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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO ~ a" ri unal Pleno
1.RELATÓRIO
Encaminhado à consideração da Auditoria, está se pronunciou através do relatório, fls. 1331, com o
seguinte entendimento:
O requerente citou como fato novo, decisão plenária, do dia 13 de dezembro de 2006, em que esta
Corte de Contas apreciou a prestação de contas do Município de São Miguel de Taipu, referente ao
exercício de 2004, onde, naquela oportunidade, o plenário decidiu pela emissã de parecer favorável
àquela prestação de contas, na qual constava a mesma situação do magistéri, . e', a iliares d~
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serviços que exerciam cargos de regentes de ensino ou professores leigos. Este fato que também
haveria ocorrido nos exercícios de 2001 e 2002.
A Auditoria, verificando os seus relatórios dos exercícios de 2001, 2002 e 2004, constatou que em
todos eles, o município não aplicou o mínimo exigido em remuneração e valorização do magistério e
que a irregularidade ora em análise, não foi objeto de discussão desses exercícios. O Tribunal Pleno,
após apresentação das respectivas defesas e recursos, decidiu pela emissão de parecer favorável
daqueles exercícios. Considerando que o gestor reconhece que essa falha ocorreu em todos os
exercícios já analisados, o Órgão Técnico mantém o seu entendimento inicial, haja vista que os
argumentos apresentados pelo interessado não sanam a irregularidade supracitada.
O Ministério Público junto ao TCE-PB, em seu parecer de nO0861/07, considerou que o recurso de
revisão não atende aos pressupostos de admissibilidade contidos no art. 35 da Lei Complementar nO
18/93, opinando pelo seu não conhecimento.
Por determinação do Relator, o processo foi encaminhado à Auditoria, para novo pronunciamento,
observando o contido no Parecer PPL TC 178/2006, anexado ao processo, emitido quando da análise
das contas anuais do Município de São Miguel de Taipu, relativas ao exercício de 2004, de
responsabilidade do mesmo gestor.
Após análise das folhas que abrangem o supracitado processo, a Auditoria mantém seu
posicionamento inicial, levando-se em consideração os fatos amplamente demonstrados nos autos de
que as despesas incluídas no magistério foram oriundas de pessoas cujas funções eram auxiliares de
serviços ou regentes de ensino, tendo as mesmas a oportunidade de obterem a capacitação
necessária, conforme a Lei 9.424/96, parágrafo 2°, art. 9°. Ademais, a Auditoria expõe a sua opinião
sobre o exercício sobre o qual se debruça, não se deixando influenciar por irregularidades pertencentes
a outros exercícios, sejam eles anteriores ou posteriores a sua análise. Diante dos fatos expostos, a
Auditoria não acata os argumentos do requerente, mantendo o entendimento do relatório inicial.
O processo retornou ao Ministério Público, que manteve os termos do Parecer Ministerial nO861/07,
porquanto a peça recursal se estriba em pronunciamento não previsto nos três incisos do art. 35 da
LOTCE-PB.
Na sessão do dia 12 de março de 2008, após o relato do processo e voto do Relator, pelo não
conhecimento do recurso de revisão, o Conselheiro Marcos Ubiratan Guedes Pereira formulou
preliminar, acolhida por unanimidade, no sentido de retorno dos autos à Auditoria para, através de
inspeção in-loco, verificar as alegações da defesa, de que ex-professores leigos, nomeado
posteriormente, por força de concurso público, para o cargo de auxiliares de serviços, permaneciam
ainda em sala de aula, exercendo as atividades de docência, e que, portanto, seus salários deveriam
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ser computados para efeito dos 60% do FUNDEF. Assim, o proces.sofoi encaminrrfa ' uditoria p.a.ra
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Por força da decisão plenária, a Auditoria procedeu à inspeção in loco no citado município, apurando
que:
1. conversou com as ex-Secretárias de Educação Sra. Severina dos Anjos de Oliveira dos Santos
e Maria José da Cunha de Souza, indicadas pelo ex-prefeito, Sr. Joaquim Gilberto Soares, que,
através de declarações, fls. 1354/1357, afirmaram que os servidores relacionados nas folhas
de pagamento em questão eram auxiliares dos professores em sala de aula, nas chamadas
"turmas multisseriadas", como também informaram que não possuíam qualquer documentação,
seja planejamento de aula, seja diário de classe, que pudesse comprovar a referida situação,
haja vista que em tais documentos constavam apenas os nomes dos professores titulares da
sala de aula, e não de seus auxiliares;
2. a atual Secretária da Educação, Sra. Maria José Sales da Costa Rocha, à época diretora
escolar, afirmou, através de declaração, fls. 1358, que os mencionados servidores não
exerceram o magistério durante o exercício de 2003, inclusive foi anexado à declaração a
relação de nomes dos servidores com o respectivo cargo que exerciam à época;
3. como as informações foram divergentes, a Auditoria entrevistou diretamente alguns dos
servidores constantes nas folhas de pagamento em comento, como também o diretor de uma
das escolas visitadas e todos afirmaram que realmente exerciam a função de auxiliar de
serviços gerais em 2003, efetuando suas atividades normais de serviços gerais, na limpeza
e/ou na preparação da merenda escolar, não exercendo, em momento algum, atividade como
auxiliar de professor dentro da sala de aula, conforme declarações fls. 1360/1364;
4. Por fim, concluiu a Auditoria que as despesas relativas aos auxiliares de serviços gerais não
devem ser computadas como aplicação no magistério, vez que conforme entrevistas realizadas
in loco, nenhum dos servidores entrevistados jamais exerceu o magistério, ou auxiliaram
professores, conforme havia sido alegado pela defesa.
Diante das informações prestadas, o Processo foi novamente colocado em pauta, na sessão do dia 23
de abril de 2008, tendo o Relator votado, acompanhando o parecer ministerial, pelo não conhecimento
do recurso de revisão, uma vez que não caberia recurso da espécie contra parecer prévio sobre as
contas de gestão, conforme dispõe o art. 10, § 2°, LOTCE-PB.
Iniciada a votação, acompanharam o voto do Relator, os Conselheiros Marcos Ubiratan Guedes Pereira
e José Marques Mariz. O Conselheiro Antônio Nominando Diniz Filho se averbou suspeito e o
Conselheiro Fernando Rodrigues Catão pediu vista ao processo. Na sessão do dia 30 de abril, com
retorno dos autos, o Conselheiro suscitou preliminar, conforme documentos de fls. 101/103, no sentido
de conversão do recurso de revisão em embargos de declaração. Havendo empate de votos quanto à
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ocorreu na sessão do dia 28 de maio de 2008, em favor da prelim/Jir I . li
preliminar, coube ao Presidente, Conselheiro Arnóbio Alves Viana, procedf ~l/t!se)ate,
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Ante à decisão, o Processo retornou à Auditoria para proceder à análise do recurso de revisão como
embargos de declaração, observando o que dispõe o art. 34 da LOTCE, e calcular o percentual das
aplicações dos recursos do FUNDEF em remuneração dos profissionais do magistério, incluindo as
despesas com os auxiliares de serviços (ditos regentes de ensino) em debate.
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o Ministério Público junto ao TCE-PB emitiu parecer oral, na sessão de julgamento, opinando pelo não
provimento dos embargos de declaração.
De início, o Relator observa que, de acordo com a Lei Orgânica do TCE, em seu art. 34, os embargos
de declaração são cabíveis para corrigir obscuridade, omissão ou contradição na decisão recorrida
(grifo nosso). O Regimento Interno do TCE, em seu art. 180, entende que a decisão recorrida é aquela
contida em uma decisão singular ou em um acórdão. Portanto, os embargos de declaração não podem
ser interpostos contra parecer.
Para corroborar com o entendimento do órgão de instrução, trago trechos do voto do Conselheiro
Fernando Rodrigues Catão, quando do exame dos embargos de declaração, no processo da PCA do
Município de São José dos Ramos, exercício de 2002 (Processo TC nO07269/07), voto este contido no
Acórdão APL TC 579/2008. Diz Sua Excelência: "Com efeito, da dicção do art. 180 do RI, percebe-se
que os embargos declaratórios não se prestam para alterar decisão, mas para esclarecer
controvérsias, dúvidas e aclarar obscuridades que porventura existam entre a decisão recorrida e a
realidade dos fatos". Prossegue Sua Excelência mais adiante: "Na hipótese em exame, o que busca o
embargante é reabrir a discussão sobre o mérito da matéria, não logrando, contudo, demonstrar a
existência de obscuridade, contradição ou omissão na decisão atacada."
Outro voto que merece ser citado é o do Conselheiro Flávio Sátiro Fernandes proferido também em
sede de embargos de declaração. O processo examinado foi a PCA de Araçagi, exercício de 2005
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(Processo TC nO02578/06). Dentre outras irregularidades, havia a não-.a...
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a irregularidade sanada. No entanto, o voto do Relator foi pelo não conhecimento dos embargos,
fundamentado no seguinte entendimento:
"Embargos declaratórios consistem em remédio processual usado para expurgar o acórdão embargado de erro,
contradição ou omissão. É bom que se repita: o que se pretende é eliminar do acórdão qualquer erro,
contradição ou omissão. Se a decisão é pela emissão de parecer contrário à aprovação das contas, o acórdão
há de refletir o que foi decidido pelo Tribunal, com base na prova produzida durante a instrução. Se, para isso,
fez-se uso da prova coligida e o ato formalizador da decisão omitiu algum aspecto importante para o julgamento
e já mencionado nos autos, cabem os embargos para corrigir a omissão. Se, porém, somente como recurso o
interessado faz chegar aos autos a documentação comprobatória de suas alegações, não se pode falar em
omissão do acórdão, pois este reproduziu corretamente a decisão, sem que se possa alegar omissão. A decisão
se deu com exatidão, pois quando de sua prolação não havia os documentos, só depois juntados aos autos, os
quais poderiam dar lugar a julgamento diverso se presentes na fase de instrução.
Na hipótese, somente com a apresentação dos embargos foram trazidos documentos que ensejariam a
alteração do decisum. Tal procedimento não pode ser aceito, pois do contrário isso poderá servir de estímulo a
que se tente utilizar os embargos como meio de modificar o acórdão recorrido, com evidente subversão de toda
a processualistica, quer civil, quer administrativa."
Constata-se, diante desses votos, e com fundamento na LOTCE-PB e RITCE-PB, que os embargos de
declaração não podem ser utilizados para rediscutir o mérito da decisão, mas apenas para corrigir erro,
omissão ou contradição no acordão, o que não foi demonstrado pelo embargante. Querer fundamentar
a contradição em relação ao julgamento de outro processo, utilizando-se, para isso, os embargos de
declaração, é querer reabrir a discussão sobre o mérito, o que não pode de ser aceito pelo Tribunal,
uma vez que suas decisões não são vinculantes, sendo proferidas conforme as peculiaridades,
informações e interpretações que envolvem cada processo. Ao aceitar os argumentos da defesa, abrir-
se-ia um precedente muito perigoso para o Tribunal.
Ademais, comprovado está, nos autos, que os ex-regentes de ensino, atuais auxiliares de serviços, não
exerciam atividades de magistério, como alegou a defesa, portanto, não podem as despesas,
referentes aos salários, serem computadas, como quer o interessado, para remuneração e valorização
dos profissionais do magistério, uma vez que a legislação que rege a matéria, Lei nO9.394/96, só
permite o computa desse gasto no percentual dos 40% do FUNDEF. De acordo com a citada lei, é
computada neste percentual a remuneração dos profissionais da Educação que desenvolvem
atividades de natureza técnico-administrativa (com ou sem cargo de direção ou chefia), onde estão
incluídos os auxiliares de serviços gerais.
Por fim, o Relator gostaria de informar, e de deixar registrado, que, quando da apreciação da prestação
de contas do exercício de 2004, havia sugerido ao Tribunal Pleno que se fizesse diligência no
Município no sentido de comprovar ou não as alegações do patrono quanto às atividades de docência
que vinham sendo exercidas pelo auxiliares de serviços gerais, no entanto, a sugestão não foi acatada,
o que levou o Tribunal a ser conduzido a erro e a emitir parecer favorável às contas daquele exercício.
Ante o exposto, o Relator deixa de se pronunciar sobre o conhecimento ou não dos embargos, uma vez
que foi próprio Tribunal que converteu o recurso de revisão em embarg~s declaCYJt.i~O entanto,
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quanto ao mérito, propõe que o Tribunal não conceda provimento aos mesmos, já que está
demonstrado nos autos que não há qualquer contradição, omissão ou obscuridade na decisão
recorrida.
Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC n° 05538/02 e Doe nO06853/04, no tocante aos
embargos de declaração, ACORDAM os membros do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, por
unanimidade de votos, com declaração de suspeição do Conselheiro-Presidente, em exercício, Antônio
Nominando Diniz Filho, na sessão realizada nesta data, em tomar conhecimento do recurso interposto
pelo ex- prefeito do Município de São Miguel de Taipu, Sr. Joaquim Gilberto Soares, e, no mérito,
negar-lhe provimento, uma vez que não ficou demonstrado obscuridade, omissão ou contradição na
decisão recorrida.
Publique-se e intime-se.
TC - Plenário Ministro João Agripino.
João Pessoa, 01 de outubro de 2008.
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