| Cipreste | Junho 2009 | 1
“A mensagem é
fundamental, sem
mensagem não há arte”
Eva Alves | Entrevista pág.21
1.00 €
II série nº 1 Mensal
10 de Junho de 2009
Director: Rui Miranda
Fundado em 1997
Curriça de luxo
Há uma casa de habitação, uma
vivenda, localizada na Corda – estrada
que liga o Bairro da Alegria a Castelãos,
situada em pleno perímetro de rega.
A licença emitida pela autarquia de
Macedo de Cavaleiros é para a cons-
trução de um edifício de apoio à a-
gricultura. O projecto apresentado e
que serviu de base à licença, é de um
Macedo ao Raio X
H
á 12 anos, em Junho de
1997, o Cipreste editou
o seu primeiro número.
Nessa primeira edição
o tema de capa era “Macedo ao
Cipreste
edifício de apoio à agricultura, concre-
tamente agropecuária, tem espaços
destinados a animais e espaços para
guardar forragens.
O resultado é uma vivenda com co-
zinha, quartos, salas, casa de banho,
aquecimento central…
A autarquia, entidade licenciadora, não
fiscalizou a obra.
| Pág. 13
Raio X” uma análise opinativa so-
bre a vila de então, percorrendo o
abecedário.
Hoje, reeditamos o Cipreste, e
dedicamos especial destaque à
1997
2009
cidade de agora, também numa
abordagem pelo abecedário. Man-
tivemos o texto de há 12 anos para
poder recordar e comparar…
Destaque | Pág. 2 a 7
Eólicas
Bornes está mais amiga
do ambiente, são 25 torres
de 85 metros que povoam
a serra e irão gerar ener-
gia para o país e recursos
para o concelho.|P 28
Saharauis o povo
da Polisário|P20 e 21
O Museu de Arte
Sacra merece
uma visita!|P 25
Assessor do
vereador
Vereador, a meio ano de
terminar o mandato, cria
lugar de secretário para
sobrinho de presidente
de junta.|P 8
2 | Junho 2009 | Cipreste | Macedo de A a Z
Macedo de A a Z
Tal como aconteceu
na primeira edição do
Cipreste, em Junho de
1997, doze anos depois
voltamos a dedicar
uma atenção especial
à sede de concelho.
Propusemo-nos en-
tão a uma visita geral
pelo alfabeto, focando
alguns dos temas que
tocam os Macedenses.
Esta não é uma opi-
nião técnica, é tão só a
nossa opinião pessoal
dos temas focados.
Para que o leitor
pudesse analisar me-
lhor a evolução desta
cidade, que então era
vila, mantivemos os
textos originais. Para
que os distinga com
facilidade, os textos
de 1997 estão a itálico
e em tamanho ligei-
ramente menor. Em
cada tema focado,
se há textos de 1997,
estes aparecem sem-
pre primeiro que os de
2009.
Os actuais estão em
escrita normal.
A da, nem na rega, motivo princi-
Águas - Embora esteja-
mos num ano de seca, não
nos vai faltar água, inclusive
nos jardins, a barragem a isso
permite. Há alguns anos atrás
planeou-se e construiu-se uma
obra, cujo decorrer e finalização
deram água pela barba - é claro
que falamos da ETAR. Esta
obra deu azo a acções judiciais
que levaram alguns dos nossos
ilustres autarcas à barra dos tri-
bunais, processo este que ainda
hoje se encontra sem resolução
final, apesar de conhecidos os
autores morais.
Para quando o uso e usu-
fruto de uma obra que absorveu
milhares de contos?!..
Quando é que Santa
Combinha terá, também direito
a beneficiar da água da barra-
gem?
Esperemos que o Cipreste
não meta água.
àguas - (....) Esperemos
que o Cipreste não meta água.
Azul - A zona balnear do Az-
ibo já vai em 6 anos de Bandei-
ra Azul. Este é um importante
galardão ambiental europeu,
que classifica as praias em
vários aspectos, como a quali-
dade da água, a limpeza do
areal, os acessos, os meios de
salvamento e assistência, entre
outros. A Fraga da Pegada é a
única praia europeia a receber
o título em 6 anos consecutivos
e a primeira nacional a receber
a bandeira de Acessibilidade.
Embora em diferente local, mas
banhada pela mesma água, a
Praia da Ribeira deverá rece-
ber em breve o galardão azul.
Construída inicialmente para
regadio e abastecimento de
água, a Albufeira do Azibo, em
30 anos, tornou-se um dos lo-
cais de maior interesse turístico
do Norte de Portugal. Ali, vera-
neantes e a natureza convivem
numa simbiose perfeita.
B verão.
Barragem - “Finalmente
aproveitada. Temos uma belís-
sima praia fluvial, um belís-
simo parque de merendas e um
belíssimo caís para desportos
náuticos, devidamente equi-
pado com embarcações, que
vão ser postas à disposição da
juventude já neste verão”. (Luís
Vaz in: Mensageiro de Bragan-
ça, 28/03/97).
É talvez a obra do século no
concelho de Macedo de Cava-
leiros, “a menina dos olhos” do
actual edil, contudo não se pode
afirmar que está bem aproveita-
pal da sua construção, nem no
turismo e lazer.
Quanto à rega, uma parte
significativa não usufrui deste
precioso bem.
Regra geral, prevalece a
ideia de que o que está con-
struído na barragem é já um
início prometedor. Temos hoje,
condições para que na época
balnear, as nossas famílias,
emigrantes e turistas ocasion-
ais possam desfrutar de um lo-
cal aprazível.
Temos já um parque de me-
rendas onde está manifesta a
preocupação da criação de um
espaço bem integrado com o
meio ambiente, produzindo um
todo harmonioso que propor-
ciona momentos reconfortantes
de lazer nas tardes tórridas de
O Parque Natural Azibo,
situado ao largo da barragem do
Azibo, nas freguesias de Salse-
las e Sta. Combinha, propor-
ciona por si só um agradável
passeio ao longo da barragem
e contribui para a conservação
e promoção da natureza.
Sem pretendermos ser
“desmancha prazeres”, há que
reconhecer que a divulgação e
aproveitamento deste espaço
natural fica aquém do que o
mesmo tem para oferecer. Não
podemos ficar satisfeitos ap-
enas pelo facto de possuirmos
este espaço paradisíaco mas,
quere-lo só para nós será de-
masiado orgulho e puro egoís-
mo.
É positivo termos uma per-
spectiva ambientalista de ver

as coisas, só nos fica bem
propagandear a pureza e cariz
virginal da zona. No entanto,
podemos manter esta linha am-
biental e estendê-la a um maior
número de pessoas sem que
se faça qualquer agressão ao
meio. Pensemos nos simples
momentos de lazer que podem
ser proporcionados pelo parque
de merendas (já mencionado),
circuitos de manutenção, camin-
hos pelas terras circundantes
ou até parques de campismo -
agradariam por certo a uma boa
parte das pessoas de Macedo
bem como da região.
Num nível de aproveita-
mento imediatamente acima,
podemos considerar o poten-
cial em desportos náuticos tais
como, canoagem wind-surf,
natação, etc, e todas os de-
mais serviços que se desen-
volveriam posteriormente ao
nível da formação ao ensino,
criando verdadeiras escolas
recreativas. Mais uma vez, se-
ria a população que continuaria
a ser a grande ganhadora e, em
especial, a prometedora facha
pré-universitária.
barragem - (azibo...) ver
Azul; Campismo; Golfe; Nú-
cleo de Paisagem Protegida
do Azibo
C centivo ao desemprego do qual
Comércio e grandes su-
perfícies - Quanto ao comér-
cio, Macedo encontra-se já
numa posição satisfatória, é
hoje possível encontrar em
qualquer esquina, espaços su-
ficientemente apetrechados
para satisfazer quase todas as
necessidades elementares e
supérfluas. O não termos que
ouvir expressões como “talvez
só em Bragança, Porto ou Lis-
boa encontrará o que pretende”
Macedo de A a Z | Cipreste | Junho 2009 | 3
rotar de rótulos, promoções, moralmente, politicamente é o para Macedo de Cavaleiros que
cores e engodos. Liberta-nos que se sabe. é o Centro Cultural.
os apetites mas esmaga-nos as Volta-se novamente à carga
carteiras. Repito, nada a fazer. fala-se em trezentos mil contos Campismo - Ao fim de anos
É melhor habituarmo-nos à con- para concluir e por a funcionar e anos de conversa em volta
vivência com elas, vieram para o cineteatro, que nas palavras da construção de um Parque
ficar e multiplicar-se. Enfim, do actual presidente da câ- de Campismo no Azibo, ainda
chegamos ao cerne da questão. mara: “Tornando-se a melhor nada se sabe. Num concelho
Como sobreviver a esta massi- sala de espectáculos a norte que vê no turismo uma das suas
ficação do comércio total? Re- do Douro, permitindo nas mel- fontes de desenvolvimento e
stará aos pequenos retalhistas hores condições todo o tipo de numa zona balnear de 6 anos
fechar as suas portas? Resig- espectáculos, como a ópera, de Bandeira Azul, um Parque
nar-se e sobreviver? Ou muito o bailado e o teatro”. Ah essa de Campismo devia receber
portuguêsmente, resmungar, geografia!.. mais atenção.
vernacular ou algo pior. Peque- Meus senhores, Macedo
no retalhista ou pomposamente
como é chamado, comércio
não precisa da melhor sala de
espectáculos “virtual”, mas sim
D
tradicional, esqueça tudo isso, de uma boa sala, adequada à Deuses -
o seu pequeno espaço é na nossa realidade quer popula- “Que eu canto o peito ilustre
verdade um atelier de arte. O cional quer económica, e não Lusitano
atendimento personalizado, a apenas para delírio de propa- A quem Neptuno e Marte
conversa de café, os problemas ganda política e placas comem- obedeceram
do vizinho, os comentários jo- orativas. Cesse tudo o que a musa
cosos ao sexo fraco e afins, só Imagino já cartazes multi- antiga canta
vocês podem fornecer. Por isso colores a anunciar pela primeira Que outro valor mais alto
esforcem-se na arte da simpa- vez a norte do Douro um baila- s’alevanta”.
tia, adopte a qualidade em vez do de renome mundial: O lago
da quantidade e o indispensáv- dos Patos. Luís de Camões
el “leve agora, pague depois”,
ou quem sabe nunca, são ainda
património vosso, convençam-
se que o calor humano não tem
começam a desaparecer. A
preço.
multiplicidade de oferta exis-
tente, a todos os níveis, implica
Comércio - O comércio em
só por si uma melhoria neste
Macedo já não é o que era. O
ramo de actividade. É verdade
preço do “calor humano” não
que nascem como cogumelos,
parece ser apreciado por to-
cafés, prontos-a-vestir, bijute-
dos. Durante décadas Macedo
rias e investimentos de pouco
era uma referência comercial
vulto e variedade. Falta, talvez,
nos concelhos vizinhos. Hoje,
explorar a vertente qualidade/
as características dos consu-
luxo, Não falo com certeza em
midores estão muito alteradas
“Versace” ou similares. É-nos
bem como o acesso aos bens.
difícil encontrar, por exemplo,
Os mercados são muito com-
uma moto de água, uma gastro-
petitivos e preço-inovação-
nomia mais variada, uma casa
design-qualidade-atendimento
especializada em desportos
fazem parte de uma mesma
radicais,Etc.
caracteristica comercial. De
Comércio tradicional,
uma forma geral (com felizes e
grandes superfícies, são as no-
boas excepções) Macedo não
vas terminologias da década,
soube acompanhar as alter-
Macedo parece não fugir à re-
ações do mercado de modo a
gra da globalização do comér-
fidelizar clientes.
cio, Paulatinamente vão apare-
cendo os ditos “demónios”
Cipreste - Arvore gimnos-
que tudo devoram, levando à
pérmica, da família das Piná-
falência os pequenos comerci-
ceas, cultivada com fins or-
antes. Passemos às verdades.
namentais, também chamada
Do ponto de vista legal, nada a
acipreste. É também o nome
dizer, é legítimo às grandes su-
do novo jornal informativo de
perfícies instalarem-se onde e
Macedo de Cavaleiros.
quando quiserem. Assim ditam
as regras da livre concorrência
Cipreste - Arvore gimnos-
do mercado. Quanto ao em-
pérmica, da família das Piná-
prego, desculpa muitas vezes
ceas, cultivada com fins or-
utilizada para camuflar outros
namentais, também chamada Centro Cultural - (leia-se
interesses e ambições, porque é
acipreste. É também o nome cinema, em 1997) - já está e Deuses -
sabido que as ditas G.S. pouco
deste jornal. está bem. “Que eu canto o peito ilustre
ou nenhum emprego fixo criam,
Macedo é (não é um dado Lusitano
limitam-se a sugar os subsídios
Cinema - A megalomania estatistico mas por força da A quem Neptuno e Marte
atribuídos pelas políticas de in-
as ditas se alimentam. Trata-se,
de uns e indiferença de outros,
sem esquecer a irresponsabili-
alma arrisco-o) o concelho do
interior com maior e melhor
obedeceram
Cesse tudo o que a musa
dade de quem pensou, projec- produção cultural per capita. antiga canta
isso sim, na maioria dos casos
tou e executou ( no que está Para além da imprescind- Que outro valor mais alto
de transferência de emprego à
concluído) uma obra à escala ível dedicação humana das s’alevanta”.
custa do pequeno comércio que
herculeana, levou-nos a que pessoas que produzem esse
se vêem obrigados a restringir o
hoje tenhamos uma estrutura trabalho, o facto de Macedo ter Luís de Camões
seu número de efectivos pelos
fantasmagórica só comparada um bom centro cultural também
danos causados no número de
ao imaginário mundo do absur- contribui para esse resultado.
vendas e consequentemente
do Kafquiano.
lucros. Socialmente, é politica-
mente correcto, embora hipo-
Esvaiaram-se perto de qua-
trocentos mil contos, do qual
Nem o facto de pouco tempo
após a inauguração e minutos
depois de ter sido pisado por
E
critamente chique, engrossar a
nada resultou, que haja lem- dezenas de jovens, a cober- Ensino - O fenómeno so-
mole humana do consumismo,
brança, ninguém se respons- tura da orquestra, no palco, ter cial mais relevante que Macedo
levar o pai, mãe e afins a des-
abilizou pelo facto, pelo menos caido, ensombram a mais-valia viveu nos últimos anos, prende-
frutar com prateleiras a abar-
4 | Junho 2009 | Cipreste | Macedo de A a Z
se com o chamado Ensino
Politécnico: o Instituto Superior
Jean Piaget.
Não podem passar desper-
cebidas as centenas de pes-
soas que todas as semanas
aqui afluem, nem pelos jovens
em idade casadoira, nem o
comércio em geral, (principal-
mente o hoteleiro), que recebe
uma grande dinamização.
O desenvolvimento das so-
ciedades tem que assentar na
formação técnica e especializa-
da do cidadão. É bom apostar
na descentralização dos pólos
de ensino. Mas, ensino não é só
o Instituto Superior Jean Piaget.
Macedo tem vários infantários
públicos e privados que cada
vez têm mais importância, já
que os pais trabalham e os fil-
hos de tenra idade frequen-
tam estas escolas que são
grandes responsáveis pela
sua educação e formação.
Temos também, três
escolas primárias, a es-
cola preparatória, com
ensino até ao 9°Ano de
escolaridade e a escola
secundária, que não tendo
todas as áreas do 10° ano,
nem ensino técnico-profis-
sional, é uma importante
porta de acesso a outros
modos de saber.
ver Piaget
Estradas - Longe vai o
tempo em que as gentes nor-
destinas clamavam de vez com
o fim do chamado custo da in-
terioridade. Desde o primeiro
Plano de Fomento Nacional
que remonta ao tempo da Vel-
ha Senhora, que estendeu por
todo o país a chamada rede de
Estradas Nacionais, que estas
terras deitadas ao abandono
pelo poder central, choravam
amargamente o custo do seu
desenvolvimento. Impingindo-
se a si próprias como desculpa
a ausência de meios rodoviári-
os que as catapultassem para
o Portugal desenvolvido. Há
quatro anos deu-se um mi-
lagre, depois de muitos atrope-
los, avanços e recuos, eis que
surge o ex-líbris, o arco-íris que
nos levaria por esse país e essa
europa fora.
Vestimo-nos a preceito
engalanamo-nos de trages e
lantejoulas, para dar as boas
vindas ao salvador: a IP 4.
Mas eis que uma vila ir-
redutível conseguiu manter in-
tacto o acesso ao dito arco-íris.
Autarcas, instituições governa-
mentais, engenheiros ilumina-
dos, ou pura e simplesmente, e
para pegar o boi pelos cornos,
a câmara municipal de Mace-
do de Cavaleiros, a Junta Au-
tónoma de Estradas e quem de
poder, conseguiram, por um ou
por todos manter esta via apea
como um achado arqueológico.
Segundo palavras do antigo
presidente da câmara munici-
pal, o projecto estava aprovado,
iniciado, havendo para tal ver-
bas suficientes, claro que com
algumas influências, tendo sido
interrompido por questões pré-
históricas,
Por outro lado, um elemento
do actual executivo da câmara,
informou o Cipreste, que a
causa do contínuo abandono,
deveu-se à ineficácia da Junta
Autónoma de Estradas de Bra-
gança, que terá elaborado um
projecto posteriormente chum-
bado tecnicamente em círculos
maiores. De qualquer maneira,
pena é que o cartão de visitas a
oeste de Macedo ainda tenha o
cunho da Velha Senhora.
O Cipreste, Macedo e todas
as pessoas que aqui afluem,
desejariam que, revoltos os di-
nossauros e cálculos para as
calendas gregas, pudéssemos
enfim, sentir o suave deslizar
do progresso.
Estradas - Em 2009 Mace-
do vive um cenário, em aces-
sibilidades, melhor do que há
12 anos. Os acessos a que se
reporta o texto anterior estão
realizados, inclusivamente com
uma ponte, que espelha engen-
haria e cálculos precisos. Mas
nem com boas acessibilidades
encontramos o caminho para o
desenvolvimento, para a sus-
tentabilidade. Um caminho que
trouxesse e não levasse, um
caminho que invertesse a de-
sertificação, que não fosse um
preâmbulo de saudade.
Falta o IP2, o que Macedo
mais poderá lucrar com a con-
strução dos troços que se en-
contram apregoados, não é
uma ligação mais próxima a
qualquer sítio, já que as outras
(IP4) também nos ligaram e não
nos sustentabilizaram, a mais-
valia de uma IP2 seria o facto
dos estaleiros estarem instala-
dos perto da nossa cidade.
Estalagem - Já serviu de
prisão e de Câmara Municipal,
nas últimas décadas ali era a
Estalagem do Caçador. Uma
das mais peculiares e singulares
unidades hoteleiras nacionais,
uma estalagem 5 estrelas. 5 es-
trelas pela qualidade, história e
saudade. Ao vermo-la fechada,
a certeza de que estamos mais
pobres.
Temos informações que in-
dicam que o imóvel foi adquiri-
do por um grupo hoteleiro. Vem
aí uma lufada de ar fresco?
Ecoteca - É de louvar o
trabalho desempenhado pela
Ecoteca e pelas pessoas que
a compõem. São várias as ini-
ciativas de educação ambiental
que desenvolvem na escola,
vários os seminários sobre os
mais variados temas e vários
os encontros, cursos, e pas-
seios pedestres que tão bem
aproveitam a Paisagem Pro-
tegida da Albufeira do Azibo. A
funcionar num espaço limitado,
num cantinho da Biblioteca
Municipal, ninguém diria a ver
pelo trabalho desenvolvido.
Parabéns Eugénia e Sandra!
Estação - ver transportes
F
Feira de S. Pedro - De feri-
ado a festa, e finalmente feira.
Desde já o nosso maior elogio
a todo o trabalho desenvolvido
desde o início até aos dias de
hoje. Não anda longe da ver-
dade Rui Vaz quando cataloga
a feira como um ex-líbris de
Macedo. Êxito total, por isso o
seu a seu dono, nada melhor
que uma pequena conversa
com Rui Vaz presidente da
ACIMC.
C - O inicio...
R.V. - Quando começou ,
começou com um amadorismo
a 100%, não existia uma máqui-
na organizada agora ela tem
uma projecção nacional e inter-
nacional, passo a imodestia, no
sentido em que há expositores
espanhóis pelo menos, porque
há um acordo com a câmara de
comércio e industria de Zamo-
ra.
C - objectivos....
R.V. - A nossa grande aposta
é transmitir da feira de S.Pedro
uma faceta que é a qualidade,
o profissionalismo de quem or-
ganiza e de todas as pessoas
que estão envolvidas durante
a sua realização e a melhoria
da qualidade do expositor, tudo
isto para ajudar a demonstrar
as potencialidades da região.
C - rivalidades...
R.V. - a feira de Mirandela
é actualmente um plágio da F.
S.Pedro.
...está tudo dito, felicidades.
Feira S. Pedro - já comple-
tou 25 anos e recomenda-se.
É o que Macedo de Cavaleiros
tem de mais parecido com uma
Festa da cidade e é uma boa
oportunidade de negócios e/ou
troca de experiencias e opor-
tunidades para os empresários
de Macedo e da região.
Em termos de certames
económicos, a Feira de S. Pe-
dro deixa Mirandela e Bragança
“a milhas”, é das poucas coisas
em que Macedo ainda marca
pontos.
Festas – S. Pedro, emigran-
te, 15 de Agosto e festival de
musica… tanta festa e não há
uma que seja marca de Mace-
do… tipo bombos, cantarinhas.
Florestal - Outrora Macedo
de Cavaleiros e a sua tão famig-
erada florestal chegou mesmo
a acolher a sede da Administra-
ção Florestal, bem como a sede
da Divisão de Caça e Pesca
da Circunscrição Florestal do
Norte, a agora Direcção Re-
gional dos Recursos Florestais.
A grande machadada foi rece-
bida no ano 2000. A viragem de
milénio levou consigo a maior
parte dos funcionários que ali
trabalhavam. Em 2004, o mu-
nicípio põe mão à situação, ou
pelo menos tenta: houve obras
na infra-estrutura e limpeza
da mata. Desde 2005 que o
serviço, com mais nomes que
funcionalidade, se chama Uni-
dade de Gestão Florestal do
Nordeste. Ao ler o que se segue
o estimado leitor compreenderá
as nossas palavras anteriores
quando dizemos que a funcio-
nalidade actual é praticamente
nula: em 2009, a machadada
final veio com a colocação dos
10 funcionários em regime de
mobilidade.
G reira de Tiro, Beraldino Pinto
Gastronomia - É um tema
que não pode deixar de ser fo-
cado. Estamos numa região em
que os enchidos, o presunto, a
azeitona, o vinho e pão matam
a fome a uma princesa.
Somos tradicionalmente
conhecidos pelo bem receber,
a que a nossa gastronomia não
passa alheia. A caça: javali,
coelho, perdiz, lebre, fazem as
delícias dos mais exigentes.
Há algumas casas abertas ao
público em que se podem apre-
ciar os referidos manjares, mas
atenção o atendimento nalgu-
mas casas é ainda uma faceta
por descobrir.
Golfe - Pode até nunca ter
sido um dos seus sonhos, mas
que interessa? Agora já não
terá desculpa, agarre no taco e
descarregue toda a sua energia
numa pequena bola, mas cui-
dado, não a atire para a água.
Se as tarifas eram desculpa
para não experimentar, não se
preocupe, o Governo vai con-
struir na Barragem do Azibo o
segundo campo de golfe público
do país, com preços mais aces-
síveis que os privados. São 18
buracos, damos um prémio a
quem encontrar o maior.
GNR - Os guardas republi-
canos são jovens, mas o mesmo
já não se pode dizer do quartel.
Há décadas que é o mesmo e o
aspecto é ainda pior por dentro
que por fora. O governo prom-
ete melhoras e até apoiar um
novo edifício, mas até ao mo-
mento nada. A autarquia fez a
sua parte e já cedeu o terreno.
Ainda na vinda do secretário
de Estado da Administração
Interna à inauguração da Car-
fez questão de não deixar pas-
sar o assunto em branco. Uns
meses depois, sinal vermelho,
continua-se à espera...
H
Habitação - Longe vai o
tempo em que a habitação em
Macedo era barata e que havia
uma discrepância de preços
relativamente aos meios mais
urbanos - as cidades. Quem
comprar, ou pretendeu com-
prar, uma casa depara-se com

preços não muito diferentes dos
praticados em Bragança ou Vila
Real. Contudo, a construção de
habitação em Macedo cresce
a olhos vistos. Mas, diga-se
, em abono da verdade, que
este crescimento não é acom-
panhado por uma melhoria da
qualidade de construção. Iso-
lamentos térmicos e acústicos,
são pormenores a que a maior-
ia dos construtores em Macedo
é alheio.
É habitual ver habitações
com 2 ou 3 anos, cujas paredes
apresentam sinais de humidade
e todas rachadas. Diríamos
que a febre da construção é
uma febre louca, que não con-
segue ver mais do que um fim
económico a curto prazo - con-
struir para vender. A curto prazo
poderá ser o cliente o perdedor
mas, a longo prazo pode ser o
construtor.
Habitação - Depois de
quase duas dezenas de anos
de crescimento desmesurado
da construção em Macedo, o
mercado estagnou. Para além
de uma crise instalada no sec-
tor a nível nacional e agora in-
ternacional, na causa desta es-
tagnação estão factores como
a inexistência de um planea-
mento habitacional, que levou
empresários a investirem sem
conhecerem as reais carências
de Macedo, crentes numa “fon-
te inesgotável” chamada Institu-
to Piaget, que, infelizmente, vê
de ano para ano o número de
alunos a ser reduzido. Agora,
são inúmeros os apartamentos
vazios. Muitos com placas para
arrendamento ou venda, que
começam a estar disponíveis a
preços mais acessíveis. Além
destas placas de arrendamen-
to/venda, o pequeno número
de gruas de construção civil em
Macedo, é também um exem-
plo dessa estagnação. Pelas
nossas contas e, até ao dia 31
de Maio, existiam na cidade ap-
enas 4 gruas montadas; Três
para a construção de vivendas
e uma para um bloco de aparta-
mentos, substituto de uma das
casas mais lindas de Macedo,
na Av. D. Nuno Álvares Pereira.
A título de curiosidade, a aldeia
do Lombo tem também 4 gruas
montadas; duas na construção
do Lar da Santa Casa da Miser-
icórdia, uma na recuperação de
uma vivenda e a outra na con-
strução de uma outra vivenda.
I o conhecimento a respeito de
Indústria - Temos madeira,
porcos e pedra. De madeira es-
tamos falados, o sector do mo-
biliário é, talvez, o de maior im-
plantação. Pequenas indústrias
transformadoras de carácter
familiar em número suficiente,
geradoras de algum emprego,
é bom não esquecer que o
mobiliário produzido na nossa
região, além do consumo inter-
no está já em forte expansão a
nível nacional , o que só por si
atesta a qualidade do produto.
Quanto aos porcos, e falo dos
animais, são a matéria prima
de um dos mais assinaláveis e
conhecidos produtos regionais,
os enchidos. Não falo na “afa-
mada” alheira de Mirandela,
falo sim dos salpicões e chou-
riços expostos e galardoados
por essas feiras nacionais. Não
vale a pena mencionar nomes,
embora Amendoeira seja um
dos locais de origem. Quanto
à pedra, temos o dito paralelo,
a pseudo calçada portuguesa
e sem esquecer talvez a única
indústria extractiva de Macedo
de Cavaleiros.
Vinte anos não foram su-
ficientes para que os nossos
autarcas tivessem consciência
do atraso industrial de Macedo
de Cavaleiros e a prova disso é
a ausência de uma zona indus-
trial, para uns desnecessária,
alegando falta de potenciali-
dades e força suficiente para
atrair investimentos de grande
envergadura. Existe actual-
mente um projecto para uma
zona industrial, embora usada
com fins políticos, está ainda
em fase negocial, reconhecido
pelo próprio Presidente da Câ-
mara Municipal, que confessou
ao Cipreste só ainda estarem
negociados 60% dos terrenos.
Já agora senhores autar-
cas, para quando a indústria
hoteleira e turística?
Indústria - Se há doze
anos se falava no processo de
aquisição dos terrenos para
a Zona Industrial, agora ela já
existe. Já está implantada e al-
gumas empresas e empregos
já ali foram criados. Agora a
questão que vem atrasando a
afirmação do nosso parque in-
dustrial é a ligação directa aos
eixos rodoviários (IP2/4) que
nos ligam ao resto do país.
Tem sido tema recorrente em
todas as Autárquicas e visitas
de governantes de respons-
abilidade, entretanto ocorridas.
Há presentemente a esperança
de uma execução rápida com o
arranque da construção da A4.
Assim esperamos!
Repetimos: já agora sen-
hores autarcas, para quando a
indústria hoteleira e turística?
Informação - A informação
é um conjunto de dados com
um significado, ou seja, que re-
duz a incerteza ou que aumenta
algo.
Informação é aquilo que os
munícipes reclamam da Câ-
mara Municipal. Informação é
aquilo que a Câmara Municipal
não tem dado aos munícipes.
Informação - A informação
é um conjunto de dados com
um significado, ou seja, que re-
duz a incerteza ou que aumenta
o conhecimento a respeito de
algo.
A detenção de informação
pode determinar poder. Em
muitas formas.
Elevados níveis de informa-
ção fazem uma comunidade
mais forte, mais culta, mais exi-
gente e, possivelmente o facto
mais importante, fazem uma
comunidade mais apta para li-
dar com adversidades e para
encontrar soluções dinamiza-
doras de desenvolvimento. Ler
o Cipreste é um dos meios efi-
cazes para a obtenção de infor-
mação.
J contudo, situações em que nin-
Jardins - Finalmente
começamos a ter espaços
verdes, bonitos, bem tratados,
onde crescem harmoniosa-
mente flores, bancos, fontes,
anfiteatros e coretos de doze
mil contos. Um jardim é um es-
paço de lazer, ainda bem que lá
existem anfiteatros para os po-
dermos ver cheios de gente nas
noites de Verão permitindo um
contacto mais directo e natural
com a cultura.
É bonito ver a nossa vila
com avenidas, praças floridas
lugares verdes sem ser só e
exclusivamente em frente à câ-
mara.
Jardins - Doze anos de-
pois o número de jardins de
Macedo mantém-se: muito
reduzido. O aparecimento de
espaços verdes quedou-se há
doze anos. Macedo não tem um
parque que confira qualidade de
vida aos Macedenses, não são
as compras que os maceden-
ses procuram ao fim-de-sema-
na em Mirandela e Bragança,
é também a oportunidade de
poderem passear num espaço
verde e urbano. Não nos ven-
ham dizer que é caro fazê-lo
em Macedo. Não será caro em
Mirandela? Ou em Bragança?
E não têm estas cidades espa-
ços verdes urbanos no coração
das suas cidades?
Juventude - MACEDO É
JUVENTUDE !
Juventude – Onde é que
ela está?
Macedo de A a Z | Cipreste | Junho 2009 |
L Macedo - A quem se dedica
Lancis - Arrancados em
virtude do excessivo desnivela-
mento em relação ao passeio.
Um comerciante alertou para o
facto, o topógrafo comprovou
que era verdade. O empreiteiro
assume a responsabilidade do
erro, rectifica e acarreta com
as despesas extras que tal erro
provocou.
Língua - Português. Usa-se
o português corrente na maio-
ria dos lugares de Macedo. Há,
guém se entende...
Literatura – Macedo de
Cavaleiros está a dar cartas
neste campo da cultura, como
outrora já deu com alguns dos
seus filhos: A. M. Pires Cabral
e também o professor Adriano
Moreira levaram o nome de
Macedo às prateleiras de várias
livrarias e bibliotecas nacio-
nais. Hoje, as mesmas honras
são feitas por Manuel Cardoso
e Fernando Mascarenhas. O
primeiro já com vários livros
técnicos editados, mas ultima-
mente a premiar o público com
dois belos romances: “Um Tiro
na Bruma” e “O Segredo da
Fonte Queimada”, editado pela
Sopa de Letras, já este ano. O
segundo deu vida a “O Sabor
da Marmelada Fresca” e “Cafeí-
na”, ambos da Papiro editores.
Os dois autores macedenses
percorrem agora o país a espal-
har o que de melhor se escreve
por terras transmontanas.
M restará para os nossos filhos
Macedo - A quem se dedica
este elucidário.
5
este elucidário.
Museu de Arte Sacra - A
cidade de Macedo já possui um
museu. É o Museu de Arte Sa-
cra inaugurada na Casa Falcão
há menos de um mês. O espó-
lio resulta do Inventário Históri-
co/Artístico da diocese de Bra-
gança/Miranda, recolhido nas
igrejas e capelas do concelho.
Estão expostas em regime de
rotatividade cerca de 80 peças
dos séculos XIV a XX. É uma
exposição da responsabilidade
da Associação de Defesa do
Património Arqueológico do
concelho de Macedo de Cava-
leiros. O Museu é um prémio
para a cidade e para esta as-
sociação que muito bem tem
executado o seu trabalho. Auto-
carros de visitantes já começam
a surgir ao fim-de-semana. Es-
peramos que a divulgação seja
mais e maior e, que uma parte
do comércio macedense faça o
resto.
Mercado Municipal - Con-
tam-se pelos dedos as bancas
ocupadas no mercado munici-
pal e no Inverno o cheiro a bra-
seiras impera por todo o edifí-
cio redondo. Porquê? A maior
parte delas não tem ligações
eléctricas suficientes para que
se possa ligar um aquecedor.
Vão resistindo alguns vend-
edores que têm mais queixas
que clientes e a Câmara pro-
mete interessar-se pelo caso,
um dia! Fala-se que a estrutura
deve vir abaixo. É melhor que
seja rápido, antes que o vento
se encarregue disso...
N
Natureza - A natureza é
talvez o nosso maior bem. Es-
tamos rodeados por montes,
vales e de muito perto, pela
serra, onde o verde e o ar puro
alimentam a alma e dão saúde
ao corpo. Pena é que a malva-
dez, faça desaparecer, com o
fogo o que a natureza demorou
anos a criar.
Esta natureza, explorada
harmoniosamente poderia ser a
nossa tábua de salvação. Se for
alvo da estúpida ganância, não
nem para os filhos dos nossos
filhos. É preciso protegê-la con-
scientemente, não como mais
6 | Junho 2009 | Cipreste | Macedo de A a Z
uma despesa, mas como um
bem sem o qual não somos os
mesmos.
Núcleo de Paisagem Pro-
tegida do Azibo - Encontra-se
entre as freguesias de Salselas
e Vale da Porca e está actual-
mente ocupado com a Associa-
ção Terras Quentes, que está
a fazer o levantamento arque-
ológico do concelho de Macedo
de Cavaleiros. É também o lo-
cal que se pretende que acolha,
de futuro, a Ecoteca de Macedo
de Cavaleiros. Para além de um
pequeno bar e de uma parte
habitacional, possui ainda um
auditório, que já teve uma taxa
ocupacional bem maior. Até as
Assembleias Municipais cheg-
aram a ser feitas no Núcleo,
e tinha razão de ser porque a
paisagem sobre a Albufeira do
Azibo é simplesmente fantás-
tica. Neste local está ainda a
Sala Museu de Arqueologia,
onde estão expostas as peças
encontradas nas escavações
arqueológicas da associação
acima mencionada.
O Campus Académico do Piaget de
Obras – O ganha-pão dos
políticos. Ver páginas 11 e 13.
Obras - Continua a ser o
ganha-pão dos políticos. E, por
acréscimo, é também o ganha
pão do povo já que as obras
criam riqueza. Directamente
com o emprego e o consumo de
bens e serviços, indirectamente
com a criação de estruturas
que possam conferir melhorias
na qualidade de vida da popu-
lação. Infelizmente em Macedo
não há obras, nem públicas
nem privadas.
P comunidade em geral, trazendo
Parques de Estaciona-
mento - Em Lisboa são os
passeios, no Alentejo qualquer
árvore serve para estacionar o
veículo mais comum de qua-
tro rodas, perdão, patas. Nós
estamos bem obrigado. Honra
seja feita aos autarcas actuais
e seus antecessores, Macedo
está dotado de boas infra-es-
truturas a nível de estaciona-
mento. Senão repare. Toda a
zona circundante do hospital,
celeiros, Feira de S. Pedro,
mercado incluindo as avenidas
circundantes ao centro urbano
são minimamente largas para
o permitirem. Claro está, só o
comodismo crónico de querer
levar o carro para dentro de
qualquer café, pronto-a-vestir
ou mesmo o jardim, nos leva ao
queixume habitual, como se o
carro fosse um animal de esti-
mação. Deixem-se de lamúrias,
aparquem as vossas “voitures”,
nos bons espaços circundantes
e deixem o centro urbano limpo
de chapa, fumo e barulhos, este
recado serve também para o
pessoal camarário, ou que out-
ra justificação têm os estacio-
namentos agora criados frente
á câmara municipal quando a
política parece ser quanto mais
passeios melhor. Quanto ao fu-
turo, esqueça o assunto já que
as próximas eleições são daqui
a 5 anos.
Passeios - São as novas
avenidas de Macedo, largos, às
curvas, redondos, em bico etc.,
etc., etc... Um par de sugestões
ao edil camarário:
1 - Multa-se quem puser um
pé que seja na estrada, os in-
vestimentos são para ser usa-
dos e rentabilizados.
2 - Não hesite, ande ás cur-
vas, de lado, para trás, em fr-
ente, faça cambalhotas, patine,
deite-se e faça terapêutica à
coluna, leve o bichinho a pas-
sear, mas nunca, mesmo nunca
deite lixo para o chão ou deixe
o bicho “cagar” neles porque os
novos passeios são o futuro ex-
líbris de Macedo.
Piaget – A presidente do
Macedo debate-se para mostrar
que está tudo bem e que, aquela
que é uma das maiores fontes de
riqueza de Macedo (ou foi), não
corre o risco de encerrar. Mas,
os caloiros este ano contaram-se
pelos dedos. Praticamente todos
a ingressar nos Cursos da Escola
Superior de Saúde, e mesmo as-
sim poucos mais que 50. Já a Es-
cola Superior de Educação dedi-
ca-se agora aos CET (Cursos de
Especialização Tecnológica) e ao
CNO (Centro de Novas Oportu-
nidades), duas modalidades que
permitem a sua sobrevivência.
Mesmo assim, é de salientar
que a instituição organiza com
frequência eventos que mobili-
zam estudantes, professores e
a Macedo gente de renome na-
cional e internacional.
Prémio - Os macedenses,
aqueles que ainda cá vivem,
merecem um prémio. Os
macedenses e todos os trans-
montanos. só por isso: por cá
(sobre)viverem.
Q perfeita harmonia, tudo é biode-
Qualidade de vida - É cor-
rente dizer-se que as pequenas
cidades oferecem melhor quali-
dade de vida que os grandes
aglomerados de betão, e Por-
tugal já vai tendo alguns. A vida
que se leva em Macedo ainda
consegue ser pacata, mas tem
dias que a pequena urbe assume
proporções de grande cidade. Se
não acredita saia à rua, de carro,
em dia de feira e experimente
atravessar todo o centro da ci-
dade e veja quanto tempo demo-
ra. Sem complicações e a andar
a passos largos está o estudo de
Maria Neves Alves, professora
no Instituto Piaget de Macedo,
que está a avaliar a qualidade de
vida na cidade de Macedo, e que
o Cipreste sabe que vai ser apre-
sentado a 2 de Julho durante a
Feira de São Pedro.
R A primeira, e a mais cómoda,
Ruas - Macedo tem um défice
de ruas, refiro-me obviamente à
proporção dos buracos que as
mesmas contêm. A perpendicu-
lar à av. da estação, perpendicu-
lar à av. da GNR e os melhora-
mentos em mais algumas têm
contribuído em muito para que
os arruamentos comecem a ter
uma forma condigna.
Ruas - Macedo tem um dé-
fice de ruas, defice mesmo, ruas
a menos. E de gente nas ruas.
Gente mesmo, que dinamize, an-
ime e viva as ruas e a cidade.
Reciclagem - Só não recicla
quem não quer. São inúmeros
os ecopontos espalhados pela
cidade e ainda dispomos de um
Ecocentro, onde podemos de-
positar os nossos velhos elec-
trodomésticos. Vá lá, se não
olha por si, olhe pelo menos por
aqueles que aí vêm. O ambiente
agradece e os seus netos tam-
bém.
S
Sanitários Públicos – São
coisa que não fazem falta a quem
anda no campo. Desde cedo
nos habituamos a estabelecer
uma relação com a natureza e
as necessidades fisiológicas em
gradável e a natureza recicla a
coisa mais odorenta em lindo e
cheiroso rosmaninho. Na vila já
não é assim, o que passaria des-
percebido entre urzes e giestas
marca bem a sua presença de
uma forma desagradável, se es-
tiver no passeio. Para evitar que
se fertilizem passeios em que es-
teva e rosmaninho não deve na-
scer. Existem, então os sanitári-
os públicos e Macedo tem dois,
um entre o edifício da Câmara e
o dos correios, outro na estação.
E para se fazer justiça, deva-se
dizer que estão bem mais limpos
que a média por esse Portugal
fora. Só que como nada é per-
feito, também os sanitários têm
que se lhe diga. Imagine o leitor
que está na Via Sul e de repente,
graças à boa cozinha transmon-
tana, tem que recorrer a um
destes dignos lugares.
Podem então surgir 4 situa-
ções salvadoras:
é optar pelo W.C. de algum es-
tabelecimento próximo, tenha
contudo cuidado: se for um café
não se esqueça que terá que
contribuir para a água e o papel,
com um café, um sumo ou equiv-
alente mas, se for uma casa de
electrodomésticos ou móveis,
pode ter que sair com um televi-
sor ou um sofá.
A Segunda, e mais natural,
é optar pelo encontro com a na-
tureza, possível se se dirigir pela
estrada que liga a Via Sul à rua
da estação. Em poucos metros
se encontrará próximo de surdas
e mudas árvores.
A terceira, é ir a um dos sani-
tários públicos, reze contudo,
para que nada lhe aconteça até
lá, pode ter que andar 10 a 15
minutos.
A Quarta e última. Olhe para o
relógio, se passar das 7 da tarde
esqueça os sanitários públicos
porque estão fechados, só lhe
restam as 2 primeiras hipóteses.
Até parece que é proibido urinar
e defecar a partir das 7 horas da
tarde. Que não se veja isto como
um problema exclusivo de Mace-
do de Cavaleiros porque em todo
o país é assim.
Saúde - Neste aspecto
Macedo vai menos mal, à parte
da polémica gerada em torno do
bloco cirúrgico e da inspecção
feita no hospital. No centro de
saúde foi recentemente criado
um novo serviço que dá pelo
nome de “consulta de recurso”.
Este serviço serve o utente
das 8.OOh às 20.00h, criando
uma alternativa para aqueles
que precisem de consultar no
próprio dia. A “consulta de re-
curso” virá, porventura, descon-
gestionar o serviço de urgência
durante o horário de funciona-
mento.
Dizem que é hospital distri-
tal. Ainda não conseguimos ti-
rar a dúvida. Permitam-nos um
pequeno reparo: onde estão as
rampas para as cadeiras de ro-
das? Uma obra tão recente não
devia ter ignorado esse facto.
Saúde - Em 12 anos houve
muita evolução em termos técni-
cos na saúde. Mas a criação do
Centro Hospitalar do Nordeste,
CHN, veio ensombrar um pouco
o cenário da saúde no nosso
concelho. A unidade de Macedo,
com óptimas condições é a mais
preterida das três que compõem
o CHN, foi Macedo que mais per-
deu com a saída de serviços que
viu transferidos para Bragança e/
ou Mirandela com consequente
deslocação de corpos clínicos, e
pessoal em geral.
Contudo o cenário poderia ter
sido pior se ao hospital fosse reti-
rado o serviço de urgência, como
foi suposto e anunciado.
Nessa altura, quando foi pre-
ciso arregaçar mangas e liderar o
povo, onde estavam os políticos?
Quando se marcou uma reunião
extraordinária da Assembleia
Municipal para a noite, poucos
dias antes da assinatura do pro-
tocolo que, finalmente, afirmava
a continuação do SUB em Mace-
do, e que se notava que nenhum
político tinha a certeza da con-
tinuidade do serviço, porque é
que nenhum foi capaz de liderar
o povo e lutar ao seu lado, onde
fosse preciso, pelo nosso hospi-
tal? Porque é que apenas ficou
decidido nessa reunião questio-
nar o ministro sobre o futuro? O
que teria feito José Silvano se
fosse com Mirandela? Ou Jorge
Nunes em Bragança?
T
Trânsito - Se bem que não
existam passadeiras em todos
os cruzamentos e alguns sinais
deixem a desejar, Macedo não
é um local de grandes engarra-
famentos. Ainda bem... Mas há
situações em que talvez isso pos-
sa mudar. Quando se reconstrói
na rua, a tendência geral é para
alargar as faixas de rodagem,

pois o número de automóveis
é crescente, pelo que vão con-
quistando espaço aos peões. O
que se passa no jardim da câ-
mara é exactamente o contrário.
Todos nós sabemos que os
funcionários da câmara (do ex-
ecutivo talvez) têm e devem ter
um lugar para estacionar, mas
pelo que já se antevê do que vai
ficar a rua (..), é um caso único.
Só há espaço para um carro e,
como de um lado existem ca-
sas comerciais, depreendo que
nunca poderão ser fornecidas
ou quando o forem, o trânsito
terá que passar, ou talvez ainda
seja feito o abastecimento por
outra alternativa qualquer em
que não prejudique ninguém.
Não imagino qual, mas espero
que assim seja.
Transportes - Toda a gente
que mora fora da vila, desejaria
ter um autocarro que saísse de
Macedo á hora que se despa-
chasse. Mas isso é impossível.
De um modo geral, estamos
bem servidos de transportes.
Temos autocarros que cruzam
o concelho, estamos ligados por
serviços Expresso às principais
vilas e cidades que nos rodeiam,
até há uma companhia de trans-
portes que nos leva ao Porto em
2h 30m, 3 vezes por dia.
Não precisamos de ter aero-
porto para irmos a qualquer
lugar do mundo. Mas, é uma
pena que tenhamos ficado sem
o caminho-de-ferro, ficamos in-
calculavelmente mais pobres. O
comboio não era só um meio de
transporte, era o único contacto
de algumas povoações com o
exterior. Era acima de tudo, um
valor cultural adquirido. Nen-
hum outro meio de transporte
proporciona a liberdade que as
pessoas tinham no comboio.
A C.P. é uma empresa es-
tatal, pública que deve existir
para servir o cidadão e não para
o abandonar, deixando-o sem
alternativa que não seja utilizar
o transporte das companhias
que o substituem, companhias
privadas, que sem escrúpulos
só visam o lucro e privam os
utentes do direito ao desconto,
por velhice ou invalidez, a que
por lei deviam ter direito.
Transportes - Encontramo-
nos, de facto, bem servidos em
termos de transportes. Não te-
mos um aeroporto, é verdade,
mas aqui ao lado, em Bragan-
ça, há um aeródromo com duas
ligações diárias a Vila Real e
Lisboa. Também não temos
comboio vai para 20 anos, mas
a velha estação de Macedo con-
tinua tal e qual como a fotogra-
famos pela última vez em 1997.
Bem, tal e qual não será o ter-
mo correcto. A vegetação está
maior e mais densa e o edifício
encontra-se mais degradado, a
ver mais próxima a sua morte.
A ligação ao litoral do país por
autocarro efectua-se em difer-
entes horários por dia e com
bastante conforto. As ligações
a diferentes localidades do con-
celho também são diárias. Mas
a Central de Camionagem con-
tinua a ser uma miragem. Con-
tinuamo-nos a servir da “velha”
zona do Cabanelas, onde o vel-
hinho Cipreste, o original, per-
manece jazendo.
U que fazem deste um dos cinco
Urbanismo - Temos casas
novas e velhas, temos ruas no-
vas e velhas, temos e tivemos
PDM’s, mas não temos urban-
ismo, penso até que nunca
tivemos. O que temos é uma
mistura da vontade de cada
um, entenda-se dos que têm
dinheiro para construir, dos en-
genheiros no seu tempo e de-
pois arquitectos.
Começa a haver zonas jar-
dinadas, ruas mais largas, mas
não existe coerência entre o
traçado das casas da mesma
rua. Não é preciso ser arquitec-
to para perceber o que dói na
alma quando se olham coisas
assim.
É pena, porque quem paga
são os nossos olhos.
Urbanismo - urbanismo é
um conceito distante de Mace-
do, só não mais notado porque
não há expansão da cidade,
que se encontra confinada aos
mesmos limites de há vários
anos.
Por exemplo, qual o con-
ceito de urbanismo entre a
rua do Padrão e a Av. D. Nuno
Álváres Pereira, onde antes foi
o cemitério, há quatro anos que
está assim, despido, desolado.
Qual o objectivo?
Umbigo do Mundo - Muitos
anos de pesquisa e investigação
levara à conclusão de que no
Maciço de Morais se encontra o
umbigo do mundo. Há 450 mil-
hões de anos atrás ali se deu a
colisão entre os dois continentes
existentes, Laurússia e Gond-
wana, fechando o único oceano,
o Rheic. Originaram uma nova
reorganização dos continentes,
mas ainda não a que hoje con-
hecemos. A geologia e a biolo-
gia encontraram ali vestígios
únicos lugares do mundo, os
umbigos do mundo. Afinal temos
história, e de muitos anos. Criem-
se as condições necessárias, os
percursos, as explicações, os
transportes e venham daí esses
turistas.
Unidade de Cuidados
Continuados - Não é como as
obras do Convento de Mafra,
mas sempre sofreram alguns
atrasos e complicações. Foi
preciso aguardar que o Centro
de Saúde abandonasse as in-
stalações, o chão abateu, mas
agora espera-se que a fita seja
cortada ainda este ano. A nova
Unidade de Cuidados Continu-
Macedo de A a Z | Cipreste | Junho 2009 |
ados, vulgo Convalescença vai
trazer ao Hospital de Macedo
mais 30 camas. Está mesmo a
ler bem, vai trazer. Afinal, sem-
pre se traz algo, depois de terem
saído as cirurgias, grande parte
do laboratório de análises clíni-
cas, e até alguns médicos. Há
pouco tempo uma força política
falava que a intenção do gov-
erno era transformar o hospital
em um Centro de Saúde de 3ª
geração; em Portugal, alguns
também já têm unidades de cui-
dados continuados.
V respectivos sítios, seja uma ou
Vinho - è um elemento mais
ou menos natural, que faz parte
integrante do dia-a-dia de muita
gente no nosso concelho. É
também a droga mais consu-
mida por homens, mulheres e
crianças. É sem dúvida, para
muita gente, um companheiro
indispensável para a sede e
não só, pois há muita gente que
não se lembra do sabor cristali-
no da água.
Existem várias qualidades
de vinho, a nossa, mais maduro
tinto do que branco, bem tem-
perado de grau, consegue em
alguns lugares um suave trago
e um sabor bem encorpado.
Vila - em 1997 era vila hoje
é cidade, em 1997 era uma boa
vila (para a região), hoje Mace-
do de Cavaleiros é uma cidade
com graves problemas de sus-
tentabilidade económica e de
fixação de população, a ser ab-
sorvida por Bragança e Miran-
dela. Será que hoje Macedo de
Cavaleiros mereceria a subida
de escalão?
W Miranda; Miguel Midões, Nélio
7
WWW.CIPRESTE.PT
cipreste@mail.telepac.pt
O Cipreste está na net!
www.jornalcipreste.com
O Cipreste tem mesmo um
sítio na Internet.
Lá pode deixar-nos suges-
tões de reportagem.
X
Xisto - se recuássemos no
tempo seria facilmente identi-
ficável que praticamente todas
as aldeias de Macedo de Cava-
leiros eram tradicionalmente ed-
ificadas em xisto. Hoje, bastante
descaracterizadas, esta rocha
metamórfica, pelo menos na
construção, é um bicho raro em
extinção. As aldeias transmon-
tanas, e também do interior da
Beira Litoral, eram geologica-
mente xistosas. A técnica de
aplicação era a sobreposição,
sendo depois cobertas as ca-
sas com madeira de castanho.
Portas e janelas também em
madeira. Com a moda das pe-
tições, qualquer dia assistimos
aos transmontanos a fazer uma
pelo regresso do xisto!
Z
Zebras - Como quem diz
passadeiras, servem para aju-
dar e proteger os peões dos
automobilistas. Ajuda-nos a
deslocar perpendicularmente
aos passeios ou a seguir em fr-
ente, são como uma ponte para
a outra margem .
A lei considera-as vitais, por
isso criou legislação específica
sobre elas.
Macedo de Cavaleiros igno-
ra-as na maior parte das ruas.
Urge, senhores responsáveis por
tal falta, mandá-las colocar nos
cem, podem ser inestéticas, mas
também podem salvar vidas.
Zzzzzzzz - Contra moscas,
melgas, mosquitos, descrentes,
Indonésios, Espanhóis, vacas
loucas, insónias, aborrecimen-
tos, dores de cabeça, dores
de cotovelo, mouros, vânda-
los, cabeças rapadas, loiras
oxigenadas, propinas, grilos,
batata da CE, injustiça social,
tomate holandês, tabaco, polu-
ição, recomenda-se a leitura do
CIPRESTE.
Zzzzzzzz - Contra moscas,
melgas, mosquitos, descrentes,
gripe A, banqueiros, Espan-
hóis, insónias, políticos cor-
ruptos, aborrecimentos, dores
de cabeça, dores de cotovelo,
vândalos, loiras oxigenadas,
Partido Nacional Renovador,
grilos, exploração infantil, mão-
de-obra barata, demagogia,
injustiça social, tabaco, polu-
ição… recomenda-se a leitura
do CIPRESTE.
Edição de Junho 1997: Daniel
Silva, Rui Miranda, Rosário
Bragada, Hélder Morais,
Edição de Junho 2009: Rui
Pimentel
8 | Junho 2009 | Cipreste |
Eva Alves nasceu em Mirandela e vive
actualmente em Macedo de Cavaleiros. É
licenciada em artes plásticas-pintura pela
Faculdade de Belas Artes da Universi-
dade de Lisboa, tem-se notabilizado pelos
trabalhos no domínio da escultura.
Embora jovem, o seu trabalho tem conhe-
cido vasto público e tem recolhido positi-
vas referências na imprensa da especiali-
dade, tanto nacional como estrangeira.
Eva Alves vai expôr no Centro Cultural
de Macedo de Cavaleiros em Setembro
próximo.
Do seu vasto currículo destacamos:
EXPOSIÇÕES
2009 - Arte Madrid, stand Galeria António Prates,
Madrid.
Exposição "DISPOSABLE YOU", Galeria
António Prates, Lisboa.
2008 - Arte Lisboa, Feira de Arte Contem-
porânea, stand Galeria António Prates, Lisboa.
Arte Madrid, stand Gal. António Prates, Madrid.
2007 - Arte Lisboa, Feira de Arte Contem-
porânea, stand Galeria António Prates, Lisboa.
Exposição "Artistas na Colecção da Fundação
António Prates", Fundação António Prates,
Ponte de Sor.
Arte Madrid, stand Gal. António Prates, Madrid.
2006 - Arte Lisboa, Feira de Arte Contem-
porânea, stand Galeria António Prates, Lisboa.
Exposição "Narrativas femininas", Galeria Sete,
Coimbra.
2005 "ANTECIP"ARTE 2005, Uma selecção da
mais jovem expressão artística nacional", na
Estufa Fria, em Lisboa
Exposição "Jovem Aposta em Ti", Prémio de
Pintura e Escultura Artur Bual 2005.
2004 Exposição de Finalistas da Faculdade de
Belas Artes 2004/2005, Galeria Mitra, Lisboa.
Para se produzir arte, acima de qualquer destreza
manual é preciso ser-se criativo e inovador,
persistente. É necessário trabalho, muito, e
continuar a acreditar. Ainda mais no nosso país em
que ser artista não é fácil.
Entrevista
“A arte não
é por acaso”
Cipreste - Como caracteriza o
seu trabalho?
Eva Alves - O meu trabalho tem
influências do dadaísmo e surrealismo
e, obviamente, da arte conceptual. Tra-
balho com objectos, descontextualizo-
os e associo-os a um outro conceito.
Na sua maioria são objectos do
universo feminino, ao manipulá-los
pretendo chamar a atenção para os
problemas sociais da mulher. Princi-
palmente na nossa região onde a mul-
her é, ainda, muito reprimida.
Mas usa também objectos tradi-
cionalmente conotados com o uni-
verso masculino, por exemplo a
betoneira…
Ao revestir a betoneira de veludo,
atribuo-lhe sensualidade que é car-
acterística do universo feminino. São
universos que se tocam…
É uma forma de chamar a atenção
para um contexto social mais contem-
porâneo.
O seu trabalho tem muita sensu-
alidade, é um objectivo em sí?
São objectos que apelam ao tac-
to, de facto. Contudo não gosto que
lhes toquem, e o público não percebe
porquê. É uma forma de invasão de
privacidade. Agrada-me que os ad-
mirem visualmente.
É femininista?
Não gosto dessa palavra. É, pos-
sivelmente, uma palavra inventada
pelos homens. Não sou femininista no
conceito lato, mas tenho sensibilidade
aos problemas da mulher, que acho
ainda serem muito reprimidas.
A arte é elitista?
O objectivo da arte não é ser elitis-
ta. O próprio público faz com que seja
elitista. ´
É necessário apreender a arte, se o
público não frequenta exposições, não
“
O objectivo da arte não é ser elitista. O
próprio público faz com que seja elitista.
É necessário apreender a arte. Se o público
não frequenta exposições, não está em con-
tacto assíduo com novas expressões de arte,
então dificilmente irá gostar de arte
está em contacto assíduo com novas
expressões de arte, então dificilmente
irá gostar de arte.
Tudo é arte?
A pergunta é genérica, tem
que ser colocada num contexto
mais específico, já que é um
termo mais abrangente.
Há alguns anos, na entra-
da da famosa, e reconhecida,
exposição ARCO de Madrid, o
público deparava-se com um
cartaz que dizia “nem tudo o
vai ver é arte”…
Provavelmente isso foi feito
por um artista. Não conheço essa
situação, mas provavelmente foi
criado inserido num contexto artís-
tico. Há vários artistas que brincam
com o tema. É também um modo
de chamar a atenção.
Participei numa exposição colec-
tiva em que uma artista tinha uma in-
stalação, composta por um conjunto
de caixas, que, juntas, compunham a
expressão: “artista fingidor”. É um con-
texto semelhante.
Para se produzir arte, acima de
qualquer destreza manual é preciso
ser-se criativo e inovador, persistente.
É necessário trabalho, muito, e con-
tinuar a acreditar. Ainda mais no nosso
país em que ser artista não é fácil.
Se formos à baixa de Lisboa ou do
Porto encontramos pessoas a desen-
har ou pintar com muita destreza de
mãos, mas isso não é arte. De outro
modo também estariam nas galerias.
A arte é produzida para o mer-
cado ou o público adapta-se às so-
licitações dos artistas?
Há galerias muito diversas. Há de
tudo no mercado da arte. Há galerias
que têm uma aposta mais qualitativa
e outras mais direccionadas para o
mercado.
”
Saliento que tudo isto traduz-se em mais
portas abertas para jovens artistas. No meu
caso, sou financiada pela galeria António
Prates. Como eu há outros jovens artistas
que têm o apoio de outras galerias. Isso há
alguns anos era impensável.
Dá título a todas as obras porquê?
É o modo mais imediato de passar a men-
sagem que me levou à concepção de uma
obra. É importante que o espectador capte a
mensagem
do artista. Daí a arte conceptual.
O que eu produzo como arte não pode ser
dissociado de um contexto. A arte não é por
acaso.
Toda a arte tem mensagem?
A mensagem é fundamental, sem men-
sagem não há arte.
Mas há várias obras suas com o mes-
mo título…
Porque pertencem à mesma série. Fun-
cionam como uma instalação. Com a diferen-
ça que uma instalação resume-se ao espaço
onde é criada, as minhas obras funcionam,
têm autonomia em qualquer espaço.
O facto de viver em Macedo de Cava-
leiros tem implicações no seu trabalho?
O facto de ter vivido até aos 18 anos em
Trás-os-Montes tem muita influência no meu
trabalho, o que contribui também o facto das
mulheres, aqui, serem tradicionalmente, rep-
rimidas.
Os materiais que uso no meu trabalho
fazem parte deste universo, são daqui. O
facto de cá viver permite-me a recolha dess-
es objectos, se vivesse em Lisboa seria mais
difícil, por um lado ter acesso a esses objec-
tos e por outro conhecê-los.
A interioridade não limita a criativi-
dade?
Não limita porque saio muito, mesmo as
pessoas que vivem em Lisboa não vão todos
os dias a exposições ou cinemas ou ao te-
atro. É possível encontrar um equilíbrio e um
padrão de vida compatível com o processo
de criação. Não só nas artes plásticas, mas
em qualquer forma de arte.
Entrevista: Rui Miranda
 | Cipreste | Junho 2009 | 9
Queres verdade? Aí vai, doa a quem doer, aí vai ela, bonita, Macedo de Cavaleiros tinha também a sua arvore
audaz, por vezes agressiva e louca se atacada, mas sempre jo- emblemática, tutelar, que, se nunca chegou a
vem, sempre pronta a acompanhar o tempo, como acontece ser classificada, era na verdade uma presença
neste período que apelidam de “aceleração histórica”. Sempre ig-
benquista, a recordar velhas e picaras páginas da
ual a si própria – é a verdade – chama-se assim, só tem um nome,
uma face, uma cor, uma raça, um credo. modesta história local. Era o Cipreste.
Manuel Vitorino A. M. Pires Cabral

EDITORIAL
Ideias & debate Ideias sobre tudo e nada

1
. O Cipreste voltou. 12 anos depois.

Fénix
Cipreste é a revitalização de um projecto
editorial de 1997, intitulado Cipreste.
Da ideia de 1997, esta equipa (composta
por alguns dos mesmos elementos de há 12
anos), pretende ir buscar a independência e
n Daniel Silva
irreverência que a caracterizaram.
Macedo precisa de um jornal, tal como precisava há 12 neste universo?

A
fénix (em grego
anos. Um espaço público de debate, de informação e de for- ϕοῖνιξ) é um pássaro
mação. Esta é também uma medida da liberdade de um povo, da mitologia grega
da sua autonomia e da sua aptidão.
e egípcia que, quando morria,
Seria muito mais cómodo continuar, deixar andar, ir
entrava em auto-combustão e
levando a água ao moinho, mesmo que lentamente. Ouvir
passado algum tempo renascia
injustiças e calá-las, conhecer feitos bravos e não os pro-
mover, mas o compromisso ético com a Carteira Profissional
das próprias cinzas.
Já os oiço nas esquinas, nos
e com o público de Macedo não me permite.
bancos de jardim, nos cafés,
Sei bem que é ano de eleições, se isso nos passou
despercebido (a mim pelo menos) há 12 anos, agora tenho-o
nos seus lares recostados nas
suas confortáveis poltronas,
bem presente. Conheço muito melhor a classe política. Sei
uns rindo-se, outros cochichan-
que, especialmente nesta altura, qualquer verbo de escolha
infeliz pode ser arma de arremesso de conotação política. do, outros roendo-se de inveja,
Mas conotações, aqui, só as há com o sentir macedense. sim esses mesmos, os profetas
Reafirmo o que, no fundo da página, é publicado no Es- da desgraça, os acomodados e
tatuto Editorial: outros que tais, que se refugiam
O CIPRESTE é responsável apenas perante os leitores, nas suas parcas existências, in-
numa relação rigorosa e transparente, autónoma do poder capazes de um rasgo individu-
político e independente de poderes particulares. al, impotentes de gerarem uma
Ao reeditar o Cipreste estamos também a homenagear ideia, resmungando: Lá vem
os que trabalharam para que o Cipreste desse às bancas em este tipo outra vez, então isto
1997. Por isso mesmo, para o Daniel, a Gena, a Rosário, o não tinha já padecido?
Hélder, a Jacinta e o Pedro, obrigado. Pois é, a vida é assim. Há
pessoas que nunca desistem e
é isto que nos torna felizes. A
mim, a mais outro, a dezenas,
2 .Em plena área de reserva agrícola, de regadio, com
protecção especifica e onde não se pode construir
para habitação, está a ser edificada uma luxuosa vivenda.
centenas, milhares e milhões.
Voar, quem nunca o dese-
Pessoalmente não tenho nada contra o dono da obra, jou e sonhou! Quantos antepas-
António José Espírito Santo. Tinha o sonho de construir sados nossos não morreram a
naquele lugar, lutou por isso e conseguiu. tentar cumprir esse sonho. Será
Sobre quem o permitiu já tenho uma opinião bem difer- que se Dédalo e Ícaro, Giovanni
ente. Battista Danti, o Padre Barto-
Só é possível ter uma licença para construção de uma lomeu Lourenço de Gusmão,
curriça e fazer uma vivenda porque há pessoas corruptíveis, Wilbur e Orville Wright, entre
contornáveis, fáceis, sem valores morais sólidos, pes- muitos outros, tivessem só ten-
soas que não vêm o que não querem, deixam passar quem tado uma vez, teríamos nós
querem, pessoas que fazem um voto de desempenho com atravessado Atlânticos, pisado
ética e rectidão e esquecem-se logo, nas curvas do dia-a-dia. a Lua, bisbilhotado Marte e não
É assim a pessoa que permitiu que a obra se realizasse sem desistido nunca de tentar per-
a questionar, sem a fiscalizar. ceber se estamos ou não sós
Não é preciso receber dinheiro para se ser corrupto, basta
que se tenham dois critérios, um para o Zé, anónimo, outro
Será que por cada criança
que padece no parto ou an-
tes, tivessem essas mães pelo Profetas da
mundo fora desistido, ainda exi-
stiria humanidade?
Será que se os nossos
capitães de Abril tivessem ficado
desgraça,
às portas de Lisboa, estaríamos
este ano a comemorar trinta e habituem-se!
cinco anos de liberdade?
Profetas da desgraça, habi-
tuem-se! Haverá sempre uma Haverá sempre
Fénix, seja na política, nas ciên-
cias, na luta pelas liberdades,
nas artes e tantas outras e in- uma Fénix, seja na
contáveis actividades.
Quando no outro dia recebi
a notícia do ressuscitar do Cip- política, nas ciên-
reste via telemóvel (modernic-
es, já ninguém usa o velho tele-
fone ou carta…que saudades cias, na luta pelas
da velha BIC, sim essa da es-
crita fina, escrita normal…), do
ressuscitar desta Fénix, senti liberdades, nas
saudades de outrora, porque
há doze anos atrás também eu
sonhei. artes e tantas out-
Escrevi nessa altura: “Du-
rante todos estes anos, várias ras e incontáveis
tentativas de implantação de um
órgão informativo existiram, al-
gumas mesmo tentadas por per- actividades
sonalidades locais como o ac-
tual Presidente da Câmara, (da
altura) outras por menos ilustres
mas igualmente válidas”, por
isso Rui, a ti e aos teus colabora- ”Mais vale uma má ideia do que
dores venho só recordar o lema ideia nenhuma”. Que a força es-
que nos moveu nessa aventura: teja convosco. l

Estatuto Editorial
para o Zé, o amigo, ou o amigo do amigo.
Será que é por isso que se houve que Tozé Espírito Santo
vai ser o candidato do PSD à Junta de Freguesia de Macedo
de Cavaleiros?
É caso para dizer: há coisas do diabo!
Rui Miranda CIPRESTE é um projecto de informação em sintonia com o processo de mudanças

Cipreste
tecnológicas e de civilização no espaço público contemporâneo, local e universal.
CIPRESTE é um jornal de informação, orientado por critérios de rigor e criatividade
editorial, sem qualquer dependência de ordem ideológica, política e económica.
CIPRESTE revê-se numa tradição europeia de jornalismo exigente e de qualidade, re-
Director: Rui Miranda Redacção: Miguel Midões; Nélio Pimentel; cusando o sensacionalismo e a exploração mercantil e ideológica da matéria informativa.
Paulo Nunes dos Santos; Rui Miranda. CIPRESTE é uma publicação regional, aposta numa informação diversificada,
Colaboraram nesta edição: A. M. Pires Cabral; António Duarte
abrangendo os mais variados campos de actividade e correspondendo às motivações e
Bento; Daniel Silva; Fernando Mascarenhas; Helena Cavadinhas;
Manuel Cardoso; Manuel Vitorino; Rogério Paulo Correia; interesses de um público plural.
Registado no ICS com o n.º 127096 CIPRESTE considera sua missão a defesa de causas regionais, com interesse para
Paginação: Edições Imaginarium, Lda. Impressão: Casa de a maioria dos cidadãos, comprometendo-se a informar os seus leitores, de forma clara,
Trabalho - Bragança das suas posições em sede editorial, e a exercer o princípio do contraditório nessas ma-
Sede: Edificio Translande Loja, 49 térias.
Apartado 82 CIPRESTE considera que a existência de uma opinião pública informada, activa e
5340 219 Macedo de cavaleiros interveniente é condição fundamental da democracia e da dinâmica de uma sociedade
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e-mail: geral@cipreste.com
nicação e opinião.
Sitio Internet: www.cipreste.com
Propriedade e editor: Rui Jorge Miranda da Silva; Macedo de CIPRESTE é responsável apenas perante os leitores, numa relação rigorosa e trans-
Cavaleiros parente, autónoma do poder político e independente de poderes particulares.
10 | Junho 2009 | Cipreste | Ideias & Debate
Cipreste por Cipreste
H
á árvores que,
pelo seu tamanho,
pela sua localiza-
ção, pelos que
lhe fruem a sombra, o fruto ou
a beleza, ou por qualquer outro
particular, ganham uma digni-
dade especial. Quase como de
pessoa.
Assim é o caso da célebre
“acácia do Jorge” (que por sinal
não é acácia nenhuma), na casa
de São Miguel de Ceide, que
Camilo ouviu bater vezes sem
conta com a ramagem nos vid-
ros da janela, em intermináveis e
tempestuosas noites de insónia
ou trabalho à banca de escritor,
e que celebra uma parelha de
alexandrinos que ficou famosa:
Quando a acácia do Jorge
inda uma vez enflore, Chamai-
me que de Abril nas auras vol-
tarei.
É o caso também do não
menos célebre plátano de Alijó,
árvore centenária de dimensões
invulgares, que mereceu ser
classificada como monumento
de interesse concelhio, supon-
ho, como qualquer capela ou
vestígio arqueológico.
Macedo de Cavaleiros tin-
ha também a sua arvore em-
blemática, tutelar, que, se nunca
chegou a ser classificada, era
na verdade uma presença ben-
quista, a recordar velhas e pica-
ras páginas da modesta história
local. Era o Cipreste. Escrevo-
lhe assim o nome, com maiús-
Brevíssima Reflexão
sobre a (nossa) Crise
E
stamos em plena
crise (que dizem
financeira… mas
que é sobretudo
de valores.) E que não é uni-
camente nossa, porque ela
varre o mundo por igual. Mas
como Portugal continua a ser
(perdoe-se-me a franqueza
quase indesculpavelmente an-
tipatriota) o país mais atrasado
da Europa, a nós vai custar-nos
bem mais a sair dela.
Portugal está aonde está
porque teima em desbaratar
oportunidades. E persiste em não
fazer as reformas que são urgen-
tes. O que é estranho, porque
até somos um povo ordeiro, que
não se sobressalta muito contra
a intrusão do Estado, e que é
capaz de obedecer, ainda que
a contragosto, por razões quase
genéticas, como se, séculos de
nacionalidade, nos tivessem do-
mesticado a rebeldia e açaimado
o ânimo libertário.
Talvez o mal maior seja
mesmo o termos Estado a mais
no acessório e Estado a menos
no essencial! De tal modo que
todos se sentem dependentes
duma qualquer sinecura, de
uma qualquer vantagem, de
um benefício, de um qualquer
cula para significar o apreço
que tinha por aquele colosso ao
cimo do jardim público, que já
estava há muito ano naquele lu-
gar quando frequentei a escola
que ali a dois passos funcionou,
nos baixos do Moreno, com um
tal de senhor professor Amândio
que parece que ensandeceu de
tanto aturar meninos... Já nessa
época o Cipreste deitava aquele
respeitável corpanzil e à sua
volta, nos intervalos da cartilha,
brincávamos ao rou-rou e outros
entreténs infantis.
Pois o Cipreste já não está
lá. Diremos que foi mais uma
baixa nos pouquíssimos memo-
riais que Macedo tem. Ele está
ligado - como deixei escrito num
dos meus romances, por o ter
ouvido da tradição - à criação do
concelho de Macedo de Cava-
leiros, à custa dos de Chacim e
Cortiços. Deu-se o caso que a
gente de Chacim - terra que ain-
da hoje é conhecida nas aldeias
circunvizinhas por “a vila” - não
acreditou que jamais a sua terra
perdesse importância a favor de
Macedo e, para desacreditar as
esperanças dos Macedenses,
dizia que tal só sucederia quan-
do o Cipreste desse laranjas, o
que equivale a dizer em dia de
São Nunca à tarde ou quando
as galinhas tiverem dentes.
Pois enganaram-se, os meus
patrícios ceboleiros. Em 31 de
Dezembro de 1853, Macedo ar-
rebatou mesmo a categoria de
sede de concelho a Chacim, e
chefe, numa funcionalização
serviente e deletéria, em que a
coação tão habilmente forjada
nos força a aceitar tudo como
nas comunidades mafiosas.
A crise veio pôr ainda mais a
nu as nossas fragilidades. Para
quem consiga olhar por entre o
nevoeiro denso, verá que o abis-
A actual crise gerou
uma oportunidade
ímpar: a de nos des-
fazermos dos Roth-
schild de fancaria,
da “tralha” política,
dos falsos “Belm-
iros”, e de repensar
o país à luz dos
novos desafios sa-
bendo de antemão
que se mantivermos
o actual estado das
coisas espera-nos
um futuro sombrio
os Macedenses, para festejar a
promoção, tanto como para vin-
gar a incredulidade provocatória
dos de Chacim, teriam então
pendurado uns quarteirões de
laranjas no Cipreste, que já en-
tão seria velhinho e devia meter
um vistão assim enfeitado a bo-
las de ouro...
Vendo-a pelo mesmo preço
por que ma venderam a mim.
O velho Cipreste já não está
no seu lugar. Foi necessário
abatê-lo, pois tornara-se tão
decrépito que ameaçava cair,
certamente com bem mais pre-
juízo, no primeiro pé-de-vento.
Há que lamentar-lhe a morte,
mas compreender as razões
dela. Não nos podemos agarrar
eternamente às coisas, sobretu-
do àquelas que são perecíveis
e hão-de por força ter fim, quer
queiramos quer não.
De qualquer maneira, repito,
foi mais uma referência histórica
que desapareceu, e Macedo
é tão escasso delas... O pior é
que estão desaparecendo to-
das as outras. Contam-se pelos
dedos as padieiras das portas
que ainda exibem datas que re-
montam ao séc. XIX. O Prado
de Cavaleiros perdeu há muito
a capacidade de evocar os
primórdios da vila. O palacete
nas traseiras da Câmara Munici-
pal ameaça ruína. Que restará
dentro de uma década? A Igreja
Matriz - e é um pau. Que, diga-
se de passagem não é tão mod-
esta como às vezes nos querem
fazer querer: passa-se lá dentro
mo se aproxima a passos largos.
Mas como nem tudo são
desvantagens, a crise está a
actuar como um revelador de
fotografia: sem espanto algum,
descobrimos que os homens
da alta finança agiam como
aranhas cúpidas, entretidas no
centro da sua teia a devorar
as nossas poupanças; desco-
brimos que quem nos governa
não faz ideia para onde nos
leva e como afastar os perigos,
e que tergiversa quando neces-
sitamos de dirigentes arrojados,
gente desafiadora e desabrida,
gente como aquele piloto que
aterrou no Hudson e que, na
emergência, entre a vida e a
morte, sem muita conversa, não
demorou um segundo a tomar
a única opção que garantia a
salvação, impondo-se ao des-
tino (pelo que urge eleger os
melhores, os mais capazes, os
que dão garantias de que nos
conduzem à Terra Prometida e
rejeitar aqueles que vêm dos
fundos do aparelho partidário,
gente anódina, ávidos de pod-
er, capazes de tudo, sem uma
única ideia que concite entu-
siasmo); descobrimos que há
empresários do regime, que
torpedeiam quaisquer outros,
uma hora bem passada, a olhar
para aquelas talhas, imagens e
altares.
Pois enganaram-se,
os meus patrícios
ceboleiros. Em 31
de Dezembro de
1853, Macedo ar-
rebatou mesmo a
categoria de sede de
concelho a Chacim, e
os Macedenses, para
festejar a promoção,
tanto como para vin-
gar a incredulidade
provocatória dos de
Chacim, teriam então
pendurado uns quar-
teirões de laranjas no
Cipreste, que já então
seria velhinho e devia
meter um vistão as-
sim enfeitado a bolas
de ouro...
O Cipreste foi pois abaixo.
Testemunhei a sua falta domin-
go de Pascoela, e veio-me uma
pontinha de água aos olhos. Era
mais um fragmento da minha in-
fância que desaparecia.
Mas alegremo-nos, que a
hora não é de tristezas. Porque
das suas cinzas nasce um outro
Cipreste: este que o leitor tem
nas mãos. É Cipreste por Cipre-
ste. O título que este jornal leva
recusando-se a jogar com as
regras exigentes do mercado,
viciando-as, e viciando-o, e ti-
ram vantagem na aposta em
ex-titulares do regime, pagan-
do-lhes principescamente para
estes continuarem a fazer o que
sempre fizeram: donos de uma
boa agenda de contactos, culti-
vam pacientemente as relações
privilegiadas como um japonês
cuida do seu bonsai (pelo que
temos de saber criar condições
para um empresariado indepen-
dente do Estado, dinâmico, ino-
vador, capaz de competir num
mercado livre e sem fronteiras
e que saiba que a empresa é
um espaço de responsabilidade
social e não de mera usura);
descobrimos que temos uma
administração pública anafada,
pesada, pachorrenta, gulosa de
mais de metade dos recursos
produzidos no país, com abces-
sos de gritante improdutividade
(pelo que se exigem reformas
profundas que a abram à mod-
ernidade dentro de duas balizas:
o respeito pelo cidadão, uma,
prosseguir o interesse público,
a outra); descobrimos, sem as-
sombro, que temos sectores tão
vitais como a Justiça e o Ensino
em que, naquela, as pessoas
n A. M. Pires Cabral
remete-nos para a veneranda ár-
vore caída - o que significa que
a novel Associação Cultural e
Informativa de Macedo de Cava-
leiros tem respeito pela história.
É bom sinal que os jovens res-
peitem a história, porque nen-
hum passo que a humanidade
deu até hoje poderia ter sido
dado sem que milhentos passos
tenham sido dados antes. Não
significa contemplação mórbida
do passado, mas comprensão
dos mecanismos que empurram
a sociedade para a frente. Fu-
turo numa palavra.
Procurarei sempre que pos-
sível deixar nas páginas do Cip-
reste os meus testemunhos, as
minhas alegrias e as minhas in-
quietações. Oxalá a ideia prev-
aleça e Macedo passe a ter, por
muitos anos e bons, um órgão
de exaltação e defesa. É um
projecto bonito, pelo qual vale a
pena fazer alguns esforços, pas-
sar por algumas incomodidades.
Parabéns aos jovens que dão
corpo e rosto a esta iniciativa.
Saibam as instâncias compe-
tentes, a começar pela Câmara
Municipal, dar o apoio indispen-
sável nestes primeiros passos.
Macedo só tem a lucrar. E, lá no
céu das árvores, o velho Cipre-
ste deve sentir-se confortado,
porque, de alguma maneira, não
morreu: prolonga-se num jornal.
Que melhor destino para uma
árvore? l
Texto publicado em Junho de
1997, agora re-editado com
autorização do autor.
n Rogério Paulo Correia
não têm um verdadeiro direito
de foro para reparação do injus-
to e a Escola não é um lugar de
transmissão de conhecimento,
de educação, de respeito (pelo
que estamos necessitados de
reabilitar a Casa da Justiça e a
Sala de Aula, sem as quais a ci-
dadania fica insuportavelmente
empobrecida).
A actual crise gerou uma
oportunidade ímpar: a de nos
desfazermos dos Rothschild de
fancaria, da “tralha” política, dos
falsos “Belmiros”, e de repensar
o país à luz dos novos desafios
sabendo de antemão que se
mantivermos o actual estado
das coisas espera-nos um fu-
turo sombrio. A mantermo-nos
assim, nesta constante feudal-
ização dos interesses e da vida
pública, em contra-corrente com
a globalização e com a ideia
fundadora da União Europeia,
o mais certo é sermos atirados
ainda mais para a margem,
aonde chegaremos exangues
e desta feita sem trazermos
na mão – como Camões após
o naufrágio – como único sal-
vado, um qualquer poema uni-
versal, de epopeia, por onde os
vindouros cantem uma qualquer
nossa (vã) glória.l

Durvalino
E
ncha agora o peito
de ar… isso… já
está!
Com a unha cravada con-
tra o risco dos centímetros,
soltando-a na ponta depois de
a ter apertado contra o peito,
sob os meus braços esticados
e levantados, o Senhor Dur-
valino afastava-se com a fita,
voltando-a para a luz e olhan-
do-a com atenção, repetindo o
número mentalmente e toman-
do dele nota na sequência certa
das medidas.
Há pessoas que nos acom-
panham toda a vida. Não porque
estejam connosco todos os dias
e a todas as horas. Cada um
tem a sua vida e segue-a, feita
de trabalhos e desencontros.
Mas, apesar disso, há pessoas
cuja vida é feita de atenções que
dedicam à vida dos outros. Sem
nela se meterem, sem coscuvil-
hice nem enfados. Com a pura
amizade de quem vê essa vida
dos outros decorrer ao lado da
nossa, sem atropelos nem inve-
jas, com interesse pelos seus
trabalhos, com alegria pelos
seus sucessos, com tristeza
Pensamentos
J
á muitos procuravam
as ossadas, sonha-
vam com uma sepul-
tura ao abandono, no cemitério
do mundo, coberta de musgo,
imaginando estratégias para di-
vidir o espólio.
Porém, desiludam-se, ele já
chegou. Mais maduro, homem
feito, alto, forte, entroncado,
olhar altivo e frontal. Este ilustre
Macedense, tirou bilhete de re-
gresso e, confidenciou-me, veio
para ficar.
Ah grande Cipreste! Bem-
vindo ao teu rincão nordestino,
que tanto precisa da tua audá-
cia, da tua firmeza, da tua rec-
tidão. Muito obrigado. Demais,
também digo, bem-hajas - meu
amigo – por teres falado dos in-
úmeros episódios que, por esse
mundo de Deus, presenciaste.
Não disseste que cresceste,
porque és humilde, mas sei
bem, todos o sabem. Contou-
se, na praça, que correste Seca
e Meca, enrijeceste a têmpera
e mesmo assim choraste, que
todos os dias lutaste. Acredito.
Não lágrimas de saudades,
nem lutas com moinhos de ven-
pelos seus fracassos.
Há pessoas por quem nos
sentimos acompanhados toda
a vida. Só nos vemos de longe
em longe ou de muito perto,
às vezes, quando nos cruza-
mos no acaso de um dia-a-dia
em que parece termos estado
ainda há minutos. Cada encon-
tro é como se tivesse acabado
de acontecer, anos atrás, ali,
naquele instante.
Por isso, quando agora pen-
so em tal, é como se o Senhor
Durvalino tivesse apenas ido lá
dentro tomar uma nota em ra-
bisco na agenda posta sobre a
mesa de trabalho, dos centímet-
ros da fita amarela que acabava
de esticar do meu cotovelo ao
meu punho. Tanto faz que ten-
ha sido há uns anos, muitos, já,
para um fato cinzento para levar
para o colégio ou para um so-
bretudo azul escuro de forro de
setim. Enquanto esticava a fita
e, com um sorriso interior que
eu adivinhava, misturado com
um respeito absoluto do qual
nunca lhe conheci um deslize,
ia cavaqueando frases ao mes-
mo tempo que coleccionava as
to. É claro que não. É humano.
Humedeceram-te os olhos ao
veres fome, escravidão e tor-
tura. Infelizmente, são estes os
pratos principais, no banquete
que os homens, invariavel-
mente, servem e regam com
sangue. Que pena serem estas
as marcas que colocam nos
seus actos.
Confessaste-me que não en-
trarias em festins literários, nem
a tua pena serviria para cinzelar
palavras e burilar conceitos que
fugissem da verdade. Bem, ag-
ora foi a minha vez. Humedece-
ram-me os olhos de felicidade.
Queres verdade? Aí vai, doa a
quem doer, aí vai ela, bonita,
audaz, por vezes agressiva e
louca se atacada, mas sempre
jovem, sempre pronta a acom-
panhar o tempo, como acon-
tece neste período que apeli-
dam de “aceleração histórica”.
Sempre igual a si própria – é a
verdade – chama-se assim, só
tem um nome, uma face, uma
cor, uma raça, um credo. Des-
cansa, aqui e agora vou fazer-
te a vontade. Terás um espaço
de luta pela exigência, porque
minhas diferenças de ano para
ano, ombro mais descaído,
bainha a precisar de acerto.
Naqueles minutos de medidas,
de provas, de conferências do
pespontado, a conversa era
sempre tida com o pressuposto
de que ambos sabíamos exac-
tamente da vida de cada um.
Sem nos metermos mas sem
nos desconhecermos. E havia
uma coisa sobre que ambos
nos interessávamos – e inter-
essamos - de sobremaneira.
Macedo. Macedo sempre foi
para nós um inesgotável mo-
tivo de conversa e de interesse.
Raríssimo encontrar alguém
com tamanho amor pela terra
como o tinha o Durvalino.
A sua cereja no bolo era o
Clube Atlético. Nunca preci-
sei de consultar livro nem jor-
nal nenhum sobre a história
do nosso Clube: o Durvalino
sabia-a de cor porque a vivia
como no presente. E ao con-
tar-me episódios passados
revivíamo-los ali, passava a fita
para trás da cabeça deixando-a
descair pelos ombros, dava
dois passos com a cara voltada
de um imperativo ético-jurídico
se trata, um autêntico – talvez o
mais autêntico – poder dever. O
mais importante dever dos nos-
sos deveres é pugnar pela ver-
dade. Escrevê-la e dizê-la sem
atavios, sem trejeitos de salão
e sorrisos de hipocrisia, ardil-
osamente ensaiados por essa
espécie de gente que mais não
faz do que pavonear mediocri-
dade, de cerviz partida, com a
face próxima dos sapatos de
tantas vénias distribuir.
Talvez ainda te lembres do
tempo em que confiávamos no
poder jurisdicional. Lembras-te?
Não vás embora. Ajuda a tua
gente. O humanismo abstracto
é egoísta. É aqui e agora que
urge lutar. Olha que este alic-
erce do estado de direito carece
de urgente reparação. Mas há
mais, muito mais, vamos ter
tempo. É só dar-me o prazer
de passar umas tardes ali, no
Azibo.
Repara só nesta. Quando
te foste embora, as forças da
ordem ainda não se escondiam
para caçar incautos. Sabes
agora o que fazem? Já te dis-
Ideias & Debate | Cipreste | Junho 2009 |
para o chão como se estivesse
a ver a areia do campo de fu-
tebol, a ouvir o Capela mandar
os de Mirandela para ao pé
do Tua, a discordar do Fraga
naquela entrada, quase a dis-
cutir com o Jeremias antes do
começo de uma segunda parte.
No seu atelier de alfaiate havia
uma fotografia de uma equipa
perfilada do Clube Atlético.
Ele mostrava-a com saudade,
claro. Mas ao descrevê-la logo
desaparecia a saudade, anu-
lada, afogada que ficava em
entusiasmo, alegria, orgulho no
Clube, coisa luminosa de que
não perdia a esperança.
Por isso as nossas despe-
didas eram sempre feitas com
o sentimento de um até logo,
nada mais. Mesmo que o até
logo se demorasse por meses
ou fosse apenas interrompido
por um esporádico cumprimento
ao passar em frente à sua por-
ta. Como agora. Espero um dia
poder dizer-lho de novo, trocar
com ele novidades sobre Mace-
do e sobre o Clube. Porque há
pessoas que nos acompanham
toda a vida. l
O mais importante
dever dos nossos
deveres é pugnar
pela verdade.
Escrevê-la e dizê-la
sem atavios, sem
trejeitos de salão
e sorrisos de hi-
pocrisia, ardilosa-
mente ensaiados
por essa espécie
de gente que mais
não faz do que
pavonear medi-
ocridade, de cerviz
partida, com a
face próxima dos
sapatos de tantas
vénias distribuir.
11
n Manuel Cardoso
Há pessoas por
quem nos senti-
mos acompanha-
dos toda a vida.
Só nos vemos de
longe em longe ou
de muito perto,
às vezes, quando
nos cruzamos no
acaso de um dia-a-
dia em que parece
termos estado
ainda há minutos.
Cada encontro é
como se tivesse
acabado de acon-
tecer, anos atrás,
ali, naquele ins-
tante.
n Manuel Vitorino
seram? Isso mesmo. Escondem
um carro descaracterizado, fora
da estrada, claro, colocam um
radar na berma, convém atrás
de uma moita, numa recta, se
for inclinada, tanto melhor e,
vai daí, vão-te ao bolso. Não,
Cipreste, não previnem, nem
avisam, antes se emboscam. O
bom será delinquir para, obriga-
toriamente, pagar. Depois do
pagamento, é regra geral não
aplicar sanções acessórias, ou
prescrevem ou, se necessário,
são administrativamente am-
nistiadas. É que só assim se
poderá voltar a prevaricar, para
poder voltar a pagar, para poder
voltar a prescrever ou para pod-
er amnistiar.
Estamos perante um padrão
cultural oposto ao exigido por
um verdadeiro estado de direito.
Já vês que os nossos valores,
vão sofrendo fortes abalos. As
regras cedem, a moral inexiste,
não percamos, também nós, o
direito de contestar. A maldita
anomia (socialmente entendi-
da) está próxima. Há que cerrar
já as portas. l
12 | Junho 2009 | Cipreste |
Última Fronteira 
Terra da
Magia
A
terra estende-se sob o
nosso olhar como um
labirinto. Os palácios
estão escondidos sob a névoa
das casas pobres, fendidas pelo
vento frio que traz a pneumonia.
A infecção alastra pela paisagem
pela fome de tanto tempo quieta
e inumana. Quem tem fome não
diz porque é vergonha ter fome. E
os magníficos matizes das folhas
bailarinas ainda provocam sorrisos
de encanto nos esfomeados. O
ouro-cor pinta toda a paisagem de
alegria sempre fendida pelo vento
frio. Os homens e mulheres falam
de viagem a pé pelas fendas e
gretas da paisagem, onde elevam
os seus pés a automóveis topo de
gama. Crescem pelos campos,
pelos montes, pelos vales, sem-
pre inebriados desta paisagem de
ouro agreste. Os palácios estão
escondidos nos montes agrestes,
luxuosamente escondidos e luxu-
osamente vividos como mundos
casulos, donde sai o homem-deus
do lugar sempre em viagem para
o mundo da prata. Nas suas be-
las adegas crescem vinhos mag-
níficos, vestidos de presunto, para
beber e oferecer aos deuses do
lugar. As estradas são as plantas
dos pés, e os transportes públicos
as pernas das gentes. Caminham
quilómetros e quilómetros para ir
tratar a pneumonia do vento frio
que nesta missão os acompanha.
Ora falam docemente no caminho,
ora falam em alta voz para as er-
vas e arbustos que lhes sulcam de
linhas vermelhas os transportes
públicos.
Alguns morrem inebriados da
paisagem vestida do vento frio.
Outros o fazem porque de repente
o ar se lhes rarefez, apesar de
correr friamente mais do que eles
os caminhantes. Gentes de ouro
numa paisagem de ouro. O frio
constrói-lhes as estátuas e todas
as esculturas e todos os epitáfios
poéticos. E as casas mágicas das
fadas e dos magos estão escondi-
das na paisagem que ora se lhes
revela. Eles partem assim inebria-
dos e a paisagem fica com as fa-
das e os magos. Qualquer turista
nenhuns vê.
Esta terra de magia de repente
fica abraçada pelo sol. Parece
até que o sol desce à terra e nela
fica sentado, à sombra de um
carvalho, de um sobreiro, de um
castanheiro, de uma amendoeira.
É pois quando toda a terra mági-
ca é euforicamente abraçada por
Deméter. E tudo brilha e canta na
profusão de flores que agora são
o rosto da paisagem. As gentes
continuam a utilizar as suas plan-
tas dos pés estradas e as suas
pernas transportes públicos. Tudo
sorridente no ambiente floral. As
fadas e magos não se mostram.
O calor abala o coração daqueles
que antes morriam de frio. Tam-
bém muitos não tinham beijos
nem abraços. Nem uma palavra
de carinho de quem estivesse per-
to, porque ninguém era ou estava
n António Duarte Bento
Terra mágica de
gente mágica que es-
pera a nova magia do
novo ouro - querendo
que este seja mais
puro.
Terra que espera
estradas, comboios
e outros transportes
públicos; que espera
uma matriz de urban-
ismo em arte que se
embeba na sua magia
antiga criando uma
nova magia, criando
um novo fôlego
de gente, uma
nova harmonia.
perto. Os que poderiam acarinhar
tinham ido para longe da terra
mágica, tinham ido buscar longos
anos de ausência, de tristeza sem
fim. Porque já não corria o leite e
o mel na terra ausente. As gen-
tes estavam exaustas, exauridas
pelas suas estradas e pelos seus
transportes públicos. E por muito
caro que bilhete pagassem, fica-
vam sempre longe do ouro que
lhes tapasse as fendas do frio das
suas casas antigas, e longe da
riqueza das castanhas para um
novo inverno de acalentamento;
e longe da riqueza suficiente para
um simples guarda-sol.
E a terra mágica foi-se ex-
aurindo das gentes, ficando ela
mesma e em si um poema mágico
por declamar. Terra de ouro, terra
dourada. Abandonada pelo ouro e
niquelada de moeda simples e de
pouco valor.
Terra que espera pelo ouro
perdido.
Terra mágica de gente mágica
que espera a nova magia do novo
ouro - querendo que este seja
mais puro.
Terra que espera estradas,
comboios e outros transportes
públicos; que espera uma ma-
triz de urbanismo em arte que se
embeba na sua magia antiga cri-
ando uma nova magia, criando um
novo fôlego de gente, uma
nova harmonia. Uma recon-
strução de casas mágicas, um
novo conforto. Uma revitaliza-
ção da paisagem feita por novas
mãos carinhosas, mãos que se
cruzem num forte aperto de confi-
ança nova, porque a Terra Mágica
merece.
A Terra Dourada merece o
ouro. l
Os Tres Museus
M
USEU,s.m. es-
tabelecimento
público onde
estão reunidas colecções de
objectos de arte, de ciência,
etc.; …
Para grande número
de pessoas, um museu é
uma coisa que não cabe na
definição de um dicionário. É
uma seca, um sítio chato onde
se juntam coisas velhas. E é
também comum haver quem
faça grandes viagens para
ver um Museu, e se esqueça
de visitar os da sua cidade ou
região.
Nestes últimos dias, visitei
três museus. E, por razões
diversas, os três me surpreen-
deram. O primeiro foi o Museu
de Serralves, que comemora
dez anos de vida com uma
exposição que revela parte
do seu espólio. Serralves é,
indiscutivelmente, um caso
de sucesso. O Porto, o Norte,
o Noroeste Peninsular e não
só, aderem às realizações de
Serralves com entusiasmo. E
nestes três dias de comemo-
rações, aquilo parecia uma
romaria permanente. Não é
caso para menos. Para além
da beleza do Parque e dos
edifícios da Casa e do Mu-
seu, que só por si são motivo
bastante para uma visita, já ali
vi grandes exposições. Mas
houve duas que me marcaram
muito especialmente: a grande
exposição de Paula Rego, e a
grande exposição de Bacon.
Ninguém contestará que foram
os pontos altos de Serralves,
com recordes de visitantes.
Mas muita coisa boa passou
por lá para além deles.
Esta exposição, que nos
mostra o que tem ficado para
o acervo do Museu, é uma
completa desilusão. Não
quero discutir aqui critérios,
para mais sabendo que o or-
çamento do Museu para com-
pras é escassíssimo. Mas…
entra-se, e à esquerda há um
televisor que nos metralha
com uma frase, também es-
crita no ecrã: “O verdadeiro
artista é uma maravilhosa fon-
te luminosa.” , obra de Bruce
Nauman. Virando à direita,
encontramos na primeira sala
os sete painéis de “Posses-
sion” de Paula Rego. Obra
belíssima, com toda a força
do seu estilo e na técnica
que mais vem usando: pas-
tel sobre papel montado em
alumínio. E depois de Paula
Rego, é o deserto. Com uma
ou outra pequena excepção,
a sensação que nos fica é de
absoluta pobreza. Muito…
”lixo”. A maior parte do que ali
está, a não ser pelo eventual
valor de mercado, ninguém o
quereria em sua casa. Nem
à porta. Não haverá também
“produtos tóxicos” na arte?
Faz lembrar claramente a
“história do Rei vai nu!”. Não
recomendo.
O segundo, foi o Museu
de Arte Moderna de Bragan-
Nestes últimos dias,
visitei três museus.
E, por razões di-
versas, os três me
surpreenderam. O
primeiro foi o Mu-
seu de Serralves, que
comemora dez anos
de vida com uma
exposição que revela
parte do seu espólio.
O segundo, foi o
Museu de Arte Mo-
derna de Bragança.
O terceiro, foi o
Museu de Arte Sacra
de Macedo de Cava-
leiros. Uma agradá-
vel surpresa.
ça. Conheci aquele espaço
ainda como Banco de Portu-
gal. Era lindíssimo e cheio de
dignidade. Já não tenho bem
presente o que se perdeu,
mas é óbvio que tinha que
ser adaptado. Com o acres-
cento de um enorme edifício
nas traseiras. O resultado,
no conjunto, é um espaço
soberbo. A parte recuperada
do Banco de Portugal é dedi-
cada, em exclusivo, a Graça
Morais. A outra, quando não
tem exposições temporárias,
depreendo que estará va-
zia. As obras que lá estão de
Graça Morais, não justificam
aquele espaço. Nem a classi-
ficação como Museu de Arte
Moderna. Bastaria ter bom
Fernando Mascarenhas
n
senso para evitar aquele ex-
cesso, que resulta ridículo.
Na parte nova tem agora
uma exposição temporária
do Millenium bcp. Essa sim,
muito interessante e a valer
a visita. Uma boa representa-
ção da pintura portuguesa do
séc. XX e ainda de finais do
séc. XIX. De Silva Porto, Mal-
hoa e Columbano, a José de
Guimarães, Noronha da Cos-
ta, Escada, Costa Pinheiro,
passando por Pomar, Car-
galeiro, um belíssimo quadro
de Menez, Nadir Afonso, Re-
sende, Vieira da Silva, Alma-
da, Dórdio Gomes, Amadeo,
e outros. Vale a pena trazer o
catálogo.
O terceiro, foi o Museu
de Arte Sacra de Macedo de
Cavaleiros. Uma agradável
surpresa. Pela ideia em si,
por todo o trabalho a mon-
tante, valiosíssimo, e pelo
resultado que ali está pat-
ente. A escolha das peças, a
sábia adaptação aos espa-
ços disponíveis, o excelente
resultado conseguido em
termos de qualidade exposi-
tiva. Não é menor o valor
didáctico da exposição, quer
pela observação do resul-
tado de uma intervenção
criteriosa, quer pela inversa,
em que é exemplo eloquente
a imagem de S. Marcos, de
Castelãos.
Ganhar os párocos e as
paróquias para este modelo,
é um trabalho que merece
encómios. Estão de parabéns
os responsáveis e a região.
Mas não pode ser descurada
a formação dos artífices ou
o reforço qualitativo da equi-
pa. Sabendo-se que, sobre
peças destas, quanto menos
se intervier melhor, há situa-
ções que não podem passar
sem retoque. E o resultado,
no caso do Menino que car-
rega o S. Cristóvão, de Mal-
ta, não me parece o melhor.
A recuperação na pintura
é sempre difícil, para mais
não tendo já, do original,
referências. Acresce ainda a
dificuldade em acertar com
a expressão do olhar. Neste
caso, o Menino parece não
confiar nada no Santo, e olha
aterrado para as águas.
Parece ter sido encon-
trada uma boa solução para
a utilização do solar. Certa-
mente que terá sido acaute-
lada a questão, crucial, da
segurança. Também aqui, o
catálogo é muito bom.l
 Noticias | Cipreste | Junho 2009 | 13
Em perimetro de rega

Curriça de luxo
J
osé António Espírito
Santo quis construir
uma vivenda situada
no local designado
por Corda. Nas imediações
da estrada que liga Macedo
de Cavaleiros, pelo Bairro da
Alegria, a Castelãos. Decorria
2003 quando requereu a viabili-
dade da construção.
A referida viabilidade re-
queria parecer da Direcção
Regional de Agricultura de
Trás-os-Montes e Alto Douro e
do Instituto da Água, já que o le-
vantamento tipográfico do local
inseria a construção dentro do
Perímetro de Rega. A resposta
do Instituto da Água, à altura
denominado HIERA, foi nega- Vivenda o projecto da obra descreve uma construção de natureza agro-pecuária
tiva. ifício com vários compartimen- estar a ser construída uma vi- emitir uma licença de utilização no, com a intenção de saber se
O Perímetro de Rega é uma tos. Uns destinados a animais, venda com uma licença para da construção, para as utiliza- tinha sido pedida a licença de
área beneficiada pelo aproveita- como ovelhas e porcos e outros edificar uma construção de ções em que foi requerida a li- utilização e qual o técnico que
mento hidroagrícola de Macedo destinados a guardar as forra- apoio à agricultura, Duarte cença de construção. assina o termo de responsabili-
de Cavaleiros. Esta denomi- gens. Moreno afirmou que a autar- dade, O vereador do urbanismo
nação impõe condicionantes à A construção revela-se bem quia não tinha essa informação Responsabilidade informou-nos que ainda não
utilização dos terrenos, nomea- distinta. e que o cumprimento do pro- deu entrada na autarquia nen-
damente no que respeita às A casa que deveria ser uma jecto é da responsabilidade do Para ser emitida a licença hum pedido de licença de uti-
edificações neles permitida. curriça é uma vivenda com to- dono da obra. Questionado se de utilização é necessária a lização.
Em 2005, o promotor, tenta dos os requisitos à habitação a após o conhecimento dessa apresentação de um termo de
nova atribuição de licença para humana. informação a autarquia iria fis- responsabilidade de um téc- Carrapatas e Intermar-
construção no mesmo local, ag- calizar, Duarte Moreno, afirmou nico com carteira profissional. ché
ora para um edifício de apoio à Autarquia não fiscaliza que, à autarquia não compete a Nesse termo o técnico terá que
agricultura, mais propriamente fiscalização. Sobre a emissão afirmar que a construção se en- O Cipreste sabe que outros
um edifício de agro-turismo. A nossa reportagem con- de uma futura licença de utiliza- contra em conformidade com tiveram um tratamento difer-
Os pareceres às duas en- sultou, em Dezembro último, o ção, o responsável pela área do o projecto licenciado, com as ente já que obras como o Inter-
tidades foram requeridos e responsável pelo urbanismo da urbanismo da entidade licencia- condicionantes da licença, com marché ou o lar de Carrapatas
aceites por estas. Cumpridos autarquia macedense, vereador dora e a única que tem poderes a utilização prevista no alvará e tiveram que ser alterados e
os requisitos legais, a autarquia Duarte Moreno. Que confirmou de fiscalização, afirmou que que as alterações efectuadas deslocalizados pois a localiza-
macedense emite a licença de que estavam cumpridos to- se fosse apresentada o livro ao projecto estão em conformi- ção inicial coincidia, no caso do
construção. dos os requisitos legais para a de obra e o termo de respons- dade com as normas legais. Intermarché em parte, com o
O projecto, a que o Cipreste atribuição da licença. abilidade do técnico que seguiu O Cipreste consultou, na perímetro de rega. n
teve acesso, descreve um ed- Questionado pelo facto de a obra, então a autarquia irá passada semana, Duarte More- Rui Miranda

Estalagem Caçador Autárquicas já dão frutos

Grupo hoteleiro Sobrinho do presidente

adquire Estalagem
do Caçador
Estalagem O “rosto” de Manuel Pinto Azevedo na “vila”
S egundo uma fonte a que o Cip-
reste teve acesso, o imóvel da
Estalagem do Caçador foi adquirido
recentemente por um grupo do ramo
da hotelaria de expressão nacional. De
facto, o espaço encontrava-se à venda
no sítio da Internet BPI Imobiliária, pela
quantia de 2.500.000 Euros. Anúncio
que já foi retirado desse local.
Tentamos a confirmação da notícia
junto de Antónia Pinto de Azevedo, que
negou qualquer negócio, contudo tam-
bém não nos respondeu, quando ques-
tionada se o imóvel ainda se encontraria
em venda. n
R. M.
da junta de Morais já
está na câmara
A
s eleições autárquicas estão à
porta. Sente-se o arregimen-
tar de forças para o combate
pelos pelouros. Contam-se votantes,
delineiam-se estratégias, assinam-se
pactos, acordam-se compromissos,
avivam-se quezílias, conquistam-se ali-
ados, escolhem-se inimigos… sempre
com um único fim: o poder.
A época é propícia a desenterrar
promessas já passadas ou a contrair
novas promessas.
É assim que se ganham eleições:
com combinações. Por um lado uns dão
a cara e votos, outros dão benefícios.
Dão benefícios com o erário público.
Dão benefícios sobre o que é do povo.
Há inúmeros casos que podem ilus-
trar o que aqui se escreve. E, se os
parágrafos anteriores podem parecer
revestidos de opinião, o que se segue
confere-lhe todo o enquadramento de
notícia.
Mário Filipe Borges Teles é o presi-
dente da Junta da freguesia de Morais.
Foi eleito nas eleições autárquicas de
2005 pelo partido PSD.
Mário Teles não queria recandidatar-
se às eleições de 2009. Para que isso
acontecesse, teria que ter como con-
trapartida a resolução da situação do
sobrinho, Manuel Filipe Neves Teles,
licenciado em análises clínicas e saúde
pública.
Quando o PS de Macedo soube do
caso, propôs ao actual presidente da
junta um acordo: Mário Teles concor-
reria pelo partido e, se ganhassem as
eleições, o sobrinho teria trabalho no
centro hospitalar do nordeste.
Este cenário alarmou o PSD de
Macedo que actuou prontamente, Carlos
Barroso não esperou pelo resultado das
eleições e deu imediatamente emprego
ao sobrinho do presidente da junta.
No dia 11 de Maio, Beraldino Pinto,
presidente da Câmara Municipal de Mace-
do de Cavaleiros, assinou um despacho
com efeitos a partir do dia 1 de Junho, em
que Manuel Filipe Neves Teles, assume o
cargo de secretário do gabinete pessoal
do vereador Carlos Barroso.
Segundo escreveu Beraldino Pinto,
é “do interesse do município”.
O município tem muitos nomes.
É que, como disse David Lodge, “um
almoço nunca é de graça”. n
Rui Miranda
14 | Junho 2009 | Cipreste |
Gente e negócios
A Feira de S. Pedro 2009 promete continuar a ser um evento de relevo na região.
Para permitir um maior fluxo de público, a organização estipulou o simbólico
preço de bilheteira a um euro cujo objectivo é valorizar a aposta que os em-
presários fazem no Maior certame económico de Trás-os-Montes.

Feira S. Pedro
Entradas para todos

Tony Carreira Um Euro é o que o público vai pagar para ver o artista português mais requisitado

N
o dia 27 o público para o sector automóvel e de sempre é um espectáculo de
macedense e da mobiliário. Tony Carreira, vai subir ao pal-
região vai poder co do recinto a pequena grande
ver Tony Carreira Modelo para continuar voz macedense Ana Rita Prada,
por 1 euro. O preço da bilhetei- acompanhada por uma orques-
ra é a grande novidade da XXVI Manuel Cardoso, Vereador tra da TVI, que promete muita
edição da Feira de S. Pedro. do Turismo em representação expectativa no público local. n
Permitir a participação de da autarquia, na cerimónia de

muito público, com o preço
dos ingressos a 1 euro é uma
medida direccionada às em-
presas expositoras, já que é
o compromisso da Associa-
ção Comercial e Industrial de
Macedo de Cavaleiros ACIMC,
enquanto entidade organiza-
dora do certame Feira de S.
Pedro, assegurar uma pro-
moção eficaz aos expositores
e, simultaneamente, cativar o
público.
Durante a apresentação
pública da edição de 2009
da Feira de S. Pedro, António
Cunha, Presidente da ACI-
MC, referiu que a preocupa-
ção da organização é que
o certame seja participado,
com gente, com animação,
com alegria e que justifique
a presença e o investimento
dos expositores.
Negócios A Feira de S. Pedro é a melhor montra da região
Recinto
Também o recinto terá al-
gumas alterações em relação
à edição anterior. Embora se
mantenha a área destinada ao
artesanato na parte sul do re-
cinto, a área livre multiusos será
ampliada em relação a edições
anteriores, o próprio Parque
Municipal de exposições terá
algumas melhorias que o tor-
narão mais funcional.
Expositores
A Feira de S. Pedro tem tido,
ao longo dos anos, alterações
no tipo de expositores. Alter-
ações que espelham as solici-
tações e evolução do mercado.
Também esta edição contará
com expositores de referência
das actividades económicas
relevantes para o mercado da
região, com especial destaque
lançamento considerou a Feira
de S. Pedro, não como uma
feira para Macedo, mas para a
região, reafirmando o apoio que
a autarquia tem dado ao cer-
tame, no actual modelo finan-
ceiro, já que considera que as
mais-valias que o certame traz
para o concelho, na ocupação
das unidades hoteleiras, na res-
tauração e na dinamização do
comércio em geral, compensam
e suplantam o investimento re-
alizado pela autarquia.
Espectáculos
Para além do aspecto
económico, que é o grande
móbil da Feira de S. Pedro, um
cartaz de espectáculos forte,
capaz de atrair público tem sido
uma constante ao longo dos
anos que esta edição mantém.
Para além da atracção que
Cartaz
F. S. Pedro 09
Sábado, 27 Junho – Tony
Carreira
Domingo, 28 Junho (Feira
de Ano)– Roberto leal
Segunda, 29 Junho (Feri-
ado Municipal)– Just Girls
Terça, 30 Junho – Quim
Barreiros
Quarta, 01 Julho – Ana
Rita Prada com orquestra
da TVI e Rui Fontelas
Quinta, 02Julho – Cidinho
& Doca e Daniel Carlini
Sexta, 03 Julho – Irmãos
Verdades e Cristiana
Sábado, 04 Julho – Tribu-
to aos ABBA
| Cipreste | Junho 2009 | 15
16 | Junho 2009 | Cipreste | Noticias
Eleições Parlamento Europeu

PSD ganha destacado

O PSD foi o partido mais votado nas eleições de 7 de Junho. Quase metade dos votantes preferiram o voto laranja, o PS recolheu
menos de metade dos votos do PSD. O CDS foi o terceiro partido mais votado com cerca de 12% dos votos.
À semelhança do país em que a abstenção foi o cenário predominante, em Macedo houve 14.327 eleitores que não votaram, 71,36%.

Brancos Nulos BE PCP/PEV PPD/PSD PS CDS-PP Outros Inscritos Votantes afluência % Abstenção %
Ala 4 8 7 4 91 55 20 10 624 199 31,89 68,11
Amendoeira 6 3 10 9 54 26 35 8 490 151 30,82 69,18
Arcas 6 4 2 2 110 18 19 2 455 163 35,82 64,18
Bagueixe 3 3 2 11 36 15 5 3 280 78 27,86 72,14
Bornes 2 7 7 4 95 18 20 6 628 159 25,32 74,68
Burga 1 0 4 1 23 11 4 0 119 44 36,97 63,03
Carrapatas 5 0 14 12 49 16 12 8 269 116 43,12 56,88
Castelãos 0 3 8 7 121 15 29 2 463 185 39,96 60,04
Chacim 2 1 5 3 51 38 9 1 481 110 22,87 77,13
Cortiços 0 4 5 27 66 40 9 8 494 159 32,19 67,81
Corujas 3 2 4 0 24 7 33 6 254 79 31,10 68,90
Edroso 3 2 0 0 33 5 4 0 174 47 27,01 72,99
Espadanedo 1 2 2 2 39 14 9 4 279 73 26,16 73,84
Ferreira 1 3 3 0 87 12 25 3 386 134 34,72 65,28
Grijó 6 1 6 2 62 25 11 6 589 119 20,20 79,80
Lagoa 12 3 4 5 78 23 19 5 490 149 30,41 69,59
Lamalonga 4 4 8 0 71 37 9 6 579 139 24,01 75,99
Lamas 1 1 2 1 43 2 19 2 365 71 19,45 80,55
Lombo 2 3 11 6 57 34 18 1 393 132 33,59 66,41
Macedo de Cavaleiros 64 40 155 72 719 370 220 59 5746 1699 29,57 70,43
Morias 3 4 8 4 48 33 14 9 880 123 13,98 86,02
Murçós 6 1 0 4 46 28 8 5 313 98 31,31 68,69
Olmos 3 3 2 7 48 22 6 3 315 94 29,84 70,16
Peredo 2 4 5 5 54 36 12 5 340 123 36,18 63,82
Podence 2 3 7 2 54 23 24 1 455 116 25,49 74,51
Saselas 3 2 9 3 89 44 18 8 584 176 30,14 69,86
Santa Combinha 1 0 2 1 13 12 1 0 112 30 26,79 73,21
Sezulfe 4 2 4 0 55 15 11 1 373 92 24,66 75,34
Soutelo Mourisco 2 4 0 0 13 10 0 0 152 29 19,08 80,92
Talhas 0 5 7 7 70 56 22 5 621 172 27,70 72,30
Talhinhas 0 1 2 3 53 35 6 1 336 101 30,06 69,94
Vale Benfeito 2 10 1 1 56 8 7 3 277 88 31,77 68,23
Vale da Porca 3 3 10 6 54 28 15 9 415 128 30,84 69,16
Vale de Prados 6 1 4 2 48 28 7 3 477 99 20,75 79,25
Vilar do Monte 1 0 2 6 20 19 6 1 170 55 32,35 67,65
Vilarinho de Agrochãos 2 1 3 0 38 10 9 3 295 66 22,37 77,63
Vilarinho do Monte 1 1 0 1 23 10 3 3 108 42 38,89 61,11
Vinhas 1 2 5 8 50 27 11 7 295 111 37,63 62,37
168 141 330 228 2741 1225 709 207 20076 5749 28,64 71,36
% relativa dos votos 2,92 2,45 5,74 3,97 47,68 21,31 12,33 3,60

Estudo de aluna do Piaget

Infantários do concelho com nota média

cumprem as normas estipula- casos, com uma média de 18 no infantário. As longas listas cador de infância, arquitecto e

U
ma investigação de
final de licenciatura
de uma aluna da Es-
cola Superior de Educação, do
Instituto Piaget de Macedo de
Cavaleiros, coordenada pela
docente Maria Neves Alves, de-
tectou algumas falhas básicas
em alguns jardins-de-infância
públicos e privados dos concel-
hos de Macedo de Cavaleiros
e Mirandela. O nome das in-
stituições, por questões éticas,
fica reservado e na investiga-
ção são-lhes apenas atribuí-
dos números. O bastonário
da ordem dos arquitectos, em
2005, referiu que “os estabe-
lecimentos também ensinam” e,
foi partindo desta premissa que
Mafalda Morais Bento partiu à
descoberta. Na base esteve um
questionário de DECO (Defesa
do Consumidor), que alertava
para alguns pormenores a nível
nacional, que foram agora aver-
iguados a nível mais local.
Nove infantários, em Junho
de 2008, com 599 crianças
foram analisados. “Para o pré-
escolar tínhamos 27 salas de
actividades e verificámos que
48,15%, ou seja, 14 salas não
das para o espaço próprio para
cada criança”, salienta a pro-
fessora. Pela lei, cada criança
deve ter 2m2 só para si. Contu-
do, nenhuma das salas excedia
o número máximo de crianças,
que se encontra nos 25. “70,3%
das salas não têm solo antider-
rapante, há falta também de
isolamento acústico”, explica.
Mas, nem tudo é neg-
ativo. Houve bons aspectos en-
contrados nesta investigação.
“Luz natural e ventilação, todos
têm”. O estudo analisou ainda
as cores das paredes das salas
em causa, “uma grande per-
centagem usa essencialmente
o branco, mas alguns já têm o
azul claro, o bege e o amarelo,
mas um número muito tímido”.
O que não poderia ter ficado
de parte nesta investigação é a
questão da higiene e seguran-
ça. Um campo onde há certas
lacunas a colmatar, como por
exemplo o número de sanitas.
A professora refere que “a lei
define que o número de sani-
tas deve ser de uma para no
máximo de dez crianças, algo
que não se verifica em alguns
crianças ou mais para uma
sanita”. Houve ainda análise
aos lavatórios, que devem ser
no mesmo número que as sani-
tas e que tal não acontece. Há
ainda falta de botões de alarme
em alguns estabelecimentos,
bem como os exteriores. “Há
estabelecimentos onde não ex-
iste uma passadeira para peões
à entrada”, acrescenta. Uma
lacuna que, apesar de poder
ser solicitada pelos jardins-de-
infância, deve reunir a sensibili-
dades de ambas as autarquias.
Nem mesmo o mobiliário
escapou a esta avaliação, e no
geral foi apenas considerado
de médio. “Nas 27 salas de
actividades verificámos que só
4 tinham o mobiliário em boas
condições”.
Falta de vagas levam
pais a fechar os olhos
“Os pais que têm crianças
para colocar nos infantários as-
sim o dizem”, afirma a docente,
que por experiência própria
esteve em lista de espera em
Bragança para colocar a filha
de espera nem sempre são aos
pais a possibilidade de fazer
escolhas e poderem optar por
este ou por aquele estabeleci-
mento. “No interior, há falta de
infantários, não chegam para
as poucas que temos”, avisa.
Os critérios analisados estão
de acordo com o que a lei exige,
mas há muitas particularidades
que poderiam ser acrescenta-
das, e que não estão na lei, sau-
dáveis para o desenvolvimento
da criança, como por exemplo
a poça de água. “Chapinhar na
água todas as crianças adoram
e isso não é exigido por lei e é
importante para as crianças em
termos lúdicos”, lembra Maria
Neves Alves.
Há exemplos internacionais,
como por exemplo a Índia, onde
cada sala de actividades tem
um espaço exterior, onde as cri-
anças podem prolongar as suas
actividades, estarem em con-
tacto com a natureza e estar em
contacto com a fauna e a flora.
Maria Alves Neves lembra
ainda a necessidade do infan-
tário ser construído com uma
equipa multidisciplinar: edu-
pedagogo, para que estes as-
pectos sejam lembrados.
A nível nacional, e porque
para este estudo foram estuda-
dos alguns estabelecimentos, o
exemplo vem de Alcabideche,
onde “estas pedagogias são
colocadas em acção”, o que
mostra que é possível. Con-
tudo, a docente diz não querer
“dramatizar a interioridade da
região”, mas estes espaços exi-
gem outro tipo de sensibilidade,
associada a um investimento
muito maior, “que possivelmente
não terá muita rentabilidade,
até porque os pais não podem
pagar mensalidades elevadas,
que tragam mais valias para
quem os constrói”. As propinas,
em alguns casos, chegam a ser
tão elevadas como nas univer-
sidades, “o que representa um
investimento familiar bastante
acentuado”.
A docente quer que o estudo
seja visto não como uma crítica,
mas como uma forma de mel-
horar os aspectos que não es-
tão bem nos jardins-de-infância
locais.n
Miguel Midões

“O tratamento em Macedo foi maravilhoso”
Vencer o AVC
O Acidente Vascular
Cerebral (AVC) bate
bruscamente à porta
de quem não espera
pela visita. Muitas vez
é fatal, outras deixa
marcas para toda a
vida, mas há casos de
sucesso, que deixam
apenas o sentimento
de arrepio de um mau
bocado e uma vontade
de viver nunca tão
grande como agora.
Foi uma história as-
sim que o Cipreste
quis ir conhecer acom-
panhando uma visita
domiciliária da unidade
de AVC de Macedo de
Cavaleiros.
S
ão oito e meia da
manhã e no serviço
já os enfermeiros ulti-
mam os preparativos para mais
um dia de visitas domiciliárias,
que começam, mais coisa me-
nos coisa, por volta das nove da
manhã. Entre eles, falam dos
doentes, relembram vivências
no serviço e trocam informa-
ções acerca dos diagnósticos, a
fim de puderem, no local, pre-
star um melhor apoio a quem os
espera. Foi assim no dia 22 de
Abril, o primeiro dia de visitas,
e também no dia 21 de Maio, a
terceira ronda domiciliária que o
Cipreste acompanhou.
José Luís, enfermeiro na
unidade de AVC e Sílvia Aleixo,
assistente social na unidade
hospitalar do Centro Hospitalar
Ana Jorge
Ministra garante permanência do Hospital
A concelhia socialista de
Macedo de Cavaleiros
trouxe à região a ministra da
Saúde, Ana Jorge, e ainda o
secretário de Estado, Manuel
Pizarro para falarem de cuidados
de saúde primários e ainda de
cuidados de saúde hospitalares.
Ao encontro foi dado o nome de
Fórum Novas Fronteiras. Para
além destes dois assuntos, a min-
istra foi confrontada com o pos-
sível encerramento do hospital de
Macedo de Cavaleiros e também
com o de Mirandela, “ataque” da
CDU que veio a público afirmar
que a intenção do governo é a
de transformar as duas unidades
hospitalares em centros de saúde
de terceira geração. Ana Jorge re-
iterou que “a unidade de Macedo
de Cavaleiros é um grande hospi-
tal, com um bom serviço de Orto-
pedia e claro que não vai fechar”.
A ministra deixou mesmo frisado
do Nordeste entram no carro do
CHNE para se apearem bem
perto: lar da Santa Casa da
Misericórdia de Macedo de Cava-
leiros. O enfermeiro traça o perfil
da primeira doente: acamada, já
na casa dos oitenta, pouco fala.
É preciso controlar os factores de
risco do AVC e o resto está nas
mãos das irmãs do lar. “A situa-
ção aqui está controlada, não
há muito mais a fazer”, relembra
com um ar conformado.
Em Vinhais espera-os
António Beato, de 64 anos, a
quem o AVC pregou o maior
susto da vida. Pelos 50km
que separam a vila da cidade
de Macedo, conversa-se um
pouco de tudo, da paisagem
ao estado do doente. É com
enorme sorriso que o paciente
os recebe. Primeira queixa: “a
perna direita tem-me dado tra-
balhos, não tenho força, e as
mãos adormecem-me”. Para o
estado em que deu entrada no
hospital, do qual não se lembra
porque a memória encarregou-
se de lhe apagar todas as lem-
branças dos dois dias seguintes
ao acidente vascular cerebral,
António Beato não está nada
mal. Apenas não tem a força
que tinha, mas a mobilidade re-
cuperou-a quase na totalidade.
“Ando aborrecido por não poder
4 anos de Unidade de AVC no
Hospital de Macedo de Cavaleiros
Depois de Macedo de Cavaleiros, Bragança e Mirandela, este ano o aniversário foi come-
morado no dia 31 de Março (Dia Nacional do AVC) em Mogadouro. Com apenas oito camas, é
esperada a sua ampliação para breve, pelo menos assim o prometeu o presidente do conselho
de administração do CHNE, Henrique Capelas. A unidade deve ser ampliada para 12 camas, ocu-
pando a parte dos quartos particulares do mesmo andar do hospital. A candidatura efectuada para
as obras foi indeferida, mas o CHNE pretende avançar com a obra na mesma. O Cipreste sabe que
há recusas de internamentos por falta de espaços sendo os doentes encaminhados para outras
unidades de saúde do mesmo Centro Hospitalar. O assunto da ampliação já foi, inclusive, tema de
Assembleias Municipais e da ordem do dia dos assuntos debatidos pela Comissão de Saúde de
Macedo de Cavaleiros.” n
que os três hospitais do Cen-
tro Hospitalar do Nordeste são
necessários e que “a articulação
entre eles tem funcionado bem”.
No mesmo dia, Ana Jorge
aproveitou para inaugurar a Uni-
dade de Cuidados Continuados
de Vila Flor, onde lembrou tam-
bém que o Hospital de Macedo
ainda tem alguma cirurgia e tem
uma urgência, o que a leva a diz-
er que a infra-estrutura “faz falta
como está”.
Helicóptero para breve
Ana Jorge sublinhou que o
concurso para a colocação dos
helicópteros está a decorrer e
garante que os meios aéreos
serão colocados no local assim
que o concurso fechar. Como
data provável aponta o início do
verão. “Assim que o concurso
estiver pronto, estamos em
fazer nada, é aquilo que mais
me incomoda”, lamenta-se.
Os cuidados são relemb-
rados no domicílio: cuidado
Vortis nonse doluptating exer si tionsequat.Rosto
com a alimentação, controlar
a tensão arterial e também o
colesterol. “E tudo o que me
disseram para fazer, eu sigo
à risca. Na comida, na bebida,
eu faço tudo a pensar em mais
uns aninhos de vida.”
A esposa olha-o com ter-
nura e reforça-o quando chega
condições de fazer a adjudicação
para os meios aéreos”. A ministra
preferiu, contudo, não dar uma
data exacta.
Em Macedo de Cavaleiros,
Ana Jorge falou ainda da Gripe
A, e dos cuidados médicos a
ter perante uma desconfiança
de contaminação com o H1N1.
O sintoma deste tipo de gripe é
igual a qualquer outra, por isso
os dados relativos aos pacientes
e às suas últimas viagens são
muito importantes. Para os médi-
cos menos esclarecidos, Ana
Jorge deixou o número de uma
linha de apoio – exclusiva para
uso médico - “todos os médicos
vão receber em casa a informa-
ção do número de telefone”. Do
outro lado da linha estará um
colega que os ajuda na obtenção
do diagnóstico.
Para o comum cidadão, para
qualquer dúvida, existe a linha de
Noticias | Cipreste | Junho 2009 |
a altura de falar nos profissionais
da unidade de AVC de Macedo.
“Um amor, simpáticos, atencio-
sos, tratam-nos como família,
com carinho”, diz António com a
esposa a acrescentar: “não tem
nada a ver com aquilo que vemos
noutros sítios, até da região”. É
inevitável o sorriso do enfermeiro
perante tais palavras.
Visitas pretendem dar
continuidade ao inter-
namento
Tendo conhecimento que
o acompanhamento do doente
no pós-alta, por família e até
pelo acesso nem sempre fa-
cilitado aos serviços de saúde,
em alguns pontos de Trás-
os-Montes, devido à sua in-
terioridade e à condição das
vias rodoviárias, a unidade de
saúde 24 – 808242424.
“A questão de estar
moribundo cai por terra”
A organização do Fórum No-
vas Fronteiras surgiu no seio da
Comissão Política Concelhia do
Partido Socialista e pretendeu cri-
ar uma oportunidade de discutir a
temática da saúde, tão na ordem
do dia em Macedo de Cavaleiros,
acima de tudo depois da criação
do CHNE. Em destaque esteve,
no entanto, o ACES (Agrupa-
mento de Centros de Saúde do
Nordeste) e o trabalho desem-
penhado nos doze concelhos do
distrito, bem como em Vila Nova
de Foz Côa, a nível dos cuidados
de saúde primários.
Rui Vaz, da organização do
evento, reconhece que a adesão
não foi tão boa como esperava,
“sendo um tema tão importante”
17
AVC decidiu avançar com este
apoio, que se trata de “dar
continuidade aos cuidados a
nível de enfermeiro e médico”,
refere o enfermeiro José Luís.
O trabalho em campo é sem-
pre acompanhado pelo médico
da unidade, Jorge Poço, que
por telefone pode sempre dar
mais um conselho, encamin-
har ou mesmo alterar a data
de uma consulta. A parte social
também não é descurada, daí
que esteja sempre presente a
assistente social. Sílvia Aleixo
verifica toda a informação, e
no caso de António, esclare-
ceu dúvidas sobre papéis da
Segurança Social, necessários
para requerer uma reforma,
que chega antecipada e força-
da pela doença. “Nem sempre
no internamento conseguimos
dar toda a informação”, lembra
a assistente social. Altura em
que nem as famílias estão tão
receptivas devido a todos os
problemas que as rodeiam.” A
ida ao local permite ainda fazer
a avaliação habitacional.
Controlar os factores
de risco é fundamental
Glicémia, tensões, colester-
ol, entre outros são pormeno-
res importantes para quem
teve, e não só, para a comuni-
dade em geral para prevenir a
ocorrência do acidente vascu-
lar cerebral. O rastreio a todos
estes factores é possível na
visita através de vários aparel-
hos que o enfermeiro trans-
porta consigo na mala preta de
enfermagem. No dia da visita
avalia-se ainda a dependên-
cia e mobilidade do doente.
“Em alguns casos, avaliamos
também no que diz respeito à
alimentação, se necessita de
sonda ou não”, acrescenta.
No mesmo dia, havia mais
uma terceira pessoa a visitar.
Depois de uma pausa para al-
moço, os cuidados eram segui-
damente prestados em Vinhais.
Depois de um dia completo,
inclusive de emoções, os dois
profissionais regressam à Uni-
dade Hospitalar de Macedo de
Cavaleiros, do CHNE. n
Miguel Midões
e que a expectativa era que
tivesse comparecido um maior
número de pessoas. Contudo,
pelo menos a parte da tarde teve
uma adesão considerável, o que
leva o político a programar futur-
os fóruns, dentro de outras áreas
temáticas de interesse para o
concelho. Ainda não está nen-
huma iniciativa agendada, pois
“é necessário trazer alguém de
fora especialista na matéria”.
Confrontado com a situação
da possibilidade de pretender
mostrar que o PS de Macedo
não “está moribundo e de vez
em quando estrebucha”, o líder
da concelhia advoga que “não
há uma tentativa de provar nada,
simplesmente há alguns tra-
balhos mais visíveis que outros”.
Contudo, reconhece que “esta
iniciativa é a prova cabal de que
a concelhia está a trabalhar”.n
Miguel Midões
18 | Junho 2009 | Cipreste | Noticias
Macedo Mostra
Instituições mostram
vitalidade do concelho
A pesar da coincidência
com a Reginorde de
Mirandela, foram muitas as pes-
soas que visitaram a 4ª edição
da Macedo Mostra, em Macedo
de Cavaleiros, no penúltimo fim-
de-semana do passado mês,
essencialmente no domingo. O
certame pretendeu chamar a
Macedo público que pudesse
levar da cidade e do concelho
referência sobre o que de mel-
hor se faz por estas terras do
nordeste transmontano. Entre as
várias entidades presentes, as-
sociações, estabelecimentos de
ensino, entre outros, os dois dias
foram preenchidos com várias
demonstrações, momentos cul-
turais (literários e musicais) e
ainda desportivos, como por ex-
emplo a demonstração de artes
marciais. Três dias que levaram
o presidente da Câmara Munici-
Vox Pop
José Jorge Morgado
Pires
Castelãos
Isto está engraçado. Está
muito bem. Andei cheguei agora
mas encontro isto bonito. Vim
para ver os tractores e não con-
tava aqui com estas barraquin-
has. Mas isto está muito bom.
Dia do Agricultor
Em dia de chuva agricultores
queixam-se da seca
A chuva que caiu no Dia
do Agricultor contrasta
com as queixas que se faziam
ouvir no domingo, 24 de Maio.
“A seca deste ano está a destru-
ir as culturas”, lamenta António
Alberto Carvalho, de Pinhovelo,
freguesia de Amendoeira. Os
dias quentes de Março e Abril
não permitiram o crescimento
das pastagens e para quem
tem animais para alimentar
avizinham-se tempos bem difí-
ceis. “Tenho 69 anos e não me
lembro destes dois meses tão
secos como este ano”, remata
o agricultor, que tem no seu
rebanho de ovelhas o principal
sustento da casa.
A juntar à questão da seca,
a maior parte dos agricultores
entrevistados pelo Cipreste
apontaram a falta de escoa-
mento dos produtos e ainda a
falta de apoios do Estado como
os principais entraves do sec-
tor. A maioria também garantiu
que os tempos em que era pos-
sível subsistir da agricultura já
lá vão.
Foram cerca de 300 os ag-
ricultores que se concentraram
no Parque Municipal de Ex-
posições e que, depois, deam-
bularam em cortejo pelas ruas
da cidade de Macedo de Cav-
aleiros. Um tributo à agricul-
tura que continua a ser um dos
pal de Macedo, Beraldino Pinto,
a fazer um balanço positivo da
bienal, que regressa apenas
em 2011. “Foram muitas as enti-
dades que aqui estiveram e que
contribuíram com animação cul-
tural, desportiva, e ainda de sa-
Francelina Bruna
Vale Prados
Estou a achar que está muito
bem. Não fazia ideias de aqui vir,
mas como vim ver uns doentes
ao Hospital pensei em vir aqui
dar uma voltinha. Mas, não é a
primeira vez que venho à Mace-
do Mostra, já tinha vindo no ano
passado.
Tratores agricultores trouxera as suas máquinas à sede de concelho
principais pilares da economia
deste concelho transmontano.
Para Beraldino Pinto, autarca
local, a agricultura não tem
apenas um peso económico
no seio das famílias que dela
vivem, mas também no próprio
concelho de Macedo, sobretudo
“na preservação da qualidade
ambiental”. É graças também
aos agricultores que “temos
vários produtos de excelência”,
dos quais advém depois uma
gastronomia conhecida.
Turismo e agricultura
de mãos dadas
lientar a comunidade escolar que
esteve também muito forte”.
Piaget não deixou es-
capar a oportunidade
A ocupar o espaço de três
Rodrigues
Macedo
Estou a achar muito fixe. Já
tive a oportunidade de desen-
har e agora estou a pintar. Já fiz
amigos por aqui e já encontrei
outros. Tenho andado a brincar
e quando acabar isto na Nuclisol
vou pintar uma tela.
No mesmo dia, os agricul-
tores foram apelidados de mo-
tores de desenvolvimento do
turismo local. Beraldino Pinto
entende que o turismo está as-
sente em três factores primor-
diais: qualidade} ambiental; ex-
celência dos produtos e cultura
das gentes e das paisagens lo-
cais. Ora, “os agricultores são
uma peça fundamental neste
projecto”. Segundo o autarca é a
identidade, que liga o concelho
de Macedo, à terra, à agricultura
que faz toda a diferença. “Todos
nós somos um pouco agricul-
tores, uns a tempo inteiro, outros
só porque têm raízes”.
stands, o Instituto Superior Jean
Piaget, de Macedo de Cavaleiros
destacava-se dentro do grupo de
instituições de ensino presentes
na Mostra. Como entidade local,
deu destaque, nos três dias, aos
cursos da área da saúde, como:
Análises Clínicas, Fisioterapia e
Saúde Ambiental. E, como forma
de melhor expressarem as com-
petências dos seus alunos, foram
feitas análises à postura corporal
dos mais novos, pela parte da Fi-
sioterapia, testes de RH e de grupo
sanguíneo, pelos futuros analistas
e ainda conselhos de como se
deve separação da forma mais
correcta os resíduos, pelos mais
ambientalistas da Escola Superior
de Saúde (Saúde Ambiental).
Denise França, uma das do-
centes da instituição presente no
certame, deu voz a esta reporta-
gem do Cipreste, falava que a
finalidade da presença no evento
estava relacionada com a von-
tade de “trazer às pessoas aquilo
que é o Piaget”.
No pavilhão ao lado davam
cartas os alunos da Escola de
Hotelaria e Turismo de Mirande-
la, que concentravam várias pes-
soas junto ao expositor. O cheiro
não enganava, tratava-se de um
fondue de chocolate, cuidadosa-
mente preparado pelos alunos
do 2º ano de cozinha, que podia
ser bem acompanhado por um
cocktail, preparado pelos alunos
de Mesa e Bar.
Muito para mostrar e muito
para ver em dois dias de divul-
gação do concelho e da região,
nas naves do Parque Municipal
de Exposições.
IPB é âncora da região
No mesmo dia da concentra-
ção de tractores, os agricultores
puderam assistir a um semi-
nário onde foram debatidas as
questões ligadas com a “Agricul-
tura Sustentável”, onde foi dado
o exemplo da Vila da Ponte,
uma aldeia renovável, no con-
celho de Montalegre, bem como
as boas condições agrícolas e
ambientais e o bem-estar ani-
mal. Também pela tarde foram
ainda entregues vários prémios
aos agricultores, a maioria em
compras em diversas casas
comerciais de Macedo, que pa-
trocinaram o sorteio. n
Miguel Midões
Que há êxodo da população
do interior para o litoral já não é
grande novidade, mas talvez não
haja mais simplesmente porque
há vários anos que existe o Insti-
tuto Politécnico de Bragança, que
nos últimos tempos tem ainda
melhorado a sua oferta, sendo
hoje até o Politécnico com o maior
número de professores doutora-
dos. “Qualificar para inovar no lo-
cal”, foi o tema do primeiro semi-
nário da Macedo Mostra.
Artur Gonçalves, professor no
IPB, e também orador na palestra,
referiu que a intenção da direcção
da instituição é voltar o politécnico
para a comunidade, por isso “a
formação é de qualidade, com in-
vestigação científica para apoiar a
população da área de intervenção
do politécnico”, ou seja, Trás-os-
Montes e Alto Douro.
Apesar de alimentar a esper-
ança de que os alunos recém-for-
mados criem amor à terra que os
viu nascer e crescer, o docente
sabe que existe uma acentuada
fuga para o litoral do país, fruto
do “crescimento desequilibrado”
da nação. Mesmo assim, Artur
Gonçalves é peremptório em
afirmar que “o politécnico de Bra-
gança é uma instituição que cria
alguma resistência a esse pro-
cesso”. Aos que saem da região,
o professor dá até uma palavra
de apreço, pois considera que se
trata de enriquecimento pessoal,
mas espera sempre que voltem,
embora para isso seja clara-
mente preciso que haja postos
de trabalho. A empregabilidade
no interior é limitada e as oportu-
nidades sãos escassas. n
Miguel Midões
Vox Pop
João Manuel
Gomes
Vilari. Monte
Tudo está mal na agricultura.
A gente tem tudo para vender e
não vende porque não há quem
vá buscar a mercadoria. Devia
ser tudo mudado e alguém que
nos desse uma mãozinha, es-
pecialmente aos pequenos agri-
cultores. Há casos de pessoas a
passar fome.
Devia estar tudo tabelado,
porque o agricultor é que está a
matar a fome a muita gente.
Maria Elvira
Vale Benfeito
Sou agricultora desde os
meus 15 anos e acho que agora
está quase tudo mal, do princí-
pio ao fim. Agora já não dá para
viver da agricultura. É preciso
mais ajudas do Estado.
Amândio
Abraão
Sta Combinha
Para que houvesse mais ag-
ricultores jovens era preciso que
houvesse mais apoios, outras
formações e melhor escoamen-
to do produto. O escoamento do
produto é o principal entrave.
Os nossos produtos deviam
ter uma denominação de origem
e uma cooperativa que nos aju-
dasse. O apoio das instituições
que há não é suficiente, porque
os agricultores trabalham de for-
ma individual e não em grupo.

Sexto ano consecutivo
Azibo Azul de Ouro
Pelo sexto ano consecu-
tivo a bandeira Azul vai ser
hasteada na praia fluvial
da Fraga da Pégada. Este
facto faz desta praia fluvial
a única na Europa que exibe
o galardão por seis vezes
consecutivas.
número de praias fluviais
O
galardoadas com Bandeira
Azul registou um aumento
de quatro praias, segundo a Associa-
ção Bandeira Azul da Europa, ABAE,
é o resultado de um trabalho conjunto
das entidades locais com investimen-
tos e construção de infra-estruturas,
que propiciaram a melhoria da quali-
dade destas zonas balneares. No ano
passado havia apenas 5 praias fluviais
com bandeira azul. No nordeste trans-
montano há a registar a entrada para
o ranking da praia da Congida, em
Freixo de Espada à Cinta.
Para que Macedo de Cavaleiros
visse a possibilidade de hastear a
bandeira azul pelo sexto ano consecu-
tivo, no Azibo, teve que se submeter
a uma rigorosa avaliação em 23 cri-
térios imperativos e mais quatro ditos
guia, ou indicadores. Os critérios são
de natureza ambiental, de segurança
e conforto dos utentes e de informação
intercâmbio Sócrates-Comenius
Alemães e Noruegueses
conquistam Macedo
A EB 2/3+S de Macedo de Cava-
leiros recebeu 14 estrangeiros,
sete estudantes e sete professores,
vindos da Noruega e da Alemanha,
no âmbito do programa europeu de in-
tercâmbio Sócrates-Comenius. Depois
da ida dos portugueses a estes dois
países foi a vez de mostrar a região
transmontana aos nórdicos. Animados
com os dias de calor que a semana lhes
reservou, o grupo para além de assistir
às aulas com os portugueses, foi ainda
primado com algumas visitas como:
Museu de Arte Sacra, Museu Rural
de Salselas e o Azibo, em Macedo de
Cavaleiros, bem como o Museu da Más-
cara Ibérica, a cidadela de Bragança e o
Parque Natural de Montesinho.
Entusiasmados, e sem falar uma
única palavra de português, os estu-
dantes confessaram que a grande von-
tade era mesmo a de “conhecer melhor
a língua e a história de Portugal”, e claro
“ a cidade e os arredores”.
Os noruegueses vieram de uma es-
cola significativamente mais pequena
que a de Macedo de Cavaleiros, o que
logo à partida deu para notar as difer-
enças. “Vimos de uma escola pequena,
esta escola é maior e um bocadinho
diferente”. Contudo, a recepção foi
calorosa e, por isso, todos estavam pre-
parados para o que os aguardava. “Já
sabíamos, está tudo bem”, adianta uma
professora norueguesa.
Por terras nacionais, os macedens-
es que já viveram a mesma experiência
só conseguem dizer que foi “diferente”
Azibo Praias são muito procuradas
e sensibilização ambiental
A jovem praia da Ribeira, no Azibo,
encontra-se em fase de acreditação
do galardão, já que é um processo que
se estende no tempo. Neste momento
a praia já se encontra classificada, de-
vendo num futuro próximo ser alvo da
decisão da Associação Bandeira Azul
da Europa. De qualquer modo os ban-
histas podem usufruir da praia com a
certeza que a água é a mesma que,
algumas centenas de metros adiante,
é reconhecida com bandeira azul.
Qualidade de Ouro
A qualidade tem um prémio de regu-
laridade. É a Qualidade de Ouro, uma
menção que a Quercus atribui para
recompensar todas as praias que em
Portugal têm tido nos últimos cinco anos
(2004 a 2008) sempre qualidade de água
classificada como boa e que, na época
Vortis nonse doluptating exer si tionsequat.Rosto
e afirmar que, sem dúvidas, voltariam a
repetir a experiência. Manuel Fragoso,
aluno, garante que não houve momen-
tos melhores nem piores, tudo foi bom e
diferente, até mesmo a comida, que era
um dos seus principais receios.
“Excedeu as expectativas”, é só o
que a professora Elsa Escobar con-
seguia dizer, depois da primeira vez
que participou numa experiência do
género. Não se esquece de elogiar os
balnear de 2008, tiveram sempre aná-
lises boas. Apenas duas praias fluviais
ficaram incluídas: Fraga da Pegada na
Albufeira do Azibo em Macedo de Cava-
leiros e Aldeia do Mato em Abrantes.
Segundo a informação divulgada
pela Quercus no seu sítio da internet,
a avaliação efectuada pela Quercus é
muito mais limitada em comparação com
a atribuição da Bandeira Azul porque
apenas se baseia na qualidade da água
das praias, apesar de ser mais exigente
neste aspecto. O objectivo da Quercus
é realçar as garantias de praias que ao
longo de vários anos, sistematicamente,
apresentam boa qualidade, e que por-
tanto, apresentam uma maior fiabilidade
no que respeita à boa qualidade da sua
água, confirmando ainda a sua excelên-
cia na última época balnear.
De um total de 522 zonas balneares,
227 mereceram essa distinção, mais 27
que as atribuídas em 2008. n
Rui Miranda
seus alunos que se “portaram muito
bem” e que chegaram mesmo a ser
elogiados “pelo inglês, pela educação
e pela forma como são sociáveis”.
A docente fez questão de, ao longo de
toda a semana, acompanhar as colegas
estrangeiras, para que nenhum pormenor
falhasse e para que as recordações de
Macedo de Cavaleiros e da região trans-
montana fossem as melhores. n
Miguel Midões
Noticias | Cipreste | Junho 2009 | 19
Piaget
GNR interrompe
Semana Académica
D evido a dívidas contraídas na edição
de 2004, a GNR de Macedo de Cav-
aleiros, sob ordem judicial viu-se obrigada a
interromper a edição deste ano da semana
académica do Piaget de Macedo. Uma or-
dem judicial levou à penhora da bilheteira,
por dívidas que rondam quase os nove mil
euros.
Sérgio Fonseca, o actual presidente da As-
sociação de Estudantes, teve conhecimento
do que estava a acontecer ainda antes da
meia noite, pelo pai que o informou que, no
local, estava uma licitadora para penhorar a
bilheteira. Já no recinto, depois de ter dado os
seus dados pessoas à GNR e falado com a
licitadora em causa ficou a conhecer o caso.
“Não sei como vai ficar a acção em tribunal,
apenas sei que a licitadora nos disse que se-
manas académicas e do caloiro não se realiz-
ariam mais sem pagar aquela dívida”, diz o
presidente.
Apesar de tudo, Sérgio Fonseca não es-
conde que sabia que existiam dívidas anteri-
ores desde 2003, e que inclusive se informou
das mesmas em tribunal. O que não sabia é
que a sua organização poderia ser penhora-
da devido a dívidas contraídas por outras di-
recções. O presidente refere também que “a
licitadora não mostrou qualquer documento e
que estava ali simplesmente para ficar com a
bilheteira”, o que o levou a tentar um acordo,
mas sem efeitos.
Quim Barreiros, cantor daquele dia e tam-
bém cabeça de cartaz, acabou por não actuar.
Sérgio Fonseca explica que não poderia ter
deixado acontecer a actuação porque com a
penhora não tinha dinheiro para pagar a bil-
heteira. “Acabaria por se gerar uma bola de
neve, que já se vem acumulando e que as-
sim continuaria”, diz. Com o cantor não houve
qualquer problema, “ele próprio disse que de-
pois se veria”.
O dirigente académico faz ainda um apelo
à população e é claro em frisar que “sem os
estudantes o Piaget fecha, e sem a instituição
Macedo não tem pernas para andar”. Acres-
centa ainda que “é precisa a união de todos
nesta causa”.
Piaget com crise de caloiros
É o próprio presidente da Associação de
Estudantes a garantir que o Instituto Piaget
não está bem, pelo menos ao nível dos cur-
sos de ensino superior. “Macedo está a cair,
o Piaget está do piorio. Entraram pr'aí 60
caloiros, 18 a Fisioterapia e 20 a enferma-
gem”, atalha o presidente da AE. Para além
do reduzido número de alunos, o responsável
garante que reúne muito pouco apoio dos co-
merciantes locais. A semana académica com
770 alunos adivinhava-se difícil, bem como
o sucesso da edição deste ano, que acabou
mais cedo, manchada pela penhora e pelo
encerramento praticamente forçado. “A nível
de festa estávamos a morrer, a nível da as-
sociação os presidentes anteriores deixaram
uma má imagem”, agora esclarece que ap-
enas tentam trabalhar e que não mereciam o
sucedido. Até mesmo os contratos foram as-
sinados em seu nome, devido ao facto da AE
estar “queimada” em praça pública. Mesmo
os fornecedores de bebidas aceitavam enco-
mendas mediante o pagamento imediato dos
produtos.
Os próximos passos consistem em pedir
apoio à Câmara Municipal e ao Piaget e em
último recurso Sérgio Fonseca reitera que co-
locará dinheiro do próprio bolso. “São quase
oito mil euros que ainda tenho para pagar, só
desta minha semana académica”.
Apesar de tudo, e dívidas à parte, o
presidente da AE, promete que as festas
académicas vão continuar em Macedo de
Cavaleiros. n
Miguel Midões
20 | Junho 2009 | Cipreste |
Saara Ocidental
O controlo do território é disputado pelo Reino de Marrocos e
pelo movimento independentista Frente Polisário. Em 27 de
Fevereiro de 1976, este movimento proclamou a República
Árabe Saaraui Democrática, um governo no exílio.

Texto e imagens por Paulo Nunes dos Santos

Mundo

Saharauis: o
deserto, durante uma semana a pé,
desde Laayoune (cidade militarmente
ocupada e controlada por Marrocos) até
aos campos de refugiados na Algéria.
Durante esta viagem teve de atravessar
pêssego são-me servidos numa mesa
tipo tabuleiro onde o tradicional chá de
menta está também a ser preparado.
Com a ajuda de Malainin tento obter um
pouco de informação sobre a família an-

povo que o
o famoso muro construído por Marrocos,
que divide o Sahara Ocidental de norte
a sul. “Não foi fácil, porque tivemos de
atravessar as zonas fortemente mina-
fitriã. É então que me contam a historia
de Elkeihel, o dono da casa, activista e
poeta Saharaui que, há semelhança de
muitos outros, passou a sua infância

mundo esqueceu
das sem as tropas marroquinas se aper-
ceberem”. Nos anos que se seguem,
Malainin é julgado à revelia, e condena-
do a nove anos de prisão. Desde o dia
que deixou Laayoune nunca mais teve a
nos territórios ilegalmente ocupados por
Marrocos e viveu de perto a opressão e
tortura do regime de Rabat.
Filho de uma revolucionária, Elkeihel
passa a maior parte da sua vida na clan-

S
ão quatro da manhã quan-
do finalmente chego ao
destino final - o deserto
Hamada a sudoeste da
Algéria. No aeroporto de
Tindouf, uma cidade construída em re-
dor de uma base militar, aguarda-me
Malainin Lakhal, um jornalista Saharaui
representante da Frente Polisario que
será o meu guia, tradutor, guarda-costas
e excelente fonte de informação durante
a minha visita à região.
Após ultrapassadas todas as for-
malidades e burocracias comuns a uma
zona de conflito, é tempo de mudar de
transporte e iniciar as duas horas de via-
gem de jipe pelo deserto guiados apenas
pela forte luz do luar. É durante esta via-
gem que tenho a oportunidade de iniciar
o meu trabalho ao pedir a Malainin que
me fale um pouco de si.
Á semelhança de mais de 200,000
Saharauis, Malainin viu-se forçado a
abandonar a sua terra natal, deixando
para trás os seus pais, irmãos, mulher
e filhos. “Passaram já 17 anos desde a
última vez que vi os meus filhos”, conta
Malainin. “Era estudante universitário
em Agadir (Marrocos) quando me en-
volvi em manifestações pela liberação
do Sahara Ocidental. Como Saharaui é
o meu dever lutar pela independência e
liberdade do meu povo”.
Malainin, juntamente com outros
activistas, foi um dos elementos en-
volvidos na Intifada de 1992 no sul de
Marrocos e zonas ocupadas do Sahara
Ocidental. Nessa mesma altura foi cap-
turado, espancado e torturado pela polí-
cia secreta marroquina. “Este sou eu
nos dias a seguir a minha captura”, diz
Malainin ao mostrar-me uma fotografia
de um rosto maltratado e praticamente
desfigurado. Contínua, explicando que
enquanto aguardava julgamento, teve
a oportunidade de fugir. Juntamente
com dois companheiros atravessou o
oportunidade de voltar a ver a sua famí-
lia e amigos que deixou para trás.
Fascinado pela história de Malainin,
a viagem até ao campo de refugiados
passa num ápice. “Este é o 27 de Fe-
vereiro”, informa-me Malainin. Á semel-
hança de todas as outras habitações
neste campo, a construção é rudimen-
tar. As casas são pequenas, feitas de
tijolos de lama e palha, não existe água
canalizada nem rede de esgotos. Quan-
do as ocasionais chuvas torrenciais as-
solam esta inóspita parte do Sahara as
inundações destroem-nas por completo,
rotina que obriga a uma (re)construção
sistemática desde há 34 anos.
Após duas horas de descanso, des-
pertado pelo calor abrasador típico do
deserto e pelas moscas que insistem
em sobrevoar a minha cara, segue-se o
pequeno-almoço e o primeiro contacto
com a fantástica hospitalidade do povo
Saharaui. Café, pão fresco e doce de
destinidade e ao fim de 12 anos conseg-
ue finalmente reunir-se com a sua mãe,
avó e irmãos nos campos de refugiados.
Hoje em dia Elkeihel trabalha como jor-
nalista para a Radio Nacional criada
pela Frente Polisário nos campos de
refugiados, e tornou-se um símbolo vivo
da resistência Saharaui.
De 27 de Fevereiro parto para outro
campo, Rabouni, onde os edifícios dos
ministérios do governo da República
Democrática Árabe Saharaui estão es-
tabelecidos. Apesar de ser o campo
onde está a sede do governo em exílio,
Rabouni tem o mesmo aspecto que os
outros campos. Algo que me chama a
atenção é o facto de que, independent-
emente do cargo, posição ou importân-
cia das pessoas nestes campos, toda
a gente vive nas mesmas condições.
Pude confirmar este facto, quando uns
dias mais tarde sou convidado a casa de
Bouhabini Yahia, o presidente do Cres-
cente Vermelho Saharaui (Saharawi
 Mundo | Cipreste | Junho 2009 | 21

Red Crescent - SRC) para lhe fazer uma

entrevista. A sua casa é e contem exac-
tamente o mesmo que as outras casas
das famílias onde pernoitei e visitei.

No total existem 5 campos de refugia-

dos: 27 de Fevereiro, Rabouni, Smara,
Dajla e Laayone. Entre eles, estima-se
uma população de 200 mil pessoas.
Construções rudimentares, as im-
provisadas vedações para as cabras,
as ocasionais antenas parabólicas, os
pequenos painéis solares e escassos
depósitos de água, completam a paisa-
gem árida destes campos. Negócios são
quase inexistentes, e as poucas lojas
que existem servem apenas para abas-
tecer a população com os mais básicos
dos produtos. Em cada campo existe
também um jardim colectivo que, devido onde passei, um aglomerado de casas ções futuras”. É altura de descansar por como palco para o FISAHARA - um fes-
a escassez de água, permite apenas feitas de tijolos de barro e com telhados umas horas antes da longa viagem até tival internacional de cinema organizado
uma produção mínima que é distribuída de zinco, estradas de areia, depósitos de ao próximo campo. para os refugiados Saharaui. Este festi-
por hospitais e população em geral. agua e muitas vedações para cabras. val, que está agora na sua sexta edição,
Terminada a visita, Zorgan faz Após várias horas de viagem, de- foi criado com o intuito de proporcionar
Os refugiados que estão classifica- questão que o acompanhe a sua casa e baixo de um calor intenso e coberto de pó aos refugiados a participação em activi-
dos em duas categorias - Vulneráveis me junte à família durante a hora de al- e areia, chego a Dajla, o mais isolado de dades culturais e acções de formação a
(75 mil) e Muito Vulneráveis (125 mil), moço. Aceito o convite sem hesitações. todos os campos. Dajla, construído prati- nível cinematográfico e escrita criativa, e
dependem unicamente da ajuda hu- À chegada sou recebido com o maior camente nas dunas do Sahara, é disper- implementar uma plataforma de divulga-
manitária internacional que, segundo dos entusiasmos pela mulher e filhos de so, com casas ainda mais frágeis do que ção da cultura tradicional Saharaui. Este
Bouhabini Yahia presidente da SRC, Zorgan que me guiam até ao comparti- nos outros campos. Malainin explica-me projecto, que conta com a participação e
não é suficiente para garantir as ne- mento onde o tradicional chá de menta é que o único poço de água existente no apoio de nomes importantes no mundo
cessidades básicas de todos. “Todos os imediatamente servido, seguido de uma campo está agora praticamente seco, e o das artes a nível internacional, tenciona
refugiados nestes campos dependem de caldeirada de camelo, batatas fritas e minúsculo jardim que durante vários anos também alertar a comunidade interna-
ajuda humanitária. Todos sem qualquer feijão. A seguir ao almoço, Zorgan con- existiu junto a esta fonte de água tornou- cional para as condições de vida a que
excepção. Mas infelizmente, estão ta-me um pouco da sua história de vida se impossível de manter. A única água a os Saharaui estão sujeitos.
muito longe de receber ajuda suficiente”, e paixão pela causa Saharaui. “O facto que os habitantes de Dajla têm acesso,
afirma. No entender de Bouhabini as de ter perdido um braço quando era cri- é distribuída por camiões cisterna uma Com todo o ambiente de festa
Nações Unidas são em muito respon- ança, não impediu de (aos 17 anos) me vez por semana. O difícil acesso e longa proporcionado pelo FISAHARA é fá-
sáveis por esta situação, afirmando que juntar à guerrilha e lutar pelo meu povo”, distância a percorrer torna impossível um cil esquecer as dificuldades a que este
“não levam a sério a situação em que diz Zorgan com um orgulho evidente. abastecimento mais regular. povo está sujeito desde há 34 anos. Mas
esta gente vive”. Acrescenta ainda que Quando lhe pergunto se voltaria a fazer são acções como esta que mantêm viva
“não é aceitável que as Nações Unidas o mesmo, afirma com convicção que “se Num esforço para minimizar o isola- a esperança e o sonho de um dia po-
classifiquem estes refugiados com um a guerra recomeçar estarei pronto para mento dos refugiados estabelecidos em derem voltar à sua terra natal, de verem
estatuto de Emergência desde que os dar a minha vida pela independência e Dajla, as autoridades decidiram, desde unido o território que por direito lhes per-
campos foram criados”. O facto de não pela liberdade dos meus filhos e gera- há dois anos atrás, usar este campo tence. n
serem classificados como refugiados
não permanentes significa que a quanti-
dade de ajuda humanitária recebida não
vai ao encontro das necessidades reais
da população
Existe no entanto, uma forte partici-
pação da comunidade civil espanhola
que em geral, e ao contrário do gov-
erno (o principal responsável pelo con-
flito, pelo facto de ter abandonado a ex-
colónia a mercê da politica imperialista
dos países vizinhos), reconhece o dire-
ito a um estado independente e sente a
obrigação moral de apoiar os Saharauis.
São várias as Organizações Não Gov-
ernamentais (ONG) espanholas com um
papel activo na ajuda aos Saharaui, com
acções que vão desde a distribuição de
água potável à implementação de es-
colas e acções de formação técnica de
varias vertentes.

De caminho ao sul, é altura de visitar

o campo de Smara, o maior e mais popu-
lacional da região. Zorgan, um outro rep-
resentante da Frente Polisário, leva-me
numa visita guiada ao campo, passando
pelo hospital, escola, jardim e pelo único
cemitério da região. Na realidade, Smara
não é mais do que os outros campos por
22 | Junho 2009 | Cipreste |
Atlético de Macedo
Vilarinho incerto
O
Atlético de Mace-
do assegurou já a
renovação com 2
jogadores com vista à próxima
época. Sem adiantar os seus
nomes, Fernando Melo, Presi-
dente do Atlético, espera nesta
semana definir a constituição
do plantel sénior para o quarto
ano consecutivo na 3ª Divisão.
Fernando Melo revela que
grande parte do plantel será
abordado para a renovação,
excepção feita, para já, a Joel,
Paulo Pereira e Sanã, que já é
certa a sua não continuidade.
Os processos de renovação es-
tão pendentes pela indefinição
em torno da continuidade ou
não de Rui Vilarinho no coman-
do técnico da equipa, que con-
tinuando, deverá de novo ser
coadjuvado por Quintino Angéli-
co e Artur Batista. O Presidente
Melo continua a afirmar que “o
Rui é o meu treinador. Aliás, eu
disse que se não contasse com
ele não me recandidataria”. O
líder do Atlético acrescenta que
“os jogadores estão à espera
de saber se o Rui Vilarinho fica
ou não. Sabemos que mais de
metade da equipa não aceita
ficar caso o Rui não permaneça
no clube”.
Rui Vilarinho, ao Cipreste,
Breves
Atlético de Macedo
Apenas uma lista se apre-
sentou a sufrágio no Clube Atlé-
tico de Macedo de Cavaleiros.
Com ligeiras alterações, entre
as quais a saída do director
desportivo Carlos Neto, a equi-
pa de Fernando Melo continua
a gerir os destinos do clube,
pelo menos até 2011. São el-
ementos eleitos para os corpos
sociais do clube os seguintes:
Assembleia Geral – António
Afonso (Presidente), Joaquim
Santos (Vice Presidente) e João
Vinhas (Secretário); Conselho
Fiscal – José Gonçalves (Presi-
dente), Raul Moreno e Marco
Melo (Vogais); Direcção – Fer-
nando Melo (Presidente), João
Vasconcelos (Vice Presidente),
Henrique Vinhas (Tesoureiro),
António Vicente (Secretário) e
Aníbal Regente (Vogal).
Torneio de Fregue-
sias
A Belavista venceu a 8ª
edição do Torneio de Fregue-
Natação. A Escola EB 2,3 / S de Macedo de Cavaleiros alcançou o pódio nas provas Estafetas
4X50m Livres e Estilos nas finais do Campeonato Nacional de Natação do Desporto Escolar,
que decorreu em Setúbal. O 3º lugar nas duas provas foi assegurado pelas alunas Ana Rita
Marcos, Andrea Coelho, Andreia Gi, Joana Ribeiro, Mariana Martins, Matilde Vasconcelos,
Petra Moreno e Tânia Ribeiro. Embora não tenham marcado presença na final, Ana Filipa
Correia, Andreia Lino e Maria Carolina Correia, foram presença assídua nas eliminatórias.
não mostra para já vontade
em permanecer. Recordamos,
que já perto do final da época,
o técnico, ao não conseguir
atingir de novo os 6 primeiros
lugares da classificação final,
revelou que não iria perman-
ecer no clube na época que
agora se aproxima. A mesma
opinião vai mantendo, porque,
diz “estou cansado. A min-
ha vontade é não continuar
porque tenho-me apercebido
de pouca tolerância de alguns
sócios, que se calhar advém
de um desgaste que poderá
estar a acontecer por me en-
contrar no clube há 7 anos.
Entendo a frustração deles
por não termos atingido os
6 primeiros lugares, mas a
minha frustração e a dos joga-
dores foi maior. Entendo-os,
mas não posso tolerar faltas
de respeito.” Confrontado com
o impasse que se poderá tor-
nar esta sua indefinição, Rui
Vilarinho refuta dizendo “não
há indefinição nenhuma, não
há nada neste momento que
me faça mudar de ideias. Foi
uma honra trabalhar com o
presidente, com a direcção
e com os jogadores… Com-
preendo o Sr. Presidente e fico
satisfeito por querer continuar
sias. Numa final disputadíssima
a Belavista teve que recorrer ao
prolongamento para derrotar o
Mogrão. 6-3 em jogo que termi-
nou num 3-3 no 40’ regulamen-
tares, em que o Mogrão nunca
chegou a estar em desvanta-
gem.No jogo em se disputava o
outro lugar no pódio, A Junta de
Freguesia de Macedo I/Pé Des-
calço venceu confortavelmente
a Associação do Brinço.
Morais
Ao vencer o Vimioso por
2-0 na final, o Morais arrecadou
a Taça da AF Bragança. Junta-a
à vitória no Campeonato ganho
semanas antes e consegue a
sua primeira dobradinha. Há
dois anos já havia deixado es-
capar o feito, ao perder com o
Mirandês na final também dis-
putada no Municipal de Bra-
gança.
Num clube ainda bastante
jovem, os anos têm sido bem
assinaláveis. Uma participação
na 3ª divisão, no meio das con-
Desporto
Rui Vilarinho Há 7 anos responsável técnico do Macedo
a contar comigo, mas neste
momento nada me faz mudar
de ideias. Não estou minima-
mente chateado com o Presi-
dente, nem é uma questão de
salário, é a falta de respeito
das pessoas. Não quero mi-
mos, quero é respeito. As
pessoas pensam que o fute-
bol é um palco para poderem
exprimir as frustrações que
têm no dia-a-dia, mas não. O
futebol é um espectáculo de
emoções, onde, como na vida,
deveremos estar com respeito
e esperar reciprocidade.”
quistas dos dois campeonatos
e uma taça distrital, fazem o
palmarés. Na próxima época
estará de novo na 3ª Divisão.
A intenção passa por fazer mel-
hor que o último lugar do ano
passado. São esperadas novi-
dades sobre a planificação da
nova época no decorrer desta
semana, sendo desde hà algum
tempo do conhecido a vontade
de o clube renovar com Fer-
nandinho. O técnico tem-se
também mostrado disponível,
estando o acordo ainda por faz-
er, eventualmente por questões
ligadas à planificação do plan-
tel. É de esperar que grande
parte dos jogadores renove os
seus vínculos.
Ondas D’ Ouro
Tino Sá recebeu o prémio
Carreira na Gala da Rádio Onda
Livre. Foi premiada uma carrei-
ra com mais de 30 anos de liga-
ção ao futebol quer seja como
guarda-redes, como agora nas
funções de treinador. É treina-
Para além da questão em
torno de Rui Vilarinho, Fernando
Melo tem ainda que saber com
o que conta da Câmara Mu-
nicipal. Diz já se terem iniciado
contactos, faltando a decisão
final. “Já dissemos a verba que
consideramos necessária para
nos garantir uma equipa capaz
de dignificar o nome de Mace-
do. A verba terá que rondar a
atribuída no ano anterior que foi
de 160 mil euros.”
Hugo Ribeiro, atleta sénior
e licenciado em educação física
iniciou agora um estágio profis-
dor da equipa da sua terra,
Miranda do Douro, há 2 anos,
depois de ali ter abandonado a
carreira de jogador já na ternura
dos 40 anos. O Morais foi quem
mais troféus das Ondas D’ Ouro
arrecadaram. Foram 3, o de
Campeão Distrital, Taça e Fair
Play, juntando-se o de melhor
treinador, entregue a Fernand-
inho. Escapou-lhe o de Melhor
Jogador, onde tinha nomeados
Silva e Renato, mas que a
votação dos treinadores das
equipas dos distritais atribuiu a
Amândio, jogador do Argozelo.
Ainda no Distrital de Bragança,
Ambrósio Vara levou para casa
a distinção de árbitro. No Futsal,
o árbitro José Couto foi hom-
enageado pela carreira de 20
anos como árbitro que este ano
deixa. Jorge Pinheiro e Sérgio
Lameiras foram a melhor dupla
do Distrital e os Pioneiros de
Bragança campeões.
Nos nacionais de futebol
foram galardoados os melhores
jogadores equipas represen-
tantes do distrito de Bragança.
sional no clube. A sua respon-
sabilidade tem a orientação de
todos os escalões de formação
até aos iniciados. Encontra-
se já a trabalhar com os miú-
dos, procurando em Setembro
ter uma equipa perfeitamente
definida. Os escalões de Ju-
venis e Juniores continuarão a
ser da responsabilidade da eq-
uipa técnica dos seniores. n
Nélio Pimentel
Salários em
atraso
Finalizada a época há
um mês, Fernando Melo
confirmou ao Cipreste a
existência de um salário
em atraso. “Há, de facto,
um pequeno atraso no
pagamento aos jogadores
por ainda não ter sido
entregue a totalidade das
verbas da Câmara.” Este
mês de atraso é refer-
ente a Abril, devendo a
situação ficar resolvida
dia 20 próximo. Segundo o
próprio Presidente, o clube
encontra-se em falta com
todos os 19 jogadores que
fizeram parte do plantel. n
Corunha (Atlético de Macedo),
Ximena (Bragança), Pendura
(Mãe D’ Água), Zé Borges (Mon-
corvo) e Rocha (Mirandela).
A equipa feminina do CTM
de Mirandela e Eric São Pedro,
atleta de Kyokushin-kan, foram
galardoados com o troféu de
mérito. Guigui da Bahia, Pedro
Correia Duo e Raul Fernando
foram as presenças musicais.
A Fanfarra de Vale da Porca na
abertura e os sketchs da “equi-
pa de futebol” da AJAM fizeram
o resto da noite.
Caça e Pesca
O clube de Caça e Pesca de
Macedo de Cavaleiros tem já o
calendário das Festas de S. Pe-
dro definido. No dia Domingo
28 de Junho organiza na Barra-
gem do Pocinho o Concurso de
Pesca, e na pista das instala-
ções do clube leva a cabo uma
prova de Radiomodelismo. No
Domingo seguinte, também em
Nogueirinha, realiza-se o Tor-
neio de Tiro aos Pratos. n

Macedense
Aposta na prata da casa
“
As pessoas da bancada
irão sentir orgulho no Grupo
Desportivo Macedense”, é
assim que Rui Costa, Presidente
e treinador do clube, prognostica a
próxima época. E acrescenta, “os
nossos sócios e adeptos vão sentir
o clube mais deles, porque se cal-
har vão se identificar mais com os
cem por cento de atletas que aqui
estarão, porque algum deles é filho
de alguém, irmão ou amigo”.
Esta convicção de Costinha,
como é conhecido o antigo guarda-
redes, tem como base a intenção de
constituir um plantel de jogadores
locais, sem recorrer ao mercado,
“porque o Macedense não tem pos-
sibilidades de ir ao mercado”, diz.
Deste modo, o processo de renova-
ções com grande parte dos joga-
dores do plantel da anterior época
já foi avançado, esperando-se
definições “o mais cedo possível”.
O timing poderá ser perfeitamente
antes do final deste mês, adiantou-
nos o técnico. As contratações de-
verão ocorrer através dos treinos
de captação que o clube tem vindo
a realizar e até do próprio Torneio
de Freguesias e Associações do
concelho de Macedo que teve o seu
término em Maio. “Temos alguns
jogadores juniores e seniores nos
treinos de captação que nos ofere-
cem garantias. Tivemos um grande
torneio de freguesias, qualquer
uma das 4 equipas que alcançaram
as meias-finais, disputaria no dis-
trital de Bragança a subida à 3ª
divisão. Temos também grandes
valores neste distrito nas camadas
jovens, ou outros jogadores com
experiência que andam em equipas
neste distrito que poderão jogar no
macedense”.
Para a nova época na 3ª Di-
visão Nacional, o objectivo do clube
“é garantir a manutenção. Fazer um
campeonato tranquilo com uma eq-
uipa muito competitiva e acima de
tudo, sermos coerentes com a nos-
sa realidade financeira”. Depois da
redução orçamental levada a cabo
em Dezembro passado, Costinha
garante que os custos com a eq-
uipa sénior vão descer ainda mais
na época que se aproxima. “O ano
passado até Dezembro tinha uma
despesa mensal de quase 8.000
euros, tivemos que reduzir. Este
Parapente
Nordeste 2009 em Bornes
E spera-se uma melhoria do
estado do tempo para esta
quarta-feira de modo a proporcionar
as condições ideais para os quase
80 parapentistas inscritos na Nor-
deste 2009. Esta é a primeira prova
do Campeonato Nacional de Parap-
ente 2009, que conta este ano com
outras 4 provas (Montalegre – 25
a 28 Julho; Castelo de Vide – 30
Junho a 4 Julho; Mirandela – 16 a
19 Julho; Serra da Estrela – 23 a 26
Julho). A organização está a cabo
do Clube Azibo Aventura e da Rota
45.com, contando com o apoio da
Câmara Municipal de Macedo. Pau-
lo Júlio é o director de prova.
A prova de 2008 em Bornes foi
das mais concorridas de sempre
e que, segundo Paulo Júlio “sal-
vou o campeonato de 2008, já que
Rui Costa “os nossos sócios e adeptos vão sentir o clube mais deles”
ano atingiremos um máximo de
3.000 euros”, garante.
Esta será a segunda época con-
secutiva do clube na 3ª Divisão, de-
pois de uma passagem de 4 anos na
2ª Divisão Nacional. O ano passado,
o do regresso à 3ª, os objectivos
passavam por regressar ao segun-
do escalão, mas a equipa não con-
seguiu mais que um 4º lugar final.
Mesmo assim, Rui Costa mostra-se
satisfeito com o realizado. “Foi uma
época em que claramente aposta-
mos para subir, não aconteceu, mas
acima de tudo fomos obrigados a
ser bastantes coerentes. A meio da
época decidimos colocar a parte
financeira acima da desportiva,
deixando sempre a possibilidade
de fazermos tudo para conseguir-
mos atingir os objectivos propostos.
Não conseguimos, ficamos num
honroso 4º lugar, não é um balanço
totalmente positivo, mas estamos
satisfeitos com o trabalho realizado.
Obviamente que acho que o 4º lugar
soube a pouco, mas conseguimos
que alguns jovens se assumissem e
esta terá sido a época da sua afir-
mação. A parte financeira passou a
assumir papel importante no desen-
houve 4 dias em que se realizaram
mangas muito boas, atingindo-se
numa delas os 70 km de distância.
Os pilotos, que, para além de portu-
gueses, tiveram também presentes
espanhóis, franceses e da Rep. Do-
minicana, saíram daqui muito satis-
feitos.”
Para este ano são aguardadas
também boas mangas, “onde se
possam atingir distâncias na ordem
dos 50, 60 ou 70 km por manga”.
Sendo esta uma prova de Catego-
ria II da Federação de Aeronáutica
Internacional a presença de pilotos
estrangeiros é habitual. Para além
de os pontos aqui conquistados
contarem para os rankings dos re-
spectivos países, têm também a
oportunidade de pontuar no ranking
internacional da FAI. n
rolar da época, de forma a garantir
a estabilidade necessária ao clube.
“Reduzimos 2500 euros por mês ao
nosso orçamento a partir de Dezem-
bro, o que representa uma parte
bastante significativa. Isto, quer com
a saída da equipa técnica e de dois
jogadores, de ajuste em despesas
correntes, e da renegociação do
contrato com alguns jogadores. Isto,
acima de tudo veio contribuir para
que nesta altura estejamos com
uma perspectiva financeira para o
futuro mais risonha que aquela que
se apresentava na altura. São coisas
que custam a qualquer direcção, é
um facto, afinal estamos a lidar com
pessoas, mas se assim não fizésse-
mos estaríamos a prestar um mau
serviço ao clube e à terra. Podere-
mos deste modo olhar para o futuro
com mais optimismo, apesar de ter-
mos algum trabalho pela frente na
estabilização financeira. Sabíamos
que colocávamos em causa uma
possível subida, mas decidimos cri-
ar bases para que o Macedense não
desapareça do mapa como algumas
equipas irão desaparecer”, refere o
Presidente Rui Costa. n
Nélio Pimentel
Nélio Pimentel
Desporto | Cipreste | Junho 2009 | 23
Mundo da Bola
Golão na baliza errada
Há golos que ficam guardados na nossa
memória. Uma arrancada do meio campo, um remate
à entrada da área, aquele último drible ou a jogada
que o antecede, são momentos que imortalizam o
golo. Pena é, quando a bola não entra na baliza certa
e resulta num golo para o adversário. Há autogolos e
autogolos, e este merece figurar no nosso “Mundo da
Bola”. No campeonato japonês, o médio Kim Nan II
do Vissel Kobe, recebe a bola a meio campo, pres-
sionado por um adversário, tenta fazer um atraso para
o seu guarda-redes. Este, adiantado, não consegue
evitar o grande golo do seu colega. Veja em http://
www.youtube.com/watch?v=CjahAB3YVyo
Jogadores proibidos de
beber álcool. Se a moda
pega…
Há coisas que não combinam, e ser jogador
de futebol não combina com um consumo regular de
bebidas alcoólicas. Assim pensa Harry Redknapp,
treinador do Tottenham da Primeira Liga Inglesa. Ao
ver-se confrontado com a detenção do seu jogador,
Ledley King, que embriagado causou desacatos num
bar de Londres, o técnico veio lançar um aviso: “Na
próxima temporada implantarei uma norma rígida
neste clube: proibir a bebida. Os futebolistas deviam
apenas dedicar-se a jogar”, declarou ao The Sun. O
técnico inglês chegou inclusive a recorrer à indústria
automóvel para sustentar a sua ideia, “os jogadores
não deviam beber, é a mesma coisa que pôr diesel
num Ferrari”.
No “Mundo da Bola” perguntamos: quantos não
serão os treinadores com a mesma ideia? Devemos
acrescentar que, se a moda pega, se calhar ainda
veremos alguns jogadores a abandonar o futebol…
sim, porque ninguém resiste a um copinho.
Stanislas Oliveira. Con-
hece?
Provavelmente nunca ouvi
falar… Nós, até há bem pouco
tempo, também não. Pois é, o
nosso “Mundo da Bola” é peque-
no. Stanislas Oliveira é um jovem
jogador de 19 anos (27/03/1988),
do modesto Sedan, da 2ª Divisão
francesa. Stanislas estreou-se
nas convocatórias das selecções
nacionais por Rui Caçador, téc-
nico dos Sub-21, para o Torneio
de Toulon que decorreu no último fim-de-semana
naquela cidade francesa. Até agora ainda nada,
pois não? Acontece que este menino é filho de uma
emigrante portuguesa radicada em França, natural
da aldeia dos Cortiços. Tendo tido já oportunidade
de representar uma das selecções gaulesas, Stanis-
las optou por esperar uma oportunidade lusa. Essa
aconteceu agora, ficando portas abertas para outras
oportunidades.
Agora, se pelo menos não recordar o nome,
não mais se esquecerá daquele rapaz com o nome
esquisito que é dos Cortiços e que, um dia, preferiu a
selecção portuguesa à da França.
Tenista romena reduz
seios
Simona Help é uma jovem
tenista romena, com apenas
17 anos, que recentemente
chegou às “bocas do mundo”
do ténis. Para além de recon-
hecido um talento promissor, a
tenista é conhecida pelos seus
atributos físicos, com seios
tão grandes, que lhe valeram
a alcunha de Monster Tennis Boobs, a “tenista dos
seios monstruosos”. “ É um peso que dificulta a
minha mobilidade, para que possa reagir com rapi-
dez. No próximo Outono vou reduzir o tamanho dos
meus seios. Este busto faz com que sinta incómodo
a jogar”, confessa a jovem. Deverá ser a altura
ideal para a tenista se estrear no circuito profis-
sional no próximo ano. n
24 | Junho 2009 | Cipreste |
King’s Cross. De Londres a Macedo numa dança
Kings Cross é uma das principais portas de Londres, cidade onde reside Pedro Pires,
de Talhas. É também o nome de um espectáculo de dança contemporânea que o
bailarino vai levar ao palco do centro Cultural no próximo dia 19.

Livros
Cultura
Continuação de O Sabor da Marmelada Fresca nas bancas

O mistério
da fonte queimada
“Ajustou os óculos grossos que usava em casa. Abriu a pasta em cima
da mesa de trabalho e passou as folhas uma a uma, comparando-as com
as dos cadernos do original que tirara da gaveta da papeleira. Ali estava:
faltava uma das folhas de fontes frias... e faltava, no lugar geográfico cor-
respondente, uma das folhas de poços. Sintra. El-rei tinha queimado Sintra,
desde o mar até ao lado de cá da serra. Tinham escapado Penafirme e Pe-
nhalonga, já fora do termo. Todo o espaço a poente tinha ficado em cinzas
na braseira da sala de despacho. Que segredo haveria em Sintra?”
Cafeína
“A Salomé a fazer de conta que tudo está bem, que a vida volta ao normal,
decidida, amanhã já vai à empresa. E que eu tenho que ir para Lisboa. E
eu a concordar e a fazer de conta que sim senhor, que tudo está bem, tudo
voltou ao normal, a vida vai em frente e amanhã, pois claro, tanto que fazer,
tanta coisa à minha espera, decisões importantes, amanhã para Lisboa.
E do fundo da minha consciência um vai, vai, escarninho. Vai fazer o que
sabes fazer bem. Para trás fica o que não sabes resolver e começa a ser
incómodo. Mas se não sei, o que hei-de fazer? Aprende enquanto é tempo.
Aprendo o quê? Como? Como aprendo agora a lidar com isto? Pois bem,
vai. Mas não é por lhe virares as costas que o problema se resolve. Pelo
contrário. Vai-se agravar, agravar, agravar. És sinistro nesse teu pessimis-
mo. Chato. O tempo é um grande auxiliar, ajuda a resolver muita coisa. E
quando não se sabe, não é melhor estar quieto do que fazer asneiras? Não
é o tempo um grande escultor? Também de almas? É. Ilude-te!”

Feira do Livro Apresentação aconteceu enquadrada numa feira do livro

A
quilegio Medicinal, escrito por
Francisco da Fonseca Rodri-
gues, são os protagonistas de
“O mistério da fonte queimada”, escrito
por Manuel Cardoso. É o segundo ro-
mance do escritor macedense, que deu
trado, e adoptado o nome, de um per-
sonagem, Patricio Nolan, mercador de
escravos que terá colocado um anúncio Apresentação Pires Cabral Apresentou livro de Fernando Mascarenhas
na Gazeta de Lisboa quando o séc. XVIII
ia pelo quarto de século. Após fazer uma
consulta com o objectivo de averiguar se

à estampa pela mão da Sopa de Letras
da editora Principia.
O romance, à semelhança de “Um
tiro na bruma”, é o resultado de uma
pesquisa de cariz histórico e da fluida
pena do autor.
Situado no séc. XVIII, o romance
conta a história de um livro, Aquilegio
Medicinal, e do seu autor, Francisco da
Fonseca Rodrigues, cristão-novo das
terras de Mirandela que, na Lisboa da
primeira metade de 1700, fez carreira
e fortuna com o exercício da medicina,
tendo sido médico de El Rei D. João V e
figura de destaque no hospital de Todos
os Santos. O livro, como o terá escrito
Francisco da Fonseca Rodrigues, e os
segredos que encerram as águas e fon-
tes de Portugal, são alvo da atenção do
autor do romance.
Ao Cipreste o autor relatou, por curi-
osidade, o facto de, nas pesquisas que
fez para a redacção da obra, ter encon-
o nome do personagem teria sido utiliza-
do por outro escritor, verificou que Jorge
Luís Borges havia atribuído o nome de
Patricio Nolan a um personagem. Este
por seu turno, terá, na obra de Borges,
feito uma aposta com dois prisioneiros,
um dos quais com o nome de Manuel
Cardoso. Postas as coincidências,
Manuel Cardoso, o escritor macedense,
adoptou a nome do personagem do es-
critor argentino.
O autor destaca a descrição do
hospital de Todos-os-Santos, pelo rigor
histórico.
Manuel Cardoso declarou à nossa
reportagem estar a trabalhar numa ter-
ceira obra, também um livro com um fun-
do histórico, verdadeiro, embora a acção
seja ficcionada, tal como nos seus dois
romances.
“O mistério da fonte queimada” é um
mistério. Atreva-se a desvendá-lo. n
Rui Miranda
J
oão, o jovem transmontano que
em “O sabor da marmelada fr-
esca”, Fernando Mascarenhas
criou, bafejado pela sorte, encontra em
Cafeína uma(s) nova(s) fase(s) da sua
vida. Cafeína assume-se como um livro
de continuação da história de João, mas,
segundo o autor, de leitura autónoma em
relação ao primeiro livro.
Em Cafeína, João encontra um mun-
do menos homogéneo, menos estável,
em que João, já rapaz maduro, se de-
para, por um lado com um país de jo-
vem liberdade em conturbação social e
económica, por outro lado com um novo
universo sentimental com o qual não es-
tava familiarizado.
Escrito em linguagem fluida de bom
português, localizado temporalmente
nos anos setenta, e porque o espaço
narrativo do livro é envolvido de muitos
cenários sociais, o livro é também um
registo do Portugal do 25 de Abril, o an-
tes e o depois, as lutas sociais, a eman-
cipação da mulher, a descolonização e
conturbação social, o respirar de uma
liberdade incógnita, tantas vezes com
o intuito de fruir dela de um só fôlego.
Estas incursões não acontecem com o
objectivo específico de análise social ou
política, são antes a moldura ao enredo
que envolve o João. O realismo como
estão descritas é que fazem delas tes-
temunho de uma época importante na
história recente do nosso país.
À nossa reportagem Fernando Mas-
carenhas afirmou estar a trabalhar num
novo volume, sem data programada
para dar à estampa, que será o encerrar
de uma trilogia sobre o João. Segundo o
escritor, esse livro terá uma leitura ainda
mais autónoma do que Cafeína.
Aguardamos com expectativa.
Sobre o primeiro romance, Fernando
Mascarenhas afirmou que a edição se en-
contra esgotada no editor mas não está
prevista, para já, uma reedição da obra. n
Rui Miranda

Com exposições rotativas
Macedo tem Museu de Arte Sacra Braços de
N
o mesmo dia, o ministro da
Cultura, José António Pinto
Ribeiro, esteve na região
transmontana para inaugurar dois mu-
seus de Arte Sacra, um dos quais na
Casa Falcão, em Macedo de Cavaleiros,
o outro em Vinhais. O espaço já existia
e, por isso, a obra ficou-se pelo milhão
de euros, um valor ainda considerável in-
vestido na totalidade pela autarquia, sem
quaisquer apoios vindos da União Euro-
peia, ou mesmo do Estado português.
O Museu é apenas a porta de en-
trada, o cartão de visita para o conjunto
extenso de arte sacra que existe no con-
celho de Macedo de Cavaleiros. Daí que
a exposição seja rotativa. “Estas peças
irão depois para os seus locais de ori-
gem, para as suas capelas ou para os
proprietários privados”, assegura Be-
raldino Pinto, presidente da Câmara
Municipal de Macedo de Cavaleiros. O
importante é que o turista sinta depois
necessidade e vontade de visitar as ig-
rejas e as capelas nos locais. O museu
fica como chamariz turístico.
Já o ministro deixou mesmo expres-
so que a sua vontade é a de que a popu-
lação “tome o local de assalto”, e que se
deixem contagiar pela arte envolvente
e, se possível, que se aprofundem e se
GEAAF
Escultura no Centro Cultural
A ntónio Figueiredo, a organizar
exposições de escultura há 3
anos no Centro Cultural de Macedo de
Cavaleiros, é homenageado até dia 30
de Julho por quatro escultores que se
juntaram para voltar a expor no espa-
ço. Susana Piteira, Volker Schnüttgen,
Paulo Neves e Luís Cruz são os nomes
da escultura nacional que estão de re-
gresso a Macedo de Cavaleiros. A única
mulher pretende incidir na temática do
machismo, por ser uma situação social
que a preocupa, uma “questão cultural,
de falta de educação e de respeito”. São
estes valores que a preocupam, não só
enquanto mulher, mas porque têm “um
impacto negativo na vida e felicidade de
todos”.
No caso de Schnuttgen, os tra-
balhos foram criados nos anos 90 e rep-
resentam a beleza de uma “Lisboa deca-
dente”. Os outros dois artistas oferecem
trabalhos em mármore, alusivos à roda
da vida, e em fundição como um tríptico
de mãos, que “traduzem ambiguidades,
quer de gestos, quer de atitudes”. n
requalifiquem. O próprio o diz: “esse é o
grande desafio”. Mais importante do que
construir o local e torná-lo em monumen-
to turístico, José António Pinto Ribeiro
quer que “a população o sinta como seu,
o invada, venha cultivar-se, aprender,
trabalhar, passear e gozar.”
“Do Espírito à Imagem”
É este o título da primeira exposição
acolhida pelo espaço museológico, com-
posta por 80 peças, datas do período
entre o século XIV e o século XX, pro-
venientes de capelas e igrejas de todo
o concelho de Macedo, que foram alvo
do inventário ao património histórico e
artístico da diocese de Bragança-Miran-
da, realizado pela Associação Terras
Quentes.
A exposição está dividida em quatro
núcleos: imaginário, ourivesaria, artes
gráficas e pintura. Na secção imag-
inária, o público é presenteado com te-
mas evangelistas, marianos e de santos
pregadores; nas artes gráficas figuram
missais romanos concebidos em Antuér-
pia e Veneza (no estrangeiro) e Coim-
bra, Lisboa e Porto (em Portugal). Na
ourivesaria estão expostas as procis-
sões e a eucaristia. O nome de António
Pedra e metal Exposição reúne trabalhos em vários materiais
Joaquim Padrão é o nome que sobressai
na secção de pintura, ele que foi pintor
e também gravador lisboeta do período
barroco.
Ministro quer rede intermu-
nicipal
O ministro da Cultura quer que seja
criada no distrito de Bragança uma rede
que ligue os municípios, mas que vá para
além disso. Que os mantenha ainda em
contacto com o Ministério da Cultura e
com os diversos equipamentos culturais.
“Uma relação permanente, através de
representantes”, assegura José António
Monteiro, que pretende ainda que sejam
realizados inventários às instalações cul-
turais da região, de modo a saber qual “a
utilização dos mesmos, para que se pos-
sam gerir mais eficazmente do ponto de
vista cultural”.
Todas estas intenções do ministro
têm uma finalidade, no seu ponto de
vista, levar mais gente aos espectáculos
culturais. Ideias que saíram de uma re-
união entre o membro do governo e rep-
resentantes dos 12 municípios do distrito
de Bragança, no Governo Civil, aquando
da vinda do ministro à região. n
Miguel Midões
Cultura | Cipreste | Junho 2009 | 25
Poesia
salvação
Maldita hora sem governo
Que o mundo tanto me prende
Dos sentidos de que me desterro
E se por orgulho me enterro
A luz da vida ela se acende
E que por uma vez se faça
A grande guerra á desgraça
Destruindo-a sem dó nem pena
Já que tanto ela me empena
Desapareça onde a minha vida passa
Torce-me a mente senhor
Modifica o meu arrumo
Faz do meu sangue sumo
Do fruto da minha dor
E não me engane nunca mais
Nem que perdido eu me veja
A minha vida ela seja
Um paraíso até jamais
De quem só o bem me deseja
Canso-me de tanto lutar
E correm lágrimas a fio
E não digo nem um pio
Porque já não sei hoje chorar
Como chorava antigamente
Os meus olhos em tua mente
Se espelhavam sem nenhum dó
Nas amarras da minha vida
Sinto-a hoje já ela perdida
Que só meu peito sente o nó
Caminho e reparo na calçada
Nesse piso que já me tombou
Em horas de tantas vezes nada
Caído, e ninguém me levantou
Diz-me tu quem serei eu.
Serei eu um filho de deus,
Ou um mártir dos sentidos meus?
Ganhando grandes batalhas
Sem na vida entrar em falhas
Sorri-o e avanço prós braços teus
Então sou aquela criança
Que te vê de braços abertos
E por esses tesouros certos
Corro e entrego minha esperança
Aos braços da salvação...!
J. Batista (Ferrinho)
Peripécia
Mamã?!
A companhia de teatro Peripé-
cia subiu de novo ao palco do
Centro Cultural de Macedo de Cava-
leiros. Desta vez em cena esteve a peça
Mamã?! Noelia Domínguez e Luis Filipe
Santos deram corpo a um conjunto de
personagens que exploram tanto a co-
média como a sensibilidade. Um espec-
táculo com a marca do profissionalismo
que caracteriza os Peripécia, em que to-
dos os movimentos não acontecem por
acaso e um mesmo objecto ganha vida
em diversas cenas.
Uma apaixonada bailarina de cabaret
é despedida após engravidar. Desam-
parada tenta sobreviver na rua. Encontra
um músico através do qual, com alguma
astúcia, alcança o pão para matar a sua
e a fome do ente que gere na barriga.
Com algum dinheiro consegue consul-
tas na clínica, onde os funcionários têm
tanto de apáticos como de stressados.
Ali acontece o parto.n
26 | Junho 2009 | Cipreste | Cultura
IV desfile da Máscara Ibérica
Caretos de Podence
desfilam em Lisboa
A quarta edição Máscara
Ibérica juntou na capital
Portuguesa máscaras e mas-
carados do norte do país e da
vizinha Espanha.
O evento integrado nas festas
da cidade de Lisboa, organizado
pela empresa Progestur, reuniu
várias delegações de Portugal
e da vizinha Espanha, com liga-
ções ao universo da máscara.
Nesta edição estiveram pre-
sentes, do nordeste transmon-
tano, uma delegação de Macedo
de Cavaleiros e de Mogadouro.
Havia ainda representações na-
cionais de Seia, da região de
Trabalho infantil
Programa PETI reuniu em Macedo
M acedo de Cavaleiros foi
o concelho da região
transmontana escolhido para
receber o encontro anual do Pro-
grama para Prevenção e Elimina-
ção da Exploração do Trabalho
Infantil, PETI, onde estiveram
presentes alunos e professores
dos distritos de Bragança e Vila
Real. Só no distrito do nordeste
transmontano existem 6 turmas
do Programa Integrado de Edu-
cação e Formação, PIEF: duas
em Vinhais, uma em Bragança,
Macedo de Cavaleiros, Mirande-
la e Torre de Moncorvo. O encon-
tro visou mostrar um pouco do
trabalho realizado pelas turmas
ao longo do ano, o convívio entre
os alunos e ainda “mostrar a es-
cola ao exterior”, como salientou
o professor Olavo, coordenador
da turma de Macedo e também
representante da organização do
evento.
O primeiro encontro teve lugar
em Vinhais, no ano passado, e a
edição deste ano coube ao agru-
pamento de escolas de Macedo,
seguindo um terceiro no próximo
Lamego e da região que integra
as Aldeias de Xisto. De Espanha
houve representações de Ou-
rense, Zamora, León, Cantábria,
Astúrias e Cáceres. De Espanha
participaram a maioria dos mas-
carados, com uma grande diver-
sidade crómatica, temática, de
traje e de materiais.
Os Caretos de Podence
desfilaram inseridos num leque
de 26 grupos de mascarados
totalizando 700 intervenientes,
representativos da etnografia
popular portuguesa e espan-
hola. Nem o calor retirou intrepi-
dez aos homens de Podence
Música grupo de bombos, um teatro e banda músical animaram o dia
ano. Neste dia de convívio, os
alunos puderam “confraternizar,
trocar ideias, necessidades, que
vejam que a escola não é um
mundo fechado, mas sim aberto
e voltado para o exterior”.
Em geral, o projecto pre-
que, debaixo de um sol lumi-
noso com mais de trinta graus
de expressão, percorreram o
percurso entre a Praça do Co-
mércio e a Praça do Rossio, um
trajecto que demorou cerca de
duas horas e foi acompanhado
por milhares de pessoas.
Para além dos Caretos de
Podence, Macedo de Cava-
leiros fez-se representar com
um pavilhão de divulgação
turística, onde estava uma em-
presa de Macedo a comercial-
izar produtos da gastronomia e
artesanato do concelho. n
Rui Miranda
tende, acima de tudo, combater
o trabalho infantil e o insucesso
e abandono escolar, embora
a primeira situação não seja
a mais marcante no concelho
macedense, onde a exploração
laboral infantil não é de relevo.
VI Jornadas da Primavera
Macedo
tem história
À semelhança dos anos
anteriores, a revista
Cadernos Terras Quentes foi
lançada nas Jornadas da Pri-
mavera. As únicas diferenças
foram o número da publicação,
que já é a sexta e a edição das
jornadas, que já vai na sétima.
Mais um ano de trabalhos pub-
licado, que é agora o exemplar
e uma prova de que Macedo de
Cavaleiros tem história. A revis-
ta deambula entre a história de
arte, a arqueologia e as técni-
cas de conservação e restauro.
Carlos Mendes, arqueólogo,
também responsável pela As-
sociação Terras Quentes, ga-
rante que a população em geral
vai ter motivos de interesse
para ler o exemplar e verão que
“Macedo não é uma terra sem
história”. O arqueólogo afirma
mesmo que a “história é muita
e que vale a pena trabalhá-la”.
Da autarquia esteve pre-
sente nas jornadas Manuel Car-
doso. O vereador denota que a
publicação vem aprofundar o
trabalho que tem sido feito ao
longo dos anos, a nível históri-
co (como por exemplo com a
figura de Martim Gonçalves de
Macedo), a nível patrimonial,
“dando a conhecer o que tem
sido feito na Oficina de Con-
servação e Restauro”, e ainda
a pré-história, oferecendo como
exemplo a Fraga dos Corvos,
na Serra de Bornes.
Nesta mesma edição do
Caderno está ainda com acesso
a toda a população os trabalhos
Muito embora o abandono esco-
lar, quase sempre causado por
uma situação social degradada,
seja ainda bastante significativo
na região. “Nalgumas situações
existe trabalho infantil, mas não
é muito. O nosso principal ob-
executados na Terronha de Pin-
hovelo. O vereador lembrou a
luta que travou para que o tra-
çado do IP2 fosse alterado, não
danificando este património.
“Cada vez me orgulho mais de
que o IP2 não tenha destruído
a Terronha”, diz. O traçado foi
desviado e não chegou a pas-
sar em Pinhovelo, como estava
previsto e hoje está ali, bem
perto da cidade de Macedo
de Cavaleiros “parte da nossa
história associada ao Império
Romano”.
Dia de novidades
históricas
Mas, as sétimas Jornadas
da Primavera não foram apenas
lançamento de mais um Cad-
erno Terras Quentes. Ao longo
da tarde de sábado 30 de Maio
respirou-se história no auditório
do Centro Cultural. A sessão foi
aberta por Carlos Mendes que
abordou duas figuras notáveis
do concelho de Macedo de
Cavaleiros: Martim Gonçalves
de Macedo e Nicolau Vergueiro.
Seguiu-se Catarina Gonçalves
que falou dos brasões de Mace-
do de Cavaleiros e João Carlos
Senna-Martinez, que fez alusão
à Fraga dos Corvos, um território
da 1ª idade do bronze. Entre out-
ros, Lília Silva e Lécio Leal mostr-
aram um pouco do inventário que
tem sido feito pela associação ao
património de arte sacra da dio-
cese de Bragança-Miranda. n
Miguel Midões
jectivo é trazê-los de volta à es-
cola”, destaca o professor.
A animação foi feita com
a prata da casa e já a mostrar
o que de melhor se faz neste
tipo de formação. Os alunos da
turma PIEF de Macedo fizeram
a abertura da sessão, juntando
um grupo de bombos, que des-
filou desde a EB2/3+S até ao
Centro Cultural em perfeita ani-
mação, com alguns deles tra-
jando de caretos e ainda com
a presença de um cabeção.
Houve ainda teatro e animação
musical com a Banda do PIEF
de Vinhais. A juntar, e para que
a confraternização fosse com-
pleta, o almoço-convívio reali-
zou-se na Albufeira do Azibo.
Depois de concluída esta for-
mação, os estudantes ficam com
a graduação da escolaridade
obrigatória e podem sempre seguir
os estudos, caso haja interesse, o
que representa autênticos casos
de sucesso. Para isso, basta que
realizem um exame de Português
e outro de Matemática. n
Miguel Midões
 Suaves | Cipreste | Junho 2009 | 27

Sabia que... Macedo no seu melhor

…A Serra de Bornes apesar dos seus majestosos 1200m é
apenas a 24ª serra mais alta de Portugal (incluindo ilhas).
Contudo, na região é a 5ª elevação mais proeminente,
sendo a terceira maior em altitude no distrito de Bragança,
com condições fantásticas para a prática de Asa Delta e
Parapente. A ficar mais próximas dos céus estão a Serra da
Nogueira (concelhos de Macedo de Cavaleiros, Bragança
e Vinhais) com 1318m, a 15ª mais alta no país e a Serra do
Montesinho, que aparece em 8º na contagem nacional é a
mais alta de toda a região de Trás-os-Montes e Alto Douro,
com 1486m de altitude.

…O sobrinho do presidente da junta de Morais já está a

trabalhar como assessor do vereador Barroso. A formação
dele é em análises clínicas….

…A época de campanha política é óptima para conseguir

favores dos políticos... alguém os pagará.

…A cidade de Macedo já tem um museu. De arte sacra. Esta não é para ter graça, é mesmo perigoso o ferro que na rua Dr. Luís Olaio está
Visite-o e divulgue-o à altura da cabeça de uma pessoa de 1,70 m

... com um euro pode comer um hambúrguer no McDon-

ald's, mas é também só o que precisa para ir à Feira de S.
Pedro.

...às vezes os deputados estão todos de acordo. Foi o que

aconteceu quando decidiram aumentar o valor das verbas
que podem receber sem ter que declarar de onde vêm. Pas-
saram de 22.500 euros para 1.200.000 euros!!!

… há 13029 xenófobos. Foram os votos do Partido Nacional

Revolucionário para a Europa. Em Macedo há 9!

… pode (deve) dizer "sítio da Internet" em vez do termo

anglo-saxónico de "site Internet"

… devemos caminhar todos os dias meia hora. (voz da ex-

periência: ao fim de 15 minutos volte para trás)

… Mais vale uma má ideia do que ideia nenhuma.

(ao Daniel) Há algum tempo que abriram a estrada, na rua Damião de Góis e puseram paralelo a
tapar. É definitivo, é que se é, os amortecedores não resistem.

Sudoku

Longe vai o tempo em que o Cipreste deu laranjas, agora é outra tecnologia, os
cerdeiros dão CD’s.

Porquê assinar o Cipreste? Assine o Cipreste

Porque este jornal é seu. Jornal Informativo de Macedo de Cavaleiros
É de quem o lê, de quem colabora e escreve, de todos os
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Macedo ter um jornal ou não. Pela nossa parte compete-nos Morada:
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28 | Junho 2009 | Cipreste | Última
Parque Eólico de Borninhos

Ao sabor do vento…
Bornes com energia sustentável

Q
uase dez anos de- parque vai criar, apesar de pou-
pois de instalado cos, alguns postos de trabalho
o primeiro aerog- directos e indirectos, como por
erador (Parque exemplo vigilantes, que devem
Eólico de Borninhos), o cume pernoitar e fazer refeições no
da Serra de Bornes vê-se agora conselho macedense, criando
povoado de mais 24. O Parque assim alguma dinâmica na eco-
Eólico de Borninhos, composto nomia local.
pelo isolado aerogerador voou As eólicas da Serra de
oito anos ao sabor do vento, mas Bornes são das mais altas, uma
sem qualquer ligação à rede vez que estas são construídas
eléctrica nacional. Só agora, de- consoante a intensidade do ven-
pois de construída a subestação to, sendo que as maiores estão,
dos Olmos, em Macedo de Cav- por norma, localizadas em zonas
aleiros, será possível ligar este costeiras, ou mesmo em pleno
elemento à rede, bem como os mar. Estas que aqui estão a ser
restantes agora instalados. Uma instaladas rondam os 80 metros
energia que, no total, será três de altura e cada pá pode chegar
vezes superior à consumida aos 40 metros. Ao longe e na
pelos concelhos de Alfândega paisagem, as pás giram a uma
da Fé (freguesias de Gebelim, velocidade enganadora, o que
Sambade e Soeima) e Macedo à visão parece lento, trata-se de
de Cavaleiros (onde ocupa ter- uma real velocidade, linear, que
renos das freguesias de Bornes, pode atingir os 300km/h.
Chacim, Grijó, Vale Benfeito e A constituição dos
Vilar do Monte), anualmente. parques eólicos de Bornes são
Estes dois concelhos abrangi- um passo em frente não só para
dos pelos Parques Eólicos de que Portugal atinja os seus ob-
Bornes (uma vez que são dois: jectivos, ao nível da União Euro-
o de Bornes I, composto pelos peia, sendo já o quinto país com
aerogeradores do 1 aos 13 e o melhores marcas em termos de
de Bornes II, formado pelos res- energias renováveis, mas tam-
tantes), vão beneficiar de largos bém para gáudio regional. O
milhares de euros anuais. distrito de Bragança é dos mel- Borninho Serra de Bornes ficará com um total de 25 éolicas e acessos alcatroados
Todas juntas, as eólicas hores do país em termos de ren-
vão conseguir uma produção ováveis, muito devido à grande participadas do grupo ENER- biental), levado a cabo pela APA futura (na altura, uma vez que
de energia que ronda os 60 quantidade de energia que é SIS, e a entidade licenciadora (Agência Portuguesa do Ambi- já abriu) subestação de Macedo
MW (megawatts), 2,5 MW cada produzida no Douro, através do do Projecto é a Direcção-Geral ente), com início em Setembro de Cavaleiros, o que implicaria
“moinho gigante”. “Isto significa seu número de barragens sig- de Geologia e Energia (DGGE). de 2005 e que esteve em consul- uma extensão muito menor de
uma produção anual equiva- nificativo. Quando se fragmen- As vantagens para o ambi- ta pública de Janeiro a Fevereiro linha eléctrica (15-19 km), evi-
lente a três vezes o consumo tam os números por secções, ente são claras: “para produzir a de 2006, a fonte receptora de tando o atravessamento da ZPE
total de energia do concelho de no sector da energia eólica, Bra- mesma energia que os Parques energia era indicada como a sub- (Zona Protegida) dos Rios Sabor
Macedo e de Alfândega da Fé”, gança surge mal classificado, Eólicos de Bornes produzirão estação de Tó, no concelho de e Maçãs”, indica Cecília Simões,
refere o vice-presidente da Câ- com a maioria dos seus parques ao longo do seu horizonte de Mogadouro, num total de 36 km. engenheira do ambiente da APA,
mara Municipal de Macedo, Du- eólicos encravados, devido aos vida útil, uma central térmica a Contudo, esta ligação atraves- a quem a Comissão de Avalia-
arte Moreno. estudos de impacto ambiental gás natural produziria 1 402 667 saria duas áreas protegidas: a ção do Estudo do Impacto Ambi-
Mas, as vantagens não se negativos, como é o caso do PE- toneladas de CO2 (dióxido de do rio Maçãs e a do rio Sabor. Ao ental, do Gabinete do secretário
longo destas quase quatro deze- de Estado do Ambiente, pediu o
nas de quilómetros são várias parecer.
B.I das torres eólicas de Bornes as espécies de fauna e flora que Tendo em conta que só no
seriam afectadas com a passa- início do ano a subestação dos
Constituição: três componentes – a torre, a cabine gem da linha aérea, que serviria Olmos esteve apta a receber en-
(onde está o gerador) e as pás; para transportar a energia. O EIA ergia, só nos últimos tempos se
Altura da torre: 85m (Estudo de Impacto Ambiental) viram nascer no cimo da serra de
aponta para a zona atravessada Bornes os dois parques eólicos.
Número de pás: três pela linha, “quarenta e quatro es- Quanto às espécies exis-
Comprimento das pás: 44m pécies de mamíferos, destacan- tentes na Serra de Bornes, ape-
Curiosidade: haverá apenas um edifício de comando, do-se várias espécies de morce- sar de terem sido identificadas
gos, a toupeira-de-água, o lobo e várias espécies de aves e de
que será comum aos dois parques eólicos, uma vez
a lontra. No que respeita às aves, anfíbios, nenhuma delas está
que têm a mesma entidade gestora. Esta estrutura são descritas cento e vinte e seis indicada com o estatuto de con-
será revestida a xisto, por ser a pedra característica espécies. Destaca-se, pelo seu servação em Portugal, ou seja,
da região estatuto de ameaça, a cegonha em vias de extinção. Mas, os
preta e a águia-real. Refere-se, impactos a nível da fauna são
também, a águia de Bonelli. Para sempre significativos e, por isso,
traduzem apenas em euros. NOG (Parque Eólico da Serra da carbono)”, salienta o estudo de a área de passagem da linha em Bornes, as espécies mais
Com os aerogeradores, a serra Nogueira) e do Parque Eólico de impacto ambiental. Na globali- foram identificadas catorze es- afectadas serão sobretudo aves,
ganhou ainda com o arranjo dos Montesinho. Nestes dois casos dade, o projecto dos parques pécies de anfíbios e dezassete como: o taranhão-caçador, a
caminhos, outrora apenas per- a “falta de vontade política” é a ronda os 50 milhões de euros. espécies de répteis. Apenas a rola, o rabirruivo-de-testa-bran-
corridos pelos bombeiros em primeira razão apontada pelas víbora-cornuda apresenta es- ca e o milhafre real.
momentos de aflição, ou pelos várias Juntas de Freguesia que E porquê tantos anos tatuto de ameaça”. Um número Ao longo de toda a insta-
mais curiosos que ousavam vão beneficiar dos mesmos para de atraso na sua insta- de espécies suficiente, que levou lação, a empresa responsável
passear na serra. Os arranjos o não avanço das infra-estrutur- lação? a pensar em outra solução, mais pela obra é também obrigada
dos acessos do parque também as. próxima e com menor impacto. a minimizar todos e quaisquer
se traduzem na facilidade de No caso dos parques de O problema residia na recep- “Paralelamente ao estudo deste impactos ambientais, nomeada-
acesso às propriedades particu- Bornes, o proponente de ambos ção da energia que poderia vir troço, o proponente promoveu os mente com a edificação dos es-
lares”, acrescenta o membro do é a empresa Parque Eólico da a ser produzida pelos aerogera- contactos necessários no sen- taleiros, que servem de apoio ao
executivo camarário. Ainda há Serra de Bornes, Lda., que con- dores. Segundo o processo da tido de verificar a possibilidade levantamento das torres. n
mais, pois obrigatoriamente o stitui o conjunto de empresas AIA (Avaliação de Impacto Am- e viabilidade de uma ligação à Miguel Midões