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Sobre Habermas existem muitas coisas escritas, mas sobre o Ingram, foi até um fato
curioso, principalmente porque existem vários David Ingram, que são professores,
por incrível que pareça. Teve um Ingram que eu tava pesquisando e tal, e quando eu
fui traduzir me deparei com um PhD em botânica.... Mas o nosso Ingram é professor
de filosofia na Universidade de Chicago e autor de alguns livros como: "Teoria
Crítica e Filosofia" e "Teoria Crítica: leituras essenciais.
Porém, eles eram muito pessimistas e não davam uma saída para o problema.
Habermas, como aluno assistente de Theodor Adorno começa pensando como a Escola de
Frankfurt, mas, com o fim da guerra e a reconstrução da Europa, Habermas começa a
ver que o mundo estava mudando. E começa a ler Heidegger, começa a ler outros
pensadores, como Weber, Durkheim, Mead, Parsons... Vai buscar explicações na
Psicanálise de Freud, na hermenêutica de Gadamer e na pragmática comunicatica de
Apel e vai se distanciando daqueles traumas do pós-guerra.
Tem uma resenha desse livro, escrita pela Bárbara Freitag, no caderno Mais da
Folha de S. Paulo, que dizia que um outro fato curioso é a tradução, que foi muito
bem feita, mas alguns termos que o próprio Ingram não captou em alemão, a versão
brasileira acabou por encontrar também dificuldades. Um exemplo disso é o termo
que provavelmente o Paulo Schiff depois vai abordar, o "lebenswelt", traduzido por
"lifeworld" e depois para "mundo vivo", quando já se falava em "mundo vivido" ou
"mundo da vida" aqui no Brasil.
Habermas tem uma abrangência impressionante e uma grande segurança das fontes que
cita. Seu estilo é denso. Sua leitura é difícil, afasta leitores potenciais e por
isso mesmo, é muito criticado.
Muitas dessas críticas fizeram com que ele revisse seus pensamentos, suas teorias,
outras, geraram apenas polêmicas. Temos as discussões entre Habermas e Popper/
Adorno (o positivismo, ele era contrário à idéia da verificação das ciências
sociais através da falseabilidade de Popper). Habermas e Gadamer (a hermenêutica
filosófica pro Habermas não dá conta de explicar as ciências sociais, ela só pode
ser aceita depois de uma Teoria Crítica); Habermas e Peter Sloterdjik (a
biogenética, uma questão mais recente, pra ele a idéia de clonagem e coisas do
tipo remetem ao passado da Alemanha nazista). Mas isso são polêmicas. O que
interessa saber é que Habermas continua produzindo, e muito!
Logo que eu estava começando a ver Habermas, eu li uma crítica do Eduardo Gianetti
que dizia assim: “Marx, reclama num prefácio de um de seus livros que nunca alguém
havia escrito sobre dinheiro com tanta falta dele. E nunca alguém falou tanto em
defesa da comunicação não distorcida, do debate aberto e das condições ideais do
discurso de uma forma tão opaca, tortuosa e impenetrável como Habermas". Eu
confesso que eu fiquei assustada, mas aos poucos as coisas foram se encaixando, eu
fui lendo outros artigos, tive várias ajudas e vi que ele é difícil sim, mas não é
esse monstro de sete cabeças, ele só é muito otimista e prolixo.
O que é essa razão? O que é essa questão da dialética que Habermas coloca?
Dialética da razão é a busca incessante da razão. E o que é a dialética senão a
busca da perfeição?
Para Platão, a razão tinha uma proximidade muito grande com a verdade.
(essa verdade era dada através da virtude – antes o cosmo, agora o homem)
Para entendermos melhor isso, eu vou fazer uma analogia com um acontecimento
recente, que eu achei bastante válido pra exemplificar isso. Antes mesmo de uma
colega falar a respeito, eu já tinha estruturado essa pequena "ousadia". E me
perdoem os psicólogos se eu cometer alguma heresia. Mas a questão é:
Suspendemos o juízo porque não podemos afirmar se ele é criminoso ou incapaz. Essa
realidade só vai ser definida quando ficar caracterizado, por um processo
racional, essa "materialidade racional".
Marx diz (de uma forma simplificada) que não é a história, a força da razão ou do
espírito. A força é dada por questões materiais que levam à transformação.
Voltando ao exemplo.
Esse rapaz tem uma situação de vida material tal que, usar a arma, era para ele se
mostrar como existente, independentemente do uso de arma ser proibida no país.
Para existir, os seres que não existiam para ele, poderiam desaparecer, serem
deletados. A existência deles era um teste. (Se eles deixassem de existir é porque
ele existiria. Senão, ele é que não existiria!)
Marx iria ler isso de uma forma mais ampla. O rapaz tem uma determinada arma que
mostra a classe econômica a qual ele pertence. Marx seria mais abrangente...
Hegel puxa a questão do criminoso incapaz da existência. Ele quer entender a ação.
E aí o enfoque é outro. O ser, agindo no meio de expectativas comuns, deve ter
ações adequadas.
Eu "me" penso.
Quem sou eu que, a mim mesma não se revela?
Eu sou um pra mim.
Sou o que o outro me vê.
Sou algo que eu não sei quem sou.
E o outro é algo que eu também não sei quem é.
Você tem aí: Eu, Melissa para vocês alunos. A Melissa para a professora
Conceição. A Melissa para a família. A Melissa para o trabalho. "Me" viram assim,
mas eu não sou assim!
Ah, ela é insegura. Não, sou tímida. Ah, ela tá com medo. Não, tô ansiosa.
Percebem?
Uma das coisas fundamentais que devemos entender em Habermas é a idéia da esfera
pública. Um espaço fora da vida doméstica, fora da igreja, fora do governo, onde é
possível as pessoas discutirem sobre a vida. É onde as idéias são examinadas,
discutidas, argumentadas. É um espaço que tem diminuído cada vez mais, pela
influência das grandes corporações, do poder da mídia. Um fato curioso é o
aparecimento de uma nova esfera pública: a internet.
E, dentro dessas ações comunicativas, temos os ATOS DA FALA que o Habermas coloca
em 4 grupos: