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VIEIRA, Alberto (2002), Notas Soltas. O Quotidiano Madeirense, Funchal, CEHA-Biblioteca Digital,
disponível em: http://www.madeira-edu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/avieira/2002-quotidiano.pdf, data da
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NOTAS SOLTAS: O QUOTIDIANO MADEIRENSE
ALBERTO VIEIRA
A MESA FARTA E VAZIA. Não é fácil perceber o que caia diariamente na mesa do
homem humilde ou aristocrata. Apenas temos alguns dados avulsos sobre a mesa do
governador, estrangeiros e famílias importantes. Mas, para além deste eventual encontro
com a mesa festiva, podemos acompanhar o quotidiano nos conventos e colégio dos
jesuítas.
O Colégio dos Jesuítas parece apresentar uma das mais fartas mesas da ilha, a que
acolhiam diversas entidades, nomeadamente o governador. O mesmo detinha uma
importante retaguarda com as Quintas do Pico Frias, do Cardo e Grande servidas de
celeiros e adegas. No século XVII a casa das quintas do Cardo e Frias acolhia com
frequência o governador, nomeadamente D. Diogo de Mendonça Furtado (1659-1665),
que parecia ser amante de doces, fruta e queijos alentejanos e flamengos. A ementa de
carnes era variada, sendo servida de galinha, peru, frangos, leitões coelhos, cabritos.,
não faltando a carne de porco e os presuntos.
Através dos livros de receita e despesa podemos acompanhar o dia à dia da mesa
conventual. No eixo de Santa Clara às Mercê e Encarnação estava o melhor da doçaria
madeirense. Para além da doçaria é insistente a presença da carne e peixe, frescos ou
salgados. A galinha assume um lugar de destaque em dias festivos, isto é, no Advento,
Quaresma, Natal, Páscoa e dia de Santa Clara. Ambos eram servidos com pão, por
norma demolhado. Ao nível dos cereais domina o trigo, em que as freiras contam com
os proventos das suas benfeitorias e por vezes socorrem-se da compra. O trigo era
convertido em farinha que estava na origem do pão, bolos, empadas, pastéis, doces e
cuscuz.
No Convento da Encarnação a mesa dos séculos XVII e XVIII era farta. Diariamente as
freiras reuniam-se para duas refeições: o jantar e a ceia. O pão corria todos os dias à
mesa, e por isso havia duas amassaduras, à Quarta e ao Sábado, acompanhado de carne
ou peixe. A carne era aí mais abundante pois a falta de peixe no mercado local não o
facilitava. Mesmo assim o peixe comia-se às quartas, sextas, sábados e dias prescritos
pela Igreja. Isto poderia ser bacalhau, atum sardinha, arenques, pargos e chicharros. Em
dias festivos, como o Natal, a Páscoa e Santa Clara, a mesa era rica e recheada de doces,
isto é, pão-de-leite, massapão, laranjada, cidrada, coscorões. Era notória uma
diferenciação social da mesa das freiras e dos servos e trabalhadores. A carne de porco e
o milho não ia à mesa das feiras mas estavam sempre presentes na dos criados e
trabalhadores.
A mesa do mundo rural e da gente pobre é pouco conhecida. O pouco que se sabe
resulta do testemunho de alguns estrangeiros. Esta servia-se quase só do que a terra
dava, isto é, frutas, passas de uvas, figos passados e inhame. Na Primavera e no Verão
dominavam as diversas qualidades de frutas, que podiam ir desde a laranja, pêra e maçã,
enquanto no Outono eram as castanhas e as nozes. Consumia-se algum peixe fresco ou
seco, pescado na costa, mas a carne e o pão parecem ser uma raridade. Esta frugalidade
esta presente em todos os testemunhos de autores estrangeiros. Assim na segunda
metade do século XVIII George Forster destaca que “os camponeses são
excepcionalmente sóbrios e frugais; a alimentação consiste em pão, cebolas, vários
tubérculos e pouca carne”, mais o milho americano, o inhame e a batata-doce. Esta era
“o principal consumo na alimentação do camponês”. A isto juntava-se o consumo de
peixe fumado ou em salmoura, importado pelos ingleses, que servia de conduto a
inhame, batata e ao pão.
À mesa do povo a carne e o peixe eram escassos. O peixe era maioritariamente
importado, o que demonstra o pouco desenvolvimento da pesca local, baseando-se em
bacalhau dos Estados Unidos e peixe seco, salgado ou em salmoura do Norte da Europa.
De entre este destaca-se o arenque de fumo ou salmoura, muito apreciado pelo povo
como conduto para o pão e batatas. No Norte da Europa o arenque ficou conhecido
como o trigo do mar. Ainda de acordo com Isabella de França o gaiado e o chicharro
eram espécies “raramente comidas por pessoas que não sejam pobres”. Esta situação
ainda perdurava na década de cinquenta do século XX, altura em que as capturas de
pescado de cerca de duas toneladas eram ainda incipientes para satisfazer o consumo e
as industrias de conservas. É de notar que este era pouco variado assentando em atum,
peixe espada, chicharro, carapau e cavala.
A carne parece ser rara e, a ter em conta alguns dos testemunhos de estrangeiros, de má
qualidade. Note-se que durante muito tempo a informação sobre o gado para engorda é
escassa. Isto quer significar que não havia, o que fazia aumentar o preço de venda ao
público da carne e reduzir a possibilidade de consumo por todos os estratos sociais.
Todavia a partir de meados do século XIX é evidente o aumento da carne que se
repercute num aumento da capitação média do consumo. Em 1904 Anna Von Werner
queixa-se que a carne que comeu no Hotel Royal não se podia trincar. É a mesma quem
nos dá conta do ambiente pouco salubre que rodeia a cozinha. Assim refere-nos numa
casa uma velhota que assa castanhas e frita peixe pouco fresco numa frigideirinha com
óleo.
Não havia tradição de criação de gado para engorda e abate o que provoca uma situação
deficitária da oferta dos açougues. Isto foi uma dificuldade permanente desde o século
XV o que levou algumas instituições a solicitarem à coroa a possibilidade de disporem
açougue próprio. Estão nesta situação o Cabido da Sé do Funchal, o Colégio dos
Jesuítas e os conventos. Esta situação permitia que a estes o abastecimento fosse feito
com regularidade estando libertos das regulamentações do mercado. Os açougues
públicos existem desde o século XV e estavam sob a alçada da câmara. O primeiro
matadouro surgiu em 1791 no Cabo do Calhau, sendo transferido em 1825 para a
proximidade da Ribeira de Santa Luzia. Este foi demolido em 1851 mas só em 1941
teremos novo matadouro na margem da Ribeira de S. João que se manteve até a
actualidade.
Papel fundamental assumia o porco na dieta familiar e em torno dele existia um ritual.
Não havia casa onde pelo S. João e Natal não acontecesse a célebre matança do porco.
Com ele conseguia-se a carne salgada, os enchidos e a banha que tornavam mais rica a
dieta alimentar. Era o principal tempero da alimentação A sua importância está bem
patente no recenseamento do gado. Em 1873 temos 23.510 suínos, que entram em
queda no século vinte com 22.772 em 1928, descendo para 16.462 em 1940, para
assumir a retoma em 1950 com 23.046 suínos.
A manteiga tinha também lugar à mesa dos funchalenses mais abastados. Desde a
década de setenta do século XIX que temos notícia da importação desta de Londres,
pois a produção comercial na ilha deverá ter-se iniciado após esta data. A primeira
exportação acontece em 1881 com 129 kg que sobre para 48.124 em 1893. O final do
século é o momento de afirmação da pecuária, permitindo um melhor e mais alargado
uso do leite e derivados na dieta alimentar.
OS NOVOS PRODUTOS. Por muito tempo alguns produtos foram identificados com
determinadas regiões. A maça apela-nos à grande metrópole de Nova York, enquanto o
ananás nos recria as paradisíacas ilhas do Havai. Mas tudo terá mudado a partir do
século XVIII. A alimentação progrediu e as ementas universalizaram-se. Os produtos
perderam o selo de identidade de origem e entraram definitivamente no quotidiano. A
mesa do mundo ocidental é igual. As divergências e exoticidade sucedem como
resultado do confronto com outras culturas, como o mundo árabe e as regiões orientais.
A Madeira está situada numa posição estratégica fundamental para acolher as rotas de
migração de plantas e produtos. No século XV foi a ilha que promoveu a expansão das
culturas europeias no mundo atlântico. E de novo a partir do século XVI a descoberta de
novos produtos e frutos com valor alimentar levou a que a ilha servisse de entreposto de
expansão dos mesmos no velho continente. Tudo isto acontece porque a ilha continua a
ser uma área charneira entre os dois mundos e dispunha de uma variedade de
microclimas propícios à fixação de novas plantas e sementes. Aliás, esta singular
condição levou a que nos séculos XVIII e XIX a ilha se transformasse num viveiro de
aclimatação de plantas. Dos inúmeros produtos que chegaram às ilhas dois há que se
afirmaram rapidamente na dieta alimentar. São eles a batata, o inhame e o milho, que no
decurso da segunda metade do século dezanove destronaram rapidamente a hegemonia
dos cereais na dieta alimentar. Em princípios do século XX é ainda visível a expansão
dos produtos hortícolas e dos tubérculos em desfavor dos cereais. Note-se que em 1908
a produção média por hectare era de 15.000 quilos, dando a ilha vinte e cinco toneladas.
A batata é originária do Andes mas foi a Irlanda o principal centro difusor do tubérculo
na Europa. A sua presença na Madeira está documentada a partir de 1760, mas a sua
generalização só aconteceu em princípios do século XIX. A batata-doce, também
oriunda da América do sul aparece na Madeira no século XVII, sendo referenciada na
década de setenta do século XVIII como o principal sustento do camponês. Já a batata,
dita semilha para o madeirense, só se generalizou no consumo desde 1845 com a
introdução de uma nova variedade de Demerara. Em 1842 o míldio atacou a batata
irlandesa, provocando uma das maiores mortandades na população dessa ilha. O mais
evidente é que esta situação teve eco noutros espaços europeus, como foi o caso da
Madeira em 1846 e 1847. Tendo em conta que na ilha esta havia adquirido um lugar
dominante na alimentação é fácil de adivinhar as dificuldades daqui resultantes. O
próprio governador, José Silvestre Ribeiro, testemunha desta situação refere em 1847
que a batata era “de há longos anos o alimento principal dos camponeses, e quando as
colheitas eram abundantes, viviam sofrivelmente” isto, porque além deste produto só
tinham para comer “algum inhame e pouco milho”
A crise da batata conduzirá inevitavelmente a uma outra revolução alimentar com a
plena afirmação do milho O Milho, na dieta popular. Sob a forma de pão ou de farinha,
transformou-se rapidamente na base da mesa madeirense na primeira metade do nosso
século. O milho introduzido cedo conquistou a mesa do madeirense, tornando-se, de
parceria com a batata, no sustento preferencial dos madeirenses. Note-se que em 1847 a
ilha produzia apenas vinte moios, tendo necessidade de importar o restante. Em 1841 a
ilha importava 9000 moios de milho e 8000 de trigo, passando em 1852 para cerca de
10.000 de milho e 5500 de trigo. Já nas décadas de setenta e oitenta o milho era a base
da alimentação das populações mais pobres. Em Câmara de Lobos já em princípios do
século o milho dominava a dieta alimentar.
Por diversas vezes a imprensa do tempo de guerra refere-nos que o milho era o principal
alimento do povo. E quase todo ele era importado do estrangeiro, ou das colónias: a ilha
produzia uma ínfima parte daquilo que consumia. O milho era servido de diversas
formas na mesa rural madeirense: papas de milho, milho escaldado e estroçoado. Com a
farinha faziam-se as papas de milho e com o milho pilado com que faziam um caldo
com cebo de carneiro ou boi, ou então umas papas com leite. No “Diário de Noticias”
de 4 de Setembro de 1941 dizia-se:- “0 milho é, há muitos anos, um elemento
fundamental da alimentação das nossas classes menos remediadas. Barato, de fácil
preparação e de forte poder alimentar, nenhum produto da terra o pode substituir ou
sequer igualar”. Vem daí a origem da expressão popular: “Vai-se ganhando para o
milhinho...”.0 milho era o alimento das classes pobres e a sua ausência atingia
principalmente estes, por isso o articulista do D.N. apelava em Agosto de 1943 às
classes mais abastadas, que lhe reservassem este privilégio: - “O milho é o alimento das
classes pobres, das classes populares (...) o milho, repetimos, é o alimento dos pobres:
assim aqueles que o podem dispensar, deixem-no aos pobres -porque para as almas bem
formadas, deve constituir amargura, provocar, impensadamente, as faltas de
alimentação nos lares onde o dinheiro não abunda”. Mais tarde, no Inverno de 1945 em
face de novas dificuldades as páginas do mesmo jornal abriram-se para expressar o grito
plangente ecoou em surdina. 0 racionamento de 1 Kg semanal por cabeça propiciou o
seguinte comentário: -“Não era bastante para as necessidades duma população que tinha
afeito a sua economia doméstica ao consumo quase diário daquele produto.., numa terra
onde o milho se podia chamar o pão nosso de cada dia.”
A Madeira tinha necessidade de importar anualmente 13.000 toneladas. Todavia neste
ano de 1941 ainda eram grandes as reservas de cereal e a frequência de embarcações. Os
problemas de abastecimento só começaram a surgir no Outono de 1943, mas já no ano
anterior começou o racionamento e distribuição do milho. Mas aqui, mercê da iniciativa
da Comissão Regulador do Comércio de Cereais, a situação não foi tão gravosa como
havia sucedido no decurso da primeira guerra. A política de intervencionismo
económico definida por Salazar levou à criação em 1954 do grémio do milho colonial
português e em 1938 surgiu a delegação madeirense da Junta de Exportação dos
Cereais, que passou a coordenar todo o processo de abastecimento e fixação de preços
do grão e farinha. Foi seu responsável Ramon Honorato Rodrigues, que em 1962, no
momento de extinção, publicou uma memória sobre os serviços prestados pela junta que
presidiu. Por ai se ficou a saber das dificuldades sentidas nos anos da guerra e da acção
da Junta e Governador Civil para solucionar a situação por meio do racionamento do
milho e da solicitação de carregamento à ordem do governo. Para termos uma ideia das
dificuldades sentidas basta-nos aludir à capitação estabelecida pelo racionamento e
relacioná-la com a média anterior à guerra: entre 1937-39 ela foi de 123 Kg/ano,
enquanto de 1942-44 passou para apenas 80 Kg. Mas houve anos em que a situação se
agravou: por exemplo em Março e Abril de 1945 a ração semanal por cabeça era de
apenas 550 gramas de milho. A partir de 1941 o racionamento foi determinado por
concelho de acordo com o número de cabeças de casal, variando o quantitativo
conforme os stocks disponíveis.
A fama da arte da confeitaria madeirense espalhou-se por toda a Europa e teve o seu
expoente máximo na embaixada enviada por Simão Gonçalves da Câmara ao Papa.
Segundo Gaspar Frutuoso compunha-se de "muitos mimos e brincos da ilha de
conservas, e o sacro palácio todo feito de açúcar, e os cardiais todos feitos de alfenim,
dornados a partes, o que lhes dava muita graça, e feitos de estatura de hum homem".
São vários os testemunhos denunciadores da mestria dos madeirenses no fabrico destes
produtos. Segundo Hans Sloane em 1687 o madeirense produzia "açúcar indispensável
aos gastos caseiros e ao fabrico de doces, indo ainda comprá-lo ao Brasil". Dois anos
depois John Ovington refere a indústria da conserva de citrinos ou cidra que se
exportavam para a França e Holanda. A cidra existia em abundância na Ponta de Sol,
Ribeira Brava, Machico e Câmara de Lobos (Ribeira dos Socorridos), quase
desaparecendo em finais do século XVIII e arrastando inevitavelmente esta indústria
para o seu fim.
Um dos factores de promoção desta indústria ao nível das conservas foi a importância
assumida pelo Funchal como porto de escala de abastecimento para a navegação
atlântica. Muitas embarcações aportavam aí com o intuito de se fornecerem de
conservas de citrinos para a sua dieta de bordo. Mas, sem dúvida, o consumidor
preferencial das conservas e doçaria madeirense era a Casa Real portuguesa. D. Manuel
foi o seu consumidor preferencial e aquele que divulgou as suas qualidades na Europa.
Assim ficaram como o seu principal presente, dentro e fora do reino, sendo o seu
exemplo seguido por Vasco da Gama, que também ofertou o xeque de Moçambique
com conservas da ilha. No período de 1501 a 1561 a Casa Real consumiu 1129 arrobas
e 58 barris de açúcar em conservas e frutas secas. A par disso o rei havia estabelecido a
partir de 1520 o envio anual de 10 arrobas de conserva para o feitor de Flandres. Esta
indústria manteve-se por todo o século XVII, suportada com o pouco açúcar da
produção local ou com as importações dele do Brasil. Neste último caso sabe-se que em
1680 foram importadas 2.575 arrobas para o fabrico de casca. Aliás, de acordo com uma
informação dada ao governador da ilha, D. António Jorge de Melo referia-se que "é a
casquinha negócio muito grande porque há ano que se carregam com aquela terra mais
de 20 embarcações de um só doce para o qual é necessário comprar açúcar da terra ou
manda-lo vir do Brasil". A correspondência de William Bolton refere-nos que a
conserva de citrinos estava em grande prosperidade na década de noventa do século
XVII, sendo usada para o abastecimento das embarcações que demandavam a ilha, ou
exportadas para Lisboa, Holanda e França.
O fabrico do açúcar começava em Março mas só em Agosto havia dele disponível para
distribuir às conserveiras que fabricavam a casca e conserva. A partir daqui eram mais
trinta dias de árdua tarefa até que o produto estivesse disponível para a exportação. Da
existência ou não de açúcar, da sua qualidade dependia a disponibilidade para o fabrico
destes derivados, que activavam o comércio com as praças do Norte da Europa, donde
nos províamos de cereais e manufacturas. Esta era uma indústria muito instável,
dependendo das possibilidades de oferta de açúcar brasileiro e da procura do produto
acabado pelos mercadores europeus. A correspondência particular de alguns
mercadores, como é o caso de Diogo Fernandes Branco e W. Bolton, testemunha de
forma evidente esta realidade. Diz o último em 7 de Agosto de 1697: "Pensou-se fazer
uma grande quantidade de conserva de citrinos mas muitos fabricantes desistiram por
não saberem se os barcos os viriam buscar".
DA COPA À TABERNA. Os líquidos também corriam nas fartas mesas. O vinho era
permanente na ração diária dos conventos e Colégio dos Jesuítas, servindo-se para tal da
produção aquele que provinha das suas terras. Este foi durante muito tempo o líquido
presente à mesa. Na mesa das famílias pobres bebiam-se apenas a água-pé nos dias
próximos da vindima. Mesmo assim a maioria dos testemunhos dos estrangeiros insiste
na sobriedade dos madeirenses no consumo de bebidas alcoólicas. No princípio do
nosso século a generalização do fabrico de aguardente e a sua abundância conduziram
ao despoletar do consumo desta bebida. O consumo foi de tal forma elevado que a
Madeira recebeu o epíteto de ilha da aguardente. Esta situação reportou inegáveis
prejuízos para a saúde pública pelo que se tomaram medidas limitativas do seu
consumo. De acordo com Rodolfo Schultze em 1864 os madeirenses tinham preferência
pelo consumo de vinho misturado com água ou cerveja.
Consumia-se ainda cerveja, ginger-beer(limonada de gengibre) e água mineral. No
século XIX os ingleses viriam a alterar este hábito ao introduzirem a cerveja. A primeira
fábrica foi implantada na ilha por João Park em 1840, a que se sucederam outras na
década de cinquenta, como foi o caso da de Victorino José Figueira (1856) e José de
Freitas(1859). Temos alguns dados sobre a produção de cerveja. O primeiro produzia
326 hectolitros de cerveja branca e preta e 58 de ginger beer, já o segundo apresentava
340 de cerveja branca e preta e 60 de ginger beer. Mas muitos estrangeiros preferiam a
cerveja importada tal como nos refere Rudolfo Schultze em 1864, todavia esta
concorrência da cerveja inglesa e alemã não afectava a madeirense, muito apreciada
pelos locais e considerada de superior qualidade.
Em 1872 H. P. Miles fundou a Atlantic Brewery e em 1890 Manuel Alves de Araújo
surge com a fábrica Leão. A primeira, que produzia água de soda, limonada gasosa e
cerveja, apresentava o equipamento adequado ao engarrafamento já avançado em
relação às demais mas que ainda estava muito longe das actuais linhas de
engarrafamento. Em 1908 em duas unidades do Funchal fabricava-se 666 hectolitros de
cerveja branca e preta e 118 de ginger beer. Nesta data uma cerveja custava 30 réis
enquanto um ginger beer ficava pelos 20 réis. A crise da década de trinta obrigou à
fusão de todas as pequenas industrias numa só unidade industrial, dando lugar à
Empresa de Cervejas da Madeira que hoje domina o mercado local. Mesmo assim esta
não conseguia satisfazer as necessidades dos apreciadores de cerveja, uma vez que nos
inícios da década de cinquenta a ilha importava 29.520 litros de cerveja. Fora do
Funchal temos notícia de uma fábrica de refrigerantes na Ribeira Brava, que funcionava
em 1955 e de um outra em 1909 no Porto Santo, propriedade de João Augusto de Pina
para engarrafamento da água da fontinha.
O restrito grupo de bebidas alarga-se à cidra, ou vinho de peros que era muito apreciada
na ilha em princípios do século XX. Isto é testemunhado pelo número de lagares em
toda a ilha, assinalando-se em 1908 dezoito. Hoje a tradição desta bebida persiste no
Santo da Serra. Todavia nesta época a bebida mais apreciada era a aguardente. O seu
consumo era excessivo, sendo considerado um problema de saúde pública pelas
autoridades. O consumo começou a divulgar-se em princípios do século XIX por
influências das tropas inglesas que por duas vezes ocuparam a ilha.
A subsistência das populações foi gerada de pequenas indústrias no sector alimentar
cuja dimensão foi proporcional ao movimento demográfico e às inovações técnicas. Em
1862 estas eram ainda incipientes uma vez que apenas foi arrolada uma fábrica de
massas no inquérito industrial, mas em 1928 a situação é distinta. Assim para além de
sete fábricas de massa temos duas de gelo, quatro de bolachas, cinco de refrigerantes e
onze confeitarias.
AS FOMES. Pode-se afirmar que a Madeira viveu sempre sob o espectro permanente da
falta de cereal, indispensável para manter a dieta dos madeirenses. As dificuldades no
abastecimento das casas e padarias da cidade eram permanentes e mais se agravavam
em momentos de crise de produção na ilha e nos mercados açoriano e canário, os seus
principais abastecedores. Tudo isto porque a produção local foi, por mais de dois
séculos, um quarto do consumo local.
A fome foi uma constante da história da ilha. Os primeiros momentos manifestaram-se
já no século XV, pois em 1466 e 1485 a sua ameaça pairou na então vila do Funchal. O
século XVI manteve-se sob o mesmo espectro com dois momentos de evidência em
1523 e 1545. Pior seria a situação em princípios do século XVII. A presença de uma
força espanhola, conhecida como força do presídio, fez aumentar o consumo de cereais
e agravar as dificuldades de abastecimento. Como resultado disso tivemos os motins de
1600, 1602 e 1627, que culminaram em 1695 com a perseguição a William Bolton, um
dos principais intervenientes no comércio de cereais e farinhas dos Estados unidos,
acusado pelos madeirenses de especulação. Nos séculos XVIII e XIX.
A dependência da ilha aos mercados externos era extremada e agravava-se em
momentos de guerra. Era isso que acontecia em 1815 em que “a carestia dos viveres
ocasionada pelas tristes revoluções do mundo”, Na verdade e guerra americana
conduziu ao corte do mercado abastecedor de milho e farinhas. A falta de pão levava o
madeirense a socorrer-se de tudo o que pudesse enganar a fome. Assim na década de
setenta do século XVIII esta falta supria-se, segundo o Governador Manuel de Saldanha
de Albuquerque, com raízes, flor de giesta e frutos silvestres. Idêntica situação viveu a
ilha na década de quarenta do século XIX em que a tragédia da fome foi atacada pelo
governador civil, José Silvestre Ribeiro, Com obras de emergência.
O século XIX pode bem ser considerado como o das fomes. A primeira sucedeu em
1815 mas foi em 1847 que a palavra assumiu o seu carácter mais violento. A morte
colheu alguns e os poucos inhames existentes eram cobiçados de todos. Em Santana,
por exemplo montara-se vigilância às culturas e inhames. Em Santa Cruz um homem foi
morto quando roubava alguns inhames para enganar a fome dos familiares. Teme-se por
motins populares e um assalto aos armazéns da cidade, mas tudo isto foi contornado
pela política hábil do governador, José Silvestre Ribeiro, que montou um sistema de
sopa pública. No Porto Santo a fome estava sempre presente no quotidiano dos seus
moradores. Em 1769 tivemos uma das primeiras grandes fomes, mas foi na primeira
metade do século dezanove que estas se sucederam de uma forma constante. Os anos de
1802, 1806, 1815, 1823, 1829, 1847 e 1855 são os momentos de maior nota. Esta
situação levou Rui Nepomuceno(1994) a afirmar que as crises de subsistência foram a
constante mais destacada da História da Madeira.
No século XX as dificuldades não desaparecem. A crise económica das décadas de vinte
e trinta reflectiu-se na dieta alimentar dos funchalenses e provocou a tão celebrada
revolta da farinha em Fevereiro de 1931. Mesmo assim as maiores dificuldades estavam
para acontecer no período da segunda guerra mundial. As dificuldades foram redobradas
na década de cinquenta. Note-se que a ilha apenas produzia 11% do trigo e 6,4% do
milho consumido na ilha, o que agravava a dependência ao mercado estrangeiro e
nacional. Deste modo Ramon Honorato Correa Rodrigues(1953-1955) dá conta do
quadro pouco animador da alimentação madeirense, nomeadamente do meio rural,
sendo notório o deficit de proteínas, gorduras e calorias. Neste período a incidência dos
produtos da dieta alimentar estava na batata, batata-doce e no milho.
A dependência alimentar da ilha parece uma situação irresolúvel. Os limitados recursos
da ilha em contraste com o surto demográfico são os responsáveis desta situação. Deste
modo na década de cinquenta a ilha tinha necessidade de importar mais de quarenta mil
toneladas de cereais. De acordo com os valores disponíveis a ilha necessitava de
importar mais de 90% do milho e farinhas consumidos. A distribuição do consumo
variava entre a cidade e o campo, assim de acordo com a capitação anual o funchalense
consumia 110 kg de trigo por ano e 80,5 de milho, já no meio rural esta rondava os 43
de trigo e 41,6 de milho. Isto resulta do facto de o homem do campo poder dispor de
outros suplementos alimentares fruto da sua actividade agrícola.
A actual culinária madeirense é herdeira desta tradição cultural dos colonos europeus,
das aportações dos forasteiros e rotas marítimas. Os cereais perduram sob a forma de
pão ou diferentes formas de cozinhado. O milho conhece-se hoje mais como frito do
que como papas. A batata persiste na mesa. E a sobremesa é hoje a mais requintado e
rica, quer em aromas e sabores. Tudo isto é obra da Natureza e do Homem.
Uma breve incursão ao processo histórico da ilha revela-nos que os nossos avos não
reservavam a sua alegria apenas para as festividades religiosas. O madeirense na sua
labuta diária soube manter-se em perfeita harmonia com o meio que o rodeia,
expressando uma natural alegria, patente nas danças e cantares que animaram o seu
quotidiano; todos os momentos eram aproveitados nesse domínio, sendo o árduo
trabalho amenizando com os diversos cantares - canção da erva, da ceifa, dos
borracheiros(...)- repetidos nas romarias. O ritmo desses cantares trouxe-o o batuque dos
escravos africanos que vieram para a ilha desde meados do século XV para o trabalho
na serra do açúcar. Muitas destas manifestações surgem na ilha com os primeiros
colonos, resultando a sua variedade da múltipla origem desses. Mas um facto e
dominante, a avassaladora presença das manifestações rituais do norte de Portugal, local
de origem do maior grupo de povoadores: as danças, os nomes das principais romarias
vão buscar ai a sua origem. Assim sucedeu com a devoção do senhor Bom Jesus de que
foi transplantada para Ponta Delgada por Manuel o Sanha, o mesmo sucedendo com a
N.S. dos Remédios de o que se implantou na Quinta Grande. A par disso o aos santos
populares mantêm a tradição lusíada, o mesmo sendo com as demais festividades que
demarcam o calendário litúrgico: o Carnaval, corpus Christi e o Natal.
Não é fácil definir a data precisa em que as principais madeirenses tiveram o seu inicio,
pois faltam-nos comprovativos. As romarias da actualidade -Monte, Loreto, Ponta
Delgada, Rosário e Machico- sabe-se que são muito antigas, ligando-se aos principais
povoadores. Os venerados são os seus principais intercessores. Além das festas dos
oragos os demais momentos festivos que fogem ao calendário litúrgico de que se
destaca o nascimento de um príncipe ou o regresso do capitão à ilha. Estas tinham lugar
no Funchal e contavam com a presença de numerosos forasteiros dos mais recônditos
locais da ilha.
Com o tempo algumas das romarias, como esta de S. Roque do Faial ficaram esquecidas
e outras apareceram a disputar a sua posição, pois apenas as do Monte, Ponta Delgada,
Loreto e Machico continuaram a pautar o ritmo das festividades e
devoção madeirenses. Nas a romaria de N. S. do Monte a 15 de Agosto foi e sem
sombra de dúvida, a maior festividade madeirense; ela atraiu a devoção de todos os
madeirenses mercê da eficaz protecção que exerceu sobre ele, quando solicitada. Ao
longo do século XVII o madeirense colocou-se sob a sua protecção, implorando a sua
intercessão para fazer cessar a seca(1627 a 1695) ou a peste (1686) . Em 1803, em face
do aluvião que assolou a cidade recorreu-se mais uma vez à sua protecção passando, a
partir de então à condição de padroeira menor da cidade. Tais condições favoreceram a
perpetuação e afirmação do seu culto e a sua passagem à diáspora madeirense; desde o
planalto de Cubango em Angola(1885) às Ilhas Havai(1902),passando, mais tarde, pelos
Estados Unidos da América, Africa do Sul e Austrália ,esta festa manteve-se como um
dos poucos elos de ligação à terra de origem.
O Verão era sinónimo de redobradas canseiras, para uns, e mudança de actividade, para
outros. Todavia este movimento apresentava ocasiões propícias ao lazer; era nessa
época que se realizavam as tradicionais romarias, cujo roteiro coincidia, amiudadas
vezes, com o processo de transmigração da mão-de-obra braçal para as colheitas. E a
par disso essas actividades agrícolas eram sempre acompanhadas de folias com activa
participação dos senhores, escravos e jornaleiros. Lembremo-nos que inúmeras
manifestações do nosso folclore têm ai as suas origens. Era também no período estival
que tinham lugar as festividades mais representativas que se realizavam na ilha;
primeiro a procissão do Corpus Christi no Funchal, com participação das gentes de toda
a ilha e depois as romarias das freguesias rurais. Estas últimas eram, segundo Isabella de
França "o único divertimento da gente do campo". A sua realização estava ordenada de
acordo com o calendário religioso e agrícola, estabelecendo um roteiro em toda a ilha;
primeiro as da vertente sul a culminar a safra do açúcar e o período da ceifa, depois as
do norte a concluir as vindimas. Têm tradição as festas de Nossa Senhora do Monte (15
de Agosto), Senhor Bom Jesus (10 Domingo de Setembro) cuja celebração remonta aos
primórdios da ocupação da ilha; enquanto a primeira chamava dos romeiros ao Funchal.
a segunda fazia-os percorrer léguas sem fim para atingir a longínqua freguesia do norte
da ilha. Todavia Gaspar Frutuoso refere que no século dezasseis a romaria mais
importante era a que se realizava a 8 de Setembro na freguesia do Faial em honra de
Nossa Senhora da Natividade; esta era uma oportunidade para a folia mas também para
a realização de uma feira para venda dos produtos agrícolas.
A dança e o canto eram os aspectos mais fulgurantes destas manifestações lúdicas dos
dias santificados e dos oragos, únicos momentos de repouso para as gentes da ilha. Era a
Igreja quem estabelecia os momentos de lazer e de trabalho, sendo os primeiros
definidos como os domingos e dias santificados. Nestes dias, livres e escravos, estavam
libertos do trabalho e disponíveis para orar a Deus. Apenas um conjunto limitado de
ofícios e de tarefas tinham permissão de se fazerem nesses dias. Tal como o referiam as
ordenações do reino eram três as férias estabelecidas para as gentes do reino:"primeira e
mayor he aquella, que devem guardar por honra e reverência de Deos e dos seus Santos;
a segunda hé por honra dos Reys e Príncipes da terra, que não reconhecem superiores; a
terceira he por prol comunal de todos como em os dias em que colhem pam e vinho".
Nos dois primeiros casos eram os dias assinalados pela igreja e monarca em que todo o
cidadão estavam proibido de trabalhar devendo participar nos actos litúrgicos ou
festejos, enquanto no segundo compreendia os dois meses da colheita dos cereais e
vinho, sendo consideradas as férias judiciárias e administrativas, isto é durante esse
período paravam os tribunais e as instituições para que os seus funcionários pudessem
participar nas colheitas.
O século XVIII, certamente fruto das reprimendas da igreja transporta esta manifestação
por o exterior da igreja. A primeira terá ocorrido em 1718 no Convento de Santa Clara
quando o Governador e Capitão-General João de Saldanha da Gama saíu da ilha. A
primeira notícia a uma casa de representação sucede em 1776 João Rodrigues Pereira
fez construir a Casa da Ópera do Funchal no local de outra que havia incendiado.
Passados dez anos temos referência a dois teatros: a Comédia Velha e o Teatro
Grande(1780). Já o século XIX pode ser considerado o grande momento do teatro, do
circo e da ópera. Surgiram novas casas de espectáculo que mantiveram uma actividade
permanente trazendo à ilha personalidades de destaque do belo canto, concertos, récitas
e festas de beneficência, circo e teatro. Ao mesmo tempo surgiram várias sociedades
dramáticas dedicadas a promover a representação e à construção de espaços adequados
para tal: Concordia(1840), Talia(1858).
A partir dos anos trinta o teatro passa a funcionar como uma sala regular de projecção
de cinema. A arte cinematográfica havia vencido as artes dramáticas. O prelúdio disto
aconteceu em 1863 com o cosmorama universal, o antecedente do animatógrafo. Note-
se que a primeira apresentação do animatógrafo ocorreu aqui em 1897. A partir daqui
outras experiências se seguiram com o cinema mudo que ganharam a adesão do público.
Os filmes eram exibidos de mistura com espectáculos musicais. Só a partir de 1907
ocorre o lançamento do cinema em termos comerciais. A popularidade do cinema levou
à construção de pavilhões e novas salas de projecção que vieram juntar-se ao Teatro
Municipal e Teatro Circo. O primeiro quartel do século vinte as sessões de cinema
alternam com os espectáculos de variedades, mas paulatinamente o fascínio do cinema
acaba por atrair o público.
Tal como afirma Eduardo Clemente Nunes (1948-49), o Folclore nasce de forma
espontânea "da alma popular, cria-se por influência da natureza física e psicológica do
meio ambiente, traduz a origem e índole atávica das populações, repercute-se na
sensibilidade colectiva e tem força de continuidade por força da tradição". Esta deve ser
a nossa predisposição quando nos atrevemos a perscrutar os murmúrios dos nossos
avoengos através da tradição. A principal dificuldade com que se depara um
investigador da cultura popular, é a falta de testemunhos orais ou escritos que se
afirmem como adequados instrumentos de trabalho. Ela raras vezes se serve da escrita.
A oralidade é a sua forma de expressão e de perpetuação. Por isso, esta memória não
encontra nas sociedades abertas grandes condições de subsistência. A oralidade parece
ser adversa ao progresso sistemático das vias de contacto e transmissão da cultura
tradicional. Assim, cada porta que se abre é uma mais via para que esta memória
colectiva desapareça. Tenha-se em conta a abertura motivada pelos meios de
comunicação nos últimos vinte anos. Antes disso temos a apontar o aparecimento da
rádio (em 1948 da rádio privada e desde 1967 a Emissora Nacional) e da Televisão
(1972).
Para muitos, é ponto assente que os instrumentos - rajão, machete, viola - são criação
madeirense, enquanto as danças e cantares - charamba e mourisca.... - buscam as suas
origens remotas aos escravos negros da Costa da Guiné ou mouriscos. Com isto
esquecemo-nos da ancestral ligação ao continente pelos primeiros colonos. De opinião
diferente é Carlos Maria Santos que, após um estudo aturado sobre as danças, cantares e
instrumentos, não hesita em afirmar que "o Povo madeirense não soube criar as suas
canções, mas adoptou as melodias que apareceram ou caíram em moda, inovando dá-
nos uma lição de história: "Embora a tradição sirva, de certo modo, de pilar ao edifício
de História não satisfaz absolutamente ao investigador honesto, sempre ávidos de bases
seguras assente em afirmações". É esta permanente necessidade de duvidar de verdades
feitas que leva o investigador à procura das raízes recônditas, através do recurso ao
método comparativo. É, ainda, o mesmo autor que anota a dificuldade de conhecer em
profundidade as origens e percurso histórico do folclore madeirense. A tarefa é
espinhosa, uma vez que nas crónicas não ficou nada: "foi preciso reconstrui-lo adentro
das vagas alusões deixadas por alguns escritores e depois de demorada e paciente
investigação, em virtude de estarem hoje tão misturados que é quasi impossível separa-
los".
A mesma dificuldade se nos depara quando pretendemos encontrar nos acervos
documentais a vivência do incola através das suas danças e cantares. O raro testemunho
credível disso é dado por Gaspar Frutuoso para a festa de Nossa Senhora do Faial,
considerada lugar de peregrinação. Do Monte e da Ponta Delgada nada se diz. Mas tal
silêncio não é sinónimo de inexistência. Na verdade, nem sempre as actuais exigências
do investigador coincidem com a ideia que os nossos avoengos faziam daquilo que
deveria constar na memória histórica. O quotidiano não fazia parte disso. Os raros
testemunhos são particulares e surgem-nos através de cartas e diários. Mesmo assim
estes são poucos e só ganham algum interesse nos séculos XVIII e XIX, com os de
autores estrangeiros, nomeadamente ingleses. A habilidade do historiador, ou
investigador, está em descobrir essa realidade implícita no acervo documental, tal como
o demonstra a experiência da historiografia francesa.
A ilha, pela sua geografia, define-se como uma forma singular de mundividência. A
insularidade é a sua expressão, evidenciada na vida, história e mentalidade. A ilha é,
também, um cadinho da tradição e cultura. O isolamento, definido pela linha de água do
litoral, é o mecanismo que favorece a tradição e dá forma a este cadinho que a preserva.
Deste modo, não será por acaso que os primeiros passos da investigação do Folclore
tiveram as ilhas como palco. E, se tivermos em conta que aquilo que sucedeu nestas
ilhas foi um processo de descobrimento e ocupação, não podemos alhear-nos da cultura
do povoador que, depois, se moldou às novas condições.
Uma das insolúveis questões da História das ilhas prende-se com a origem geográfica
dos primeiros colonos que as povoaram. A etnogenia das gentes insulares é ainda
motivo de polémica e não se vislumbra qualquer solução. Note-se que a revelação deste
enigma é fundamental para o tema que nos ocupa. Rastrear as origens das gentes é o
mesmo que ir ao encontro das suas ancestrais tradições e definir o mosaico das
múltiplas aportações culturais, de que hoje somos herdeiros. O colono que pela primeira
vez pisou o solo, não sofria de amnésia e na sua bagagem constava, para além da
utensilagem agrícola, a tradição cultural. Mais, se tivermos em conta que as ilhas
estavam desabitadas, não estaremos perante fenómenos de assimilação, sendo a herança
cultural fruto, em primeiro lugar, desta aportação e da sua acomodação ecológica, que
define as suas especificidades. Aliás, Eduardo Pereira, no caso da música popular
madeirense, não hesita em afirmar que ela "é mais de adaptação que de criação
regional”.
A História não só nos abre os caminhos para a busca da ancestralidade de nossa cultura,
como nos propicia os meios para desvendar certas opções do passado recente. Já o
referimos, que foi na primeira metade do nosso século que mais se avançou no
conhecimento e divulgação do nosso folclore. Mas, também, neste momento a cultura
popular ficou exposta aos maiores atentados que, ainda, hoje se reflectem naquilo que se
nos oferece. Note-se que este foi um momento importante na História Contemporânea
das ilhas. O protagonismo da luta politica pela autonomia gerou o discurso cultural da
diferença, a consciência insular ou arquipelágica. Este movimento é o inverso do
oitocentista. Com esta primeira incursão e discurso da cultura popular pretendia-se
definir as especificidades. A estas sucederam-se outras que oscilam entre o discurso
regionalista, uma componente fundamental da autonomia, e a definição da
ancestralidade peninsular. A Madeira não é mais uma parte do todo, mas sim uma
região com uma identidade sócio-cultural diversa. A isto associa-se, depois, o discurso
do Secretariado Nacional de informação com o Portugal tópico, construído na
diversidade folclórica. Neste contexto insere-se, por exemplo, o estudo de Carlos M.
Santos sobre o traje e a decisão do Governador civil em 1933 ao estabelecer o traje
riscado como o tópico a usar pelas floristas.
Avaliar o contributo de uns e outros, eis a tarefa espinhosa que nos espera, a
historiadores e estudiosos do Folclore. Uma primeira ideia se impõe. Na Madeira a
escravatura foi algo diferente daquilo que sucedeu no Brasil. A dispersão geográfica das
áreas arroteadas, o reduzido número de escravos por proprietário e as limitações ao
espaço de convívio social, não favoreceram este tipo de convivência. Ainda, na
Madeira, tendo em conta as limitações impostas pelas posturas à circulação dos
escravos após o sino de correr, parece-nos difícil, senão impossível, encontrar um
momento para eles se divertirem em conjunto, com as suas danças e cantares. Mais, será
possível encontrar entre o reduzido número de escravos de cada senhor um grupo da
mesma etnia ou cultura, capaz de recriar as suas danças e cantares? Desta forma apenas
lhes restavam os momentos de folia estabelecidos para o proprietário, a que certamente
não deviam ser alheios: com os jogos de canas, as touradas e lutas.
O escravo é parte integrante da sociedade madeirense, não existindo para ele qualquer
separação ou delimitação espácio-social. O mundo do escravo entrecruzava-se com o do
livre. A dimensão reduzida do arquipélago, associada à forma de estruturação da
sociedade e economia fizeram com que esta simbiose se concretizasse em pleno. Os
regimentos régios, as posturas municipais, insistiam na necessidade de controlo, no
acanhado espaço de convívio, do escravo, no sentido de evitar qualquer situação
propiciadora da revolta. Estamos perante um processo de assimilação forçada, que deixa
pouca margem de expressão à cultura dominada. Perante isto, o escravo estava
amarrado ao quotidiano do senhor e só se poderia desprender-se dele em condições
especiais e mediante o seu consentimento. O escravo nesta sociedade só existe em
relação ao proprietário, pois era ele quem lhe atribuía a sua posição na estrutura social.
Desde o nome, que o identifica, é profissão, que ocupa, no dia a dia, e ao cumprimento
dos preceitos religiosos, a figura do proprietário está omnipresente. No caso das
escravas a ligação é mais estreita, servindo elas muitas vezes de concubinas.
Em todo esta problemática há uma questão fundamental que tem sido preterida pelos
estudiosos e defensores das aportações africanas à cultura madeirense. A Africa foi e
continua a ser um mosaico de culturas. Por isso, defender o contributo africano implica
a busca desta diversidade cultural, que é como quem diz, da origem geográfica e Étnica
dos escravos que vieram para a Madeira. A Costa da Guiné, um dos principais mercados
fornecedores de escravos para a Madeira, é, também, como sabemos, um autêntico
mosaico de culturas e etnias. Esta ideia é tida em conta por todos os estudiosos da
aportação cultural negra às regiões aonde chegaram os africanos. Somente entre nós este
tipo de comportamento é esquecido. Por tudo isto, podemos afirmar que estamos
perante um campo ainda em aberto a aguardar um tratamento cuidado pelos
investigadores. Por exemplo, o alargamento da investigação ao período final da
permanência do fenómeno na ilha poderá propiciar-nos novos dados capazes de
justificarem o desenvolvimento dos rastos e que poderão testemunhar, ainda hoje, a sua
presença na sociedade madeirense. Às possíveis reminiscências da presença dos
escravos na ilha podemos ainda colocar outras questões. A evolução da escravatura
desde o século XV até à sua abolição não foi unilinear e não é entendida por muitos. Na
Madeira é evidente a sua incidência nos primeiros cem anos de ocupação, até que foi
chegado o momento da sua maior procura pelo mercado americano. Para a maioria dos
eruditos esta realidade é ignorada, sendo a escravatura negra ou mourisca uma constante
da História da ilha.
Durante muito tempo as danças e cantares só eram audíveis e visíveis no seu quadro
natural, isto é, nos arraiais e diversos momentos do labor agrícola. Todavia o século
dezanove foi sentida a necessidade simultânea de estudo e recriação como espectáculo.
A primeira vez que isto aconteceu foi na primeira feira organizada pelo Governador
Civil, José Silvestre Ribeiro, na Praça Académica em 1850, onde um grupo de
camponeses com trajes antigos dançaram o baila a la moda. Esta manifestação perdurou
por cerca de dez anos com estas tão características danças. A mesma dança foi de novo
recreada em 1898 por um grupo de crianças. A partir de então em muitos dos bailes e
espectáculos estava presente aquele que ficou conhecido com o baile dos vilões.
Paulatinamente a cultura popular vinha adquirindo uma dimensão importante no lazer
dos funchalenses. Em 1901 el-rei D. Carlos foi saudado com um arraial madeirense e
em 1920 os festejos do quinto centenário do descobrimento da Madeira as danças a la
moda e o bailinho das camacheiras. A partir da década de trinta manteve-se esta forte
participação do folclore nos actos mais importantes de acolhimento de visitantes e desde
1936 nas festas da cidade e das vindimas(1938), com grupos das diversas freguesias
rurais. Neste época é evidente a intervenção de Carlos Santos, eminente estudioso do
folclore, na coordenação e aconselhamento de alguns grupos da cidade.
A primeira presença do baile das camacheiras nos festejos urbanos data de 1929, mas só
dez anos após surge identificado como o Rancho Folclórico da Camacha e apenas em
1949 surge o Grupo Folclórico da Casa do Povo da Camacha. Os cinquenta e sessenta
foram demarcados pela criação de diversos grupos folclóricos: Livramento(1958), Boa
Nova(1965), do Funchal(1966), do Porto Santo(1966), de Santana(1974),
Santana(1976) Gaula(1978)e Porto da Cruz(1978). Na década de oitenta os Serviços de
Extensão Rural imprimiram uma nova dinâmica das Casas do Povo, com a aposta no
desenvolvimento sócio-cultural das populações rurais, esteve na origem e criação de
grupos folclóricos em quase todas as freguesias da ilha: Ribeira Brava(1980), Ponta de
Sol(1981), Campanário(1982), Machico(1982), Santa Cruz(1982), Ponta do
Pargo(1985), S. Vicente(1986), Curral das Freiras(1988), Quinta Grande(1988),
Prazeres(1988), Porto Moniz(1989). Por outro lado a partir 1985 deu-se início ao
Festival Regional de folclore, a que em 1989 se associou 24 Horas a Bailar. Desde
então esta manifestação tem sido o motivo para discussão e estudo dos aspectos do
Folclore e quotidiano rural, com expressão na revista Folclore que se publica nesta
ocasião.
O acto de morrer, por muito entregue à igreja, passou a contar com a intervenção do
município. A lei que determinou a criação dos cemitérios públicos e acaba com a prática
dos enterramentos no subsolo do adro e igreja é de 1835. Tardou muito tempo até que
todas as paróquias fossem servidas. A resistência da igreja e das populações levou a que
se fossem adiando a sua solução. No concelho primeiro lançavam-se os cemitérios da
Vila e só em 1869 o de Ponta Delgada e passados três anos o de Boaventura. Este
último em 1875 acusava já a exiguidade do espaço levando à construção de um novo em
1876.
O serviço dos coveiros no cemitério deu azo a frequentes queixas dos moradores e a
permanente insatisfação da Câmara pelos serviços prestados pelo coveiro. Sucederam-se
várias recomendações e regulamentos que estabeleciam a forma do seu funcionamento.
O último regulamento é de 1942 estabelece a obrigatoriedade de existência de um
coveiro em cada cemitério e a forma que deve reger a sua actividade. A par disso a
Câmara disporá de três livros de registo de óbitos, um para cada cemitério. Enquanto o
de S. Vicente ficará na Câmara os demais estarão a cargo dos regedores de cada
freguesia.
ASSISTÊNCIA E SAÚDE. Uma das vertentes que pautou a intervenção da Igreja nas
ilhas foi a prestação de serviços de assistência aos cristãos e cativos. Para isso existia
um conjunto variado de instituições, que foram criadas de acordo com as necessidades
dos diversos núcleos populacionais. As cidades portuárias ficaram servidas de hospitais,
que davam o necessário apoio aos marinheiros e demais gentes de passagem. A par
disso os problemas resultantes da fome, mendicidade e a peste levaram à criação de
inúmeras instituições de beneficência, por iniciativa de particulares, que depois
passaram à alçada da igreja.
O Funchal, cidade portuária estava por isso mesmo aberta ao contágio das doenças.
Deste modo para precaver a urbe desta infecção estabeleceram-se espaços onde as
mercadorias e passageiros suspeitos eram mantidos de quarentena. Este espaço situava-
se primeiro em Santa Catarina e foi depois transferido para a outra ponta da cidade no
chamado Lazareto. A vereação da cidade estava atenta aos anúncios de peste nas
principais áreas de ligação à ilha. Mas isto era considerado pouco numa terra onde a
importação de géneros é fundamental e o principal via de transmissão de doenças
contagiosas e dermatológicas. Deste modo em 1787 o governador D. Diogo Pereira
Forjaz Coutinho avançou com a casa da saúde com o objectivo de vistoriar os navios
entrados e os produtos alimentares de importação à venda no mercado local.
As condições de vida no norte da ilha não eram diferentes das do resto da ilha. A sua
evolução acompanhou o demais, sendo pautada por um significativo progresso. Uma
das medidas mais importantes a ter em conta nesta época prendia-se com a prevenção.
As condições sanitárias das habitações e acima de tudo dos aglomerados como a Vila
não eram as melhores. Neste último caso a época invernosa tornava as ruas da Vila num
palco de imundice, sendo constante o apelo à limpeza das regadeiras e ao seu
calcetamento. As melhorias significativas nas condições de vida dos munícipes são
apenas visíveis a partir da década de trinta. A cobertura de palha cede lugar ao barro e
adiciona-se nas proximidades um novo compartimento, que depois passará a fazer parte
dos planos da casa. Note-se que, quer na construção da retrete quer do palheiro para
gado o médico municipal deveria informar da sua conveniência e localização.
O período que decorre de meados do século dezanove até às primeiras décadas do nosso
século, foi marcado por inúmeras epidemias que alastraram a toda a ilha. Em 1856 a
colera morbus levou à morte de 307 vicentinos. Passados vinte anos foi a vez da varíola
que voltou de novo a vitimar muitos madeirenses. Em S. Vicente refere-se a 1 de Junho
que a epidemia matou várias pessoas, o que leva a Câmara a reclamar apoio, pois "não
temos um só facultativo a quem se recaíra". A 15 de Julho estava em exercício um
facultativo no concelho, António Fernandes Telles da Silva, que atestou o estado
precário de saúde de Manuel José de Sousa, incapacitado para continuar a ser o
tesoureiro da arca dos órfãos. A epidemia de varíola manteve-se activa por muito
tempo, sentindo-se os seus reflexos em S. Vicente e Boaventura no ano de 1876, sendo
o serviço redobrado.
À varíola, que pouco atingiu o concelho, sucedeu a "influenza", que por um período
limitado causou inúmeras dificuldades. Deste modo em 23 de Abril o administrador do
concelho clama por providências e meios ao facultativo, pois a "epidemia se acha já
grassando em grande escala nos diferentes sítios desta freguesia”. O facultativo, Afonso
Henriques de Freitas ignorou a situação, sendo por isso mesmo despedido pela vereação
em 17 de Maio, sendo substituído a 31 de Outubro por Manuel Sardinha que residia na
Ribeira Brava e que prestava serviço na Ponta do Sol. A vereação da Ponta de Sol não
queria facilitar a sua saída mas as insistências do administrador do concelho junto do
Governador, reclamando um médico capaz de atender à grande quantidade de doentes
que se acham atacados de moléstia", conduziu foi bem atendido e o concelho foi servido
por algum tempo por vários médicos. A 27 de Fevereiro a doença estava extinta
procedendo a vereação ao pagamento das despesas. A varíola está de volta à ilha em
1907, mas sem atingir de forma significativa a corte do norte. As medidas profiláticas
sucedem-se atempadamente por recomendação do Delegado de Saúde. Atente-se por
exemplo às condições de sanidade das ruas da vila, com o tirar de regadeiras para a sua
limpeza, tudo isto por causa "das epidemias que ameação esta população". No Funchal
criou-se um lazareto hospital que contou também com o contributo da vereação
vicentina.
Um dos grandes arautos deste serviço era o subdelegado de saúde do concelho. É ele
quem, em 1902, reclama a extensão do abastecimento de água potável aos sítios do
Saramago e Passo. Ao mesmo tempo actua como olheiro do serviço, participando o
roubo clandestino de água dos marcos fontanários por alguns moradores vizinhos. Em
1909 o mesmo delegado de saúde reclama a reparação dos fontanários das Feiteiras e
Livramento e alega a má qualidade da água. É o mesmo delegado de saúde quem
reclama em 1913 medidas drásticas no abastecimento de água à Vila, com o
encerramento dos marcos fontanários, "a bem da saúde pública".
Se o abastecimento público através dos marcos fontanários pode ser considerado uma
realidade do século XIX, o mesmo não sucederá com o domiciliário que data dos anos
quarenta do nosso século. Até então o recurso era os fontanários, as levadas, ou a
possibilidade, apenas para alguns, de aproveitamento dos sobejos das águas dos marcos
fontanários. Este era apenas um privilégio daqueles que viviam próximo dos
fontanários. A construção dos lavadouros municipais enquadra-se na política de
salubridade do concelho. Deste modo evitava-se o uso das levadas, que eram logradouro
comum no serviço de água. Aos demais vicentinos não servidos por esta rede pública de
fontanários restava o recurso da fonte ou então a disponibilidade de uma bilha e um
copo para serviço de água como dispunha a secretaria da Câmara. O simples gesto de
abrir a torneira em sua casa é uma realidade apenas dos anos quarenta do nosso século.
Desde 1947, à medida que o plano de canalização de água ao domicilio avança,
sucedem-se os inúmeros pedidos de ligação por parte dos moradores abrangidos. O
plano de abastecimento de água potável a S. Vicente e Ponta Delgada foi traçado em
1947 para ser levado a cabo a partir do ano imediato.
A ILUMINAÇÃO E A ELECTRICIDADE. Foi o desenvolvimento do turismo que
obrigou as autoridades a avançarem com medidas de promoção de melhores condições
de vida aos forasteiros que em muito beneficiaram os residentes. No século dezanove o
turismo era uma realidade, mas a ilha parece que não oferecia as melhores garantias a
estes forasteiros. A primeira experiência isolada da câmara com candeeiros de azeite
teve lugar em 1821 mas foi só em 1846 que José Silvestre Ribeiro determinou a
iluminação da cidade com lampiões de azeite. São apenas três neste ano, aumentando
para 31 em Janeiro do novo ano e chegam a setenta em 1849. Em 1858 foi feito um
concurso para o lançamento da iluminação a gás mas continuou-se com o azeite e
em1866 tivemos os primeiros ensaios com o petróleo, que passou a ser o usado como
combustível em 1870.
A luz eléctrica chegou cedo à ilha pelas mãos dos britânicos. De novo a câmara
adjudicou em 1881 a iluminação da cidade a gás que acabou por ser anulado e entregue
em 1884 ao engenheiro Eduardo Augusto Kopke, deixando em aberto a possibilidade de
uso da energia eléctrica. Mas este plano não foi por diante e em 1895 estabeleceu-se
outro contrato para electrificação da cidade, que teve efeitos práticos em 1897 com as
primeiras lâmpadas a serem acesas a 19 de Junho. A exploração desde este ano foi
transferida para a posse da empresa The Madeira Electric Lighting Company Ltd, que
ficou conhecida como a Casa da Luz. O serviço de iluminação e fornecimento de
energia alargou-se rapidamente atingindo as freguesias suburbanas.
Enquanto na cidade dava-se os primeiros passos com a luz eléctrica, no meio rural a
aposta continuou até à década de cinquenta nos candeeiros. Esta não se ficou apenas
pelo Funchal, pois alargou-se também a algumas vilas, mesmo na encosta Norte, que
receberam os candeeiros do Funchal em segunda mão. Assim em S. Vicente a mais
antiga referência à iluminação pública é de 1896. Em Março deste ano a Câmara
instalou 8 candeeiros e respectivo ferro nas ruas da Vila. No ano imediato o serviço
alargou-se até à Terra Chã, seguindo-se depois em 1904 às freguesias de Ponta Delgada
e Boaventura.. Em 1910 instalou-se um novo candeeiro na Vila e no ano imediato a
comissão municipal do Funchal ofereceu oito candeeiros que deixou de utilizar na
iluminação pública da cidade. Ainda em 1913 adquiriram-se mais dois candeeiros para a
Vila, mas as condições de iluminação continuavam a ser insuficientes pelo que em 1931
a Câmara decidiu comprar um "petromax" de 1200 velas com o seu aparelho para
montagem na beira da Terra Chã para iluminar a Vila.
O ano de 1974 marca o início de uma nova fase dos serviços com a sua passagem a
empresa pública com a designação de Empresa de Electricidade da Madeira que foi
regionalizada em 1979. Esta última situação conduziu a vultuosos investimentos no
sector que conduziram à electrificação total da ilha e oferta de um serviço de melhor
qualidade com a construção da Central Térmica dos Socorridos, que levou ao
encerramento da do Funchal em 1989, hoje feita museu.
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