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A História da Guitarra – Parte 1: do Alaúde ao Violão

Por Daniel Alegria De Marco | Publicado em 28/04/08


A guitarra é, sem dúvida alguma, o instrumento que melhor simboliza tudo aquilo
que o rock pretende mostrar. Não existe pessoa aficionada por música,
principalmente rock, que não conheça guitarras ou guitarristas. Poderíamos
inclusive nos arriscar a dizer que a guitarra é conhecida por todos, mesmo aqueles
que não estão especialmente "sintonizados" com música. De onde surgiu então
este instrumento de concepção tão simples e detalhes tão complexos, capaz de
fazer a alegria de milhares de pessoas?

Guitarra barroca feita pelo luthier


Giovanni Tesler, 1618

A guitarra teve sua origem nos violões, mas uma longa jornada foi trilhada para que hoje a
mesma tivesse as características a que estamos acostumados. A origem principal do violão
é a guitarra barroca, sendo que os exemplares mais antigos datam do final do século XVI.
Eram instrumentos pequenos, com braços e corpos bem menores que os dos violões atuais,
e parte traseira arredondada, feita pela junção de diversas ripas de madeira, como no casco
de um barco. Até o século XVIII, porém, muito pouco aconteceu na evolução da guitarra
barroca. Foi nessa época que se começou a usar, de forma mais generalizada, 6 cordas,
mesma quantidade que temos hoje.
Guitarra barroca atribuída ao
luthier René Voboam, século 17.
Notar o fabuloso trabalho de
entalhe com madrepérola e o
contorno do corpo trabalhado em
Marfim e Ébano.

Foi também nessa época que apareceram inúmeras tentativas de mudanças, com o objetivo
de alcançar um design que fosse portátil, prático de tocar e que garantisse um volume
sonoro suficiente para apresentações, visto que não existiam ainda métodos eletrônicos de
amplificar o som do instrumento. Com isso, apareceram instrumentos bastante
interessantes, normalmente mistos entre harpas e o que seria o violão que conhecemos
hoje.
Modelo de guitarra-harpa,
em forma de lira, feito pelo
luthier François Breton,
cerca de 1800. Notar a
utilização de 6 cordas e a
escala parecida com o
violão tradicional.

No entanto, nenhum dos modelos inventados (e foram muitos...) virou um padrão aceito.
Eram modelos pouco práticos de tocar e normalmente possuíam uma construção mais frágil
e intrincada do que os violões da época.
No final do século XVIII, o violão (ou guitarra romântica, como é chamado o violão dessa
época), já possuía uma caixa de ressonância maior, em forma de “8”, fundo plano, e quase
sempre com 6 cordas. No século XIX, começaram a surgir violões com uma aparência
similar a dos atuais. A caixa passou a ter a parte inferior mais larga, tomando a forma que
conhecemos hoje. No entanto, havia ainda diversos estilos de construção, não existindo
naquele momento uma arquitetura (sem contar afinação, quantidade de cordas, materiais
empregados, etc.) que pudesse ser considerada "universal". Mas, foi no final do século XIX
que o violão atualmente utilizado foi concebido, e inclusive podemos dizer que após isso
poucas mudanças aconteceram até os dias atuais.
Foto do conhecido violonista
Napoleon Coste, com alguns de seus
instrumentos, todos do século 19.
Reparar que o formato de corpo dos
instrumentos já possuía formas
bastante “atuais”.

Na Espanha, Antônio de Torres estabeleceu o que seria o padrão de construção do violão


clássico feito atualmente, com as cordas de nylon. As alterações de Torres foram realmente
profundas: o contorno do corpo tomou a forma atual e o comprimento da escala foi
redefinido para 650mm, dando mais tensão às cordas. Com essa nova tensão, foi redefinida
a estrutura do tampo e sua sustentação, criando o sistema de "bracing" utilizado até hoje
por luthiers e grandes fabricantes. Torres construiu 320 violões (dos quais 66 ainda existem
hoje) até 1892, quando faleceu. A contribuição de Torres dada aos violões "clássicos"
(equipados com cordas de nylon), ratificou a Espanha como um pólo tradicionalíssimo na
construção desse tipo de instrumento (sem falar na guitarra flamenca que, a princípio usada
apenas para esse gênero, possui atualmente construção bastante parecida com a clássica,
chegando inclusive a serem confundidas em alguns casos).
Apesar das transformações ocorridas com o instrumento na Espanha, no final do século XIX
ainda vivia-se sem usufruir da velocidade da informação de um mundo globalizado, e
portanto paralelamente ao trabalho de Torres outros esforços eram empreendidos com o
intuito de aperfeiçoar o violão.[ * retorna x>
Esta foto mostra um violão feito por Torres, o pai do
violão clássico moderno. Datado de 1860, possui linhas
bastante atuais. Reparar no detalhe da mão, onde as
tarraxas ainda eram de madeira, com afinação
garantida por atrito (usava-se pó de giz para aumentar
o atrito entre as peças e garantir a afinação).

A principal contribuição neste sentido foi dada por um luthier alemão que, como tantos
outros, resolveu cruzar o Atlântico em busca de oportunidades no novo mundo. Christian
Friederich Martin não imaginava que sua iniciativa criaria uma marca que ajudaria a
escrever a história da música do século XX e definiria um novo padrão na construção de
violões de cordas de aço.
Martin foi para os EUA no ano em que foi registrada uma das maiores chuvas de meteoritos
de toda a história. Não sabemos se durante a sua longa viagem ele teve a possibilidade de
observá-los do convés do navio e fazer algum pedido, mas o fato é que suas criações
obtiveram grande sucesso e definiriam o que viria a ser considerado o violão americano, ou
como é mais conhecido de todos, o violão de cordas de aço.
Martin estava acostumado a construir instrumentos baseados na tradicional escola européia,
altamente decorados e empregando materiais raros como marfim e madrepérola. Logo
percebeu que se quisesse ter sucesso na nova empreitada teria que adaptar seu estilo.
Afinal, seu mercado potencial era formado basicamente por pessoas modestas, que
trabalhavam duro e sem tempo para "pompas e circunstâncias". Usando sua experiência e
buscando soluções inovadoras, Martin simplificou os instrumentos, sem contudo abrir mão
da qualidade e cuidado na construção dos mesmos. Na prática isso pode ser verificado
através da adoção de uma mão simples (onde ficam as tarraxas), de linhas retas e sem
adornos, assim como um cavalete também de linhas retas. Também aumentou o tamanho
da caixa de ressonância, e aplicou uma de suas maiores invenções: a estrutura do tampo
em forma de X, conhecida como "X-bracing". Esta estrutura consiste basicamente em
reforçar o tampo internamente com 2 ripas formando um X, garantindo rigidez e
durabilidade, mas permitindo liberdade de vibração ao conjunto. No século seguinte, esta
estrutura caiu como uma luva no emprego de cordas de aço, suportando a tensão extra das
mesmas em relação às de nylon e ainda assim garantindo uma sonoridade forte e precisa.
Essa arquitetura de construção virou então o padrão utilizado nesse tipo de instrumento, e é
usada até hoje por praticamente todos os fabricantes. Nascia assim o violão de cordas de
aço, também chamado de violão folk.
X-bracing: a estrutura interna do tampo de um violão Martin, usada por inúmeros
fabricantes até os dias de hoje. Mão: esta foto mostra a mão de um violão Martin
modelo 2-27, de 1870. Repare que a mesma era simples, sem adornos e com linhas
retas.

Washburn modelo 355, de 1899. Totalmente inspirado


nos modelos da Martin, porém com boa qualidade de
materiais e acabamento.

Deve-se ressaltar que Martin não era, de forma alguma, o único nessa época a produzir
violões neste estilo. É claro que vários fabricantes prontamente se dispuseram a copiar o
desenho de Martin, o que contribuiu mais ainda para que o padrão fosse aceito. Entre estes,
podemos destacar a "Lyon and Healy". Fundada por Patrick Joseph Healy e George
Washburn Lyon em 1864, produzia instrumentos em grande quantidade e de muito boa
qualidade, e sua linha de instrumentos, a Washburn, ainda existe até hoje apesar de uma
história cheia de altos e baixos ao longo de todos esses anos.[ * retorna x>
Gibson L1, modelo de 1912, mostra um corpo de
tamanho pequeno em relação aos modelos posteriores.

Já no início do século XX, os violões de cordas de aço e nylon haviam atingido uma
maturidade plena em técnicas de construção e padronização. Pode-se inclusive arriscar
dizer que muito pouco aconteceu no sentido evolutivo desses instrumentos até hoje.
Ocorreram, sim, adaptações às novas realidades: madeiras raras foram substituídas por
outras, a fabricação de cordas alcançou mais precisão e a oferta de modelos aumentou. No
entanto, ainda existiam muitas idéias para se colocar em prática.
E assim, foi em 1902 que Orville Gibson, um habilidoso luthier, criou uma empresa com o
objetivo de construir bandolins e violões. No entanto, Gibson não queria construir
instrumentos como os que os outros faziam: queria aplicar seus conceitos de construção de
violinos e violoncelos aos bandolins e violões. Apareceram assim instrumentos com tampo e
fundos curvos esculpidos, e a tradicional boca redonda foi substituída por aberturas em
formas de "f". A ponte (ou cavalete), antes colada no tampo, passou a ser móvel, como nos
violinos, atuando como um transmissor das vibrações das cordas para o tampo e caixa de
ressonância. As madeiras empregadas passaram a ser similares às usadas nos violinos.
Nascia, além da Gibson que todos conhecem hoje, a guitarra de jazz.
Com as modificações realizadas por Gibson e com o aumento do tamanho da caixa de
ressonância, realizada nos anos 30, a guitarra conseguiu um substancial aumento de
volume sonoro. Os modelos lançados pela Gibson, particularmente L5 e Super 400, viraram
campeões de popularidade entre os grupos de jazz.

Gibson L7, modelo de 1937, já mostra uma caixa de


ressonância grande (17 polegadas na parte inferior mais
larga), com objetivo de garantir um volume de som
condizente com as necessidades da época, já que então a
guitarra elétrica ainda não podia ser considerada uma
realidade.

Nessa época, outras empresas disputavam o espaço com a Gibson no segmento de


guitarras de jazz. As principais eram a Stromberg e a Epiphone, criada pelo filho de um
imigrante grego, Epaminondas Stathopoulo. Inicialmente denominada "House of
Stathopoulo", teve seu nome mudado para "Epiphone Banjo Corporation", em 1928
(“Epiphone” é a combinação de “Epi”, apelido de Epaminondas, com “phone”, som em
grego). Com a morte de Epaminondas em 1940, e com a Segunda Guerra Mundial, a
Epiphone enfrentou diversas crises até ser vendida para a Gibson, em 1957.
No entanto, apesar de todas estas inovações, a proliferação das “Big Bands” nos anos 30
colocou a guitarra em uma posição delicada. Por mais bem construída que fosse, seu
volume sonoro não conseguia rivalizar com o dos metais e bateria. A idéia de aumentar o
volume a partir de agora seria recorrer à eletricidade.
Estava preparado o cenário para o nascimento da guitarra elétrica...

A História da Guitarra – Parte 2: a guitarra e o baixo


elétricos

Por Daniel Alegria De Marco | Publicado em 05/05/08


No artigo anterior, mostramos a “pré-história” da guitarra desde o século XV até o
início do século XX. Vimos que tal evolução foi motivada por vários fatores, mas
um dos principais foi a busca por um maior volume de som. Entretanto, mesmo
com todas as evoluções e aperfeiçoamentos implementados, a guitarra acústica
havia na década de 30 atingido o ápice no que diz respeito ao volume de som
produzido, sem amplificação através de algum dispositivo eletrônico. Esse
momento propício, durante as décadas de 30 e 40, alavancou diversas iniciativas
nesse segmento, o que culminou em uma situação peculiar: a guitarra elétrica não
teve um, mas alguns “inventores”.

Uma das principais iniciativas nesse sentido foi a do suíço Adolph Rickenbacker, então
radicado nos EUA. Rickenbacker fundou em 1925 uma empresa, denominada “Rickenbacker
Manufacturing Company”. Ao contrário do que possa parecer, Rickenbacker não fabricava
instrumentos musicais, mas sim partes de metal para as guitarras tipo “resonator” da
National (estas guitarras traziam uma interessante idéia acústica de ampliar o volume de
som, mas acabaram por se tornar praticamente um novo instrumento).
Adolph Rickenbacker e sua criação: a Frying Pan

A National, na figura do guitarrista e inventor George Beauchamp, também tentava usar a


eletricidade para fazer seus instrumentos “falarem” mais alto. Logo no início dos anos 30,
Beauchamp e Paul Barth, sobrinho de um dos donos da National, fizeram uma guitarra
experimental elétrica, com corpo circular e braço feitos de madeira e com um grande
captador eletromagnético. Esta guitarra ficaria conhecida como “Frying Pan” devido à sua
aparência, e seria considerada pela maioria a primeira guitarra elétrica construída.
O princípio de funcionamento dos captadores eletromagnéticos é bastante simples, e ainda
é utilizado até hoje. Uma bobina é imersa em um campo magnético e conectada a um
amplificador. As cordas (obrigatoriamente de material magnetizável – aço) são colocadas
para vibrar dentro do campo magnético gerado por esse imã. Essa vibração resulta em uma
alteração deste campo magnético, a qual causa uma variação de tensão nos terminais da
bobina, que é amplificada e acaba sendo transformada no som que ouvimos.
O captador da “Frying Pan” era feito de dois grandes ímãs envolvendo as cordas, com uma
bobina abaixo deles. Apesar de não ser a guitarra dos sonhos de qualquer guitarrista,
Rickenbacker, Beauchamp e Barth fundaram em 1932 a Ro-Pat-In, com o objetivo de
produzi-la em série. A Ro-Pat-In mudou seu nome nos anos 30 para Electro String
Instrument e em 1934 começaram a produzir guitarras sob a marca Rickenbacker Electro.
Nesta época, a Rickenbacker lançou a linha Electro Spanish, que nada mais era que uma
tradicional guitarra acústica de jazz com um captador similar ao da Frying Pan. Apesar das
vendas da Electro Spanish não terem sido animadoras, várias empresas haviam percebido
que esse era um caminho sem volta. Por isso, em 1936 a Gibson lançou a guitarra “Electric
Spanish”, modelo ES-150, que seguia a mesma idéia de Rickenbacker: uma guitarra
acústica de jazz com um captador montado próximo ao braço. Não é de surpreender que a
Gibson já possuísse know-how para um lançamento deste tipo: muitos acreditam
firmemente que o famoso engenheiro Lloyd Loar, principal responsável por grande parte das
criações da Gibson, havia realizado diversos experimentos (e com sucesso) relativos à
eletrificação de instrumentos, enquanto trabalhou na Gibson, de 1919 a 1924.
Apesar da novidade da captação elétrica, todas essas guitarras tinham uma característica
comum, que era a de serem apenas a eletrificação de modelos existentes. Ainda não se
ouvia falar em guitarras sólidas, com corpo feitos de madeira maciça.
Em tal momento surgiu em cena Lester William Polfus, também conhecido como Les Paul.
Em 1928, então com 12 anos, Les Paul entretinha com sua guitarra os clientes de uma
pequena lanchonete. Em suas apresentações, seu público sempre reclamava que não
conseguia ouvi-lo. Na tentativa de amplificar seu instrumento, Les Paul instalou um
captador de gravador e conectou-o ao rádio dos seus pais, usando o mesmo como
amplificador. Apesar dessa solução não ser ideal para grandes ambientes, fez Les Paul
pensar na viabilidade de construir uma guitarra sólida, preservando o som original das suas
primas acústicas.
Após anos de pesquisas e tentativas, Les Paul construiu um protótipo que foi chamado de
“The Log” (a tora). Ele levou sua criação para apresentá-la à Gibson, onde riram da sua
idéia. Les Paul havia aparafusado um braço de guitarra acústica em um pedaço retangular
de madeira com 2 captadores e prendido nele as laterais de uma guitarra acústica apenas
para que o resultado ficasse parecido com uma guitarra (mal imaginavam os executivos da
Gibson que futuramente lançariam guitarras famosas – ES 335, ES 355, etc. – com o
mesmo tipo de construção).

O protótipo da Les Paul: The Log

A iniciativa de Les Paul não foi a única. Em 1935, Rickenbacker havia lançado um modelo
maciço, porém de baquelite, além do modelo “Vibrola”, com um inovador (mas primitivo)
sistema de vibrato através de motores (essa guitarra era tão pesada que possuía um
suporte para que o músico pudesse tocá-la, pois era impossível pendurá-la).
Outros experimentos apareceram, e entre os mais importantes destaca-se a guitarra
Bigsby-Travis, de 1948. De todas as iniciativas até então, acredito que era a que mais se
aproximava das guitarras que conhecemos hoje. No entanto, sua produção foi restrita a
poucas unidades, e portanto não considera-se a Bigsby-Travis um modelo comercial.
No mesmo ano de 1948, George Fullerton uniu-se e Leo Fender para construir uma guitarra
que fosse maciça e pudesse ser produzida em massa. Criaram a “Broadcaster”, que existe
praticamente inalterada até hoje com o nome de “Telecaster”. A Broadcaster seria lançada
em 1950, e tornar-se-ia a primeira guitarra maciça comercializada em massa, mudando a
história para sempre.

A guitarra Fender Telecaster

Com o sucesso da Fender, a Gibson percebeu que havia dispensado uma grande idéia ao rir
da invenção de Les Paul. O próprio Les Paul conta que os executivos da Gibson foram
procurá-lo em 1951, e mostraram-se interessados em comercializar uma guitarra
desenhada por ele. Incrivelmente, a Gibson não queria colocar seu nome na mesma por
temer um fracasso, ao que Les Paul prontamente sugeriu que chamassem a guitarra de Les
Paul. E assim foi feito: em 1952 foi lançada a Gibson Les Paul. O sucesso da Les Paul foi
tanto que a mesma manteve-se inalterada até 1961, quando foi totalmente reestilizada (no
entanto, em 1968 sua versão original foi relançada, atendendo a pedidos).

A guitarra Gibson Les Paul

Todo esse sucesso das guitarras trouxe na carona um lançamento que traria profundas
mudanças na música: o baixo elétrico. Em 1951, Fender inovava com o lançamento do
baixo Precision. Até então, tocava-se baixo acústico, instrumento pouco portátil e sem
trastes. O Precision logo conquistou músicos de country, e até alguns de jazz, como Monk
Montgomery, da banda de Lionel Hampton. O Precision possuía o mesmo tipo de construção
da Broadcaster: braço em Maple aparafusado ao corpo, um captador, e estética bastante
similar à Broadcaster. Possuía também uma escala de 34 polegadas (padrão até hoje e
menor que a de um baixo acústico) com trastes.
O baixo Fender Precision

Mas o melhor ainda estaria por vir. Apesar do sucesso da Telecaster e da Les Paul, ainda
não havia aparecido aquela que se tornaria a vedete das guitarras. Em 1954, Leo Fender
mais uma vez mudaria a história lançando uma nova guitarra, a Stratocaster.
A Stratocaster traria várias importantes inovações. Seu corpo possuía um novo desenho, de
construção similar ao da Telecaster. Eletricamente, traria uma de suas grandes inovações,
através da adoção de 3 captadores de bobina simples (a Telecaster possuía 2) e com uma
chave de 5 posições que permitia diversas associações dos mesmos, permitindo portanto
uma grande variedade de sons. Seus captadores eram unidades de baixa impedância, com
um som mais brilhante e limpo, próximo dos instrumentos acústicos. Todo o circuito
elétrico, incluindo os captadores, era montado em uma placa acrílica removível. Isto
permitia que o circuito fosse todo montado fora da guitarra e posteriormente instalado na
mesma em apenas uma operação, fato típico de uma produção em larga escala. Também foi
incorporada uma alavanca de trêmolo, inexistente na Telecaster.

A guitarra Fender Stratocaster

O corpo da Stratocaster era esculpido visando o conforto, com rebaixo para apoio do braço
e para a barriga do músico. A Stratocaster logo conquistou os músicos e hoje é até
desnecessário listar todos que foram ou são apreciadores dela. Nomes como Eric Clapton,
Jeff Beck, David Gilmour, Ritchie Blackmore, Jimi Hendrix, apenas para citar alguns (na
verdade, faltaria espaço para listar todos os músicos que são adeptos da “Strato”). A
guitarra é produzida com muito sucesso até os dias atuais, e conserva suas características
principais praticamente inalteradas. Com esse lançamento, a Fender passava a ser líder
isolada no mercado de guitarras maciças e baixos elétricos.
Em 1956, na tentativa de conquistar o mercado dominado pelo baixo Fender Precision, a
Gibson lançou seu primeiro baixo elétrico, o modelo EB1. Seu desenho lembrava um violino
com corpo de baixo (como o baixo Hofner que Paul McCartney faria famoso na próxima
década). Apesar da investida da Gibson, o Fender Precision reinou sozinho até 1957,
quando ganhou o desenho que conhecemos hoje e quando Rickenbacker lançou seu
primeiro baixo, o modelo 4000, similar ao 4001 usado por inúmeros astros, como Chris
Squire (Yes) e Geddy Lee (Rush). Os modelos Rickenbacker possuíam uma construção
sólida e um braço inteiriço em oposição ao braço aparafusado dos Precision.
Mesmo com toda a concorrência, a Fender reinou absoluta nos anos 50 e 60 no cenário dos
baixos. Os baixos Gibson não eram bem aceitos pelos músicos, apesar de usados por alguns
artistas importantes como Jack Bruce (Cream).
Em 1960, apareceria talvez a última grande criação no segmento de baixos e guitarras: o
baixo Fender Jazz Bass. Com um desenho arrojado, o Jazz Bass seria a alternativa para os
músicos que queriam mais versatilidade de som. O Jazz Bass oferecia 2 captadores single
coil e um braço mais estreito que o do Precision. Logo ficou sendo o preferido para jazz e
alguns estilos de rock/fusion, enquanto o Precision ficaria famoso no ambiente de pop/rock.
O Jazz Bass ajudaria a popularizar o baixo fretless (sem trastes), com seu som mais
parecido com um baixo acústico. Para este quesito em particular, o baixista virtuoso Jaco
Pastorius teve grande importância, ao arrancar com um alicate os trastes de seu Jazz Bass,
transformando-o em um fretless de uma hora para outra (a Fender inclusive lançou uma
série especial do Jazz Bass, modelo Jaco Pastorius, onde os baixos saem da fábrica com as
marcas de pancadas, arranhões e falhas na pintura exatamente nos locais em que estavam
presentes no baixo original de Jaco).
Hoje, quase 50 anos após o que pode ser considerado o último evento realmente expressivo
na evolução da guitarra, o cenário já se encontra muito mais diversificado. No mundo
inteiro milhares de empresas fazem réplicas de modelos famosos, como Les Paul,
Stratocaster, Telecaster, Precision, Jazz Bass, etc., além de novos modelos que surgem
constantemente.
A tecnologia permitiu a criação de instrumentos com características modernas de
construção. Hoje são testados novos materiais, além da madeira, como resinas de grafite,
fibras de carbono, fibras de vidro e muitos outros (os modelos mais caros da Stratocaster,
por exemplo, possuem reforços internos ao braço em grafite).
A parte eletrônica também evoluiu muito. Os captadores magnéticos ainda reinam, porém
já existem instrumentos utilizando circuitos ativos, captadores piezoelétricos (que
funcionam através da alteração de pressão em um cristal), captadores óticos (que “vêem” a
vibração da corda e a amplificam) e tantas outras idéias. Hoje, no momento de rápida
evolução em que vivemos, “o céu é o limite”, mas acredito firmemente que a guitarra
elétrica em sua concepção básica já conquistou definitivamente um lugar no coração e no
ouvido de todos nós, e por isso veio para ficar.

Fonte:
http://whiplash.net/materias/musicalbox/072024.html
http://whiplash.net/materias/musicalbox/072276.html

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