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a) comunicação por carta e telegráfica: Capez afirma que, como nenhuma liberdade individual
é absoluta, é possível a interceptação destes meios de comunicação, desde que observados os
requisitos constitucionais e legais, e sempre que estiver sendo usados para práticas ilícitas. Nesse
sentido, há decisão do STF (HC 70.814-5) admitindo a interceptação pela administração
penitenciária, com fundamento em razões de ordem pública (v. art. 41, § único LEP).
Art. 2º Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em
Lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas:
IV — a captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o
seu registro e análise, mediante circunstanciada autorização judicial;
Info 529 STF Escuta Ambiental e Exploração de Local: Escritório de Advogado e Período Noturno
– 4 - Prosseguindo, rejeitou-se a preliminar de ilicitude da prova de escuta ambiental, por ausência de
procedimento previsto em lei. Sustentava a defesa que a Lei 9.034/95 não teria traçado normas
procedimentais para a execução da escuta ambiental, razão pela qual a medida não poderia ser
adotada no curso das investigações. Entendeu-se não proceder a alegação, tendo vista que a Lei
10.217/2001 deu nova redação aos artigos 1º e 2º da Lei 9.034/95, definindo e regulando meios de
prova e procedimentos investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por
quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo. Salientou-se o
disposto nesse art. 2º, na redação dada pela Lei 10.217/2001 (“Em qualquer fase de persecução
criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de
investigação e formação de provas: ... IV - a captação e a interceptação ambiental de sinais
eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análise, mediante circunstanciada autorização
judicial;”), e concluiu-se pela licitude da escuta realizada, já que para obtenção de dados por meio
dessas formas excepcionais seria apenas necessária circunstanciada autorização judicial, o que se dera
no caso. Asseverou-se, ademais, que a escuta ambiental não se sujeita, por motivos óbvios, aos
mesmos limites de busca domiciliar, sob pena de frustração da medida, e que, não havendo disposição
legal que imponha disciplina diversa, basta a sua legalidade a circunstanciada autorização judicial. Inq
2424/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 19 e 20.11.2008. (Inq-2424)
Divulgação de segredo
Art. 153 — Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de
correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir
dano a outrem:
Pena — detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº.
9.983, de 2000)
§ 1º — A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em Lei,
contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública: (Incluído
pela Lei nº. 9.983, de 2000)
Pena — detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº. 9.983, de 2000)
1
Ver HC 23891 do STJ
§ 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada.
(Incluído pela Lei nº. 9.983, de 2000)
- Sigilo profissional: no que diz respeito aos advogados, é absoluto o sigilo da conversa
entre o advogado e seu cliente. Tendo somente em nosso entendimento uma exceção, que é
quando se tem provas cabais de que o advogado faz parte da organização criminosa.
- Observações:
- quebra de sigilo bancário e fiscal (LC 105/2001): pode ser determinada pelo judiciário, pelo
legislativo, pela autoridade administrativa do Banco Central e agentes de fiscalização de quaisquer
das esferas federativas. No que toca ao MP, este não pode determina-la a não ser que a investigação
tenha por finalidade a apuração de dano ao erário, conforme já decidiu o STF. Pelas CPI’s também é
admitida (v. art. 58, §3º, CF, L 1.597/52 e L 10.001/00). O STF já decidiu que o TCU não pode
determinar a quebra do sigilo bancário de dados constantes do Banco Central do Brasil (MS
22801/DF, rel. Min. Menezes Direito, 17.12.2007, Info 493-08).
2. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
A lei não tem um rol taxativo de crimes, mas sim hipóteses de exclusão, não sendo admitidas
interceptações quando de acordo com os incisos do artigo 2 da Lei 9.296, in verbis:
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
seguintes hipóteses:
I — não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II — a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III — o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da
investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade
manifesta, devidamente justificada.
Logo, para ser indeferida, basta haver uma das hipóteses legais e não um somatório das três
como erroneamente alguns defendem, justamente por ser uma medida de exceção.
b) indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal (fumus boni iuris): não se
exige prova plena.
c) infração punida com reclusão: Capez critica essa disposição, citando como exemplo o crime
de ameaça, caso em que, a solução seria conceder a quebra para investigar não a ameaça, mas o
crime mais grave (ex. homicídio, se a ameaça for de morte);
d) que não exista outro meio de produzir a prova ou que seja de extrema dificuldade de
produção (periculum in mora): isto é, poderá ser deferida se demonstrado o perigo de perder a prova
sem a interceptação.
e) que tenha por finalidade instruir investigação policial ou processo criminal. Não pode ser
usada no cível ou ação civil pública;
Capez entende que a ordem de quebra do sigilo vale não apenas para o crime objeto do
pedido, mas também para quaisquer outros que vierem a ser desvendados no curso da comunicação,
pois a autoridade não poderia adivinhar tudo o que está pode descobrir. A descoberta vale como fonte
de prova (noticia criminis) a partir dela podendo surgir nova investigação. Não obstante, Luiz F
Gomes e a jurisprudência entendem que é válida a prova se descobre “fato delitivo conexo com o
investigado”, ainda que punido com detenção, pressupondo, contudo, o concurso de crimes.
Mas Capez, citando julgado do STJ, ainda fala que pode ser admitida a degravação como
prova emprestada noutro processo, desde que se trate do mesmo acusado (ex: esposa vítima de
tentativa de homicídio pelo marido, pode utilizar a prova para instruir a separação judicial). LFG não
admite essa prova emprestada.
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício 2
ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual
penal.
2
Há críticas sobre a possibilidade de decretação de ofício, pois se teria criado a figura do “juiz inquisitor”.
c) Sujeito passivo da medida cautelar: é o interlocutor e não o titular formal ou legal de direito
de uso, daí a possibilidade de interceptação telefônica em linha pública, aberta ao público ou de
entidade pública.
d) Decisão judicial: “art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a
forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de 15 dias, renovável por igual tempo uma
vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova”.
O STF já decidiu que o prazo pode ser prorrogado por mais de uma vez, bastando que se
demonstre a indispensabilidade da renovação:
e) Intervenção do MP: não é obrigatória antes do deferimento do pedido, mas o juiz pode optar
por ouvi-lo.
f) Defesa e segredo de justiça: o deferimento é concedido inaldita altera pars, pois se a parte
tomasse conhecimento da medida antes de sua efetivação, nenhuma utilidade teria a interceptação.
Por isso, cfe art. 8º, vige o segredo de justiça absoluto até que sejam realizadas as diligencias;
somente após a obtenção da prova (encerramento da captação da informação) é que as partes
poderão ter acesso ao conteúdo da interceptação (publicidade interna restrita). A defesa, por sua vez,
será oportunizada somente na instrução criminal. Ver Súmula Vinculante nº 14.
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá
requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público.
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o
inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da
parte interessada.
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada
a presença do acusado ou de seu representante legal.
- Realizar interceptação, ou seja, grampo, sem autorização judicial ou com objetivos não
autorizados em lei (elementos normativos do tipo).
- Quebrar segredo de justiça: revelar a outrem o conteúdo do procedimento de interceptação.
3.3. Sujeitos
a)Ativo: 1ª parte é crime comum; 2ª parte é crime próprio, só pode ser praticado por juiz,
promotor, delegado ou aquele que legitimamente esteja autorizado a participar do procedimento de
interceptação telefônica (LFG e Vicente G.F.).3
A tentativa é admissível.
É pública incondicionada.
3
Obs: se a pessoa que quebrou o segredo da Justiça não tinha participação no procedimento, responderá pelo
crime do art. 151, §1º, II, CP (constitui crime de violação de correspondência: “II - quem indevidamente divulga,
transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou
conversação telefônica entre outras pessoas”).