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Bernardo Lopes_______________________________________________________________1 7
AS FÓRMULAS RESOLVENTES
( a
0 + ib0 ) x n + ( a1 + ib1 ) x n −1 + ⋅⋅ ⋅ + ( a n −1 + ibn −1 ) x + a n + ibn = 0
(1)
Sabe-se, por igual, que toda a equação inteira de grau n >1, com coeficientes em C, tem, pelo menos,
uma raiz neste conjunto.
Desde que os matemáticos procuraram encontrar as soluções de uma equação inteira qualquer, que se
gerou o sonho de ser possível obter uma fórmula resolvente geral para a equação de grau n ≥ 1. Para certo
valor de n obter-se-ia a fórmula resolvente para a correspondente equação inteira.
Este objectivo de resolver uma equação inteira de grau n∈N por meio de uma fórmula resolvente,
envolvendo apenas operações algébricas - adição e subtracção, multiplicação e divisão, e extracção de raiz
de índice inteiro - sobre os coeficientes da equação, foi sendo conseguido, sucessivamente, para as
equações inteiras dos primeiro, segundo, terceiro e quarto graus.
Acontece que o matemático norueguês Niels Abel, na sequência de trabalho anterior de Ruffini, provou
não ser possível obter uma fórmula resolvente para o caso geral da equação inteira do quinto grau. Uma
conclusão que acarretou, assim, implicação idêntica para o caso das equações de grau acima do quinto.
Mais tarde, Evaristo Galois veio a desenvolver a sua Teoria da Irresolubilidade Algébrica, deste modo
colocando um ponto final doutrinário no sonho dos seus predecessores, no sentido de encontrar uma
fórmula resolvente geral para a equação inteira de grau n∈N.
Sobre este tema, verdadeiramente complexo, vale a pena adquirir e estudar a excelente obra, TEORIA
DE GALOIS, de Owen J. Brison, publicada pela Faculdade de Ciências de Lisboa.
Contudo, para as equações dos primeiro, segundo, terceiro e quarto graus, foi possível obter fórmulas
resolventes, embora se perceba facilmente que o grau de dificuldade do respectivo manuseio cresce muito
rapidamente com o grau da equação. É esta a razão por que se não recorre, na vida corrente, às fórmulas
resolventes das equações dos terceiro e quarto graus.
Ainda assim, o conhecimento destas fórmulas resolventes constitui um útil instrumento formativo, ao
menos por envolver uma variedade larga de instrumentos matemáticos.
Equação do primeiro grau na incógnita x , definida em C e com coeficientes neste conjunto, é toda a
igualdade que possa reduzir-se à forma:
( a
0 + ib0 ) x + a1 + ib1 = 0
(2)
♣ _____♥
8 H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1
a + ib1 a + ib1
(a 0 + ib0 ) x + 1 =0
a 0 + ib0
⇔ x+ 1
a 0 + ib0
= 0.
( 3)
A equação (3) é uma equação binómia, de resolução muito simples, que não requer, sequer, o recurso à
radiciação para ser resolvida, tendo-se:
a1 + ib1 a + ib1
x+ =0 ⇔ x=− 1 ⋅
a 0 + ib0 a 0 + ib0
(4)
2 x + 3 − i = 0.
Neste caso, tem-se:
a 0 + ib0 = 2 ∧ a1 + ib1 = 3 − i
3−i 3 1
x=− = − + i.
2 2 2
Para a nova equação:
( 2 + i ) x − ( 1 − 3i ) = 0
ela pode escrever-se na forma equivalente:
( 2 + i ) x + ( − 1 + 3i ) = 0
sendo, pois:
− 1 + 3i ( − 1 + 3i ) ( 2 − i ) 1 7
x=− =− = − − i.
2+i ( 2 + i) ( 2 − i) 5 5
2 x + 3 = 0.
Aqui, tem-se:
a 0 + ib0 = 2 ∧ a1 + b1 = 3
♣ _____♥
H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1 9
3
x=− ⋅
2
EQUAÇÃO DO SEGUNDO GRAU
Equação do segundo grau na incógnita x , definida em C e com coeficientes neste conjunto, é toda a
igualdade que possa reduzir-se à forma:
( a
0 + ib0 ) x 2 + ( a1 + ib1 ) x + a 2 + ib2 = 0
( 5)
No sentido de se obter uma equação binómia do segundo grau, que seja facilmente resolúvel por
radiciação, procede-se em (6) à mudança de variável:
x = y+h
a1 + ib1 a + ib2
( y + h) 2
+
a 0 + ib0
( y + h) + 2
a 0 + ib0
=0
ou seja:
1 a + ib1
h=− ⋅ 1 ⋅
2 a 0 + ib0
y =2
⇔ y=±
4( a 0 + ib0 ) 2( a 0 + ib0 )
2
♣ _____♥
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1 a1 + ib1
x = y+h ⇔ y = x−h = x+ ⋅
2 a 0 + ib0
− a1 ± a12 − 4a 0 a 2
x= ⋅
2a 0
x 2 − 3x + 2 = 0.
Neste caso:
pelo que virá, por substituição na fórmula resolvente (8) as duas soluções da equação:
3 ± ( − 3) − 4 × 1 × 2 3 ± 1
2
x=
2 ×1
=
2
⇔ (x =2 ∨ x = 1)
x 2 − 2 x + 2 = 0.
Tem-se aqui:
a 0 + ib0 = 1 ∧ a1 + ib1 = −2 ∧ a 2 + ib2 = 2
pelo que, recorrendo à fórmula resolvente (8), virão as duas soluções procuradas:
2 ± ( − 2) − 4 × 1 × 2 2 ± 2i
2
x=
2 ×1
=
2
⇔ ( x = 1+ i ∨ x = 1 − i) .
Dado que os coeficientes desta equação são números reais, embora as duas soluções sejam
imaginárias, elas são conjugadas entre si.
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onde se tem:
3 ± ( − 3) − 4 × 1( 3 + i ) 3 ± − 3 − 4i
2
x=
2 ×1
=
2
⇔ (x = 2−i ∨ x = 1 + i)
− 3 − 4i = 1 − 2i ∨ − 3 − 4i = −1 + 2i.
Neste caso, embora a equação dada (do segundo grau) tenha duas raízes imaginárias, elas não são
conjugadas entre si, o que fica a dever-se a não serem reais todos os coeficientes da equação.
Por fim, convém chamar a atenção para a importância do designado discriminante da equação do
segundo grau:
∆ = a12 − 4a 0 a 2
pelo que, se o radicando de ∆ for positivo, as duas soluções são reais e diferentes; se for nulo, haverá uma
raiz real com grau de multiplicidade 2; se for negativo, ocorrerão duas raízes imaginárias conjugadas.
Equação do terceiro grau na incógnita x , definida em C e com coeficientes neste conjunto, é toda a
igualdade que possa reduzir-se à forma:
( a
0 + ib0 ) x 3 + ( a1 + ib1 ) x 2 + ( a 2 + ib2 ) x + a 3 + ib3 = 0
( 9)
Tal como nos dois casos anteriores, a obtenção de uma fórmula resolvente para (9) passa por se
conseguir obter uma equação binómia, facilmente resolúvel por radiciação.
Embora nos casos das equações dos primeiro e segundo graus se tenha considerado o caso geral dos
coeficientes das equações serem números imaginários, nos casos das equações dos terceiro e quarto graus
vão considerar-se, sem perda de generalidade, apenas equações com coeficientes reais. Considerar-se-á,
ainda, que a 0 = 1 , pelo que se pretende encontrar uma fórmula resolvente para a equação:
x 3 + a1 x 2 + a 2 x + a 3 = 0
com a j ∈ R, (j=1,2,3).
♣ _____♥
12 H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1
Tal como se fez com a equação do segundo grau, procede-se à mudança de variável:
x = y+h
( y + h) 3
+ a1 ( y + h ) + a 2 ( y + h ) + a 3 = 0
2
ou seja:
y 3 + ( 3h + a ) y 2 + ( 3h 2 + 2ha + a ) y + h 3 + a h 2 + a h + a = 0.
1 1 2 1 2 3
(10 )
a
3h + a1 = 0 ⇔ h=− 1⋅
3
(11)
Introduzindo (11) em (10), obtém-se uma equação do terceiro grau em y , mas sem o termo em y 2 , ou
seja, do tipo:
y + py
+ q = 0
3
(12 )
com p, q ∈ R.
Significa isto, pois, que o objectivo de encontrar uma fórmula resolvente para a equação geral do
terceiro grau recai, afinal, na resolução de uma equação do tipo (12).
y = u+v
obtendo-se:
( u + v ) 3 + p( u + v ) + q = 0
ou seja:
u 3 + v 3 + 3u 2 v + 3uv 2 + p( u + v ) + q = 0 ⇔ u 3 + v 3 + ( 3uv + p) ( u + v ) + q = 0 .
(13)
Ora, a equação (13) terá solução se forem:
p
u 3 + v 3 = − q ∧ uv = − ⋅
3
Daqui se tira que:
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3
u + v 3 = −q u 3 + v 3 = − q
⇒
p p3
uv = − u v3 3
= −
3 27
(14 )
pelo que de (14) se percebe que u 3 e v 3 são as soluções da equação do segundo grau:
p3
z 2 + qz − =0
27
(15)
que toma a designação de equação resovente de (12). Resolvendo a equação (15), obtêm-se as soluções:
u 3 = − q + q 2 p3
+
2 4 27
q q 2 p3
v 3 = − − +
2 4 27
(16)
u 3 + v 3 = −q
p3
u 3v 3 = −
27
3
u + v 3 − q
p
uv = −
3
uma vez que a equação:
p3
u 3v 3 = −
27
♣ _____♥
14 H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1
resultou de:
p
uv = −
3
por elevação ao expoente 3.
Há, assim, que considerar apenas os pares ordenados ( u, v) que satisfaçam à equação:
p
uv = −
3
pelo que as três raízes da equação (12) vêm dadas por:
q q 2 p3 3 q q 2 p3
y= − +
3
+ + − − + ⋅
2 4 27
2 4 27
(17 )
À expressão:
∆ = 27q 2 + 4 p 3
A anterior expressão (17), conseguida por Sipião del Ferro, é a conhecida Fórmula de Tartaglia1. E, à
semelhança do que se referiu para a equação do segundo grau, sendo os coeficientes da equação cúbica
números reais, a natureza das soluções da equação vem dependente do sinal do seu discriminante,
surgindo, por igual, três situações distintas.
∆ = 27q 2 + 4 p 3 > 0.
Nesta situação os valores fornecidos por (16) são números reais, pelo que as raízes cúbicas de u 3 são:
−1+ i 3 −1− i 3
u1 , u1 , u1
2 2
e as de v 3:
−1+ i 3 −1− i 3
v1 , v1 , v1
2 2
1
É muitas vezes, embora injustamente, designada por Fórmula de Cardano.
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H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1 15
p
uv = −
3
são
y1 = u1 + v1
−1+ i 3 − 1− i 3
y2 = u1 + v1
2 2
−1− i 3 −1+ i 3
y3 = u1 + v1
2 2
Assim, y1 , y 2 e y 3 são as soluções de (12), pelo que as soluções da equação incialmente dada serão
y1 + h, y 2 + h e y 3 + h.
x 3 − 3x 2 + 4 x − 2 = 0
onde se tem:
a 0 = 1 ∧ a1 = −3 ∧ a 2 = 4 ∧ a 3 = −2 .
Procedendo à transformação:
−3
x= y− = y +1
3
( y + 1) 3
− 3( y + 1) + 4( y + 1) − 2 = 0
2
⇔ y3 + y = 0
p = 1 ∧ q = 0.
∆=4>0
pelo que a equação em y a que se chegou imediatamente atrás terá uma raiz real e duas imaginárias
conjugadas. Te-se-á, neste caso:
3 3
− −
u3 = 3 2
∧ v 3 = −3 2
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16 H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1
1 1
− −
u1 = 3 2
∧ v1 = −3 2 .
1 1
− −
y1 = 3 2
−3 2
=0
−
1
−1+ i 3 − −1− i 3
1
y2 = 3 2
−3 2 =i
2 2
−
1
−1− i 3 − −1+ i 3
1
y3 = 3 2
−3 2 = −i .
2 2
Logo, as soluções da equação inicialmente dada obtêm-se destas pela transformação inversa, ou seja,
adicionando-lhes a unidade, vindo as três soluções procuradas:
x1 = 0 + 1 = 1
x2 = i + 1 = 1 + i
x 3 = −i + 1 = 1 − i .
∆ = 27q 2 + 4 p 3 = 0.
Neste caso, de (16) se tira que u 3 = v 3 , pelo que u1 = v1 . Assim, as raízes da equação transformada são
todas reais, tendo-se:
y1 = 2u1
− 1+ i 3 − 1− i 3
y 2 = y 3 = u1 + = − u1
2 2
ou seja, uma raiz real simples e outra real e de grau de multiplicidade dois.
x 3 − 9 x 2 + 24 x − 16 = 0
na qual se tem:
a 0 = 1 ∧ a1 = −9 ∧ a 2 = 24 ∧ a 3 = −16 .
Procedendo à transformação:
−9
x= y− = y+3
3
♣ _____♥
H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1 17
( y + 3) 3
− 9( y + 3) + 24( y + 3) − 16 = 0
2
ou seja:
y 3 − 3y + 2 = 0
onde se tem:
p = −3 ∧ q = 2.
∆=0
o que mostra que a equação inicial apresenta três raízes reais, sendo uma com grau de multiplicidade dois.
u 3 = v 3 = −1
u1 = v1 = −1.
y1 = 2u1 = −2
y 2 = y 3 = − ( −1) = 1
Logo, as soluções da solução inicialmente dada obtêm-se destas pela transformação inversa da aplicada,
ou seja, adicionando-lhes 3:
x1 = −2 + 3 = 1
x 2 = x 3 = 1 + 3 = 4.
∆ = 27q 2 + 4 p 3 < 0
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18 H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1
q q 2 p3
u 3 = − + i − −
2 4 27
q q 2 p3
v 3 = − − i − −
2 4 27
dado que u 3 e v 3 são aqui números imaginários. E podem, claro está, ser expressos na forma
trigonométrica:
u 3 = ρ( cosθ + isenθ )
v 3 = ρ( cosθ − isenθ )
p3 q
ρ= − ∧ θ = arccos − .
27 2ρ
1
θ
y1 = 2 ρ cos
3
3
θ 2π
1
y 2 = 2 ρ 3 cos +
3 3
θ 4π
1
y 3 = 2 ρ cos +
3
3 3
Este é o designado caso irredutível, dado que a anterior expressão complexa se calcula pelo recurso à
sua expressão na forma trigonométrica.
x = y + h.
x 3 − 9 x 2 + 20 x − 12 = 0
para a qual se tem:
a 0 = 1 ∧ a1 = −9 ∧ a 2 = 20 ∧ a 3 = −12 .
Procedendo à transformação:
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H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1 19
−9
x= y− = y+3
3
obtém-se a equação:
y3 − 7y − 6 = 0
ou seja:
p = −7 ∧ q = −6.
73 6
ρ= ∧ θ = arccos .
33 2ρ
y1 = 3 ∧ y 2 = −2 ∧ y 3 = −1
vindo para as soluções da equação inicial estes mesmos valores, mas adicionados de 3:
x1 = 6 ∧ x2 = 1 ∧ x3 = 2 .
Como se pôde ver, a resolução da equação do terceiro grau, feita através da fórmula resolvente, é
complicada de realizar, exigindo mesmo, quando todas as raízes são reais e distintas, o recurso a máquina
de calcular razoavelmente potente.
Por outro lado, já surge a necessidade de calcular raízes cúbicas, para lá de continuarem a ter de
realizar-se raízes quadradas.
Equação do quarto grau na incógnita x , definida em C e com coeficientes neste conjunto, é toda a
igualdade que possa reduzir-se à forma:
Considera-se aqui, sem perda de generalidade, uma equação com todos os coeficientes reais e com
a0 = 1:
x 4 + a x 3 + a x 2 + a x + a = 0.
1 2 3 4
(18 )
x = y+h
introduzindo-a em (18), procurando o valor de h que anula o termo em y 3 . Esse valor é, pois:
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20 H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1
a1
h=−
4
caindo-se na nova equação de grau quatro:
y + py + qy
+ r = 0
4 2
(19 )
a1
⋅
4
A fim de estabelecer a fórmula resolvente para este tipo de equação, procede-se de modo em tudo
semelhante ao realizado com a equação do terceiro grau, fazendo a transformação:
y = u + v + w.
( 20 )
y 2 − ( u 2 + v 2 + w 2 ) = 2( uv + vw + wu)
( 21)
y 4 − 2( u 2 + v 2 + w 2 ) y 2 − 8uvwy + ( u 2 + v 2 + w 2 ) − 4( u 2 v 2 + v 2 w 2 + w 2 u 2 ) = 0.
2
Ora, a equação (19) é satisfeita se for possível determinar valores para u, v , w que satisfaçam ao
sistema de equações abaixo:
2 p
u + v 2
+ w 2
= −
2
uvw = − q
8
2
( u + v + w ) − 4( u v + v w + w u ) = r.
2 2 2 2 2 2 2 2 2
♣ _____♥
H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1 21
2 p
u + v + w = − 2
2 2
2 2 2 q2
u v w =
64
2 2 p 2 − 4r
u v + v w + w u = 16
2 2 2 2
p p 2 − 4r q2
z3 + z2 + z− =0
2 16 64
( 22 )
Simplesmente, esta equação, sendo do terceiro grau, já se sabe resolver. Sejam, então, z1 , z 2 , z 3 as
suas soluções. Dado que se tem:
z1 = u 2 ∧ z2 = v 2 ∧ z3 = w 2
virão:
u = ± z1 ∧ v = ± z2 ∧ w = ± z3 .
Dos oito ternos ordenados, ( u, v, w) , só podem ser considerados os que satisfaçam a condição:
q
uvw = −
8
pelo que terá de ser:
y=± z ± z ± z
1 2 3
( 23)
expressão esta que acaba por fornecer as quatro raízes de (19), e onde z1 , z2 , z3 se encontram através da
resolução de (22), usando a metodologia de Tartaglia.
No caso de se ter q = 0 , a equação (19) é de resolução imediata, e, num sentido que se compreende,
o problema deixa de o ser.
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22 H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1
y1 = − z1 + z2 + z 3
y 2 = − z1 − z2 − z3
y 3 = + z1 + z2 − z3
y 4 = + z1 − z 2 + z 3 .
y 2 = + z1 − z 2 − z3
y 3 = − z1 + z2 − z 3
y 4 = − z1 − z2 + z3 .
y1 = + z1 + ( α + β ) i
y 2 = + z1 − ( α + β ) i
y 3 = − z1 + ( α − β ) i
y 4 = − z1 − ( α − β ) i
onde:
z 2 = ±αi ∧ z 3 = ± βi .
y1 = − z1 + ( α + β ) i
y 2 = − z1 − ( α + β ) i
y 3 = + z1 + ( α − β ) i
y 4 = + z1 − ( α − β ) i.
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H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1 23
y1 = − z1 + 2α
y 2 = − z1 − 2α
y 3 = + z1 + 2 βi
y 4 = + z1 − 2 βi
se se tiver q ∈R+ , e serão:
y1 = + z1 + 2α
y 2 = + z1 − 2α
y 3 = − z1 + 2 βi
y 4 = − z1 − 2 βi
z 2 = ± ( α + iβ ) ∧ z 3 = ± ( α − iβ ) .
Numa perspectiva estritamente teórica, a fórmula (23) permite resolver a equação geral do quarto grau,
usando uma expressão algébrica irracional sobre os coeficientes da equação. A verdade, contudo, é que o
seu valor prático é quase nulo, como se pôde perceber de quanto de expôs até aqui.
Para se poder aquilatar do fantástico trabalho que envolve a utilização da fórmula resolvente da
equação inteira e completa do quarto grau, basta aplicá-la à resolução da equação:
x 4 − 10 x 3 + 35x 2 − 50 x + 12 = 0
cujas soluções são 1, 2, 3 e 4. Em contrapartida, uma máquina de calcular actual fornece, em segundos, as
soluções da equação.
Tal como refere LOPES, 2004, a sempre actual Teoria da Irresolubilidade Algébrica, enunciada por Galois
e Abel, é um tema que requer já um nível intelectual de verdadeira excelência, mas que se constitui num
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24 H. Bernardo Lopes_______________________________________________________________1
extraordinário passeio do espírito. Procure você mesmo, aluno interessado e desejoso da excelência,
realizar esse passeio. Só pela extraordinária dificuldade que vai encontrar, vale a pena.
BIBLIOGRAFIA
BRISON, Owen J., (2003): TEORIA DE GALOIS, 4ª Edição, Textos de Matemática, Departamento de
Matemática, Faculdade de Ciências de Lisboa.
GARBI, Gilberto G., (1997): O ROMANCE DAS EQUAÇÕES ALGÉBRICAS, MAKRON Books do Brasil, São
Paulo.
LOPES, Hélio Bernardo, (2004): A RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES, Millenium, Nº 29, ISPV, Viseu.
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