Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), nas últimas décadas houve
uma mudança na estrutura demográfica na qual é notável um aumento da população
idosa em todo o mundo. Estas pessoas representam nos países desenvolvidos cerca
de 20% da população e as tendências futuras serão de 25%. Nos países em
desenvolvimento e nos menos desenvolvidos o valor supera os 10% e nas próximas
décadas irá aproximar-se aos 20%.
1
os níveis de fecundidade apontam valores próximos de uma criança
por mulher. Segundo os censos 2001 os distritos mais envelhecidos são Portalegre
com 194,5 Castelo Branco (193,9) Guarda (185,4). Relação entre a população de 65 e
mais anos e a população dos 0-14 anos, em cada 100.
A Segurança Social procura contribuir para uma política cada vez mais ampla de
respostas inclusivas, melhorando a qualidade de vida das famílias quer nos seus
aspectos económicos e pessoais, quer elevando o seu nível de cidadania e
2
responsabilização no futuro colectivo de todos numa intervenção que se
quer cada vez mais participada e concertada por todas as áreas intervenientes
nesta temática
Assim, para além de se reconhecer o valor inestimável da família e dos vizinhos, que
facilitam a permanência do idoso no seu quadro habitual de vida, entende-se que
deverão ainda ser implementadas medidas de política, que favoreçam a manutenção
das pessoas no seu domicílio e estimulem estes laços tradicionais, para além de se
considerar pertinente o desenvolvimento de um Plano Gerontológico Nacional.
Mas na prática, não é esta política que se aplica, e quase todos terminam num lar de
acolhimento, quer seja privado quer seja público onde por vezes pagam avultadas
quantias em dinheiro, que muitas famílias não podem suportar, mas também devido à
sua actividade profissional não podem ter os idosos em casa.
Foi num destes lares público privados que visitei um amigo de longa data, de seu
nome fictício João Semana, homem de 93 anos, estatura média já um pouco
curvada, mãos muito grossas deixando antever o um passado pouco risonho, rugas
profundas queimadas do sol, botas de cabedal, calças e colete de serrobeco, chapéu
que já conheceu melhores dias, enfim, um homem tipicamente beirão.
Referiu-se àquele peso enorme que sentia no peito e que não o deixava dormir,
porquanto a sua mulher um pouco mais velha tinha falecido havia poucos meses, e
estiveram casados 73 anos e sempre se deram bem.
Pergunta: então como vão as coisas por aqui? Resposta: olha meu rapaz, vamos
vivendo um dia a seguir ao outro. Pergunta: não havia de estar a jogar cartas ou a
conversar com os seus amigos lá dentro? Resposta: Amigos? Já não tenho idade
3
para fazer amigos, e essa gente que cá está não é muitos dessas
coisas, também não conheço cá muitos, não sou de cá tu bem sabes. Pergunta: os
seus filhos têm-no vindo visitar, Resposta: não, a vida deles também não permite
muita folga, o mais novo em Lisboa com dois filhos a estudar, os outros um em
França outro na Bélgica. Mas tenho esperança de os voltar a ver. Pergunta: fale-me
um pouco de si, como foi a sua juventude, como cresceu, um pouco da sua vida.
Resposta: olha nasci na quinta do Freixial, meu pai era lá ganhão e a minha mãe era
jornaleira, trabalhava-se de sol a sol, era uma vida difícil, éramos 6 irmãos e lá
entramos todos nas sortes. Hoje já só estamos dois vivos. Eu segui os passos do
meu pai e cheguei a feitor, um dia que já não me lembro bem o Sr. Conde disse-nos
que tínhamos de procurar trabalho porque tinha vendido as terras, com três filhos
e sem saber o que fazer foi então que me apareceu passador e fui a salto para
França a salto, queres lá saber aquilo porque passei, não desejo a ninguém, ele era a
língua, no trabalho, não compreendia o nome das coisas, enfim tudo uma tristeza,
não fossem outros portugueses que já por lá andavam e alguns espanhóis e não sei o
que seria.”
“Andei por lá 15 anos, ainda disse à minha mulher para mudarmos tudo para lá mas a
saudade da terra, da família tudo falou mais alto e acabei por vir embora. Não
fossem estes anitos que por lá andei e hoje não tinha onde cair morto. Há dias em
que tudo isto me vem à cabeça, ainda sonho com aquilo, com os meus irmãos quando
éramos pequenos, aquele poço onde tomávamos banho, a cegonha que tantas vezes a
subi e desci os rapazes metidos nos alforges do macho enfim. Hoje para aqui estou
deitado ao abandono, mas ainda o que nos vale são estas casas, não fossem elas e
éramos umas almas depenadas, acontecia-nos como antigamente que havia a
tradição de quando as pessoas chegavam a velhos e não podiam trabalhar o filho
mais velho lavava-a para o cimo de um monte para serem devoradas pelas feras, e
certo dia numa casa existia um homem já muito velho, e como já não era prestável
os filhos despediram-se dele e o mais velho foi levá-lo ao cimo do monte, quando ia a
passar por um determinado local o velho exclamou, deixa-me aqui que foi onde
também deixei o teu avô.”
O filho, olhou para o pai, e disse… então o senhor já não fica aqui, vou lavá-lo de
volta para casa e assim acaba esta tradição. Por fim, balbuciou, mas duque mais me
lembro é da minha mulher. Os olhos ficaram rasos de água, a voz trémula, a cara
desfalecida, afagou o chapéu que parecia secular e em voz baixa disse, não tomes a
4
mal, a vida é assim. Terminada a visita, de regresso dei por mim a
pensar, como procederia eu se estivesse no seu lugar.
Conclusão:
Bibliografia:
http://www.marktest.com/wap/a/n/id~e57.aspx
http://pt.wikipedia.org/wiki/Idoso
http://www.socialgest.pt/_dlds/APdemografiaISS.pdf