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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

RESENHA “A PRODUÇÃO DA NOTÍCIA: ESTUDOS SOBRE A CONSTRUÇÃO


DA REALIDADE”, DE GAYE TUCHMAN

Trabalho apresentado à disciplina de Teoria


do Jornalismo do curso de Comunicação
Social – Jornalismo, por Aline Baroni
Professor(a): Kelly Prudencio

Curitiba
2005
Gaye Tuchman, em seu livro “A produção da notícia: estudos sobre a construção da
realidade”, analisa as rotinas produtivas do jornalismo sob o ponto de vista sociológico. Os
meios de comunicação impõem cuidadosamente uma estrutura ao tempo e ao espaço para
tornar possível a realização do trabalho, ou seja, da avaliação dos acontecimentos como
notícias. A autora desnuda a prática jornalística definindo-a como um conjunto de
procedimentos e rituais para a manutenção da objetividade do profissional. Essa busca pela
veracidade traz duas correntes sociológicas sobre o jornalismo. A primeira diz que a
sociedade cria a consciência e que as notícias dependem dessa estrutura social, não das
atividades dos informadores e das organizações informativas. A outra, a abordagem
interpretativa, defende que a sociedade ajuda a formar a consciência, mas salienta as
atividades dos informadores e das organizações informativas mais que as normas sociais.
De acordo com essa segunda visão, da qual Tuchman compartilha, “a notícia registra a
realidade social e é um produto dela.”
A rede informativa, para ela, impõe uma ordem ao mundo social e determina uma
hierarquia entre os repórteres e o que é ou não notícia. Outro ponto importante dessa obra é
o exame dos critérios de noticiabilidade. Há três fatores que dividem e revelam o interesse
dos leitores: acontecimentos em lugares específicos (os meios de comunicação dividem o
mundo em áreas de responsabilidade territorial), atividades específicas e tópicos específicos
(departamentos independentes, as chamadas editorias). Mais que a aplicação de critérios
objetivos e pré-definidos, os critérios de noticiabilidade são resultado de negociações
editoriais que acabam por excluir algumas notícias e hierarquizar outras. O principal fator
que tem como efeito a renúncia de determinadas matérias é a produção de mais relatos do
que podem ser processados.
As notícias, por sua vez, podem ser categorizadas em cinco tipos: duras, leves,
súbitas, em desenvolvimento e em seqüência (não sendo, no entanto, a distinção entre elas
clara nem mesmo para os comunicadores). As duras são acontecimentos considerados
noticiáveis e analisáveis, tidos como importantes para manter as pessoas informadas; são as
questões importantes, mas que se tornam obsoletas rapidamente. As leves são relatos
interessantes que relatam a “fraqueza” dos homens por causa de sua banalidade. O relato de
notícias leves não precisa estar em dia e poucos se referem a acontecimentos imprevistos.
As súbitas aparecem repentinamente e devem ser processadas com rapidez. Também há as
em desenvolvimento e as em seqüência, que são uma série de relatos sobre o mesmo tema ,
baseado em acontecimentos que estão ocorrendo durante um período.
Tuchman defende as tipificações como meio para a obtenção de técnicas
jornalísticas, tais como a organização para conferir e corrigir qualquer abertura para reação
pessoal e particular (idiossincrasia). Nesse ponto, o profissionalismo – aí subentendida a
autonomia e o direito dos trabalhadores de controlar seu próprio trabalho - é um agente
redutor da idiossincrasia. “As definições, os exemplos prototípicos e as listas de
acontecimentos reduzem a variabilidade dos acontecimentos como matéria prima de
notícias e, assim, reduzem a idiossincrasia”.
Os acontecimentos têm que ser reconstruídos e, quanto mais informação se conhece,
mais adequadamente esse processo é realizado. Cada jornalista especialista, para ela, deve
ser um generalista capaz de realizar o trabalho do outro para que o objetivo central da
instituição – a notícia - seja cumprido.
Outro ponto importante de sua argumentação é a relação dos jornalistas com as
fontes. Para ela, localizar acontecimentos requer ter fontes de notícias. Ao conhecer as
fontes, os comunicadores podem acumular relatos e, assim, demonstrar sua competência.
Conhecer fontes traz status profissional; e, quanto maior o status da fonte, mais alto é o
status do jornalista.
Gaye Tuchman participa, com esse livro, do newsmaking, corrente de pesquisa que
estuda os emissores e analisa a noticiabilidade dentro da cultura profissional dos jornalistas
e como modo de organização dos processos produtivos. O newsmaking dá-se com
investigação participante, ou seja, o pesquisador colhe dados na própria redação, através de
entrevistas, como fica evidente no texto.
O estudo de Tuchman, como o padrão do newsmaking (apesar de terem elevado a
investigação jornalística ao status científico), peca na medida que negligencia a relação do
jornalismo com o público, valorizando apenas a interação que há entre fontes e jornalistas e
a análise desses dois últimos separadamente.

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