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AS IMAGENS DE DEUS
(Sexta-feira noite):
• Apresentação
• Introdução ao retiro:
- 1. As imagens de Deus
- Oração introdutória ao retiro.
(Sábado de manhã):
• Encontro: Deus em Moisés – Imagem de YHWH
- Oração pessoal
• Oração de meio-dia com partilha
(Sábado de tarde):
• Encontro: Nós em Jesus: Imagem de Deus servo
- Oração pessoal
• Eucaristia simples (ou um outro momento de oração)
Para isso seria bom informar-se se seria possível utilizar a capela no monte. Penso que
seria interessante uma experiência diferente de retiro.
(Sábado noite):
• Vigília de adoração – com partilha da tarde
(Domingo):
• Encontro: Deus em Jesus Cristo: Imagem do pai
- Oração pessoal e preparação da eucaristia final
• Eucaristia
- A graça pedida, o que fazer dela?
- Que imagem(s) de Deus na minha vida? O que fazer?
No sábado de manhã e domingo de manhã pode não fazer-se nenhuma oração. Pode-se
aproveitar o início de cada encontro para se fazer uma simples e breve oração que
introduz o tema. Ganha-se assim mais tempo para a oração pessoal já que há outros
momentos para a oração comunitária.
Pode assim aproveitar-se o tempo da primeira noite para dar tempo a que cada um se
introduza no retiro e na noite seguinte para fazer uma boa vigília sabendo que haverá
tempo suficiente para dormir.
PREPARAR
1. AS IMAGENS DE DEUS
Introdução:
ABBA: Deus animado por uma opção de bondade radical. Deus invadido por uma
solicitude amante, próximo e acessível. O Deus de Abraão, Isaac, Jacob, a quem se pode
rezar, a quem se deve rezar.
• É a experiência da misericórdia estonteante de Deus para com o seu povo (Os
11,8).
• Jesus faz esta experiência nas águas do Jordão ao momento do seu baptismo.
Este caminho é o caminho que faz toda a gente. Não é um caminho linear, mas salta de
uma etapa para outra, recua, avança... segundo as circunstâncias da via do dia a dia.
Imagens de Deus:
• É uma questão que se põe toda a pessoa: Que imagem tenho de Deus? Nos meus
pensamentos? Na minha maneira de falar ou de agir, que imagem eu deixo
exteriorizar? Qual é a tua (ou tuas) imagem de Deus?
• Nós vivemos um tempo após os mestres da dúvida segundo um filosofo francês
Paul Ricoeur:
• Freud (no livro Moisés) dá uma imagem do Pai assassinado pelo clã, cansado do
poder do pai. Após a morte o clã chora o pai morto, culpa-se (sentimento de
culpa) e para se purificar, diviniza o pai. Deus é este pai. Deus é um produto
cultural do conceito de Édipo.
• Nietzche: a religião é a vingança dos vencidos contra os vencedores. (cf Cristo
na cruz, o perdão dos que nos fazem mal porque não podemos vingar-nos,...)
• Marx: a religião é a forma de alienação dos pobres. É uma consolação na
miséria.
• Reparemos agora na quadra de Natal: Nas ruas há imagens do pai natal, enfeites,
luzes, jogos, presentes,... Mas pouco de Deus. Ou Deus será isso tudo?
• Em todos os momentos, atitudes, experiências do nosso dia a dia, Deus
manifesta-se de uma certa maneira. Ou melhor nós podermos “vê-lo” de uma
determinada maneira.
• Jesus, ao chamar a Deus ABBA, valoriza o símbolo paternal. Claro que chamar
a Deus de pai não é sem problemas: que é que se entende quando se diz pai? O
significado varia de uma cultura para outra. A nossa ideia de pai deriva de uma
cultura monárquica toda poderosa. Mas a mesma concepção já não existe
noutras culturas, por exemplo africanas.
• Seria então interessante de reflectir sobre o que significa para mim dizer ABBA,
ou quando Jesus diz ABBA.
• Da nossa imagem, representação de Deus, depende a nossa maneira de ser
cristão, o nosso relacionamento com os outros:
- Como manifesto a minha fé? As minhas ideias? Com coragem? Medo?
Imposição? Diálogo?
- O meu Deus deve impor-se ou propor-se?
É preciso continuar a perscrutar o rosto de Deus Is 42,13-14 “ 13 O Senhor sai como um
herói, como um guerreiro excita o ardor; lança o grito de guerra, esbraveja, desafiando os
inimigos. 14 Fiquei sem fazer nada desde tempos remotos, guardei silêncio, contive-me... Vou
lamentar-me como parturiente, respirar com dificuldade e ofegar”. duas faces de Deus:
poderoso e fraco.
Apresentar-se:
• Apresentar a Deus o que sou, o que tenho, o que sinto, o que me preocupa e
chateia. Não tenhais medo nem vergonha. Mas não é uma apresentação de 15
segundos (chamo-me....). O que estou a viver hoje, ou nestes dias, ou neste
período,...
• Dizer a Deus o porquê da minha presença aqui (por isso a escrevestes). Dizer-lhe
os sentimentos que me habitam (cansaço, doença, tristeza, alegria, desânimo,...)
Dizer-lhe o que ele é para mim:
• Que imagem(s) tenho de Deus? Como o vejo? Como o sinto? Como o
manifesto?
• Quem é Deus para mim?
Pedir-lhe uma graça:
• Alguém a quem não consigo pedir alguma coisa não é meu amigo.
• Pedir é criar uma relação de aliança (eu e Deus).
• Pedir é manifestar-se necessitado, precisar de algo, desejoso de conseguir algo.
• Pedir a Deus o que gostaria de alcançar neste retiro.
Pedir o quê? (medo de comprometer-se ao pedir?)
• Pedir o que quero.
• Não muito vago nem muito geral.
• Algo de concreto. O que me parece que poderá favorecer a minha relação com
Deus. O que eu sinto como exigente e libertador. O que eu gostaria de alcançar
mas não está ao meu alcance.
Com fé:
• Preparar-se a recebê-lo como um presente e não como algo de merecido.
ORAÇÃO
Senhor,
Não permitas que esqueçamos:
Tu falas, mesmo quando estás calado.
Dá-nos esta fé:
Quando estivermos á espera da tua vinda.
Tu calas por amor
E por amor falas.
Assim é no silêncio,
Assim é na palavra:
Tu és sempre o mesmo pai,
O mesmo coração paterno,
E guias-nos com a tua voz
E ensinas-nos com o teu silêncio.
2. YHWH – O ARBUSTO ARDENTE
Começar o encontro fazendo passar um espelho. Cada um toma o tempo que quiser para
olhar ao espelho, como quiser, em que posição quiser. Depois passa-o ao companheiro e
escreve o que viu no espelho.
Se possível fazer em silêncio.
Ex 3,1-16
• Jacob desce ao Egipto, com toda a sua família. Acabam por tornar-se numerosos e
poderosos. Com medo os reis do Egipto tornam-nos escravos. Para travar o
crescimento, matam os primogénitos. Moisés escapa.
• Já adulto Moisés deixa o palácio e vê, repara na situação do povo: escravidão,
pobreza, miséria, sem direitos...
• Ele deixa-se de tal maneira tocar por esta situação que mata o polícia egípcio (Ex
2,11-12).
• Então é obrigado a fugir. Uma nova situação se lhe depara. De novo toma uma
resolução defende as mulheres vítimas dos pastores (Ex 2,16-17).
• Moisés vê a situação de miséria e compromete-se com e em favor dos que sofrem
essas situações.
• Este é o primeiro passo para um compromisso vocacional: Independentemente da
sua fdé, do conhecimento, do relacionamento com as pessoas e do seu
relacionamento com Deus, Moisés vê a situação que é má e compromete-se na
mudança.
• É neste contexto que surge a vocação de Moisés. Deus aparece tarde, mas aparece.
• Foi preciso que Moisés visse para que Deus aparecesse.
• Deus viu o que Moisés viu.
Texto da vocação:
• 3 imagens (deserto, montanha, fogo) e uma voz. As 3 imagens são cheias de
significado. Elas falam, dizem algo, mas são também inacessíveis.
• Do fundo do desespero surge um grito e do fogo, uma voz se manifesta. Uma
resposta ao grito de desespero. Uma promessa.
A voz:
• A voz manifesta o que Moisés viu. A voz de Deus ouve-se, emerge, sobe do grito
dos pobres. O desespero de Deus, o sofrimento de Deus manifesta-se lá onde os
homens se comovem deste desespero, deste sofrimento.
• Deus ouve, vê o que Moisés ouviu e viu. É na medida em que Moisés tomou
consciência da realidade, que Deus tomou também conta da realidade.
• Como é que Deus pode saber o que se passa se o homem não lhe diz nada do
que se passa, não se interessa pelo que se passa, não conhece o que se passa?
Pode Deus ouvir o grito do homem sem o homem?
• Deus dá voz aos que não têm voz (eu serei a tua boca e te ensinarei o que deves
dizer Ex 4,12).
Fogo:
• A voz sai do fogo: realidade misteriosa. O lugar atrai (v. 3 Moisés vai ao
encontro) mas repele, afasta também. Isso intriga Moisés. Aproxima-se mas vê-
se impor uma distância (v. 5 não te aproximes). Atrai e repele ao mesmo tempo.
• A imagem do fogo sugere um Deus impossível de tocar, intocável, inacessível,
não motivo de objecto, de controlo. É ele a origem dos acontecimentos e os guia.
Promessa:
• Ao mesmo tempo que chama, Deus faz uma promessa (v.12: eu estou sempre
contigo).
• A pessoa que responde ao chamamento de Deus é seguro que Deus dá, abre um
futuro, ao seu comprometimento (do homem). Esta promessa é reforçada pela
referência aos antigos, aos pais, aos avós. É como um juramento.
• Moisés volta com a certeza que a sua missão é a missão de Deus.
• Deus fará o que Moisés fizer e Moisés fará o que Deus fizer..
Nome:
• Tradução difícil: eu sou aquele que sou; eu sou aquele que é; eu sou aquele que
será.
• O nome tem algo a ver, está em relação com o ser, com o existir; mas também
com o impossível de dizer, com o mistério onde floresce a linguagem, a
comunicação humana.
• Dizer, mas para dizer que não se pode dizer nada.
• Deus dá-se um nome mas que não se relaciona a nenhum significante nem
significado.
Quais as imagens de Deus que mais se manifestam na minha vida? Quais as razões?
Em que lugares, pessoas, acontecimentos da minha vida ou do mundo encontro essas
imagens?
Qual a imagem de Deus que mais me cativa? Porquê?
Que imagem gostaria que Deus me mostrasse dele?
Textos de apoio:
Ex 3,1-15
Dt 6,4-9
Dt 24,17-18
Mt 7,24-27
Mc 4,3-9
Mc 5,1-20
Jesus servo:
• Urs Von Balthasar dizia: “É na medida em que Deus serve, em que ele lava os pés
da sua criatura, que ele se revela na sua intimidade”.
• É quando Deus serve que ele se revela tal como é, no seu foro mais íntimo.
• Isto acarreta consequências: Não se pode entrar neste mistério com o pensamento,
com a cabeça, mas com o coração, com uma inclinação amorosa, através de uma
paixão, no verdadeiro sentido da palavra.
• Então aí sim, podemos contemplar Jesus que se revela como Messias. Jesus que leva
até ao fim a sua missão.
• É Jesus que dá a vida, que oferece a sua vida, que lava os pés, e que por aí manifesta
o verdadeiro Deus.
• A “alteza real” de Deus se manifesta no serviço aos homens.
• A verdadeira imagem de Deus é o Cristo ao serviço de cada homem e mulher em
todos os gestos da sua vida.
REFLEXÃO - ORAÇÃO
Textos:
Jn 13,1-20 – lava-pés
Lc 22,14-20 – ultima ceia
Mt 16,13-20; Lc 9,18-21; Mc 8,27-33 – reconhecimento de Pedro
2. Gn1,26
• Enviar o seu Filho é uma maneira de continuar a obra da criação, começada. Em
Jesus a criação realiza-se por todo o homem
• Deus dá pleno sentido à criação do homem à sua imagem ao “revestir-se”
(Paulo) da nossa condição humana.
• Se é verdade que nenhum de nós pediu para nascer, para viver nem como viver,
o filho de Deus escolheu viver e como viver, escolheu uma maneira.
• É este mistério que nos fala e nos revela Jesus. Mesmo se ele não faz nada,
mesmo se o reconhecemos como filho de Deus, não é suficiente. É preciso
reconhecer nele o amor de Deus pela humanidade, pelo homem, por mim, por ti,
por ele.
• Não se pode entrar nestes textos só com a inteligência. É preciso que cada um se
pergunte o que é que tudo isto provoca em mim. Se vejo em Jesus o amor de
deus pela humanidade o que é que isso provoca em mim? Que sentimentos?
3. Reflexão e Oração:
Objectivo da contemplação das cenas evangélicas:
• Tomar consciência da revelação do pai e do filho que se faz homem
• Somos convidados a contemplar uma outra realidade: o amor de Deus pelo
homem.
• É preciso deixar-me chamar, participar desta relação pai-filho para transformar-
me em filho adoptivo (Paulo).
Graça a pedir:
• Conhecer o interior de Jesus que por mim se fez homem para melhor o amar e
melhor o seguir.
Cenas evangélicas:
1. / Incarnação em 3 lugares (escolher um):
• Superfície de toda a terra; todos os homens nas diferentes situações. Nenhum
procura deus.
• A trindade. Representar o pai que contempla esta humanidade e que renuncia a
destruí-la. Representar o pai, o filho e o espírito que cochicham entre si para
verem como fazer.
• A Galileia. Uma aldeia. Uma jovem rapariga. O nascimento de um menino
2. / Lc 1,26-38:
• O sim desta mulher. O risco que deus aceita. Contemplar a situação, a trindade.
• Contemplar as actividades: homem – barulho; trindade envia o filho; Maria
acolhe.
• Como é que eu posso acolher como Maria?
CAMINHADA AO MONTE
Explicação da caminhada:
• É uma caminhada onde vale tudo, mas com um objectivo.
• Objectivo: contemplar Deus que se revela a cada um. Ele revela-se como? Que
características? Que imagens?
• Como alcançar o objectivo?
- Leitura de textos bíblicos relacionados com o natal;
- Reflexão e oração em silêncio sobre os textos;
- Contemplação da realidade (movimento, pessoas, imagens...)
- Eventualmente através do diálogo a dois sobre o texto lido;
• Ter atenção aos sentimentos que os textos ou a realidade desperta em mim.
• Prestar atenção ao que se passa à minha volta. Que imagem manifesta de Deus?
• Não ter medo das distracções, aproveitá-las para rezar; Deus manifesta-se
também através delas.
Lugar de paragem Acontecimento Texto Refl. pessoal
Anuncio do nascimento de JB Lc 1,5-25
Anuncio do nascimento de Jesus Lc 1,26-38
Visita de Maria a Isabel Lc 1,39-56
Nascimento de Jesus Mt 1,18-25
Nascimento de Jesus Mt 1,18-25
Nascimento de JB Lc 1,57-79
Nascimento de Jesus Mt 1,18-25
Visita dos pastores Lc 2,8-20
Visita dos magos Mt 2,1-12
Simeão e Ana Lc 2,15-38
Fuga para o Egipto, massacre das Mt 2,13-18
crianças de Belém
Oração contemplativa: Deus-homem Jn 1,1-18
Visita dos pastores Lc 2,8-20
Visita dos magos Mt 2,1-12
Simeão e Ana Lc 2,15-38
Fuga para o Egipto, massacre das Mt 2,13-18
crianças de Belém
Oração contemplativa: Deus-homem Mt 2,13-18
Oração contemplativa: Deus-homem Jn 1,1-18
Jn 1,1-18
Visita dos pastores Lc 2,8-20
Visita dos magos Mt 2,1-12
Simeão e Ana Lc 2,15-38
Fuga para o Egipto, massacre das Mt 2,13-18
crianças de Belém
Oração contemplativa: Deus-homem Jn 1,1-18
Visita dos pastores Lc 2,8-20
Visita dos magos Mt 2,1-12
Simeão e Ana Lc 2,15-38
Fuga para o Egipto, massacre das Mt 2,13-18
crianças de Belém
Oração contemplativa: Deus-homem Mt 2,13-18
Oração contemplativa: Deus-homem Mt 2,13-18
Oração contemplativa: Deus-homem Jn 1,1-18
Jn 1,1-18
Mt 2,13-18
Oração contemplativa: Deus-homem Jn 1,1-18
Jn 1,1-18
OU CAMINHADA PEREGRINA
Objectivo:
• Descobrir o rosto de Deus. Tomar consciência das imagens que Deus nos oferece
hoje para se manifestar presente:
Meios:
• Palavra de Deus:
- A cada paragem escutaremos um texto do evangelho. Daremos um tempo
de silêncio e reflexão/oração. Para que cada um possa através das
palavras que ouviu descobrir que imagem, Deus manifesta de si mesmo;
ou que imagem os homens manifestam de Deus.
- Esta palavra alimenta também os momentos de marcha, em silêncio.
• A realidade ambiente:
- Estar atentos ao que nos rodeia (barulho, silêncio, movimento,
acontecimentos, gestos, expressões, pessoas,...). Em que é que isso me
manifesta Deus? Como o vejo?
- Não ter medo de se distrair com a condição de que depois se possa tirar
alguma coisa.
Como proceder:
• Vamos todos juntos, sem nos atropelarmos, mas sem nos separarmos muito
também, para que não tenhamos de esperar muito uns pelos outros.
• Marcaremos um ritmo calmo e tranquilo, sem pressas. Um ritmo que permita a
reflexão e oração.
• Em cada ponto de paragem, cada um procura instalar-se o melhor possível
(sentado ou de pé) e escutaremos um texto do evangelho seguido de uns
momentos de silêncio. Depois continuaremos a marcha.
• A marcha se fará em silêncio para favorecer a reflexão pessoal. Excepto se
houver indicação para fazer diferente (o que provavelmente acontecera, depois
da leitura dos anjos e dos magos: 2 a 2?).
• Cada um pode, ou em marcha ou quando parado, tentar pôr por escrito os
sentimentos que o habitam.
Chegados ao monte:
• Ficaremos em silêncio na capela. Cada um procure, se necessário pôr as ideias
em ordem, escrever, tomar consciência da experiência que viveu.
• Terminaremos a caminhada com uma oração comum.