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TERRA LIVRE

PARA A CRIAÇÃO DE UM COLECTIVO AÇORIANO DE ECOLOGIA SOCIAL

BOLETIM Nº10 JULHO DE 2009

- ECOTURISMO NA CULTURA DE CONSUMO: POSSIBILIDADE


DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL OU ESPECTÁCULO

- TRIUNFO DOS POVOS AMAZÓNICOS

- PETIÇÃO- PELA CULTURA CONTRA A BARBÁRIE


ECOTURISMO NA CULTURA DE CONSUMO:
POSSIBILIDADE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL OU
ESPECTÁCULO

Pesquisa da ESALQ revela que lógica do mercado investigar tais questões, o objetivo central da
permeia oferta de roteiros ecológicos
pesquisa foi averiguar a existência de uma
Os números de mercado do ecoturismo preocupação com a educação ambiental nas
alcançaram a casa dos 30% ao ano, segundo atividades e pacotes ecoturísticos comercializados.
estatísticas que demonstram seu desenvolvimento
A pesquisa tem como pano de fundo constatações
mundial. “Estes são os maiores índices dentro do
de um estudo sobre a condição da
campo do turismo, contudo, tal desenvolvimento
contemporaneidade, da qual o autor destaca que as
parece não ser acompanhado por uma crescente
questões da velocidade e das fragmentações pós-
preocupação com a prática de uma educação
modernas e a superficialidade, que partir delas
ambiental”. Esta afirmação está presente na
surge como conseqüência, são essenciais para a
dissertação de Mestrado “Ecoturismo na Cultura
compreensão do tempo atual e de seus fenômenos:
de Consumo: possibilidade de educação ambiental
a cultura de consumo, a sociedade do espetáculo e
ou espetáculo?”, de autoria de Hélio Hintze,
o ecoturismo neste contexto Para tanto, fora
apresentada ao programa de pós-graduação em
realizado levantamento bibliográfico referente ao
Ecologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz
tema e, ao mesmo tempo, procurou mensurar a
de Queiroz” (USP/ESALQ). O estudo teve
preocupação com a educação ambiental nas
orientação do professor Antonio Ribeiro de
atividades desenvolvidas pelas operadoras de
Almeida Junior, do departamento de Economia,
ecoturismo. A partir disso, foram entrevistados
Administração e Sociologia (LES) da ESALQ e
proprietários e gerentes de operadoras de
abordou o ecoturismo, sua origem e contexto a
ecoturismo da cidade de São Paulo, todas
partir de suas relações com a cultura do consumo,
membros da ABETA – Associação Brasileira de
que obedece à lógica da busca incessante pelo
Turismo de Aventura. A coleta de dados ocorreu
lucro.
por meio de entrevistas com questões abertas e
Durante o desenvolvimento da pesquisa, Hintze foram propostas as seguintes questões: 1. Para que
procurou revelar a atual condição do ecoturismo levar pessoas (crianças, jovens, adultos, idosos)
no mercado turístico. Questiona ainda se esta para visitar a natureza?; 2. Sua empresa vê
atividade é a reafirmação do turismo convencional diferenças entre ecoturismo e turismo
sob uma nova ótica, como estratégia para sua ‘convencional’? 3. Como sua empresa vê a relação
manutenção e se devemos trabalhar a educação entre ecoturismo e educação ambiental? 4. Quanto
ambiental e procurar promover reflexões nos ao planejamento das atividades de educação
praticantes das atividades ecoturísticas. A fim de ambiental nas atividades ecoturísticas
comercializadas por sua empresa, há alguma marketing. Ser ecologicamente correto está
fundamentação teórica para o trabalho de campo? definitivamente na moda”, destaca.
5. Como são trabalhadas as questões da educação
Muitas operadoras turísticas têm se utilizado do
ambiental pelos condutores de grupos junto aos
ambiente natural apenas como cenário para a
turistas?
realização das atividades e a busca pelo consumo
da experiência no ecoturismo aproxima-o de seu
par, o turismo convencional. “As semelhanças
entre a prática do ecoturismo e a do turismo
convencional merecem questionamento, pois
obedecem aos ritmos que condicionam nosso
tempo. Se o ecoturismo busca ser uma alternativa
ao turismo convencional, não será apenas por ser
realizado em um ambiente natural ou por visitar
casas de pessoas de uma comunidade tradicional
que ele poderá obter tal chancela. Quanto à
questão do planejamento das atividades
educacionais, pudemos perceber nas falas dos
representantes das operadoras uma espécie de
consenso sobre o não embasamento conceitual de
tais atividades por eles praticadas”, lembra Hélio
Hintze.

De acordo com a pesquisa, existe explicitamente a


crença de que através de manuais ou materiais
impressos se faz educação ambiental por meio da
transmissão de informações a respeito do destino e
de sua complexidade. Mas o estudo aponta que
Segundo o pesquisador, a utilização do prefixo utilizar-se apenas de tais materiais é uma forma
“eco” funciona como um sedativo para a reducionista que reforça a fragmentação pós-
consciência das classes médias. “O uso moderna da compreensão do meio ambiente e,
mercadológico do eco atua como uma nova obviamente, das complexas relações ambientais e
roupagem para o que ainda pode ser antigo. Tudo sócio-ambientais que o compõem. Este tipo de
agora é eco. Por exemplo, postos de gasolina material pode ser utilizado se for associado a
ecológicos, ecoresorts, ecoempreendimentos, outras ações educativas. “Analisando criticamente
programas de Ecoeficiência em empresas de a produção deste tipo de material, constatamos
diversos ramos utilizam-se desta estratégia de que ela é uma prática espetacular, pois assumindo
ares de defensoras do meio ambiente, as empresas Texto de Caio Albuquerque, da Escola Superior
interessadas na manutenção de sua área de de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ),
exploração turística unem-se pela causa, publicado pelo EcoDebate, 16/06/2009.
produzindo apostilas para entregar a seus
http://www.ecodebate.com.br/2009/06/16/ecoturis
visitantes, agregado a causa ambiental ao seu
mo-na-cultura-de-consumo-possibilidade-de-
logotipo, por exemplo”, ressalta.
educacao-ambiental-ou-espetaculo/
A configuração mercadológica dos pacotes
ecoturísticos em ambientes naturais pode ser
flagrada por obedecer o mesmo ritmo intenso da
vida cotidiana dos ecoturistas e interferir de
maneira nem sempre adequada nos destinos de
viagens. “A viagem acaba por obedecer aos
mesmos ritmos da vida cotidiana dos ecoturistas.
Inclusive pela inserção irônica do “dia livre” em
roteiros ecoturísticos. Se o ecoturismo é uma
atividade praticada no tempo livre das pessoas,
como é possível haver um “dia livre” na
programação? Para além da ironia, tal dia tem a
função de período no qual se pode vender uma
programação local não incluída no pacote original.
Para as comunidades receptoras, a imposição vem
com a necessidade da adequação de seu modus
vivendi e da adaptação de seu lugar de vida para o
atendimento às demandas das operadoras e seus
clientes”, finaliza o pesquisador.

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TRIUNFO DOS POVOS AMAZÓNICOS

Após dois meses de intensa mobilização, os povos requisito de acordo prévio das comunidades para
da Amazónia peruana conseguiram enfrentar com empreender projectos na Amazónia.
êxito a repressão de um dos governos mais à
Dias depois, perante a férrea decisão dos povos
direita da América Latina, suscitaram ampla
amazónicos de prosseguir com as suas
simpatia nacional e internacional e estão a fazer
mobilizações e intensificar as acções, o presidente
retroceder os projectos de privatização do pulmão
do Conselho de Ministros, Yehude Simon,
do planeta. Haverá um antes e um depois de 9 de
comprometeu-se a derrogar os dois decretos e
Abril de 2009, dia em que começaram os cortes de
anunciou o levantamento do estado de sítio em
estradas e as tomadas de condutas que transportam
Bagua. Foi mais longe: na segunda-feira, dia 15,
gás e petróleo para o exterior. E haverá um antes e
durante um encontro com representantes indígenas
um depois de 5 de Junho, quando a firmeza de
na província de Chanchamayo, pediu desculpas
milhares enfrentou a militarização e o massacre na
aos povos amazónicos e assegurou que o governo
povoação de Bagua, próximo da fronteira com o
não vetará a Associação Interétnica para o
Equador.
Desenvolvimento da Selva Peruana (AIDESEP).
Depois da matança, o governo de Alan García
Apesar de fazer parte de um governo de direita,
começou a fazer marcha atrás em relação a alguns
Simon é o paradigma do guerrilheiro convertido
dos decretos legislativos (DL) mais polémicos.
em homem de Estado. Nos anos 80 foi
Primeiro foi suspensa a aplicação dos DL 1090 e
simpatizante activo do Movimento Revolucionário
1064 durante 90 dias pelo Congresso dominado
Tupac Amaru (MRTA), pelo que foi preso durante
pelo oficialista APRA e pelos seguidores do
o regime de Fujimori. Agora decidiu pôr os seus
processado ex-ditador Alberto Fujimori. O DL
conhecimentos sobre os movimentos sociais ao
1090, Lei Florestal e de Fauna Silvestre, deixa
serviço das transnacionais que procuram
fora do regime florestal 45 milhões de hectares, ou
apropriar-se dos bens comuns: água,
seja, 64 por cento dos bosques do Peru, com o que
biodiversidade, riquezas mineiras, madeireiras e
poderiam ser vendidos a transnacionais. Também
de hidrocarbonetos. Mas está a chocar com os
não é contemplado o facto de a maior parte das
mesmos actores que na guerra interna frustraram a
comunidades não terem titulado as suas terras. O
expansão do MRTA e do Sendero Luminoso para
DL 1064, Regime Jurídico para o Aproveitamento
a selva, os povos que defendem os seus territórios.
das Terras de Uso Agrário, deixa sem efeito o

O segundo grande sucesso dos povos amazónicos


é sintetizado por Hugo Blanco no mais recente
editorial de Lucha Indígena: «Pode ser que o
maior logro destas jornadas seja tornar visíveis O terceiro ensinamento desta mobilização é que
essas nacionalidades, tecendo laços entre os não importa a quantidade, mas a força. Os povos
diversos sectores do país, tão divididos por quem amazónicos agrupados na AIDESEP, são umas
nos domina. Ao defenderem a Amazónia, estão a 300 mil pessoas pertencentes a 1.350
defender a vida de toda a humanidade; e ao não comunidades, num país que ultrapassa 28 milhões
cederem perante os enganos do governo, estão a de habitantes. No entanto, a justeza da sua causa e
rescrever a história, recuperando para todos o a sólida decisão comunitária de lutar até ao fim,
sentido da palavra dignidade». fazendo dos seus territórios trincheiras e dos seus
corpos escudos, conseguiram travar a máquina de
As grandes marchas e as greves massivas
guerra estatal e granjear-lhes simpatias em todo o
registadas em todo o país no dia 11 de Junho,
país. Mostraram que não lutam para negociar, para
incluindo 30 mil manifestantes em Lima, a maior
obter algum benefício sectorial ou alguma
concentração desde os últimos dias do regime de
demanda disfarçada de direitos, mas para salvar a
Fujimori, evidenciam a solidariedade com os
vida e evitar que a natureza seja transformada em
povos amazónicos e o isolamento do governo de
mercadoria.
García. As tomadas de posição de dezenas de
organismos internacionais, incluindo alguns das Mostraram que quando se luta pela sobrevivência,
Nações Unidas, mostram que a simpatia para continuar a ser povos, de nada valem os
trespassou fronteiras. cálculos de custos e benefícios que têm levado à
crise ética e política de boa parte das esquerdas
De nada valeu a tentativa do presidente peruano
institucionais. Caminho muito similar ao que
de culpar a Bolívia e a Venezuela de instigar o
meses antes seguiram os nasas da Colômbia ao
protesto. Não só acusou os amazónicos de
porem em marcha a Minga pela Vida, também
terroristas, como sustentou que esses países
para evitar que o TLC com os Estados Unidos os
querem evitar que o Peru extraia petróleo e seja
sepulte como povo ao transformar os seus bosques
competidor. Os seus argumentos foram
em monoculturas para biocombustíveis. Estas
pulverizados pela contundência da mobilização.
lutas colocam em lugar destacado um necessário
Os povos amazónicos conseguiram inclusive que
debate sobre o desenvolvimento e os bens
se instalasse uma mesa de diálogo sem travar as
comuns, que alguns governos autoproclamados
suas acções. Quando começaram as sessões do
progressistas, como o do Brasil, deveriam ter em
Grupo Nacional de Coordenação para o
conta se não quiserem ser os coveiros da
Desenvolvimento dos Povos Amazónicos, no dia
Amazónia e dos seus povos.
15 de Junho, com a presença da Igreja católica,
das comunidades e da Procuradoria do Povo, o Raúl Zibechi; 19 de Junho de 2009
governo só conseguiu que os indígenas
Fonte: La Jornada
ampliassem de duas para quatro [horas] a abertura
(http://infoalternativa.org/spip.php?article965)
ao trânsito da estrada La Merced-La Oroya-Lima.
PETIÇÃO- PELA CULTURA CONTRA A BARBÁRIE

Touradas Onde Não São Tradição, Não!


Hoje, a tentativa desesperada de introduzir
touradas em São Miguel tem como objectivo
garantir a sobrevivência de uma indústria
que necessita de crescer, e que só sobrevive
graças a apoios governamentais e
autárquicos, e fazer com que aquelas
passem a realizar-se regularmente e se
transformem em tradição para que venham a
legalizadas, no futuro, as corridas picadas e
os touros de morte.
Considerando que a riqueza dos Açores está
na diversidade da cultura das suas ilhas, não
fazendo qualquer sentido touradas em São
Miguel como Cavalhadas de São Pedro na
Terceira ou donas amélias no Corvo, vimos
exigir para que:

Por todo o mundo e nomeadamente na


1- Não sejam promovidas nem apoiadas, com
Europa tem crescido o número de pessoas
recurso a dinheiros públicos, quaisquer
com preocupações com o bem-estar animal,
touradas nos Açores:
de tal modo que a própria União Europeia já
aprovou um conjunto de medidas com vista
à sua implementação nos vários estados
2- Seja aprovada legislação que proíba a
membros.
realização de touradas em ilhas onde as
mesmas não são tradição.
Não tendo qualquer tradição fora das ilhas
Terceira, e eventualmente, Graciosa e São
http://www.peticao.com.pt/touradas-nao
Jorge, as touradas à corda têm vindo a
realizar-se na ilha de São Miguel, com o
patrocínio quer de entidades públicas, quer
a elas associadas ou apoiadas
financeiramente.
ASSIM SE FAZ A GESTÃO DE RESÍDUOS
NA RIBEIRA GRANDE

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