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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO,

CAPÍTULO UM – PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO


1- NOÇÕES GERAIS
2 – ECOCUIDADO
2.1 – TELEOLOGIA DOS CONHECIMENTOS E DAS AÇÕES DE CUIDADO
2.2 - ECOCUIDADO E ADMISTRAÇÃO ECOSSANITÁRIA
2.3 – REVISÃO DAS BASES DO ECOCUIDADO
3 – PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO EM FLORENCE
4 - ESCRITOS PUBLICADOS DE FLORENCE NIGHTINGALE
5 – OBRAS COMPLETAS DE FLORENCE NIGHTINGALE
6 – PUBLICAÇÕES DA COLEÇÃO MEDICINA MODERNA

CAPÍTULO DOIS – TEORIAS INTERPESSOAIS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO


1 - PSICODINÂMICA DO CUIDADO
2 – RELAÇÃO DE AJUDA
3 – COMUNICAÇÃO AFETIVA DE CUIDADO
4 - MATERNAGEM DO CUIDADO
5 – SISTEMAS DE CUIDADO
6 – NURSOLOGIA E FENOMENOLOGIA DO CUIDADO

CAPÍTULO TRÊS – TEORIAS CENTRADAS EM NECESSIDADES


1 – NOÇÕES GERAIS
2 – AS 14 METAS DO CUIDADO DE ENFERMAGEM
3 – PROCESSO DE AUTOCUIDADO
4 – AS 21 METAS DO CUIDADO DE ENFERMAGEM
5 – MODELO DE VANDA HORTA
6 - MODELO DE ROSALDA PAIM

CAPÍTULO QUATRO – RESULTADOS DE CUIDADO


1 – SISTEMA COMPORTAMENTAL DE CUIDADO
1.1 – SUBSISTEMAS COMPORTAMENTAIS DE CUIDADO
1.2 – PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO EM JOHNSON
2 – CIÊNCIA E ARTE DO CUIDADO
2.1 – PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO EM MARTHA ROGERS
3 – SISTEMA DE CONSERVAÇÃO DO CUIDADO
3.1 – PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO EM MYRA LEVINE
4 – SISTEMA DE ADAPTAÇÃO DO CUIDADO
4.1 – PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO EM CALLISTA ROY
5 - CIÊNCIA FILOSÓFICA DO CUIDADO
6 - CÍRCULOS DE CUIDADO

CAPÍTULO CINCO – CIÊNCIA CULTURAL DO CUIDADO EM LEININGER


1 – NOÇÕES GERAIS
2 – SÍNTESE DA COMPOSIÇÃO DO PENSAMENTO LEININGERIANO
3 – ENFERMAGEM TRANSCULTURAL E ETNOENFERMAGEM NO BRASIL
4 – MAPEAMENTO CONCEITUAL DOS SABERES PRODUZIDOS A PARTIR DO PENSAMENTO LEININGERIANO
4.1 – SÍNTESE DOS SINTAGMAS DE CUIDADO
5 – REDIMENSÃO DA ENFERMAGEM TRANSCULTURAL E DA ETNOENFERMAGEM
5.1 – ETNOMETODOLOGIA
5.2 – ETNOCIÊNCIA
5.3 – ETNO-HISTÓRIA
6 – PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO EM LEININGER

CAPÍTULO SEIS – CAMPOS DE ENERGIA DO CUIDADO


1 – TEORIA DO TORNAR-SE PESSOA
2 - PADRÃO UNITÁRIO-TRANSFORMADOR DO CUIDADO
3 – SISTEMA ENERGÉTICO DE CUIDADO EM BETTY NEUMAN
4 – OUTRAS CONCEPÇÕES DE CUIDADO
4.1 – CIÊNCIA SOLIDÁRIA DO CUIDADO
4.2 – TEORIA DA MODELAGEM DO CUIDADO
CAPÍTULO SETE - SISTEMA NANDA DE CUIDADO
1 – NOÇÕES GERAIS
2 – CONCEITOS DIAGNÓSTICOS NA TAXONOMIA NANDA
3 – PADRÕES DE RESPOSTA HUMANA
4 – PADRÕES CORPOGRÁFICOS NO CUIDADO DE ENFERMAGEM
5 – CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DA PRÁTICA DE ENFERMAGEM
5.1 – TIPOS DE AÇÃO DE CUIDADO
6 - CONCEITOS DIAGNÓSTICOS NA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DA PRÁTICA DE ENFERMAGEM EM
SAÚDE COLETIVA
6.1 - PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-CUIDADO NA ENFERMAGEM DE SAÚDE PÚBLICA
INTRODUÇÃO

Metafísica é o tipo de conhecimento humano, e portanto histórico – social - político,


em que uma idéia, visão e concepção da vida e do mundo são arbitrariamente
hegemonizadas e erguidas ao estatuto de universais; assim sendo, essa universalidade é
a-histórica, a-social, supostamente não ideológica e não política.
Dito de outro modo e sinteticamente, Metafísica caracteriza o sistema filosófico de
pensamento em que uma concepção de mundo e da vida é captada e fundamentada
conceptualmente e elevada à categoria de validade universal.1
Conceitos metafísicos são os que não têm relação com a realidade histórico-social-
humana-política: o racionalismo de Renato Descartes e o positivismo de Augusto Comte
são expressões conceituais metafísicas, ainda vigentes, e derivadas de um determinado
tipo de concepção filosófica de mundo – o Naturalismo.
Várias são as escolas de pensamento e os pensadores mais representativos do
Naturalismo, desde o mundo grego: Demócrito de Abdera, Epicuro, Lucrécio, Thomas
Hobbes, os Enciclopedistas do Iluminismo europeu, os Materialistas modernos (Augusto
Comte e Ricardo Avenarius).
Os filósofos do Naturalismo, do qual o Iluminismo europeu é uma das elaborações
sofisticadas, têm por características:
-conhecimento causalista;
-sensualismo é a raiz dominante de sua gnoseologia. Sensualismo é sistema filosófico de
pensamento para o qual o processo de conhecimento ou de suas operações se reduzem
à experiência sensível exterior e em que as determinações de valor e de fins estão sob o
critério de valor contido no prazer e na dor sensíveis, ou seja, dos sentidos humanos;
-o materialismo é a sua metafísica;
-sua ética é hedonista. Hedonista refere-se à filosofia de Epicuro (342 ou 241 a.C – 270
a.C) e ao seu sistema filosófico de pensamento denominado Epicurismo, oposto ao
Estoicismo fundado por Zenão de Citium (~336 a.C – 264 a.C);
-o conhecimento da natureza precede o estudo do homem (e da mulher);
-atêm-se à racionalidade matemática e ao experimento (repetição em laboratório sob
condições controladas) para compreender o mundo físico e suas leis;
-a matéria é realidade absoluta: qualifica-se de materialismo se a matéria é a última
substância do real e de positivismo quando a matéria é concebida como caráter
fenomênico do real;
-o mundo é totalidade causalmente determinada e aonde não existem os conceitos de
liberdade, valor e fim (teleologia);
-o homem (e a mulher) é traço e escravo da natureza, participando de sua estrutura legal;
-o físico (material) explica e subordina o espiritual;
-o comportamento naturalista (materialista ou positivista) perante o mundo é causalista.
Da concepção filosófica de mundo denominada Naturalismo (em suas vertentes de
materialismo e de positivismo) procedem as arbitrariedades e as pretensões
epistemológicas e metodológicas da racionalidade da Ciência Moderna, segundo a
hegemonia das Ciências Experimentais notadamente a partir do século XVII: tais
arbitrariedades e pretensões podem ser resumidas em traços principais:2:62-8
-desconfiança e repúdio sistemáticos às evidências da experiência humana imediata,
base do conhecimento chamado comum, popular ou vulgar;
-absoluta separação entre natureza e cultura ou natureza e humanidade; a pretensão é de
domínio e de controle humanos da natureza através do modelo de pensamento e de ação
das ciências naturais;
-confiança absoluta no dogma da certeza derivada do experimento ordenado;
-observação e experimentação (repetibilidade) são os fundamentos metodológicos desse
tipo de conhecimento científico cujo instrumento de análise e lógica da investigação são
as idéias matemáticas;
-conhecer e conhecimento científico significam quantificar, reduzir a complexidade pela
divisão e classificação seguidas da determinação das relações sistemáticas entre o que
foi arbitrariamente separado;
-o tipo de conhecimento científico da ciência insustentável é causal e formulador de leis
(generalizações) a partir da observação de regularidades e com o objetivo de prever
comportamentos dos acontecimentos (fenômenos);
-o princípio da causalidade na ciência moderna (ou insustentável) limita-se à causa
formal; interessa-se no modo de funcionamento da coisa; irrelevantes e desprezíveis são
a causa material, a causa eficiente e a causa final. Retomando Aristóteles, causa material
responde à questão de que foi feito a coisa, a causa formal responde por que é isto e não
aquilo, a causa eficiente responde por quem foi feito, a causa final responde para que foi
feito;
-o tipo de conhecimento fundado em leis (generalizações) tem por pressuposto a idéia de
ordem e de estabilidade das coisas; o passado se repete no futuro;
-o horizonte do tipo de conhecimento fundado em leis é o determinismo mecanicista pelo
qual o conhecimento é utilitário e funcional com capacidade para dominar (controlar) e
transformar; é o campo limitado pela chamada racionalidade cognitivo-instrumental;
-o modelo (insustentável) de conhecimentos das ciências experimentais é universalmente
válido e o único válido; portanto, somente a esse modelo se dá o nome de conhecimento
científico – um conhecimento mínimo e, portanto, limitado e insuficiente.
Com tais características da Metafísica do Naturalismo nas Ciências Experimentais
ergueram-se os metafísicos conceitos de saúde, de doença, de cuidado, com seus
discursos e suas práticas não menos metafísicas e geralmente hegemonizadas nessa ou
naquela disciplina científica, nesse ou naquele momento político restrito a tipos de Estados
e governos.
Porque metafísicos, saberes e práticas apelidados de saúde são saberes e práticas
de doença, erguidos por profissões e profissionais da doença; a doença é um ente
mágico, um deus (um miasma, um vírus, uma bactéria ou um fungo) que “ataca” e perante
tal ataque ou previsibilidade de ataque o conhecimento científico-experimental
supostamente erradica ou controla, estabelecendo a cura e afastando o perigo e a morte -
e isto a despeito da realidade vivencial de pessoas e de coletividades demonstrarem
exatamente o contrário; o cuidado é outro deus usado metaforicamente para a produção
de não cuidado, de destrutividades criativas e de criatividades destrutivas - lembrando as
expressões acidamente críticas e não metafísicas de Nietzsche.3 Eis a relevância de
estudos e de pesquisas destacando a fundamentalidade do cuidado e do cuidar na vida
humana: o não cuidado responde por todas as possíveis formas de destrutividade – por
mais criativas possam ser tais modos de aniquilamento da vida.
CUIDADO É O MOTOR DO DESENVOLVIMENTO E DO CRESCIMENTO DE
PESSOAS E DE SOCIEDADES.
ANTERIOR, INCLUSOR E ULTRAPASSANTE AO PRÓPRIO MUNDO DO
TRABALHO, O MUNDO DO CUIDADO É A BASE FORMADORA E
TRANSFORMADORA DO MUNDO HISTÓRICO, SOCIAL, HUMANO: SEM CUIDADO,
TODO TIPO DE TRABALHO É EXPROPRIAÇÃO, EXPATRIAÇÃO E EXTRATIVISMO.
O mundo do trabalho é (e pode não ser) manifestação do mundo do cuidado em
ação, compreendendo-se determinadas formas e teleologias de trabalho como
expressões do mundo do não cuidado: no itinerário dessa concepção de mundo, os
conceitos de saúde e de doença são expressões multifacetárias de processos de cuidado
e de não cuidado tanto nos sistemas de organização interna quanto nos sistemas de
organização externa das sociedades.4
Por isso mesmo, no Brasil, o conceito político, social, econômico e constitucional
de saúde é o de que saúde é dever do Estado e responsabilidade de todos, conseqüente
às condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho,
transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de
saúde de qualidade e resolutivos.5 Noutros termos, saúde resulta do modo de
organização (interna e externa) da sociedade; dito ainda de outro modo: saúde resulta do
modo de cuidado e de não cuidado com que se organiza a sociedade humana.
Modos de organização são instituições de processos. Processo, do latim
processu, significa ação que origina, ir para diante: é um percurso, uma marcha, uma
sucessão (não linear) de estados, de condições, de situações e de mudanças. Formal e
metodologicamente, processo é a maneira pela qual algo se realiza mediante
determinadas regras ou direções pré-estabelecidas ou pré-configuradas. Nessa
significação inclui-se o processo saúde-doença-cuidado (PSDC) em que os conceitos de
saúde, de doença e de cuidado somente podem ser compreendidos no próprio processo
de viver, histórica-social-humanamente determinado, resultante e condicionado aos
modos de organização das sociedades: ou seja, o PSDC somente pode ser
compreendido e abordado historicamente e não fenomenologicamente.
PSDC não é um nôumeno nem um fenômeno.
Desde Immanuel Kant, considera-se nôumeno o que se afirma pela razão
(metafísica e não histórica) e, portanto, não fundado na experiência vivida e no
entendimento. Nôumeno é inacessível à sensibilidade e ao entendimento humano;
fenômeno apresenta-se na experiência da pessoa geradora do conhecimento, ou seja,
estrutura-se pelo (e no) sujeito condicionado ao espaço e ao tempo, aos seus limites de
entendimento, de juízo e na própria condição desse sujeito como objeto de determinado
conhecimento. Essa dupla significação procede da própria palavra grega phainomenon ou
latina phaenomenon.
Dito de outro modo, na Filosofia Transcendental de Kant, fenômeno é o que se
apresenta ao sujeito do conhecimento na experiência, ou seja, a aparência da coisa; a
"coisa em si", o nôumeno, é inacessível ao conhecimento pela experiência sensorial.
Nesse caso, o conhecimento é produto das formas de organização das matérias-primas
da experiência (sensações, percepções, concepções...) e não da experiência em si.
Para a Fenomenologia, do verbo grego fainestai que significa mostrar-se a si
mesmo,6 fenômeno é tudo o que se mostra.
Ao Positivismo comteano interessam as relações constantes entre os fenômenos
naturais ou psicológicos e não os fenômenos em si.
Fenômeno, entretanto, é algo diverso: para a concepção histórica de mundo,
fenômeno, do latim phaenomenon, é aquilo que não modifica nem perde suas
propriedades permanentes segundo os sentidos humanos; ou seja, fenômenos
independem dos sentidos humanos e por ad infinitum mantêm as mesmas propriedades
que lhes caracterizam, independente de mudanças externas ou mudanças de posição do
objeto ou da coisa considerada fenômeno.
A realidade histórico-sócio-humana não tem propriedades permanentes, é
mutável e multidiversa porque humana; portanto, não é fenomênica. Nesse sentido, as
ciências humanas não lidam com fenômenos ou fatos quimiobiofísicos, mas com fatos
humanos e, portanto, histórico-sociais.
Na obra Processo Saúde-Doença-Cuidado, tanto o conceito vigente de
processo saúde-doença quanto o PSDC são fatos históricos, inseparavelmente
psicológicos, sociológicos, antropológicos e, obviamente, biológicos.
O PSDC é um desenvolvimento do processo saúde-doença a partir da particular
contribuição práxica das Ciências da Enfermagem
7

sobre o processo de cuidado; portanto, não é uma evolução do conceito de


processo saúde-doença nem uma mera adição ou inclusão do cuidado neste processo.
Nessa linha conceptual, desenvolvimento significa estritamente diferenciação e
aperfeiçoamento. Até então não sistematizada nem apresentada tendo o Cuidado por
base fundante do processo de conhecimento, eis a relevante contribuição histórica da
Ciência da Enfermagem para as demais ciências da saúde e que a obra Processo
Saúde-Doença-Cuidado destaca e disponibiliza tanto a aprendentes, ensinantes,
pesquisadoras e pesquisadores da graduação e quanto da pós-graduação em Saúde.
Particularmente na área de Enfermagem, o texto da obra é subsídio para os
temas de disciplinas específicas tais como Fundamentos Teórico-conceituais da
Enfermagem, Filosofia do Cuidado, Introdução à Enfermagem, Metodologia da Prática de
Enfermagem, Fundamentos Filosóficos da Enfermagem.
O capítulo um, após situar os conceitos de cuidado, processo saúde-doença e
processo saúde-doença-cuidado, destaca o pensamento ecossanitário de Florence
Nightingale – a Dama do Cuidado no século XIX - e sua atualidade diante dos graves
problemas ambientais e sanitários do planeta, causados por ações humanas de não
cuidado. Além disso, oferece uma nova proposta interpretativa do processo saúde-
doença-cuidado fundado no pensamento de Miss Nightingale e enumera a extensa lista
das suas obras escritas, pouco estudadas no Brasil, sobretudo na graduação e na pós-
graduação em saúde em geral e na Enfermagem em particular.
O capítulo dois revisa as teorias interpessoais de Enfermagem, colocando-as em
profundidade com o processo saúde-doença-cuidado tal qual foram concebidas: esta
revisão altera, pois, o estudo dessas próprias teorias e sua aplicação, possibilitando a
criação, pela Enfermagem, de novos cenários terapêuticos não necessariamente
vinculados à prática especializada da Enfermagem Hospitalar. As pesquisadoras do
cuidado reapresentadas sob a ótica de uma Educação Centrada no Cuidado são: Hildegar
Peplau e a teoria psicodinâmica do cuidado, Ida Jean Orlando e a teoria da Relação de
Ajuda, Joyce Travelbee e a teoria da Comunicação afetiva de cuidado, Ernestine
Wiedenbach e a teoria da Maternagem do cuidado, Imogene M. King e a teoria dos
Sistemas de Cuidado, Josephine G. Paterson e Loretta T. Zderad com a proposta da
Nursologia e da Fenomenologia do Cuidado.
O capítulo três retoma a discussão sobre o conceito de necessidades e de
necessidades humanas básicas; para isso, revisita teoristas brasileiras de Enfermagem
quais Vanda de Aguiar Horta e Rosalda Cruz Nogueira Paim, apontando-lhes os limites e
as possibilidades para uma metodologia da prática de Enfermagem não centrada em
sinais e sintomas de doenças. Ainda destaca a Teoria do Autocuidado de Dorothea
Elizabeth Orem, quase não aplicada no Brasil na profundidade e na extensividade de sua
proposta integral de autonomia e de poder de autocuidado de pessoas e de coletividades.
O capítulo quatro destaca as teoristas do Cuidado de Enfermagem, precursoras
do que pode ser denominado Enfermagem Pós-Moderna: dentre as teoristas
apresentadas estão Jean Watson e sua proposição de uma Ciência Filosófica do Cuidado
e, igualmente, Martha Rogers e sua concepção de Ciência e Arte do Cuidado. Ainda são
revistas sob a ótica do processo saúde-doença-cuidado as teorias de Dorothy Elizabeth
Johnson, Martha Rogers, Myra Levine e Callista Roy.
O capítulo cinco é dedicado ao pensamento ainda revolucionário de Madeleine
Leininger ao sinonimizar Ciência da Enfermagem e Ciência do Cuidado, numa perspectiva
multi e transcultural e numa concepção de Etnociência e não do modelo da Ciência
Moderna: da Enfermagem Transcultural e da Etnoenfermagem, o autor propõe os campos
da Antropologia do Cuidado e do método Etnocuidado – uma proposta já anteriormente
sistematizada e apresentada pelo próprio autor em Congressos nacionais e Colóquio
latinoamericano de Enfermagem, além de Simpósios e Seminários.
O capítulo seis reconsidera sob a concepção de processo saúde-doença-cuidado
a teoria do Tornar-se Pessoa de Rosemarie Rizzo Parse, a teoria de padrão unitário-
transformador do Cuidado de Margareth Elizabeth Newman, a teoria de sistema
energético de cuidado de Betty Neuman, a teoria da Ciência Solidária do Cuidado de
Anne Boykin e Savina Schoenhofer, a teoria da Modelagem do Cuidado de Helen Erickon,
Evelyn Tomlin e Mary Ann Swain. Um destaque inédito é a apresentação da proposta do
autor de uma Hermenêutica do Cuidado, discutida dentro da tradição de pensamento de
Margareth Elizabeth Newman.
O capítulo sete destaca a taxonomia NANDA (North American Nursing Diagnosis
Association) e seus sistemas de diagnósticos, de intervenções e de resultados do
Cuidado de Enfermagem, além de reconfigurar as atuais propostas das ações de cuidado
da Classificação Internacional da Prática de Enfermagem (CIPE) e da Classificação
Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (CIPESC): esta
reconfiguração aponta para a centralidade da taxonomia NANDA que envolve todos os
possíveis cenários terapêuticas para a Enfermagem, não restritos ao ambiente hospitalar
nem centrados em doenças: o projeto CIPESC pode – e deveria - incluir-se na própria
taxonomia NANDA – esta é a conclusão do autor ao respeitar a tradição internacional de
pesquisas de Enfermagem sobre cuidado e processo de cuidado.
Ainda o capítulo sete apresenta um guia esquemático dos padrões corpográficos
(de respostas-reações humanas aos processos de viver e aos problemas de saúde)
ligando-os aos diagnósticos e às intervenções do Cuidado de Enfermagem, além do
método Etnocuidado em diálogo com a Etnoenfermagem de Madeleine Leininger e com
os Círculos de Cultura de Paulo Freire.
Ao final de cada capítulo está composto um Guia do Professor com a enumeração
dos conceitos apresentados, dos autores citados e atividades sugeridas; eventualmente,
são disponibilizados textos para leituras complementares.
Finalmente, toda a obra materializa a contribuição do autor para uma efetiva
Educação de Enfermagem Centrada no Cuidado (EECC) e Educação Para o Cuidado e
Autocuidado (EPCA) e a partir do processo saúde-doença-cuidado (PSDC) até então
apenas nominado sem conhecimento formal que o explicitasse no próprio contexto do
processo de cuidado.

1
DILTHEY, Wilhelm Guillermo. La Esencia de la Filosofia. Buenos Aires: Losada. 1952
2
SANTOS, Boaventura de Sousa. A Crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. Volume 1. 4. ed.
São Paulo: Cortez. 2002
3
NIETZSCHE, Friedrich. The Will to power. New York: Random. 1968
4
Sistemas são conexões de fim ou nexos finais da cultura, derivados das concepções de mundo de quem os criou: Arte,
Religião, Filosofia, Ciência são tipos de conceitos gerais de sistemas.
Dentre as várias ciências dos Sistemas de Organização Externa da Sociedade estão a família, o Estado, a
igreja, a comunidade, o Direito, a Economia e a Economia Política: hoje, serão as Ciências da Família, Ciências
Políticas, Ciências Teológicas, Ciência do Direito, Ciências Econômicas, Ciências Comunitárias ou da Comunidade.
Dentre as várias ciências dos Sistemas de Organização Interna da Sociedade estão as associações
particulares dentro da sociedade, tais como corporações, sindicatos, organizações não governamentais, associações de
bairro e de determinados grupos de populações (mulheres, negros, indígenas, sem-teto, sem-terra, sem-escola, sem
trabalho...) hoje denominados Movimentos Sociais.
Além dos sistemas de organização, fundados em enunciados práticos, há os sistemas culturais – fundados em
enunciados teóricos: as ciências dos sistemas culturais englobam todos os sistemas filosóficos, científicos, religiosos,
artísticos, pedagógicos, poéticos, entre vários outros.
5
SENADO FEDERAL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal/Secretaria Especial de
Editoração e Publicações/Subsecretaria de edições técnicas. 2002
6
LEOPARDI, Maria Tereza. Metodologia da pesquisa na saúde. Florianópolis:UFSC. 2002
7
Ciências da Enfermagem, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Enfermagem,
instituídas pela Resolução no. 3, de 7 de novembro de 2001, do Conselho Nacional de Educação e Câmara de
Educação Superior são: Fundamentos de Enfermagem, Cuidado de Enfermagem, Administração de Enfermagem e
Ensino de Enfermagem.

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