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Amici curiae e amigos-da-onça: agonística de um diploma
Puxada de tapete
De papel (re)passado
Papel, diploma e emprego têm relação para aqueles que terão que competir por
uma vaga no mercado de trabalho, em processos seletivos em que as pessoas
não sejam meros figurantes de um jogo de cartas marcadas. O noticiário
nacional exemplifica amplamente como se dá o tráfico de influência,
apadrinhamento, clientelismo, nepotismo e fraudes para se obter um emprego.
Alguns dizem que isso só se dá no setor público, mas a iniciativa privada não
está a salvo de tais manobras. Muitos jovens brasileiros não encontrarão
empregos pelas mãos dos amici e terão que participar de seleções em que um
diploma (valorizado em editais ou anúncios de vaga na área) ajuda a passar
pelo bloqueio da maratona burocrática. No país, estima-se que 67% daqueles
entre 15 e 24 anos estavam sem emprego ou na informalidade em 2006 (23).
Uma empresa pública lançou concurso para analistas em maio de 2009 (24). Os
salários dos jornalistas são os únicos a terem uma “dedução-STF” de
aproximadamente 10%. Advogados, administradores, bibliotecários, contadores,
engenheiros, arquitetos e técnicos em informática têm tratamento igualitário em
termos de suas respectivas remunerações. Como se chama isso? Após a
pulverização de exigência do diploma, houve retificação no edital e, além do
salário inferior àquele dos demais analistas, em vez de se exigir o diploma em
jornalismo, a disputa pelo cargo da área de Comunicação ficou aberta a quem
tenha diploma em qualquer curso superior. Há quem crie eufemismos sobre
isso: “sindicatos e associações vão precisar de ‘muita criatividade’ a partir de
agora” (25).
Os prejuízos materiais e os danos morais advindos com o “efeito borboleta”
dessa decisão são difíceis de mensurar. Caberia ao Judiciário custear a cada
diplomado em jornalismo a frequencia em um outro curso, escolhido entre
aqueles em que o diploma é necessário “por exigir o domínio de verdades
científicas”, no dizer de Cesar Peluso (26). Nessa altura da vida, muitos não
poderão se dar ao luxo de sofrerem as consequências de um lema adolescente
do “é proibido proibir” (que todos sejam jornalistas), aplicado a um único curso
das ciências sociais aplicadas. É preciso defender o direito de ter uma profissão
inserida no status quo, acima descrito, em que as regras não mudem no meio do
jogo. Direito, por exemplo, seria uma opção. Duvido que venham a cometer
seppuku. Afinal, o estado de direito deverá ser resguardado ao menos para
aqueles que fazem as leis, jamais surpreendidos por seus pares.
Indenizações
No vácuo causado pela ausência de uma Lei de Imprensa o efeito borboleta alça
vôos os mais diversos. Na semana passada “um juiz do Rio de Janeiro proibiu o
colunista da Folha de São Paulo, José Simão de citar o nome da atriz e modelo
Juliana Paes. Se desobedecer, o humorista terá de pagar R$10 mil por citação”
(15). Isso gera expectativas: “Lei de Imprensa ressuscitará de alguma maneira
ou deverá reencarnar-se em outro estatuto legal” (27).
“No caso do jornal Debate, de Santa Cruz do Rio Pardo, um juiz de comarca foi
denunciado por morar em uma casa cujo aluguel era pago pela prefeitura e
usufruía também de um telefone público em sua residência, o que é ilegal. O
Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou a suspensão do pagamento do
aluguel e a devolução do telefone, o que levou o magistrado a entrar com um
processo por danos morais contra a publicação. O jornal perdeu, discute-se o
valor da indenização, fixada em R$ 593 mil” (28), esse pagamento, se
consumado, será o fim do jornal. “O jornalismo não expõe terceiros a riscos”
(29), é o entendimento do ministro do STF.
Autoridade e peculiaridades
Quem veio bem a calhar como aliado nessa guerra foi o deslumbre dos políticos
diante das novas possibilidades encontradas no ciberespaço, com os múltiplos
caminhos da convergência das tecnologias de informação e comunicação.
"Acompanhado em tempo real por mais de 14 mil pessoas no Twitter, o
governador José Serra (PSDB) decidiu afrouxar as restrições ao uso da Internet
em todos os níveis da administração estadual" (35).
Referências:
(19) ZIMAN, John. Conhecimento público. Ed. Itatiaia, São Paulo, 1979.
(24) www.cespe.unb.br/CONCURSOS/
(32) KATTAH, Eduardo. Para Mendes, diploma não será reabilitado. O Estado
de São Paulo, São Paulo, 24 jun. 2009. Nacional, p. 11
BLOG fica restrito aos elogios. Correio Braziliense, Brasília, 12 jul. 2009. Política, p.
4B
CAVALCANTI FILHO, José Paulo. Ser ou não ser (diplomado), eis a questão. Folha de
São Paulo, São Paulo, 25 jun. 2009. Opinião, p. 3.
JABOR, Arnaldo. Carta aberta aos jornalistas brasileiros: um congressista fala dos
recentes escândalos. O Globo, Rio de Janeiro, 21 abril 2009. Segundo Caderno p. 23B.
MACEDO, Roberto. Juízes - por que só advogados? O Estado de São Paulo, São
Paulo, 02 jul. 2009. Espaço Aberto, p. 2.
MODELO de negócio da TV móvel está indefinido no país. Folha de São Paulo, São
Paulo, 5 jul. 2009. Dinheiro, p. 5A.
NOBRE, Marcelo. Lei de Imprensa: por onde começar? Folha de São Paulo, São
Paulo, 13 jul. 2009. Opinião, p. 3
ODEBRECHT, Emílio. O valor da comunicação. Folha de São Paulo, São Paulo, 5 jul.
2009. Opinião, p.2B
PROTESTOS organizados por meio do Twitter falham no mundo real. Folha de São
Paulo, São Paulo, 2 jul. 2009. Brasil, p. 6A
RIZZO, Alana. Blog fica restrito aos elogios. Correio Braziliense, Brasília, 12 jul. 2009,
Política, p. 4B.
SALOMÃO, Nilton. Somos todos jornalistas? Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 07 jul.
2009. Opinião, p. 8-9.
UM JORNALISMO melhor Folha de São Paulo, São Paulo, 19 jun. 2009. Opinião, p. 2.