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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO -TC-1669/07

Publicado no O, O, E, Poder Legislativo Municipal. Câmara de Tavares. Prestação de


Contas Anual relativa ao exercício de 2006. Atendimento integral às
Em, --A.l-' 03--1 o ~ exigências essenciais da LRF. Irregularidade. Procedência de
Denúncia. Imputação de débito. Aplicação de multa. Representação
ao Ministério Público Comum. Recomendação .
. ~
a do Tribunal Pleno

RELATÓRIO:
Trata o presente processo da Prestação de Contas Anual da Câmara Municipal de Tavares, relativa ao
exercício de 2006, sob a responsabilidade do Senhor Antônio Cândido Filho, atuando como gestor
daquela Casa Legislativa.
A Diretoria de Auditoria e Fiscalização - Departamento de Acompanhamento da Gestão Municipal I -
Divisão de Acompanhamento da Gestão Municipal I (DIAFIIDEAGM IIDIAGM I) deste Tribunal emitiu,
com data de 16/09/2008, o Relatório de fls. 837-846, com base numa amostragem representativa da
documentação enviada a este TCE, cujas conclusões são resumidas a seguir:
1. A PCA foi apresentada no prazo legal e de acordo com a RN- TC-99/97.
2. A Lei Orçamentária Anual de 2007 - LOA nO031 de 09/12/2005 - estimou as transferências e fixou
as despesas em R$ 320.000,00.
3. As Receitas Orçamentárias efetivamente transferidas atingiram o valor de R$ 320.000,00 e as
Despesas Realizadas no exercício alcançaram o valor de R$ 319.978,50.
4. As Despesas totais do Poder Legislativo Municipal representaram 6,87% das receitas tributárias e
transferidas, atendendo à CF/88.
5. As Despesas totais com folha de pagamento do Poder Legislativo atingiram 62,88% das
transferências recebidas, cumprindo o artigo 29-A, parágrafo primeiro, da Constituição Federal.
6. A despesa com pessoal do Legislativo Municipal alcançou o montante de R$ 251.321,30,
representando 2,77% da RCL, abaixo do teto fixado pelo art. 20 da LRF (limite 6%)
7. Regularidade na remuneração dos senhores Vereadores.
8. Com relação à Gestão Fiscal, o Órgão Técnico concluiu pelo atendimento integral aos preceitos da
LRF.
9. Foi formulada denúncia pelo Sr. José Evandir Cândido acerca de irregularidades na execução de
despesas nos exercícios de 2005 e 2006, sendo que aquelas relativas ao exercício de 2005 estão
sendo analisadas no Processo TC n° 01603/08. Referente à denúncia do exercício de 2006 a
Auditoria, após diligência, in loco, conclui pela procedência dos seguintes itens:
9.1 Inconsistências nas datas constantes dos documentos de concessão de diárias aos Senhores
Antônio Cândido Filho, Adailton Barbosa Dantas e Genival Nicácio Pereira, além da falta de
assinaturas em diversos documentos;
9.2 Despesas fictícias, em função da não prestação dos serviços (manutenção física da Câmara)
pelo credor Sr. Francisco de Assis Lima, que afirmou não ter recebido o valor correspondente
ao pagamento realizado, devendo o valor de R$ 1.600,00 ser devolvido à Câmara pelo gestor;
9.3 Despesas fictícias com apropriação indébita dos valores, em função da não prestação dos
serviços (transporte) pelo credor Sr. Sebastião Severo Sobrinho, devendo o gestor devolver o
valor de R$ 500,00 à Câmara Municipal;
9.4 Apropriação indébita de recursos públicos pelo gestor no valor estimado de R$ 200,00, atra-
vés de compras fictícias realizadas junto à credora Sra. Maria da Guia Maranhão Casusa;
9.5 Aquisição de objetos semelhantes junto a Gráfica Universal de Serra Talhada com uma dife-
rença de apenas seis dias, cujos preços foram majorados de 25 a 67% na segunda compra
em relação à primeira, caracterizando superfaturamento no valor de R$ 108,00.

Tendo em vista as irregularidades apontadas pela Auditoria, o Relator ordenou a notificação dos
interessados respeitando, assim, os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, tendo o
gestor deixado transcorrer o prazo regimental sem apresentação de defesa{~./
PROCESSO TC -1669/07 f1s.2

Instado a se pronunciar, o Ministério Público junto ao TCE emitiu o Parecer nO1039/08 (fls. 852-858), da
lavra do Procurador André Carlo Torres Pontes, pugnando para que esta Egrégia Corte, em razão do
exame das contas do exercício de 2006, da Mesa da Câmara Municipal de Tavares, de responsabilidade
do Exmo Sr. Antônio Cândido Filho:
1. declare o atendimento integral dos requisitos de gestão fiscal responsável, previstos na LC
101/2000;
2. conheça e julgue procedente as denúncias apresentadas em relação aos fatos apurados e
conformados pela d. Auditoria, fazendo-se as comunicações de estilo;
3. julgue irregulares as contas em exame, em face dos itens apurados na supracitada denúncia;
4. impute débito contra o gestor relativamente aos valores apontados pela d. Auditoria,
devidamente atualizados;
5. aplique multa contra o gestor pelos atos danosos ao erário, com fundamento na CF/88, art.
71, VIII, e LCE 18/93, art. 55;
6. recomende à atual gestão diligência no sentido de prevenir a repetição das falhas acusadas
no exercício de 2006.
Defesa encartada pelo gestor, às fls. 860-940, a qual recebeu a devida análise pela Auditoria que
concluiu pelo saneamento da irregularidade referente a despesas com diárias, permanecendo as demais
inconsistências inicialmente apontadas.
Novel manifestação da d. Procuradoria, às fls. 947, ratificando o parecer de fls. 852-858, ressalvando o
item que foi considerado regular pela Auditoria.
O Relator recomendou o agendamento do processo na pauta desta sessão, determinando as
notificações de estilo.

VOTO DO RELATOR:
Todas as irregularidades remanescentes foram apuradas a partir de denúncia trazida a esta Corte, a qual
reporta-se à execução de despesas sem o devido atendimento aos requisitos legais e à comprovação
dos elementos de despesas.
Conforme apurado pela Auditoria, o gestor forjou despesas com prestação de serviços referentes à
manutenção da Câmara, no valor de R$ 1.600,00, e a serviços de transporte, no montante de R$ 500,00,
que, efetivamente, não foram executadas, onde os Senhores Francisco de Assis Lima e Sebastião
Severo Sobrinho respectivamente figuram como credores.
É bom frisar que ambos assinaram recibos dando plena quitação à prestação dos serviços, contudo,
mediante declarações insertas nos autos, afirmaram que os serviços não foram executados, bem como
não foram recebedores dos valores declinados no parágrafo anterior. Por outro lado, o defendente afirma
que efetivamente os serviços foram prestados e as declarações, acostadas aos autos, foram motivadas
por pressão do denunciante, o Sr. Evandy Cândido, fato não comprovado nos autos.
Quanto à credora, Sra. Maria da Guia Maranhão, segundo levantamento realizado, fundamentado em
entrevista e declaração acostadas aos autos, foi afirmado que o fato não faz referência a
superfaturamento, e sim a fornecimento fictício de produtos, ou seja, o Sr. Antônio Cândido Filho recebia,
em média, R$ 50,00 por cada nota faturada, as quais descreviam produtos que não seriam de fato
entregues.
Diante do exposto, nota-se que as irregularidades apontadas alcaçam ambas as esferas do negócio, ou
seja, de um lado, toca o gestor público que persuadiu os credores a cometerem crime contra
administração pública e, do outro, os credores que aceitaram pactuar desses ilícitos. Sendo assim, os
valores pagos devem ser devolvidos aos cofres do município de Tavares, sem prejuízo desta Corte
representar ao Ministério Público Comum acerca dos ilícitos cometidos pelo gestor e credores.
Quanto à aquisição de material gráfico junto à Gráfica Universal, onde restou comprovada uma
majoração de preços, ocorrida num intervalo de seis dias, de 25% a 67% em relação à compra anterior, o
Relator entende que a diferença de valor se deu de forma injustificável e, muito embora, o excesso pago
tenha ínfimo valor (R$ 108,00), em face da recorrência quanto a pagamentos ilegalmente efetuados,
como os já descritos, considera que a diferença em tela deve ser adicionada aos demais valores para
fins de devolução.

Destarte, em harmonia com entendimento ministerial, acrescentando-lhe a representação ao Ministério


Público Comum, voto pela (o):
a) declaração de atendimento integral dos requisitos de gestão fiscal responsável, previstos na LC
101/2000; ~
PROCESSO TC -1669/07 f1s.3

b) conhecimento e julgamento procedente das denúncias apresentadas em relação aos fatos


apurados e conformados pela d. Auditoria, fazendo-se as comunicações de estilo;
c) julgamento irregular as contas em exame, em face dos itens apurados na supracitada
denúncia;
d) imputação de débito ao gestor no montante de R$ 2.408,00, devidamente atualizados,
relativamente aos valores apontados pela d. Auditoria, com despesas fictícias ou excessivas,
conforme quadro abaixo:

Credor Valor (R$)


Francisco de Assis Lima 1.600,00
Sebastião Severo Sobrinho 500,00
Maria da Guia Maranhão 200,00
Gráfica Universal 108,00
Total 2.408,00

e) aplicação de multa ao gestor no valor de R$ 2.400,00 (dois mil, quatrocentos reais)


1
devidamente atualizado, pelos atos danosos ao erário, com fundamento na CF/88, art. 71, VII ,
2
e LCE 18/93, art. 55 ;
f) representação ao Ministério Público Comum, para fins de análise dos indícios de cometimento
de crime contra administração pública praticados pelo gestor e os credores indicados nos
autos;
g) recomendação ao atual Presidente da Câmara Municipal de Tavares, no sentido de evitar
qualquer ação administrativa que, em similitude com as ora debatidas, venham macular as
contas do Poder Legislativo Municipal.

DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO DO TCE-PB:


Vistos, relatados e discutidos os autos, os Membros do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA
PARAfBA (TCE-PB), à unanimidade, na sessão realizada nesta data, ACORDAM em:
I. CONSIDERAR o atendimento integral às exigências essenciais da LRF;

11. JULGAR IRREGULAR a Prestação de Contas Anual, relativa ao exercício de 2006, da Câmara
Muníclpaljíe Tavares, sob a responsabilidade do Sr. Antônio Cândido Filho, atuando como
gestor do Poder Legislativo, em face das despesas pagas de forma ilegal;

111. CONHECER e JULGAR PROCEDENTE as DENÚNCIAS apresentadas em relação aos fatos


apurados e conformados pela d. Auditoria, fazendo-se as comunicações de estilo;

IV. IMPUTAR DÉBITO ao gestor no montante de R$ 2.408,00 (dois mil, quatrocentos e oito reais),
devidamente atualizados, relativamente aos valores apontados pela d. Auditoria, com despesas
fictícias ou excessivas;

V. APLICAR MULTA ao Sr. ANTÔNIO CÂNDIDO FILHO, no valor de R$ 2.400,00 (dois mil,
quatrocentos reais), pelos atos danosos ao erário, com fundamento na CF/88, art. 71, VIII, e
LCE 18/93, art. 55;

VI. ASSINAR o prazo de 60 (sessenta) dias para os recolhimentos do débito e da multa" acima
aplicados, sob pena de cobrança executiva, desde logo recomendada, inclusive com
assistência do Ministério Público, de acordo com os Parágrafos 3° e 4° do artigo 71 da
Constituição do Estado;~::>
~

1 Art. 71. o
controle externo, a cargo da Assembléia Legislativa, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao
qual compete:
VII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;

2 Art. 55 _ Quando o responsável for julgado em débito, o Tribunal poderá condená-lo a repor ao Erário o valor atualizado do
dano acrescido de multa de até 100% (cem por cento) do mesmo valor. (grifo nosso)

3 Débito _ devolução ao erário municipal;


Multa - recolhimento ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal - mediante a quitação de Documento de Ar-
recadação de Receitas Estaduais (DAE) com código "4007" - Multas do Tribunal de Contas do Estado.
PROCESSO TC -1669/07 flsA

VII. REPRESENTAR o Ministério Público Comum, para fins de análise dos indícios de cometimento
de crime contra administração pública pelo gestor e os credores indicados nos autos;

VIII. RECOMENDAR ao atual Presidente da Câmara Municipal de Tavares, no sentido de evitar


qualquer ação administrativa que, em similitude com as ora debatidas, venham macular as
contas do Poder Legislativo Municipal.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.


TCE-Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, ,)~ de _4~~~=::L.:L-_,de 2009.

Conselheiro

Lf5'
Conselheiro Fábio Túlio Fi gueiras Nogueira
Relator

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Fui presente,
'd-1na T~'--"~"-s-a-N-ó-~-re-gã
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Procuradora Geral do Ministério Público junto ao tcE-Pb

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