando lhe nasceu uma
filha, Pedro não disse nada ao pai. Era
uma linda bebé, muito gorda, loura e
cor-de-rosa, com os belos olhos negros
dos Maias. Maria adorava a filha,
passava dias de joelhos ao pé do berço.

Afonso da Maia não os queria perdoar,


não queria conhecer a neta, tanto pior
para ele!

E o próprio Vilaça, um dia que Pedro lhe


mostrara a pequerrucha adormecida
entre as rendas do seu berço,
sensibilizou-se, veio-lhe lagrimazita aos
olhos, e declarou, com a mão no
coração, que aquilo era teimosia do Sr.
Afonso da Maia!

- Pois pior para ele! Não querer ver um


anjo destes! – disse Maria, dando diante
do espelho um jeito às flores do cabelo.
– Também não faz cá falta…
1. Pedro e Maria partiram em viagem
de núpcias.
1.1. Que países visitaram durante
essa viagem?
1.2. A viagem de núpcias demorou
muito tempo? Justifique a
resposta.
2. Antes de regressar a Portugal,
Pedro tentou a reconciliação com o
pai.
2.1. Que fez Pedro?
3. Qual foi a primeira coisa que Pedro
fez quando chegou a Portugal?
4. Pai e filho reconciliaram-se?
Justifique a sua resposta.
5. Que aconteceu de novo nas vidas
de Pedro e de Maria?
6. Faça o retrato da filha de Pedro e
de Maria.
7. Afonso da Maia quis conhecer a
neta?
8. Vilaça gostou de ver a
pequerrucha?
9. Maria Monforte diz que se o sogro
não quer ver a neta «tanto pior
para ele».
9.1. Dê a sua opinião sobre o
desabafo desta personagem.
10. No texto há diminutivos.
Indique-os.
11. Classifique, quanto à
presença, o narrador deste texto.
12. Divida o texto em partes,
justificando a sua divisão.
13. «Maria adorava a filha,
passava dias de joelhos ao pé do
berço.»
13.1. Indique a figura de estilo que
existe nesta frase.
O nascimento do segundo filho

Quando Maria teve outro filho, um


pequeno, Pedro
sentiu no coração
a imagem do pai
abandonado
naquela tristeza
do Douro. Falou, a
medo, a Maria na
reconciliação. E a
sua alegria foi grande quando Maria,
depois de ficar um momento pensativa,
respondeu:

- Creio que me tornaria feliz se o teu pai


estivesse connosco.

Pedro, entusiasmado com o


consentimento da mulher, pensou em ir
a Santa Olávia. Mas Maria tinha um
plano melhor. Quando Afonso da Maia
regressasse a Benfica, o que, segundo
Vilaça, estava para dentro de pouco
tempo, ela iria lá com o pequeno e
pediria perdão. Não podia falhar!

Pedro para abrandar o papá quis dar ao


pequeno o nome de Afonso, mas Maria
não consentiu, preferiu chamar-lhe
Carlos Eduardo da Maia.

O baptizado teve de ser retardado, Maria


adoecera. Felizmente daí a duas
semanas estava curada e Pedro podia já
sair para a caçada na quinta da Tojeira.
Devia demorar-se dois dias. A caçada
era para prestar homenagem a um
italiano, sobrinho dos príncipes de Sória
e com quem Pedro simpatizara
vivamente.
O Alencar e D. João Coutinho também
iam à caçada – e a partida foi de
madrugada.

Nessa tarde, Maria jantava só no seu


quarto, quando sentiu carruagens
parando à porta, um grande barulho
pelas escadas. Quase imediatamente
Pedro
apareci
a
trémulo
e
pálido…

- Uma
grande desgraça, Maria!

- Jesus!

- Feri o rapaz, feri o italiano!... O


Tancredo.
1. Quando nasceu o segundo filho, a
personagem masculina ficou
contente, mas também sentiu
tristeza. Explique a razão destes
dois sentimentos.

2. Depois de Maria ter falado, Pedro


ficou muito contente. Por que
razão ficou Pedro feliz?

3. Pedro tomou uma decisão. Que


decidiu?

4. Quem escolheu o nome do bebé?

5. Pedro foi a uma caçada na quinta


da Tojeira. Para que serviu a
caçada?

6. Quem estaria presente nessa


caça?

7. A que horas foi a partida para a


caçada?
8. A caçada decorreu bem ou houve
algum acidente? Justifique a
resposta.

9. Indique os diminutivos que se


encontram no texto.

10. Classifique o narrador deste


excerto de Os Maias.

11. Divida o texto em partes,


justificando a sua divisão.

II

1. Observe as seguintes frases:

Pedro da Maia estava triste.

O pai de Pedro estava longe.

1.1. Transforme as duas frases simples


numa frase complexa,
estabelecendo entre elas uma
relação de casa.
2. Observe agora as frases que se
seguem:

Pedro da Maia queria dar ao pequeno


o nome de Afonso.

Maria preferiu chamar-lhe Carlos


Eduardo.

2.1. transforme as duas frases


simples numa frase complexa,
estabelecendo entre elas uma
relação de oposição.

3. Indique o intruso:

3.1. entusiasmado, estimulado,


encorajado, excitado, enjoado

3.2. consentimento,
autorização, razão, permissão,
assentimento,
3.3. falhar, desacertar,
encaminhar, perder, errar

4. Escreva o antónimo de:

4.1. abandonado; 4.2. feliz; 4.3.


tristeza; 4.4. regressasse; 4.5.
dentro; 4.6. dentro; 4.7. pouco; 4.8.
pequeno; 4.9. retardar; 4.10.
felizmente; 4.11. sobrinho; 4.12.
simpatizar; 4.13. grande.

Composição

- Uma grande desgraça, Maria!

- Jesus!

- Feri o rapaz, feri o italiano!... O


Tancredo.

Imagine a continuação deste diálogo.


Maria Monforte foge com o
italiano

Uma sombria tarde de Dezembro, de


grande chuva, Afonso da Maia estava no
seu escritório a ler, quando a porta se
abriu violentamente, e, levantando os
olhos do livro, viu Pedro à sua frente.
Vinha todo enlameado, desalinhado, e
na sua face pálida, sob os cabelos
revoltos, luzia um olhar de loucura. O
velho ergueu-se aterrado. E Pedro sem
uma palavra atirou-se aos braços do pai,
rompeu a chorar perdidamente.

- Pedro! Que sucedeu, filho?

- Sossega, filho, que foi?

Pedro então caiu para o canapé, como


cai um corpo morto; e levantando para o
pai um rosto envelhecido, disse, muito
lentamente, numa voz muito baixa.

- Estive fora de Lisboa dois dias… Voltei


esta manhã…. A Maria tinha fugido com
a pequena… Partiu com um homem, o
italiano… E eu estou aqui!

Afonso da Maia ouvia, ali ao seu lado,


aquele soluçar de funda dor; via tremer
aquele corpo desgraçado que outrora
embalara nos braços… Parou junto de
Pedro, colocou-lhe as mãos na cabeça, e
beijou-o na testa várias vezes, como se
ele fosse ainda criança, dando-lhe a sua
inteira ternura.

Então Afonso perguntou:

- Mas para onde fugiram, Pedro? Que


sabes tu, filho? Não é só chorar…
- Não sei nada – respondeu Pedro num
longo esforço. – Sei que fugiu. Eu saí de
Lisboa na segunda-feira. Nessa mesma
noite, ela partiu de casa numa
carruagem, com uma maleta, o cofre de
jóias, uma criada italiana que tinha
agora, e a pequena. Quando voltei tinha
esta carta.

«É uma
fatalidade,
parto para
sempre com o
Tancredo,
esquece-me,
porque não
sou digna de
ti, e levo a Maria, não posso separar-me
dela.»
1. «Uma sombria tarde de Dezembro.»
1.1. Explique por palavras suas o que
aconteceu nessa tarde.
2. Faça o retrato de Pedro da Maia no
momento em que foi ter com o pai ao
escritório.
3. Descreva o estado psicológico da
personagem.
4. Aconteceu alguma coisa de muito
grave a Pedro da Maia? Explique o
que lhe sucedeu.
5. Qual foi a reacção do pai, Afonso da
Maia. Recorde que pai e filho estavam
há muito tempo zangados um com o
outro.
6. Maria Monforte fugiu sozinha?
Justifique a sua resposta.
7. Maria Monforte, ao fugir, deixou uma
carta para Pedro. Que diz a carta?
8. Divida o texto em partes, justificando
a sua divisão.
II

1. Elabore frases com o antónimo de:


1.1. violentamente
1.2. levantando
1.3. pálida
1.4. envelhecido
1.5. nada
1.6. esquecer
1.7. desalinhado
1.8. cair
1.9. junto de

2. Observe as seguintes frases:

Pedro da Maia estava triste.

Maria Monforte tinha fugido.

2.1. Transforme as duas frases simples


numa frase complexa,
estabelecendo entre elas uma
relação de causa.
3. Veja as frases que se seguem:

Pedro da Maia queria estar calmo.

Pedro da Maia não conseguia parar


de tremer.

3.1. Transforme as duas frases simples


numa frase complexa,
estabelecendo entre elas uma
relação de oposição.

4. Observe as seguintes frases:

Maria Monforte fugiu.

Pedro da Maia ficou


profundamente abalado.

4.1. Transforme as duas frases


simples numa frase complexa,
estabelecendo entre elas uma
relação de tempo.
Composição

Escreva a sua opinião sobre a fuga de


Maria Monforte.
Pedro da Maia pensa no que
aconteceu

O bebé de
Pedro,
Carlos
Eduardo,
estava junto
do avô.
Pedro, meio enlouquecido, disse para o
pai que o melhor é ir para muito longe,
talvez para a América.

O estado do filho sobressalta o velho pai


que tentou acalmá-lo.

- Sim, mais tarde, depois pensarás


nisso, filho – disse o velho assustado.
Estava na hora do jantar, o pai quis que
fossem para a mesa. Não havia motivo
para não jantarem.

Carlos, já impaciente com a insistência


do pai, repetiu:

- Vá jantar, meu pai, vá jantar, pelo


amor de Deus…

Saiu. O pai ouviu-lhe os passos no andar


de cima, e o barulho das janelas
violentamente abertas. Afonso sentou-se
à mesa só, tomou uma colher de sopa,
depois foi sentar-se na poltrona junto do
fogão.

O pai, já inquieto, subiu ao quarto do


filho; estava tudo negro e silencioso.
Pedro, completamente enregelado,
chorava. O pai quis consolá-lo, mas
Pedro não consentiu, afastou-se,
impaciente com aquela ternura do pai.
1. As duas personagens estão muito
emocionadas e psicologicamente
perturbadas.
1.1. Faça a caracterização psicológica
de:
1.1.1. Pedro da Maia
1.1.2. Afonso da Maia
2. Dê a sua opinião sobre a atitude de
Pedro da Maia.
3. Divida o texto em partes,
justificando a sua divisão.

II

1. Identifique o intruso:
1.1. pensar, dialogar, reflectir,
meditar, matutar
1.2. motivo, razão, causa, origem,
margem
1.3. impaciente, nervoso, chuvoso,
exaltado, inquieto
1.4. insistência, recusa, teimosia,
perseverança, obstinação
1.5. consolar, acalmar, sobressaltar,
aquietar, tranquilizar
2. Coloque a preposição correcta:
2.1. O filho …………….. Pedro estava
…………….. berço.
2.2. Afonso …………….. Maia ouvia o
filho …………….. andar ……………..
cima.
3. Escreva o verbo indicado entre
parêntesis no tempo conveniente:
3.1. Ontem Pedro ……………..
(chegar) a Benfica e ……………..
(contar) ao pai a sua desgraça.
3.2. O pai disse-lhe: «Amanhã tu
…………….. (pensar) mais
calmamente e depois ……………..
(decidir).
4. Preste atenção às frases:

O bebé estava junto do avô.

O bebé começou a chorar.

4.1. Transforme as duas frases


simples numa frase complexa,
estabelecendo entre elas uma
relação de tempo.

5. Observe as frases:

O pai disse-lhe para se acalmar.

Pedro continuou muito agitado.

5.1. Transforme as duas frases


simples numa frase complexa,
estabelecendo entre elas uma
relação de oposição.
6. Escreva frases com sinónimos de:
6.1. junto
6.2. longe
6.3. acalmar

6.4. impaciente

6.5. cima

6.6. só

6.7. subir

6.8. negro

Composição

Imagine a viagem, que Pedro não chega


a efectuar, à América.

(ter presente a personalidade desta


personagem)
O fim de Pedro da Maia

- Desce um momento. Deixa


arranjar o quarto. Vai apanhar ar.

Pedro obedeceu e seguiu o pai até à


biblioteca. Sentou-se longe da luz, ao
canto do sofá e ali ficou como se
estivesse adormecido. Lá fora a noite
estava tempestuosa, a água batia contra
as vidraças, o vento abanava as árvores.

Passado pouco tempo, Pedro disse


para o pai:

- Estou realmente cansado, meu


pai, vou-me deitar. Boa noite… Amanhã
conversaremos mais.

Beijou respeitosamente a mão do


pai e saiu devagar.
Afonso demorou-se ainda ali, com o
livro na mão, sem ler, atento só a algum
rumor que viesse do andar de cima; mas
tudo estava em silêncio.

Deram dez horas. Antes de se


recolher, foi ao quarto onde fizeram a
cama da ama. No vasto leito o pequeno
dormia como um Menino Jesus, com o
seu pequeno guizo apertado na mão.
Afonso não ousou beijá-lo, para não
acordar a criança com as barbas
ásperas. Depois, sem ruído, subiu ao
quarto de
Pedro.
Entreabriu a
porta. O
filho
escrevia, à
luz de duas
velas.
Pareceu espantado de ver o pai.

- Estou a escrever – disse ele.

Esfregou as mãos, como que


arrepiado da friagem do quarto, e
acrescentou:

- Amanhã cedo é necessário que o


Vilaça vá a Arroios… Boas noites, papá,
boas noites.

No seu quarto, ao lado da


biblioteca, Afonso não pôde sossegar,
ouvia, no silêncio da casa, os passos
lentos e contínuos de Pedro.

A madrugada clareava, Afonso ia


adormecendo – quando de repente um
tiro atroou a casa. Precipitou-se do leito,
despido e gritando: um criado aparecia
com a lanterna na mão. Do quarto de
Pedro vinha um cheiro de pólvora e aos
pés da cama, caído de bruços, numa
poça de sangue que se ensopava no
tapete, Afonso encontrou o seu filho
morto, apertando uma pistola na mão.

Entre as duas velas, Afonso viu uma


carta lacrada com estas palavras sobre o
envelope: Para o papá.

Daí a dias fechou-se a casa de


Benfica. Afonso da Maia partia com o
neto e com todos os criados para a
quinta de Santa Olávia.
1. Divida o texto em partes,
justificando a sua divisão.
2. Faça o resumo do texto.
3. Afonso da Maia convenceu o filho a
sair do quarto? Justifique a
resposta.
4. Descreva o estado do tempo
naquela noite.
5. Pedro demorou-se muito tempo na
biblioteca?
6. Quando eram 10 horas, Afonso da
Maia decidiu ir para o seu quarto.
6.1. Antes de se deitar, que fez
esta personagem?
7. Quando a madrugada clareava, um
tiro atroou a casa.
7.1. Quem deu o tiro?
7.2. Que viu Afonso da Maia
quando chegou ao quarto do
filho?
8. Depois da morte de Pedro, Afonso
da Maia partiu para santa Olávia.
8.1. Afonso da Maia partiu
sozinho?
9. Identifique a figura de estilo
existente na frase: «No vasto leito,
o pequeno dormia como um
Menino Jesus…»

II

1. Identifique o intruso:
1.1. Arranjar, ordenar, regular,
harmonizar, matutar
1.2. Obedecer, empalidecer,
cumprir, satisfazer, acatar
1.3. Respeito, consideração,
teimosia, estima, apreço
1.4. Abanar, tramar, tremer,
oscilar, vacilar
1.5. Tempestade, intempérie,
vendaval, soalheira, temporal
2. Coloque a preposição adequada:
2.1. Pedro estava sentado longe
………….. candeeiro, …………..
canto ………….. sofá.
2.2. O bebé dormia ………….. o
guizo apertado ………….. mão.
3. Observe as frases:

Afonso da Maia não adormecia.

Afonso da Maia estava preocupado.

3.1. Transforme as duas frases


simples numa frase complexa,
estabelecendo entre elas uma
relação de causa.
4. Veja as frases:

Afonso estava quase a dormir.

Afonso ouviu um tiro.

4.1. Transforme as duas frases


simples numa frase complexa,
estabelecendo entre elas uma
relação de tempo.
5. Escreva frases em que use:
5.1. arranjar
5.2. pouco
5.3. respeito
5.4. silêncio
5.5. clarear
5.6. fazer
5.7. sem
5.8. frio
5.9. lento
Composição

Pedro antes de morrer escreveu


uma carta. O envelope lacrado tinha
escrito: «Para o papá».

Imagine o conteúdo dessa carta.


Em construção, 13 de Maio de 2009

Elisabete Miguel

Vous aimerez peut-être aussi