Vous êtes sur la page 1sur 10

Einstein: a Mecânica e as Leis do Universo

O que fez realmente Einstein? Qual foi seu raciocínio para chegar a
teorias tão complicadas até para essa época? Para dar uma resposta precisa
seriam necessárias muitas páginas e que aqui não caberiam. Por isso, iremos
sintetizar as teorias daquele que foi muito justamente denominado o "pai da física
moderna", apenas com poucos exemplos acessíveis à compreensão dos leigos.
Para responder em poucas palavras, porém, diremos que Einstein explorou o
espaço e o tempo de uma maneira como nunca fora feita anteriormente, nem
sequer imaginada. E mais: deu a esses conceitos um novo significado, libertando
a mente do homem de suas aparentes e irremovíveis limitações.
Outra pergunta comum é se Einstein foi ou não superado. Em ciência, não
há superação de um explorador por outro, de um pesquisador por outro, a não ser
que este último tenha avançado, no mesmo tempo, mais do que aquele. Na ciência,
porém, esses momentos são raros. Einstein não foi superado, assim como ele
não superou os outros grandes exploradores do espaço e da natureza, tais como
Copérnico, Galileu e Newton. Cada um deles construiu uma obra poderosa que
serviu de alicerce as ulteriores descobertas, um degrau que proporcionou a
incessante escalada da humanidade a novos conhecimentos.
Einstein não estudou somente os fenômenos existentes no espaço e no
tempo, mas procurou desvendar o mistério dessas duas dimensões em si
mesmas. Uma tarefa de gigante, pois isso lhe exigiu uma nova visão do
universo e das leis que o regulam, desvinculando o pensamento humano das
idéias já preconcebidas e tidas como certas e libertando a ciência de vícios de
raciocínio e de axiomas seculares e até milenares.

A quebra de Mitos: os paradigmas


Como foi que Einstein chegou à relatividade? Que meios empregou?
Como pôde sua mente conceber tudo isso? Essas perguntas sempre
desafiaram os pesquisadores da obra do grande "pai da física moderna". Pode-
se dizer que Einstein, apesar de sua timidez aparente, era bastante ousado em
suas divagações científicas.
No início, Einstein pautou-se pêlos raciocínios da ciência ortodoxa,
aceitando todas as noções, teorias e conceitos emitidos pêlos físicos do século
19. Esses pensadores dogmáticos se assemelhavam aos povos antigos, que
não ultrapassavam as colunas de Hércules, seguindo o lema nec plus ultra
(Nada existe além). O lema era uma boa desculpa para o comodismo burguês
e uma preciosa válvula de escape para os investigadores da época vitoriana.
Para além daquelas colunas, havia um mar imenso e tenebroso, cheio de
monstros. Mas não tinha se aventurado Colombo para além daquelas colunas,
destruindo o mito do mar tenebroso e descobrindo novas terras verdes e
maravilhosas?
Desde criança, Einstein fora seduzido pelas idéias do conjunto, do
universal. Sempre fora apaixonado pela síntese. Nunca houve um espírito
humano tão bem aparelhado para adaptar-se à vastidão do cosmo e ao
pequeno do átomo.
O mundo de Newton, encontrado por Einstein, era de magnitudes
absolutas. O tempo, para ele, era semelhante a um grande e imutável rio que
corria inexoravelmente do passado infinito para o futuro infinito. Tempo e
espaço eram considerados como duas entidades reais, coisas físicas que
existiam independentemente da percepção mental do homem e livres de
condições impostas por fora. A doutrina de Newton podia ser condensada em
duas proposições: 1 - há um tempo real, absoluto, matemático, que se escoam
uniformemente em virtude de sua própria natureza e independentemente de
qualquer circunstância exterior; 2 - há um espaço absoluto o qual permanece
sempre o mesmo, em virtude de sua natureza, independentemente de
circunstâncias exterior, e imóvel.
Quando ainda era estudante, Einstein acreditava nessas duas
concepções newtonianas do universo. À medida que avançava em seus
estudos, porém, seu ceticismo crescia. Percebia que a física estruturada por
Newton era por demais dogmática e pressupunha muita coisa gratuitamente,
sem a menor prova. Isto dera origem a preconceitos e hábitos mentais que
criavam obstáculos sem fim à solução de inúmeros problemas de física. Ernst
Mach, um dos espíritos mais inquietos e geniais de seu tempo, chegou a dizer,
a propósito da subserviência aos conceitos de Newton, que "com a exceção de
uma religião, nada era mais difícil do que reformar uma ciência" Era necessário
que aparecesse um novo profeta. Esse profeta foi Einstein, e seu verbo foi a
Teoria da Relatividade.

As novas idéias
Quando Einstein publicou a Teoria da Relatividade, os ambientes
científicos do mundo inteiro tiveram a impressão de que a teoria fosse apenas
uma refutação completa das teorias de Newton. Na realidade, a obra de
Einstein é apenas uma expansão e um refinamento das idéias do grande físico
inglês e de outros grandes cientistas e filósofos do passado, entre os quais, em
primeiro lugar, Galileu. Einstein apenas tomou a si tudo aquilo que seus
antecessores haviam produzido de melhor, coordenando-lhes as criações e
dando-lhes força matemática. De certa forma, a relatividade teve origem na
noção filosófica de que tudo, sob certos aspectos, é relativo.
Einstein acentuou a idéia de que tudo é medido em relação a alguma
coisa, isto é, percebido como relativo a ela. Ele partiu da premissa de que não
devemos tomar o tempo e o espaço como absolutos; mas a partir das
experiências mais simples, procurarmos descobrir as relações entre essas
duas dimensões. "As separação do tempo e do espaço é uma teoria ilusória —
ele escreveu —, porque eles se interpenetram intimamente. Isolá-los é mutilar
o pensamento. Porque o tempo e o espaço não são coisas separadas, mas
são relativos um ao outro e elementos constitutivos de uma síntese mais
profunda. Assim, o tempo, não menos que o espaço, forma a essência das
coisas. Ele não é uma parte supranumerária à atividade das coisas. É
fundamental à sua constituição." Isso significava que o mundo, portanto, não
possuía apenas três dimensões, mas quatro. Esta quarta dimensão era o
tempo.
Um exemplo: vamos considerar um acidente ocorrido em uma Avenida.
Esta é a primeira dimensão. Acrescentamos que o acidente ocorreu num prédio
perto de uma Travassa. Esta é a segunda dimensão. Quando ajuntamos que o
acidente se deu no segundo andar, adicionamos a terceira dimensão. E
quando precisamos que ele ocorreu às 20 horas de uma terça-feira, é dar a
quarta dimensão. Sendo assim, o acidente ocorreu num espaço-tempo em
quatro dimensões: comprimento, largura, altura (ou profundidade) e tempo.
Raciocinando dessa forma, Einstein foi conduzido não só a novas
interpretações do tempo e do espaço em si mesmos, como foi levado às mais
importante descobertas no que concerne à natureza real do mundo em que
vivemos.

Como sabemos onde estamos?


Se uma pessoa estiver sentada dentro de um trem correndo sem o menor
solavanco, não poderá afirmar que ele está em movimento se as persianas da
janela estiverem baixadas. Da mesma forma, não poderíamos afirmar a
rotação da Terra, se não houvesse astros servindo-nos de ponto de referência.
O movimento se torna aparente somente quando é comparado.
Vamos imaginar, por exemplo, que estamos a bordo de um navio, bem no
meio do convés. Pegamos duas bolas e as atiramos, uma para a proa e outra
para a popa. É claro que a primeira bola alcançará a proa do navio mais ou
menos ao mesmo tempo em que a segunda chegará à popa. No nosso modo
de ver as coisas, as duas bolas correram para seus alvos com a mesma
velocidade. Para um homem postado na praia, porém; observando a mesma
experiência, a velocidade das bolas não seria a mesma. O homem da praia
diria que a bola lançada para frente rolou mais depressa do que a outra. Diria
que a velocidade da primeira bola era igual à sua velocidade própria mais a
velocidade do navio. E que a segunda bola tinha como velocidade a sua
própria menos a velocidade do navio. Tanto o homem da praia como nós
teríamos razão. A diferença depende do objeto que se toma como ponto de
referência. Para nós foi o navio para o homem foi a praia.
Desta relatividade do movimento uniforme, procede a relatividade das
distâncias entre os pontos do espaço. Vamos exemplificar: suponhamos que
alguém se encontre num trem e resolva ir ao carro-restaurante, situado na
frente do comboio. Começa então a caminhar e dentro de poucos minutos
alcança a mesa no restaurante. Que distância percorreu? Depende da maneira
de medir. Se medirmos relativamente ao trem, será uma distância bastante
curta, digamos uns cem metros. Se medimos a distância com relação à terra,
teremos um resultado bem diferente, que dependerá da velocidade do trem.
Assim, poderemos dizer que o homem percorreu cem metros ou dois
quilômetros, por exemplo, segundo o sistema de referência: relativamente ao
trem ou à terra.
O tempo de cada um
Esta revisão dos conceitos de Newton proporcionou a Einstein outras
descobertas de fundamental importância. Revelou-lhe, por exemplo, que a
velha idéia de simultaneidade dos acontecimentos em pontos diversos do
espaço-conceito que serve de base para todas as medidas do tempo — tem
uma significação apenas relativa. Primeiro exemplo: o conceito dos dois
relógios. É comum acreditar-se que dois relógios, com os ponteiros em igual
posição, marcam a mesma hora. Marcam-se a mesma hora, portanto, quer
dizer que os dois têm tempo idêntico. Para manter tempo idêntico, porém,
deveriam iniciar simultaneamente sua marcha e serem observados de maneira
simultânea. Foi justamente essa idéia de simultaneidade, que sempre foi
tomada como absoluta que começou a intrigar Einstein.
Quando temos dois relógios juntos, de fato, nós olhamos primeiro para
um e depois para outro; e concluímos, então, que ambos marcham juntos,
marcando a mesma hora. Esquecemos, porém, de que não observamos a
ambos exatamente no mesmo instante; e que se um dos dois relógios está
mais longe do observador de que o outro, será necessário mais tempo para
que o sinal de luz por ele emitido alcance os olhos deste. Por essas considera
coes, na qual foi levado em conta também o intervalo finito usado pelo sinal de
luz.
Outra dedução implícita na teoria de Einstein: sendo o tempo relativo, são
relativos também os acontecimentos denominados simultâneos, pois não existe
um tempo universal, mas sim um tempo para cada observador. Sendo assim,
só se podem referir, matematicamente, uns aos outros diversos tempos
diferentes, tomando-se em consideração o movimento relativo do observador
ou observadores. Como cada observador tem seu próprio tempo, dois
acontecimentos que, ocorridos em lugares diversos, são simultâneos para um
observador, não o são para outro.
Einstein mesmo ilustra este fato com um exemplo perfeito: imaginemos
dois pontos bem distantes, A e B, por exemplo, situados sobre uma via férrea.
Um observador acha-se colocado sobre uma plataforma de parada, a igual
distância de A e B. Se o observador vir dois raios que alcançam A e B no
mesmo instante, dirá que os dois raios caíram simultaneamente. Imaginemos,
agora, um outro observador, viajando num trem muito rápido e que, ao alcançar
o ponto da plataforma, também tenha visto o acontecimento. Ele não verá os
dois acontecimentos de forma simultânea. O motivo é simples: o movimento do
trem transportava esse observador em direção de um dos dois relâmpagos,
afastando-o do outro. Einstein, conclui, assim, que os movimentos que são
simultâneos para um corpo rígido de referência (plataforma), não o são para
outro de referência (trem).
Um raciocínio similar aplica-se ao caso da distância entre dois pontos de
um corpo rígido. Define-se o comprimento de uma vara como sendo a distância
entre dois pontos que são ocupados simultaneamente pelas duas
extremidades. Como a simultaneidade é relativa, a distância entre os dois
pontos — visto como ela depende de uma percepção simultânea — é,
portanto, também relativa. Infere-se, daí que o comprimento só significa
alguma coisa somente em relação a um corpo de referência.
Em outras palavras, não existem tempo e espaço absolutos. Tudo
depende do observador. A ordenação temporal dos acontecimentos depende
parcialmente do observador, não é sempre uma ordenação intrínseca dos
acontecimentos. O tempo cósmico e universal, que se costumava tomar como
certo, não é mais admissível. Para cada corpo existe uma ordenação temporal
definida pêlos acontecimentos ao seu redor.
Bertrand Russel chamou isso de tempo próprio do corpo. Nossa própria
experiência, segundo o grande filósofo inglês, é governada pelo tempo de
nosso corpo. Como permanecemos aproximadamente em repouso sobre a
Terra, os tempos próprios dos diferentes seres humanos concordam e podem
ser agrupados e considerados como o tempo terrestre.

Um mundo diferente
Depois das equações de Einstein apareceu aos homens um mundo
diferente, um mundo onde o tempo podia encolher-se ou expandir-se, onde as
distâncias eram relativas ao estado de movimento do observador, e onde
nenhuma velocidade podia ultrapassar a velocidade da luz. Esta era a única
constante universal, independentemente do observador. E o único valor
absoluto.
A idéia de que a velocidade da luz devia ser a constante universal, foi
sugerida a Einstein pela experiência levada a efeito pêlos cientistas Michelson
e Morley, em 1881. Os dois haviam tentado encontrar uma variação da
velocidade da luz em diferentes direções na superfície da Terra, devido ao
suposto vento do éter que todos acreditavam soprar em nosso globo. A falta de
confirmação de tal éter ou de sua passagem pela Terra, porém, desapontou os
dois pesquisadores de tal maneira que eles desistiram da experiência,
julgando-a um fracasso. Sucessivas experiências também falharam, até o
aparecimento de Einstein que, genialmente, inverteu o processo dedutivo
habitual e chegou à conclusão de que nenhuma variação da velocidade da luz
poderia ser percebida por qualquer observador, por ser ela uma constante
universal, independentemente do observador e do estado de seu movimento.
Os adeptos da mecânica de Newton julgavam massa, comprimento e
tempo como unidades absolutas e invariáveis. O movimento de uma onda de
luz, para eles, era semelhante ao movimento de qualquer outro corpo em
mecânica. Einstein, ao contrário, afirmou que se a velocidade da luz fosse
tomada como constante universal, a massa, o comprimento e o tempo
tornavam-se variáveis, dependentes do estado de relativo repouso ou
movimento do observador.
A física clássica, assim, ficou numa encruzilhada. Para manter suas
idéias mecanicistas deveria menosprezar os resultados da experiência de
Michelson e Morley e as deduções lógicas de Einstein; para aceitar a
invariabilidade da velocidade da luz e suas conseqüências, seria obrigada a
violentar os conceitos familiares da mecânica de Newton. Um conflito científico
sem alternativas, pois aparentemente se um desses axiomas fosse verdadeiro,
o outro deveria forçosamente ser falso. Apesar das inúmeras experiências, os
cientistas terminavam sempre num impasse. Qual dos dois princípios era o
verdadeiro? E qual era o falso?
"Não nos é lícito duvidar da veracidade de ambos os princípios em
exame — escreveu Einstein —, enquanto tivermos alguma confiança na
evidência de nossos sentidos. Também não se podem encontrar falhas nos
raciocínios que demonstram o antagonismo dos dois princípios. As
considerações ligadas a esta prova, implicam certas pressuposições relativas
ao absolutismo e independência das nossas noções de espaço e tempo, as
quais nos parecem tão evidentes que até hoje ninguém as colocou em dúvida.
Uma análise mais cuidadosa, porém, de tais pressupostos, revela que eles
apenas parecem evidentes, e que não são necessidades conceituais
absolutas. E mais: por meio de uma conveniente modificação desses conceitos
desaparece o antagonismo dos dois princípios acima mencionados."
Recorreu-se, finalmente, a um teste, aproveitando-se os elétrons
expelidos por substâncias radioativas a uma velocidade de nove décimos da
velocidade da luz. A experiência confirmou as teorias de Einstein. A massa da
partícula (elétron) aumentava com a velocidade e se aproximava do infinito à
medida que se aproximava da velocidade da luz. Com isso ficou provado,
praticamente, que velocidade da luz era, na realidade, o limite máximo para
qualquer velocidade. E que se a massa de um objeto em movimento variava
com a velocidade, assim, também deveria acontecer com o comprimento de
uma régua ou com o tempo de um relógio em movimento, Em outras palavras,
toda mudança de movimento deveria acarretar uma correspondente mudança
de comprimento.
Massa e Energia
Outra grande descoberta de Einstein foi que massa e energia são duas
quantidades da mesma natureza. O aumento da massa dos corpos, quando
estes estão em movimento, isto é, quando adquirem energia cinética, indica
que massa e energia são duas grandezas da mesma espécie. A identidade da
natureza entre matéria e energia, porém, teria que dar a esta última algumas
das propriedades daquela, inclusive sofrer a ação de um campo gravitacional.
A energia luminosa deveria, por exemplo, ser desviada quando passasse nas
proximidades de uma grande massa. A comprovação dessa teoria foi feita pela
primeira vez por ocasião de um eclipse solar, ocorrido em 1919, e confirmada,
posteriormente, por outro eclipse solar, em 1922. Estando o Sol encoberto pela
Lua, foram fotografadas as estrelas que apareciam em sua vizinhança. Meses
mais tarde, quando o Sol já não mais se encontrava diante daquela
constelação, foi feita outra chapa fotográfica da mesma região estelar. A foto
demonstrou ter havido um deslocamento na posição de algumas estrelas; os
raios luminosos provenientes destas, que haviam impressionado a primeira
chapa, tinham mudado de direção ao passar nas proximidades do Sol. As
provas da exatidão da Teoria da Relatividade, assim, se avolumavam.
Ainda que consideradas espantosas e revolucionárias, as teorias de
Einstein forneceram mais um resultado impressionante: a transmutação da
massa em energia, cuja relação ele condensou na famosa equação: E = Mc2,
onde E é energia, M é massa e c é velocidade da luz, sempre constante. Esta,
elevada ao quadrado (c2), entra na equação como fator de transformação.
A energia de uma onda eletromagnética, como a luz comum ou dos raios
X ou gama, não pode ser, de fato, separada e distinta da fonte da qual se
origina, mas deve ser considerada como parte e parcela daquela fonte. As
equações de Einstein indicavam, de fato, que a própria fonte de energia, na
ocasião em que produzia o raio, perdia parte de sua massa.
Baseado nas descobertas de Einstein, hoje se pode afirmar, a título de
curiosidade, que se um grama de matéria fosse totalmente transformado em
energia, daria o equivalente à queima de 2 500 toneladas de carvão. Outros
exemplos interessantes e curiosos: 500 gramas de qualquer substância,
completamente convertida em energia, seriam equivalentes a 11 bilhões de
quilowatts-hora; ou a 15 bilhões de cavalos-força-hora; ou a 40 milhões de
BTUs; ou fariam funcionar um ferro elétrico durante um milhão de anos; ou um
condicionador de ar durante 500 mil anos; ou um fogão elétrico pelo período de
25 a 50 mil anos; ou impulsionariam um automóvel por 180 mil voltas ao redor
da Terra; ou um navio-cargueiro por 400 vezes ao redor do globo; ou fornecer a
energia elétrica necessária ao Brasil, aproximadamente, durante 1 anos.

A lei da gravitação
As teorias de Einstein possuem uma coerência lógica que pode ser
expressa somente em linguagem matemática. Nelas está tudo incluído:
matéria, eletricidade, radiação, energia, tempo e espaço. Mas elas atingem os
limites da poesia quando trata da lei da gravitação, uma verdadeira proeza de
análise matemática. A idéia básica consiste na fusão das forças de inércia com
as da gravidade, num todo único e harmônico.
Se bem que inteiramente diferente da de Newton em sua forma
matemática, a lei de Einstein dá resultados quase idênticos aos obtidos pelo
sábio inglês. Aliás, isso é lógico, pois se a lei de Newton estivesse errada,
também estariam errados todos os cálculos como os movimentos do Sol, da
Lua e dos planetas. As duas leis, no fundo, vêm a dar na mesma coisa. Não se
deve esquecer, porém, de que as duas teorias, tanto a de Einstein quanto a de
Newton, não explicam a gravidade, apenas a descrevem. Einstein descreveu-a
de maneira mais exata por contar com melhor aparelhagem científica do que a
empregada por Newton.
De todas as teorias sobre a causa da gravidade, a de Einstein constitui o
primeiro avanço positivo feito nos três séculos posteriores a Newton. A maioria
das pessoas pensa que a explicação da queda dos corpos como devida a uma
força atrativa exercida pela Terra, tenha sido uma concepção inteiramente
original do cientista inglês. Para citar apenas alguns, Galileu já estava
familiarizado com a idéia e o mesmo Aristóteles, que viveu dois mil anos antes
de Newton, a conhecia perfeitamente. A própria lei da inversão dos quadrados
havia cintilado em muitos cérebros antes dele. Sua contribuição foi apenas ter
concebido a demonstração matemática da gravidade universal.
Mais de meio século decorreria antes que se fizesse notar qualquer
divergência séria da teoria de Newton com os fenômenos observados. Em
1845, o astrônomo francês Leverrier chamou a atenção para o fato de que o
planeta Mercúrio apresentava, em seus movimentos, uma pequena
irregularidade, em desacordo com a lei de Newton do inverso dos quadrados. E
esta irregularidade era muito grande para ser considerada como um erro de
observação. O planeta, à revelia de Newton, girava em torno do Sol numa
órbita que, à primeira vista, parecia uma elipse.
Um estudo mais cuidadoso revelou que a posição dessa elipse sofria
modificações com o curso do tempo, de modo que o ponto em que Mercúrio
mais se aproximava do Sol (periélio) não era fixo, conforme afirmava a velha
lei, mas possuía um deslocamento lento. Este deslocamento foi explicado, em
grande parte, pela influência dos outros planetas, que causariam um avanço de
532 segundos de arco por século. O avanço observado, porém, era de 574
segundos de arco. Os 42 segundos restantes, que não tinham sido explicados
satisfatoriamente, apesar do grande número de teorias apresentadas, foram só
explicados pela teoria de Einstein.

A curvatura do espaço
A lei da gravidade de Einstein dava a chave da discrepância na cifra
exata prevista pela Teoria Geral da Relatividade. Era este um resultado que
muito reforçava as probabilidades de Einstein estar com a razão. O cálculo
patenteava a existência de outros fenômenos, problemas deixados sem
solução por Newton, e que derivavam da nova lei como conseqüência natural.
O primeiro desses fatos dizia a respeito da curvatura da luz. Como já foi dito,
Einstein afirmara que a massa do Sol devia curvar o espaço vizinho, de
maneira que a luz de uma estrela, ao atravessar este espaço, sofreria também
uma curvatura. Calculando a flexão de um raio luminoso desviado pelo sol,
Einstein concluiu que ela seria duas vezes maior do que a indicada na teoria de
Newton. Levando avante esses cálculos, sozinho e sem a menor ajuda,
Einstein chegou ao resultado: a flexão montaria a 1,75 segundo de arco. E o
eclipse total do sol de 29 de maio de 1919 confirmou a exatidão desse
prognóstico. Nova confirmação trouxe outro eclipse solar, o de 1922.
A segunda prova que Einstein propôs para a verificação de sua teoria foi
sobre um leve deslocamento, por ele previsto, dos raios do espectro solar. Por
muitos motivos, esta foi a mais bela prova, pois Einstein tinha predito um efeito
não só inadvertido por Newton e pela sua teoria, mas absolutamente
inexplicável fora dos princípios que regiam a relatividade. Verificar este
fenômeno era por demais difícil. Não obstante, o problema foi atacado por
diversos astrônomos. Depois de muitas pesquisas, eles concluíram que o
deslocamento na direção da faixa vermelha do espectro dava-se na medida
anunciada por Einstein. A Teoria da Relatividade, portanto, se ajustava a um
número maior de fatos do que a de Newton, ao mesmo tempo em que incluía
todos os fenômenos nela contidos.

Uma planta transplantada


A confirmação das predições de Einstein mostrou, mais uma vez, o valor
do matemático teórico no reino das ciências físicas. Não é de admirar que
Galileu tenha chamado à matemática de "divina". "Aquilo que podemos medir,
podemos conhecer" — dissera o grande cientista florentino. Einstein
contemplou um imenso problema em seu conjunto, como unidade matemática
coesa. A sua construção fez da velha teoria de Newton apenas um cálculo
aproximativo.
Sir Arthur Eddington, o homem que comprovou a teoria da curvatura da
luz prevista pela relatividade, disse certa vez: “Derrubando a teoria de Newton,
Einstem pegou uma planta regada por este, que já começara a. rachar o vaso,
transplantando-a num campo aberto”.

A rolha na banheira
E o espaço é ou não é curvo? A Teoria da Relatividade exigiu a curvatura
do espaço. E ela deixou de ser mera especulação, comprovando-se na prática
o que a teoria expressava matematicamente. O conceito da curvatura do
espaço pode ser tornado acessível sem que tenhamos que recorrer à
matemática superior. Vamos dar um exemplo: suponhamos que alguém encha
uma banheira e deposite, na superfície da água, um grande pedaço de cortiça.
Obviamente, este ficará flutuando. Ele fará, deste modo, com que a superfície
da água, ainda há pouco perfeitamente plana, torne-se não-euclidiana ao redor
da cortiça, pois esta encurva a superfície, formando uma depressão.
Suponhamos agora que o homem tome uma pequena rolha e a jogue na
banheira. Enquanto não se aproximar da cortiça grande, a rolha ocupará uma
superfície plana ou euclidiana. Mas se ela se mover em direção da cortiça,
entrará lentamente na área não-euclidiana, deprimida pela massa
relativamente grande da cortiça. Penetrando na área curvada, a rolha será
obrigada a modificar sua trajetória retilínea (reta) e, enquanto atravessar a
zona da cortiça, esta sofrerá um desvio curvilíneo.
Este exemplo da banheira ajuda a elucidar a proposição de Einstein de
que "o espaço deve ser curvo nas vizinhanças da matéria. Quanto maior a
massa, maior a curvatura". Foi em conseqüência dessa proposição que
Einstein predisse e que os astrônomos verificariam, unia a idéia da curvatura
dos raios estelares nas proximidades do Sol — sendo maior junto à borda solar
e diminuindo progressivamente com o afastamento, até tornar-se nula. Atri-
buindo a curvatura do espaço à presença de matéria no mesmo, Einstein foi
perfeitamente lógico ao declarar que, se não existisse a matéria, todo o espaço
seria euclidiano.
Em termos mais simples: a Teoria da Relatividade chega à conclusão de
que todo e qualquer campo gravitacional, seja do Sol, da Terra ou de qualquer
outro pedaço de matéria no universo, produz uma curvatura no espaço. Uma
bala de canhão, disparada no ar, descreve uma curva e cai no chão. Os
planetas descrevem círculos à volta do Sol. O que significa isso?
Simplesmente que a gravidade não é uma força operando à distância, como
julgava Newton, mas um efeito devido à modificação do espaço nas
vizinhanças imediatas do corpo que lhe sofre a ação. De acordo com os
ensinamentos newtonianos, as órbitas planetárias curvas, a trajetória de uma
bola de tênis e dos projéteis em geral, tudo isso, deve ser atribuído a uma força
de gravidade. A isto, Einstein replica: "Não, podemos chamá-la de força da
geometria. Se chamarmos a isto de força de gravidade, então necessitará de
um meio pelo qual devemos imaginar essa força ser propagada. Se a
chamarmos de força de geometria, então necessitamos apenas de espaços
com particulares propriedades de curvatura, não se fazendo necessário encher
esse espaço com um meio irracional e invisível, especial e misterioso,
chamado éter. Ainda que isto não venha a resolver completamente o mistério
da gravitação, pelo menos lhe tira um pouco de poluição mental".
Deste modo, a relatividade lança também uma ponte entre a geometria e
a física. Do ponto de vista da teoria de Newton, a geometria precede à física.
Com Einstein, a geometria deixa de ser um antecedente da física, para fundir-
se a ela indissoluvelmente, numa só disciplina. Tudo isso nos leva a outra
consideração em equilíbrio entre física e filosofia. Enquanto os homens consi-
deravam o espaço como euclidiano e o tempo como newtoniano, só podiam
supor que o universo fosse infinito. Desde que começaram a pensar de acordo
com as normas da relatividade, tornou-se evidente que o espaço é curvo e,
conseqüentemente, finito.

O sentido do mistério
A matemática abraça a física, fundem-se e se tornam filosofia. Poesia e
ciência encontram um ponto comum, de completeza e de transcendência. "A
coisa mais bela que o homem pode experimentar — escreveu certa vez
Einstein — é o sentido do mistério. Ele é a fonte de toda a verdadeira arte e de
toda a verdadeira ciência. Quem nunca experimentou essa sensação encontra-
se como se estivesse morto: seus olhos estão fechados. Esse perscrutar nos
mistérios da vida, ainda que confuso ao medo, deu vida à religião. Saber que o
que para nós é impenetrável existe realmente e se manifesta com a mais alta
sabedoria e a mais radiante beleza que os nossos pobres sentidos conseguem
perceber somente em suas formas mais primitivas. Essa consciência e esse
sentimento são essências da verdadeira religiosidade." Einstein defrontou-se
com o mistério de Deus. Talvez tenha encontrado Deus ou uma Deusa!

Vous aimerez peut-être aussi