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As artérias e veias, as ruas.

Por Rafael Pessôa

Devo dizer que este texto foi escrito numa das minhas primeiras idas
a Barra da Tijuca desde meu retorno do trabalho que realizei na Amazônia.
Foi escrito/ pensado/passando durante o percurso que compreende a saída
do bairro Fonseca em Niterói onde tenho residência, barcas, passando pelo
centro do Rio de Janeiro, Copacabana, Avenida Niemayer etc.

Não ha pretensão nenhuma aqui mais que relatar questionamentos e


pensamentos sobre questões do dia, conversas com amigos e encontros
durante este percurso. É nesta via que este artigo será conduzido.

Perto de minha casa que bem verdade é numa avenida, faz uma
perpendicular com a Alameda São Boa Ventura. Digamos, uma rua
tradicional de uma dos primeiros bairros de minha cidade, Niterói.

Pois bem, nesses dias (de que o errado é que está certo) a alameda
esta recebendo mais um projeto/ progresso de nossa sociedade
contemporânea: estão derrubando as arvores que antes eram à margem do
rio ou córrego que por ali passava. Hoje em breve recebera terminais de
‘buses’ (foi uma maneira que achei de falar das conduções coletivas,
ônibus, mas remete aqui também a idéia de bisness- negocio) ao modelo
‘paulista’, exemplo alias que mostra dia a dia não estar conseguindo
resolver o problema.

As artérias e as veias, ruas e avenidas das cidades encontram-se


entupidas, e como um corpo com má circulação funcional de suas artérias e
veias, esta fadada ao colapso. Por coisas feitas pelas metades, mal feitas ou
não feitas. Veja o exemplo dos recordes de trafego em São Paulo em 2008.

Penso que não nos damos conta da relação, relações no tempo,


espaço, as dinâmicas são/estão entupidas por baboseiras. Queremos o
carro, mas logo não teremos Rua para sair com eles, teremos os rodízios à
moda paulista?

Meios alternativos e viáveis estão a nossa frente, mas continuamos


querendo não enxergar, bom planejamento e manejo dos transportes
públicos, bicicletas e outras formas de circular. Claro que o respeito ao ser
humano é o mais importante, sem ele os acidentes e o desrespeito a esses
métodos (conscientes alternativos) tanto no discurso, quanto na pratica,
fadaram ao fracasso, e pra você leitor, o que importa pra você?

A alameda, hoje já quase depenada de suas sombras, suas arvores


centenárias, extraídas de toda sua natureza para cada dia mais ser asfalto,
progresso, o rio há anos é apenas esgoto e com este reestruturação, será
coberto com concreto armado.
Mal nos damos conta de que o que parece solução, bem realidade
será apenas mais um problema. Os carros continuaram aumentando e logo
o alargamento da alameda de pouco adiantara, na realidade já agora quase
nada vai adiantar as entradas ou saídas da alameda são, salvo engano, de
uma pista. Faremos viadutos, e assim continuamos a tapar o problema com
peneira (soluções paliativas), ou tapar o sol com muros (viadutos).

O que quero ressaltar aqui são as vias de acesso (sejam alamedas,


avenidas, rios, ruas, veias...) da ‘humanidade’ e natureza, o afastamento e
problemas advindos do raciocínio da divisão entre nós, humanos e a
natureza, vendo e sistematizando o mundo/ universo qual maquina,
pretendendo dominar, domar as forças da natureza (hoje em dia há um
discurso admitindo o quanto somos irracionais quando mantemos essa
conduta!).

Mesclando a essa idéia/conceito (vias de acesso) aqui com as falsas


soluções que insistentemente mantemos para nossa maneira de emanar
(nossos paradigmas, percepções) neste planeta, nessa confluência de
idéias/conceitos que proponho olhar (ou a maneira que estou olhando) o
que toda essa ‘humanidade’ produz e realiza em sua diversidade. Cultura.

O rio (agora o de janeiro) é a imagem (ao menos de certo modo) de


nós brasileiros para o mundo. Somos cotidianamente replicados em sinais
de teve para todo o Brasil e boa parte do mundo. O que são as
manifestações aculturais (ou multiculturais) desta nossa cidade? Reflexos
dos reflexos de uma possível ‘cultura autentica’?

Estamos multifacetados e nos autenticando, ou se identificando, em


que? No samba (choro, afrosamba, partido alto, samba enredo) antes
negado e marginalizado, ou é o Funk? Mas temos como toda ‘boa’ capital
pós moderna contemporânea cibernética, mil possibilidades do mundo
diante de nossa vista também: Have,Techno, punk, gótico, Marylyn Maison,
Maracatu, forro PE de serra, reggae, naya Bing e o que mais dessa e outras
misturas puder rolar. It’s only rock and roll, but i liked. Mas o que somos,
afinal? Uma mistura de tudo isso?

Quero tocar o leitor a tentar compreender, ou perceber a falta de


compreensão que temos acerca de certos conceitos como, cultura,
autenticidade, folclore, o tradicional, regional e étnico. O que planejamos
pra gerações futuras? Como seguimos nos autenticando em ‘rótulos’ vazios,
o que sabemos sobre a existência, o que somos afinal. Brasil, Rj, Niterói,
America Latina, novo mundo, antiquados ideais.

Aqui é uma tentativa de questionamento sobre o rumo de nosso


paradigma, e todas essas categorias que estão relacionadas à cultura das
humanidades estimulando a reflexão de nossos rastros, vestígios, soluções
e apontamentos sobre a vida na Terra. Mas também temos a cultura
cientifica que separa as áreas de conhecimento, possibilitando ao longo da
história, descobertas, teorias, mas não sobre o destino humano, nem do
futuro da ciência e do conhecimento. O que o tempo revela para o nosso
futuro?

O sociólogo Edgar Morin nos diz em seus textos: “o problema de


nossa época é efetuar uma reforma do pensamento, que permita a ligação
de duas culturas distintas, uma reforma paradigmática, não programática
que diz respeito a nossa aptidão para organizar o conhecimento”.

A disjunção entre o ser biológico e cultural nos da mostra atualmente


da escassez de possibilidade de compreensão das complexidades da vida,
da diversidade. Nos deparamos com uma infinidade de diversidades
culturais, mas não sabemos o que são nem o que fazer com elas. Se é que
temos que fazer alguma coisa. E que caminho escolhemos para nossa nau?
Quem é o capitão afinal?

Nesse mundo de ideologia do acumulo, bens de consumo, o lixo é o


que temos de herança para as gerações futuras isso é certo, mas o que
buscaremos de diferente. Quais alternativas nós criaremos, somos capazes
ainda de sermos criativos, ou cada vez mais somos apenas replicantes?
Qual o progresso de futuro que projetamos para nós nos dias atuais?

De resto, aqui como disse, são apenas as minhas primeiras


impressões do retorno ao meu estado, depois de ter permanecido pela
Amazônia de 2007/2008. Um artista dividido entre etnografia, problemas
sociais, o mundo da arte, o sofrimento do dia a dia, descobrir quem somos,
sou? O auto sofrimento, e o sofrimento de outros. Ser artista, pesquisador o
significado de tudo isso.

A arte de escrever. Escrevo e entendo que a escrita é constantemente


reelaborada no exercício da leitura. Atos e atividades modos de fazer,
escrever criando sinais, não é isso?

Mas nesse mundo onde a arte cada dia mais aproxima seu significado
ao de celebridade, ao sucesso vazio, venho tentando construir diálogos no
perceber/olhar as manifestações e realizações humanas e artísticas. Esse
texto, por exemplo, é arte? Não um trabalho no pensar, apenas agir, ou
fingir o ato. Ver e interagir no mundo com arte, da arte.

Sigo num rio aparentemente sem direção, caminhos que conheço,


mas que há muito não percorro. Quem vai por baixo não é só o tatu, metrô,
superfícies e subsolo, trafico de carros, gente. A Lapa de travestis, floresta,
praias, gloria... Ah na gloria. A lucidez da loucura.

Reluzem nos meus olhos os porcos de lábios brancos da Amazônia e


os porcos urbanos descendo os morros nas madrugadas, reveladores do
lixo. Mudança de clima, selva, montanha, comunidade, favela, urbano,
cidade e o campo. Mas as questões permanecem, tudo muda, nada se
transforma.

Política, não se trata apena disso, inserção, envolvimento,


comprometimento, alternativas coesas são as peças fundamentais de
mudanças de perspectivas. TV coletiva, no passado recente, nos índios de
hoje... Hussein novo presidente estados unidense. Branco, preto, amarelo,
mulato, vermelho, verde triste, burguesia alegre, cheirosa, medrosa, elite?

Trazer definições, a arte das definições, ciência, filosofia,


antropologia, teologia, a regularização do pensamento contemporâneo.
Profano religioso, ritual, celebração, apenas mais uma apresentação? Show
bissness?Publicidade? Meios de divulgação? Fatalidade, coincidência,
estudos científicos, crendices, ditos populares, buchichos.

No caminho de volta nas barcas, conversando com um amigo


rastafari ele disse: ‘o petróleo são os amortecedores das placas tectônicas,
é por isso que está rolando tanto terremoto’.

Será essa a explicação? Verdade? Ficam aqui mais tantas outras


interrogações, projeções. Seremos capazes de criar convergências de
linguagens em meio a tanta ‘lucidez’. Ou todo esse discurso sobre o
ambiente é apenas ‘chover no molhado’? O que se quer é um lugar seguro
ao sol.

Para finalizar segue uma serie de fotos retratando algumas vias (a


serem descritas), elas não apresentam correlação com o texto (salvo as que
apresentam os porcos), são sim uma espécie de continuação, algumas
outras possibilidades de vias a serem escritas ou descritas, abordadas.
Acrescente a suas.

Legenda das fotos:

1) O caminho dos porcos, ruas de Pisaq, Peru 2008.


2) Veículos alternativos, vias da cidade de Puno, Lago Titicaca, Peru
2008.
3) Utilização das vias publica para manifestações tradicionais, carnaval,
Puno, Lago Titicaca, Peru 2008.
4) Manifestação em vias publica Cuzco, Peru 2008.
5) Trem, saída de Águas Calientes á Olantaytambo, Peru 2008.
6) Caminho das ervas e plantas, Pisaq, Peru 2008.
7) A via do conhecimento, preservação, conservação, praça das armas,
Cuzco, Peru 2008.
8) Ruas de Cuzco, construções, perambulações, ocupação tradicional,
Peru 2008.
9) Moto, taxi, Kombi. Ruas de Tabatinga, Amazonas Brasil 2008.
10)Caminhante, Letícia, Colômbia, 2007.
11)Caminho nas águas, Tabatinga, Amazonas, Brasil, 2007.
12)Vias das águas, três fronteiras (Brasil, Peru, Colômbia), 2007.
13)O caminho de meu trabalho, percurso de trabalho com os Matis, indo
para Terra Indígena Vale do Javari, 2006.
14)O caminho de meu trabalho, percurso de trabalho com os Matis, indo
para Terra Indígena Vale do Javari, 2007.
15)Seqüência de fotos das trilhas percorridas pelo Brasil e America
Latina, faz parte do meu projeto de livro “caminhos, percursos,
peregrinações e percalços pelo Brasil e America Latina de 1999-2009,
Rafael Pessôa. Uyuni, Bolívia 2009.
16)Caminho Inca, 2009.
17)Cemitério de trem. É o fim? Salar do Uyuni, Bolívia, 2009.

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