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1. Introdução

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença auto imune que se


caracteriza por manifestações sistêmicas com instauração de processo inflamatório,
produzindo anticorpos contra suas proteínas, principalmente, potencialmente
perigosas as proteínas nucleares. Estes anticorpos formam imunocomplexos (IC)
com os antígenos, que se depositam nos tecidos ativando o sistema imunológico
celular.
Sua etiologia é desconhecida, provavelmente multifatorial, e, acomete o tecido
conjuntivo de vários órgãos. Sua evolução apresenta períodos de atividade e
remissão, que podem ser desencadeados por fatores genéticos, infecciosos,
hormonais, ambientais e mesmo psicológicos. É considerada uma enfermidade
crônica, de caráter imprevisível, que atinge vários sistemas do organismo,
simultânea ou sucessivamente, muitas vezes, levando à falência de órgãos vitais ou
comprometendo definitivamente suas funções (ANTOLÍN, AMÉRIGO, 1996).
Em estudos norte-americanos, a incidência estimada de LES na população é
de 5,7 a 7,6 casos por ano para cada 100 mil habitantes, com prevalência variando
de 1/2000 a 1/10000. Acomete predominantemente indivíduos jovens, do sexo
feminino, na proporção de cerca de dez mulheres para cada homem. O desequilíbrio
imunológico no LES caracteriza-se pela perda da tolerância imunológica, desen-
volvimento de auto-anticorpos e resposta citotóxica contra auto-antígenos,
desencadeando fenômenos inflamatórios, que levam à lesão tecidual e/ou a
destruição celular (CERVERA, INGELMO, 1996; GÓMEZ-REINO, 1996). Já Bennett
e colaboradores (1997) em sua obra relatam que o LES pode ocorrer em qualquer
idade, porém, seu inicio é observado principalmente entre os 16 e os 55 anos,
ocorrendo mais frequentemente em mulheres, e, nas crianças a relação entre sexo
feminino e masculino é de 1,4 a 5,8:1; nos adultos, varia de 8:1 a 13:1; e nos
indivíduos de idade mais avançada, a relação é de 2:1. A prevalência do LES é
estimada entre 4 e 250 casos por 100.000 indivíduos.
Sua distribuição é universal, entretanto, dependente de fatores étnicos e
ambientais, sendo assim, parece ter maior incidência em raças não caucasóides.
(FERNANDES et al., 2002). A sua fisiopatologia possivelmente representa o
resultado da interação de múltiplos fatores, entre os quais merecem destaque a
ação dos fatores ambientais em indivíduos geneticamente predispostos.
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Os sintomas que acarretam no seu diagnóstico são exantemas cutâneos,


artrite e glomerulonefrite, porém, são também comuns a anemia hemolítica, a
trombocitopenia e o envolvimento do sistema nervoso central. Nos pacientes de LES
são encontrados muitos anticorpos diferentes. Os mais freqüentes são os anticorpos
antinucleares, particularmente os anti-DNA, e os outros são anticorpos contra
ribonucleoproteínas, histonas, e antígenos nucleares. Os complexos imunes
formados por esses auto-anticorpos e seus antígenos específicos são responsáveis
por glomerulonefrite, artrite, e, por vasculite, envolvendo todas as pequenas artérias
através de todo o corpo. A anemia hemolítica e a trombocitopenia são devidas à
auto-anticorpos contra eritrócitos e plaquetas, respectivamente. O principal teste
para a doença é a presença de anticorpos antinucleares; os anticorpos de DNA de
dupla-fita são específicos para o LES (ABBAS, LICHTMAN, POBER, 2002).
O lúpus não altera a capacidade de conceber e as maiorias das mulheres
com lúpus podem ter uma gestação com sucesso. Pacientes com alto risco para
complicações, incluem aqueles com doença renal, cardíaca, pulmonar ativa ou do
SNC. O lúpus cutâneo e o induzido por medicamentos não representam riscos para
a gravidez. Geralmente dois terços das gestantes evoluem com sucesso, comparado
com 80% das gestantes normais.
As exacerbações da doença são mais comuns na primeira metade da
gestação e no puerpério. Deve-se estar atento para o diagnóstico de atividade do
lúpus e da doença hipertensiva específica da gestação (DHEG), quando a síndrome
HELLP (anemia hemolítica, enzimas hepáticas aumentadas e plaquetopenia) pode
simular atividade do LES, uma vez que estas patologias têm tratamento diverso
(DUERBECK, CONEY, 1998; VON MUHLEN, 1994).
O lúpus neonatal é uma manifestação decorrente da passagem
transplacentária de auto-anticorpos maternos, podendo ocasionar bloqueio cardíaco
congênito, lesões cutâneas, citopenias, e mais raramente, hepatopatias nos fetos e
recém-nascidos (SATO, 2004).
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2. Revisão Bibliográfica

2.1 Etiologia:

A etiologia do LES permanece desconhecida, apesar das observações


sugerirem fatores genéticos, hormonais, imunes e ambientais. Algumas dessas
associações de marcadores genéticos são encontradas mais frequentemente em
pacientes de diferentes etnias com LES. Em sua obra Bennett e Plum (1997)
afirmam em relação as variantes clínicas do LES e o mecanismo auto-imune:
“Cada gene afeta presumivelmente algum aspecto da regulação imune,
da degradação de proteínas, do transporte de lipídios através das membranas
celulares, das respostas imunes, do complemento, do sistema reticuloendotelial
(incluindo fagocitose), das imunoglobulinas, da apoptose e dos hormônios
sexuais. Por conseguinte, as combinações de defeitos gênicos distintos podem
resultar em diferentes respostas anormais, produzindo processos mórbidos
distintos e uma expressão clínica diferente.”

A evidência de anormalidades hormonais baseia-se primariamente na


observação de que o LES é muito mais comum em mulheres durante os anos
reprodutivos. Além disso, foi constatada a ocorrência de LES em alguns homens
com Síndrome de Klinefelter, e foram observadas algumas anormalidades no
metabolismo de estrogênio de homens e mulheres com LES (BENNETT, PLUM,
1997).
Em todos os indivíduos existe o potencial para a auto-imunidade, porque
durante seu desenvolvimento os linfócitos podem expressar receptores específicos
para antígenos próprios, e muitos desses antígenos são rapidamente acessíveis ao
sistema imune, à tolerância aos próprios é normalmente mantida por processos de
seleção que evitam a maturação de alguns linfócitos específicos de auto-antígenos,
e, por mecanismos que inativam ou deletam os linfócitos auto-reativos. Não é
conhecido se o defeito patogênico primário do LES (falha de tolerância central ou
periférica) está nos linfócitos B, nas células T auxiliares ou em ambos. (ABBAS,
LICHTMAN, POBER, 2002).
O LES é primariamente uma doença caracterizada por anormalidades da
regulação imune. Bennett e Plum (1997) teorizam sobre as causas da reação auto-
imune no Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) postulando que estas anormalidades
sejam secundarias a uma perda da autotolerância, isto é, pacientes com LES (tanto
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antes quanto durante a evolução da doença) deixam de ser totalmente tolerantes a


seus auto-antígenos, e, em conseqüência, desenvolvem uma resposta imune contra
eles. O número de células T supressoras também dimimui, estas células
normalmente reduzem (mantendo a homeostasia) as respostas imunes. Além disso,
complementam, que observações em camundongos com lúpus, e, possivelmente,
seres humanos com LES apresentam algum defeito (genético) na apoptose,
resultando em morte celular programada anormal. Em conseqüência desses
defeitos, ocorre degradação anormal das células e certos antígenos (sobretudo
nucleares) são processados por células de apresentação de antígenos (isto é,
macrófago, linfócitos B, células dentríticas) em peptídeos, ativando assim a
imunidade celular, ocasionando processo inflamatório e produção de anticorpos.

2.2 Mecanismo de Ação:

Em sua obra, no capítulo sobre doenças auto-imunes, Abbas, Lichtman e


Pober (2002) afirmam que em experimentos com animais com LES, a produção de
anticorpos de alta afinidade tem demonstrado depender das células T auxiliares, em
que muitas células T auxiliares patogênicas parecem ser reativas aos peptídeos
derivados de proteínas nucleossômicas. Presumivelmente, as células B específicas
para o auto-DNA ligam-se ao complexo proteína nucleossômica-DNA, processam as
proteínas e apresentam os epítopos peptídeos às células T auxiliares, com a
subseqüente produção de anticorpos anti-DNA. Admiti-se que o antígeno que
desperta a produção de anticorpos seja liberado pelas células apoptóticas anormais,
que é uma das razões pela qual a exposição à luz ultravioleta (que promove
apoptose) exacerba a doença. Os fatores genéticos também contribuem para a
doença. O risco relativo dos indivíduos portadores de genes que codificam
específicas classes de MHC (moléculas apresentadoras de antígenos) o HLA-DR2
ou de HLA-DR3 é de 2 a 3, e, se estiverem presentes ambos os haplótipos, o risco
relativo é cerca de 5. Em aproximadamente 10% dos pacientes com LES são
observadas deficiências de proteínas da via clássica do complemento,
especialmente da C2 ou da C4. As deficiências do complemento podem resultar na
depuração insuficiente dos complexos imunes. Estudos recentes em camundongos
sugerem também participação das proteínas do complemento na exibição dos
antígenos próprios e na manutenção da tolerância das células B.
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No livro de Medicina Interna Bennett e Plum (1997) descrevem o mecanismo


de LES como:
“Após a degradação anormal das células; certos antígenos (sobretudo
nucleares) são processados por células de apresentação de antígenos (isto é,
macrófago, linfócitos B, células dentríticas) em peptídeos. O complexo de
histocompatibilidade maior peptídico (CHCM) estimula a expansão de células T
auxiliares (CD4) auto-reativas que através da liberação de citocinas (IL-6, IL-4),
induzem ativação, proliferação e diferenciação das células B auto-reativas em células
produtoras de anticorpos, com conseqüente produção de quantidades excessivas de
anticorpos contra muitos antígenos nucleares. Por conseguinte, surge um perfil
imunológico típico no paciente com LES, desenvolvimento de níveis elevados de
anticorpos antinucleares (ANA), sobretudo contra o DNA, Sm, RNP, Ro, La e outros.
Ocorrem numerosas anormalidades imunes em pacientes com LES; tampouco se
sabe quais as anormalidades que são primárias e quais as secundárias.”

2.3 Manifestações Clínicas

O LES é uma doença de evolução aguda, subaguda ou crônica, de curso e


prognóstico variáveis e com quadro clínico pleomórfico, caracterizado por períodos
de atividade e remissão, nos quais as diversas manifestações clínicas podem
aparecer concomitantemente ou sucessivamente ao longo da doença (WALLACE,
METZGER, 1997). De acordo com avaliações do Colégio Americano de
Reumatologia (ACR) que comparou a incidência de manifestações clínicas, e,
laboratórios de diversos centros de referência, os critérios de classificação do LES
são:

• “Rash” malar
• Lesão Discóide
• Fotossensibilidade
• Úlceras Orais
• Artrite não erosiva
• Serosite (pleural, pericárdica e/ou peritoneal).
• Glomerulonefrite
• Desordens neurológicas
• Anemia Hemolítica, Leucopenia, linfopenia ou trombocitopenia.
• Presença de células LE ou anti-DNA ou anti-Sm ou VDRL falso-positivo
• Anticorpo antinuclear positivo
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O paciente será classificado como portador de LES quando apresentar no


mínimo 4 dos 11 critérios.
O LES possui início de evolução altamente variável. Os sintomas iniciais
podem ser inespecíficos, incluindo mialgia, náusea, vômitos, cefaléia, depressão,
equimoses fáceis, ou sintomas mais específicos ou qualquer combinação. Os
sintomas podem ser leves ou graves, transitórios ou persistentes (BENNETT, PLUM,
1997).

2.3.1 Manifestações cutâneas

As manifestações cutâneas são comuns ocorrendo em mais de 50%


dos pacientes (BENNETT, PLUM; 1997) geralmente, em conseqüência da
fotossensibilidade após exposição à luz UV que resulta em erupções cutâneas que
variam em duração e gravidade. Os indivíduos de pele clara tendem a ser mais
suscetíveis. A fotossensibilidade, que pode surgir a qualquer momento, varia na sua
intensidade durante a evolução da doença. As várias manifestações cutâneas de
acordo com Sontheimer e Provast (1997) classificam em relação à gravidade do LES
como:
• LE Cutâneo Agudo: “rash” malar e forma difusa
• LE Cutâneo Subagudo: Lesões anulares não cicatriciais e lesões pápulo-
escamosas
• LE Cutâneo Crônico: Lesões discóides, hipertrófico ou verrucoso, paniculite,
mucoso e pérnio.
A erupção clássica em asa de borboleta, isto é, eritema nas bochechas e no
nariz, ocorre frequentemente, podendo a pele ficar quente e ligeiramente
edematosa, preservando o sulco nasolabial e geralmente não deixando cicatrizes.
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Fonte: http://www.telmeds.org/CasosClinicos/
Figura 1. Lesão cutânea aguda característica de manifestação do LES – “Asa de Borboleta”.
A erupção cutânea pode ter duração de várias horas ou dias e quase sempre
sofre recidiva. Ocorre lúpus eritematoso cutâneo subagudo (LECS) ocorre em cerca
de 10% dos pacientes com LES. Pode ocorrer erupção maculopapular com escamas
finas de maior duração, as lesões consistem em pequenas pápulas eritematosas e
ligeiramente escamosas que evoluem para formas anulares e psoriasiformes.
Tipicamente, as lesões aparecem nos antebraços e na parte superiores das costas.
As lesões discóides, que são observadas em 25% dos pacientes com LES, também
podem ocorrer na ausência de qualquer outra característica; Estes caracterizam-se
por placas isoladas ligeiramente infiltradas, redondas, anulares e eritematosas
recobertas por uma escama aderente bem formada. As lesões sofrem lenta
expansão com inflamação ativa na periferia, deixando cicatrizes centrais deprimidas,
telangiectasia e despigmentação. As lesões tendem a ocorrer na face, couro
cabeludo, pescoço, orelhas e ombro. Pacientes com lúpus discóide isolado,
apresentam uma probabilidade de cerca de 10% á 30% de desenvolver quadro
sistêmico lúpico (BENNETT, PLUM, 1997).

Fonte: https://www3.dermis.net/dermisroot/pt/38892/image.htm
Figura 2. Lúpus Subagudo Cutâneo: Caracterizado por placas papuloescamosas ou lesões
policíclicas anulares.
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O lúpus profundo/paniculite constitui uma rara manifestação do LES,


caracteriza-se pelo desenvolvimento de nódulos dolorosos sob uma lesão cutânea
no couro cabeludo, rosto, braços, tórax, costas, coxas e nádegas, cicatrizando na
forma de depressão. A perda de cabelos tanto no couro cabeludo quanto em outros
locais, é observada em 71% dos pacientes. As mucosas são quase sempre
afetadas. O palato mole e o palato duro podem ser afetados por placas discóides,
áreas de eritema, e, sobretudo, úlceras dolorosas. Foram observadas úlceras nasais
em 20% dos pacientes (FERNANDES et al., 1997).
É comum o achado de telangiectasia na face e em outras áreas do corpo, que
são vasos sanguíneos dilatados que não indicam uma lesão inflamatória ativa.
Ocorre o fenômeno de Raynaud em 17 a 30% dos pacientes, que se caracteriza por
despigmentação dos leitos ungueais, dedos das mãos e dos pés e, em certas
ocasiões, orelhas, nariz e língua por constrição das pequenas artérias (BENNETT,
PLUM, 1997).
Sobre a etiologia e fatores desencadeantes das manifestações cutâneas
Bennett e Plum (1997) hipotetizam após observações que, as lesões cutâneas
sejam de origem multifatorial, tendo como principal fator desencadeante os raios UV
solares, a qual causa lesão do DNA (o paciente produz anticorpos contra o DNA,
formando imunocomplexos (IC), o complemento é ativado e surge uma resposta
inflamatória local), aumentando a ligação de anti-Ro, anti-La e anti-RNP a
queratinócitos ativados pela luz UV, que altera o metabolismo dos fosfolipídios da
membrana celular, e ainda aumenta a liberação de IL-1 dos queratinócitos cutâneos
e das células de Langerhans, afetando as células T supressoras.

2.3.2 Manifestações Renais

As manifestações renais do LES são altamente variáveis na sua


apresentação clínica, de acordo com Fernandes e colaboradores (2000), podendo
variar desde uma proteinúria leve até uma glomerulonefrite rapidamente progressiva,
causando insuficiência renal dentro de algumas semanas. Os achados mais comuns
são alterações do sedimento urinário, como hematúria, leucocitúria, cilindrúria e
proteinúria maior que 500 mg em urina de 24 horas. Nefrites, clinicamente
aparentes, desenvolvem-se em 40% a 75% dos casos, mais frequentemente, dentro
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dos cinco anos de início da doença, e pode ser a apresentação inicial em apenas
5% a 25% dos casos. Cerca de 5% dos pacientes progride para falência renal
crônica, requerendo diálise ou transplante renal, porém, não é uma manifestação
comum do início da doença. Os achados histológicos renais no LES são
caracterizados em seis grupos, de acordo com a recém-modificada classificação da
Organização Mundial da Saúde (OMS). Os níveis de atividade e cronicidade na
biópsia renal ajudam a definir o prognóstico e a direcionar a terapêutica (BERDEN,
1997).
Dentre estes achados podemos diagnosticar a glomerulonefrite proliferativa
difusa ativa, que afeta mais de 50% dos glomérulos, por: Proliferação celular,
necrose, alça em arame, depósitos subendoteliais e corpúsculos de hemotoxilina.
Seu mecanismo está na formação de Imunocomplexos (IC), que consistem em
antígenos nucleares (sobretudo DNA), IgG fixadora de complemento de alta
afinidade e ANA - Fator-Antinúcleo (sobretudo anticorpos contra o DNA), que se
depositam na membrana basal glomerular (MBG)). A seguir, ocorre ativação do
sistema complemento; produção fatores quimiotáticos, resultando na atração e
infiltração de leucócitos que, fagocitam os IC e liberam mediadores (p.ex., ativadores
do sistema de coagulação), perpetuando a inflamação glomerular (BENNETT,
PLUM, 1997).
Verifica-se nesta glomerulonefrite a presença de sedimento urinário ativo,
sendo que a proteinúria pode ser pronunciada, enquanto a depuração glomerular
está diminuída. Os níveis de complemento estão significativamente reduzidos, e
como já citados anteriormente há elevação dos níveis de anticorpos anti-DNA e de
IC, denunciando nefrite ativa. Os níveis de creatinina no estágio inicial maior que
1,2mg/dL apresentam prognóstico sombrio em relação à função renal em longo
prazo. Em geral os pacientes são hipertensos.
Já na nefrite membranosa, ocorre espessamento uniforme e difuso da MBG,
com deposição granular fina de IC na região subendotelial abaixo dos processos
podálicos fundidos. Não é raro haver alterações degenerativas tubulares com células
mononucleares intersticiais. Verifica-se a atuação de mecanismo semelhante à
glomerulonefrite proliferativa difusa, embora ocorra formação de outros tipos de IgGs
contidos IC, com baixo grau de fixação de complemento, primariamente in situ na
MBG. Não há nenhum infiltrado celular (BENNETT, PLUM, 1997).
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Cerca de 24% dos pacientes desenvolvem nefrite mínima ou mesangial de


acordo com Bennett e Plum (1997), que ainda ressaltam:
“Os pacientes podem apresentar algumas anormalidades urinárias. A TFG
geralmente está normal, e os níveis do complemento podem estar um tanto elevados.
Na glomerulonefrite mesangial do lúpus, as células mesangiais (células semelhantes
a macrófagos) fagocitam os IC, impedindo a sua deposição na MBG.”

2.3.3 Manifestações Hematológicas

No trabalho de Fernandes e col. (2000) cerca de 80% dos pacientes lúpicos


desenvolvem durante o curso da doença: Anemia normocítica; anemia hemolítica
com teste de Coombs positivo; leucopenia < 4.000 células/ml; plaquetopenia entre
100.000 a 150.000/mm3; aumento das provas de atividade inflamatória, como
velocidade de hemossedimentação e alfa-1-glicoproteína, tendo como principais
causas destas anormalidades, o caráter crônico da doença, a deficiência de ferro, a
falência renal, conseqüentes da atividade da doença. Anemia hemolítica auto-imune
clássica pode estar presente agudamente ou ser uma condição crônica em 10%
casos. A leucopenia e linfopenia ocorrem em muitos casos e podem ser resultado de
atividade da doença. A leucocitose pode refletir a presença de um processo
infeccioso ou a terapia esteróide.
Trombocitopenia auto-imune ocorre em 25% dos pacientes lúpicos;
consideramos comprometimento grave, quando inferior a 5.000 plaquetas/mm3, que
ocorre em apenas 5% dos pacientes. Esplenomegalia pode ocorrer em cerca de
20% dos pacientes durante atividade da doença e a linfadenopatia (principalmente
axilar e cervical) é encontrada em cerca de metade deles, em geral também
associada com atividade da doença (RASARATNAM, RYAN, 1988).
Na anemia hemolítica, a contagem de reticulócitos está elevada, os níveis de
haptoglobina estão baixos e o teste de Coombs fornece um resultado positivo. O
teste de Coombs positivo com imunoglobulinas e complemento sobre os eritrócitos
está associado com hemólise, enquanto o teste de coombs positivo, apenas, com
complemento, raramente indica hemólise. Em geral, os anticorpos consistem em
anticorpos anti-Rh e “quentes”.
Foi constatada leucopenia (<4.500) em mais de 50% dos pacientes, enquanto
as contagens inferiores a 4.000 só ocorrem em 17% dos casos. Os granulócitos são
mais afetados do que os linfócitos. Em geral, a leucopenia resulta de mecanismos
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imunes (isto é, anticorpos antineutrófilos, IC) ou do uso de medicações. Pode


ocorrer linfocitopenia (que pode ser devida à IgM fixadora de complemento ou a
anticorpos criorreativos) durante a doença ativa. Verifica-se um aumento das células
T ativadas, enquanto ocorre redução das células destruidoras naturais (NK),
sobretudo durante a doença ativa (BENNETT, PLUM, 1997).
A trombocitopenia com contagens de plaquetas inferiores a 150.000/mm3 tem
sido observada em menos de metade dos pacientes. A trombocitopenia pode refletir
doenças mieloproliferativas, trombopoese ineficaz (p.ex. anemias megaloblásticas),
distribuição anormal das plaquetas (p.ex., esplenomegalia) e mecanismos imunes
anormais (anticorpos antiplaquetários, coagulação intravascular disseminada e
púrpura trombocitopênica idiopática ou PTI). A PTI pode constituir a primeira
manifestação do LES. A maioria dos pacientes com anemia hemolítica e PTI possui
LES. Na PTI do LES, as plaquetas são sensibilizadas por anticorpos IgG que, a
seguir, ligam-se a receptores Fc de macrófagos (esplênicos), com conseqüente
fagocitose. Contagens plaquetárias abaixo de 50.000 (que ocorre em 10% dos
casos) raramente podem causar sangramento sintomático, enquanto as contagens
aproximadas a 20.000/mm3 podem provocar petéquias, púrpura, epistaxe e
sangramento gengival (BENNETT, PLUM, 1998).
Já foram descritos anticorpos dirigidos contra numerosos fatores da
coagulação em pacientes com LES, incluindo os fatores VIII, IX, XI, XII e XIII. Estes
anticorpos podem induzir sangramento. Observam-se anticorpos antifosfolipídios
(APL) em cerca de 25% dos pacientes com LES. Os anticorpos antifosfolipídios
representam um importante componente da resposta humoral no lúpus eritematoso
sistêmico, pois é base patogênica para um complexo sintomático específico,
caracterizado por tromboembolismo arterial e venoso e perdas fetais recorrentes.
Liga-se a uma série de fosfolipídios, incluindo cardiolipina, fosfatidilserina,
fosfatidiletanolamina e fosfatidilinositol. Representam à base do tradicional VDRL
falso-positivo biológico, tido há alguns anos atrás como critério diagnóstico do LES.
Os anticorpos antifosfolipídios devem ser idealmente pesquisados mediante teste
para anticorpos anticardiolipina por método imunoenzimático e mediante o teste do
anticoagulante lúpico. Em aproximadamente 70-80% dos pacientes com anticorpos
antifosfolipídios, ambos os testes serão positivos (ANDRADE, 2004).
Foram obtidas provas falso-positivas para sífilis em 25% dos pacientes com
LES; com efeito, este resultado pode preceder de vários anos o desenvolvimento do
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LES. A natureza “falsa” é confirmada com a obtenção de um resultado negativo no


teste de imobilização de Treponema pallidum (TPI) ou no teste de absorção do
Anticorpo Treponêmico Fluorescente (FTA-ABS). Não existe nenhum fundamento
racional para solicitar a realização de provas para sífilis em pacientes com LES, a
não ser que haja suspeita da doença. A velocidade de hemossedimentação
apresenta-se elevada na maioria dos pacientes com LES (BENNETT, PLUM, 1997).

2.3.4 Manifestações Cardiopulmonares:

Ocorre comprometimento pulmonar na maioria dos pacientes, manifestando-


se na forma de pleurite, tosse, dispnéia, provas de função pulmonar anormal ou
anormalidades nas radiografias de tórax. Dor torácica é um sintoma muito freqüente
nos pacientes com lúpus e pode representar desde osteocondrite, espasmo
esofagiano ou até serosite pleuropericárdica. A pericardite sintomática ocorre em
aproximadamente 25% dos pacientes lúpicos. Miocardite é uma manifestação rara,
embora séria, traduzida clinicamente por arritmia, cardiomegalia e, às vezes, quadro
de insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Quando evolui para fibrose, o risco de
anormalidades de condução aumenta (FERNANDES et al., 2000).
Pacientes com LES apresentam alto risco para o desenvolvimento ou
aceleração de doença aterosclerótica e hipertensão arterial. Isso está diretamente
ligado tanto a efeitos diretos da doença como a efeitos colaterais do tratamento. A
presença de altos níveis de homocisteína sérica nesses pacientes, fator de risco
conhecido para aterosclerose, confirma ainda mais tais achados (MEYER, 1997).
O pulmão é um órgão freqüentemente envolvido no lúpus. Pleuris é evidente
em 40% a 60% dos pacientes no curso da doença e derrame pleural ocorre em
cerca de 20% a 30%, podendo ser a manifestação inicial em 2% a 3% dos casos. A
pneumonite lúpica aguda pode ocorrer em menos de 5% dos casos e o paciente
pode apresentar-se febril, com dispnéia progressiva, tosse e às vezes hemoptise,
com infiltrado alveolar difuso na radiografia simples de tórax (PETRI, 1998). A
pleurite (inflamação da pleura) também provoca pleurisia. A pleurisia ocorre em mais
de 50% dos pacientes. Geralmente, os derrames apresentam baixos níveis de
complemento e de proteína, poucos leucócitos (a pleura apresenta células
mononucleares), níveis de glicose que se aproximam dos níveis plasmáticos
(enquanto estão baixos na Artrite Reumatóide - AR) e células LE. Em geral a tosse
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representa alguma infecção; todavia, deve-se considerar a possibilidade de edema


pulmonar secundário à insuficiência cardíaca ou renal ou à sobrecarga hídrica em
paciente tratado com corticosteróides (BENNETT, PLUM, 1998).
Os achados tardios incluem dispnéia, hipoxemia, doença pulmonar restritiva e
redução da capacidade de difusão do CO2. Uma manifestação rara dessa doença é
a chamada síndrome do pulmão encolhido (SPE), que se caracteriza por disfunção
dos músculos respiratórios, particularmente do diafragma, por mecanismos ainda
não bem definidos, e que leva a dispnéia (KARIM et al., 2002).
Encontra-se derrame pericárdico na ecocardiografia da maioria dos pacientes;
já pericardite clínica, manifestada na forma de dor torácica subesternal, atrito
pericárdico e alterações eletrocardiográficas (ECG), têm sido observados em até
48% dos pacientes. A arteriopatia coronária está sendo identificada cada vez mais,
particularmente em pacientes com doença de longa duração, sobretudo naqueles
que recebem corticosteróides crônicos. Em conseqüência, observa-se um maior
número de pacientes mais jovens com angina, infarto do miocárdio e ICC. A causa
da aterosclerose prematura permanece obscura, mas as anormalidades dos lipídios
induzidas pelos esteróides, a deposição de IC ao longo dos vasos sangüíneos e a
hipertensão podem, todos eles, desempenhar algum papel. A hipertensão é comum,
sobretudo com exacerbações de nefrite, doença renal crônica e uso de esteróides.
Ocorre tromboflebite em mais de 10% dos pacientes com LES. Afeta mais
comumente a parte inferior das pernas e quase sempre está associada a anticorpos
antifosfolipídios e ao uso de anticoncepcionais orais (BENNETT, PLUM, 1998).

2.3.5 Manifestações Reumáticas

Observa-se a ocorrência de artralgia e artrite em 95% dos pacientes com


LES, de acordo com Bennett e Plum (1997), ainda segundo estes, os sintomas
tendem a ser assimétricos e migratórios, com queixas numa determinada articulação
que quase sempre desaparecem em 1 a 3 dias. Ocorre comprometimento dos dedos
das mãos, dos punhos, dos joelhos e, com menos freqüência, dos tornozelos, dos
cotovelos, dos ombros e dos quadris. Em geral, a rigidez matinal é de alguns
minutos, em contraste com a duração de várias horas observada na artrite
reumatóide (AR).
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A artrite de pequenas articulações das mãos, punhos e joelhos


freqüentemente são simétricos e costuma ter caráter intermitente. Mas raramente,
pode ter evolução crônica, lembrando a artrite reumatóide, entretanto,
caracteristicamente, não cursa com erosões ósseas. O comprometimento de tecidos
periarticulares é freqüente, principalmente dos tendões e cápsulas, podendo causar
deformidades articulares, como subluxações, dedos em pescoço de cisne e em
botoeira (SATO, 2004).
A miosite inflamatória é encontrada em 5% a 11% dos casos, inclusive com
elevação de enzimas musculares em níveis moderados. O paciente refere dor e
fraqueza muscular, principalmente proximal. Necrose óssea avascular se
desenvolve em 4% a 9% dos pacientes, em geral como complicação de longo tempo
de uso de corticóides ou vasculite localizada. Osteoporose é causada por
inatividade, inflamação crônica e terapia prolongada com corticóides (GLADMAN,
UROWITZ, 1997).

2.3.6 Manifestações neuropsiquiátricas

Os transtornos neuropsiquiátricos são freqüentes, com uma incidência de


24% a 51%. As alterações no LES mais intimamente relacionadas ao Sistema
Nervoso Central são: psicose, epilepsia, estados confusionais, desorientação e
distúrbios de atenção (MODREGO, et al., 1994; WARD, STUDENSKI, 1991). Essas
manifestações são atribuídas a um processo primário que resulta diretamente de
oclusão vascular devido à vasculopatia mediada por imunocomplexos ou por
anticorpos antineuronais (WALLACE, METZGER, 1997).
Estes sintomas são observados em praticamente todos os pacientes. Muitos
pacientes manifestam ansiedade e/ou depressão, quase sempre em resposta à
doença ou de suas conseqüências sociais. Os sintomas podem incluir queixas
psicossomáticas, como insônia, anorexia, constipação, mialgia, fadiga, palpitações,
diarréia, crises de vertigem, perda da memória, labilidade emocional, confusão,
diminuição da concentração, cefaléias e defeitos cognitivos. Pode-se verificar o
desenvolvimento de psicose franca com comportamento compulsivo-obsessivo,
fobias e até mesmo suicídio. Esses sintomas também podem preceder de vários
anos o diagnóstico de LES, produzindo frustração em termos de diagnóstico correto
tanto no paciente quanto no médico (BENNETT, PLUM, 1997).
25

Síndrome cerebral orgânica manifestada por convulsões e demência é


geralmente, como foi dito anteriormente, devido a seqüelas de vasculite do sistema
nervoso central ou anticorpos antifosfolipídios. Porém pode indicar processo
infeccioso ou uso de fármacos, como antiinflamatórios não hormonais, anti-
hipertensivos, corticóides e antimaláricos, que são tóxicos para o sistema nervoso
central, podendo alterar o humor e o comportamento (WALLACE, METZGER, 1997).
A disfunção cognitiva é a síndrome do sistema nervoso central mais comum
no lúpus, ocorrendo dificuldade para pensar e articular, fadiga e diminuição da
memória. Manifestações de envolvimento do sistema nervoso periférico ocorrem em
cerca de 10% a 20% dos pacientes. Neuropatias cranianas ou periféricas ocorrem
em 10 a 15% dos pacientes. Em geral, ocorrem, concomitantemente, com uma
exacerbação do lúpus. Mielite lúpica é incomum, sendo que em metade dos casos
ocorre em pacientes portadores do anticorpo antifosfolípide (PETRI, 1998).
Embora o mecanismo patogênico envolvido no lúpus neuropsiquiátrico seja
ainda pouco conhecido, acredita-se que sua ação na vascularização cerebral tenha
um papel importante. A deposição de imunocomplexos no endotélio vascular pode
causar vasculite; a ativação simultânea das células endoteliais e das moléculas de
adesão de neutrófilos pelas citocinas e produtos do sistema de complemento podem
levar a quadros de leucotromboses e vaso-oclusão. Além do mais, auto-anticorpos
antifosfolipídios ocasionariam oclusão vascular e auto-anticorpos antineuronais
poderiam causar disfunção neuronal. Anormalidades no sistema imuno-neuro-
endócrino podem também provocar algumas das manifestações neuropsiquiátricas
observadas em pacientes com LES (WEST, 2002).
Foi observada a ocorrência de enxaqueca em 10 a 37% dos pacientes. As
convulsões podem refletir uma antiga fibrose ou algum episódio inflamatório agudo,
ou podem ser devidas a desequilíbrio metabólico, uremias, hipertensão, infecção,
tumores, traumatismo craniano ou vasculopatia. (BENNETT, PLUM, 1997).

2.4 Exames Clínicos para o Diagnóstico:

Entre os achados laboratoriais já citados anteriormente pelas alterações


clínicas podemos observar: Anemia normocítica com hematócrito abaixo do normal;
anemia hemolítica com teste de Coombs positivo; leucopenia < 4.000 células/mL;
26

plaquetopenia entre 100.000 a 150.000/mm3; aumento das provas de atividade


inflamatória, como velocidade de hemossedimentação; aumento de creatinina e
uréia quando há insuficiência renal; presença de proteinúria, cilindrúria e
dismorfismo eritrocitário; complemento sérico total e frações diminuídas nas fases de
atividade da doença; e como veremos adiante a pesquisa de fator reumatóide
positiva em 20% dos casos.
O primeiro teste de laboratório elaborado para o diagnóstico do LES foi o
teste celular LE (lupus erythematosus). Quando o teste é repetido várias vezes, é
eventualmente positivo em 90% das pessoas com lúpus sistêmico. Infelizmente, o
teste celular LE não é específico para o lúpus sistêmico, teste também pode dar
positivo em até 20% de pessoas com artrite reumática; síndrome de Sjogren's ou
esclerodermia; em pacientes com problemas no fígado; e em pessoas que tomem
certas drogas (tais como procainamide, hydralazine e outras).
O LES, sendo uma doença auto-imune, apresenta auto-anticorpos
antinucleares dirigidos contra antígenos intracelulares. Na detecção destes auto-
anticorpos, a técnica de imunofluorescência indireta (IFI) funciona como um teste
sensível (MOURA, 1992).
A técnica de imunofluorescência indireta foi adaptada para a pesquisa de
auto-anticorpos em 1957, por Fries. Desde então diversos substratos antigênicos
foram utilizados, como, por exemplo, corte de fígado ou rim de rato, imprint de fígado
de camundongo, leucócitos humanos e diversas linhagens celulares. Estes
substratos foram substituídos largamente por células HEp-2 (ANDRADE, et al.,
1996). Estas células imortalizadas originam-se de carcinoma laríngeo humano e
crescem em monocamadas sobre lâminas de vidro. As vantagens do uso de células
HEp-2 são porque possuem antígenos humanos não-encontrados em tecidos de
roedores, estes antígenos semelhantes estão em maior concentração, as células
apresentam-se em todas as fases de divisão celular (interfase/prófase, metáfase,
anáfase e telófase) sendo cada uma delas a expressão fenotípica da atuação de
uma série de genes, que funcionam como auto-antígenos que possibilitam a
identificação de inúmeros auto-anticorpos, além das células possuírem uma relação
núcleo/citoplasma em favor do núcleo (DELLAVANCE, et al, 2002).
Em 1957 eram reconhecidos apenas quatro padrões de FAN (Fator anti-
núcleo), no entanto as células as HEp-2 permitem o reconhecimento de mais de 30
diferentes padrões nucleares, nucleolares, da membrana nuclear, do aparelho
27

mitótico e citoplasmático, que são dados por diferentes autoanticorpos. A vantagem


do método é a sua grande sensibilidade, que permite a triagem de uma gama
imensa de anticorpos, além de uma idéia da concentração dos mesmos e uma
informação qualitativa importante que pode ser usada como um passo inicial para
uma identificação específica (DOI, 1995).
De acordo com Dellavance e colaboradores no trabalho de padronização dos
laudos de FAN-Hep-2 (2002) alguns padrões de fluorescência são relativamente
inespecíficos, podendo ser evocados por vários autoanticorpos. Outros padrões de
fluorescência, entretanto, são ocasionados por uma gama restrita de auto-
anticorpos, e outros, ainda, exclusivamente por um único auto-anticorpo (Ex:
centromérico). Na maior parte das vezes, entretanto, o padrão de fluorescência não
pode identificar qual o autoanticorpo presente, mas sua definição é de vital
importância, pois pode sugerir ao clínico ou patologista clínico qual o próximo passo
na investigação de sua especificidade. Assim, o FAN-HEp2 apresenta-se como
importante método de triagem, pois possibilita o conhecimento do(s) anticorpo(s)
provavelmente envolvido(s), restringindo assim os pedidos laboratoriais e
colaborando com a viabilidade econômica do processo. Os ensaios para
identificação dos autoanticorpos (imunodifusão dupla, contra-imunoeletroforese,
hemaglutinação passiva, Elisa, imunoprecipitação, imunodot e Western-blot) são
específicos para cada teste (DELLAVANCE et al., 2002).
Seis padrões de fluorescência são reconhecidos identificando a diferença
entre os auto-anticorpos que podem estar presentes: nuclear homogêneo, nuclear
periférico, nuclear pontilhado, nucleolar, centromérico e citoplasmático. Os auto-
anticorpos ocorrem em 95% dos pacientes em atividade e 70% dos em remissão do
LES quando pesquisados por imunofluorescência indireta, especialmente no
substrato de células HEp-2 (VON MUHLEN, 1994). Um padrão de IFI é mostrado na
figura a seguir:
28

Fonte: http://www.fleury.com.br/site/calandra.nsfom
Figura 3. Padrão de IFI, citoplasmático fibrilar filamentar: Coloração de filamentos
com acentuação uni ou bipolar em relação à membrana nuclear. Núcleos e
nucléolos não-fluorescentes. Padrão inespecífico.

Pacientes com LES podem produzir anticorpos para uma variedade de


antígenos nucleares. Entretanto, os anticorpos direcionados contra Sm (antígeno
Smith) e DNA nativo mostram alta correlação com a doença. Anticorpos direcionados
contra Sm mostram um padrão pontilhado de coloração na imunofluorescência,
enquanto que os direcionados contra DNA nativo são geralmente de padrão
periférico e/ou homogêneo (WANNA, 2004).
29

Fonte:http://www.fleury.com.br/imagens/publicacoes/fleury_com_br/2005/0405/artigo_lupus.jpg

Figura 4. Organograma de triagem de exames laboratoriais para diagnóstico de LES


usando como partida os resultados observados no teste de FAN e componentes do sistema
complemento sérico.

De acordo com Von Muhlen (1994) os anticorpos anti-DNA dupla hélice (Anti-
dsDNA) são específicos para lúpus e implicados na sua patogênese, com formação
de imunocomplexos e destruição tecidual. Sua detecção é feita por IFI utilizando
como substrato o flagelado Crithidia luciliae, tendo-se como reatividade o núcleo
deste microrganismo como na figura a seguir:

Fonte: http://www.scmedical.net/education.htm
Figura 5. FAN em substrato Crithidia luciliae reagindo com DNA nativo ou de dupla hélice.

De acordo com Fernandes e colaboradores (2000) os Anticorpos anti-Sm


também são considerados específicos para a doença, havendo correlação com
atividade da doença e sendo marcador prognóstico; há correlações clínicas com
atividades do sistema nervoso central e doença renal. Os principais anticorpos
antinucleares estão listados na Tabela 1 a seguir (FERNANDES et al., 2000):
30

Auto-antígeno Padrão IFI com células HEp-2 Freqüência na LES

DNA nativo Homogêneo 40-70%

DNA desnaturado Periférico <70%

Histonas Homogêneo 50%-70%

Sm Pontilhado grosso 30

RNP nuclear Pontilhado grosso 30%-40

SS-A/Ro Pontilhado fino 35%SS

B/La Pontilhado fino 15%

Os testes de laboratório são mais úteis quando se consegue lembrar as


seguintes informações: Se um indivíduo apresenta sinais e sintomas de lúpus (pelo
menos quatro dos critérios apresentados pela Associação Americana de
Reumatismo), um resultado positivo no teste FAN confirma o diagnóstico e não são
necessários mais exames; se uma pessoa tem apenas dois ou três sintomas, então
um resultado positivo no ANA (Fator Anti Nuclear - ANA ou FANA - The
Immunofluorescent Antinuclear Antibody) reforça o diagnóstico. Nesse caso, a
menos que testes mais específico dêem positivo (ex.: anti-DNA, anti-Ro - contra
RNA), o diagnóstico do lúpus é considerado incerto até que sejam encontrados mais
sinais clínicos ou outros exames sangüíneos mais específicos. Alguns médicos
também podem optar por fazer uma biópsia nas erupções cutâneas e nos cabelos
do paciente. Essas biópsias podem ajudar a diagnosticar o lúpus sistêmico em 75%
dos casos (BENNETT, PLUM, 1997).
Testes de laboratório que medem os níveis de complementos no sangue,
também são de algum valor. Se o nível total de complemento no sangue é baixo, ou
os valores dos complementos C3 e C4 são baixos, e o paciente também tem um
FAN positivo, algum peso é adicionado ao diagnóstico do lúpus. Baixos níveis dos
complementos C3 e C4 em indivíduos com resultados positivos no teste FAN,
também podem indicar lúpus com envolvimento maior dos rins (BENNETT, PLUM,
1997).

2.5 Gravidez no Lúpus:


31

O binômio lúpus e gestação é relativamente comum, e, em razão de possíveis


complicações maternas e fetais, a gestação em pacientes com LES deve ser
considerada de alto risco. A fertilidade em pacientes com LES em geral é
considerada semelhante à da população. Infertilidade temporária é referida em
pacientes que fazem uso de doses altas de corticosteróides ou estão com a doença
muito ativa.
Na década de 80, Jungers et al., (1988) estudando pacientes com nefrite
lúpica, demonstraram que o uso de anticoncepcionais orais contendo estrógenos na
dose de 30 a 50 mg de etinilestradiol causava, significativamente, maior número de
reativação da doença, quando comparado ao uso de anticoncepcionais com
progestágenos. Anticoncepcionais com estrógenos são contra-indicados em
pacientes com doença ativa, devido à possibilidade de piorar a atividade da doença
ou com antecedente de tromboembolismo ou enxaqueca, pela possibilidade de
complicações trombóticas.
Tanto a gestação pode influenciar a evolução da doença materna quanto o
LES pode influenciar o desenvolvimento e prognóstico fetal. Do ponto de vista
imunológico em sua obra Sato (2006) relata que, a gestação representa um período
de maior vulnerabilidade da paciente com lúpus, porque para prevenir a rejeição do
feto, há uma adaptação do sistema imune materno, levando a um perfil Th2, com
aumento de expressão de citocinas IL-10 e IL-4, que também estão envolvidos na
patogênese do LES. A importante alteração hormonal observada na gestação e a
presença de antígenos fetais de origem paterna também são fatores que podem
contribuir para o aumento de risco de atividade da doença em gestantes com LES.
Sobre os riscos de gravidez no LES Sato (2002) afirma que é de consenso que a
gravidez em paciente com lúpus fora de atividade por 6 a 12 meses e sem disfunção
renal tem menor probabilidade de exacerbação da doença tanto durante a gravidez
quanto no puerpério, porém há maior risco de exacerbação em pacientes com
doença ativa, principalmente com nefrite ativa por ocasião da concepção.
Algumas alterações que podem ocorrer na gestante podem ser confundidas
com atividade do lúpus, portanto a análise deve ser cuidadosa, antes de se tomar
conduta para o tratamento do lúpus. Durante a gestação, o aumento do fluxo
glomerular causa aumento do clearence de creatinina, com redução dos níveis
séricos de uréia e creatinina. Sato (2002) sobre os níveis de creatinina e uréia no
decurso da gravidez em pacientes com LES e suas conseqüências; afirmando que:
32

“Considerando apenas os trabalhos realizados nas duas últimas


décadas, observamos que um aumento nos níveis de creatinina sérica
durante a gravidez de pacientes com LES foi observado em
porcentagens que variam de 0% a 50%, contudo a freqüência de
insuficiência renal irreversível foi de 2% a 19%. Os trabalhos da última
década mostram uma incidência ainda menor de insuficiência renal
transitória e definitiva.”

A gravidez pode ainda aumentar em até 30% a proteinúria preexistente.


Aumentos maiores de proteinúria devem ser imputados à reativação da doença. O
aumento de volume intravascular de até 50% na gestação pode causar anemia leve
por hemodiluição. Deficiência de ferro também pode contribuir para a anemia.
Plaquetopenia leve entre 100.000 e 150.000/mm3 pode ocorrer devido ao aumento
de turnover plaquetário, portanto a plaquetopenia deve ser analisada dentro de todo
o contexto clínico e laboratorial antes de se atribuir à atividade do lúpus.
A velocidade de hemossedimentação aumenta na gestação, devido ao
aumento de proteínas séricas, sobretudo do fibrinogênio, podendo chegar a 40
mm/1 a hora e não deve ser considerado como marcador de atividade inflamatória
devido ao lúpus. Durante a gestação, normalmente, ocorre aumento dos níveis de
complemento, portanto quedas dos níveis de C3 e C4 podem ser valorizadas como
sendo por atividade da doença (SATO, 2006).
Pacientes com LES tem maior risco de apresentarem pré-eclâmpsia e
hipertensão induzida pela gravidez; cerca de 20% das pacientes com LES iniciam a
doença durante a gestação ou no período pós-parto; os fatores de risco para o
desenvolvimento de pré-eclâmpsia em pacientes lúpicas incluem: nefrite ativa,
hipertensão arterial, presença de anticorpos antifosfolipídios e uso de doses altas de
corticosteróides (BENNETT, PLUM, 1997).
No início da gestação deve-se fazer uma reavaliação, revendo critérios de
atividade e gravidade da doença. Os exames laboratoriais incluem: hemograma,
função hepática, dosagem de complemento e frações, anticorpo anti-DNA, anti-Ro
anti-La e exame do sedimento urinário, glicemia, uréia, creatinina e anticorpos
antifosfolipídios.
A freqüência de atividade do LES associada à gravidez varia de 37% a 60%,
sendo a maioria da atividade considerada leve e a mortalidade materna em
pacientes com LES, atualmente, é estimada em menos que 0,7%, conquanto a
freqüência de surtos de atividade seja maior em lúpicas grávidas do que em não
33

grávidas (SATO, 1999). As manifestações mais frequentemente observadas na


gravidez são as mucocutâneas e/ou articulares.
Na última década, revela Sato (1999), ainda que houvesse maior
conhecimento das causas de mortalidade fetal e melhor prognóstico fetal em virtude
do planejamento terapêutico mais adequado, a perda fetal total relatada era em
média de 27% nas décadas de 1950 a 1980, de 25% na década de 80 e de 22 % na
década de 90. A média de abortos espontâneos atualmente em pacientes com LES
é estimada em 15%, enquanto na população em geral é estimada em 7% a 12,5%
das gestações. A taxa de óbito intra-uterino em pacientes com LES é maior do que
na população geral, variando de 0% a 12% em estudos da década de 90, com uma
média de 4,3%. A maioria dos óbitos neonatais está relacionada à extrema
prematuridade e alguns casos ao lúpus neonatal, devido ao bloqueio cardíaco
congênito.

3. Considerações Finais

Como vimos no trabalho apresentado o lúpus eritematoso sistêmico é


uma doença de múltiplos sintomas e de difícil diagnóstico, devido a especificidade
de exames de autoanticorpos e pela semelhança de sintomas com outras
patologias. Sua etiologia continua sem esclarecimentos concretos embora seu
mecanismo de ação esteja quase que totalmente elucidado. É uma doença auto-
imune que se caracteriza por manifestações sistêmicas com instauração de
processo inflamatório, com participação tanto da resposta celular quanto humoral.
Sua etiologia é desconhecida, porém, observamos fatores genéticos,
influencia hormonal e ambientais que podem desencadear sua manifestação clínica,
como a exposição a raios UV. A imunogenética influencia a manifestação da doença
pelo fato de que cada gene afeta presumivelmente algum aspecto da regulação
imune, da degradação de proteínas, do transporte de lipídios através das
membranas celulares, das respostas imunes, do complemento, das imunoglobulinas,
da apoptose e dos hormônios sexuais. Por conseguinte, as combinações de defeitos
34

gênicos distintos podem resultar em diferentes respostas anormais, produzindo


processos mórbidos distintos.
O lúpus acomete o tecido conjuntivo de vários órgãos. Sua evolução apresenta
períodos de atividade e remissão. É uma doença que não cura descoberta na
atualidade, considerada uma enfermidade crônica, de caráter imprevisível, que
atinge vários sistemas do organismo, simultânea ou sucessivamente, muitas vezes,
levando à falência de órgãos vitais ou comprometendo definitivamente suas funções,
por isso necessitando de acompanhamento constante e observação em todas as
etapas da vida.
Seus dados epidemiológicos expressam a predominância em indivíduos
jovens, do sexo feminino, na proporção de cerca de dez mulheres para cada homem
e com prevalência na população mundial de 4 a 250 casos por 1000.000 indivíduos.
O seu mecanismo de ação caracteriza-se por desequilíbrio imunológico devido à
perda da tolerância imunológica, desenvolvimento de auto-anticorpos e resposta
citotóxica contra auto-antígenos, desencadeando ou por defeito na apoptose celular
ou na seleção irregular de linfócitos auto-reativos.

As diferentes manifestações clínicas são devido a diversas irregularidades da


resposta imunológica havendo assim, depósito de complexos imunes formados por
auto-anticorpos e seus antígenos específicos nos glomérulos renais, articulações, e
membrana basal do endotélio dos vasos sanguíneos, responsáveis, assim, por
glomerulonefrite, artrite, e, por vasculite, envolvendo todas as pequenas artérias
através de todo o corpo, respectivamente. A anemia hemolítica e a trombocitopenia
são devidas à produção de auto-anticorpos contra eritrócitos e plaquetas,
respectivamente.
Além de manifestações cutâneas devido à exposição a raios UV
correlacionarem algum defeito genético de pessoas predispostas a algum na
apoptose, resultando em morte celular programada anormal. Em conseqüência
desses defeitos, ocorre degradação anormal das células e certos antígenos
(sobretudo nucleares) são processados por células de apresentação de antígenos
em peptídeos, ativando assim a imunidade celular, ocasionando processo
inflamatório e produção de anticorpos.
Admiti-se que aja apresentação de auto-antígenos a células de respostas
imunológicas específicas como as células T auxiliares produzindo assim anticorpos
35

de alta afinidade. Com essa suspeita defini-se a resposta inflamatória generalizada


do lúpus devido às células T auxiliares (CD4) auto-reativas que através da liberação
de citocinas (IL-6, IL-4), induzem ativação, proliferação e diferenciação das células B
auto-reativas em células produtoras de anticorpos, com conseqüente produção de
quantidades excessivas de anticorpos contra muitos antígenos nucleares. Por
conseguinte, surge um perfil imunológico típico no paciente com LES,
desenvolvimento de níveis elevados de anticorpos antinucleares (ANA), sobretudo
contra o DNA, Sm, RNP, Ro, La e outros.
O LES é uma doença de clínica evolutiva de caráter aguda, subaguda ou
crônica, de curso e prognóstico variáveis e com quadro clínico pleomórfico.
Classificada através de sintomas pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR)
que comparou a incidência de manifestações clínicas e determinando que o paciente
seja classificado como portador de LES quando apresentar no mínimo quatro dos 11
critérios, preestabelecidos.
As manifestações cutâneas são comuns ocorrendo em mais de 50% dos
pacientes, geralmente, em conseqüência da fotossensibilidade após exposição à luz
UV que resulta em erupções cutâneas que variam em duração e gravidade, sua
característica sintomática mais enfática é a erupção clássica em asa de borboleta,
isto é, eritema nas bochechas e no nariz, nos achados renais são mais comuns com
alterações do sedimento urinário, como hematúria, leucocitúria, cilindrúria e
proteinúria.
Alterações hematológicas correspondem à solicitação das células mono e
polimorfonucleares para o processo inflamatório generalizado, ocasionando; anemia
hemolítica com teste de Coombs positivo; leucopenia; plaquetopenia e aumento das
provas de atividade inflamatória, como velocidade de hemossedimentação e alfa-1-
glicoproteína. Anemia hemolítica auto-imune clássica pode estar presente
agudamente ou ser uma condição crônica. Os anticorpos antifosfolipídios
representam um importante componente da resposta humoral no lúpus eritematoso
sistêmico, pois é base patogênica para um complexo sintomático específico,
caracterizado por tromboembolismo arterial e venoso e perdas fetais recorrentes.
As manifestações cardiopulmonares caracterizam se em sua maioria em
pleurite, tosse, dispnéia, miocardite, além de no seu caráter crônico possibilitar o
desenvolvimento ou aceleração de doença aterosclerótica e hipertensão arterial.
36

Os transtornos neuropsiquiátricos são freqüentes. As alterações no LES mais


intimamente relacionadas ao Sistema Nervoso Central são: psicose, epilepsia,
estados confusionais, desorientação e distúrbios de atenção. Essas manifestações
são atribuídas a um processo primário que resulta diretamente de oclusão vascular
devido à vasculopatia mediada por imunocomplexos ou por anticorpos
antineuronais. A disfunção cognitiva é a síndrome do sistema nervoso central mais
comum no lúpus, ocorrendo dificuldade para pensar e articular, fadiga e diminuição
da memória.
Os exames laboratoriais específicos para o diagnóstico da LES evoluíram em
sua sensibilidade e especificidade. Atualmente o teste de LE, já não é específico
para o lúpus sistêmico, pois este teste também pode dar positivo em pessoas com
artrite reumática; síndrome de Sjogren's ou esclerodermia; em pacientes com
problemas no fígado; e em pessoas que tomem certas drogas. O teste mais aceito
de triagem, é o teste de pesquisa de auto-anticorpos nucleares ou FAN Fator
antinúcleo, pela técnica de imunofluorescência indireta (IFI). Usando-se células HEp-
2, que fornecem vantagens sobre as de3mais células porque possuem antígenos
humanos não-encontrados em tecidos de roedores, e antígenos semelhantes estão
em maior concentração, e possuírem uma relação núcleo/citoplasma em favor do
núcleo. Assim, o FAN-HEp2 apresenta-se como importante método de triagem, pois
possibilita o conhecimento dos anticorpos provavelmente envolvidos, restringindo
assim os pedidos laboratoriais e colaborando com a viabilidade econômica do
processo. A pesquisa de anticorpos anti-DNA dupla hélice (Anti-dsDNA) são
específicos para lúpus e implicados na sua patogênese, com formação de
imunocomplexos e destruição tecidual.
A gestação em pacientes com LES deve ser considerada de alto risco, haja
vista que a fertilidade em pacientes com LES em geral é considerada semelhante à
da população. Tanto a gestação pode influenciar a evolução da doença materna
quanto o LES pode influenciar o desenvolvimento e prognóstico fetal. Do ponto de
vista imunológico, a gestação representa um período de maior vulnerabilidade da
paciente com lúpus, porque para prevenir a rejeição do feto, há uma adaptação do
sistema imune materno, levando a um perfil Th2, com aumento de expressão de
citocinas IL-10 e IL-4, que também estão envolvidos na patogênese do LES. Assim,
pacientes com LES tem maior risco de apresentarem pré-eclâmpsia e hipertensão
induzida pela gravidez, além do risco elevado das pacientes com LES iniciam a
37

doença durante a gestação ou no período pós-parto. A maioria dos óbitos neonatais


está relacionada à extrema prematuridade e alguns casos ao lúpus neonatal, devido
ao bloqueio cardíaco congênito.

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