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VIEIRA, Alberto (1998): "A Cultura da vinha na Madeira séculos XVII-XVII", in Os Vinhos
Licorosos e a História, Funchal, CEHA, pp.99-120, Funchal, CEHA-Biblioteca Digital, disponível em:
http://www.madeira-edu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/avieira/1998-vinhaevinho-XVIIeXVIII.pdf, data da
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A V I M A E O VINHO NA MADEIRA
NOS SECULOS XVII- XVIII
O madeirense desde o último quartel do sCcuIo XVI fez mudar os canaviais por
vinhedos, os quais alastraram a todas as terras cultivadas, devorando a floresta a sul
e a norte. Nesta authtica "febre viticola" esqueceram-se, por vezes, que deviam
semear cereais e plantar árvores de fruto. O vinho era a iinica fonte de sustento pois
com ele adquiria-se o alimento necesshio, trazido pelas embarcaçhs americanas,
ou a indumentária e manufacturas europeias, nomeadamente inglesas, tudo trocado
por pipas de vinho. Viveu a Madeira, desde o s&culoXVII a princípios do XEX,
embalada pela opul&ncia derivada do com&rciodo vinho e, com U o avultados
proventos, o madeirense copiou o luxo exuberante do meio aristocrático londrino.
A presença da vinha na Madeira, que surge com os primeiros colonos, era
inevitiivel no mundo cristão. O ritual religioso fez do pão e do vinho os dois ele-
mentos substanciais da sua prática, fazendo-os simbolos da essbncia da vida
humana e de Cristo. Por isso eles avançaram conjuntamente com a Cristandade.
Esta realidade revolucionou os hhbitos alimentares do Ocidente cristão, a partir do
séc. Vii. Deste modo em meados do seculo XV, com o processo de ocupaç80 e
aproveitamento da ilha, 6 dada como certa a introduç%ode cepas vindas do reino e
mais tarde a celebre malvasia do Meditedneo. Num lapso de tempo a paisagem da
ilha transformou-se: das escarpas brotaram as culturas e o denso arvoredo foi cor-
tado para consbvir habitações e erguer latadas.
A vinha conquistou o solo ilhtu em todas as direcções, tomando-se o vinho um
produto importante na actividade agricola. Jh em 1455 Cadarnosto ficara deslurn-
brado com o que viu na hrea viticola do Funchal; «.,.tem vinhos, mesmo muitlssi-
mo bons, se considerar que a ilha habitada h&pouco tempo. SiÍo em tanta quanti-
dade, que chegam para os da ilha e se exportam muitos deles>>'.
O vinho na Madeira do sdc. XV apresentava-sejá com um produto competitivo
do trigo e do açucar, com grande peso na economia local, sendo desde o inicio um
potencial produto do mercado externo da ilha. Os testemunhos abonatórios da
importhcia no comkrcio externo são miiitiplos. Assim, por exemplo, Shakespeare
não se faz rogado na insistente alus8o nalgumas das suas peças de teatro que o imor-
talimam'.
Os trigais e canaviais deram lugar às latadas e tialseiras e a vinha tornou-se na
cultura exclusiva do colono madeirense, h qual abibuiu todo o engenho e arte. Tudo
isto projectou o vinho pm o primeiro lugar na actividade econbmica da ilha, man-
tenbse por mais de três sdculos. O ilheu, desde o iiltirno quartel do sdc. XVI,apos-
tou em exclusivo na cultura da vinha, tirando dela o n e c h o para o seu sustento
d i o e. igualmente, para manter uma vida de luxo, sumptuosos pa18cios e igrejas.
Este processo d patente na Histdria e seus testemunhos presenciais. Se em 1547
Hans Standen refere que a economia da ilha se define pelo binbmio vinhdaçúcar,
j B em 1578 Duarte Lopes colocava o vinho em primeiro lugar nas exportações e em
1669 o cdnsul francês afimiava que o vinho era o prindpl negócio da i h . Toda a
documentação dos séculos. XVIIIIXIX t unhirne em considemr o vinho como a
principal e total riqueia da ilha, a única moeda de troca. A Madeira não tinha com
que acenar aos navios que por aí passavam, ou a demandavam, senão o copo de
vinho. Tudo isto fez aumentar a dependemia da economia madeirense.
A segunda metade do século XVi, e de modo especial as três iiltimas décadas, é
o momento de afirmação da cultura da vinha. O mercado adquire importancia
enquanto os canaviais deixam de ser rentheis. São iniimetas os registos que con-
firmam esta situação. Assim em 1571' Jorge Vaz de Chara de Lobos decidiu-se
mudar o seu chão das laranjeiras para malvasia "para dar mais proveito". IA em
15874a terra de João Gonçalves, em Santo Antbnio, que havia sido de vinha estava
com canavial de soca de um ano. Na verdade, a União IMrica veio a alterar a
geografia do mercado açucareiro e a Madeira viu de novo a possibilidade de expor-
tar nesta cultura. Todavia nem sempre foi assim o motivo de mudança na lavoura.
Assim em plena euforia de cultura açucareira no stculo XVII, Rafael Catanho
Vivaldo de Ponta de Sol lastimava a sua sorte "porque as t e m eram de canas he
as ditas canas se não quiseram daf5. Outro factor que condicionou as culturas
prende-se com as pragas. Nos inicios do skulo XVII o bicho atacou a cana. Martim
Afonso reclamavam em 1612 de sua sorte, pois a sua fazenda de fora dos Ratos não
era de grande proveito. O vinho em pouco tempo torna-se em vinagre, as canas
estão atacadas pelo bicho, por isso "não entendem o que poder$o vir a dar mas tam-
b&n que j B a n d d o de canas e por o bicho dar nelas as d e i x a estar devolutas e
as p h h m m de vinha há poucos anos por não darem canas por o bicho tudo levar
a eitoWjh para Manuel da Gram' os seus dois serrados eram quase improdutivos
pelos "ares e maldade da prbpria sem", a alforra e a falta de hgua, n3o dando assim
para adentro As despesas da capla a que estavam vinculados.
Esta reatidade 6 evidenciada em 1698 com uma sentença em favor dos Cdnegos
da Sé do Funchal, sobre 20 pipas de vinho nas freguesias de S. Pedro e Nossa
Senhora do Calhau. Na altura da concessão da congrua o vinho era do norte da iIha,
por o não haver em suficiente quantidade nas freguesias do Funchal. A razão disso
é clara: "segundo que naquele tempo estava em seu vigor a lavoura das canas de
assucar, a quoal oje se acha quazi extinta e em lugar das canas de assucar se aplan-
tarão muitas vinhas no termo desta cidade que dam vinho bastante para os
menistros eclesiasticos...'"
A afirmação de viticultura madeirense é retratada de forma evidente pelos
estrangeiros, nomeadamente ingleses, que escalam a ilha na segunda metade do
século XVII. Em 1646 Cristopher Jeafferson refere que a produção rondaria as
25.000 pipas. Já John Ovington estima a produção anual em 1689 de 20.000 pipas.
Aliás, este último traça-nos o quadro completo do mercado do vinho madeirense no
final do século XVII:
"Num cálculo modesto, a produção anual de vinho pode ser calculada em vinte
mil pipas, sendo este número totalmente gasto. Pensa-se que oito mil serão bebidas
na ilha, três ou quatro dispendidas no tratamento ou melhoramento e o resto expor-
tado principalmente para as Índias ocidentais, espedalmente Barbados, onde tem
mais aceitação que os outros vinhos europeus""
101
Domingos Rodriguez 3 000
Domingos Vieira Coelho. . . . . . . .S. Gonçalo. . . .3 000
Francisco Noronha Henriques . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 500
Gaspar Costa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 400
Heitor Nunes Berenguer . . . . . . . . .Calheta . . . . . . .5 000
Isabel Atouguia . . . . . . . . . . . . . . . .RaBrava. . . . . .1 000
Jerónimo Teixeira . . . . . . . . . . . . . .Gaula .300
João Escórcio Vasconcelos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 000
João Omelas Abreu 1 100
Lourenço Matos Coutinho .Funchal .30 000
Manuel da Silva. . . . . . . . . . . . . . .C. Lobos. . . . .2 000
Manuel Gonçalves Brandão .RaBrava. . . . . .1 400
Manuel Vieira Toscano .., .700
Pedro Gonçalvez Sidrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 000
Pero Catanho 3 500
Rafael Estêvão Florença . . . .. Calheta . . .3 000
Roberto Vilovit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 650
Fonte: ANTT, Convento de Santa Clara, n° 18.
LOCAL.. .1688 .1691 1692 .1708.1750.1752 .1753 1754 .1755 1757 . .1763
C. Lobos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 4 1
Santa Cruz. . . . . . . . . . . . . . 8. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .4
Ra Brava. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 1
Porto Novo. 1 . 2. 3 2. 3. . . . .. 1 1 ..."
102
espaço e o colono que era proprietkio das benfeitorias nectssMas ao aparecimento
dos vinhedos, isto 6, paredes, pks de vinha, latadas, loja e lagar, Deste modo t pos-
sível saber o valor destas ÚItimas benfeitorias por este simples facto. Nos testamentos
em seus inventsrios estabeleceu-se o seu justo valor para os Iegitimos herdeiros. O
colono recebia muitas vezes a terra baldia e ficava com o encargo de erguer paredes,
plantar as videiras, constíuir as latadas e o lagar, a troco de metade do mosto saido h
bica do lagar. O senhor apenas se limitava a assistir h vindima e partilha do mosto.
Em muitos casos nem sequer estava presente nem se fazia representar por feitor,
ficando o colono com o encargo de o conduzir As suas lojas do centro da freguesia ou
no FunchaI. Deste modo todos apresentam-se com lagar, sendo este de acordo com as
suas possibilidades. Assim, temos as lagariças de pedra, o lagar de pedra o cocho e o
fuso. Estes lagares e a casa implicam para a maioria um avultado investimento.
Partindo desta realidade podemos afirmar que todo a investimento necessário a
cultura de vinha era da responsabilidade do colono. Era ele quem atribuía a mais-
valia ao terreno mercê das benfeitorias que aí era obrigado a fazer para que as cul-
turas medrassem. Daqui resultarh uma situaçiio de duplo favorecimento do proprie-
thio. Por um lado retirava o seu rendimento sem qualquer investimento e, por
outro, vinculava o colono A sua propriedade atravds de um contrato regido pelo
direito consuetudinário. O sucesso desta instituição, conhecida como contrato de
colonia deva% estar precisamente nesta teia de relaçbes e interdependbncias.
Este investimento inicial, assumido pelo colono em terras de senhorio era eleva-
do, podendo ullrapassar os quinhentos mil reis, distribuídos entre as paredes de
retençao das terras, as parreiras, a latada e corredor de canas e vimes e o lagar com
sua casa ou palheiro. De um modo geral o valor mais elevado incidia sobre o le-
vantamento de paredes e das parreiras. A casa e o lagar sb adquirem outro valor
quando são em simultaneo morada do colono e portanto a construção 6 mais cuida-
da. Deste modo esta benfeitoria poderia quedar-se por apenas 800 r&, como é o
caso do lagar de Manuel Gonçalves em Campanário, ou ultrapassa os trezentos mil
reis, como sucedeu com a casa e lagar que Domingos da Silva Pinto havia cons-
truido na Eazenda de Francisco Figueira no Estreito de Câmara de Lobos. Note-se
que neste caso estaremos perante um lagar de grandes dimensíks, tendo em conta
estes cultos de trabalho com o pedreiro e carpinteiro e o valor assinalado para as
parreiras plantadas que era de 372.580 dis".
A avalia* do lagar era feita tendo em conta a sua capacidade, a forma de cons-
truçgo, a disponibilidade de apetrechos e a cobertura que o protegia. A presença de
utensílios, como a tina, funil 6 rara e mais difTcil 6 ainda encontrar a referência ao
vasilhame, o que poder8 ser indício de que o mosto seguia directamente para o
Funchal.
As despesas de construção do lagar eram elevadas. Assim no Iagar que constru-
iu Domingos da Silva Ponte no Estreito de C h a r a de Lobos, o serviço de pedreiro
e carpintaria foi avaliado em 305$700 reis". A valorização dos diversos compo-
nentes do lagar surge com Paula de Aguiar da Tabua. No seu inventhrio declara a
madeira do lagar em rocha e tina por 10$900 reis, a pedra de empesar em 5$000
&i$, carpintaria do lagar (fusoe toda a madeira) 12S400, palha e cmas da cobertu-
ra 600 rkis. O senhorio havia comparticipado com 5$000 das paredes, pedra de
empesar e 5$000 do fuso".
Em 1664 Manuel Moniz refere no inventário da sua fazenda na Ribeira Seca
cinco tontis, avaliados em 5 000 réis. Jh em 1752 Romão Figueira declara para
inventário dois barris e dois funis de ceIha no valor de I 000 reis'".
Na cerca do convento de Encarnaç$ioestava tarnbem uma latada com vinho. As
contas do convento do sbculo XVII s b reveladoras das despesas da sua
manutenção. Assim os tamões para a latada custaram 300 réis, enquanto os sete
homens que podaram a vinha receberam 350 réis e o homem que andou quatro dias
na vindima recebeu 200 réis.I1
O maior investimento por parte do v iticultor/colono estava no arranjo das terras,
no plantio, enxertia e cuidados a ter com a vinha. Temos informação sobre o valor
dos bacelos e dos enxertos. Em 1592 os bacelos eram avaliados em 6 rdis cada, situ-
ação que se mantém em 1742, uma vez que um milheiro equivalia a 6 000 rdisi8,Os
enxertos referidos para o stculo XVIII, são avaliados em 50 rkis por pé19.
Quanto A extensão de vinhedos t de salientar alguns casos pelo número signi-
ficativo de milhoiros de parreiras dadas a inventhio. Assim,em 1748 Antónia de
Freitas, casada com João Rodriguez Mazag%otem em S. Martinho terras de ben-
feitorias do capitão Francisco da Cunha com 43 600 parreim. Este é o-maiorinves-
timento vislvel do colono. A despesa em Iatada 6 reduzida, o que deverá ser prova
do uso da vinha de pé''. Diferente t todavia o caso de Maria Pereira no Campanário
que para 24 232 parreiras viu-se obrigada a investir 45 000 reis na construção de
latadas a que se soma mais 65 000 reis de paredes2'.Note-se ainda que esta última
despesa dependerá do local onde assentar8 o terreno. Todavia, o facto mais signi-
ficativo prende-se com a realizaçiío destes investimentos nos seculo XVII e XVIII.
Esta situação era reveladora, sem dhvida, que ainda nesta tpoca se procurava
cbnquistar o terreno baldio para a vinha. A afirmação da vinha foi assim resultado
de uma usurpação do terreno ocupado com os canaviais abandonados, mas acima
de tudo pela conquista dos baldios situados em zonas com condições apropriadas a
esta cuItura.
Acresce ainda o facto de os dados disponíveis serem reveladores de uma aposta
preferencial nesta cultura e do seu indeldvel crescimento a partir da segunda metade
do sdculo XVII. Era a vinha que valorizava o espaço agrlcola e todas as tarefas e
benfeitorias que conduzissem h sua afirmação eram por consequencia tamb6m valo-
rizadas. Daí que n%oseja estranho nestes inventários uma assldua referencia A vinha
e as benfeitorias correlativas.
Destino . .. .1687 .1688 .1689 .1690 .1691 .1692 .1693 .1694 .1695 .TOTAL
Pernambuco . . . . . .310 . .380 . .135 . .480 . .400 . .400 . .370 . . .2475
Baia . . . . . . . . . . . .505 . .605 . .855 .1010. .200 . .982 . .900 . .. ..- . .117 .. .5174
Angola. . . . . . . . .208 ..438 ..450 ..425 ..382 ..212 .. .2115
Cabo Verde. . . . . . .25 ..190 ..112 .. ..327
Rio de Janeiro. . . .200 . .240 . .487 . .500 . .250 . .120 . .390 .. .82 . . .2269
106
A que jB worria nos Açores onde Gaspar Frutuoso o considera vinho de missa.
A partir das cartas de Diogo Fernandes BrancoY,que compreendem os anos de
1649 a 1652, é possivel ter uma ideia da evolução do mercado.
..
Destino .Pipas de Vinho
Angola . . . . . . . . . . . .I368
Barbados ........... - 21
Brasil . . . . . . . . . . . . .,133
Cabo Verde ......... - 2 5
Lisboa . . . . . . . . . . . . 108
.
Londres . . . . . . . . . . ..232
Outros ............ .I452
Total ............ .3339
Uma vez que o principal empenho deste mercado madeirense estava no tráfico
negreiro que ligava a costa oriental africana e o Brasil, temos em Angola o princi-
pal destino destes vinhos, que aí se trocava por escravos para depois na volta con-
duzir ao Brasil donde os trocaria por açúcar com retomo ao Funchal. Era o ver-
dadeiro circuito de triangulaçiío que tinha o epicentro na Madeira.
Jh a correspondtncia particular de Williarn Bolton", um mercador ingI&sestabe-
lecido no Funchal, para o período de 1695 a 1700 reveIa-nos outra realidade que
acabou por vingar no mercado do vinho, isto é, as Antilhas. Senão, veja-se o Brasil
será por todo o s8culo XVII o principal mercado do vinho da ilha. A apeencia dos
madeirenses em conseguir chegar a este mercado, n%o obstante as limitações
impostas pelo monopblio da coroa, levou a que se abrisse uma oportunidade com a
licença dada a duas embarcações por ano. O açúcar transaccionava-se em paralelo
e troca com o vinho. O principal destino era o Rio de Janeiro, Baia e Pernambuco.
A presença de William Bolton na Madeira enquadra-se na nova conjuntura,
favodvel ao assentamento inglés na ilha. Os diversos tratados de amizade entre
Portugal e a Inglaterra propiciaram esta presença que se torna necessária pela
necessidade de provimento do mercado colonial e est8 facilitada pelos actos de
navegação iniciados em 1651 com Cromwell.
A política mercantilista inglesa havia estabelecido que t d o o movimento para os
portos das colhias británicas deveria ser feito por barcos com pavilhão ingIts,
sendo a partida e regresso de Londres. Todavia a ordenança de 1663 estabelecia
uma excepçgo lo ilhas da Madeira e Açores que ficaram com o exclusivo do fome-
cimento de vinho, via directa.
Williarn Bolton é o primeiro mercador inglbs que se enquadra neste espírito e
cuja actividade comercial pode ser acompanhada atraves das cartas que nos deixou.
As coldnias inglesas das Antilhas e Amkrica do Norte são o seu objectivo e o vinho
o principal negbcio.
As Antilhas (Curaçau, Barbados, Antigua, Nevis, Jamaica, Bermudas) surgem
com uma posiç4lo destacada.
115
PARREIRAS E ENXERTOS
DATA i
proprittlrio Colono ih a l ?arrcirar ! ~ n x t r t o s ~ Totat
1692-0ut-18f.RobertVílovit .. ....i.. . . . . . . . . . . . . j.Funchd ...i...1.650f........ f .I 0.900
172%-Ago-19.-I Ant6nio Brito . .:.ManuelAbreu ...~abua ....i... 4.446 i. . . . . . . . j .27.230
1730-Mai*? i.J& Gomes Jardim ..j . . . . . . . . . . . . . .i.S. Mmtinho j . .I 5.000j ........ i .75.000
1731-Fw-06I.Manuet Gomes . . . . .i. . . . . . . . . . . . . . f.Campan&rio 1 . . h636 1 ........i 25.315
1732-?-?. . . .I.? . . . . . . . . . . . . . . . .i.AntbnioJoma .f.Tabua .... .i... .a171. . . . . . . . i 25.315
1732-Nov-21! . ~ m i s oHomem o i
..........i. d'El-Rei . . . . . . . . . . f.Pedmdacruz .f.C.b s . .I.. .3.800i........ I.I9.000
1733-0ut-20i.~wnciscoXavier I i
........... dcBaiona ........ f.J&Gonçdves :.R.Brava . .i. . 6.454: . . . . . ...i.27.270
1735-Jan-I1.i.~amie1pereira .....I. . . . . . . . . . . . . . i.Tabua . . . . 1 . . .2.537 ........I. I 2.575
1736-Fev-I5!.José Ferreira ~ e s q u i 4Funchal ......i.7.933 . . . . .i . . . . . . . i . . . 39.665; . . . . . .
Maio.20 . . . .;.ME&Femmdes ...i ............. . . . . . . . . . . j . .18.1761........i .S6.528
Ag046 .....I
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Out-O5 . . . . . i.Fc~nciscoLuís !:
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......... .i. VammmIos .......!.Manuel Pires . . i ........... i ..12.500 1 ........ i .62.500
1738-Jul-15 .i.BcrnsrdoGwveia . .i............. .i. S.Agua . . .i. . .1.171 i. . . . . . . . i . I 5.820
Jul-16......i.Catuina Abrcu . . . . . 1. ............. / . ~ a r n ~ a n & ii o. . .8.300 i . . . . . . . . j .41.500
1739-Fw-20i.riedmdaChara .... i.Maria-a . . .i.......... i . .15.400 i. ........ .77.000
Nova7 .....I . F r m h Luis .....!.Mariana i !
. . . . . . . . . . !.vascwictios ...... .f. d c F ~ h.....f. S. M r d m f .. .9.MH)i ...... . . i .S 1.100
1740-Nov-2Si . ~ a s ~ pereira ar .....i.ManuelGomes .i.E.C.Lobm . i . . .4.800 I ........ i .22.800
1741-Jun-21 .!.Manuel F m d e s . .!.............i.Campanário i .. .5.000/........ i .22.800
1742. NOY-11 f.J& h p e s . .j.. . . . . . . . . . . . .!.E.~ . h b o s.i. .20.140i.. ....200i .R 5.300
b l 2 . . . . .i Domingm Ascen~go.i.............E 1.840 . . . . . i ....... i . . . .2.250;
1743-0ut-21 f :~omcnio
.i i
......... .Encarn@ ....... i . ~ a r i acomes .. f.~abua. . . . . . .2.348 f ........ .11.746 i
1744-7-? ....i.InBcio B. Silva ..... i.António i i
..........i................. .i.Figueira . . . . .i.S. Martinho . .26.700 i........ j119.250
Jul-27 ...... i.Jerónimo R o i .....i. . . . . . . . . . . . . . i.Campankio i. . . . . . . . I . . . . . . . . . . . . . .
1745-?-?. . . .;.Maria Gomes . . . . . .i. . . . . . . . . . . . .i.S. Martinho i . .2 1.320 ........i .70.800
174-t-I8 I.Antbnio Rodrigues . .i. . . . . . . . . . . . . i.~ampmkioi . . .7.510 i . . . . . . . . .20.255
N o v a . . . . .i Joana D um ...... .i. ............~.Campan+i ..13.4001........i71.3500
Nw-29 .....I' i.J& Bcntccor ...... i . ~ a d a l m a i
. . . . . . . . . .i. da câmara ....... .:.Gonçalves .... i.Campanhio .. 14270f ....... .%4.350
1747-Fw-20 i.~artinhode~reitas. .I.S. Martinho ...i.
15.050 . . . .h ...... . i ..171.000!.. . . . .
k 4 6 . . . . . jJosef.A.Correii ...i. PadroRoiz i !
.......... C .................. ;.Silveira . . . . . . ;.~am~mârio i
. . .4.586i.. . . . . . . .22.680
1748-?-?. . . .I Manuel Roiz . . . . . .f . . . . . . . . . . . . . . i.Tabua . . . . i . . .3.000f ........ . I 5.000
Ago-24.... .I
j:~im&m ......... . . . . . . . . . . . . . i.~abua .... I . . .1.800i........ i. .7.000
uIt-I2.... . ! . M a Paeim .....
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I
......... .i.da Cunha . . . . . . . . . !.Anthii Freitas ;.S. Martinha . .43.600 i ....... .i172.000
Out-22 .....~ . ~ a r i a d e ~ s c t n. .çj.h. . . . . . . . . . . . . j.Campantioi.. .9.180 i.. . . . . 12i .24.600
175OSet06 .!.JoseAgostinho .....!.Maria Mendes .j.Campmtioi . . I 2.010 i ........i .28.050
1752-7-? ....i.Romh Figueira ....j .............. j ..........i...2 1800 I ........I.60.000
i 753Qut-25 !.Leandro .......... i.Francisca i I i
. . . . . . . . . . j.& ikcmcelos . . . . .i.Rodngues .... $ampantio i....... .i...... 12: . . .600
1762--2s f.lcandmde Brito 1
......... .i.Oliveira ..........i.............. j.Tabua ....j ... 2.620 j ........i .I3.100
1782-Mai-14!.FranciscoBetencor f
. . . . . . . . . . j.Henriques . . . . . . . . . i.Josefa Maria . .i.S. Roque .. i, ...3.368 f . . . . . . . . f .36.200
Preço dos artefactos e utensllios