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Especial

Nos laços (fracos) da internet


Em nenhum outro país as redes sociais on-line têm alcance tão grande
quanto no Brasil, com uma audiência mensal de 29 milhões de pessoas. Mas
ter milhares de amigos virtuais não deixa ninguém menos solitário
Diogo Schelp

Montagem com foto de Otavio Dias de Oliveira

O preço da superexposição
A produtora cultural Liliane Ferrari, de 34 anos, é uma fanática confessa
pelas redes sociais on-line. Seu perfil está em nada menos que 21
comunidades virtuais. Há dois anos, Liliane precisava contratar, em menos de
uma semana, quarenta educadores para duas exposições no Parque do
Ibirapuera, em São Paulo. Atrás de indicações, enviou um e-mail para os
amigos. A mensagem se alastrou e sua vida passou a ser vasculhada em seu
blog, no Facebook, no Orkut e no Twitter por candidatos às vagas. No Orkut,
Liliane começou a receber 300 recados por hora. Descobriram até o número
do seu celular. "A operadora de telefonia ligou perguntando o porquê de
tantas ligações – tive de trocar o número", conta. O pior foi fazer as
entrevistas: como sabiam tudo sobre ela, os candidatos se achavam íntimos.
"Eles perguntavam da minha filha e do meu passeio de fim de semana na
praia. Foi horrível", diz Liliane, que agora toma mais cuidado com suas
informações na internet.
Contatos virtuais 2.800
Conhece pessoalmente 150

VEJA TAMBÉM
• Nesta reportagem: O teste da amizade on-line em
http://veja.abril.com.br/080709/teste-amizade-online.shtml

As redes sociais na internet congregam 29 milhões de brasileiros por mês.


Nada menos que oito em cada dez pessoas conectadas no Bra-sil têm o seu
perfil estampado em algum site de relacionamentos. Elas usam essas redes
para manter contato com os amigos, conhecer pessoas – e paquerar, é claro,
ou bem mais do que isso. No mês passado, uma pesquisa do Ministério da
Saúde revelou que 7,3% dos adultos com acesso à internet fizeram sexo com
alguém que conheceram on-line. Os brasileiros já dominam o Orkut e, agora,
avançam sobre o Twitter e o Facebook. A audiência do primeiro quintuplicou
neste ano e a do segundo dobrou. Juntos, esses dois sites foram visitados
por 6 milhões de usuários em maio, um quarto da audiência do Orkut. Para
cada quatro minutos na rede, os brasileiros dedicam um a atualizar seu perfil
e bisbilhotar o dos amigos, segundo dados do Ibope Nielsen Online. Em
nenhum outro país existe um entusiasmo tão grande pelas amizades virtuais.
Qual é o impacto de tais sites na maneira como as pessoas se relacionam?
Eles, de fato, diminuem a solidão? Recentemente, sociólogos, psicólogos e
antropólogos passaram a buscar uma resposta para essas perguntas. Eles
concluíram que essa comunicação não consegue suprir as necessidades
afetivas mais profundas dos indivíduos. A internet tornou-se um vasto ponto
de encontro de contatos superficiais. É o oposto do que, segundo escreveu o
filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), de fato aproxima os amigos: "Eles
precisam de tempo e de intimidade; como diz o ditado, não podem se
conhecer sem que tenham comido juntos a quantidade necessária de sal".
Por definição, uma rede social on-line é uma página na rede em que se pode
publicar um perfil público de si mesmo – com fotos e dados pessoais – e
montar uma lista de amigos que também integram o mesmo site. Como em
uma praça, um clube ou um bar, esse é o espaço no qual as pessoas trocam
informações sobre as novidades cotidianas de sua vida, mostram as fotos dos
filhos, comentam os vídeos caseiros uns dos outros, compartilham suas
músicas preferidas e até descobrem novas oportunidades de trabalho. Tudo
como as relações sociais devem ser, mas com uma grande diferença: a
ausência quase total de contato pessoal.
Os sites de relacionamentos, como qualquer tecnologia, são neutros. São
bons ou ruins dependendo do que se faz com eles. E nem todo mundo
aprendeu a usá-los a seu próprio favor. Os sites podem ser úteis para manter
amizades separadas pela distância ou pelo tempo e para unir pessoas com
interesses comuns. Nas últimas semanas, por exemplo, o Twitter foi acionado
pelos iranianos para denunciar, em mensagens curtas e tempo real, a
violência contra os manifestantes que reclamavam de fraudes nas eleições
presidenciais. Em excesso, porém, o uso dos sites de relacionamentos pode
ter um efeito negativo: as pessoas se isolam e tornam-se dependentes de
um mundo de faz de conta, em que só se sentem à vontade para interagir
com os outros protegidas pelo véu da impessoalidade.
O sociólogo americano Robert Weiss escreveu, na década de 70, que existem
dois tipos de solidão: a emocional e a social. Segundo Weiss, "a solidão
emocional é o sentimento de vazio e inquietação causado pela falta de
relacionamentos profundos. A solidão social é o sentimento de tédio e
marginalidade causado pela falta de amizades ou de um sentimento de
pertencer a uma comunidade". Vários estudos têm reforçado a tese de que
os sites de relacionamentos diminuem a solidão social, mas aumentam
significativamente a solidão emocional. É como se os participantes dessas
páginas na internet estivessem sempre rodeados de pessoas, mas não
pudessem contar com nenhuma delas para uma relação mais próxima. A
associação entre a sensação de isolamento e o uso compulsivo de
comunidades virtuais foi observada em pesquisas com jovens na Índia, na
Turquia, na Itália e nos Estados Unidos. Na Austrália, um estudo da
Universidade de Sydney com idosos mostrou que aqueles que usam a
internet principalmente como uma ferramenta de comunicação tinham um
nível menor de solidão social. Já os entrevistados que preferiam usar os
computadores para fazer amigos apresentaram um alto grau de solidão
emocional.
Ao contrário do e-mail, sites como Orkut, Facebook e Twitter, por sua
instantaneidade, criaram esse novo tipo de ansiedade: a de ficar sempre
plugado para evitar a impressão de que se está perdendo algo. Lev
Grossman, colunista de tecnologia da revista americana Time, revelou há
pouco ter decidido cancelar sua conta no Twitter porque percebeu que estava
ficando mais interessado na vida alheia do que na própria. A produtora
cultural Liliane Ferrari, de São Paulo, é extrovertida e comunicativa. No
entanto, como trabalha em casa e tem uma filha pequena, considera ter
pouco tempo para se encontrar pessoalmente com os amigos. Em
compensação, passa duas horas por dia atualizando e conferindo os 21 sites
de relacionamentos e blogs dos quais faz parte. Mas já está ficando
apreensiva. "Quando fico conectada com um monte de gente por muito
tempo, tenho a impressão de que, no fundo, não conheço ninguém. É uma
coisa meio esquizofrênica, parece que estou ficando louca", diz Liliane. Ela
não tem dúvida de que, em relação aos amigos mais íntimos, nada substitui
o contato pessoal. "Quando se desabafa com um amigo pela internet, alguns
sinais de afetividade são deixados de lado, como o olhar, a expressão
corporal e o tom de voz", diz a psicóloga Rita Khater, da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas.
As amizades na internet não são sequer mais numerosas do que na vida real.
De nada adianta ter 500 ou 1 000 contatos no Orkut. É impossível dar conta
de todos eles, porque o limite das relações humanas é estabelecido pela
biologia. O número máximo de pessoas com quem cada um de nós consegue
manter uma relação social estável é, em média, de 150, segundo o
antropólogo inglês Robin Dunbar, um dos mais conceituados estudiosos da
psicologia evolutiva. Dunbar observou que o tamanho médio dos conjuntos
de diferentes espécies de primata depende do tamanho do seu cérebro.
Extrapolando a lógica para o Homo sapiens, o pesquisador chegou ao seu
número mágico, confirmado pela análise de diversos grupos humanos ao
longo da história. Sua teoria é que, desde o paleolítico, nossos ancestrais
foram desenvolvendo a linguagem ao mesmo tempo em que ampliavam o
seu círculo social – ou seja, aqueles indivíduos com quem se acasalavam,
faziam alianças, fofocavam, cooperavam e, eventualmente, brigavam.
Amigos, numa versão mais rudimentar. Há cerca de 10 000 anos, chegou-se
ao limite calculado por Dunbar, estabelecido pela impossibilidade de o ser
humano aumentar a sua capacidade cognitiva, o que inclui as habilidades de
comunicação.
Dunbar começou a estudar o assunto na década de 90 e, agora, o seu cálculo
está sendo confirmado nos sites de relacionamentos. Em média, o número de
contatos nos perfis do Facebook e de seguidores no Twitter é de 120 pessoas.
No Orkut, cada brasileiro tem cerca de 100 amigos. Mesmo quem foge do
padrão e consegue amealhar alguns milhares de companheiros virtuais não
conhece, de fato, muito mais do que uma centena. A cantora Marina de la
Riva tem, entre Orkut, Facebook e MySpace, 4 700 contatos. "Mas não me
comunico com mais do que 100 deles", diz Marina. O número de Dunbar,
150, não é uma unanimidade entre os cientistas. Valendo-se de uma
metodologia diferente, um grupo de antropólogos americanos, entre os quais
Russell Bernard, da Universidade da Flórida, concluiu que, nos Estados
Unidos, os laços de amizade de uma pessoa podem chegar a 290. Cento e
cinquenta ou 290 pessoas: não importa qual seja a cifra, ainda está muito
longe do número de amigos que os mais ativos apregoam ter na rede
eletrônica. "A internet é muito boa para administrar amizades já existentes,
garantindo sua continuidade mesmo a grandes distâncias, mas é ruim para
criar do zero relações de qualidade", disse Dunbar à revista.
Existem diferentes níveis de amizade, é lógico. As mais distantes são mais
abundantes. É o que se chama, em sociologia, de "laços fracos". Relações
sociais estáveis como as estudadas por Dunbar e Bernard são chamadas, por
sua vez, de "laços fortes". Dentro dessa categoria há um núcleo reduzido de
confidentes, que não costumam passar de cinco. Esses são os amigos do
peito, com quem podemos contar sempre, mesmo nos piores momentos. As
mulheres costumam ter um núcleo de confidentes maior que o dos homens.
A característica se repete na internet. No Facebook, por exemplo, um homem
com 120 contatos na lista responde com frequência aos comentários de sete
amigos, em média. Entre as mulheres, esse número sobe para dez. "As
mulheres têm mais facilidade para fazer amizades próximas do que os
homens", diz a antropóloga Claudia Barcellos Rezende, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Já os homens se especializaram em estabelecer um
número maior de relações, mas com um grau de intimidade menor. Em
termos evolutivos, isso se explica pela necessidade do homem de sair para
buscar o sustento, fazendo alianças temporárias com uma quantidade maior
de indivíduos, enquanto as mulheres ficavam com os filhos e se juntavam às
outras mães para proteger a prole.
A vida moderna, curiosamente, pode estar tornando as relações de amizade
mais masculinizadas. "O tamanho médio do núcleo de amigos próximos
parece estar diminuindo, enquanto a rede de contatos fracos aumenta", disse
a VEJA o sociólogo Peter Marsden, da Universidade Harvard, nos Estados
Unidos. Ou seja, cresceram as relações superficiais, efêmeras, e reduziram-
se as mais afetivas, profundas. A tendência é reproduzida à perfeição – e
intensificada – nas redes sociais on-line. É como se a maioria das relações
fosse estratégica, tal como as dos homens das cavernas. "Nesses sites, é
possível manter os relacionamentos a uma distância segura. Ou seja,
aproximações e afastamentos se dão na medida do necessário", afirma Luli
Radfahrer, professor de comunicação digital da Universidade de São Paulo.
Um exemplo conhecido dos adeptos do Orkut no Brasil são os ex-colegas de
escola que, depois de anos sem se comunicar e mesmo sem ter nenhuma
afinidade pessoal, passam a engordar a lista de amigos virtuais uns dos
outros. Quando conveniente, o contato é retomado para resolver questões
práticas. Esses laços fracos são muito úteis, por exemplo, para descobrir
oportunidades de trabalho. Amigos próximos são menos eficientes em tal
quesito porque, em geral, circulam no mesmo meio e têm acesso às mesmas
informações. Uma das redes sociais com o maior crescimento de adeptos no
mundo é justamente o LinkedIn, especializado em estabelecer vínculos
profissionais.
Na internet, é fácil administrar uma enorme rede de contatos, com pessoas
pouco conhecidas, porque estão todos ao alcance de um clique. A lista de
amigos virtuais é uma espécie de agenda de telefones, com a vantagem de
não ser necessário ligar para todos uma vez por ano para não ser esquecido.
Basta manter o perfil atualizado e acrescentar à página comentários sobre,
por exemplo, suas atividades cotidianas. Isso cria um efeito conhecido como
"sensação de ambiente". É como se cada um dos contatos de determinada
pessoa estivesse fisicamente presente no momento em que ela reclama de
uma coceira nas costas ou comenta sobre a música que está ouvindo. O
Twitter explora esse princípio na sua forma mais crua, ao incitar os seus
participantes a responder em apenas 140 caracteres à pergunta: "O que você
está fazendo?". Os comentários vão de "comendo pão de queijo" a
observações espirituosas sobre a vida. O fluxo constante de informações
pessoais cria um paradoxo: ao mesmo tempo que ele é necessário para
cativar a atenção dos amigos virtuais, pode pôr em risco a imagem pública
do indivíduo. Certamente seria embaraçoso para um candidato a um
emprego que o seu futuro chefe lesse a seguinte revelação encontrada pela
reportagem de VEJA em um perfil do Orkut: "No colégio, eu tinha o hábito de
bater no bumbum das alunas com uma régua, quando elas passavam pela
minha mesa".
Cada perfil nos sites de relacionamentos pode ser comparado a um pequeno
palco. Esse exercício até certo ponto teatral é, no entanto, apresentado a
uma audiência invisível. "Como não estamos vendo nossos espectadores,
somos incapazes de observar sua reação ao que estamos fazendo e, com
isso, ficamos à vontade para nos expor mais do que seria prudente", disse a
VEJA Barry Wellman, professor de sociologia da Universidade de Toronto, no
Canadá. As táticas para driblar a superexposição nas redes sociais on-line
são variadas. Há quem mantenha dois perfis no mesmo site: um para laços
fracos, com informações pessoais mais contidas, e outro para laços fortes,
em que se pode permitir um grau de exposição maior. A atriz Mel Lisboa
teve, durante algum tempo, um perfil com pseudônimo no Orkut, por meio
do qual mantinha contato apenas com os amigos mais próximos. Quando os
fãs descobriram, ela passou a receber pedidos incessantes de entrada em
sua lista de amigos. "Era uma situação complicada, porque eu não estava ali
para divulgar o meu trabalho", diz Mel. "Eu ficava sem graça de recusar um
pedido de autorização e acabei desistindo do Orkut." Atualmente, há uma
página com o nome e a foto dela no site, mas é falsa. Alguém se passa por
ela. Outra forma de manter a privacidade on-line é usar os filtros, disponíveis
em muitos sites, que permitem selecionar quais amigos podem ver
determinadas partes do perfil pessoal.
A necessidade de classificar os contatos virtuais na sua página do Orkut ou
do Facebook segundo o grau de intimidade desafia um dos princípios da
amizade verdadeira: a total reciprocidade. Na vida real, o desnível da
afinidade que uma pessoa sente pela outra costuma ficar apenas implícito na
relação entre elas. Na internet, ele é escancarado. Pode-se simplesmente
bloquear o acesso de certos amigos a determinadas informações. Além disso,
ela não estimula aquele tipo de solidariedade que faz com que dois amigos
de carne e osso aturem, mutuamente, os maus momentos de ambos. Esse
grau de convivência e aceitação de azedumes ou mesmo defeitos alheios é
quase inexistente nas redes sociais. Quando alguém começa a incomodar, é
ignorado ou deletado. "Se o objetivo é um vínculo afetivo maior, é preciso se
encontrar pessoalmente", resume candidamente Danah Boyd, pesquisadora
do Microsoft Research, um laboratório inaugurado em Massachusetts pela
empresa de Bill Gates para o estudo do futuro da internet.
Ao fim e ao cabo, usar as redes sociais para fazer uma infinidade de amigos
– quase sempre não muito amigos – é uma especialidade de Brasil, Hungria
e Filipinas, países que têm o maior número de usuários com mais de 150
contatos virtuais. Uma pesquisa nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou
que 91% dos adolescentes usam os sites apenas para se comunicar com
amigos que eles já conhecem. Parecem saber que, como dizia Aristóteles,
amigos verdadeiros precisam ter comido sal juntos. O que você está
esperando? Saia um pouco da sua página virtual, pare de bisbilhotar a dos
outros, dê um tempo nas conversinhas que só pontuam o vazio da existência
e vá viver mais.
Uma mina de empregos
Ernani d’Almeida

O carioca André Rodrigues, de 35 anos, gerente de projetos da IBM, recebe


cinco propostas de emprego por mês. Não, André não fica enviando pilhas e
pilhas de currículos pelo correio. Tudo se deve ao perfil que ele mantém no
LinkedIn, com 1 800 contatos. Em 2007, André conseguiu um emprego em
uma fábrica de software, em Campinas, graças à indicação de um integrante
do site. "É uma rede de relacionamentos com um foco profissional bem
definido. Não estou ali para fazer amigos, mas para fazer contatos", diz
André. Para assuntos pessoais, ele usa sua conta no Orkut.
Contatos virtuais 2 400
Conhece pessoalmente 150

Amizade de fã
Montagem com foto de Otavio Dias de Oliveira
A cantora carioca Marina de la Riva, de 36 anos, descobriu uma maneira
eficiente de tirar proveito profissional dos sites de relacionamentos, sem
precisar expor sua privacidade. "Minha carreira é o que é hoje graças à
facilidade com que pude divulgar minha música no Orkut, no MySpace e no
Facebook", diz Marina, que já fez um show só para os amigos virtuais. Ela
tem uma regra: jamais falar sobre sua vida pessoal nos sites. "Está na rede,
é público, e você nunca consegue controlar as informações que circulam ali",
diz. Apesar disso, ela já fez duas novas amizades na internet: a cantora
Thalma de Freitas e o pianista Eduardo Nazarian. A relação com eles só se
estreitou depois que Marina os encontrou pessoalmente.
Contatos virtuais 4 700
Conhece pessoalmente 100

Pessoalmente é melhor
Montagem com foto de Otavio Dias de Oliveira
Quando quer desabafar sobre algo que aconteceu o trabalho, o publicitário
Felipe Nakasima, de São Paulo, solta o verbo no Twitter. "Alguns colegas que
me seguem no site chegam a me alertar para não cutucar certas pessoas",
diz ele. Felipe, de 25 anos, gasta duas horas por dia atualizando o perfil em
sites como Orkut e Facebook e tem uma grande amiga que conheceu pela
internet. Mas isso só foi possível porque eles transferiram a amizade do
mundo virtual para o real. "Para poder dizer que se conhece bem uma
pessoa, é preciso ter passado um bom tempo junto dela", afirma. Para
Felipe, uma das grandes vantagens dos sites de relacionamentos é poder
manter contato com amigos que vivem longe.
Contatos virtuais 600
Conhece pessoalmente 60

Ciúme do Big Brother


Otavio Dias de Oliveira

As redes sociais on-line são um veneno para os ciumentos. A estudante de


letras Livia Moraes, de 22 anos, teve de desistir por um tempo dos sites para
salvar um namoro. Ela atualizava diariamente o seu perfil no Orkut, com 400
contatos, e seu blog de fotos, até que as brigas com o namorado, que vivia
em outra cidade e monitorava os passos de Livia pela internet, se tornaram
insuportáveis. "Eu adicionava qualquer pessoa na minha lista de contatos e
gostava de xeretar a vida dos outros. Eu me sentia num Big Brother", diz.
Depois de abandonar os perfis, o namoro vingou e o casal, que vive em São
Carlos, no interior de São Paulo, teve um filho. Recentemente, Livia voltou
para o Orkut, principalmente para se comunicar com amigos próximos.
Contatos virtuais 300
Conhece pessoalmente 150
Um caso à parte
Leo Caldas/Titular

Iara e Raul Zumaêta viviam a 1 600 quilômetros de distância quando se


conheceram por meio de uma comunidade do Orkut. A estudante de
enfermagem Iara, de 23 anos, era de Goiânia e o bancário Raul, de 24, de
Salvador. Depois de um mês de trocas intensas de mensagens pela rede,
resolveram oficializar o namoro, para espanto dos pais. Durante três anos,
encontraram-se pessoalmente apenas nos feriados. No ano passado,
casaram-se e hoje vivem em João Pessoa. "A parte mais difícil de conhecer
uma namorada on-line é que você nunca pode ter certeza de que ela é
realmente como se apresenta no site", diz Raul. "Eu tive sorte."
Contatos virtuais 450
Conhece pessoalmente 20
Com reportagem de Jacqueline Manfrin e Kalleo Coura

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