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Esportes 15

Edição: Diego Kerber Florianópolis, junho de 2009


Diego Kerber

Pesquisadores reúnem as histórias


das regatas que paravam a cidade
A primeira regata de Santa Cata- lo era famosa”, lembra o jornalista
rina foi realizada às 14h do dia 17 de Maury Borges.
novembro de 1861, em Florianópolis. E era justamente fora da água
Na enseada do Menino Deus, aos pés que as redes de sociabilidade do remo
da ladeira que dá acesso ao Hospital formavam os laços mais duradouros.
de Caridade, cinco páreos de escaleres “Muitos remadores se casavam com
e um de baleeiras formavam a pro- as moças da torcida”, conta Sartori.
gramação do primeiro de muitos do- Entre os clubes, as relações eram pau-
mingos de regata – que demorariam tadas por uma extrema rivalidade. Os
ainda 58 anos para se tornarem fre- jornais alimentavam a animosidade
quentes. As competições regulares só entre as torcidas, publicando provo-
tiveram início com a criação da Fede- cações de todos os lados. Não raro as
Na última bateria, os remadores Edson Aquino dos Santos e Camila Luz Sokolowski, da equipe Martinelli, derrotam a dupla de Blumenau

Disputa por medalhas


ração Catarinense de Remo, em 10 de disputas náuticas da manhã evoluíam
janeiro de 1919. para uma pancadaria em terra no fi-
Parte dessa história vai ser con- nal da tarde.
tada por uma equipe do Laboratório Depois de duas décadas em que
de História e Arte do Departamento fez parte do cotidiano da cidade, o

e por reconhecimento
de História da Universidade Federal remo sofreu a sua primeira retração
de Santa Catarina. Com lançamento com a II Guerra Mundial. “Ele conti-
previsto para o primeiro semestre de nuou a ser praticado, mas dentro de
2010, o grupo coordenado pela profes- certas limitações”, lembra Borges. A
sora Maria Bernardete Ramos Flores recuperação veio no início dos anos
prepara um livro sobre o remo em 50, que o jornalista de 73 anos defende
Após 90 anos da fundação da Federação Catarinense de Remo, a Florianópolis. A pesquisa acompanha
desde o nascimento dos clubes, na dé-
como sendo a época de ouro do remo
em Santa Catarina. Vindos de compe-
primeira etapa do campeonato estadual atrai poucos espectadores cada de 10, até a construção do aterro,
nos anos 70.
tições de fora do estado, os remadores
vitoriosos eram recebidos com festa
Indiferente ao fato de que se tra- impensável há noventa anos, quando 15h está de volta ao Martinelli, onde Cercada de fotos antigas, a pes- no Palácio Cruz e Sousa.
tava de um sábado, o dia 16 de maio iniciaram as regatas entre os três clu- fica até as 17h. “Mas na seleção o trei- quisadora Carina Sartori explica A segunda retração teve início na
de 2009 amanheceu com um céu azul bes de remo da capital. As disputas en- namento é mais pesado”, revela. Yzhis que o trabalho não pretende apenas década de 70 – e continua até hoje.
de domingo de regatas. A manhã fria, tre Riachuelo, Martinelli e Aldo Luz foi a remadora mais jovem da seleção contar a história do esporte na cida- O aterro da Baía Sul é apontado
no entanto, não está das mais favorá- paravam a cidade. Em seu livro sobre sub-23, que ficou em terceiro lugar na de – o que já foi feito pelo jornalista como o principal responsável pelo
veis à prática daquele que foi, até a a história do remo no estado, o jor- 23ª Windermere Cup, realizada no fi- Maury Borges. “Queremos mostrar arrefecimento do esporte. “Durante
década de 50, o esporte mais popular nalista Maury Borges fala de regatas nal de abril em Seattle. como o remo formava redes de socia- a construção, os remadores tinham
de Florianópolis. O excesso de ondu- da década de 20 que reuniam mais de O último páreo é decidido nos sete bilidade”, revela. Para isso, a equipe que carregar os barcos cada vez mais
lação e um vento insistente ameaçam seis mil torcedores. Com o centro da metros finais, com a vitória da dupla ouviu velhos remadores, teve acesso longe. Chegou uma hora que ficou in-
o equilíbrio dos barcos e atrapalham cidade ainda à beira mar, a multidão mista do Martinelli. A premiação é a acervos particulares e tratou de ler viável”, diz Borges. Em 1979, os clubes
os remadores. Como nas antigas rega- se concentrava do cais do Miramar ao feita no mesmo aterro que afastou o tudo o que havia sido publicado sobre ganharam do governo do estado as
tas, as condições do tempo obrigam a trapiche da Rita Maria, uma distância remo da cidade. Os vencedores não se- o esporte nos jornais da capital. “É sedes localizadas à direita da ponte
organização a transferir a competição de quase 1,2 km. No mar, navios api- rão recebidos pelo governador, e o pão difícil encontrar um dia em que não Colombo Salles. Mas a cidade já havia
para a Baía Norte – uma operação nhados de torcedores uniformizados com linguiça substituiu o desfile pelo tivesse pelo menos uma notinha sobre se afastado do mar. À falta de dinhei-
que já não mobiliza milhares de pes- faziam as vezes de camarotes. centro da cidade. Não há uma banda, o remo”, afirma Sartori. ro e estrutura, problemas comuns a
soas. Em frente ao trapiche da Beira Somadas as duas competições e porém os remadores do Martinelli im- A pesquisadora destaca o envol- outros esportes amadores, ao remo
Mar, as dezenas de espectadores da uma prova extra, são 38 atletas di- provisam o samba com um reco-reco vimento do remo com a vida social soma-se uma rotina de treinamentos
primeira etapa do Campeonato Esta- vididos em 26 barcos e 13 categorias e uma cuíca quebrada, transformada da cidade nas décadas de 20 e 30. “As com a qual é difícil conciliar outras
dual de Remo Master e da Regata de – três delas com apenas um barco na em repique. A falta de pompa e cir- famílias tradicionais se reuniam para atividades, como estudo e trabalho.
Escolinha desaparecem em meio a disputa. Yzhis Pereira vibra pelos com- cunstância de outras épocas pode ali- assistir às regatas. Havia um grande Isso sem falar em um detalhe que
barraquinhas de feira, apresentações panheiros de clube. Sem tirar os olhos mentar o saudosismo dos mais velhos, incentivo para que os jovens prati- acaba desanimando quem pensa em
infantis e atletas de final de semana. da água, a porto-alegrense de 17 anos mas não parece incomodar os jovens cassem o remo”, diz. Fora da água, se arriscar no esporte. “Não me con-
Às 9h25, a voz do locutor anuncia o conta que mora em Florianópolis des- remadores. Às 13h, quase todos já fo- os remadores organizavam eventos vida pra entrar na água fria às 5h”,
início das competições. Próximo dali, de os 12 e começou a remar há três ram embora. Amanhã é domingo. Se culturais. “A festa junina do Riachue- brinca Borges. (D.L.)
uma professora primária anuncia a anos e quatro meses. A rotina de Yzhis o mar e os ventos ajudarem, pode ser
apresentação de um grupo de balé. Na inclui acordar às 4h25 e já estar na que dê um dia de regatas.
sobreposição de sons, leve vantagem água às 5h, de onde só sai às 6h45. Do
para a professora. A concorrência seria clube, ela vai direto para a escola. Às Daniel Ludwich

Arte sobre reprodução do acervo do Laboratório de História e Arte da UFSC

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