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Portugal não foi o primeiro estado europeu a abolir a pena de morte. A República
Romana fê-lo em 1849 seguida por S. Marino em 1852. Em Portugal, depois de duas
propostas legislativas em 1852 e 1863, foi abolida para todos os crimes em 1867.
Abolida para crimes políticos em 1852 (artigo 16º do Acto Adicional à Carta
Constitucional de 5 de Julho, sancionado por D. Maria II).
Abolida para crimes civis em 1867 no reinado de D. Luís. Abolida para todos os crimes,
excepto por traição, durante a guerra em Julho em 1867 (Lei de 1 de Julho de 1867). A
proposta partiu do ministro da Justiça Augusto César Barjona de Freitas, sendo
submetida à discussão na Câmara dos Deputados. Transitou depois à Câmara dos Pares,
onde foi aprovada. Mas a pena de morte continuava no Código de Justiça Militar. Em
1874, quando o soldado de infantaria nº 2, António Coelho, assassinou o alferes Palma e
Brito, levantou-se grande discussão sobre a pena a aplicar.
A maioria dos estados federados dos Estados Unidos, principalmente no sul, retomaram
essa prática após uma breve interrupção durante os anos 1970, sendo por isso uma das
raras democracias, juntamente com o Japão, a continuar a aplicar a pena de morte.
O país que mais recentemente aboliu a pena de morte foi o Uzbequistão, em 1 de Janeiro
Excepções históricas
A pena de morte é um acto da Justiça, sujeito às regras do Direito e da Lei.
Nos países lusófonos que a adaptaram após a independência, também estes já a aboliram.
Angola: Abolida para todos os crimes (desde 1992) Moçambique Abolida para
todos os crimes (desde 1990) Guiné-Bissau, Abolida para todos os crimes (desde 1993)
Cabo Verde, Abolida para todos os crimes (desde Novembro de 1980) São Tomé e
Príncipe, Abolida para todos os crimes (desde 1990)
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No mundo: Dentre os países com sistemas políticos democráticos, os Estados Unidos da
América e o Japão são os únicos que efectivamente aplicam a pena de morte.
Em países como a China, Cuba, Irão e a maior parte dos países do Médio Oriente, a
pena de morte é aplicada com frequência.
Métodos de aplicação
Asfixia, Fogueira, Crucificação, Esmagamento, Esmagamento por elefante, por mil
cortes, Decapitação (a espada, machado ou guilhotina), Desmembramento, Afogamento,
Electrocussão numa cadeira eléctrica, De sangrado, Fuzilamento, Garrote vil, Câmara de
gás Forca, Empalamento, Injecção letal, Lapidação (Apedrejamento), Estrangulamento, A
Roda Inanição, O serrote, Paredão, Precipitação, Tapocrifação, Touro de latão etc..
Execução de Menores
O uso da pena de morte para crimes cometidos por pessoas que ainda não
atingiram os 18 anos é proibido pela lei internacional, no entanto alguns países ainda
executam menores. Essas execuções são poucas comparativamente com o número total
de execuções a nível mundial. O seu significado vai para além dos números e põe em
causa a vontade dos estados em respeitar a lei internacional.
A Amnistia Internacional opõe-se à pena de morte em todos os casos por ser uma
violação à vida e ao direito de não ser sujeito a uma punição cruel, desumana ou
degradante. Como passos em direcção à abolição total da pena de morte, a Amnistia
Internacional suporta medidas que limitem a aplicação da pena de morte. Estas medidas
incluem leis que impedem a execução de menores: pessoas condenadas por crimes
cometidos antes dos 18 anos.
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A pena de morte é tortura
A possibilidade de erro
Todos os sistemas de justiça criminal são vulneráveis à discriminação e ao erro.
Nenhum sistema é, nem será, capaz de decidir com justiça, com consistência e sem
falhas quem deverá viver e quem deverá morrer.
A rotina, as discriminações e a força da opinião pública podem influenciar todo o
processo. Enquanto a justiça humana for falível, o risco de se executar um inocente não
pode ser eliminado.
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Efeito dissuasor duvidoso
Não é correcto assumir que as pessoas que cometem crimes graves o fazem depois
de analisar racionalmente as consequências. Geralmente, os assassinatos ocorrem quando
a emoção ultrapassa a razão, ou sob a influência de drogas ou álcool. Muitas pessoas que
cometem crimes violentos são emocionalmente instáveis ou doentes mentais. Em nenhum
destes casos o receio da pena de morte pode ser dissuasor. Além disso, aqueles que
cometem crimes graves premeditados podem decidir fazê-lo, apesar do risco de serem
condenados à morte, por acreditarem que não serão apanhados.
Muitos terroristas estão preparados para dar a sua vida por aquilo que
reivindicam, podendo a pena de morte funcionar nestes casos como um incentivo.
O Direito à Vida:
Os Direitos Humanos são inalienáveis, isto é, são direitos de todos os indivíduos
independentemente do seu estatuto, etnia, religião ou origem. Não podem ser retirados,
quaisquer que sejam os crimes que eventualmente determinada pessoa tenha cometido.
A pena de morte foi excluída dos castigos que o Tribunal Criminal Internacional
estará autorizado a impor, mesmo tendo ele jurisdição em casos de crimes
extremamente graves, como crimes contra a humanidade, incluindo genocídio e violação
das leis de conflito armado.
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a Carta Africana sobre os Direitos da Criança e a Convenção Americana dos Direitos
Humanos têm em comum esta proibição.
Mais de 110 países, cujas leis ainda prevêem a aplicação da Pena de Morte, têm leis
especificas que excluem a aplicação no caso de delinquentes juvenis. Um pequeno número
de países contínua, no entanto, a aplicar a Pena de Morte nestes casos. Desde 1990, pelo
menos oito países executaram 47 prisioneiros com menos de 18 anos de idade, na altura
em que cometeram o crime – China, República Democrática do Congo, Irão, Nigéria,
Paquistão, Arábia Saudita, Estados Unidos da América e o Iémen. No entanto, a China, o
Paquistão, os EUA e o Iémen alteraram recentemente a idade mínima para aplicação
desta pena para 18 anos. Os EUA e o Irão executaram mais delinquentes juvenis do que
os restantes seis países juntos. Oito delinquentes juvenis foram executadas no Irão em
2005, o único país que aplicou a Pena de Morte a estes casos, no ano passado.
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Doenças Mentais. É globalmente aceite que, pessoas com problemas mentais, não devem
ser responsabilizadas pelos seus actos e, mais ainda, alguns criminosos não devem ser
julgados com base nas leis normais do Sistema Criminal de Justiça. Um princípio
importante é o que defende que um prisioneiro condenado à morte, mas que é doente
mental, não deve ser executado, pois ele é incapaz de compreender a natureza da
punição.
Estes princípios estão enunciados na Resolução 2005/59, adoptada a 20 de Abril
de 2005. A Comissão de Direitos Humanos da ONU apelou a todos os Estados que ainda
mantêm a Pena de Morte para que “não a apliquem a pessoas que sofram de qualquer tipo
de doença mental ou psíquica ou para não executarem essas pessoas”. O Relatório
Especial da ONU sobre execuções extrajudiciais ou arbitrárias, refere que “a lei
internacional proíbe a aplicação da pena capital a pessoas com insanidade mental” e que
os governos que continuam a reforçar a legislação sobre a pena capital “no que diz
respeito a minorias e doentes mentais serão aconselhados a adequar a sua legislação
interna com as leis internacionais. Os Estados devem considerar a adopção de leis
especiais para protecção dos doentes mentais, incorporando a legislação internacional”.
Julgamentos Injustos: Para defender as suas vidas nos tribunais, os arguidos
devem beneficiar de julgamentos justos. Quando os padrões aceites para um julgamento
justo são ignorados ou postos de lado, a aplicação da pena de morte fica sujeita a um
abuso político e o risco de execução de inocentes aumenta. Vários prisioneiros durante
as últimas décadas, foram executados em casos em que os recursos de defesa foram
deficientes ou mesmo inexistentes. Outros casos continuam a ser ouvidos em tribunais
especiais, em segredo de justiça, sem que haja uma adequada representação da defesa
ou por juízes que nem sempre são competentes ou independentes.
Os procedimentos tendem a ser cada vez mais rápidos, não deixando espaço para
apelos ou petições de clemência.
Dia 10 de Outubro é o dia Mundial contra a Pena de Morte
Pessoalmente aliás, não acho que a pena de morte seja a medida mais severa para
com o preso. A prisão perpétua, para mim, é muito mais dura. O problema é que as coisas
são um pouco diferentes, porque pode-se apanhar, no máximo, uma pena de 25 anos. Na
maioria das vezes, essa pena é reduzida se o preso se comportar de maneira adequada,
prestar serviços na cadeia, etc. Consequentemente, a pena vai sendo reduzida e o preso
fica muito menos tempo na cadeia do que deveria ficar. Mesmo assim, acho que o mal não
se paga com o mal, acho que ninguém pode tirar a vida de ninguém, nem fazer justiça
dessa maneira. Colocar um ser humano que cometeu um crime hediondo no corredor na
morte e matá-lo posteriormente é como se igualar a ele. Além disso, nos EUA foi
comprovada a inocência de muitos presos que foram mortos pela pena de morte? Esse é
outro problema, há vários casos de inocentes que foram mortos!
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Será que a pena de morte vale a pena? Não
A cristandade medieval
O conceito da primazia da verdade e da unidade sobre a liberdade acabou
triunfando e a antiga Igreja perseguida torna-se perseguidora.
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O Papa Alexandre III (1159-1181) estendeu a toda a Igreja o Direito Canónico, que
determinava a intervenção activa diante do desvio da fé. Fala-se agora em guerra contra
os hereges, cruzada contra os infiéis, especialmente contra os cátaros no sul da França.
Em 1209, foi atacada a cidade de Béziers e 5 mil pessoas são queimadas vivas dentro de
uma igreja.
A legislação torna-se sempre mais dura e o papa Lúcio III, em 1184, estabelece o direito
penal a ser aplicado contra os hereges. Todos, autoridades e leigos, estão obrigados a
denunciar os hereges sob pena de perderem os bens. Por quê essa mudança? É que
sempre mais se misturam os interesses do Estado com os da Igreja, e papas e reis estão
empenhados na unidade da fé para garantir a unidade política.
A unidade religiosa é confundida com o bem comum e os reis são os mais activos na
caça aos hereges, que lhes pareciam uma ameaça à ordem interna. Os castigos cruéis
provém mais dos príncipes do que dos papas.
Pena de morte:
Tribunal de Inquisição - Torquemada
Em 1199, o papa Inocêncio III qualifica a heresia de crime de lesa-majestade
(crime contra o rei, o Estado, traição). Como para esses crimes o Estado aplicava a pena
de morte, defende-se a mesma pena para os hereges que não se quisessem emendar.
O IV Concílio de Latrão (1215) elevou este princípio à doutrina para toda a Igreja,
ordenou que os hereges fossem caçados em todos os lugares, não se arrependendo
tivessem os bens confiscados e entregues ao Estado para a pena devida (serem
queimados). Os Seus herdeiros também sofriam o confisco dos bens e o exílio.
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As vítimas:
Inicialmente o objecto da Inquisição era apenas a heresia, abundante na época:
cátaros, albigenses, valdenses, passaginos, josefinos, esperonistas, arnaldistas,
luciferianos, begardos, etc. Também era suspeito de heresia quem conversava com um
herege. Com o tempo, alarga-se o campo inquisitorial, incluindo quem praticasse
sortilégio, bruxaria, necromancia, feitiçaria, adivinhação, usura, incesto, sodomia,
blasfémia. O Tribunal da Igreja tornou-se a imagem de uma sociedade totalitária que não
admitia o diferente.
O Manual ensinava ao Inquisidor 50 maneiras de que o demónio se servia para
impedir o acto sexual, provocar impotência ou aborto.
As mulheres foram as grandes sofredoras. Entre 1627 e 1630, quase todas as parteiras
de Colónia (Alemanha) foram eliminadas. As “bruxas” (geralmente mulheres de má
aparência) eram culpadas de todos os males da sociedade europeia. Isso foi longe: ainda
em 1721, em Freising, na Alemanha, a sala das torturas era incensada, celebrava-se a
missa pelo bom sucesso do trabalho e se abençoavam os instrumentos de tortura. Isso
vale para católicos e protestantes, pois todas as Igrejas da Reforma (protestantes,
anglicanos e calvinistas) admitiram o uso da Inquisição.
O Processo Inquisitorial:
Após a composição do Tribunal, o Inquisidor proferia um sermão exortando todos
à conversão e à colaboração. Seguia-se o Edito de Graça: os que se apresentassem num
prazo de 15 a 30 dias recebiam a penitência com a absolvição.
Expirado o prazo, era publicado o Edito de Fé: todos eram intimados à denúncia e
os denunciados eram caçados e presos e sujeitos ao processo. A habilidade do Inquisidor
fazia o réu entrar em contradição, pedir perdão, reconhecer o erro. Não se descobrindo
culpas, o réu era absolvido. Havendo indícios de culpa passava pelo cárcere ou pela
tortura.
A lei eclesiástica admitia a tortura, mas não por mais de meia hora e que não se
quebrasse nenhum osso. Os meios de tortura eram os mesmos dos tribunais civis da
época, todos horrorosos.
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Normalmente a multidão gostava de assistir a esse espectáculo macabro, quer por ver o
falso triunfo da verdade, quer porque a cultura vigente era mesmo cruel.
Concluindo: entendo que ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém, seja
porque motivo for, está provado que os países onde se praticam estes actos a
criminalidade não diminuiu. Deve haver um espaço para cada caso, se é demente,
pedófilo, pirómano etc. Mesmo que se seja condenado a prisão perpétua, existe sempre a
possibilidade de provar a sua inocência se for o caso.
Considerando tudo quanto foi explanado há cerca da pena de morte ou pena
capital, e sendo nós um pais que temos dado ao mundo lições de tolerância e humanismo,
fomos os primeiros a abolir a escravatura, dos primeiros a abolir a pena de morte,
atravessamos quase dois séculos sem que tal pena tenha sido aplicada, repudiamos tais
actos e estes estão intrinsecamente lavrados na nossa Constituição. Esta mesma que nos
defende, também não impede que amanhã movidos por interesses pessoais ou políticos,
os arautos da Nação democraticamente por nós eleitos, possam vir a impor-nos tal pena.
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