Vous êtes sur la page 1sur 18

Publicado no O. O. E.

em, J 1/..E...iJ '() ci

TRIBUNAL DE CONTAS DO EST


PROCESSO TC 2.133/06

Loteria do Estado da Paraíba (LOTEP). Prestação de


Contas. Exercício financeiro de 2005. Julga-se regular
com ressalvas. Aplicação de multa.

ACÓRDÃO APL TC N° 2:\3 /09

o Processo TC 2.133/06 trata da Prestação de Contas da Loteria do Estado


da Paraíba (LOTEP), relativa ao exercício financeiro de 2005, sob a
responsabilidade do ex-Superintendente, Senhor Roberto Cláudio Rocha Rabello;

CONSIDERANDO que a douta Auditoria, após analisar reiteradamente os


documentos constantes nos presentes autos, inclusive os esclarecimentos
apresentados por aquela autoridade, constatou a ocorrência das seguintes
irregularidades:

1) Carência de regulamentação e estruturação do quadro de pessoal da


LOTEP;
2) Contratação de prestadores de serviços para atividades típicas de cargos
de carreira (efetivos), fugindo da realização do devido concurso público;
3) Despesas com diárias pagas ao Senhor Inácio Pedrosa Filho, Coordenador
de Administração e Finanças, caracterizando complementação salarial, no
valor de R$ 9.120,00;
4) Aquisição de redes para brindes fora dos objetivos da LOTEP, no total de
R$ 2.475,00;
5) Dispêndio sem amparo legal com a publicação do livro "O Príncipe Tanino e
a Princesa Belinha", na quantia de R$ 1.400,00;
6) Despesas com publicidade em excesso e desnecessária, na importância de
R$ 22.000,00;
7) Gastos desnecessários com assessoria de comunicação;
8) Concessão de ajudas financeiras a pessoas físicas com diversas
irregularidades, tais como, falta de critérios objetivos para sua definição,
ajudas de custo a pessoas aparentemente não carentes, a pessoa
residente no mesmo endereço do então Superintendente da LOTEP.

CONSIDERANDO que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


pugnou, em síntese, pela:

a) Irregularidade das contas do Sr. Roberto Cláudio Rocha Rabello, gestor


da Loteria do Estado da Paraíba - LOTEP, no exercício financeiro de
2005;
(f! 1
f
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.133/06

b) Aplicação da multa prevista no art. 56, inciso 11,da Lei Complementar


Estadual n.? 18/93, ao referido administrador;
c) Imputação de débito pessoal ao Sr. Roberto Cláudio Rocha Rabelo em
virtude das despesas insuficientemente comprovadas com publicidade;
d) Imputação ao Sr. Inácio Pedrosa Filho dos valores percebidos a título de
diária de forma contínua, caracterizando complementação irregular de
remuneração;
e) Recomendação ao atual gestor da LOTEP no sentido de que não mais
incida nas falhas acima mencionadas.

CONSIDERANDO que o Relator entendeu regulares as despesas com


diárias pagas ao Senhor Inácio Pedrosa Filho;

CONSIDERANDO que, no entendimento do Relator, se faz necessária a


emissão de oficio ao Governador do Estado da Paraíba, Dr. José Targino
Maranhão, acerca da situação irregular em que se encontra o quadro de pessoal
da Loteria do Estado da Paraíba - LOTEP, bem como sobre a necessidade de
adoção das providências essenciais à elisão da mácula;

CONSIDERANDO que, segundo o Relator, a contratação de prestadores de


serviços para atividades típicas de cargos de carreira sem a realização do devido
concurso público afronta os princípios constitucionais da impessoalidade, da
moralidade administrativa e da necessidade de concurso público;

CONSIDERANDO que o Relator entende ser descabida a aqursiçao de


redes para serem doadas aos participantes dos Fóruns Nacionais de Secretários
do Trabalho (690 FONSET) e de Assistência Social (350 FONSEAS);

CONSIDERANDO que o Relator opinou pela glosa do valor despendido com


a publicação do livro "O Príncipe Tanino e a Princesa Belinha", em razão de estar
em desacordo com o princípio constitucional da impessoalidade e não condizente
com a finalidade da Loteria do Estado da Paraíba - LOTEP;

CONSIDERANDO que, quanto aos gastos com publicidade e com


assessoria de comunicação, o Relator entende não estarem eles em
conformidade com os princípios norteadores da Administração Pública;

CONSIDERANDO que, de acordo com o Relator, a única falha


remanescente relativa à concessão de ajudas financeiras a pessoas físicas com
diversas irregularidades, consiste no fato de haver sido concedida essa espécie
de ajuda a pessoa residente no mesmo endereço do então Superintendente da
LOTEP;

2
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.133/06

CONSIDERANDO que o Relator propôs a este Tribunal, em síntese:

a. Julgamento pela irregularidade das contas de gestão do ex-Ordenador


de Despesas da Loteria do Estado da Paraíba - LOTEP, relativas ao
exercício financeiro de 2005, Dr. Roberto Cláudio Rocha Rabello;
b. Imputação ao referido ex-gestor de débito no montante de R$ 27.875,00
(vinte e sete mil, oitocentos e setenta e cinco reais), sendo R$ 2.475,00
concernentes à aquisição de redes para brindes fora do objetivo do
órgão, R$ 1.400,00 referentes à despesa com publicação de livro sem
amparo legal e contrariando o princípio da impessoalidade, R$ 22.000,00
relacionados a dispêndios em excesso com publicidade desnecessária e
R$ 2.000,00 respeitantes a gastos injustificáveis com assessoria de
comunicação.
c. Aplicação de multa àquele ex-Gestor, no valor de R$ 2.805,10 (dois mil,
oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que dispõe o art.
56, incisos 11 e 111, da Lei Complementar Estadual n.? 18/93 - LOTCE/PB.
d. Recomendações no sentido de que o atual Superintendente da Loteria
do Estado da Paraíba - LOTEP, Dr. Paulo José de Melo Barreto, não
repita as irregularidades apontadas no relatório da unidade técnica deste
Tribunal e observe, sempre, os preceitos constitucionais, legais e
regulamentares pertinentes.
e. Emissão de oficio ao Excelentíssimo Governador do Estado da Paraíba,
Dr. José Targino Maranhão, informando-o acerca da situação irregular
em que se encontra o quadro de pessoal da LOTEP, bem como da
necessidade imperiosa de adoção das providências necessárias à elisão
da mácula, tendo em vista o estabelecido no art. 63, § 1°, inciso 11,
alíneas "a" e "e", da Constituição Estadual.
f. Remessa de cópia das peças técnicas, fls. 465/478, 506/524 e 588/591,
dos pareceres do Ministério Público Especial, fls. 526/530 e 593, e desta
decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado para as
providências cabíveis.

CONSIDERANDO que o Conselheiro José Marques Mariz entende serem


razoáveis os gastos realizados com serviços de publicidade;

CONSIDERANDO que, segundo o Conselheiro José Marques Mariz, os


valores despendidos com a aquisição de redes e com a publicação de livro são
de pequena monta;

CONSIDERANDO que, no entendimento do Conselheiro José Marques


Mariz, são essas irregularidades subsistentes de maior relevância; r!17
. f! I

~! I, 3
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.133/06

CONSIDERANDO que, em razão desses fatos, o Conselheiro José Marques


Mariz votou pela regularidade com ressalvas da presente Prestação de Contas e
pela aplicação de multa no valor de R$ 1.000,00, nos termos do art. 56 da
LOTCE/PB;

CONSIDERANDO que o Conselheiro Fernando Rodrigues Catão entende


não serem as irregularidades apontadas no quadro de pessoal da LOTEP
suficientes para reprovar as presentes Contas;

CONSIDERANDO que, de acordo com o Conselheiro Fernando Rodrigues


Catão, não há irregularidade em presentear autoridades de outros Estados com
peças de artesanato local;

CONSIDERANDO que o Conselheiro Fernando Rodrigues Catão entende


ser irrisório o montante gasto na publicação questionada pela douta Auditoria;

CONSIDERANDO que, no entendimento do Conselheiro Fernando


Rodrigues Catão, não há como saber se os gastos com publicidade eram ou não
necessários;

CONSIDERANDO que, em razão desses fatos, o Conselheiro Fernando


Rodrigues Catão votou pela regularidade com ressalvas das presentes contas,
sem a aplicação de multa;

CONSIDERANDO que o Conselheiro Substituto acompanhou a proposta do


Relator, salvo em relação aos gastos com publicidade, em razão de esses gastos
terem sido considerados regulares na apreciação das contas desse mesmo
gestor relativas a outros exercícios financeiros;

CONSIDERANDO que o Conselheiro Substituto Antonio Gomes Vieira Filho,


entendendo que a responsabilidade pelas irregularidades elencadas deve ser
atribuída mais ao Governo do estado que ao ex-Gestor da LOTEP, acompanhou
o voto do Conselheiro José marques Mariz;

CONSIDERANDO o Relatório e o Voto do Relator, o pronunciamento do


Órgão de Instrução, o Parecer escrito e oral do Ministério Público junto a esta
Corte e o mais que dos autos consta;

ACORDAM os membros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO


ESTADO DA PARAíBA, em sessão realizada nesta data, por maioria de votos,
em:
//l
~/
..
f 4
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.133/06

1. Julgar regulares com ressalvas as contas apresentadas pelo Senhor


Roberto Cláudio Rocha Rabello, na qualidade de Superintendente da
Loteria do Estado da Paraíba (LOTEP), relativas ao exercício financeiro
de 2005;
2. Aplicar multa pessoal à autoridade acima referida, no valor de R$ 1.000,00,
nos termos do art. 56, incisos 11 e 111, da Lei Orgânica deste Tribunal;
3. Assinar ao responsável, retrocitado, o prazo de 30 (trinta) dias para
demonstrar a este Tribunal o recolhimento da multa aplicada ao Tesouro
Estadual à conta do Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira
Municipal, devendo de tudo fazer prova a esta Corte de Contas,
informando-lhe ainda que, caso não efetue o recolhimento voluntário, cabe
ação a ser impetrada pela Procuradoria Geral do Estado, devendo-se dar a
intervenção do Ministério Público, na hipótese de omissão da PGE, nos
termos do § 4° do art. 71 da Constituição Estadual;

Presente ao julgamento a Exma. Senhora Procuradora Geral.

Publique-se, registre-se, cumpra-se.

Te - PLENÁRIO MINISTRO JOÃO AGRIPINO

João Pessoa, C.L de I\hi: \ L

)
•••.•.•....
.,,. DINIZ FILHO RENATO SÉR
sidente

/// .
' /, 7/7#1-)
fl/,L ')
aSE MARQUES MARIZ
~ Formalizador do Ato

1
~ --'.. ----\,
:ANA TERESA NÓBREGA
Procuradora Geral

5
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02133/06

Objeto: Prestação de Contas Anuais


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Revisor: Conselheiro José Marques Mariz
Responsável: Roberto Cláudio Rocha Rabello
Advogados: Dr. Marcel de Moura Maia Rabello e outros

Tratam os presentes autos da análise da prestação de contas de gestão do


ex-Superintendente da Loteria do Estado da Paraíba - LOTEP, Dr. Roberto Cláudio Rocha
Rabello, relativas ao exercício financeiro de 2005, apresentada a este ego Tribunal em 30 de
°
março de 2006/ mediante o Ofício n. 033/GS, datado de 03 de março do mesmo ano, fI. 02.

Os peritos da então Divisão de Contas do Governo do Estado II - DICOG II, com base nos
documentos insertos nos autos e em diligência in foco, emitiram relatório inicial, fls. 465/478/
constatando, sumariamente, que: a) a prestação de contas foi apresentada no prazo legal;
b) a Lei Estadual n.? 1.192/ de 02 de abril de 1955, criou a LOTEP, que foi constituída como
entidade de regime especial da administração direta descentralizada do Poder Executivo pela
Lei Estadual n.O 5.404/91; c) a LOTEP é dotada de autonomia administrativa e financeira e
está vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano, consoante Lei
Complementar Estadual n.o 67/2005; d) a estrutura organizacional básica da entidade,
composta por cargos de provimento em comissão, foi estabelecida pela Lei Estadual
n.o 6.306/96; e) a Lei Estadual n.o 7.416/ de 10 de outubro de 2003, disciplinava a
exploração de atividade lotérica no âmbito do Estado da Paraíba e instituiu outras
modalidades de concursos de prognósticos; e f) segundo o Decreto Estadual n.O 15.826/93/
a LOTEP tem como fontes de receita o resultado apurado na venda de bilhetes de loteria,
dotações orçamentárias consignadas em seu favor, recursos provenientes da celebração de
contratos, convênios e acordos, da alienação de bens móveis e imóveis desincorporados do
seu patrimônio e de outras rendas eventuais, inclusive resultantes de prestação de serviços.

Quanto aos aspectos orçamentários, financeiros e patrimoniais, os técnicos da antiga


DICOG II destacaram que: a) o orçamento da entidade para 2005 foi aprovado pela Lei
Estadual n.o 7.717/2005, regulamentada pelo Decreto Estadual n.o 25.684/2005/ que
estimou sua receita em R$ 963.000/00 e fixou a despesa em igual valor; b) durante o
exercício, foram abertos créditos adicionais suplementares, na soma de R$ 273.561/54;
c) a receita orçamentária efetivamente arrecadada no exercício ascendeu à quantia de
R$ 889.314/36; d) a despesa orçamentária realizada atingiu o montante de R$ 921.727/82;
e) a receita extra-orçarnentária, acumulada no período, alcançou a importância de
R$ 96.557/40; f) a despesa extra-orçamentária, executada durante o ano, compreendeu um
total de R$ 106.057/75; g) o saldo para o exercício seguinte foi de R$ 48.103/08; h) ao final
do exercício, os RESTOS A PAGAR somaram R$ 8.200/92; i) o balanço patrimonial
apresentou um ativo real líquido no montante de R$ 211.702,79; e j) a demonstração das
variações patrimoniais evidenciou que as variações passivas superaram as ativas em
R$ 38.153,04.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02133/06

No que diz respeito aos aspectos operacionais e outros levantamentos relacionados à


entidade, evidenciaram os analistas desta Corte que: a) em 2005, a LOTEP transferiu
recursos financeiros a diversas instituições públicas e privadas, no total de R$ 201.906,00; e
b) tais transferências foram realizadas sem instrumento legal autorizativo e sem a existência
de um plano de trabalho para aplicação dos recursos.

Em relação ao quadro de pessoal da LOTEP, os inspetores deste Pretório de Contas


assinalaram que: a) a entidade possui 48 (quarenta e oito) servidores, sendo 19 efetivos, 04
comissionados, 11 de outros órgãos à sua disposição, 09 prestadores de serviços e 06 da
LOTEP cedidos a outros órgãos; b) os prestadores de serviços foram contratados para os
cargos de SECRETÁRIA EXECUTIVA, ALMOXARIFE, SEGURANÇA, MOTORISTA, CONTADOR,
ADVOGADO, ELETRICISTA e ASSESSOR; e c) apesar de custear sua folha de pagamento, a
entidade ainda não possui um quadro de pessoal próprio.

Ao final de seu relatório, os especialistas da unidade técnica apresentaram, de forma


resumida, as irregularidades constatadas, quais sejam: a) falta da regulamentação prevista
no art. 30, § 20, da Lei Estadual n.O 7.416/2003, que trata da aplicação dos recursos da
LOTEP; b) incoerência entre o disposto no art. 3° da Lei Estadual n.o 7.416/2003 e o
estabelecido no art. 19 do Decreto Estadual n.o 15.826/93; c) carência de regulamentação e
estruturação do quadro de pessoal da LOTEP; d) contratação de prestadores de serviços
para atividades típicas de cargos de carreira (efetivos), fugindo da realização do devido
concurso público; e) despesas com diárias pagas ao SR. INÁCIO PEDROSA FILHO,
Coordenador de Administração e Finanças, caracterizando complementação salarial, no valor
de R$ 9.120,00; f) gastos em excesso com combustíveis, na soma de R$ 3.493,20;
g) aquisição de redes para brindes fora dos objetivos da LOTEP, no total de R$ 2.475,00;
h) dispêndio sem amparo legal com a publicação do livro O PRÍNCIPE TANINO E A
PRINCESA BELINHA, na quantia de R$ 1.400,00; i) despesas com publicidade em excesso e
desnecessária, na importância de R$ 22.000,00; j) gastos desnecessários com assessoria de
comunicação; e k) concessão de ajudas financeiras a pessoas físicas com diversas
irregularidades, tais como, falta de critérios objetivos para sua definição, ajudas de custo a
pessoas aparentemente não carentes, a pessoa residente no mesmo endereço do então
Superintendente da LOTEP, bem como ao SR. JOSÉ FREIRE DE LIMA, esta última
caracterizando remuneração.

Processadas as devidas citações, fls. 479/482, o Coordenador de Administração e Finanças


da LOTEP à época, Sr. Inácio Pedrosa Filho, deixou o prazo transcorrer sem qualquer
manifestação acerca do recebimento periódico de diárias, com indícios de complementação
salarial.

Por sua vez, o gestor responsável pela entidade em 2005, Dr. Roberto Cláudio Rocha
Rabello, apresentou contestação, fls. 483/503, onde juntou documentos e alegou,*
resumidamente, que: a) a competência para editar decretos no âmbito estadual é exc usiva
do Governador do Estado; b) a Lei Estadual n.o 7.416/2003 foi declarada inconstitu ional ...
"- .~

. &'
11
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02133/06

pelo Supremo Tribunal Federal - STF, mediante a ADI n.o 3.277-1; c) a regulamentação do
quadro de pessoal da LOTEP é atribuição do Chefe do Poder Executivo Estadual; d) a LOTEP
possui um quadro de servidores diminuto e carente de preparo profissional, o que exige a
contratação de prestadores de serviços qualificados a fim de possibilitar o correto
funcionamento da entidade; e) o nível salarial e a baixa escolaridade desqualificam os fiscais
da LOTEP para labores mais complexos, razão pela qual o seu Coordenador Administrativo e
Financeiro realiza viagens periódicas para a cobrança de contribuições; f) o excesso no
consumo de combustíveis imputado é desprovido de fundamento, pois foi calculado com
base em critério hipotético e meramente empírico; g) a despesa com redes para brindes foi
realizada em favor da Secretaria de Trabalho e Ação Social, à qual a LOTEP está vinculada,
com o intuito de promover a cultura dos artesãos do Estado; h) a ajuda para a publicação do
livro O PRÍNCIPE TANINO E A PRINCESA BELINHA teve amparo na Lei Estadual
n.O 7.416/2003, não tendo o gestor qualquer vínculo com a autora da obra; i) para auferir
receitas a serem utilizadas em políticas públicas, é imprescindível utilizar meios publicitários
e de comunicação, pois a Loteria Estadual vende produtos que devem ter aceitação e
credibilidade no mercado consumidor; j) a empresa AM OFICINA DE PROPAGANDA E
MARKETING LTDA. venceu licitação realizada pelo Estado, objetivando a contratação de
agência publicitária para atender determinados órgãos, dentre eles a LOTEP; e k) as ajudas
financeiras concedidas estavam em conformidade com as normas pertinentes, foram
precedidas de requerimento formal e análise técnica, atendendo a uma das principais
finalidades da entidade que é a assistência social.

Encaminhados os autos à unidade de instrução, esta, examinando a referida peça processual


de defesa, emitiu o relatório de fls. 505/524, onde considerou elididas as eivas concernentes
à falta da regulamentação prevista no art. 30, § 2°, da Lei Estadual n.O 7.416/2003; à
incoerência entre o art. 3° da Lei Estadual n.O 7.416/2003 e o art. 19 do Decreto Estadual
n.O 15.826/93; e aos gastos em excesso com combustíveis, na soma de R$ 3.493,20. Em
seguida, manteve in totum o seu posicionamento exordial relativamente às demais máculas.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ao se pronunciar sobre a matéria,


fls. 526/530, pugnou pela: a) irregularidade das contas do Sr. Roberto Cláudio Rocha
Rabello, gestor da Loteria do Estado da Paraíba - LOTEP, no exercício financeiro de 2005;
b) aplicação da multa prevista no art. 56, inciso Il, da Lei Complementar Estadual n. ° 18/93,
ao referido administrador; c) imputação de débito pessoal ao Sr. Roberto Cláudio Rocha
Rabelo em virtude das despesas insuficientemente comprovadas com publicidade;
d) imputação ao Sr. Inácio Pedrosa Filho dos valores percebidos a título de diária de forma
contínua, caracterizando complementação irregular de remuneração; e e) recomendação ao
atual gestor da LOTEP no sentido de que não mais incida nas falhas acima mencionadas.

Em 03 de dezembro de 2008, mediante o Documento TC n.o 23673/08, fls. 531/579, o ainda


Superintendente da LOTEP, Dr. Roberto Cláudio Rocha Rabelo, apresentou alegações e
novas peças, informando, em suma, que: a) as contratações de prestadores de serviços
eram imprescindíveis para o funcionamento da LOTEP, sendo necessária a criação de p no
de cargos, carreira e remuneração para a realização de concurso público, competência sta b ..

,r
/-"''LI''"'
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02133/06

do Chefe do Executivo Estadual; b) na sua gestão, foi feito um estudo que resultou em uma
minuta, delimitando a estrutura organizacional e funcional da LOTEP, enviada à Secretaria de
Administração do Estado em julho de 2005; e c) nesta oportunidade, foram juntadas cópias
dos processos administrativos para concessão de ajudas de custo ao SR. JOSÉ FREIRE DE
LIMA, que tinha 97 anos de idade na época e já faleceu.

Ato contínuo, os inspetores da atual Divisão de Auditoria das Contas do Governo do


Estado IH - DICOG HI analisaram a referida documentação e consideram parcialmente
elidida a irregularidade relativa às ajudas financeiras a pessoas físicas, apenas no que
respeita ao auxílio concedido ao SR. JOSÉ FREIRE DE LIMA. No mais, ratificaram o seu
último posicionamento.

Requerido novo pronunciamento do Ministério Público Especial, este emitiu parecer, fI. 593,
mantendo os termos do seu entendimento anterior.

Solicitação de pauta, conforme fls. 594/595 dos autos.

É o relatório.

Após minuciosa análise do conjunto probatório encartado aos autos, constata-se que as
contas apresentadas pelo ex-Superintendente da Loteria do Estado da Paraíba - LOTEP,
Dr. Roberto Cláudio Rocha Rabello, relativas ao exercício financeiro de 2005, revelam
diversas e graves irregularidades remanescentes. Entrementes, em que pese o
posicionamento dos técnicos deste Sinédrio de Contas, as despesas com diárias concedidas
ao então Coordenador de Administração e Finanças da LOTEP, SR. INÁCIO PEDROSA FILHO,
embora concedidas periodicamente e em valor fixo CR$760,00 mensais), estão devidamente
comprovadas mediante notas de empenhos, requisições do interessado, constando o
objetivo e a duração da viagem, bem como recibos assinados pelo beneficiado, fls. 311/318,
323/328 e 339/340, inexistindo óbice para o acolhimento das alegações da defesa.

Por outro lado, persiste a ausência de regulamentação e estruturação do quadro de


servidores da LOTEP a fim de atender suas reais e atuais necessidades da entidade, fI. 473.
Com efeito, de acordo com a declaração do então Chefe do Núcleo de Contabilidade e
Finanças da LOTEP, Sr. Severino Ivanildo de Oliveira, fI. 121, nenhuma lei foi instituída
criando o seu quadro de pessoal. É cediço que os cargos e a estruturação dos órgãos
públicos estaduais devem estar previstos em lei de iniciativa privativa do Governador do
Estado da Paraíba, consoante estabelece o art. 63, § 10, inciso II, alíneas "a" e "e", da
Constituição Estadual, in verbis:

Art. 63. (omissis)

§ 10 São de iniciativa privativa do Governador do Estado as leis que:


TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 02133/06

I -(...
)

11- disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta


e autárquica ou aumento de sua remuneração;

b) ( ... )

e) criação, estruturação e atribuições das Secretarias e órgãos da


administração pública. (grifamos)

Logo, é preciso cientificar °


atual Governador do Estado da Paraíba, Dr. José Targino
Maranhão, da situação irregular em que se encontra o quadro de pessoal da Loteria do
Estado da Paraíba - LOTEP, bem como da necessidade imperiosa de adoção das
providências essenciais à elisão da mácula, tendo em vista o estabelecido no dispositivo
constitucional supracitado.

Igualmente inserida no rol das máculas apuradas na instrução do feito encontram-se as


contratações de 09 (nove) prestadores de serviços para os cargos de SECRETÁRIA
EXECUTIVA, ALMOXARIFE, SEGURANÇA, MOTORISTA, CONTADOR, ADVOGADO,
ELETRICISTA e ASSESSOR, atividades essas características da administração pública.
Importa frisar que esse fato também foi constatado na análise da contas da LOTEP relativas
ao exercício financeiro de 2004 (Processo TC n.o 01483/05).

Não obstante as alegações do então gestor da entidade, Dr. Roberto Cláudio Rocha Rabello,
acerca da falta de preparo profissional do pessoal lotado na LOTEP, exigindo a contratação
de prestadores de serviços qualificados, fls. 485/486/ os cargos nos quais estes foram
empregados remetem a atividades típicas e rotineiras da pública administração, sendo
exigido para tanto certame público. Neste sentido, cabe destacar que a ausência de certame
público para seleção de servidores afronta os princípios constitucionais da impessoalidade,
da moralidade administrativa e da necessidade de concurso público, devidamente
estabelecidos na cabeça e no inciso Il, do art. 37, da Constituição Federal, verbatim:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade. moralidade. publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:

I -(omissis)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 02133/06

a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em


lei, ressalvadasas nomeações para cargo em comissão declarado em lei de
livre nomeaçãoe exoneração; (destaques ausentes no texto original)

Com efeito, a Carta Magna só admite contratações sem concurso público para atender à
necessidade temporária de excepcional interesse público, conforme dispõe o seu art. 37,
inciso IX, verbo ad verbum:

Art. 37. (omissis)

IX - a lei estabeleceráos casos de contratação por tempo determinado para


atender a necessidadetemporária de excepcional interesse público;

Ressalte-se que o ingresso de servidor com inobservância das normas legais pertinentes dá
margem à ação popular, nos termos do artigo 4°, inciso I, da Lei n.o 4.717, de 29 de junho
de 1965 e que as referidas contratações podem ensejar ato de improbidade administrativa,
conforme estabelece o art. 11, inciso I, da lei que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos
agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo,
emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional - Lei Nacional
n.o 8.429, de 02 de junho de 1992 -, ipsis /itteris.

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da Administração Pública qualquer ação ou omissão que viole os
deveres da honestidade, imparcialidade, legalidade e a lealdade às
instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso


daquele previsto, na regra de competência; (grifos nossos)

Em seguida, os analistas desta Corte de Contas verificaram que a Loteria Estadual adquiriu,
em 2005, 45 (quarenta e cinco) redes ao preço unitários de R$ 55,00, totalizando
R$ 2.475,00, com a finalidade de presentear os participantes dos Fóruns Nacionais de
Secretários do Trabalho (690 FONSET) e de Assistência Social (350 FONSEAS), fls. 365/369.
De acordo com as alegações do ex-Superintendente da LOTEP, Dr. Roberto Cláudio Rocha
Rabello, fls. 488/489, as doações das peças artesanais tiveram o intuito de promover a
cultura e os artesãos do Estado, divulgando produtos típicos locais. Segundo ele, o ato
estaria em consonância com um dos objetivos da entidade previstos no art. 30, da Lei
Estadual n.O 7.416/2003, que é o fomento à cultura.

Todavia, há de se destacar, por oportuno, que a doação feita é totalmente descabida, te


em vista que ela foge ao verdadeiro escopo da Loteria do Estado da Paraíba _ ""--'-1"""\"'-
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02133/06

devendo o valor despendido, R$ 2.475,00, ser devolvido aos cofres da entidade pelo
ordenador da despesa. Além disso, os inspetores deste Sinédrio de Contas verificaram que o
TERMO DE DOAÇÃO, relativo à transferência dos itens adquiridos, foi expedido somente em
13 de junho de 2005, fI. 368, 03 (três) dias após a realização do evento em que seriam
entregues.

Outrossim, os especialistas da unidade técnica evidenciaram a realização de despesa em


favor da empresa A UNIÃO SUPERINTENDÊNCIA DE IMPRENSA E EDITORA, na importância
de R$ 1.400,00, com vistas à impressão do livro O PRÍNCIPE TANINO E A PRINCESA
BELINHA, da Sra. Socorro Barbosa, sem qualquer critério formal de seleção, fls. 370/373.
Como bem frisou a unidade de instrução, fI. 475, a LOTEP volta a praticar a mesma
irregularidade, pois, na análise das contas de 2004, constatou-se que a entidade também
havia custeado a publicação do livro SOCIEDADE PARAIBANA 2004, do Sr. Gerardo Rabello,
irmão do então Superintendente da entidade, Sr. Roberto Cláudio Rocha Rabello (Processo
TC n.o 01483/05).

Portanto, ao invés de se basear em critérios subjetivos de qualidade literária, como afirmou


o defendente, fls. 489/490, e a fim de preservar o princípio da impessoalidade na escolha de
trabalho artístico, com a possível atribuição de prêmios ou remuneração aos vencedores, o
gestor deveria ter se utilizado do instituto do concurso, modalidade de licitação prevista no
art. 22, inciso IV e § 4°, da Lei Nacional n.O 8.666, de 21 de junho de 1993, verbts:

Art. 22. São modalidades de licitação:

I- (omissis)

...
( )

IV - concurso;

( ...)

§ 4° Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para


escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de
prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de
edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45
(quarenta e cinco) dias.

Nesse caso, a escolha deve ser feita por uma comissão especial com conhecimento sobre o
objeto em análise, baseada em regulamento prévio, que indique a qualificação necessária
aos interessados, o modo de apresentação do projeto, bem como os prêmios a serem
outorgados aos vencedores, consoante determinam o art. 51, § 50, e o art. 52, cap
§§ 1° e 2°, da Lei de Licitações e Contratos Administrativos, senão vejamos:
I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02133/06

Art. 51. (omissis)

§ 50 No caso de concurso, o julgamento será feito por uma comissão


especial integrada por pessoas de reputação ilibada e reconhecido
conhecimento da matéria em exame, servidores públicos ou não.

Art. 52. O concurso a que se refere o § 4° do art. 22 desta Lei deve ser
precedido de regulamento próprio, a ser obtido pelos interessados no local
indicado no edital.

§ 10 O regulamento deverá indicar:

I - a qualificação exigida dos participantes;

II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;

III - as condições de realização do concurso e os prêmios a serem


concedidos.

§ 20 Em se tratando de projeto, o vencedor deverá autorizar a


Administração a executá-lo quando julgar conveniente.

Sendo assim, a quantia de R$ 1.400,00 gasta sem amparo legal, em desacordo com o
princípio constitucional da impessoalidade e não condizente com a finalidade da Loteria do
Estado da Paraíba - LOTEP também deve retornar ao conjunto de haveres da entidade.

Dentre o elenco das despesas censuradas pelos peritos desta Corte, encontram-se, ainda,
os dispêndios com publicidade, R$ 22.000,00, e com assessoria de comunicação feita pelo
jornalista SONIDELANDI SANTOS DE LACERDA, R$ 2.000,00, no total de R$ 24.000,00,
todas em favor da empresa AM OFICINA DE PROPAGANDA E MARKETING LTDA., que atuava
como intermediária, fls. 374/425. Foram destacados pagamentos efetuados ao Programa
Fogo Cruzado da Rádio Sanhauá, Paulo Santos - pson/ine.com, Ponto R Comunicação Web e
Jornal da Praia, enquanto a divulgação do sorteio diário da Loteria Estadual já era realizada
pela RÁDIO TABAJARA (empresa do Governo do Estado) e por TELEFONE/FAX da própria
LOTEP. Ademais, comungando com a observação do Parquet especializado, fI. 529, não
constam nos autos provas dos serviços efetivamente prestados, estando insuficientemente
comprovada, também, a finalidade da despesa.

In casu, as irregularidades listadas alhures revelam flagrante desrespeito aos pnncipios


básicos da pública administração, haja vista que não constam nos autos os elementos que
justificam a realização de seus objetos. Concorde entendimento uníssono da doutrina e
jurisprudência pertinentes, a carência de documentos que comprovem a despesa pública
consiste em fato suficiente à imputação do débito, além das demais penalidades aplicáveis à
espécie.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO Te N.o 02133/06

O artigo 70/ parágrafo único, da Carta Constitucional Federal, dispõe que a obrigação de
prestar contas abrange toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a
União, os Estados ou os Municípios respondam, ou que, em nome destes entes, assuma
obrigações de natureza pecuniária.

Importa notar que imperativa é não só a prestação de contas, mas também a sua completa
e regular prestação, já que a ausência ou a imprecisão de documentos que inviabilizem ou
tornem embaraçoso o seu exame é tão grave quanto a omissão do próprio dever de
prestá-Ias, sendo de bom alvitre destacar que a simples indicação, em extratos, notas de
empenho, notas fiscais ou recibos, do fim a que se destina o dispêndio não é suficiente para
comprová-lo, regularizá-lo ou legitimá-lo.

Nesse contexto, merece transcrição o disposto no artigo 113/ do Estatuto das Licitações e
dos Contratos Administrativos - Lei Nacional n.O 8.666/93 -/ que estabelece a necessidade
de o administrador público comprovar a legalidade, a regularidade e a execução da despesa,
verbum pro verbo:

Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais


instrumentos regidos por esta Lei será feito pelo Tribunal de Contas
competente, na forma da legislação pertinente, ficando os órgãos
interessados da Administração responsáveis pela demonstração da
legalidade e regularidade da despesa e execução, nos termos da
Constituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela previsto.
(grifo inexistente no original)

Da mesma forma, dignos de referência são os ensinamentos dos festejados doutrinadores


J. Teixeira Machado Júnior e Heraldo da Costa Reis, in Lei 4.320 Comentada, 28 ed, Rio de
Janeiro: IBAM, 1997/ p. 125/ in verbis:

Os comprovantes da entrega do bem ou da prestação do serviço não


devem, pois, limitar-se a dizer que foi fornecido o material, foi prestado o
serviço, mas referir-se à realidade de um e de outro, segundo as
especificaçõesconstantes do contrato, ajuste ou acordo, ou da própria lei
que determina a despesa.

Ademais, os princípios da legalidade, da moralidade e da publicidade administrativas,


estabelecidos no artigo 37/ caput, da Lei Maior, demandam, além da comprovação da
despesa, a efetiva divulgação de todos os atos e fatos relacionados à gestão pública,
Portanto, cabe~ao ?rdenador, de despesa.s, e ~ão ao órgão re:ponsável pela fiscali~áção/)
provar que nao e responsavel pelas infrações, que lhe sao imputadas, das leis e
~.;.

<\~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO Te N.O 02133/06

regulamentos na aplicação do dinheiro público, consoante entendimento do ego Supremo


Tribunal Federal - STF, verbatim:

MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.


CONTAS JULGADAS IRREGULARES. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO
ARTIGO 53 DO DECRETO-LEI 199/67. A MULTA PREVISTA NO ARTIGO 53
DO DECRETO-LEI 199/67 NÃO TEM NATUREZA DE SANÇÃO DISCIPLINAR.
IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES RELATIVAS A CERCEAMENTO DE
DEFESA. EM DIREITO FINANCEIRO, CABE AO ORDENADOR DE DESPESAS
PROVAR QUE NÃO É RESPONSÁVEL PELAS INFRAÇÕES, QUE LHE SÃO
IMPUTADAS, DAS LEIS E REGULAMENTOS NA APLICAÇÃO DO DINHEIRO
PÚBLICO. COINCIDÊNCIA, AO CONTRÁRIO DO QUE FOI ALEGADO, ENTRE
A ACUSAÇÃO E A CONDENAÇÃO, NO TOCANTE À IRREGULARIDADE DA
LICITAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA INDEFERIDO. (STF - Pleno - MS
20.335/DF, ReI. Ministro Moreira Alves, Diário da Justiça, 25 fev. 1983, p. 8)
(nosso grifo)

Visando aclarar o tema em disceptação, transcreve-se parte do voto do ilustre Ministro


Moreira Alves, relator do supracitado Mandado de Segurança, verbo ad verbum:

Vê-se, pois, que em tema de Direito Financeiro, mais particularmente, em


tema de controle da aplicação dos dinheiros públicos, a responsabilidade do
Ordenador de Despesas pelas irregularidades apuradas se presume, até
prova em contrário, por ele subministrada.

A afirmação do impetrante de que constitui heresia jurídica presumir-se a


culpa do Ordenador de despesas pelas irregularidades de que se cogita, não
procede portanto, parecendo decorrer, quiçá, do desconhecimento das
normas de Direito Financeiro que regem a espécie. (grifamos)

Já o eminente Ministro Marco Aurélio, relator na Segunda Turma do STF do Recurso


Extraordinário n.O 160.381/SP, publicado no Diário da Justiça de 12 de agosto de 1994,
página n.O 20.052, destaca, em seu voto, o seguinte entendimento: "O agente público não
só tem que ser honesto e probo, mas tem que mostrar que possui tal qualidade. Como a
mulher de César."

Em total consonância com aludida conclusão, reproduz-se a lição do insigne representante


do Ministério Público de Contas do Estado da Paraíba, Dr. Marcílio Toscano Franca Filho, nos
autos do Processo TC n.o 04588/97, ipsis /itteris.
I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02133/06

Acerca de tal expediente merece destaque o fato de que despesa pública


passa obrigatoriamente pelas fases de empenho, liquidação e pagamento.
Após o empenho, vem a liquidação da despesa, ocasião em que, do
montante empenhado, deverá ser quantificado com exatidão o crédito do
fornecedor através da documentação hábil (nota fiscal, recibo, atesto etc).
Por fim, tem-se o efetivo pagamento. Sublinho que a insuficiência
documental na comprovação de despesa pública é bastante para a
imputação do débito referente à despesa irregular, além das demais
penalidadesaplicáveisà espécie.

Finalmente, no que tange à concessão de ajudas financeiras a pessoas físicas no período


sub studio, remanesceram, após as análises dos técnicos do Tribunal, as seguintes máculas:
a) falta de critério e clareza para definição dos auxílios concedidos; b) ajuda de custo a
indivíduos aparentemente não carentes; e c) ajuda de custo a pessoa residente no mesmo
endereço do então Superintendente da LOTEP. Contudo, apesar do posicionamento dos
analistas desta Corte, ao reexaminar as justificativas e documentos trazidos pelo interessado,
fls. 491/493, 502/503 e 532/533, consideram-se devidamente sanadas as eivas concernentes
aos dois primeiros itens.

No entanto, restou patente que a Loteria Estadual não possui critérios objetivos
preestabelecidos para a distribuição de recursos assistenciais, nem procedimentos de
verificação se tais critérios teriam sido preenchidos pelos beneficiários no ato da concessão.
Cabe mencionar que não consta nos autos cópia de lei que autorize as subvenções
concedidas a pessoas físicas pela LOTEP, que atingiram em 2005 a soma de R$ 37.717,00,
fls. 426/428.

Na realidade, a destinação de recursos para cobrir necessidades de pessoas físicas precisam


ser autorizadas por lei específica, atender requisitos constantes na Lei de Diretrizes
Orçamentárias - LDO e possuir dotação orçamentária própria, consoante determina o
art. 26, caput, da Lei de Responsabilidade Fiscal - Lei Complementar Nacional n.o 101, de 04
de maio de 2000 -, ipsis /itteris:

Art. 26. A destinacão de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir


necessidadesde pessoasfísicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser
autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de
diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos
adicionais. (destaques ausentes no texto original)

Diante das transgressões a disposições normativas do direito objetivo pátrio, decorrentes da


conduta implementada pelo ex-gestor da Loteria do Estado da Paraíba - LOTEP, Dr. RObeçt~
Cláudio Rocha Rabello, resta também configurada a necessidade imperiosa de imposiçã da
multa de R$ 2.805,10 - valor atualizado pela Portaria n.o 039/06 do TCE/PB -, previs no ' ..
,~

~&'
PROCESSOTC N.o 02133/06
••
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

art. 56, incisos H e IH, da Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar Estadual n.o 18, de
13 de julho de 1993, verbis:

Art. 56 - O Tribunal poderá também aplicar multa de até Cr$ 50.000.000,00


(cinqüenta milhões de cruzeiros) aos responsáveis por:

I - (omissis)

II - infração grave a norma legal ou regulamentar de natureza contábil,


financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

III - ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado


dano ao Erário;

Ex positis, proponho que o TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA:

1) Com fundamento no art. 71, inciso H, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93, JULGUE IRREGULARES as
contas de gestão do ex-Ordenador de Despesas da Loteria do Estado da Paraíba - LOTEP,
relativas ao exercício financeiro de 2005, Dr. Roberto Cláudio Rocha Rabello.

2) IMPUTE ao ex-gestor da Loteria do Estado da Paraíba - LOTEP, Dr. Roberto Cláudio


Rocha Rabello, débito no montante de R$ 27.875,00 (vinte e sete mil, oitocentos e setenta e
cinco reais), sendo R$ 2.475,00 concernentes à aquisição de redes para brindes fora do
objetivo do órgão, R$ 1.400,00 referentes à despesa com publicação de livro sem amparo
legal e contrariando o princípio da impessoalidade, R$ 22.000,00 relacionados a dispêndios
em excesso com publicidade desnecessária e R$ 2.000,00 respeitantes a gastos
injustificáveis com assessoria de comunicação.

3) FIXE o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário aos cofres públicos
estaduais do débito imputado, cabendo à Procuradoria Geral do Estado da Paraíba, no
interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele período, zelar pelo seu integral
cumprimento, sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério Público Estadual, na
hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do Estado da
Paraíba, e na Súmula n.o 40, do colendo Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba - TJ/PB.

4) APLIQUE MUL TA ao ex-Superintendente da LOTEP, Dr. Roberto Cláudio Rocha Rabello, no


valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que
dispõe o art. 56, incisos H e HI, da Lei Complementar Estadual n.? 18/93 - LOTCE/PB.

5) ASSINE o lapso temporal de 30 (trinta) dias para o recolhimento voluntário da penalidade


ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto no art. ,
alínea "a", da Lei Estadual n.O 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à Procurad ia
I
TRIBUNAL OE CONTAS 00 ESTADO

PROCESSOTC N.o 02133/06

Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele
período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do Ministério Público
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do
Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40, do ego Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.

6) FAÇA recomendações no sentido de que o atual Superintendente da Loteria do Estado da


Paraíba - LOTEP, Or. Paulo José de Melo Barreto, não repita as irregularidades apontadas no
relatório da unidade técnica deste Tribunal e observe, sempre, os preceitos constitucionais,
legais e regulamentares pertinentes.

7) OFICIE ao Excelentíssimo Governador do Estado da Paraíba, Or. José Targino Maranhão,


informando-o acerca da situação irregular em que se encontra o quadro de pessoal da
LOTEP, bem como da necessidade imperiosa de adoção das providências necessárias à
elisão da mácula, tendo em vista o estabelecido no art. 63, § 1°, inciso II, alíneas "a" e "e",
da Constituição Estadual.

8) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, REMETA
cópia das peças técnicas, fls. 465/478, 506/524 e 588/591, dos pareceres do Ministério
Público Especial, fls. 526/530 e 593, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça
do Estado para as providências cabíveis.

É a proposta.

João Pessoa, 01 deabril de 2009


'~\
~

Renat - ~~~'100~{~)M'~IO
Auditor - R~lator

Vous aimerez peut-être aussi