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TERMÔMETRO DIGITAL PROGRAMÁVEL – UM NOVO PARADIGMA DE

PADRÃO DE TEMPERATURA
Slavolhub Garcia Petkovic1, Aline Gonçalves da Silva2, Rodrigo da Silva3 e Marcelo
Ricardo Magalhães4
1,2,3,4
Laboratório de Termometria da Divisão de Metrologia Térmica - Inmetro
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial,
Av.N.S. das Graças, 50 – Xerém, Duque de Caxias, Brasil, CEP 25250-020
Fone: +55 21 2679 9058, Fax: +55 2679 9027
sgpetkovic@inmetro.gov.br, later@inmetro.gov.br

Resumo - Os termômetros digitais programáveis vêm se revelando um eficiente padrão de temperatura


para os laboratórios credenciados pelo Inmetro, através da Rede Brasileira de Calibração (RBC). Além de
possuírem a vantagem de incorporar o sensor e o indicador num único sistema de medição e cobrirem uma
extensa faixa de temperatura, eles podem ter sua calibração atualizada pelo usuário através de medições
num ponto fixo de temperatura. Esse ponto pode ser o gelo (0°C) ou o ponto triplo da água (0,01°C). Assim,
o laboratório pode dispor de um padrão de temperatura calibrado para cobrir a faixa de –40°C a 420°C, por
exemplo, na qual se concentram muitos serviços de calibração. Com ele, o laboratório pode calibrar, por
comparação, seus padrões de trabalho ou um padrão de transferência, formando sua cadeia interna de
rastreabilidade de padrões ou mesmo usá-lo como um padrão de trabalho.
A rastreabilidade desses termômetros pode ser feita diretamente aos padrões do Inmetro ou aos padrões
dos laboratórios por ele credenciados. Nesse artigo, são mostradas as técnicas de calibração por
comparação e por pontos fixos, planilhas de cálculo de incerteza de medição, a cadeia de rastreabilidade
aos padrões nacionais e as características dos instrumentos.

Palavras-chave: Padrão, Termômetro, Digital.

Abstract - Programmable digital thermometers have turned out to be efficient temperature standards for the
laboratories accredited by Inmetro, through the Brazilian Net of Accredited Calibration Laboratories (RBC). In
addition to the advantage of incorporating the sensor and the indicator in a single measurement system and
cover a large temperature range, they can have their calibration updated by the user through measurements
in a temperature fixed point. This fixed point can be either ice point (0ºC) or water triple point (0,01ºC).
Consequently the laboratory can have a calibrated temperature standard to cover the range from –40ºC up
to 420ºC, for instance, which concentrates many calibration services. Therefore the laboratory can calibrate
by comparisons its work-standards or a transfer standard, forming its internal standard traceability chain or
even use it as a work-standard.
The traceability of these thermometers can be directly achieved either to the standards of Inmetro or to the
standards of the laboratories accredited by Inmetro. This paper shows the calibration techniques for
comparison and fixed points, measurement uncertainty budgets, the traceability chain to national standards
and the characteristics of instruments.

Key-words: Standard, Thermometer, Digital

Introdução temperatura de -40°C a 420°C, possuem valor de


uma divisão não inferior a 0,5°C. Para cobrir essa
Termômetros digitais são utilizados pela indústria, faixa de temperatura, com instrumentos com valor
centros de pesquisa e laboratórios de calibração de uma divisão de 0,1°C, são necessários,
como um instrumento prático para medir normalmente, 9 TLVs. Entretanto, tanto as
temperatura. Além de possuírem a vantagem de medidas dos TLVs quanto as medidas da maioria
cobrir uma ampla faixa de temperatura, eles têm dos termômetros digitais ainda têm de ser
um mostrador digital que facilita a leitura, em corrigidas, quando eles são calibrados, pois a
relação aos termômetros analógicos. escala dos TLVs ou a memória dos termômetros
Os termômetros de líquido em vidro (TLVs), por digitais não pode ser regravada usualmente.
exemplo, que ainda competem com os A fim de solucionar esse problema, foram criados
termômetros digitais em custo, facilidade de termômetros digitais programáveis. Esses instru-
manuseio e transporte, quando são mentos, normalmente, admitem a programação
manufaturados para cobrir uma faixa de apenas quando empregam sensores do tipo
termômetros de resistência de platina (TRPs). Os O fluxograma da cadeia de rastreabilidade dos
valores dos coeficientes e parâmetros obtidos na termômetros digitais programáveis exibido
calibração são gravados na memória do anteriormente, mostra como a incerteza dos
termômetro, que passa a indicar temperatura, pontos fixos do Inmetro chega até o usuário final,
com uma dada incerteza, sem a necessidade de ou seja, os outros laboratórios industriais,
se corrigir a leitura. laboratórios credenciados pela RBC, laboratórios
A partir dessa calibração, o usuário passa a de instituições de ensino, etc. Essa cadeia de
atualizar os valores de Ro (resistência medida no rastreabilidade é semelhante à cadeia de
ponto do gelo) ou Rpta (resistência medida no calibração de termômetros digitais comuns e de
ponto triplo da água) com uma certa termopares, mostrada em [3,4].
periodicidade, que depende da frequência de uso
e das incertezas de calibração. A atualização Metodologia das Calibrações
desse parâmetro, na memória do termômetro
digital, permite manter a validade da calibração Calibração por Pontos Fixos do Termômetro
até que as variações em Ro (ou em Rpta) Padrão de Resistência de Platina de 25 Ω e
ultrapassem o valor da incerteza do conjunto avaliação do conjunto sensor + indicador padrão.
sensor + indicador neste ponto, ou supere o valor Inicialmente, o termômetro padrão de resistência
de 0,05°C [1], apenas para o sensor. Porém, é de platina é calibrado por pontos fixos, na faixa de
importante realizar algumas calibrações -38,8344°C a 419,527°C, por exemplo, utilizando
consecutivas do termômetro, a fim de se estudar os seguintes pontos: ponto triplo do mercúrio –
a estabilidade do conjunto sensor + indicador a Hg – (-38,8344°C), ponto triplo da água – H2O –
longo prazo . (0,01°C), ponto de fusão do gálio – Ga –
Assim, o usuário pode controlar a calibração do (29,7646°C), ponto de solidificação do estanho –
termômetro digital e determinar a periodicidade Sn – (231,928°C) e ponto de solidificação do
de sua calibração. zinco – Zn – (419,527°C). As realizações desses
pontos fixos está descrita em [5].
Cadeia da Rastreabilidade da Calibração dos Na faixa de temperatura de -38,8344°C a
Termômetros Digitais Programáveis 29,7646°C são realizadas medições nos pontos:
Hg, H2O e Ga para se obter os coeficientes A5 e
Os laboratórios credenciados pela RBC calibram B5. Na faixa de temperatura de 0,01°C a
seus termômetros digitais padrão por comparação 419,527°C são realizadas medições nos pontos:
contra termômetros padrão de resistência de H2O, Sn e Zn para se obter os coeficientes A8 e
platina, que por sua vez, são calibrados por B8. Esses coeficientes, mais o último valor de
pontos fixos no Inmetro, os quais estão incluídos resistência do TPRP, medido no ponto triplo da
entre os 17 pontos fixos de definição da Escala água, são inseridos na memória do super-
Internacional de Temperatura de 1990 (EIT-90) termômetro Hart 1575. A seguir, é realizada uma
[2]. Esses termômetros digitais padrão podem ser nova medida com o TPRP no ponto triplo da
utilizados como padrão de referência do água, utilizando o mesmo termômetro Hart 1575
laboratório ou padrão de trabalho, dependendo como medidor. As leituras são feitas em graus
das incertezas com que se deseja trabalhar. Celsius e caso o valor seja diferente da
temperatura do ponto triplo da água, ou seja,
0,01°C, as leituras passam a ser realizadas em
resistência. Grava-se o novo valor de Rpta na
memória para que o termômetro indique a
temperatura correta (0,01°C). Com isso, está
atualizada a calibração do termômetro digital
programável Hart 1575, habilitando o conjunto
indicador + sensor para ser usado como padrão
de temperatura.
A calibração do resistor padrão interno do super-
termômetro Hart 1575, normalmente usado
(100Ω), é confrontada realizando-se medições em
resistores padrão calibrados de 10Ω, 25Ω e
100Ω. Porém, a linearidade e o desempenho
do conjunto sensor + indicador padrão é checada
em alguns pontos fixos, tais como: os pontos
triplos da água e do mercúrio e do ponto de fusão
do gálio. Valores de temperatura no termômetro
Figura 1 - Cadeia da rastreabilidade dos termômetros digitais Hart normalmente encontrados são, por exemplo:
programáveis. -38,8325°C, 0,0105°C e 29,7637°C, para esses
pontos fixos referidos, demonstrando que os
desvios encontrados para as temperatura de
realização dos ponto fixos estão cobertos pelas 232°C (Sn) e 420°C (Zn), a fim de se obter os
incertezas do super-termômetro Hart 1575 coeficientes A8 e B8, conforme é descrito a
somadas quadraticamente com as incertezas do seguir:
TPRP, resultando incertezas em torno de ±7mK Com o termômetro digital em calibração operando
(k = 2). como um ohmímetro, são realizadas medições
Na figura 2 são mostrados: a ponte de resistência da grandeza resistência elétrica, em um certo
ASL, modelo F18, conectada aos resistores número de pontos, mencionados anteriormente
padrão e interfaceada com um computador PC, e, para as faixas de temperatura desejadas. Em
da direita para esquerda: o criostato Isotech, com cada temperatura t, determinada pelo padrão, o
a célula do ponto triplo do mercúrio Isotech, e termômetro digital mede a resistência Rt do TRP
dois fornos Hart 9114, para realização dos pontos e, logo após esta medição, é realizada uma
fixos do índio, estanho e zinco. Depois dos fornos medida no ponto triplo da água Rpta. Forma-se
Hart 9114, estão ao fundo, um forno Leeds & então, uma série de pares de pontos, nos quais
Northrup (utilizado para recozimento de sensores) se correlacionam as temperaturas t com as
e, por último, um banho Isotech para conserva- razões de resistência W, em que W = Rt / Rpta.
ção do ponto triplo da água. Assim, contando com a primeira medição no
ponto triplo da água, tem-se a seguinte sequência
de pontos na calibração de um termômetro digital
na faixa de -39°C a 420°C: Rpta => R420°C =>
Rpta => R232°C => Rpta para se calcular A8 e
B8 e R30°C => Rpta => R-39°C => Rpta para
se calcular A5 e B5.
A função desvio da EIT-90 para a faixa de -39°C
a 30°C é dada pela expressão: W(90) – Wr =
A5. (W –1) + B5. (W-1)2 e a função desvio da EIT-
90 para a faixa de 0°C a 420°C é dada pela
expressão: W(90) – Wr = A8 . (W –1) + B8 . (W-
1)2 . Wr é a razão de resistência de referência da
EIT-90 para calibração de TPRP na faixa de
13,8033 K a 961,78°C. Na faixa negativa, ela é
obtida por um polinômio do décimo segundo grau
e na faixa positiva, ela é obtida por um polinômio
do nono grau.
Figura 2 – Laboratório de Termometria do Inmetro (módulo 2):
Equipamentos utilizados na calibração por pontos fixos

Calibração por Comparação do Termômetro


Digital Programável em conjunto com Sensor
Termoresistivo. 1 4

Na calibração por comparação, o conjunto TPRP


+ super-termômetro Hart 1575 determina a
temperatura (V.V.C.) do banho termostático. A
calibração é feita da temperatura mais alta para a 2
temperatura mais baixa, a fim de estabilizar o
sensor do mensurando.
Dependendo do tipo de equação com que o 5
termômetro digital programável opera são
determinados os pontos de calibração. 3

Exemplo 1:
Para um termômetro que trabalha com as funções
desvio da Escala Internacional de Temperatura
de 1990, na faixa de –39°C a 420°C, por
exemplo, são determinados quatro pontos de
calibração, do mesmo modo como foi descrito Figura 3 – Laboratório de Termometria do Inmetro – Later
(módulo 1): Equipamentos utilizados na calibração por
para o termômetro digital Hart 1575, ou seja, na comparação, onde estão identificados: 1) termômetro digital
faixa negativa, as medições são realizadas nas programável Presys ST 501R; 2) termômetro digital
temperaturas aproximadas de –39°C (Hg) e 30°C programável Hart 1575; 3) Scanner Hart 1590; 4) Banho
(Ga), a fim de se obter os coeficientes A5 e B5, Tamson com óleo silicone DC 200/50 (que opera na faixa de
40°C a 200°C) e 5) Banho de sal liquefeito Hart 6055 (que
enquanto que na faixa positiva, as medições são opera na faixa de 150°C a 550°C).
realizadas nas temperaturas aproximadas de
Um termômetro digital programável Presys, Em seguida, esses coeficientes mais o último
modelo ST-501R, calibrado por comparação em Rpta medido (100,0060Ω) foram inseridos na
banhos termostáticos no Later, é mostrado na memória do termômetro e foram realizadas
figura 3, junto com o termômeto digital Hart 1575 comparações nas temperaturas mostradas nas
e os banhos termostáticos. O sensor padrão e o tabelas 4 e 5 abaixo:
sensor mensurando são inseridos no meio
térmico praticamente na mesma profundidade Tabela 4: Valores de temperatura versus desvios da
calibração do termômetro digital programável Presys ST
(250 mm), sendo que os banhos tiveram suas 501R, na faixa de –39°C a 30°C (em função de A5 e B5).
não-uniformidades térmicas avaliadas
previamente. Temperatura/°C Desvio/°C
Na calibração de um termômetro digital 29,765 0,009
programável Presys ST 501R em conjunto com
-38,834 -0,003
um TRP (pt-100), realizada em 2001, no Later,
foram encontrados os seguintes resultados : Tabela 5: Valores de temperatura versus desvios da
calibração do termômetro digital programável Presys ST
Tabela 1: Valores de resistência versus temperatura da 501R, na faixa de 0°C a 420°C (em função de A8 e B8).
calibração do termômetro digital programável Presys ST
501R, na faixa de –39°C a 420°C. Temperatura/°C Desvio/°C

419,508 -0,013
Rpta antes Rt (resistência Temperatura Rpta após 300,132 0,022
do ponto/Ω medida na t/°C o ponto/Ω 250,001 0,015

temperatura t)/Ω 200,569 0,029


200,570 -0,003
100,0080 253,6798 419,526 100,0005
190,869 0,034
100,0005 187,4728 231,929 100,0095
162,944 0,027
100,0095 111,5860 29,765 100,0095
100,0095 84,7327 -38,834 100,0060 Planilhas de Incertezas

As medições Rt e de Rpta após cada temperatura Em seguida, é apresentado um exemplo da


t foram utilizadas para calcular W = R(t) / R(pta), planilha de cálculo de incertezas na calibração do
obtendo-se os resultados declarados na Tabela2 : termômetro programável Presys ST 501R, para a
faixa de –39°C a 420°C.
Tabela 2: Valores de W = Rt / Rpta versus temperatura da
calibração do termômetro digital programável Presys ST Tabela 6 – Planilha de incerteza de calibração do termômetro
501R, na faixa de –39°C a 420°C. digital programável Presys ST 501R na temperatura de 420°C
(todos valores estão em °C)
Temperatura/°C W = Rt / Rpta
Temperatura 420°C
419,526 2,536 785
Componentes da avaliação da temperatura do meio térmico
231,929 1,874 549
1. Incerteza do TPRP (Utprp) 0,0060
29,765 1,115 754
2. Incerteza do termômetro 1575 para Rx (UtdpRx) 0,0030
-38,834 0,847 276
3. Incerteza do term. 1575 para Rpta (UtdpRpta) 0,0076
4. Resolução do termômetro 1575 (Ures) 0,0001
Com esses valores de T versus W, foram 5. Desvio padrão do Padrão (Usp) 0,0001
calculados, em um programa desenvolvido no
6. Incerteza do gradiente do banho (Ugrad) 0,0050
Inmetro, na linguagem Visual Basic, os seguintes
coeficientes Tabela 3 : Componentes da avaliação da temperatura de URo
7. Estabilidade do sensor TRP (Uest) 0,0230
Tabela 3: Valores dos coeficientes das funções desvio da EIT- 8. Incert. do term. digital em Rpta ou Ro (UtdRo) 0,0064
90, para calibração do termômetro digital programável Presys 9. Incerteza do Ponto do gelo ou Pta (Uo) 0,0001
ST 501R, na faixa de –39°C a 420°C.
10. Resolução do mensurando (Ures) 0,0010
11. Des. pad. das leituras em Ro ou Rpta (UdpRo) 0,0010
Coeficiente Valor
Componentes da avaliação da temperatura de URx
A8 = -2,0808216E-02 12. Desvio padrão das leituras em Rx (UdpRx) 0,0013
B8 = -6,5305495E-05 13. Incerteza devido à linearidade (Ulin) 0,0245
A5 = -2,0567729E-02 14. Resolução do mensurando (Ures) 0,0010
B5 = -3,0580653E-04 15. Incerteza do term. digital em Rx (UtdRx) 0,0073
Incerteza combinada ( k=1 ) => Uc = 0,0426

Incerteza expandida ( k=2 ) => Ue = 0,0868


Nessa planilha, as incertezas oriundas dos pontos menos um (n-1). No exemplo abordado,
padrões (TPRP e super-termômetro Hart 1575) e este componente foi igual a ±0,0245°C, para a
dos meios térmicos estão agrupadas para definir faixa de 30°Ca 420°C, sendo o maior
a incerteza da temperatura t, do ponto em componente que, juntamente com a incerteza da
calibração. Já as incertezas provenientes do estabilidade do TRP, fez com que as incertezas
mensurando, estão agrupadas em URx e URpta, expandidas alcançassem os valores da tabela 7.
para definir as contribuições para o mensurando
quando ele mede a resistência na temperatura t e Tabela 7 - Valores das incertezas na faixa de –39°C a 420°C.
no ponto triplo da água, respectivamente. Por
isso, alguns componentes aparecem duas Faixa de Incerteza / ± °C
temperatura (k=2)
vezes, tais como a resolução do termômetro
mensurando, o desvio padrão das leituras -39°C até 30°C 0,038
(quando se mede Rpta e Rx) e a incerteza do >30°C até 232°C 0,073
termômetro digital em Rx e em Rpta. As
>232°C até 420°C 0,087
incertezas do ponto triplo da água, o desvio
padrão das leituras do TPRP nesse ponto e a
resolução do termômetro Hart 1575, não
aparecem na planilha, para serem combinadas Exemplo 2:
com UtdpRo, pois são da ordem de 0,1 mK e Nesse exemplo, um termômetro digital
portanto, negligenciáveis. programável da Presys, do mesmo modelo que o
A incerteza proveniente do sensor TRP anterior (ST-501) em conjunto com um pt-100
(estabilidade) neste exemplo: 0,023°C é bem Hart, modelo 5626, foi calibrado na faixa de 0°C
significativa como contribuição, pois ela é a 660°C, em 2002, com incertezas bem menores
propagável em função de W, uma vez que afeta para a estabilidade do sensor (±0,002°C) e
os valores do denominador da razão Rx / Rpta. A linearidade do conjunto sensor + indicador
estabilidade do sensor, avaliada como a maior (±0,004°C), resultando nas incertezas mostradas
variação em Rpta, poderia ser minimizada, com a na tabela abaixo:
repetição do ponto, porque a diferença entre a
medida de Rpta anterior ao ponto e a posterior Tabela 8 - Incertezas de calibração de um termômetro digital
Presys na faixa de 0°C a 660°C
ao ponto, não significa necessariamente uma
instabilidade em W. Porém, o valor de Rpta que
será gravado na memória do termômetro é o Faixa de Incerteza / ± °C
último, e por isso, a amplitude da variação de temperatura (k=2)
Rpta deverá ser computada como incerteza do 0°C 232°C 0,022
tipo retangular. >232°C até 420°C 0,026
Já a incerteza devido à linearidade do conjunto
sensor + indicador é afetada tanto pela >420°C até 660°C* 0,033
linearidade do indicador, o qual não sofre
correções quando mede resistência elétrica, * - Calibração realizada no ponto fixo do alumínio
quanto ao sensor que pode não atender aos
critérios da EIT-90 para ser padrão de
interpolação da escala. Esses critérios, na faixa A partir de medições em 3 pontos fixos: 1)
de temperatura em questão, isto é, -39°C a Alumínio (660.323°C); 2) Zinco (419.527°C) e 3)
420°C, menciona valores mínimos e máximos Estanho (Sn) são estabelecidos valores de T
para W nos ponto do mercúrio e gálio, quais versus W, para calcular, no mesmo programa em
sejam: WHg ≤ 0,844235 e WGa ≥ 1,11807. Visual Basic, os coeficientes para a seguinte
A incerteza devido à linearidade do conjunto função desvio da EIT-90, na faixa de 0°C a
indicador + sensor pode ser afetada também pelo 660°C: W – Wr = A7 (W - 1) + B7(W – 1)2 +
processamento dos parâmetros e equações, os C7(W – 1)3. Os coeficientes estão na tabela
quais sofrem arredondamentos e truncamentos abaixo:
em relação aos valores originalmente calculados
pelo programa em Visual Basic. Tabela 9 - Valores dos coeficientes das funções desvio da
Isso sem contar com a contribuição das EIT-90, para calibração de um termômetro digital programável
Presys ST 501R, na faixa de 0°C a 660°C.
incertezas correlacionadas tanto no cálculo dos
coeficientes quanto nas medições de Rx e Rpta
Coeficiente Valor
com o mesmo instrumento. Essas contribuições,
que não foram avaliadas isoladamente, estão A7 = -2,4444486E-04
presentes quando se avalia a linearidade do B7 = 2,6437916E-07
conjunto sensor + indicador.
C7 = -6,0593876E-06
A incerteza devido à linearidade é calculada como
sendo a raiz quadrada do somatório dos desvios
elevados ao quadrado, dividido pelo número de
Os coeficientes, uma vez inseridos na memória KAYE, na faixa de -39°C a 300°C: Rpta =>
do termômetro digital, proporcionaram um bom R300°C => Rpta => R157°C => Rpta => R-39°C
desempenho, como pode-se observar nos => Rpta para se calcular A4, C4, alpha e delta,
desvios de temperatura, os quais foram menores exibida na tabela 11, abaixo:
do que os encontrados para o exemplo1, devido,
principalmente à qualidade do TRP empregado. Tabela 11 -- Valores de resistência versus temperatura da
calibração da ponta de prova inteligente KAYE (200Ω), na
Tabela 10 - Valores de temperatura versus desvios da faixa de –39°C a 300°C, em 2000.
calibração de um termômetro digital programável Presys ST
501R, na faixa de 0°C a 660°C (em função de A7, B7 e C7). Rpta antes Rt (resistência Temperatura Rpta após
do ponto/Ω medida na t/°C o ponto/Ω
Temperatura/°C Desvio/°C
temperatura t)/Ω
660,323 -0,009
199,961 423,072 299,975 199,961
419,522 -0,006
199,961 318,884 156,600 199,961
349,927 -0,007
199,961 169,197 -38,834 199,961
271,419 -0,007
200,286 -0,008
Com esses valores de T versus R, foram
29,876 0,003
calculados, em um programa Kcall, na linguagem
0,010 0,002 Basic, os seguintes coeficientes (Tabela 12) :

Exemplo 3: Tabela 12 -- Valores dos coeficientes da função de


Para um termômetro que trabalha com as funções interpolação, com valores de temperatura da EIT-90, para
calibração de uma ponta de prova inteligente KAYE (200Ω),
baseadas na equação de Callendar tanto para na faixa de –39°C a 300°C.
Escala Prática Internacional de Temperatura de
1968 (EPIT-68) quanto para a Escala Coeficiente Valor
Internacional de Temperatura de 1990 (EIT-90),
A4 = -2,0444751E-02
na faixa de –40°C a 300°C, por exemplo, são
determinados quatro pontos de calibração, sendo C4 = -3,0891662E-04
que um é obrigatoriamente 0°C, dois são os Alpha = -2,0781297E-02
extremos da faixa e o outro, intermediário, pode
Delta = -7,9488610E-04
estar situado entre ao ponto de ebulição da água
(100°C) e o ponto de solidificação do índio
(156,5985°C). Após a programação da memória com os
O sensor tem o valor nominal de 200Ω, montado coeficientes e Ro, o instrumento foi comparado
em haste longa (600mm) e possui uma placa contra o padrão nas temperaturas indicadas na
conversora em seu cabeçote, a qual digitaliza as tabela 13:
medidas de resistência elétrica e as transmite
Tabela 13 - Valores de temperatura versus desvios da
para a porta serial de um computador PC. Um
calibração de uma ponta de prova inteligente KAYE (200Ω),
programa denominado Kcall processa os dados e na faixa de –39°C a 300°C.
permite que se calcule os coeficientes A4, C4,
alpha e delta a partir dos quatro pontos medidos Temperatura/°C Desvio/°C
em resistência. Em seguida, as constantes são -38,8344 -0,006
inseridas na memória do circuito eletrônico
através do mesmo programa e o instrumento, 25,1698 0,003
também denominado de ponta de prova 48,1961 -0,002
inteligente KAYE, pode ser testado, fazendo-se o 100,5785 -0,002
mesmo tipo de comparação citado anteriormente,
ou seja, em pontos usados na calibração e pontos 156,5999 0,004
intermediários, a fim de se avaliar a linearidade 210,0055 0,001
de resposta em temperatura. Aliás, este é um tipo 249,9748 -0,001
de instrumento em que essa avaliação não
299,9748 0,001
oferece outra alternativa, pois o circuito não
disponibiliza os dados para que eles possam ser
medidos em um indicador na grandeza
resistência elétrica – somente o computador tem Nesse ano (2000), as incertezas calculadas por
acesso a eles. faixa de temperatura variaram de 0,012°C para a
Assim, contando com a primeira medição no faixa de –39°C a 48°C , chegando a 0,018°C para
ponto triplo da água (para depois ser convertida a faixa de temperatura de 210°C até 300°C, com
em Ro), tem-se a seguinte sequência de pontos k=2. Esses parâmetros seriam avaliados nas
na calibração da ponta de prova inteligente calibrações dos anos seguintes (2001 e 2002),
quando foram encontrados os seguintes
resultados: Tabela 16 - Valores de temperatura versus desvios da
calibração de uma ponta de prova inteligente KAYE (200Ω),
na faixa de –39°C a 300°C, em 2002.
Em abril de 2001, após realizar a primeira
medição no ponto triplo da água e convertê-la
para o ponto do gelo (0°C), o valor em resistência Temperatura/°C Desvio/°C
da ponta de prova tinha a mesma média anterior, -38,8344 0,017
ou seja 199,671°C. Percebeu-se que a calibração
de 2000 ainda podia estar válida, então 0,0100 0,003
comparou-se as indicações do instrumento em 29,7646 -0,002
temperatura com o padrão nos pontos mostrados 41,0489 0,001
na tabela 14:
169,9640 -0,001
Tabela 14 - Valores de temperatura versus desvios da 250,5839 0,005
calibração de uma ponta de prova inteligente KAYE (200Ω),
na faixa de –39°C a 300°C, em 2001. 300,0114 0,001

Temperatura/°C Desvio/°C Mais uma vez, os coeficientes foram mantidos na


memória do instrumento (com exceção de C4 –
-38,8344 0,016 que atua na faixa de temperaturas negativas), e
29,7646 -0,007
ainda assim, a incerteza para a faixa negativa foi
aumentada, pois o desvio foi elevado (0,017°C).
59,1942 -0,003 Na tabela abaixo, encontram-se os valores das
99,9752 -0,006
incertezas por faixa de temperatura:

150,2003 -0,008 Tabela 17 - Incertezas de calibração de uma ponta de prova


inteligente KAYE (200Ω), na faixa de –39°C a 300°C, em
193,9705 -0,001 2002.
231,9300 0,000 Faixa de Incerteza / ± °C
temperatura (k=2)
300,1533 0,000
-39°C até 0°C 0,022

>0°C até 157°C 0,015


Os coeficientes foram mantidos na memória do
instrumento, porém a incerteza para a faixa >157°C até 300°C 0,019
negativa foi aumentada, pois o desvio foi elevado
(0,016°C). Na tabela abaixo, encontram-se os
valores das incertezas por faixa de temperatura: Discussão e Conclusões

Com relação ao desempenho dos termômetros


Tabela 15 - Incertezas de calibração de uma ponta de prova digitais programáveis ao longo do tempo, pode-se
inteligente KAYE (200Ω), na faixa de –39°C a 300°C, em
2001. dizer que ele depende, basicamente da
estabilidade do sensor, como pode-se constatar
Faixa de Incerteza / ± °C nos exemplos 1 e 2 e da linearidade do conjunto
temperatura (k=2) indicador + sensor, como ficou evidenciado do
-39°C até 0°C 0,019
exemplo 3, no qual o instrumento foi calibrado por
três anos seguidos, apresentando um desem-
>0°C até 157°C 0,016 penho satisfatório na faixa positiva, com as
>157°C até 300°C 0,019
incertezas cobrindo sempre os desvios
encontrados, quando o instrumento era compa-
rado contra o padrão na grandeza temperatura
(inclusive chegou a ser testado no ponto fixo do
Em 2002, verificou-se o mesmo desempenho, isto gálio (29,7646°C) em que apresentou uma
é, o instrumento apresentava pequenos desvios diferença de 2mK). Contudo, na faixa negativa, a
na faixa de 0°C a 300°C e um ligeiro aumento na calibração sofreu uma deriva, de tal modo que,
faixa negativa, empregando-se os mesmos após se recalcular o coeficiente C4, a diferença
coeficientes e o mesmo Ro. Assim, foram (desvio) permaneceu em torno de 0,017°C.
constatados os seguintes desvios mostrados na Outro exemplo de instabilidade de leituras do
tabela 16, após uma mudança no valor de C4, conjunto sensor + indicador está demonstrado na
que foi recalculado para: C4 = 3,816569E-13 tabela 5, quando o padrão mediu duas vezes o
ponto 200°C, com variação de 0,001°C, enquanto
o mensurando variou cerca 0,032°C.
Quando o conjunto sensor + indicador não 2. H. Preston-Thomas – “The International
apresenta este tipo de problema, a calibração Temperature Scale of 1990 (ITS-90) ” , Metrologia
original de um TRP pode ser mantida atualizando- 27, 1990, pp. 3-10.
se os valores de Rpta ou Ro, na memória do
termômetro digital, ao longo do tempo. Isso, fica
mais evidente em relação ao desempenho do 3. S.G. Petkovic, J.F.N. Santiago, R. S. França –
TPRP e do termômetro digital utilizados pelo AS MEDIÇÕES DE TEMPERATURA E SUA
Later, que, após a atualização do valor de Rpta RASTREABILIDADE NO LABORATÓRIO DE
na memória do termômetro digital, é testado em INTERFEROMETRIA DO INMETRO, anais do
pontos fixos, tais como mercúrio, gálio, índio e evento Metrologia 2000 (ENLAB) , São Paulo,
estanho, apresentando desvios em temperatura 2000, pp 132-141
sempre menores do que as incertezas do
termômetro digital com TRP. Esses testes 4. S. G. Petkovic , F.A..L. Goulart, M. S. Monteiro,
comprovam não só a estabilidade e linearidade CALIBRAÇÃO DE TERMOPARES POR
do conjunto indicador + sensor, como permite PONTOS FIXOS NO INMETRO - A
dilatar o prazo de calibração do TPRP. RASTREABILIDADE DESSES PADRÕES NA
RBC, anais do evento Metrologia 2000 (Metropt),
Agradecimentos São Paulo, 2000, pp 227-238 .

Os autores agradecem aos senhores Vinícius, 5. H. Preston -Thomas, B. Bloembergen,


Rafael, Pércio e André, da empresa Presys e ao T.J.Quinn,– “Supplementary Information for the
Sr Marcos Oliveira, da empresa B.Braun, pelo International Temperature Scale of 1990”, 1990,
apoio técnico. Monograph CCT/WG1 – BIPM, pp 29-78.

Referências

1. Critérios adicionais para credenciamento de


laboratórios na área de temperatura pela Rede
Brasileira de Calibração, 2001, documento
elaborado pelo Comitê Técnico de Temperatura
(CT-6).

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