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Aqui mesmo, agora mesmo

“Querido Osho,
Enquanto ouvia sua palestra ontem, eu senti como se não estivesse nesta Terra; eu era uma
pequena partícula de luz no céu infinito e aberto. Depois da palestra, também uma experiência
de claridade e vazio continuou e eu quis me manter perambulando neste céu. Eu não sei o que
são conhecimento, karma e devoção, mas na solidão eu quero permanecer imerso neste
estado. Todavia algumas vezes surge o sentimento de que isso pode ser loucura, de que isso
pode ser um truque do meu ego. Por favor, clareie o meu caminho.

Nós estamos nesta Terra, mas na verdade nós não podemos estar nela, e nós não
estamos. Eu sinto isto: nós somos estranhos nesta Terra. Nós fizemos um lar em nosso corpo,
mas o nosso corpo não é o nosso lar.
É como se alguém se estabelecesse no estrangeiro e esquecesse sua terra natal. De
repente, no mercado, ele se encontra com alguém que fala a sua língua materna e o faz
lembrar de casa. Por um momento o país estrangeiro desaparece e sua terra natal se faz
presente.
Este é o significado das escrituras.
Este é o verdadeiro propósito das palavras dos mestres.
Após ouvi-los, por um momento, nós não estamos mais aqui. Nós vamos para o lugar
onde pertencemos. Nós fluímos em sua música. As situações que nos haviam envolvido
completamente desaparecem e aquilo que estava muito longe se aproxima.
As palavras de Ashtavakra são absolutamente únicas. Ouvindo-as, isso acontecerá
muitas vezes, você sentirá que não é desta Terra, mas que se tornou parte do céu, porque
essas palavras são do céu. Essas palavras vêm da terra natal, vêm daquela fonte da qual todos
nós viemos e à qual todos nós retornaremos. Sem voltar para ela, nós nunca encontraremos
paz.
O lugar onde nós estamos é como uma pousada e não um lar. Não importa o quanto nós
possamos insistir que ele é um lar, ainda assim uma pousada permanece uma pousada. Para
esquecer o lar, tentamos argumentar que ele está longe, mas isso não faz diferença. O espinho
continuará nos espetando, a memória continuará retornando. E se em algum momento, nos
acontece encontrar uma certa verdade que nos atrai como um magneto e nos mostra um outro
mundo, então nós percebemos que não somos parte desta Terra.
Isso é bom: ‘Enquanto ouvia sua palestra ontem, eu senti como se não estivesse nesta
Terra.’ Não há quem seja desta Terra. Nós aparentamos ser dela, nós sentimos como se
fôssemos dela; na verdade, nós existimos no céu. A nossa natureza é do céu.
O ser significa o céu interior.
O corpo significa a Terra, o corpo é feito com a Terra. Você é feito com o céu.
Esses dois se encontram dentro de você.
Você é o horizonte onde a Terra parece encontrar o céu. Mas alguma vez eles se
encontram? Ao longe, no horizonte, parece que o céu está tocando a Terra. Você começa a
caminhar naquela direção achando que vai alcançar aquele ponto em um ou dois minutos. Pode
continuar caminhando por várias vidas e você nunca alcançará o ponto onde o céu toca a Terra.
Ele é apenas uma miragem. Sempre vai parecer que um pouco mais adiante você vai conseguir
chegar, só um pouquinho mais adiante.
O horizonte não existe, é só aparência. No nosso interior ocorre o mesmo que no
horizonte externo. Internamente nenhum contato jamais aconteceu também. Como o ser toca o
corpo? Como o imortal encontra o mortal? O leite se mistura com água, ambos são da Terra.
Mas como o ser irá se fundir com o corpo? Suas qualidades básicas são diferentes. Por mais
próximo que eles cheguem, eles não conseguem se tocar. Eles podem permanecer próximos
para sempre, ainda assim eles não conseguirão se tocar, eles não conseguirão se encontrar. É
apenas a nossa suposição, a nossa idéia. O horizonte existe apenas como uma idéia nossa.
Se você permitir que as afirmações de Ashtavakra penetrem seu coração como flechas,
elas irão acordá-lo e relembrá-lo. Elas irão despertar aquela memória esquecida há muito
tempo. Por um momento o céu se abrirá, as nuvens irão separar-se e a sua vida será
preenchida com a luz do sol.
Isto pode ser difícil, pois esta experiência é contra todo o nosso modo de viver. Isto
causará desconforto. E não foi você quem dispersou as nuvens no seu interior. Elas foram
dispersas pelas palavras de um mestre. Depois elas se reunirão novamente. Antes que você
volte para casa, de novo as nuvens o estarão rodeando. Você não abandona seus hábitos assim
tão rapidamente. De novo as nuvens irão se reunir e você se sentirá ainda mais incomodado.
Você duvidará. Não terá sido um sonho, aquilo que você viu? Não foi um certo tipo de projeção?
Será que não foi um truque do ego, da mente? Talvez você tenha entrado numa certa loucura?
Naturalmente, o peso de seus hábitos é grande; eles são muito antigos. A escuridão é
antiga, embora ela não tenha existência real. Sempre que os raios da luz do sol explodem
internamente, eles são novos, absolutamente frescos. Mas você vê os raios só por um instante
e novamente já está perdido na escuridão. A sua escuridão tem uma história muito longa.
Quando você coloca os dois na balança, dúvidas surgem sobre a luz do sol, mas não a respeito
da escuridão. A escuridão é que deveria ser colocada em dúvida. Ao invés disto, duvida-se da
luz do sol, porque os seus raios são novos e a escuridão é muito velha. A escuridão é como uma
tradição avançando ao longo dos séculos. Os raios de luz acabaram de chegar, frescos e novos.
Tão novos... Como é possível confiar neles?
‘Eu senti como se não estivesse nesta Terra.’ Ninguém é desta Terra. Não podemos ser
desta Terra. Pensar de outra maneira é apenas crença e projeção nossa. Parece que é, mas não
é a verdade.
’Eu era uma pequena partícula de luz no céu infinito
e aberto.’ Isto é apenas o começo. ’... uma pequena partícula de
luz no céu infinito.’ Logo você sentirá, ‘Eu sou o céu infinito’. Isto
é apenas o começo.
Neste exato momento nós não estamos prontos para estar
completamente absorvidos no céu infinito. E se nós sentirmos que
o vôo está chegando, a tempestade chegando e que os ventos
estão nos levando embora, ainda assim nós estaremos nos
sentindo separados e nos preservando. ’ ...uma partícula de luz...’
Você não é mais a escuridão, você tornou-se uma partícula de luz.
Mas ainda existe ali uma distinção em relação ao céu; a divisão
permanece, uma separação permanece. O máximo vai acontecer
no dia em que você se tornar o céu. Por ora, a partícula de luz
ainda está separada. No dia em que você se tornar integrado,
Existence - Osho Zen Tarot você sentirá: ‘Eu sou o vasto céu vazio.’
É assim que expressamos isto em palavras: ‘eu sou um céu vazio.’ Mas como isto é
possível enquanto o ‘Eu’ está ali? Se o ‘Eu’ está, então o céu permanece separado. Quando a
percepção de céu vazio chega, então ‘Eu’ já terá ido e somente o céu vazio permanece.
As pessoas dizem, ‘Aham brahmasmi – Eu sou Deus, eu sou Brahma.’ Mas quando
Brahma é, como pode ‘Eu’ permanecer? Somente Brahma permanece, não eu. Mas não existe
outra maneira de expressá-lo.
A linguagem é para pessoas que estão dormindo.A linguagem pertence àqueles que se
estabeleceram num país estrangeiro, mas o consideram como sua terra natal.
O silêncio é para aqueles que sabem.
A linguagem é para o ignorante.
Assim, tão-logo você diz alguma coisa, só por dizê-lo, a verdade se torna não-verdade.
‘Aham Brahmasmi’ – eu sou Brahma, eu sou o céu. Diga e isto se torna uma mentira. Apenas o
céu é. Mas dizer, ‘apenas o céu é’ não é a verdade total, porque o ‘apenas’ indica que deve
haver alguma coisa mais, caso contrário, por que a ênfase no apenas? ‘Céu é’? Mesmo isto é
difícil dizer porque ‘é’ pode tornar-se ‘não é’.
Nós dizemos ‘a casa é.’ Um dia ela deixará de ser. Ela pode desabar, tornar-se uma
ruína. Nós dizemos, ‘o homem é’ pois algum dia o homem morrerá. O céu não é como isto, que
algumas vezes é e algumas vezes não é. O céu sempre é. Assim, dizer ‘o céu é’’ é uma
repetição. A própria natureza do céu é ser. Então, por que repetir ‘é’?É correto dizer ‘é’ para
aquelas coisas que um dia deixam de existir. Um homem é. Um dia ele não era, hoje ele é e
amanhã novamente não será. O nosso ‘é’ existe entre dois ‘não’.
O ‘é’ do céu, era ontem, é hoje e será amanhã. Qual o sentido de ‘é’ entre dois ‘é’? O ‘é’
tem sentido entre dois ‘não é’. Assim, dizer, ‘o céu é’ também é uma repetição. Vamos dizer
‘céu’. Mas quando eu digo céu significa que existe alguma coisa que é diferente dele, separado
dele, caso contrário, qual a necessidade de uma palavra? Se só existe um não há necessidade
de dizer um. O um tem sentido quando existe o dois, o três, o quatro, quando existem
números. Por que dizer céu?
Por isso a sabedoria é silenciosa. É impossível trazer a sabedoria definitiva ao mundo das
palavras.
Mas nós somos afortunados por indivíduos raros como Ashtavakra terem feito esforços
incansáveis e impossíveis. O tanto quanto foi possível, eles fizeram para traduzir em palavras a
fragrância da verdade. E observe que poucos foram tão bem sucedidos quanto Ashtavakra em
suas tentativas. Muitos tentaram traduzir em palavras a verdade e todos foram derrotados. A
derrota é certa. Mas se você olhar entre os derrotados, Ashtavakra foi o último a sê-lo. Ele é o
que mais sucesso obteve. Se você ouvir corretamente, você se relembrará de seu lar.
É auspicioso você ter sentido que era uma partícula de luz. Prepare-se para se perder.
Um dia você perceberá que a partícula de luz também se perdeu e somente o céu permanecerá.
Então, a embriaguez dominá-lo-á completamente. Então, você se afogará no vinho da verdade.
Então, você dançará e experienciará o sabor total do néctar.
‘Depois da palestra também uma experiência de claridade e vazio continuou e eu quis
me manter perambulando nesse céu.’ Aqui nós cometemos um pequeno engano. Quando nós
temos qualquer experiência prazerosa, nós queremos repeti-la várias vezes. Como é fraca a
mente humana. Ela é cheia de desejos. Cheia de ganância; tentações continuam surgindo. Ela
quer repetir tudo o que é prazeroso. Mas lembre-se de uma coisa: a repetição já está errada.
Assim que você deseja, ‘deixe acontecer novamente’, aquilo nunca acontece, porque a primeira
vez que ocorreu, não foi por causa do seu desejo. Aquilo aconteceu por si mesmo, não foi um
ato seu.
É aqui que Ashtavakra coloca toda a sua ênfase: a verdade acontece. Ela não é um ato,
ela é um acontecimento. Isso aconteceu com você enquanto ouvia. O que você estava fazendo?
Ouvindo significa que você nada estava fazendo. Você estava sentado completamente vazio.
Você estava silencioso, você estava alerta, você estava desperto, você não estava dormindo.
Bom! Mas o que você estava fazendo? Você era simplesmente um receptor. Sua mente era
como um espelho, o que vinha diante dela era refletido, o que era dito, era ouvido. Você não
estava acrescentando coisa alguma. Se você tivesse acrescentado alguma coisa, aquilo nunca
teria acontecido. Você não estava fazendo comentários, você não estava dizendo em sua
mente: ‘Sim, isto é certo e aquilo é errado. Eu concordo com isto ou eu discordo. Isto está de
acordo com as escrituras.’ Ou ‘Isto não é’. Você não estava fazendo afirmações lógicas a
respeito daquilo. Se você tivesse se perdido na lógica, este acontecimento nunca teria
acontecido.
Eu sei quem fez a pergunta: é o Swami Om Prakash Saraswati. Sua mente já está muito
longe da lógica, muito longe das dúvidas e argumentações. Aqueles dias já se foram. Um dia
ele formulou argumentos lógicos, levantou dúvidas. Mas agora ele está amadurecido com as
experiências da vida. Agora aquela infantilidade não está mais em sua mente. Foi por isto que a
experiência pode acontecer. Ele estava simplesmente ouvindo, sentado, nada fazendo. Ele
simplesmente sentou-se e aconteceu.
Aconteceu a primeira vez sem que você tenha feito alguma coisa. Se você quiser
que aconteça uma segunda vez, isto irá criar uma perturbação. O desejo não foi causa para que
aquilo acontecesse. Assim quando um raro acontecimento surge, não deseje. Quando ele
acontece, aceite-o alegremente. Quando ele não acontece, não reclame, não peça para que ele
aconteça. Se pedir, você perderá. Pedir é uma exigência, uma insistência: ‘Aquilo devia
acontecer. Aconteceu uma vez, por que não acontece agora’?
Isto ocorre todos os dias. Quando as pessoas vêm aqui para meditar, no começo elas
estão frescas e novas. Elas não têm qualquer experiência, por isto acontece. Isto é muito
surpreendente. Você precisa compreender isto. Isto irá ajudá-lo a entender melhor o
Ashtavakra. Esta é a minha experiência diária. Quando as pessoas vêm novas e frescas e sem
qualquer experiência com meditação, ela acontece. Ela acontece e eles ficam preenchidos com
alegria. Mas a própria experiência cria dificuldades, pois surge a expectativa. O que aconteceu
hoje, deverá acontecer amanhã; e não apenas acontecer, mas ainda com mais força. Mas ela
não acontece e eles se aproximam de mim chorando. E dizem, ‘O que aconteceu? Por acaso
cometemos algum engano? Ela aconteceu uma vez, mas não agora.’
‘Este é o seu engano’, eu lhes digo. ‘Quando a meditação aconteceu na primeira vez,
você não estava esperando coisa alguma; agora você está. Agora a mente não é mais inocente.
Ela foi contaminada pela sua expectativa.Agora você não é genuíno, você não está aberto. O
questionamento fechou as portas. A expectativa surgiu e ela deteriora tudo. Agora o desejo foi
desperto e a ganância entrou.’
Isto acontece todos os dias. Pessoas que meditaram por longo tempo continuam
tentando muitos métodos, mas somente conseguem se entregar à meditação com grande
dificuldade. A experiência delas torna-se uma barreira.
Algumas vezes alguém simplesmente vem, fluindo com a vibração... sem nem mesmo
pensar em meditação. Um amigo estava vindo e então ele pensou, ‘vamos ver o que é isto’. Ele
veio só por curiosidade, sem desejos, sem buscas espirituais, sem esforços em direção à
meditação; simplesmente veio. Alguma coisa disparou internamente quando ele viu outras
pessoas meditando e juntou-se a elas. E então a meditação aconteceu! Ele ficou surpreso: ‘eu
não vim para meditar, mas a meditação aconteceu.’ Agora os problemas começam. Agora,
quando ele vem novamente, existe expectativa. A mente está interessada; aquilo deve
acontecer de novo. Existe uma ganância, um desejo pela repetição. A mente entrou e todo o
processo ficou perturbado.
Aconteceu apenas quando não havia mente.
Lembre-se: a mente é o desejo pela repetição.
Deixe que o prazeroso aconteça de novo, não deixe que o desagradável repita; isto é a
mente. A mente escolhe: deixe que isto aconteça e que aquilo não aconteça. Deixe que
aconteça mais vezes deste jeito e nunca daquele jeito; isto é a mente.
Quando você começa a fluir com a vida, o que acontece
está ok, o que não acontece, também está ok. O sofrimento
chega e é aceito. O sofrimento chega e não há resistência
alguma. A felicidade chega e ela é aceita. A felicidade chega e
não há qualquer excitação. Quando há tranqüilidade em ambas
as situações, felicidade e sofrimento, uma serenidade começa a
surgir. Então, felicidade e sofrimento começam a parecer muito
semelhantes, porque nenhuma escolha é feita. Agora está fora
de nossas mãos. O que acontecer, aconteceu.
Nós continuamos observando. É a isto que Ashvakra
chama de sakshi-bhav, o testemunhar. E ele diz que se o
testemunhar é alcançado, tudo é alcançado. Internamente,
sakshi-bhav desperta a testemunha, externamente ela traz
serenidade.
Serenidade é a sombra do testemunhar. Silence - Osho Zen Tarot

Ou, se você alcançar serenidade, o testemunhar chega. Os dois seguem juntos. Eles são
os dois pés ou as duas asas de um mesmo fenômeno.
‘Eu quis me manter perambulando neste céu.’ Fique alerta. Não dê à mente a chance de
destruir os momentos de meditação. Essa mesma mente já destruiu sua vida. Ela deteriorou
todos os seus relacionamentos. Essa mente fez toda a sua vida ficar seca como um deserto.
Onde muitas flores poderiam ter desabrochado, existem apenas espinhos. Não traga essa
mente com você em sua jornada interior. Diga-lhe adeus e peça-lhe licença. Amorosamente
despeça-se dela. Diga-lhe, ‘já é o bastante. Eu não quero pedir mais nada. Qualquer coisa que
aconteça, eu estarei acordado e observando.’
Assim que você pede algo, já não consegue mais ser uma testemunha. Você se torna
identificado com aquele que se alegra e sofre. Então a meditação desaparece. Estar identificado
significa que você está dizendo: ‘Eu sou aquele que gostou disso, isso me fez feliz’.
’Eu não sei o que são conhecimento, karma e devoção, mas na solidão eu quero
permanecer imerso neste estado.’ Jogue fora esse querer e você irá entrar nesse mesmo
estado. E não apenas na solidão, mas no meio da multidão você irá entrar nele. Mesmo se você
estiver no mercado, você vai permanecer imerso. Este estado nada tem a ver com solidão ou
multidão, com mercado ou com templo, com massas ou isolamento. Este estado está
relacionado com a sua mente tornando-se quieta, estando em equilíbrio. Esse acontecimento
terá lugar onde quer que haja paz, serenidade. Mas não peça para que ele ocorra, do contrário,
o próprio pedido se tornará intranqüilidade, criará tensão.
Ashtavakra diz, ‘aqui mesmo, agora mesmo.’ O pedido é sempre pelo amanhã. Ele não
pode ser aqui e agora. A natureza do pedido é que ele não está no presente. Ele dá um salto.
Pedir significa: ‘deixe que aconteça amanhã ou daqui a uma hora.’ O pedido não consegue ser
agora mesmo. Um tempo é requerido. Pode ser um tempo muito curto, mas ainda assim, um
tempo é requerido. E o futuro não existe. O futuro significa aquilo que não é. Presente significa
aquilo que é. O presente e o pedido não se relacionam.
Quando você está no presente, você descobre que não há o que pedir, não há o querer. E
então o acontecimento tem lugar. Quando não há qualquer desejo por ele, ele acontece com
abundância.
Compreenda bem esse nó duplo. Familiarize-se com todos os seus aspectos. No dia em
que você não pedir coisa alguma, tudo acontecerá. No dia em que você não estiver correndo
feito um louco atrás do divino, ele chegará até você. No dia em que você não mostrar ânsia
alguma por meditação, quando não houver qualquer tensão dentro de você, naquele dia você
estará preenchido, transbordando com meditação.
A meditação não vem de fora. O que fica dentro quando você não está tenso é o que se
chama meditação. Aquilo que permanece quando não existe desejo dentro de você, é o que se
chama meditação.
É como um lago: ventos tempestuosos vêm de repente e as ondas surgem. A superfície
do lago fica coberta com tempestade e ventos, tudo fica turvo. A lua está no céu, mas nenhum
reflexo é feito porque a superfície está toda ondulada. Como ela pode ser um espelho? O reflexo
da lua está quebrado em milhares de pedaços, como prata espalhada por todo o lago, mas
nenhuma imagem é revelada.
O lago se torna quieto. Para onde foram as ondas? De onde elas tinham vindo? Elas
vieram do próprio lago. Agora elas voltaram a dormir, retornaram ao lago. O lago recuperou a
sua quietude. A lua que estava espalhada como prata por toda a superfície do lago, está agora
reunida em um só lugar. A imagem se torna clara.
Assim que as ondas no lago de sua mente desaparecem, ondas de desejo, ondas de
exigências, ondas de ‘isto deve ser assim e aquilo não deve ser assim’, quando não mais
existem ondas no lago da mente, então a verdade é refletida como ela é. E como a beleza da
sua lua interior pode ser descrita? Como o seu êxtase pode ser descrito? Um rio de êxtase
banha você. O amado interior é encontrado. Então existe uma lua-de-mel, somente então.
Mas se você desejar isto, você o perde.
E eu sei que este desejo é completamente natural. Mas esta é uma grande barreira. É
tanta alegria que vem em tais momentos, como evitar desejá-la? É humano. Eu não digo que
você cometeu um grande erro, indigno de um ser humano. É um erro absolutamente humano.
Quando por um momento a janela se abre e o vasto céu flui em você, quando por um momento
a escuridão desaparece e raios de luz descem, é impossível, quase impossível, não desejar que
aconteça mais vezes. Mas o impossível tem que ser aprendido. Aprenda hoje, aprenda amanhã
ou aprenda depois de amanhã, mas isto terá que ser aprendido. Quanto mais cedo aprender,
melhor. Esteja pronto agora mesmo e isto acontecerá imediatamente. Não haverá necessidade
de esperar nem por um instante.
‘...eu quero permanecer imerso neste estado.’ Este estado virá. Ele nada tem a ver com
a sua mente. Assim, deixe sua mente de lado. Sempre que ela entrar de mansinho, você terá
que dizer-lhe, ‘desculpe-me mas você já se intrometeu o bastante! Você já desarrumou o
mundo, não queira desarrumar o divino também. Você deteriorou toda a felicidade da vida.
Agora a felicidade está vindo de profundezas mais internas; pelo menos não deteriore isto.’
Permaneça alerta e diga adeus à mente.
Pouco a pouco, cada vez mais, tais momentos irão chegar.
Eles chegam através de sua experiência. Sempre que a mente não está, imediatamente
a janela se abre de novo. Então correntes de alegrias celestiais fluem, de novo a luz desce. E
você estará outra vez radiante e intoxicado, afogado no néctar.
Quando acontecer repetidas vezes, ficará claro. Você se tornará hábil em manter a
mente longe. Quando o momento acontecer, deixe que aconteça. Quando não acontecer, espere
quietamente por ele. Ele virá. O que já veio, virá mais vezes; simplesmente não o deseje. Não
entre no meio com sua mente. Não crie obstáculo.
‘Todavia algumas vezes surge o sentimento de que isso pode
ser loucura...’ Tais sentimentos surgem no intelecto, porque ele não
consegue acreditar que a felicidade é possível. O intelecto sente-se
absolutamente à vontade com a infelicidade. Ele aceita totalmente a
infelicidade porque foi ele quem a criou. Quem não vai aceitar seu
próprio filho? Assim o intelecto diz, ‘se existe infelicidade, está
absolutamente certo. Mas a felicidade definitiva? Certamente deve ter
ocorrido algum engano. Ela tem acontecido sempre? Deve ser
imaginação. Você viu um sonho, perdeu-se em algum devaneio. Você
está hipnotizado. Certamente você ficou louco.’ O intelecto muitas
vezes diz tais coisas. Não escute. Não preste atenção a isto. Se você
prestar atenção, a experiência irá parar. Aquelas portas e janelas não
irão se abrir de novo.
Lembre-se de uma coisa: felicidade é a definição de verdade.
The Master - Osho Zen Tarot Sempre que você encontrar alegria, saiba que ela é verdade.
É por isto que temos chamado o divino de sat-chit-anand, verdade, consciência, felicidade.
Anand é a definição final para isto. A felicidade está mesmo acima da verdade e da consciência.
Verdade, consciência e felicidade. A verdade e a consciência são degraus mais baixos e a
felicidade é o último degrau. Sempre que a felicidade flui, sempre que você encontra o êxtase,
não se preocupe, você está próximo da verdade.
É como alguém se aproximando de um jardim. A brisa se torna mais fresca; o canto dos
pássaros começa a ser ouvido, um frescor começa a ser percebido. O jardim ainda não está
visível, mas estes sinais lhe dizem que este é o caminho certo, que está se aproximando do
jardim. Da mesma maneira, quando você começa a aproximar-se da verdade, fontes de
felicidade informam. A mente começa a ficar mais fresca, você fica mais equilibrado, a
paciência fica maior, a felicidade aumenta. Uma grande alegria domina você, sem motivo
algum. Nenhuma razão pode ser encontrada. Você não ganhou na loteria, não fez um negócio
muito lucrativo, nem conseguiu um emprego de muito prestígio. Ou pode acontecer que você
perdeu o emprego que tinha, que perdeu o que estava em suas mãos, o seu negócio foi à
falência; mas existe uma grande alegria sem motivo que continua dançando internamente e
nunca pára. O intelecto dirá, ‘você ficou louco? Estes são os sinais de loucura!’
Este é um mundo muito estranho. Somente os loucos parecem felizes. É por isto que o
intelecto diz que você deve ter ficado louco.Existem milhares de motivos para estar feliz,
todavia o homem está infeliz. Ele pode ter um grande palácio, riquezas, todo tipo de conforto,
ainda assim ele não estará feliz. Este é um mundo de pessoas miseráveis, a maioria é
miserável. Se você começar a rir sem motivos, as pessoas vão dizer que você está louco. E se
você disser, ‘este riso surgiu sem qualquer razão, ondas de risos surgiram dentro de mim e
simplesmente espalharam-se,’ as pessoas dirão, ‘É o bastante! A sua mente está perturbada.’

Mas se você ficar com a cara triste, parecendo tão abatido que mesmo um fantasma ao vê-lo
ficará amedrontado, então você está bem, está ok, sem problemas, e tudo acontecerá
normalmente para você. Então você é um homem como outro qualquer. Você é humano da
maneira como os seres humanos devem ser. Mas quando você começa a sorrir, começa a
gargalhar, a cantarolar canções, a dançar nas calçadas, então certamente você enlouqueceu.
É desta maneira que nós temos negado Deus. Se ele viesse aqui, nós o colocaríamos
num manicômio. Talvez seja por esta razão que ele não vem. Ele deve ter medo de vir.
A felicidade tem sido boicotada.
Nós banimos a alegria de nossas vidas.
Nós nos sentamos abraçados com a infelicidade. Aqui, um homem pessimista parece
inteligente, um homem alegre parece insano. Todo o nosso critério está de cabeça para baixo. É
natural: se de repente o que você considerou inteligente ao longo de sua vida começar a
desaparecer, começar a desmontar; se as bases de sua chamada inteligência começar a
chacoalhar e você começar a ver alegria em todo lugar, e lembre-se, ‘sem motivo’ ... Isto é o
que as pessoas chamam de insanidade: feliz sem motivo, absolutamente sem motivo. Você está
sentado sozinho e começa a rir. É o suficiente. Você ficou louco, porque somente pessoas loucas
fazem isto.
Compreenda: o insano e o paramahansa o iluminado, são um pouco semelhantes. Os
insanos riem e são felizes; eles perderam sua inteligência. Os paramahansas também riem e
são felizes; eles foram além do intelecto. Ambos riem, o insano porque está abaixo do intelecto
e o paramahansa porque foi além. Existe esta pequena semelhança entre os dois. O insano e o
paramahansa têm uma coisa em comum: ambos perderam o intelecto. Um abandonou-o
conscientemente e o outro, inconscientemente. Por isto a diferença é vasta, tão diferente
quanto o céu e a Terra, mas ainda assim existe esta semelhança. Assim, algumas vezes você vê
um paramahansa como se fosse um louco e outras vezes vê um louco como se fosse um
paramahansa. Enganos continuam acontecendo.
No ocidente há muitas pessoas trancadas em manicômios que não são insanas. Se elas
tivessem nascido no oriente, elas seriam respeitadas como paramahansas. No oriente existem
muitos loucos que são considerados como paramahansas. Estes enganos acontecem. Esta
confusão é natural.
Tenha com você este critério: se a alegria está crescendo, não é preciso se preocupar.
Mas a alegria também pode crescer devido à insanidade. Então o critério seguro é: se a sua
alegria está crescendo e com isto você não está fazendo a infelicidade de terceiros aumentar,
então continue sem se preocupar. A sua alegria não pode ser dependente de violência contra
terceiros, agressões, ou de fazer com que os outros sejam infelizes. Não há qualquer razão
para se ter medo de enlouquecer. Ainda que você esteja enlouquecendo, isto é um bom sinal.
Entre nisto sem qualquer hesitação.
Você precisa se preocupar somente quando começar a fazer mal a alguém. Ninguém é
incomodado pela sua dança. Mas se alguém está dormindo e você toca o seu tambor em cima
de sua cabeça e começa a dançar...? Dance; não há nenhum problema nisto. Cante suas
preces; isto é bom. Mas se no meio da noite você pega seu microfone e começa a cantar um
kirtan sem fim, então você está realmente louco, embora na Índia ninguém diga que você está
louco por cantar canções devocionais. Muitos loucos fazem isto. Eles dizem, ‘Nós estamos
apresentando um kirtan sem interrupção, direto por vinte quatro horas. Se você dorme ou não,
o problema é seu. E se você fizer objeção ao nosso programa, é você que não é religioso.’
Observe para que a sua alegria não seja violenta. Isto é o suficiente. A sua alegria deve
ser sua. Não perturbe a vida de ninguém com ela. Deixe que suas flores desabrochem, mas não
deixe que ninguém seja arranhado pelos seus espinhos. Se você sempre se certificar disto, você
estará se movendo na direção certa. Quando você perceber que os outros estão sendo
perturbados pelo seu comportamento, preste atenção. O seu movimento não estará sendo em
direção à iluminação, mas sim estará no caminho da insanidade.
Ninguém é perturbado pelo Om Prakash. Você pode ir adiante sem hesitação e sem
medo.”

OSHO – Enlightenment: The Only Revolution- Cap. 2 – pergunta n° 1


Tradução: Sw. Bodhi Champak

Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.


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