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VIEIRA, Alberto (1993)

A Emigração Madeirense na Segunda Metade do

Século XIX, in Emigração e Imigração em Portugal,
Porto, Fragmentos, pp.108-144,

COMO REFERENCIAR ESTE TEXTO:

VIEIRA, Alberto (1993): A Emigração Madeirense na Segunda Metade do Século XIX, in Emigração e
Imigração em Portugal, Porto, Fragmentos, pp.108-144, Funchal, CEHA-Biblioteca Digital, disponível
em: http://www.madeira-edu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/avieira/1993-emigrar.pdf, data da visita: / /

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-portugaL

 A EMIGRAÇÃO MADEIRENSE
N A SEGUN DA METADE DO SÉCU LO XIX
Alberto Vieira
..A emigração lu: Uni grande mal; esta pobre terra vai f ica r
deserta, mas (11I/1'$ comtempta-la 110 seu estado primitioo do que
coberta de cadáveres emaciados pr/a[omc". José 5 iloestre Ribeiro, 6
de Fevereiro de 1847.
A segunda metade da cen túria oit ocentista é um momento d e
p articular interesse no dev ir histór ico ins ula r: a eco nomia e socieda­
de insu lar es foram alvo de mud anças q ue m a rcar am, d e m od o
ind elével, o quotidiano d as suas gentes. Aqui ass ume especial relevo
a evolução do movimento de m og ráfico. Ela foi ca racterizad a por
d uas situações opostas: a forte pressão d o crescimento demográfico
em d issonância com o apejo constante ao movimento emigratório.
Esta conjun tu ra da diáspora é resultad o, também, de uma si tu a­
ção assimétrica do pro cesso socioeconóm ico, en tre os lugares d e
d estino e d e partida: nos arquipélagos da Mad eira, Açores e Can árias
vive- se sob os efeitos d a recessão económica, e nq ua n to d o ou tro lado
do Atlântico é o momento d e euforia, que não poderia ser travado
pela po lítica ab olici onista da escravatura, uma ve z que esta era a
principal fonte de mã o-d e-obra . Perante isso, a solução foi encontrar
outra for ça d e trabalho. E a Europa em recessão era o campo ideal
p ara o recrutamento.
Neste contexto, os ar quipélagos atlânticos assumem um a posição
relevan te e, entre elas, a Madeira es tá numa p osição cimeira. Aqui o
ilh éu, desapegado da te rra pelo regime sucessórico e d e mando
eco nómico, incapaz de encontrar qualquer form a de subsistência,
não tinha outra solução sen ão abandonar o seu próprio meio e ir
rumo a esses destinos, aliciado pelas propostas d os engajad ores, a
substituir o escravo. Por isso, muitos políti cos da época consideravam
esta form a de recrutamento de mão-de-obra como uma nova escra­
vidão, is to é, a escravatura branca. A política abolicionista mostrava
108
aqui o reverso d a medalha, sendo esta a solução ma is ambicionad a
pelos seus interlocutores. Talvez, por isso rn.-smo, foram efémeras as
medidas d e combate a esta forma intra-human a de recrutamento da
mão-de-obra substitutiva dos escravos, nas plantações c minas.
A em igração madeirense, na seg un da metade do século XIX, não
pode ser di ssociada d esta conjun tura. Mas ela afirma-se como um
fenómen o com ple xo da sociedade madeirense, que não pode ser
vislu m brado apenas à luz desta ambiência. A tais condições externas
ju ntam -se outras, d e ordem interna, mais complexas, q ue condicio­
naram, em última instância, a diáspora m ad eir ense. Na ilha es tavam
cria d as as cond ições para que ela av anç asse. A conjuntura económi ca
ressente-se do movimento depressi onário da cu ltura e com ér cio d o
v inho, pois, a partir d a d écada d e quarenta, faltaram mercados para
os exce den tes d e v inho. Tudo isto atingiu gravemente a es trutura
socioec on óm ica mad eirense, levando a ilha e as suas gentes a um
to tal es tad o d e prostração . Esta viragem é descrita, de for ma perspi­
caz , por Dani el D'Ornelas no di scu rso q ue proferi u na câmara d os
d eputados em 1843:
- "O com ér cio da ilha da Madeira, outrora f1orescente, rico e
provei toso para a mãe-pá tria, acha -se hoje pr ostrad o e ag onizante.
Em o séc ulo passado, e muito an tes d as gue rra s co m a França , no
tempo da república, era o comércio d aquela ilh a regular e proveito ­
so (...). Durante a guerra, chamada da independência, não teve limi tes
a prosperidade daquela ilha : foi ela talvez, falando em propo rção do
seu tamanho, o ponto mais rico do Universo. Os seus vinhos não
bastavam para satisfazerem as ordens d os consumidores .(...) Um a tal
prosper idade não podia ser permanente: morreu com a q ueda do
grande hom em . Com a pa z geral foi dimin uindo o comércio, porém
a grande de cad ência não se sen tiu ao v ivo senão quatro an os depois,
em 1819"1.
E a situ ação de crise parecia querer eternizar-se ao longo do
sé culo XIX, mantendo-se o espectro tenebroso no sistema d e trocas
mad eiren se. A tudo isto acresce, ainda, nos anos d e 1844-46, o p rose­
litismo religioso, protagonizad o por R. Ka lIey, que ve io a forçar a
saída dos se us apaniguados. Por isso, a emigração madeirense, d e
acordo com o articulista de A Reforma, em 1858, é um fenómeno
com plexo, com várias or igens:
- "Os acontecimentos religiosos porque passou es te distrito
deram lugar à espantosa emigração do ano de 1846, e estes seguidos
da fom e de 1847 tornaram a emigração assustad ora - d ep ois a
depreciação do preço dos nossos vinhos, em seguida a completa falta
d eles, tudo isto fez que até 1854 a emigração con tin uass e com m ais
força'",
109
 Tudo isto corresponde à rea lidade, po is a primeira grande leva
da emigração madeirens e na centúria oitocentista teve como p rinci­
pal motivo a questão religiosa em torno d o Doutor Robert Reid
Kalley. Este, pastor protestante e distin to médico, que se fixa ra na
Madeira em 1838 com o intui to de enco ntrar cura p ara a tu berculose
da sua mulher', tornou-se no principal chefe do movimento anglica­
no , arrastando consigo as gentes d e Santa Cruz e Machic o. Tod av ia ,
as hostilidades, originadas pelo clero tradicio nal do Fun cha l, leva­
ram à sua saída forçad a em 1846 acompanhado de ma is de dois mil
madeirenses: primeiro d irigiram-se às Ant ilhas menores (Trini d ade,
'\ntígua e St. Kitt s) e daqui, alguns, passaram a 111inois na Amé rica
do N o rte".
A segunda fase da d iás pora, m ais importan te que a primeira,
surge a partir de 1847, se ndo resultado da grave crise vitivinícola .
Aqui o colono ou lavrador, perdidas as esperanças de uma imedia ta
recuperação do mercado do vinho, deixou-se aliciar pelas propostas
enganosas, de trabalho e bem-estar, nas colónias britânicas. U m facto
interessante, nes ta conjuntura de fuga à fome, é que o movimento
retrai-se na época das vindimas, entre Agosto e Outubros, isto é no
momento em que era maior a procura de mão-de-obra na ilha .
Todavia, na década de cinquenta, irremediavelmente perdida esta
única fonte ge radora de tra balho, o madeirense só tinha uma saída:
a em igração. As gentes do norte abandonaram as terras e os seus
miseráveis casebres dir igindo-se à cid ad e onde esperavam urna
oportunidade para o salto até às promissoras Ant ilhas",
A partir de 1854 dá-se urna paragem no movimento, nom eada­
mente de clandestinos, mercê de uma melhoria d as condições da ilha
p ropiciad a pela iniciativa d os governadores civi s". Assim, d e aco rdo
com o ar ticulista de A Reforma, em 1858, "o lavrador tem hoje q ue
comer, e se emigra é porque uma vontade cega o leva à procura d a
riqueza:".
Esta vo nt ade ceg a era acalentad a pelos aliciadores ao serviço do
Governo inglês que procuravam na Mad eira a so lução p ar a as suas
necessidades da m ão-de-obra nas pl antações e m ina s nas Antilhas.
O fim d o trá fico negreiro obr igava à procura de novas soluções, e es ta
era uma delas, cer tamente a m ais eficaz.
N a década de se tenta, o fenómeno emigratór io ganha nov o vigor.
Para iss o contribuíra m o ace lerar d a cris e económica e o ref orço das
p romessas aliciadoras. Note-se que as doenças que a tacaram a cul­
tu ra da vinha (o oídio em 1852 e a filoxera em 1872) deitaram p or
terra a {mica esperança económica dos mad eirenses. Desta vez, o
rumo é diferente: as ilhas Canecas (San d w ich ou H awai)",
110
Será possível o es tabelecimento de uma relação causal entre a
fome, como corolário de uma crise económi ca, e a em igração? Se à
primeira vista os dados d isponíveis poderão apontar para a existên­
cia dessa relação, uma análise mais aturada conduz à constatação de
q ue o movimento emigratório madeirense suplantava isso. Senão,
como ente nde r a manutençã o das saídas em períod os de estabilidade
económica?
A emigração man teve-se como lima constante da s ociedade man­
d eirense, na segunda metade do século XIX, alimentada pelas inces­
santes solici tações d o me rcado intern acional da mão-de-obra 10. Deste
modo, a emigração ma deirense não é apenas, como o refere Álvaro
Rod rigues de Azevedo, o único meio "por onde o desolante problema
da situação d a Ma deira, procura n atura l e inconscientemente resol­
ver-se"!', mas, também, o resultado d as exigências emanentes das
trans formações sociais das colón ias europeias .
As iniciativas lançadas na ilha para debelar es te mal não surtiram
efeito . Tudo isto porque faltou às autoridades me ios para as levar por
diante e, também, porque a so lução não dependia única e exclusiva­
mente da ilha , exigindo um compromisso alargado ao exterior, o que
nunca se conseguiu. Neste sentido, a intervenção de José Silvestre
Ribeiro, quando governador civil do Funchal, apenas permitiu mo­
derar, por um lapso de tempo, o movimento emígrat ório 'ê. Foi ele o
primeiro a definir uma política pragmática de combate à emigração.
Fora disso, as dema is iniciativas eram, sempre, pontuais e iam ao
encontro das exigências do momento.
Nunca se conseguiu atacar um dos principais problemas da
sociedade madeirense - o contrato de colónia, por exemplo - q ue
estava na origem da d iásp ora 13. O madeirense carregou consigo este
pecado or iginal, d esd e a ocupação qua trocentista da ilha até à actua­
lidade.
O lan çam en to de obras públicas, como a p onte d o Ribeiro Seco,
e a abertura de novas estradas não resolviam os problemas sociais,
apenas os aten uavam, momentaneamen te':'.
As so luções, saídas d o Govern o Civil ali das Cortes, apoiadas ou
crit icadas nas colunas dos jornais, não foram suficien tes para atacar
o pro blema, pois a emigração continuou com o uma rea lida de ind e­
léve l neste final de século. Duas mereceram o interesse da impre nsa
local. São elas: em 1853, a sa ída oficia l de algumas famílias para a
colonização de Mo çâm ed es", depois, no an o imedi ato, o envio, sem
êxito, d e alg uns para o reino a fim de trabalharem nas es trad as em
constr u ção".
Alguém, mais atento, ano tava, nas colunas dos p eriódic os locais,
que a solução para a crise deveria ser encontrad a loca lmente. Ass im,
111
par a a Discussão, o problema só pod ia ser debelado com a "liberd ad e de . Ap enas um exemplo p od e testem un har isso . Em 1853, o jorna l A
da terra, vulgariza ção do crédito, da colonização directa':". O Clamor Ordem apo nta va a saída, d esde 1840, de 40 mi l para Demc rara .
Público, p or seu turno, anu n ciava que as pesadas penas lançadas enquanto O Progressista cm 1852 dava conta da sa ída. entre Setembro
sobre os em igran tes nã o resolviam o problema, só "dando trabalho de 1834 c Julh o de sse an o, de 18.246 com passaporte e riu dobro de
aos lavradores, liber tando a terra, vulgarizado o créd ito para as clandes tinos -' , Colocad o pera nte es ta realidade, qualquer ten tati va
emp resas ag rícolas, com uma boa lei da colónia"IR. de q uanti ficação está condenada ao fracasso .
À falta destas medidas, o grito pungente lan çado nas colunas de Os dados anteriorm ente citad os ap ontam para urna média an ua l
O Funchalense, não surtia efeito: de saídas de 716 em igr antes, rep resent and o um quar to da po pu lação
- "Não, dizemos nós, não emigrem, não se vendam <lOS trafican­ média da Madeira no pe ríodo em causa. A maior incidência deste
tes de carne humana, não vão ser escravos cm Dern erara e no Brasil , movimen to foi, como já O referimos, nas d écadas de quarenta e
não é lá que está o remédio aos ma les que sofrem; é aqui que hão-de cinquenta:
en contrar, conservan d o-se como cidadãos livres, e usando do direito
que a lei funda men tal do estado faculta'?". N" I}'O
18 13-40 - 470 2
Por aqu i se cons tata que o fenómeno d a em igração madeirense,
na segunda metade do século XIX, é comp lexo e ainda não foi
1841-5(1
1R51-IíO
_.
- (00738
usss
2K
4'.l
estabelecido na sua plenitude. O texto que agora se ap resenta é 18b1-70 - ·Hlf;2 17
TOTAL 2417'i
ap ena s p art e d esta análise, enquadrando-se num plan o de pesquisa,
mais amplo, sobre as condições soc ioeconó micas d a ilha na centúria
oitocen tista . Por isso, aqui e agora, a nossa in tenç ão é es tabelecer as
A Am érica surge como o p rincipal po rto de des tino da c nu gra ção
linhas gerais da conjun tura, a trav és d a defin ição do movim ento
madeirens e no século XIX, pois 98'1,) d os emigran tes sa ídos di) Ma­
emigra tório, da po lítica es tabelecida pelas autoridad es e d o seu eco d eir a rumaram a essas par agens, nas suas três verten tes _ . An tilhas,
na imprensa local. Amé rica d o Norte e Brasil. As An tilhas inglesas d estacam-se como o
N este tr abalho privilegi amos as fontes oficiais e os jornais da principal mer cad o recep tor da mão-de-obra madeirense, recebe ndo
ép oca. No p rime iro caso excluímos o levantamento dos passaportes, 86% dos saídos legalmente. Aí, es tes d istribuem-se de forma irregu­
dequeexiste u m núcleo riquíssim o no Arqu ivo Region al da Madeira, lar por St. Kitts, Suri name, Jamaic a e Dernerara, áreas sobejamen te'
porq ue os números daí extraídos seriam de pouco significado, num conhecidas d o made irense e ligad as com a ilha at ravés d o comércio
momento de grande emigração clandestina" , Esta última situação do seu vinho. Demerar a foi o pr incipal des tino dos emigrantes, tend o
es tá devidamente d efinid a quando pretendemos estabelecer o nú me­ receb ido 70%.
ro exac to de mad eirenses e açorianos que rumaram ao Havai, en tre
1878 e 1899. Aqui, o tota l varia entre os 5524 e os 6043, incluíd os 63 DESTINO Et'vUGRANTES
cland estinos e 5 recém-nas cid os a bordo" . Acresce, ainda, o facto de NII ( ~)

termos encontrad o inúmeros quadros estatísticos que reflectem as Áfr ica em gera l 12
Africa do Sul 55
linhas forças d o movimen to. An tilhas - ge ra l 199 J1 H6
- Demo rara 16398 70
Brasil 2m 12
E.UA 511
o movimen to emigratório Euro pa 7
índia 10
Os n úmeros que expressam este movimento, em bora av ulsos ,
elucidam-nos d a di mensão que o mesmo assumi u na sociedade
madeirense d a segund a me tade d a cen tú ria oi tocentista. Os d ad os Para o período de 1841 a 1889, Demerara man teve uma posi ção
disponíveis para o períod o de 1834 a 1872 referem- nos a saíd a d e d ominante na emigração madeirense, tendo recebid o 36724 ernigra n­
24.376 madeirenses, va lor que de verá estar mu ito aquém da realid a­ tes 23, no período d e 1841 a 1889, de acordo com o seguin te quadro:

112 113
 ANO N" % ANO N" (Yo EMIGRANTES
1841 4025 10 1855-63 4629 11 LOCALIDADE INDIVíDUOS FAMfuA5
1846 4545 11 1872-79 6624 16 Machico 166 46
1847 4720 11 1882-89 13750 33 Água de Pena - I
1853 3060 7 TOTAL 41353 Santo António 231 46
Caniço 10 2
TOTAL 418 95
Tais números, a serem verdadeiros, dão conta de dois momentos
Tam bém a relação dos emigrantes portugueses no Hawai, feita
da emigração para Demerara: a década de quarenta e as de setenta e
oitenta. O último coincide com o aparecimento de um novo destino, por Joaquim Francisco de Freitas em 1930, permite o mesmo tipo de
o Havai. abordagem. Por aí poderá concluir-se que as famílias emigravam em
Uma relação dos navios saídos com os em igrantes, no período de conjunto, mercê dos mecanismos oficiais de recrutamento imple­
11 de Maio de 1854 a 11 Janeiro de 185524, reforça mais uma vez a mentados pelas autoridades do arquipélago. Estas eram, p or norma,
posição dominante de Demerara: famílias numerosas. Talvez por iss o mesmo nos valores globais da
emigração, no período de 1857 a 1872, surge um certo equilíbrio entre
DESTINO NAVIOS o sexo feminino e masculino.
N° %
Anlígua 88 15 SEXO EMIGRANTE5
Demerara 376 62 N° %
N. York 53 9 Masculino + 14an05 1201 41
Peru 4 1 - 14 anos 460 15
Rio de Janeiro 81 13 total 1661 56
TOTAL 602 Feminino 1315 44
TOTAL 2976

Aqui devemos realçar a iniciativa de alguns proprietários e A si tuação tornar-se-a mais exp lícita quando analisamos isolad a­
consignatários de navios. São eles João de Freitas Martins e Diogo mente os dados da emigração para o Hawai no período de 1878 a
Taylor". O primeiro era proprietário de três embarcações: "Christi­ 1913:
na", "Divina Providência", "Funchal".
Demerara é, assim, nas décadas de quarenta e cinquenta, o N° %
Homens 7806 34
Eldorado do madeirense, disputando esta posição nas décadas de Mulheres 5536 23
setenta e oitenta com o recém-descoberto paraíso havaiano. Crianças 10232 43
Para o período de 1855 a 1863 é possível estabelecer uma relação TOTAL 23574
das áreas de partida e de destino da emigração nacional. O grande
destaque vai para o Brasil, que se assume como o principal destino Qual o balanço possível da primeira leva de emigrantes para
da emigração nacional, tendo recebido 86% dos emigrantes . E aqui o Demerara? Poder-se-a considerar positivo para a ilha as gentes emi­
Rio de Janeiro assume um lugar cimeiro com 89% desses. Excluídos gradas ? N ão obstante subsistir no século XIX o epíteto de Dernera­
os distritos da Horta e Funchal, poder-se- à afirmar que a emigração rista", a qualificar os retornados da colónia inglesa que, em muitos
portuguesa tinha um único destino, as terras brasileiras" . momentos, é sinónimo de riqueza, podemos concluir que o saldo foi
Esta emigração oitocentista, ao invés do que sucede na actuali­ negativo. Os dados q uantitativos estão aí para o provar. As sim, dos
dade, é, maioritariamente, definida por uma saída de agregados quatrocentos e dezoito emigrantes orientados a este destino até 1849
familiares e não dos seus membros isoladamente. Alguns dados só cinco (1%) regressaram à ilha enquanto duzentos e vinte e quatro
estatísticos anotam, por vezes, o número de famílias q ue emigraram. (45%) pereceram com a febre ou agruras do calor tropical". Para o
No sald o d a emigração até 1849, feito pela Flor doOceano",dá-se conta ano imediato, d os dois mil cento e noventa e nove madeirenses que
di sso: saíram rumo a esse destino, morreram duzentos e cinquenta e q uatro

114 115
(12% ) e apenas d uzen tos e vinte um (10%) regressaram, sendo destes
cento e vinte doentes. Por outro lado, a fortuna acu m ulada n ão er a
alician te com o o comprovam os nú meros: apenas cento e se te (48<10)
con seguiu melhorar a sua situação econ ómica, enquan to cinquenta
(23%) nada lucrou com isso, an tes pe lo con trário, viu-se em apuros",
A emigração par a as ilhas Canecas (Sandwich, Hawai) surge a
partir d e 1878 mercê da acção da agên cia d e W . H . H illebran d,
resid ente à da ta no Funcha l" . Este, a solici tação do governo de
Hon olulu, lan çou en tão u m nov o destino e rot a da emigração mad ei­
rens e. O primeiro grupo de casais segu iu no navio Priscilla e de mo­
rou cento e vin te d ias a alcançar o arq uip élago'", A duração e dureza
d o cruzeiro, d o Funcha l a este recônd ito arquip élago no Pacífico, não
foi óbice à abert ura deste novo destino, p ois as promessas aliciadoras
das au torida des com pensavam bem o risco da demorad a v iagem 33•
1\ chegada a Honolulu, a 30 de Setembro de 1878, o navio Priscilla
com o primeiro grupo de madeirenses foi saudado com natural
regozijo pel a imprensa da com un idade havaiana, como se poderá ver
pelo "Padfic Cornrnercial Advertiser", de 5 de Outubro". No período
de 1878 a 19 13, a entrada de emigrantes portugueses fez-se de acordo
com o seguinte quadro:
AÇORES MADEIRA AÇORES CONTINENTE TOTAL
MADE IRA ILHAS
Homens 2025 151 7 1667 2597 7806
M ulheres 1420 1020 1291 1805 5536
C ria nças 3088 1815 2442 3197 10542
TOTAL 6533 4352 5400 7599 23884
Das vi nte e set e em barcações que ap a rtaram ao referido arquipé­
lago , de z er am provenientes da Mad eir a, nove d os Açores e oito
tiveram escalas diversas na Mad eira, Açores e Con ti nen te. As primei­
ras, oriundas da s ilhas, transp ort aram 18.285 (78% ) ins ulares , se ndo
4.352 (18%) da Mad eira e 6.533 (27% ) dos Açores.
Com a ass inatura em 1882 do tra tad o d e emigra ção en tre Portu­
gal e o Hawai ficar am esta be lecidas as regras reguladoras do mo vi­
mento emigra tório da s ilhas e con tinen te p ara es te arquipélago, ao
mes mo tempo que estava m criadas as condições para que ele aumen­
tasse. Para a Mad eira é neste momento qu e se atinge o ma ior valor
da em igra ção. Esta ambiência condicionou a taxa de crescime nto da
população na Mad eira. Assim, este val or que, entre 1864 e 1878, h avia
sid o de 18% passa p ara 2% n o período de 1878-9035 . A conjun tura
agravou-se, porque estávamos perante um a emigração familiar.
A emigração pa ra estas pa ragens tinha um tra tamen to privilegia­
do. No governo civil existia um livro para o registo dos pa ssageiros
116
que para aí seguiam". A partir dele sabe-se da sa ída, em ] 883, de 2293
madei renses nos nav ios Hancow, City of Paris e Bourdeaux.
Esta forma d e em igração contribuiu para o rápido enraizamento
do madeirense na sociedade dos locais d e destino. Em Demorara ou
no Hawai os ilhéus mant iveram vivas as tradi ções cultura is, algumas
delas delas assimiladas p or essas sociedades". Aí as associações
criadas a partir d e ]877, bem como os periódicos de língua p ort ugu e­
sa, tiveram um papel importante" . Por outro lado, es tas cond ições
condiciona ram a rápida inserção do madeirense e açor ian o na socie­
dade havaiana , surgindo alguns em lugar d e d estaque na economia
e política do n ovo est ado, sendo de referencia r o Bispo D. Estêvão d e
A lencastre (1876-1940), na tural do Por to 5an t0 39 .
Aqui, no Hawai, a ad ap tação d o madeirense às novas cond ições
ecossis térn icas e laborais foi fácil, pr ime iro porq ue estávamos p eran­
te um ar quipélago e o ma deirense, como ilhéu que era, não se senti a
estranho ao meio, depois a faina agrícola quc os es perava era do seu
conhecimento. A Madeira tinham uma longa tradição na cu ltura d a
cana-de-açúcar e os madeirense afirmaram-se como exímios t écn icos
da safra açucareira . Nes te momento, os emigran tes estavam já farni­
liarizad os com as novas técnicas mercê do esplendor que a mesma
cultura desfru tava entre nós.
No Hawai o madeirense sentia-se vi zinho, enq uanto cm Derne­
rar a, mercê d e condicionalism os de vária ord em, era um estran ho,
pelo q ue, esg otadas as s uas forças ou amea lha da a pe quena fortuna,
regressa à s ua terra natal. Por outro lad o, a grand e d istân cia a que o
Hawai fica da Madei ra não apelava a um imed iato regresso. Só na
actualida de, com o desenvo lvimento d os meio s de transporte aéreos,
esta espe ran ça se torno u realidade, mas pa ra a ":'2gunda e terceira
gerações.
Talvez, por tudo isso, açorianos e madeirenses un em -se mat ri­
monialmen te dando azo a uma rea lida d e societal crioula resul tad o da
ass imilação das tradi ções mais afirm ativas d e cada arquipé lago. A
relação biográfica pub licad a em 1930 por Joaquim F. d e FREITAS4Q
dá conta disso: cento e trinta c sete realizam-se entre açorian os,
oi ten ta c nove entre madeirenses e n oventa e q ua tro entre os em i­
gra ntes d os dois ar quipélagos, com especial referência, nes te último
caso, para o enlace de rnicae lenses com madeirenses .
A emigração clandestina
A emigração clandestina é um factor determinan te do movimen­
to emigratório mad eirense nas déc adas de quaren ta e cinquenta. Aí
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as Américas, dominadas pelas Antilhas e Brasil , assumem um a p o­
sição ímpar. Por isso mesmo se torna difícil abalizar o valor numérico
desta sangria na população da ilha. Os números apontados pela
imprensa madeirense da época são assaz elucidativos: de Setembro
de 1834 a Junho de 1852 apontava-se que as saídas clandestinas eram
o dobro das legais": em 1845-46 são referenciad os 6 mil clandesti­
nos42; na Ponta do Sol no período de Abril de 1841 a Outubro de 1852
outros q uinhentos clan destinos'P.
Demerara afirmou-se como o principal des tino da emigração
clandestina. Em O utub ro d e 1846, dos 16.297 emi grad os para aí 5.548
(54%) foram sem passaporte?', Em 1846 apor tar am aí três embarca­
ções com 547 passageiros clandestinos: a embarcação inglesa, Pa lm i­
ra, conduziu cento e sessenta, enquanto o brig ue português, Visconde
de Bruges, que saíra do Funchal com vinte e cinco passageiros, desem­
barcou quatrocentos e dez" e outro bergantim português, Duas Anas,
con duzira cento e se tenta e um p assageiros quando no Funchal
haviam embarcado apenas se tenta e um com passaporte". Esta últ i­
ma embarcação, se te anos após, rumou ao mesmo destino levando a
bordo cento e setenta e três passageiros clandestinos". Tais n úmeros
são suficientemente elucidativos para demarcar a importância que
assumiu na Madeira a emigração clandestina, ao mesmo tem po que
demonstram a ineficácia da intervenção das autoridades locais no
se u controlo.
Desde o sécu lo xvrn q ue estava estabe lecido, por alvará de 4 de
Julho d e 175848, a obrigatoriedade do us o do passa por te, como forma
de coibir a saída anómala de gentes da ilha. Tod avia, estavam longe
os tempos da grande emigração e de afirmação desta forma de sa ída.
Até à d écada de quarenta só temos notícia de uma situação isolada
que teve lu gar em 178()49, com a saída sem passaporte de d oze
portugueses para bordo de um navio inglês.
Com o alvorecer d a emigração para as colóni as britânica s, o
govern o civil reclama esta med ida m od er adora do movimento emi­
gratório: em 1841, o governador civil chama a atenção ao oficial d e
visitas do porto para q ue não permitisse a sa íd a d e qualquer em ba r­
cação p ar a Demerara sem antes veri ficar se os seus passa geiros eram
portad or es do passaporte e da licença respectiva da fregue sia q ue os
isentava de qualquer serviço ou encargo". Todavi a, só em Outubro
de 1845 surge o primeiro caso com o ap rision amento de trin ta e um
indivíd uos no Porto Moniz, quando se preparavam p ara embarcar
no ia te Gloria de Portuga l com destino a Dernerara" . Pera nte isso, o
governador civil m an dou publicar um edital'? sobre a em igração
clan d estina alertando os int erv enient es e cúmpli ces para as penas
que incorriam, de acordo com a portaria de 19 de Agosto de 1842 e a
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lei de 25 de Maio de 1825: ao capitão do navio a pena de quatrocentos
mil réis, enquanto os passageiros, de acordo com a lei de 9 de Janeiro
de 1792, sujeitavam-se a cem mil r éis de multa.
Estas medidas não alteraram em nada os planos da emigração
clandestina, apenas aumentaram o risco dos seus intervenientes. Um
exemplo disso é tes temunhado em Janeiro de 1846: o oficial do reg isto
da Alfândega encontrou a bordo do bergantim Claudine, com destino
a Demerara, cinco passageiros sem respectivo passaporteê' e passa­
dos dois meses o administrador do Concelho do Funchal surpreende
nos Piornais oitenta e oito p essoas q ue pretendiam embarcar clan­
destinamente para a barca inglesa Newilla" .
Até 1866 são frequentes as referências à intervenção de embarca­
ções de cabotagem no apoio a este tráfico clandestino. A costa do
Caniço à Ponta do Pargo oferecia enseadas adequadas a tal tipo d e
abordagem . O contacto com as embarcações de saída fazia-se, habi­
tualmente, a partir do Caniço, Praia Formosa, Paul do Mar e Ponta
do Parg055. Na última localidade foram apresadas, por diversas
vezes, embarcações saídas do Funchal com destino a Demerara.
Destas destaca-se, em 1847, o bergantim português Mariana que, após
quinze di as de saída do Funchal, ainda se en contrava na Ponta do
Pargo com o pretexto de fazer aguada. Numa inspecção a bordo
encontraram-se cento e oitenta e sete passageiros, das quais apenas
trinta e quatro com passaporte",
As Desertas surgem, também, como local de ap oio a este tráfico
clandestino. Aí foram encontrados, por diversas vezes, barcos costei­
ros a aguardar a p ass agem dos na vios para Demerara. Entre Feverei­
ro de 1845 e Abril de 1847 foram aí apresadas duas em barcações que
conduziam clandestinos do Caniço para a escuna portuguesa Eug énia."
O recurso às Desertas a a Ponta do Pargo como locais de recepção
de clandestinos foi resultado da acentuada v igilânc ia estabelecida
para o porto do Funchal e áreas circunvizinhas-", No iníci o, este
serviço era realizado no Funchal, sendo os emigrantes reunidos num
armazém à Rua do Sabão" e, depois, embarcados pela noite para
bordo das embarcações, mas a apertada vigilância d a alfândega e
admi nistração do concelho cond icionar am a sua dispersão pela costa
sul da ilha.
A intervenção das autor idades desdobrava-se en tre um apertado
controlo às emb arcações que sa íam do Porto do Funchal e o estabe­
lecimento de um sistema de vigilância de tod a a costa e ilhas Deser­
tas: primeiro u so u-se o ba rco d o contrato do tabaco'", d epois
estabeleceu-se um serviço de barcos para rondar a costa nas datas
p róx imas d a sa ída d e qualq uer embarcação", A par disso, o admi­
nistrador do concelho tinha ao se u dispor doze bai onetas para a
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 ronda nocturna do li toral da cid ad e'? e, em tod a a cos ta da ilha,
con tava com o a po io dos cabos da polícia e artilhei ros -' .
Em Julh o de 1846. a saíd a cio bergan tim D uas Afilias el ucida-nos
a fo rm a como era activad o es te plano d e vigi lânc ia. O ad m in istrador
d o concelho montava, p or se is dias, um serviço de v ig ilâ ncia em toda
a costa, contando com o apo io dos reg edores, cabos da polícia e d e
duas em barcações de ronda? '.
A caba l intervenção d as autoridades dependia do apoio d e um a
e mba rcação de guerra, d a í a solicitação em 184765 d e uma escuna d e
guerra, o que veio a suceder com o envio do br igue de guerra Douro,
mas a falta de dinheiro levou a sua substit uição por u m a escuna,
retornando em 1853 o ante rior tipo de embarcações".
A permanência e insistência da p rát ica clandestina d a e m igração
atestam a pouca eficá cia das medidas p ro ib itivas ou d e vi gi lância, e
a grande de ter m inaçã o do madeirense Oll empenho dos engajadores
e se us ac ólitos. Dest e modo, a queb ra acentuada do mov im en to, a
p artir de [863, d ev erá se r apontada não como uma co nsequência da
in tervenção re pres siva mas sim com o resultado da d iminuição da
p ro cu ra d e mão-de-ob ra n os tradi cionais d estinos. Daí que cm 1885
es tas rncd Idas se tornem necess árias, uma ve z. q ue a emigração
cla nd es tina "com eça a faz er-se ma is profund am en te'?",
Factor de terminante no surto da e mig ração clandestina foi a
acçã o dos en gajad o res, os principais sustentácu los do mov im ento.
Desde o s écu lo XVIII que eles actuam na ilh a, p elo que, em 1779, o
governad or int ervém junto do corregedor d o Func ha l no sen tid o d e
se estabelecer medidas puni tivas. Neste a no foi p res o Á lva ro d 'Or­
ne las Sisn eiro'" . Todavia, só a partir da década de tr int a d o século
seguinte a su a ac ção se torn o u preocupante". Eles atacavam em todas
as fre ntes, com particula r incidência para a vertente norte. Para
dissimula r a sua rea l int erven ção surgem como adelos o u comp ra­
d ores d e vinho?" Por meio d e ca rtazes afixa dos na porta das ig reja s,
e com a coni v ência d e a lguns importantes dos sítios, consegu em ali ciar
muitos lav rad ores com a promessa d e enriq ue cimen to no Brasil,
Antilhas o u Hawai?', O transpo rte era, muitas v ezes, g ra tu ito e o
ilhéu d everia desembolsar apenas cinco mi l r éis p ara os cus tos do
passaporte, quando n a rea lidade a le i p revia quatro mi l" ,
Nas décadas de q uaren ta e cinquen ta es lão d oc u mentados quin­
ze ali ciadores no Funchal, Caniço, São Vicente, Ribe ira d a Ja nela,
Arco de S. Jo rge e Ribeira Brava" , Pa ra coibir a s ua acção, o govern o
civil adoptara m edidas repressivas com a prisão e julgam en to, po­
dendo a p en a ir até quatro meses -de cadeia",
A acção dos a licia dores assum ia, por vezes, situações recambo­
Jescas, pelo menos é o q ue nos ind icam alg uns documen tos: em Julh o
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d e 1851, Joã o Pe stan a, sa pateiro, movera um au to con tra Francis co,
o poeta, por induzir e aliciar a m ulher e filh o a em igrarem para
Demorara: em Agosto d o mesmo ano, João Vieira ignora a mulher e
filh os e entrega-se às promessas aliciadoras de Dernerara' ": em 1853,
uma mãe abandona d u as crianças em S. Jorge, enq u anto uma rapa­
riga d a Boaventura foge p ar a o Funchal, aliciad a p or Joaqu im A. dos
Rci s 77•
A política de emigração
A polí tica da emigraç ão madeirense não se afast a da seg u ida n o
reino" . N a ve rdade, estamos p era nte um fenóm eno s u p ra-regio nal
que, aqui e aco lá, atinge cambia ntes locais . E é a í que se p oderá
di fere nciar os as pectos típicos desta política ao ní vel da Mad ei ra .
Aqu i, a ex emp lo do reino, "a persisten te indicação rep ressiv a da
corren te emigratóri a fo i acompanhad a duma tole rância real "79 mani­
festa não só no fecha r d os olho s à emigração clandestina mas também
na política aberta de concessão de passaportes. T ud o d ependia da
conju n tu ra em que isso sucedia. Quanto a esta ú ltima si tuaç ão , as le is
e p o rtarias es tabelecidas para o rei no eram ta mbém enviadas p ara
aplicação nas ilhas, mas q uase sempre se res u miam a ser tres lad ad as
para os tombos da adminis tração d o Concelh o, Câmara Municipal e
Governo Civ il'".
Desde 175881 ficara estabelecido que nenh u m ma d eiren se p ode­
ria sair da ilha sem o res pectivo passapor te. H av ia uma trad içã o d e
medidas limi ta tivas, raramente recordadas e pos tas em prática . A
e las se recorria a Câmara do Fu nchal em 1847H2, res ponden do a uma
circu lar do Go vernador José Silvestre Ribeiro. Aí record a-se que a
m elhor p rovidência es tava na vinculação do povo à terra q ue o v iu
nascer'",
Foi, n a verdade, com este governad or que se estabeleceu uma
política p ragm át ica de co mbate à em igração. Mas o aspecto mais
in teressante d ela n ão é o apelo a med id as p uniti vas à saí d a d os
emigr antes como recl amava o município fu nc halense, m as sim a
defini ção de medidas capazes d e inibirem as gentes a esta fuga
d esesper ada. Em síntese, tu do isso se res u mi a a o enco n tro d e solu­
ções p ar a d ebe la r a fome e capazes de em p regar o máxim o de força
d e tr ab alho inac tiva". Nes te último caso, tivemos o plano d e obras
d e co ns tru çã o civil, d e acordo com o novo plano v iário.
A par di ss o, a acção psicológica foi outra das armas u tilizadas
pelo governador p ara diss uadir os madeirenses a permanecer na
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ilha . Através de manifestos, divulgad os pe los ad minis tradores do
concelho, afixad os nas portas da s igrejas, ou impressos em folhas
volantes nos jornais, o govern ad or fazia uso d os se us dotes literários
para apelar ao sentimento dos seus súbditos. Em manifesto, di stri­
buído em Agosto de 1852 pelo Clamor Público, é bastante evidente
este apelo heróico dos madeirens es:
- Moradores das fregues ias rura is! Não abandona is a vo ssa
ter ra! Não fujaes desses campos qu e vos sos pa es regaram com o se u
suor! Não deixeis o tecto das vossas moradas, onde nasceram vossos
filhos! Não volteis as costas à vossa risonha ilha! Lembrai-vos que
perdeis Pá tria! Trazei à lembrança que m ui tas vezes tendes recolhido
abundantes fructos, em recompe nsa das Vossas fadigas! e que não
convém ceder aos primeiros golpes de adversidade".
Foram poucos os que entenderam a ora tór ia do governador,
secund ad os pel os incessantes apelos dos administradores do conc e­
lho ou pelos vigários das freguesias no se rmão d orninical'". Aliás, é
o mesmo go vernador o primeiro a reconh ecer a nec essidade d e
medidas práticas e eficazes:
- "A fatal tendência dos madeirenses para a emigraçã o deve ser
atal had a, principalmente por me ios ind irectos.
Se os proprietários se lembrarem um d ia de ir residir entre os
seus caseiros, para os guiarem com ilustrados conselhos ... a infeliz
sorte dos ha bitantes dos campos melhorará consideravelmente, e eles
ganharão afeição à terra do seu pa iz, repetindo indignados as perfi­
das s ugestões de impios e desalmados embusteiros que os arrastão
h oje para paizes Ionginquos'P,
Uma das grandes p reo cupações deste governador er a o combate
à política de engajamento feito po r estr anhos. Para ele, as leis eram
claras:
- "Som os liv res, e as portas da pá tria estão aber tas para quem
quiser passar a ou tros pa izes. Mas sa ia somente q uem m uit o es pon­
taneamente, e por bem próprio int eresse quizer sair; mas sa ia somen­
te aquele que tiver satisfeito aos regulamentos protectores de bem
entendida policia: - mas saia somente o que não causar p rejuizo do
terceiro".
O com bate aos eng ajadores é antigo, sen d o d ocum ent ad o desde
178OS7, altur a em que foi processado o com andante de um navio
inglês q ue hav ia levado clandestinamemte para bor do 12 portugue­
ses. Esta política implacável con tra os engajadores contin uou na
cent úria seguin te. Assim, em 1842, em face da saída m assiva de
madeirenses, fico u estabelecido, p or p ortar ias de 19 de Agosto e a de
Dezernb ro'", contra os mestres de nav ios. Ainda, de acord o com a lei
d e 20 d e Julho de 1855 e a purtaria de 27 de Jul ho de 1857, o
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com and ante do navio era obrigado a prestar uma fiança de q uatr o­
centos réis e a apresentar no prazo de seis meses um documento das
autorid ad es ou do côns u l do porto de destino a indicar o número de
passageiros des embarcados'",
O passaporte era uma das exigências obrigatórias para todos os
que desejassem sair. Mas nem todos tinham dire ito a ele, sendo
negado a menores e rnancebos'", A este, desde 25 de Setembro de
] 8419 1, deveria junta r-se um d ocumen to de freguesia referindo que o
possuidor estava livre de encargos e serviços" .
A política d e emigração d as au torid ades locais define-se por
d uas formas de in ter venção prática. Primeiro o combate à em igração
cla ndestina e à acção perniciosa dos engajadores, por meio de med i­
das severas aplicadas a todos os infractores. Neste caso In clu ía-se,
ainda, o re forço de v igilância da costa madeirense. Depois foi a
procura de so luções conjunturais capazes de trav ar o movimento de
fuga, com a fixação das gentes à terra o u com a tentativa d e desvio
para regiões do reino e colónias em vias de coloniza ção" .
Da última merece destaq ue especial o envio de casais insulares
para a colonização da ilha de Santa Catarina e Rio Grande do Sul
(1747-53)94, no resca ldo dos confl itos delim itadores d as fronteiras da
região su l do Brasil. Depois da independência do Brasil , o problema
estava na necessid ad e d e canali zar este fenómeno para as colónias
portuguesas, nomeadamente em África, também como resultado da
política europeia neste continente. Por isso, na segunda metade d o
século dezanove, a ap os ta estava em Moçambique e Angola, sendo
d e realçar, neste último cas o, o plana lto de Moçâmedes (1853 e 1888)95
e H uíla (1884-85t 6• A partir disso é conhecida uma efémera experiên­
cia com o envio em 1854 de alguns madeirenses para Lis boa a
trab alhar nas estradas?"
Em 1882 foi criada uma comissão parlamentar para estudar o
problema da emigração madeirense e açoriana . De entre os seus
ob jectivos estava a op ção do desvio da emi gração para o Alentejo".
Est a opção me receu a crítica de A Ordem":
- Des enganad os pela experiência e p elos dogmas d a economia
política - d esta ciência filha do factor - não podemos, nem deve­
mos, felici tar os bons madeirenses p elo lris te expediente governati­
vo, q ue p rejudica, em vez d e favorecer os interesses d es ta terra, de
encami nh ar a emig ração d os lavradores robustos, laboriosos e bem
mor igerados para Moçâmed es e mesmo para o continente do reino,
po is aquele meio é assaz contraditório, porque em vez d e estancar a
emig ração, como o req uer uma política de suficiente in teligência,
vem roubar-nos os lavrad ores selectos, vem promover em ma ior
escala os efeitos d o moral de que baldadamente nos q ueixamos, há
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anos; queremos falar de falta de braços activ os que cu ltiv am os
campos d esta ilh a, e que sã o a melhor fon te d e receita p úbl ica, como
é óbvio ao entendimemto m ais rasteiro; p or ém, é for çoso d izê-lo,
observ am os que esta verdade é desconhecida desses homens emi­
nentes, desses gr andes génios q ue abr ilha n tam a nossa po lítica".
N a verdade, tal política nã o foi bem suced ida. Em 1746 foi
decidido promover o po voamento de Santa Catari na e Rio Grande
do Su l com casais vindos da Madeira. Para isso foi contratado Feli­
ciano Velho Oldemberg pa ra proced er ao referido emba rq ue. Tod a­
via, surgiram difi culdades no en vio dos casais matriculad os. O caso
mais flagrante ocorreu com Manuel Bettencourt de Vasconcellos
Perestrelo e Joaquim Berenguer de Andrade que, depoi s de vende­
ram tu do, aguardaram q ua tro anos pa ra emba rcar'f? Mesmo ass im
da ilha saíram 226 casais, num total de 1277 emig rantes, maioritaria­
men te d e Câ ma ra de Lob os, S. Ma rtinho, S. Vicente e Tábua 10 1.
Melhor suced ida terá s ido a emigração madeiren se para as terras
do s ul d e Angola, pois no períod o de 1884 a 1890 seguiram 1375
madeirenses que se adap taram facilmente a esta região e promov e­
ram, d e forma eviden te, a sua colonização!", O primeiro grup o de 49
colon os chego u a Lubango a 19 d e Jan eiro d e 1885 103•
O fracass o desta política d e orientação d o sur to emi gratór io,
insistentemente reclamad a por Oliveira Martins'?', levou as autori­
dades a op tarem por uma acção de sesp erada d e com ba te à emig ra ção
em diversas partes. Pressente-se nesta at itude, a exemplo do rein o lOS,
a intervenç ão da burguesia rural, interessada em manter o excedente
de m ão-de-obra barata. A a titude do governador civil , José Sílvestre
Ribeiro, e a op inião veiculada por alguns periódicos como o Impurcial,
o Echo de Revolução e O Progressista, são as provas di sso.
Estas medidas não foram suficientes para frenar o movimento
emigratório legal e clandes tino. A situação da ilh a con tin ua va a se r
difícil, pelo qu e ninguém estava capacitado para res ist ir às p ropostas
risonhas do s aliciadores. Deste modo houve ne cessidad e de declarar
guerra a este movim en to, procurando atacá-lo em todas as fren tes .
Tal in tervenção está devidamen te esclarecida numa circular de José
Silvestre Ribeiro:
- "Somos liv res, e as portas da pátria estão ab ertas para quem
quiser p assar a outros p aizes . Mas saia so mente quem muito espon­
tâ neamente, e por seu próprio interess e qu iser sair; mas sa ia somente
aquele que tiver satisfeito aos regulamen tos protec tores de bem
entendida polícia: mas saia sómente o que não causar preju ízo a
ter ceiro"106.
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É dentro desta op ção que dever á ser entendida a guerra, sem
tréguas, das autoridades aos agentes d a em igração e aos seus cola­
boradores, como sejam os mestres de navio e barqueiros.
A saída de qualquer emigrante só podia ser feita com passaporte
que era conce d id o a todos de maior idade excluíd os os de 13 a 25
abr angid os p ela lei do recrutamento militar e os man cebos!" , Toda­
via, era grande a apetênc ia para o recurso à em ig ração clandestina,
sujeitando-se os interessados a inúmeras privações para alcançarem
o bar co que os levaria a promissoras terras do outro lado do Atlântico.
A grande preocupação das autoridades estava no combate à
emigração clandestina. Ela desenvolvia-se em d uas frentes: por um
lado a condenação dos engajadores e seus colaboradores e, por outro,
a definição de urn plano de vigilância em toda a costa da ilha ,
procurando evitar-se a fuga do s clandestinos. O combate sem tré­
guas, d os engajadores, iniciara-se já em 1779 108 com uma primeira
interv enção qu e culpou Álvaro dOrnelas Sismeiro.
O gra nde movimento de comba te ficou reservado para as d éca­
d as de quarenta e cinquenta do séc ulo dezanove. Os casos sucedem­
-se com frequê ncia e a at enção d as autor idades foi reforçada no
sentido de evi ta r a fu ga ge neralizada das ge ntes . Du rante es tas duas
décadas su cederam-se med id as re pressivas, bem como o ap risiona­
mento d os in terveni entes, sejam en gajadores ou mestres de navios.
No último caso, o capitão do navio, que fosse encontrado com
clandestinos a bordo, sujeitava-se à multa de 400 mil r éis, sendo os
clandestinos de 100 mil réis 109 .
O cerco aos navios que entravam e saíam no porto do Funchal
era permanente. Assim, para além do constante patrulhamento d o
mar madeirense e do alerta passado a todas as freguesias cos teiras,
as embar cações sujeitavam-se a um controlo apertado. Deste modo
estava proibido o contacto com qualquer navio mercante ou de guerra
fora do porto'". Além d isso, em 18791ll recomendava-se que as embarca­
ções com emigrantes deveriam sair do porto d uran te o dia .
As embarcações inglesas, qu e tocavam com assiduid ade o p orto
do Funchal com d estino aos locais d e emigração, er am os alvos
preferenciais para a saída d os clandestinos. Por isso m esmo em
1845\12 o governador civil deu conhecimento ao cônsul inglês de tais
medidas proibitivas. Todavia, em 1848 113 foi ap resado na Ponta d e
Pargo o bergan tim inglês Rowlay. com 16 clandestinos a bord o,
correndo, por isso, um lit ígio entre o governo civil e o consulado.
O governo civil, atra vés da adm inistração do concelho, e, com o
apoio dos cabos de polícia, reged ores -!" e forças militares!", estabe ­
lecera um pl an o d e v igilância da costa e mar circunvizinho, até às
Desertas. Ele era activado no momento de emba rque no Funcha l,
125
 através de uma visita a bordo I16, sendo, depois, reforçad o a partir d o
momento de saída da embarcação do porto. Era neste momento que,
na calada da noite, se introduziam a bordo os clandestinos, em
qualquer parte da costa, em especial na Ribeira Brava ou Ponta de
Pargo. Esta vigilância durava seis dias!", No ano de 1845 118 ela era
feita pelo barco do contrato do tabaco. Entre Março e Julho de 1846,
gastaram-se 86$695 réis com os barcos de ronda da costa! '?
Para o ano imed iato foi solicitado ao Ministério d o Reino uma
escuna de guerra para tal serviço, tendo-se enviado o Brigue Dou ­
ro 120. Por todo o ano de 1847, o barco manteve-se em acção, tend o-se
afirmado como um freio à emigração clandestina, o que levou a
solicitar-se a presença de nova embarcação, não se sabendo ao certo
se veio a concretizar-se'?'.
A emigração clandestina, não obstante estas medidas, continua­
va a ser uma realidade. E, por isso, não se esgotavam aqui as opor­
tunidades para controlar a saída dos madeirenses. Assim a uma
propaganda aliciadora por parte dos agentes, nomeadamen te os
cônsules do Brasil e inglês, contrapunha-se outra de alguns jornais e
das autoridades que desmitificavam as esperanças do Eldorado . O
debate tem início em 1841122, sendo resultado d e uma proclamação
do admin istrador geral, Domingos Olavo Correa de Azevedo, que a
determinado passo referia o seguinte:
- Demerara... é uma possessão inglesa, cujo clima por extremo
ardente e doentio, terminara em po uco tem po, com a existência da
maio r pa rte dos emigrantes que para ali vão, e onde es tes infelises,
redusidos, durante sua vida, a uma situação desesperada, vendo-se
em total desamparo, e privados de meios de regressarem, se su jeitão
a uma sorte tão cruel como a que em outro tempo ali experimentavão
escravos negros".
A isto juntaram-se cartas de alguns emigrantes em que testem u­
nham a ilusão das promessas. Aí são apontadas as cond ições difíceis
em que vivem os madeirenses em Demerara 'P, A tod os respond e
Diogo Taylor , cônsul inglês e agente da emigração para estes des ti­
nos!". À campanha associaram-se outros jornais, sendo de realçar as
de o Echo da Revolução l 25, Correio da Madeira 126 e o Progressista'", onde
es te movimento emigratório surge sob o epíteto de "escravatura
branca". De acordo com o cônsul português em Demerara, os em i­
grantes "são tratados como verdadeiros escravos, e mesmo pior d o
que são os negros da costa d'Áfr ica"I28. A resposta a es ta carta nã o se
fez esperar pela voz do cônsul, que real ça os mútuos benefícios da
emigração!", A isso adicionava-se o testemunho ab onatór io de um
g rupo de portugueses residen tes na Guiana inglesa. Em oposição a
es te último testemunho tivem os car tas de Dernerara-" e do Rio de
126
[aneiro!" a dar conta da dura realidade da vid a dos emigrantes. No
primeiro desti no , m uitos madeirenses sucu mbiram sobre o efeito d a
febre amarela 132.
Para combater esta campanha contra a emigração, os agentes do
Brasi l e colónias inglesas tra varam uma luta sem tréguas. Para além
dos desmentidos constantes eles nã o o.:;e cansavam em anunciar os
seus projectos aliciantes. Neste caso deve incluir-se a propaganda
feita em O Jmparcial 133 e a Revista Semmzal l 34• Acresce, ainda, os folhe­
tos de promoção da em igração para as ilhas Sandwich (Hawaü':" ou
Uruguai!".
o debate político e jomali"st ico 1846-1873
A imprensa insular, na segunda metade do século XIX, deu
desmesurado realce aos problemas derivados do surto emigratório.
Sob a forma de no ticia ou trabalho de opinião, esta é uma preocupa­
ção central nas suas colunas . Isto situa-se a dois níveis distintos: de
um lado os anúncios e d escrições ou testemunhos laudatórios dos
principais destinos de emi gr ação; d o ou tro a opinião e test emunhos
reprovativos, apelando a uma intervenção das autoridades.
Tendo em consideração que a conjun tur a socioeconóm íca, como
os destinos que se oferecem aos madeirenses, açorianos e canários
são id ên ticos, lógico será d e admitir uma semelhante afirmação da
problemática na imprensa de cada ilha ou arquipélago. Desta forma
são semelhantes os destaques e tratamento desta problemática n' A
Reforma, o Amigo do Povo, A Ordem, O Progressista (...) da Madeira,
como em El Heraldo de Canarias, El Eco, EI Eco del Comercio (...) n as
Canárias ou a Persuasão nos Açores. Certamente que na Madeira e
nos Açores, o conturbado momento polí tico que se vive, a partir da
revolução vintista, condicionou o maior empenho e preocupação, sur­
gindo, por vezes, os jornai s como o prolongamento do debate nas cortes.
No caso particular da Madeira, desde a década de trinta, o d ebate
político era uma constante, diferenciando-se a presença de diversos
grupos. Assim, até 1875, altura em que surge o Partido Progressista,
sob a égide de D. João da Câmara Leme, o panorama po lítico madei­
rense é mui to confuso. Esta situ ação repercutir-se-a de forma eviden­
te na d iscussão em torn o da realidade socioeconóm ica mad eire nse,
n omeadamente nas páginas dos jornais de en tão . Mui tos destes
p eriódi cos actuavam, declaradamente, como porta-vozes dos grupos
políticos em causa. Assim sucedeu com o Amigo do Povo, órgão d o
Partido Pr ogress ista, A Ordem, d o Partido Cartista e O Progressista,
127
do Partido Regenerador. Note-se que no con cern ente à emigração
ad ensa-se o número d e colunas dos periódicos O Progressista (1852­
-1854) e A Ordem (1852-'1856). Neste contexto, a p ro blemática da
em igração para as terras ocidentais, no período de 1833 a 1873,
demarcou acesa discussão pública nos jornais que en tão se publ ica­
vam, ou nas cortes pela voz dos madeirenses aí representados.
Em vinte e um periódicos madeirenses en contramos abunda nte
informação que aqui daremos conta, ainda que d e forma sumária.
O Progressita, porta-voz do Pa rtido Regenerador, é o periódico
q ue dedica maior aten ção à p rob lemática da emigração, atribuindo­
-lhe com insi stência o designativo de escravaturabranca, considera ndo
Demorara e o Brasil como rnatadouros'F, Para os editores, o impor ­
tant e é travar o m ovim ent o emigrat ório. Por isso são assíduos os
tra balhos de op inião sob pseudónimo que apelam a uma in tervenção
eficaz das autoridades locais, pondo como p onto de referência a
intervenção de 1847138• Nesta década de cinquenta, testemunhos de
vária índole atestam a ineficácia das autoridades locais em coib ir essa
prát ica d e emigração clandestina: acusa-se quer o administrador do
concelho-", quer o Juiz elei to da Ribeira Brava"? por não correspon­
derem ao estipulado nas leis de 1839, 1842,1 843,1849 14 1• Deste modo,
o julgament o da 29 de Fevereiro de 1852 de alguns aliciadores e
barqueiros, comprometidos com a emigração clandestina é motivo
d e regozijo no jorn al 142.
Para além deste per m anent e alerta às autori dades para um a
intervenção adequada, nas colunas d o mesm o jorn al surgem com
assiduidade cartas de alg uns emigrad os refer indo a situação miserá­
vel em que estavam: primeiro transcreve-se uma cart a de Manuel
Joaquim Teixeira, datada de 12de Ou tubro de 1851 d o Riode Janeiro,
dando conta das d ificuldades que passara m na viagem'P, depois
surge um test emunh o de outro madeirense sobre a trágica situação
d os emi gran tes da ilha em Demerar a 144. Do Bras il rep etem-se as
cartas a corroborar a situação!" . Numa escri ta no Rio a 14 de Ma io
de 1852 é ap resentad a a situação d os emigrantes para aí remetidos
pelos engajad ores da Ribeira Brava, Campanário e Estreito de Câ ma­
ra de Lobos. Destes morreram trinta e nove e quarenta e d ois ag uar­
davam trabalho. Conforme no ta o seu autor. Io ão Ios é Basílio Pereira,
"os escravos negros eram mais bem trat ad os'?".
Con tra isto reclam aram os negociantes e súbd itos portugueses
resid entes no Rio d e Janeiro em representaçã o ao emba ixador, d atad a
de 16 d e Julho de 1852. Tod avia, o cons igna tár io d este movimento
para o Brasil, Cristóvão José d e Oliveira, refuta as reclamações das
cartas e insiste no env io de 123 passageiros, na barca inglesa Red Rose,
pa ra o mesmo d estino!".
128
Enquanto isto se passa, nas pá gin as do mesmo periód ico surgem
anúncios alic iadores de novos emigrantes: a 4 de Janeiro de 1853 João
de Fre itas Martins anuncia o recr utamen to de colonos es pecializados
para o Perul" ; a 29 d e Março de 1853, Diogo Taylor, agente de
emigração para a Gui an a inglesa, an uncia q ue o governo pagará
apen as a passagem aos emigrantes, confrontados estes à chegada
com os regulamentos daquela col ónia".
A p osição do jornal A Ordem é deveras contrad itória. Assim, em
1853 de senvolve a intervenção de José Silves tre Ribeiro nas cor tes, a
28 de Maio, sobre a emigração açori ana e madeirense para Demorara
e sobre a colónia agrícola de Mo çâmed ea'P Mas em Març o do ano
seg uin te ins ur ge-se contra esta última medida apo n tando que a
solução deve ser int erna e nã o exteri or à pró pr ia ilha !" .
O ano de 1854 terá sid o terrível pa ra os mad eirenses, perm anen­
temente ameaçados pelo espectro da fome, p elo qu e a em igr ação, d e
acordo co m o mesmo periód ico, não um fen ómeno de a mbição, mas
é
o resultado d a miséri a d os colonos e da ineficácia do governa 152, Daí
que se ja saudado co m entusiasm o a inicia tiva do cônsul do Brasil,
Luís Tomé de Mira nda, bem como em 1855 por três madeirenses, da
embarcação Charles Keen, pa ra conduzir trezentos colonos a Dernera ­
ra 153. Em 1858 rematava-se a notícia da sa ída d a barca portuguesa
Christina, para o Rio de Jan ei1'0 com cinco emigrantes com o seg uint e
comentário: "Daq ui a tempos ver-se-a desertos os belos cam pos desta
terra digna de melhor sorte"!",
O Defensor, no período de 1841 a 1846, faz eco da in ter venção d o
administrador geral d o Funchal, Domingos Ol avo Correa A zevedo.
Ele. na sua proclamação contra a em igração para Dcm erar a e Bras ip55,
divulga algumas cartas d e mad eirenses ret ratand o o inferno d e De­
me ra ra 'ê'. A reação dos principais interessados neste movimento nã o
se faz espe rar. Assim intervêm Diogo Taylor, agente de emigração para
a Guiana inglesa, e Luis Tomé de Miranda, vice -cônsul d o Brasil I57.
Dos ma is p eriód icos recolhe-se informação p ar a a década de
quare n ta com particular relevo para o Imparcial l 58 e o EcJlO da Reoolu­
çã0 159, com a opinião manifestamente contrária à emigração que então
se vinha fazendo para Dernerara, definida como o vale da morte. O
p rim eiro refere, a propósito: "Parece qu e a cidade d o Funchal se
converteu de repente numa grande feira d 'escr avos br ancos, d esti ­
n ad os a irem perecer no clima mais infecto dos domínios britânicos
- Dernerara": alerta.nd o m ais adiante q ue "A emigração para Deme­
rara é uma in fame lota ria cujo s bilhetes contendo raríssimas sortes
em preto são comprados com as vidas dos nossos concidad ãos '{'"
Do conj unto das opiniões exp ressas na imprensa ma deirense,
nesta segunda metade do século XIX,é bastante evidente a existência
129
d e duas correntes de op inião, com voz nas colunas dos jornais, sobre BIBLIOGRAFIA

o fenómeno da emigração madeirense. Por um lado, os que defen­

dem esta conjuntu ra como favorável para a ilha e seus habitantes; d o
outro os que a negam, apresentando o reverso da medalha. Esta
última opinião expressa-se quase sempre na defesa da ideia de que
a emigração era sinónimo de "escravatura branca" e de que a solução ALMEIDA, Carlos, Portuguese inmigrants (the ceniennial story of the

das dificuldades porque passavam os madeirenses não se resumia poriuguese union of lhe State of Calijornia, São Leandro, 1978

apenas à fuga desesperada às condicões de miséria. Para estes, a ferid a BRANCO, Fernando Castelo, "subsídios para a histó ria d o protest an­
era interna e só poderia ser sarada por meio de uma profilaxia interna. tismo na Mad eira : o caso Kalley" inActas do I Colóquio Internacional
de História da Madeira. 1986, vol .Il Fun chal, 1989, pp.1338-1362
COUTO, Adelaide Cou to e outros, "O Povoamento da Ilha de

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1838-1858, n. os 17-22

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1852-1918, n.os 631-632

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Registo da correspond ência do Ministério do Reino, 1842-1868, n .os

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Registo dos passageiros saídos, 1864-1898, n .os 211-251

KNOWLTON, Edgar, "Madeirans in Hawai", in Actas do 1 Colóquio

Registo de entrada de passaportes, 1847-1896, n.os 112,138, 47 a 50

Internacional de História da Madeira, 1986, vol.II, Funchal, 1989, pp .

Correspondência expedida, 1842-1898, n.os 300-335

1287-1309

3. Administração do Concelho - Santa Cruz MELO, Luís de Sousa, "E contudo eles foram... a emigração mad ei­

Correspondência expedid a, 1846-1860, n.os 1-14 rens e para o Hawai no século XIX" in lslenha, n." 2, 988, 81-87

Livro d os registos d os indivíd uos que solicitam guias para obte­ MENEZES, Noel, "the winged impulse. The madeiran portuguese in

rem pas saportes no Govern o Civil, 1888-1893, n." 99 Guyana an economic social-culture perspective", in Actas do I

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4. Administração do Con celho - Ponta do Sol 1322-1335

Registo de passaportes, 1853-1864, n,os 113-114 - Scenesfrom the History of the portuguese im Guyana, Londres, 1986

130 131

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nacional de História da Madeira, Funchal, 1990, pp . 455-364
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Abril de 1854, era o órgão do Partid o Progressista na Madeira.
O A rquivista, jornal do Par tido Cartista, 56 números, d e 7 de
Dezembro d e 1850 a 27 de Dezembro de 1851.
O Baratíssimo, jornal noti cioso, 13 números, 17 de Julho a 9
de Outubro de 1852.
O Clamor Público, se manário político, 170 números, 22 de Maio
de 1854 a 20 de Janeir o de 1858.
132
o Correio do Funchul, semanário p olít ico, co mercial e
literário, 25 números, 5 de JLUmo de 1867 a 10 de Janeiro de 1868.
O Correio da Madeira, 132 nú meros, 3 de Fevereiro de 1849 a 9
de Agosto d e 1851.
O Defensor, op osição, 386 números, 4 de Janeiro de 1840 a 18
de Ma io de 1847.
A Discussão, órg ão da assoc iação ma de irense promotora do bem
público e do auxílio mútuo. Jorn al político-histórico, d o Par tido
Progressista. 77 números, 8 de Feverei ro a 28 de Agosto de 1858.
O Echo da Revolução, jorna l Sete mbrista, 31 números, 27 d e
Junho 1846 a 23 de Janeiro de 1847.
A Flor do Oceano, jornal governa ment al, 9 de Novembro de 1834
e 29 de Ou tubro d e 1836.
- Jornal político, literário e religioso, 1 de Setembro de 1860 a 31
de Agosto de 1867
O Funclialense, órgão da junta governativa da M ade ira,
Setcmbrista, 3 números, 2 a 21 de Julho d e 1847.
O Imparcial, 302 números, 14 de Abril de 1840 a 20 de Junho de
1846 .
A Imprensa, órgão do Partido Histórico, 37 números, 24 de
Julho de 1862 a 29 de Novembro de 1863.
O Madeirense, do Par tido Cartista, 87 números, 30 de Janeiro
de 1847 a 30 d e Jane iro de 1849.
A Ordem, do Part ido Cartista, 433 n úmer os, 5 d e Jan eiro d e
1852 a 1 de Setembro de 1860.
O Progressista, sem anário do Partido Regener ad or, 142 números,
28 de Agosto de 1851 a 15 d e Maio de 1854.
A Reforma, jorn al polí tico e literár io, 80 nú meros, 14 de
Outubro de 1858 a 16 de Julh o de 186l.
Revista Semanal, jorn al noticioso, 52 números, 2 d e Junho de
1861 a 10 de Junho de 1862.
133
 Emigração mad eir ense 1834-1871 - Destinos Emig ração madeirense (1857-1872) - Sexo e idade

Áreas África América Anti lhas Brasil EUA Europa índ ia Derne-
d o Sul rara
Anos
ANO EMIGRANTES
1834 28
1835 321 4 5 606 MASCULiNOS FEMININOS TOTAL
1836 4 22 25 3
+ 14anos .. 14 anos - -
1837 2 56 31 I 2
1857 90 36 100 266
1838 2 29 20 3 2
1839 11 4 19 1 4 1858 188 95 211 494
1840 16 9 13 13 1859 70 30 114 214
184 1 9 39 9 2381
1860 78 45 64 187
1842 34 148 7 21 6
1861 66 16 42 124
1843 16 128 6 49
1844 3 425 10 139 1862 74 26 79 179
1845 609 116 3 527 1863 58 9 52 119
1846 981 2495
1864 84 24 69 177
1851 37 16 7 54
1852 9 22 307 23 219 1865 56 14 82 152
1853 3 1 264 496 119 1426 1866 54 7 64 125
1854 4 8 116 143 42 1 436 1867 60 27 78 165
1855 4 328 586 6 6 2 411
1868 78 36 62 176
1858 443 228 1604
1859 170 82 918 1869 50 20 63 133
1860 65 585 1870 71 31 84 186
1861 84 276
1871 53 14 73 140
1862 66 300
566 1872 91 30 76 199
1866 21 1 76
1867 1 12 14 12 532 TOTAL 1221 460 1315 2996
1868 136 456 Fonte: A.RM ., A . do Concelho, 11." 332, doe. 473.
1869 55 378
1870 5 663
1871 18 542
TOTAL 12 55 35151 2726 418 7 10 16400

134 135
 Em igração para o H aw ai 1878-1913 Fianças de embarcações com emigrantes
~
.... ::l CJ .cu ai <li ..:.:
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N av io Provoni ôncia Data Passa eiras ~
'ECJ .:'J c -o o ~
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Priscilla a lem ão Madeira JO-Se t-1878 80 40 60 180 1854 1 1 8 1

Raven ingl,;, " 23-Ago -1879 133 110 176 419 1855 7 6 2
High Flve r "
Açores (I) 24·Jan -18RO 109 81 147 337 1856 1 6
" " (1)
1857 1 7 3
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(I) 25-Ago-188I 100 182 488 1859 1 9 3 2
Earl Delhansie " " (I ) 27-Ma i- IR82 94 82 146 322 1860 1 10
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Bordeaux fra ncês Madeira 3-0ul ·1884 273 173 262 708 1869 5 1
Dala lngl ês " 9-Jun-iH85 63 .'10 165 278 1870 8 1
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Victoria inglê s Madeira IJ-Sel-1899 21 5 % 72 343 1876 3
1877 5
Jleliopolis espa nh o l Málaga, 1
26-Abr -1907 1878 7
Ma d ., Açores 608 554 1084 2246
1879 3 7 2
Keerneric - Madeira 27-Jul 1907 333 306 475 1114 1880 2 5
Swan ley - Mad . c Açores 12-D ez- 1909 337 221 310 868 1881 4
Osteric - M ad. e Conti 13-Ab r-1911 547 373 531 1451 1882 3 1
]883 4
Willesd cn - A ço res c Cont. 3-Dez -1911 639 400 758 1797
.. ]884 6 1 3
Haspa lien - 16-Ab r-1912 496 328 626 1450 1885 1
3 2
Willesdcn - Ilhas e Con to 30-Mar-19 13 491 377 440 1308 1886 4 2 1
Asco t - .. 4-Jun- 1913 424 327 532 1283 1887 6 3 1
: 1888 14 2
TOT AL 7503 5536 10232 23271
1889 ?

1) São Miguel
f o tal 14 48 213 5 4 fi 23 6 8 1 2
Fonte: John Henry Felíx e r eter F. Seneca1, Thc Portuguesc in Hauuii, Honolulu, ]978,28-30.

136 137
 NOTAS
21 Lu ís d e Sousa e MELO, "E co nt udo eles foram...". in I~/ eH!l a, n ," 2, 1988,
1 Defensor, n.".181, p p .1-3.0 estudo ma is desenvolvi do d a situação so cioeco­
n órn ica m ad ei rense s urgirá em es tu do q ue vimos rea lizando, tendo como pa no
d e fu nd o o v in ho d a Ma d eira .
2 A Reforma, n° 6 (1852), 1
3 ARM Cavemo Civil, n.".20, fls.43v" -44; Mich ael P. TESTA, O apóstolo da
Madeira, Lisboa, 1963; Rev . W. Ca rus WILSON, The Madeira Persecutions, Lon­
d res, si d; Fernando Castelo BRANCO, "Subsídios para a Histó ria do p ro tes tan­
tismo na Madeira: o caso Kalley ", in Actas do I Colóquio Internacional de História
da Madeira. 1986, Funchal, 1989, pp. 1338-1362; François GU IC HARD, "Le pro­
tes ta n tism e au Po rt uga l", in Arquivos do Centro Cultural de Paris, vol. XXVIlI ,
Paris, 1990, pp . 455-482.
4 M ichael P. Testa, ibidem , 6, 63-64, 82; O Defensor, n." 249 (1846), 2.
5 ARM, G.C , 644, fls. 262\,0-263vo, 9 de Set~mbro d e 1847; ibidem, fi. 151v"
(1850).
6 ibidem, n." 318, fls. 20-27v", 21 de Agosto de 1852; A Ordem, n ." 126 (27 de
Maio de 1854) .
7 A Reforma, n ," 6 (185 1), 1; A Imprensa, n" 29 (1863), 3, n ." 11 e 18.
R N." 6, 1.
9 A RM, G.C , n." 632, fols. 63-65,23 d e Abri l d e 1873.
10 Conf ronte-se Marcel REINH ARD, A. ARMENGAND, ].DU PAQUJER,
Histoire Gén érale de la population mondiale, Paris, 1968; Leslie BETH EL, A abolição
do trâfico de estrato s 110 Brasil, S. Paulo, 1976, 354-357; Miriam Ha lpern PEREIRA,
A políticaportuguesa de emigração. 1850-1930, Lisboa, 1981, p p . 8-13 .
11 "M ad eira", in Dicionário Universalde Português Ilustrado (Sep.), P: 728.
12 Veja-se comp ilação das p rinci pa is peças d oc umentais da su a acção em
Uma Época Administra tíua da Madeira e Porto Santo, 3 vo ls., Fu nchal, 1849-1850.
13 Uma Época Administrativa da Madeira e Porto Santo, 1,64-83, 111, 105-106.
14 Colecçãode documentos relativos il construção da Ponte do Ribeiro Secona ilha
da Madeira.", Fu nchal, 1848; Colecção de documentos relativos à crise dafome por que
passaram as ilhas da Madeira e Porto Santo, noano de 1847, Func hal, 1848 .
15 O Progressista, n." 112 (1853), 1.
16 O Clamor PlÍblico, n." 27 (1855), 1-2.
17 N.o 35, 3.
18 O Clamor PlÍblico, n." 69 (1855), 1.
19 O Funchalense, n." 24 (1859), 1-2.
20 Confro n te-s e ].Costa LEITE, "Em ig ração portugue sa: a lei e os n úmeros
(1855-1914)", in Análise Social, vol. XXllI , n." 97, 1987, p p . 463-480.
138
pp . 84-86 .
22 A Ordem, n" 77 (1853), 3· 4; O Progressista, n ." 50 (1852), 3-4.
23 Mo ta d e VASCONC ELOS, Epopeia do emigrante insular, Lisboa, 1959,
19-20; R.FRElT AS, Notice SUl' le f'orlllgal, Lisboa, 1867, p.10 (30),
24 ARM, C.C , n ." 645, 132v"-133.
25 A rqu ivo Regional da Madeira, Cavemo Civil, n." 465,467.
26 R. FREITAS, Notice S U l' le PClrlugal, Lisboa, p.1O (30),
27 N°. 273, pp . 1-2.
zs A Família do Derwmrista, Funchal. 1839 ; Mar ianna Xavie r da SILVA, "O
de rnerarista ", in lslenha, n." 2, 1988, pp .l02- 112.
29 A Flor do Oceano, n," 273,1 -2.
3D ARM, GC, n.o 318, 209 1-210.
31 Para o estudo da emigração madeiren se co m de stino ao Hawai são de
particula r importância os seguintes liv ros: Joaquim Fra ncis co de FREJTAS,
Portllgllcse HalL'aiall Memories, Hono lu lu , 1930 (rese nha d e qu inhen tas biografias
ilustra d as ); John H. FELIX e l'e ter F. SENECAL, Thc Porlugucse iII Hawaii.
I-1onolul u, 1978 (com pi lação d e textos feita pa ra comemorar o cen tená rio da
e m igr açã o m ad e iren se pa ra o Hawa i).
32 John H . FELlX , i/lidem, 55-58; Horácio Bent o d e GOUVEIA, Canhenhos da
IlJUI , Funchal, 1966, 101-103, 171-173; DiáriOde Noticias, Fu nchal , 29 de Ju lho de
1883.
3:'1 Breve notícia acerca das ilhas de Sandtoich e das uantagens que elas cferccem ii
emigraçãoque 1105 procura, Fu nch al, 1878.
JoI Jo hn H . FELlX, ioidem, 27.
35 Veja-se O rlando RIBEIRO, A Ilha da Madeira .." Lisboa, 1985, 1 12.
36 A.R.M., C.C, n ," 731-733.
37 Joh n H . FELlX, ob. cit ., 111-134; Edgar C. KNOWLTON, "Madeiran in
Hawaii'' e Noe l MENEZES, 'T he winged im pu lse. The rnadeiran portugues in
Guyana an econornic soc ial-cultural perspective" , comunicações ap resentada s
ao Colóquio Iniernacíonnl de História da Madeim , Funchal. 1986; IDEM, Scenesfrom
tire Hislory of lhe Portuguesc iII Cuyalla , Londo n, 1986.
38 Eduardo Mayone DIAS, "A presença portu guesa no H aw ai". in Boletim
Culiuralda Assembleia Distrital de Lisboa, T. 1, n ." 87, Lisbo a, 1981, 163-235; Noel
MEI\'EZES, "A socied ad e portuguesa de bencficiên cia na Guiana britânica ", in
Allâlltico, n ." 15, 1988, p p . 217-219.
39 Mota de VASCONCEL LOS, ob, cit, 9-11 .
40 Oh, cit.
41 0 Progressism, n.o 5,3.
42 O Defensor, n .? 249, 2.
43 ARNl, Câmara Mllllicipa l da Ponta do Sol, n." 33, Ils. 176-179\'''.
oU ARrvl, C.C, n.o 644, 205vo-206vo.
45 Uma Época Administrativa da Madeira e PortoSantv, I, 15-21 .
139
 46 ARM, c.c, n.o 644, 205vo-206vo. fbidem , fls. 1814.
47 Íbidem, 78 A fonso COSTA, Economia Nacional. O problema daemigração, Lisb o a, 1911,
cap . V, "Regulamen tação d e em igração portuguesa", pp .161-183; M.Ha lo ern
4S AI-lU, Madeira e Porto Sal/to, n.o~ 154-157.

P EREIRA . A política de emigração. 1858-1930, Lisboa, 1981.

49 Íbidem, n.o ~ 548-550 .

79 Íbidem, p . 8.
50 ARM, C.C, n." 17, ] 59vo.
soSob re a p ri ncip al leg islação publicad a co nfronte-se C ar los Vieira RAMOS
51 lbidem, n," 12, fi . 1 15vo.
(org.), Legislação Portuguesa sobre emigração c passaportes, Lisboa , 1913; Adol fo
52lbidcm, n." 19, fls. 185-186, 24 de O u tu bro de 1845. Des ta situação foi d ado LIMA(org.), Emigração:seu regimen: passaportes, Fama licão, 1929 .
co n hecimento ao cônsul inglês p ara avisar os seus s úbd itos tibidcm, 112. fls.
8 1 AHM .Madeira e Porto Santo, n ," 154-157 . alva rá 4 de Jul ho .
148vO).
82 Uma época admiuistratioa da Madeira, r, 50-60. Aí são re fe rid os os a lva rás
53 Íbidem, n," 19, fi. 209; AR.!'vl, Administraçãa doConcelho doFunchal, n,? 3] 8, fI. 24.
de 6 de Agosto de 1660, 19 de Setem bro de 1761, 4 de julho d e 1758, 20 de Janei ro
54 Íbidem, n." 318, fls. 26vo-27vo. de 1818 e a portaria de 9 de Ju lho 1810.
55 No período d e 1845 a 1866 surgem vin te referências ao uso desta prática 83 Íbidem, pp .60-64, 21 d e Sete mbro 1847.
ao lo ngo d a costa su l da ilha .
!l4 Veja-se Uma época administrativa da Madeira e Porto Santo. 3 uols, Funchal,
56 A RM, C.C, 112, fls. 175vo-176, 277, 280.
1849-52; Colecção de documentos reuuiios à crise da fome poroue passara m as illras da
57 {bidem, fls. ] 15, 165v"-] 70; id em , Administração do Con celho do Funchal, n," Madeira e Porto Santo no alio de 1847, Funchal, 1848. Esta op in ião é corroborada,
318 , fi . 84vo, 134-135. p or diversas vezes em trabal ho s publicados na imprensa . Veja -se. por exemplo,
58 ARM, C.C, n," 113, fl.l50v"-151; n.o 115, fl. 107vo.
O Clamor P úblico, n." 69 (1855).
59 lbidem, n.o 20, fls. 128-129vo, 134-135.
t\5 ARM, C.C, n.? 14], fi. 55, 21 de Abril l84l ; ARM, C.C, n," 114, fls. 193-194,
60 lbidcm, n ." 112, 115. J53. ci rcu lar d o b ispo de 14 de Outubro 1858.
61 ARM, Adminisiraçio do concelhodo Funchal, n.0318, fls. 25v"·26v", 29 v", 44, 48v". 86 Uma Época Administrativa da Madeira e Porto Sa"to, Vo 1. I. pp . 30-38.
62 A RM, C.C , n ," 112, fi. 182; idem, Aministração do Concelho do Funchal, n." 87 AHM, Madeira e Porto Santo. n ," 548-550 .
318, fls. 43v "-44. 88 O Progressista, n,? 91, p . 2.
63 lbidem, 318, fls. 44-48; idem, C.C , n ." 20, fi. 38v".
89 ARM, C.C, n." 464,465, ·167.
64 ARM, Administração do Concelho do Funchal, n." 358, fls. 44-48.
90 ARM, C.C n ." 17, f1s. 131-132, 28 Abri l 1841, ex iste o liv ro reg isto
65 Uma Época Administratioa daMadeira e Porto Sal/to, 1,8-9,4-22,29-30,42-46.
passaportes no governo civi l a p arti r de 1853.
66 lbidem, 87-89; A RM. C.C, n.o 113, fls. 212v"-213, 235.
91 Íbidem, 159-V .
67 Íbidem, n,? 613, fi. 97.
92 Os documentos justificativos da passagem d es tes p assa p o rtes encont ram­
AHU, Madeira e Porto Santo, n." 526-534.
-se no ARM, C.C, n." 735-754.
69 ARM. C.C , n." 110, 1-2.
93 Confron te-se Manue l da Costa DI AS, Colonização dos planaltos de A ngola.

70 Íbidem, n." 17, fl. 132-vo; O Progressista, n." 25 (1851), 2-3; A Ordem, n." 190 Subsídios para o estudo do problema da emigração nacional, Lisboa, 1913; Nu no
(1855), 3. SIMÕES, O Brasil e a emigração portuguesa (notas para lIm esi udo), Co imb ra, 1934.
A questão da emigração na segunda m eta de d a ce n túria o ito cen tista prop iciou
71 O Progressista, n." 25 (1851), 2-3; n." 28,2-3.
um deba te em várias fren tes, ainda nã o devida men te escl arecid o pela his to rio­
72 A RM , c.e., n.? 77. fl. 132vo, 30 de Abril d e 1841. grafia .
73 ARM, Administração do Concelho do Funduú, n." 318, fi. 58-v", 69vo-70; n." 94. Ca bral do NASCIMENTO, «Colon ização d o Bras il p or m adeire nses », in
21, n. 62-v o; n ,? 315, EIs. 35v"·36 , 183; n ." 318, fI. 24-\' ''; O Progressista, n.o23 (1851), ArquivoHistóricodaMadeira, v ol. V, 1937. pp . 49-54; Horácio Ben to d e GOUVEIA,
2-3; n," 32, 3; n." 33, 2.
« Aspectos da emigraç ão m adeirense para o Brasil nos reinad os de D. Jo ão V e
74 A RM , C.C , n.? 20, fI. 20v"-21, 67vo-68, 149-] 51vo; n.o 21, f1 s . 62-vo; n." 22, D . José», Das Artes e da História da Madeira, 1948-49, p p .17-20; W alt e r PIAZZA ,
fl. zo-v. n ." 318, fls . ssv. n.o 315, fls . 35v" -36, 38; Uma Época Administratioa da "M ad eire nses no Povoamen to d e San ta Cata rin a (Bras il) séc u lo XVlII" in Actas
Madeira e Porto Santo, I, 28-29; O Progressista, n ." 23 (185] ), 2-3; n." 32, 3; A Flor do do I Colóquio Internacional de História da Madeira, II, 1990, p p . ] 268-1286; Idem,
Oceano, n ." 273, 1-2; A Ordem, n." ] 1 (]852), 3. "Raízes Mad eire nses em Santa Catarin a. Brasil in li Col ôquio Internacional de
75 ARM, A dministração do Concelho do Funchal, n ." 315, fls. 432v o-434. História da Madeira, Fu nch al 1990, 355-364; Adelaide B. CO UTO e outros "O
76 Íbidem, fls. so-v. Povoamento da ilh a de San ta C ata rina e a vinda d os casais ilh éus", lbidcm,

140 141
247-263; Maria de Lo u rdes F. FERRAZ, "Emig ração Mad eiren se para o Brasil no 111 Íbidem, n.? 116, fls 23V, 16 Setembro 1873.
século XVlIl" in Islenha , n'' 2 (1988), 88-101 . 112 ARM, C.C, n," 112, fls 148-148V, 28 Outubro;ARM, c.c. n." 644, fls 26-V .
95 O Progrcssisi« n" 112 p.I , refere a ida d e 21 fam ília s; A Ordem, n" 77 (1853), 113 Uma Época AdministrativadaMadeira e Pl1rto S(lnt o, I, pp. 90--92, 14 Março.
pp . 3·4. Pa ra o ano d e 1888 é co nhec ida a lis ta de 846 co lo nos, co nfron te-se ARM , 114 Uma Época Administrativa da Madeira e Porto Santo, vol. I, pp . 30-38, 31
Administração do Concelho do Funchal, n".138.J. B. Ferreir a d' Almeida, "Apo n ta­ Agosto 1846.
mentos para a H istó ria d o estabelecimento da colón ia de S. [ anuario nos terren os
115 ARM, c.e n .o 112, fls 182, 18 Abril 1846, p ed indo 12 baionet as para
de H um pat a (Distrito de Moçâmed es)", in Boletim da Sociedade de Geografia de
serviço vigilâ ncia; A RM, c.e n." 20, fls 38 V, 5 Setem b ro 1846; ARM , Adminis­
Lisboa, serie 2.1 , n." 4, 1881, pp . 304-317, n ." 6, 1881, p p . 456-467.
tração do Concelho do Func hal, n," 318, fls. 43 V -44, 20 Junho.
96 Horácio Ben to d e GOUVEIA, "Aspectos da emigração madeirense para
116 ARM, c.c, n." 112, fls 126, 28 de Maio de 1845.
o Brasi I nos reinados de D. João V e D. José ", in Das A rtes c Da História da Madeira,
117 ARM, Administração do Concelho do Funchal, n ." 318, fIs 44-48, 11 de Jul ho
1948-49, pp . 17-20; Leandro de MENDONÇA, "A co loni za ção ma deirense no Su l
de 1846.
de Ango la", in Das Artes c Da História da Madeira, vo l. I, n." 5, 1951, pp . 35-36;
Ga stão de Sousa DIAS, A cidade de Sá da Bandeira, Sá da Bandeira , 1957; Carlos 118 ARM , c.e, n," 112, fls, 115,26 de Fevereiro de 1845.
Alberlo M EDEIROS, A cohm ização das terras altas da Huna (Angola). Estudu de 119 ARM, Íbidem, n.O318, fls 48-V , 29 d e Ju lho de 1846.
Ceografia Humana, Lisboa, 1976. 120 Uma Época Administrativa da Madeira e Porto San/o, vol. I, pp. 8-9, 8 d e
97 O Progressista n° 133 (1854) P: c.; A Ordem n." 144 (4 de Març o 1854);0 O utub ro d e 1846, pp . 21-22, 30 de O u tu bro, pp . 29-30, 10 d e Fevereiro 1847, pp .
Clamor Público, n," 27 (20 de No vembro 1854, p p . 1-2). 38-40,31 de Agosto de ] 847.
98 Clemente José d os SANTOS, Estatísticasc biographias parlamentares poriu­ 121 Uma Época Administrativa da Madeira e Por/o Santo, vo l. I, pp. 87-9, 13
gUelas, Porto, 1887, p p . 233-234 , cr iada a 3 d e Maio, d e la fazia pa rte o madeirense Fevereiro.
Visc onde d a Ribeira Brava. 122 O Defensor n ." 7]( 1841), 201(1843) .
9'J N." 144,4 de Março 1854; ARM, C.C n ." 645. f1s95-100V, 6 de Setemb ro 1653. 123 O Defensor, n ," 96 (1841), p. 2.
100 Bibl ioteca Nac iona l de Lisb o a, Secção de Reser vad os, Colecção Josefil/a, t. 124 O Defensor, n .O 72 (1841). p p . 2-3; n," 97 (1841), p. 1-3. Ele é citado en tre
VI, co d. 456; Alberto Ar tu r SA RM ENTO, Umfidalgo madeirense empobrecido pede 1854-59, como consignatário de navios com emigran tes para Demerara e S. Kitts,
transportepara o Brasil, Funchal. 1945. ve ja-se, ARM, c.c.. n." 465, 467.
101 Maria de Lourdes de Freitas FERRAZ, art.cit. 125 N.o S 3, 6, 7, 10.

102 Confronte-se Leandro MENDONÇA, arl.cil. 126 N .oS 73 (1850), p. 96.

103 ODiário de Notícias (Fu ncha l), de 16 de Março de 1955, publ ica uma lista
biográfica, em s up lemen to es pecial por ocasião de ret orno à ilha de um grupo
desses co lonos . Acresce, ainda, o relatório do primeiro ano de adm inistração,
onde é referida a ac tividade desenvo lvida pe los madeirenses, publicado por
Alfredo de Albuq uerque FELNER , Angola. Aponuunentos sobre a colonização dos
planaltcs dosul de AI/gola, voI. lll, Lisboa, 1940, pp. 228-234.
104 O Brasil e as Colónias Portuguesas, Lisboa, 1978.
105 Confronte-se M iriam Halpern PEREIRA, ob. cii,
S
127 N.o 28 (1851), 32, 36, 39, 46.
1211 Correio de Madeira, n ." 73 (1850), P 2. Testemunho env iado pelo corres­
pondente em Pernambuco da "Rev ista Universa l Lisbonen se" e p ub licad o ta m­
bém por O Progressista 33 (1852), 35 (1852), p p. 3-4. É ele qu em refere a exp loraçã o
a q ue es tão sujeitos os emigra ntes. Ass im, nos pr im eiros 900 dias eram su jeitos
a trabalhos fo rçad os, com apenas 25 cên timos d e ordenado, sendo o resto p ara
a v iag em, q ue se an unciara gra tuita.
129 Correio de Madeira, n ," 96, su ple men to, ca rta 26 Julho 1850.

106Uma Época Administrativa da Madeira e Porto Sallto, I, pp . 30-38, 31 de
Agosto de 1847; confronte-se o mesmo pp . 22-27, circular de 24 de Novembro
1846 ao Administrador do Concelho.
107 Todavia, o alvará d e 4 d e Julho de 1758 e a portaria de 16 de Ma io d e
1835, estabeleciam limitações , só concedendo o passaporte com jus ta causa,
veja -se ARM, C.C, n ," 110, fls. 1-2, 8 de Julho 1836.
ios AHM, Madeira e Porto Sal/to, n." 526-534.
109 ARM, c.e, n," 19, fls 185- 186, 24 de Outubro 1845; O Progressista, n ." 91,
p . 2, refere portarias d e 19 de Agosto e 9 de Dezembro d e 1842.
110 ARM, c.e, n," 21, fls 156-157V, 26 de Outubro 1851.
130 O Progressista, n ," 28 (1851), p. 2-3.
131 O Progressista, n." 45 (1852), P: 4, carta d e João José Bas ílio Pereira d e 14
de M aio .
132 O Amigo do Povo, n." 78 (1852), p . 3, ca rta d e João José Gonçalves de 27
d e Jan eiro 1852.
133 N ," 236, p . 4 refe re-se a beleza d a ilha, a comodidade d o clima e a proposta
d e um salár io elevado na sa fra d o açú car.
134 N .o 20, p. 159, n ." 21, p. 167, n ," 47, p . 369.
135 Breve noticiaacerca das i1/UiS de Sandunch e das vantagens que elas oferecem à
emigração que t IOS procura, Funch al, 1878.

142 143
 136 Guilhenne Al buquerque FRANÇA, Guia doemigrall ti:e discripção resumi­
da da Republica Oriental do Uruguay «capital Montevideo». Suas condições ecouomi­
o ANTILUSITANISMO E A QUESTÃO SOCIAL
co-agricolas, hyglólicas e commerciaes. COJwelliencias que offerece ao emigrante que se
EM PERNAMBUCO, 1822-1848.
queira dirigir para aquella republica, Funchal, 1888 .
137 O Progressista, n.? 59, 4. iVlarclIs Carvalho'
138 Íbidem, n ," 23, 2-3.
139 Íbi âem, n ." 23, 2-3.
140 Íbidem, n,? 34, 2.
141 Íbidem, n," 25, 2-3; ibidcm, n." 91,2.
142 Íbidem, n ," 32, 2.
143 Íbidem, n." 23, 2-3.

144 Íbidem, n." 28, 2-3.

145 Íbidem, n ." 42, 2-3 .

146 lbidem, n ." 45, 4.

147 Íbidem, n ," 46, 2-3 .

Em 1849, 177 cidadãos portugueses deixaram a cidade do Recife,

148 Íbidem , n ," 75, 4.
capital de Pernambuco, com d estino a An gola, on de fun dari am a
149 Íbidem, n ." 85, 4.
colónia d e Moçâmedes. Comanda va a expedição Bern ardin o Freyre
150 A Ordem, n." 77, 3-4 . de Abr eu e Castro, pessoa conhecida no Recife, onde esc reve u o
151 A Ordem. n." 114. primeiro romance cuja estória ali se passava I . No ano seguinte, mais
152 Íbidem, n." 132, 1. de cem pessoas fizeram o me smo pe rcurso. A razão dessas pessoas
153 lbidem, n." 165, 2-3. deixarem a província foi o acirrado anlilusitanismo qu e vitimou
154 Íbidem , n ," 94, 3. muitos imigrantes portugueses, principalmenle entre 1844 e 18482•
155 O Defensor, n." 71; ibidem, n." 96, 2; ibidem, n." 201, 1. Como se mani festou esse antilusitanismo? Quem eram essas vítimas
156 Íbidem, n ," 72, 2. da violência nas ruas do Recife? Corno explicar o antilus itanismo
157 Íbidem, n ," 72,2-3; lbidem, n," 97,1-3.
dentro da política e imaginário popular da época? As páginas seguin­
tes buscam responder a essas questões.
158 N.o 38, 2-3; n." 289, 3; n ," 300, 2-4.
Voltemos à época da independência, quando foi feita urna pesa­
159 N .o 3, 2-4; n .o 6, 2-3; n." 7, 2-3.
da campanha antilusitana nas ruas, com o propósito de mobi liza r a
160 O Imparcial, n ," 38, 2-3.
população ur bana em torno da elite brasileira que buscava o comé r­
cio livre, a ind epend ência de Portugal. O problema era que esse
antilusitanismo poderia eventualmente escapar ao controlo dessa
elite. O primeiro caso desses ocorreria em 1823 quando o corpo de
tropa rebelou-se e tomou o principa l bairr o do Recife, sob o comando
d o capitão mulato Pedro Pedroso, que, de acordo com Fre i Caneca,
p rend eu 162 "europeus:", Naqueles d ias, dizia-se nas ruas um conhe­
cido verso : "Marinh eiros e caiad os / tod os vão se acabar/porq ue só
pardos e p re tos / o Brasil hão de habitar ". Vê-se aí uma distinção entre
os "mar inh eiros", corno eram conh ecid os os cida dãos portugueses, c
os "caiados", ou seja a elite local miscigenada, p orém caiada de branco
pela riqueza. Contudo, tanto os caiados como os marinheiros são

* (U FP E - Bras il).

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