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e por reconhecimento
de História da Universidade Federal remo sofreu a sua primeira retração
de Santa Catarina. Com lançamento com a II Guerra Mundial. “Ele conti-
previsto para o primeiro semestre de nuou a ser praticado, mas dentro de
2010, o grupo coordenado pela profes- certas limitações”, lembra Borges. A
sora Maria Bernardete Ramos Flores recuperação veio no início dos anos
prepara um livro sobre o remo em 50, que o jornalista de 73 anos defende
Após 90 anos da fundação da Federação Catarinense de Remo, a Florianópolis. A pesquisa acompanha
desde o nascimento dos clubes, na dé-
como sendo a época de ouro do remo
em Santa Catarina. Vindos de compe-
primeira etapa do campeonato estadual atrai poucos espectadores cada de 10, até a construção do aterro,
nos anos 70.
tições de fora do estado, os remadores
vitoriosos eram recebidos com festa
Indiferente ao fato de que se tra- impensável há noventa anos, quando 15h está de volta ao Martinelli, onde Cercada de fotos antigas, a pes- no Palácio Cruz e Sousa.
tava de um sábado, o dia 16 de maio iniciaram as regatas entre os três clu- fica até as 17h. “Mas na seleção o trei- quisadora Carina Sartori explica A segunda retração teve início na
de 2009 amanheceu com um céu azul bes de remo da capital. As disputas en- namento é mais pesado”, revela. Yzhis que o trabalho não pretende apenas década de 70 – e continua até hoje.
de domingo de regatas. A manhã fria, tre Riachuelo, Martinelli e Aldo Luz foi a remadora mais jovem da seleção contar a história do esporte na cida- O aterro da Baía Sul é apontado
no entanto, não está das mais favorá- paravam a cidade. Em seu livro sobre sub-23, que ficou em terceiro lugar na de – o que já foi feito pelo jornalista como o principal responsável pelo
veis à prática daquele que foi, até a a história do remo no estado, o jor- 23ª Windermere Cup, realizada no fi- Maury Borges. “Queremos mostrar arrefecimento do esporte. “Durante
década de 50, o esporte mais popular nalista Maury Borges fala de regatas nal de abril em Seattle. como o remo formava redes de socia- a construção, os remadores tinham
de Florianópolis. O excesso de ondu- da década de 20 que reuniam mais de O último páreo é decidido nos sete bilidade”, revela. Para isso, a equipe que carregar os barcos cada vez mais
lação e um vento insistente ameaçam seis mil torcedores. Com o centro da metros finais, com a vitória da dupla ouviu velhos remadores, teve acesso longe. Chegou uma hora que ficou in-
o equilíbrio dos barcos e atrapalham cidade ainda à beira mar, a multidão mista do Martinelli. A premiação é a acervos particulares e tratou de ler viável”, diz Borges. Em 1979, os clubes
os remadores. Como nas antigas rega- se concentrava do cais do Miramar ao feita no mesmo aterro que afastou o tudo o que havia sido publicado sobre ganharam do governo do estado as
tas, as condições do tempo obrigam a trapiche da Rita Maria, uma distância remo da cidade. Os vencedores não se- o esporte nos jornais da capital. “É sedes localizadas à direita da ponte
organização a transferir a competição de quase 1,2 km. No mar, navios api- rão recebidos pelo governador, e o pão difícil encontrar um dia em que não Colombo Salles. Mas a cidade já havia
para a Baía Norte – uma operação nhados de torcedores uniformizados com linguiça substituiu o desfile pelo tivesse pelo menos uma notinha sobre se afastado do mar. À falta de dinhei-
que já não mobiliza milhares de pes- faziam as vezes de camarotes. centro da cidade. Não há uma banda, o remo”, afirma Sartori. ro e estrutura, problemas comuns a
soas. Em frente ao trapiche da Beira Somadas as duas competições e porém os remadores do Martinelli im- A pesquisadora destaca o envol- outros esportes amadores, ao remo
Mar, as dezenas de espectadores da uma prova extra, são 38 atletas di- provisam o samba com um reco-reco vimento do remo com a vida social soma-se uma rotina de treinamentos
primeira etapa do Campeonato Esta- vididos em 26 barcos e 13 categorias e uma cuíca quebrada, transformada da cidade nas décadas de 20 e 30. “As com a qual é difícil conciliar outras
dual de Remo Master e da Regata de – três delas com apenas um barco na em repique. A falta de pompa e cir- famílias tradicionais se reuniam para atividades, como estudo e trabalho.
Escolinha desaparecem em meio a disputa. Yzhis Pereira vibra pelos com- cunstância de outras épocas pode ali- assistir às regatas. Havia um grande Isso sem falar em um detalhe que
barraquinhas de feira, apresentações panheiros de clube. Sem tirar os olhos mentar o saudosismo dos mais velhos, incentivo para que os jovens prati- acaba desanimando quem pensa em
infantis e atletas de final de semana. da água, a porto-alegrense de 17 anos mas não parece incomodar os jovens cassem o remo”, diz. Fora da água, se arriscar no esporte. “Não me con-
Às 9h25, a voz do locutor anuncia o conta que mora em Florianópolis des- remadores. Às 13h, quase todos já fo- os remadores organizavam eventos vida pra entrar na água fria às 5h”,
início das competições. Próximo dali, de os 12 e começou a remar há três ram embora. Amanhã é domingo. Se culturais. “A festa junina do Riachue- brinca Borges. (D.L.)
uma professora primária anuncia a anos e quatro meses. A rotina de Yzhis o mar e os ventos ajudarem, pode ser
apresentação de um grupo de balé. Na inclui acordar às 4h25 e já estar na que dê um dia de regatas.
sobreposição de sons, leve vantagem água às 5h, de onde só sai às 6h45. Do
para a professora. A concorrência seria clube, ela vai direto para a escola. Às Daniel Ludwich